Mercados Caracterização, Agentes Fundamentais e Evolução

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LUÍS FILIPE ESGALHADO ROCHA

MERCADOS: CARACTERIZAÇÃO, AGENTES FUNDAMENTAIS E EVOLUÇÃO

Livro de Apoio ao Ensino da Gestão Empresarial e do Marketing

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FICHA TÉCNICA

título: Mercados: Caracterização, Agentes Fundamentais e Evolução

autor: Luís Filipe Esgalhado Rocha

edição: edições Ex-Libris ® (Chancela Sítio do Livro)

revisão de conceitos científicos: Alberto Carlos Nunes dos Santos

grafismo de capa: Ângela Espinha

paginação: Alda Teixeira

1.a Edição

Lisboa, abril 2023

isbn: 978-989-9028-41-8

depósito legal: 513797/23

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5 ÍNDICE DE CAPÍTULOS Preâmbulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1 INTRODUÇÃO 19 2 . COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3 . CARACTERIZAÇÃO, DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS MERCADOS 39 3 1 Abordagem preliminar 39 3.2. Definições do conceito de mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 3.3. Tipologia e classificações dos mercados . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 3.3.1. Segundo o tipo e características do cliente 53 3.3.2. Segundo o tipo e características da concorrência . . . 55 3.3.3. De acordo com a extensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 3.3.4. De acordo com a geografia 68 3.3.5. Segundo a forma de intervenção no mercado . . . . . 72 3.3.6. Segundo o tipo de produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 3.3.7. Segundo o destino último do produto . . . . . . . . . . . . 76 3.3.8. De acordo com as características do comprador . . . 77 3.3.9. De acordo com a novidade do produto 78 3.3.10. Segundo o tipo de recursos que utiliza . . . . . . . . . . . 79 3.4. O mercado dos não-clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 3.5. Mercado de trabalho 81 4 . A OFERTA E A PROCURA NO MERCADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 4.1. Regras elementares que gerem a oferta e a procura nos mercados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 4.2. Estados mais comuns da procura 99 4.3. Condicionantes da procura agregada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 4.4. Comportamento da oferta e da procura . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Preview
MERCADOS:
6 4.5. Os mercados industriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 4.6. Potencial do mercado 116 4.7. Níveis de mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 5 A CONCORRÊNCIA 125 5.1. Conceito e definição de concorrência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 5.2. Estudo da concorrência 132 5.3. Análise da concorrência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 5.4. Classificação da concorrência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 5.5. As cinco forças competitivas (Michael Porter) 143 5.6. Análise da envolvente comercial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 5.6.1. Acompanhar a evolução do mercado . . . . . . . . . . . . . 149 5.6.2. Conhecer e caracterizar os concorrentes 151 5.6.3. Conhecer os produtos existentes no mercado . . . . . . 153 5.6.4. Obter uma vantagem competitiva . . . . . . . . . . . . . . . . 158 5.7. Visões divergentes do acerca do produto e do mercado . . . 163 5.8. Lançamento de novos produtos nos mercados internacionais 165 5.9. Monitorização e avaliação do impacto da introdução de novos produtos no mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 6 . OS CLIENTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 6.1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 6.2. Tipologia dos clientes (Stan Kossen) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184 6.3. Tipologia dos clientes (Richard Whiteley) . . . . . . . . . . . . . . . . 186 6.4. Tipologia dos clientes (Philip Kotler) 189 6.4.1. Em relação à representatividade que têm para a empresa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 6.4.2. Em relação ao volume de compras que efectuam 192 6.4.3. Em relação ao grau de satisfação que obtêm . . . . . . . 194 6.4.4. Em relação ao grau de influência que exercem . . . . . 196 6.5. Tipologia dos clientes (Peppers e Rogers) 200 6.6. Níveis de lealdade do consumidor (Raphael Considine) . . . . 208 6.7. Vendedores e clientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210 7 . PERSONALIZAÇÃO EM MASSA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 7.1. Introdução 215 7.2. Especialização sectorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 Preview
CARACTERIZAÇÃO, AGENTES FUNDAMENTAIS E EVOLUÇÃO
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7 7.3. Micromarketing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220 7.4. Clientes individuais 224 8 . CENÁRIOS E EVOLUÇÃO DOS MERCADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 8.1. Análise do ambiente futuro dos mercados 231 8.2. Evolução do mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236 8.2.1. Nota prévia 236 8.2.2. Lançamento ou aparecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239 8.2.3. Crescimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243 8.2.4. Maturidade 247 8.2.5. Declínio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252 8.3. Escolha do mercado-alvo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253 8.3.1. Processo de decisão 253 8.3.2. Cobertura especializada do mercado . . . . . . . . . . . . . 254 8.3.3. Cobertura ampla do mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259 Bibliografia a consultar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263 Bibliografia complementar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 265 Preview
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ÍNDICE DE QUADROS

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Quadro 1: Análise STEP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Quadro 2: Dimensões essenciais da procura 98 Quadro 3: Quotas de mercado e potencial de crescimento . . . . . . 106 Quadro 4: Procura derivada 114 Quadro 5: Principais actores no processo de compras na Indústria 116 Quadro 6: Percurso percorrido num processo de análise dos concorrentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Quadro 7: Forças competitivas na Indústria. Fonte: Porter (1996) 145 Quadro 8: Cadeia de valor da indústria petrolífera . . . . . . . . . . . . . 189 Quadro 9: Motivos para observar os ambientes externo e interno numa lógica de análise de cenários alternativos . . . . . . 233 Quadro 10: Definição de cenários prospetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236 Quadro 11: Ciclo de vida do Mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Quadro 12: Ciclo de vida do Mercado: lançamento ou aparecimento 240 Quadro 13: Ciclo de vida do Mercado: crescimento . . . . . . . . . . . . . 243 Quadro 14: Ciclo de vida do Mercado: maturidade . . . . . . . . . . . . . . 247 Quadro 15: Ciclo de vida do Mercado: declínio . . . . . . . . . . . . . . . . . 252 Preview
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11 ÍNDICE
ILUSTRAÇÕES Ilustração 1: Desaparecimento do Mar de Aral entre 1970 e 2009 27 Ilustração 2: N’ice Tea da Refriango . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Ilustração 3: Red Bull nos seus variados sabores . . . . . . . . . . . . . . . 34 Ilustração 4: Autocolantes Post-it da 3M . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Ilustração 5: Shangai Stock Exchange (uma das maiores Bolsas de Valores Mobiliários do mundo) 44 Ilustração 6: Painel com custo dos combustíveis numa autoestrada portuguesa 62 Ilustração 7: Máquina e cápsulas Nespresso . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Ilustração 8: Kibabo: As unidades comerciais de menor dimensão estão atentas aos operadores dominantes . . . . . . . . . 64 Ilustração 9: Banana: produto de exportação até muito recentemente ignorado como tal . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Ilustração 10: Mercado informal de peixe - Praia da Mabunda, Corimba, Luanda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Ilustração 11: Yiwu international Trade Market, maior mercado do mundo, onde estão representadas milhares de empresas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Ilustração 12: Programa de bolsas de estudo da UNITEL, mecenato dessa empresa voltado para a educação de jovens mulheres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Ilustração 13: Henry Ford junto ao seu primeiro modelo de automóvel e ao Ford T com o número 10 milhões . . . 83 Ilustração 14: Fotografia aérea da mina do kimberlito de Catoca, maior empresa mineira angolana 88 Ilustração 15: Produção robotizada de automóveis . . . . . . . . . . . . . . 93 Ilustração 16: Cirurgia robótica: maior precisão e possibilidade de ser efectuada à distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 Preview
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12 Ilustração 17: Jaguar X Type . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Ilustração 18: Máquina e cápsulas Delta Q 132 Ilustração 19: Sport Zone, cadeia de lojas que, no domínio do calçado, se especializou em calçado desportivo 140 Ilustração 20: Seaside, uma cadeia de lojas de calçado, que cobre um mercado amplo 141 Ilustração 21: Inspecção submarina de equipamento de exploração petrolífera efectuada pela Oceaneering 152 Ilustração 22: Fila dos sempre fiéis clientes da Apple para compra do iPhone X 156 Ilustração 23: Tesla X, eléctrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Ilustração 24: Exemplo de agricultura intensiva: produção industrial de soja nos Estados Unidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162 Ilustração 25: Embalagens do detergente Tide produzidas para o mercado vietnamita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167 Ilustração 26: Réplica de iPhone à esquerda e modelo original à direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168 Ilustração 27: Publicidade com Mariah Carey em duas versões: uma para países ocidentais e outra para países islâmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 Ilustração 28: São precisos 5 dias e 300 mãos para fazer um iPad nas fábricas da empresa Foxconn . . . . . . . . . . . . . . . . . 188 Ilustração 29: Newsletter de um dos representantes da Ford no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 Ilustração 30: Cartões de fidelização 193 Ilustração 31: Estratégia da Sephora para recolha de contactos . . . . 194 Ilustração 32: Fidelização dos clientes da Repsol, através de promoções cruzadas com outras empresas . . . . . . 195 Ilustração 33: Michael Jordan potenciou a produção pela Nike de várias coleções premium de calçado desportivo, com imenso êxito comercial 197 Ilustração 34: Publicidade a pasta dentífrica feita por um dentista . 198 Ilustração 35: Variedades de Nestum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 Ilustração 36: Variedades do Ketchup da Heinz . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 Ilustração 37: Fábrica de casas modulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 Preview
MERCADOS: CARACTERIZAÇÃO, AGENTES FUNDAMENTAIS E EVOLUÇÃO
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13 Ilustração 38: Montagem de uma casa, cujos elementos foram produzidos em fábrica 226 Ilustração 39: Carro elétrico Ora R1 da empresa chinesa Great Wall Motor, vendido na China por 7.600 Euros 232 Ilustração 40: Henry Ford e os estudos de mercado . . . . . . . . . . . . . 238 Ilustração 41: Porsche 911 Speedart modificado para um cliente especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242 Ilustração 42: Várias versões da Diet Coke 249 Ilustração 43: Série especial da Diet Coke em embalagens de alumínio, que são hoje peças de coleção 250 Ilustração 44: Sistema de navegação TomTom . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255 Ilustração 45: Variedades de arroz procurando cobrir o maior número possível de nichos de mercado dentro do mesmo segmento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 256 Preview
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15 ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1: Definição da quantidade de equilíbrio entre Oferta e Procura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Gráfico 2: Variação na Procura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 Gráfico 3: Variação na Oferta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 Preview
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PREÂMBULO

Nesta colecção de livros sobre Marketing pretendemos condensar o conhecimento relativo às principais teorias e correntes teóricas do Marketing que, através dos tempos, enquadraram o funcionamento desta área científica, não esquecendo que estas teorias e correntes de pensamento foram, na generalidade dos casos, determinadas pelos modelos económicos da época em que foram elaboradas e divulgadas que, por sua vez, determinaram os modelos sociais que, ao longo dos anos, têm sido adoptados para nos governarmos.

Quando se apresenta um livro ou um conjunto de livros cujos temas se situam em qualquer domínio científico, é expectável que se identifique no autor o desejo de contribuir para o avanço do conhecimento nas áreas que aborda, de introduzir novas perspectivas ou teorias sobre os temas em questão, de propor novos processos de transferir essas novas teorias para a prática quotidiana ou, mesmo, de definir novos caminhos para investigação futura.

Não é este o caso, pois os temas que abordamos nesta série de textos sobre Marketing já foram tratados por muitos autores e estão disponíveis em muitos livros, artigos científicos, blogs, sites, etc.

Pensamos, contudo, que a sua síntese de forma organizada, em textos que privilegiem os aspectos pedagógicos e a aprendizagem, facilitará a sua divulgação e, sobretudo, poderá constituir um elemento de apoio ao estudo das disciplinas de Marketing que constam dos programas da generalidade das Instituições de Ensino Superior facilitando, esperamos, o trabalho dos estudantes e dos docentes.

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1. INTRODUÇÃO

Como única forma de, proactivamente, adaptarem as suas organizações e os produtos que elas vendem a um ambiente externo sempre em mudança, a Subcomissão para Estudos de Mercado do Comité de Distribuição da Câmara Internacional de Comércio de Paris, sublinha a necessidade de as empresas estudarem de forma sistemática o mercado onde operam ou desejam operar. Neste sentido, essa organização define “estudo do mercado” como:

“A análise dos problemas das transferências e vendas de bens e serviços do produtor para o consumidor, incluindo as relações entre a produção e o consumo, a elaboração dos produtos e a sua distribuição e a venda por grosso ou a retalho e não somente as questões financeiras conexas.”

A capacidade e extensão do estudo dos mercados ultrapassa, assim, a fase de distribuição e venda, compreendendo a etapa de estudos e desenvolvimento, anterior à fabricação do produto, fase que é necessária para definir o que produzir, como o fazer, para quem o fazer e a que preço, bem como a fase de pós-venda, que permite recolher e transmitir informações preciosas que podem suportar ajustamentos a introduzir, quer no produto e suas funcionalidades, quer nos seus processos de distribuição e comercialização. O mercado é o ambiente social ou virtual onde se criam condições para a troca de bens e serviços. Também se pode entender como uma instituição ou organização no âmbito da qual os vendedores e compradores estabelecem uma relação com o fim de realizarem acordos ou transacções comerciais.

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MERCADOS: CARACTERIZAÇÃO, AGENTES FUNDAMENTAIS E EVOLUÇÃO

O mercado aparece no momento em que se reúnem grupos de vendedores e compradores, contexto que permite articular entre ambos um mecanismo de oferta e procura. Logo, o termo mercado designa um local, seja ele físico ou não, onde compradores e vendedores estabelecem relações comerciais. Pode ser disperso, como sucedia na época medieval, quando os artesãos vendiam os seus produtos nas oficinas onde os produziam, pode localizar-se num espaço pré-determinado, como nas ágoras gregas, nos fóruns romanos, nos mercados medievais convencionais ou nos actuais centros comerciais, pode não ter existência física por existir no espaço virtual ou, no limite, pode ser um mercado de intermediários, como em Yiwu, na China, vocacionado não para vender directamente os produtos expostos, mas para permitir que os clientes possam encomendar às fábricas aí representadas a produção dos artigos que desejam.

Veja em seguida os vídeos onde se pretende caracterizar o que é o “Mercado”.

https://youtu.be/TW0Ar8amAt4

https://youtu.be/SW9MXGcBGQE

Numa economia de mercado pura, o preço deve ser o mecanismo regulador e eventuais intervenções do Estado para alterar pela via administrativa as políticas de fixação dos preços e as regras que regem a oferta e a procura, podem provocar desequilíbrios nestes domínios. Isto, a menos que se trate de políticas em que se subsidiam produtos essenciais para tornar mais fácil a sua aquisição por sectores da população com menor poder de compra, ou se taxam produtos de luxo menos essenciais para gerar meios financeiros que permitam ao Estado financiar os primeiros.

Num mercado de concorrência perfeita, o preço funciona como um indicador para o comportamento da economia. Com efeito,

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se os preços estão elevados porque a procura é superior à oferta, deve ser incentivado o aumento da produção, sem perder de vista a necessidade da manutenção de um esforço permanente no sentido do aumento da eficiência produtiva. Se os preços são elevados como resultado de políticas comerciais especulativas promovidas por ddistribuidores, operadores grossistas ou retalhistas, deve ser fomentada a abertura de novos canais de distribuição e estimulada a concorrência neste domínio.

Os seguintes vídeos, onde são apresentados o conceito de Economia e a sua relação com o Mercado e, por último, abordado o modo de funcionamento do capitalismo e, por consequência, a Economia de Mercado, podem complementar o que tratamos neste ponto.

hhttps://youtu.be/kxOvtIpnqA4?list=PLH29R0bKdn2IN 1xka2elpcoNnovfwC8Zq

https://youtu.be/YDF3kNQhfGY

https://youtu.be/wvcWQiqfWEg

Os primeiros mercados que apareceram na história da humanidade, funcionavam através da troca directa de produtos uns com os outros: uma cabra, por exemplo, valeria seis galinhas e era essa relação que determinava os termos da troca1 . No fundo, estabelecia-se uma intermediação de valor. Com o aparecimento do dinheiro, começaram a desenvolver-se processos mais sofisticados de comércio e essa intermediação passou a ser feita através da

1 Os menos jovens lembrar-se-ão, estou certo, que entre nós no final do século passado, face à desvalorização da moeda nacional, era a caixa de cerveja que estabelecia a relação de valor das mercadorias transacionadas nos mercados informais.

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moeda: uma cabra valeria seis moedas e cada galinha valeria uma moeda e as transações passaram a fazer-se utilizando a moeda e não a troca directa de produtos, mas respeitando essa relação de valor.

Entretanto, o aumento das populações e da produção ao longo dos séculos, resultou no aparecimento de intermediários entre os produtores e os consumidores finais, que passaram a assegurar que os produtos produzidos numa área estavam disponíveis noutra área onde não existiam, mas eram procurados. Estes intermediários, que assumiam o risco da compra dos produtos, da sua conservação e transporte e da sua venda aos consumidores finais que viviam noutra região, estão na origem das actuais redes de distribuição.

Existem políticas económicas muito diferentes quando se debate a intervenção do Estado nos mercados. Contudo espero que estejamos todos de acordo, acerca da necessidade de os poderes públicos deverem evitar que as partes envolvidas tenham iniciativas que possam causar danos a ambos e/ou ao funcionamento do mercado e que é função do Estado preservar o ambiente onde ocorrem as transacções e propiciar um local seguro tanto para quem compra, quanto para quem vende.

Talvez esta seja uma boa ocasião para apresentarmos alguns vídeos acerca da Política Económica. Recorremos, mais uma vez aos vídeos publicados por docentes brasileiros, mas os modelos dos nossos dois países, por integrarem o mesmo sistema de economia livre de mercado, não são muito diferentes. A designação dos órgãos de decisão política e regulação, podem ser diferentes, mas eles existem nos dois países e possuem competências similares.

https://youtu.be/_s2VTSyzcJU

https://youtu.be/do2DwJtezbk

Regular os mercados, num mundo globalizado onde o comércio electrónico assume cada vez maior preponderância, é um desafio

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até hoje de difícil solução, tal como é crescente a insegurança dos mercados virtuais onde as empresas se movimentam, ultrapassando e ignorando frequentemente os Estados2 .

No fundo, qualquer de nós pode criar uma loja virtual que opera a partir de uma nuvem informática localizada num ponto qualquer do globo, celebrar acordos comerciais com os mais diversos fabricantes localizados nos países mais distantes e servir apenas de intermediário na transacção comercial: o comprador compra um produto à nossa empresa, a qual passa a encomenda ao fabricante e este expede-a para o cliente. O pagamento da compra efectuada à nossa empresa é feito por via electrónica numa conta bancária localizada num qualquer paraíso fiscal, possivelmente no mesmo local ou num local similar aquele onde o fabricante ou o transportador movimentam os seus próprios activos financeiros. E quem paga impostos? E como se defendem os interesses do consumidor?

Estudar o mercado, que está sempre em movimento, é fundamental para conquistar sucesso (quota de mercado, volume de vendas, etc.) e, sobretudo, para o manter, pois a concorrência está sempre atenta e disponível para conquistar para si uma parte do sucesso que foi obtido pelos outros operadores. Assim, o estudo do mercado tem como objectivo último conquistar e manter a competitividade empresarial, ou seja, definir como a empresa se pode manter actualizada (na sua tecnologia e processos produtivos, nos seus modelos de gestão e comunicação e nos produtos que vende), proteger a quota que possui no mercado ou, preferencialmente, liderar esse mesmo mercado, sozinha ou conjuntamente com um pequeno grupo de empresas.

Concluídas estas observações iniciais, parece-nos adequado definir o conteúdo deste livro. Assim, abordaremos em primeiro lugar alguns aspectos que reputamos importantes da competitivi-

2 Vejam-se a este propósito as inúmeras divergências e processos judiciais existentes entre a União Europeia e multinacionais como a Apple, Google ou Facebook, por violarem as leis em vigor e por terem práticas comerciais altamente lesivas dos interesses dos Estados.

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MERCADOS: CARACTERIZAÇÃO, AGENTES FUNDAMENTAIS E EVOLUÇÃO

dade empresarial, passando em seguida a definir e classificar os diversos tipos de mercados que encontramos no nosso quotidiano, onde queremos realçar, particularmente, o mercado de trabalho. Posteriormente abordaremos os aspectos mais relevantes da oferta e da procura, procurando, noutro ponto, tratar do conceito, análise e classificação da concorrência. Finalmente trataremos das características e classificação dos clientes antes de passarmos para um ponto dedicado aos mercados onde referiremos os aspectos relativos ao ambiente em que estes se desenvolvem, sublinharemos as questões relativas à sua evolução e à necessidade imperiosa das empresas identificarem com a precisão possível o seu mercado-alvo - factor imprescindível para o sucesso de qualquer estratégia comercial - bem como os meios que podem utilizar para o fazerem.

E se é importante que as empresas conheçam os mercados nacionais onde localizam o fundamental da sua actividade e onde, geralmente, concentram o poder de decisão da sua gestão de topo, é fundamental que conheçam ainda melhor os mercados internacionais onde pretendem vir a operar (legislação, cultura, geografia, hábitos de consumo, etc.) e os princípios e políticas que os enquadram e condicionam, se quiserem atingir os níveis mínimos de competitividade num mercado internacional tão globalizado e tão pouco regulado como o actual.

É de tudo isto que vamos tratar em seguida.

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2. COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Nas novas iniciativas empresariais, infelizmente, a regra é uma empresa surgir, fazer sucesso, descansar sobre esse mesmo sucesso e, pouco tempo depois, ser esquecida pelos seus clientes que a trocam por uma outra, que trouxe novas ideias e produtos mais inovadores, e fechar as portas. Este ciclo, em que os consumidores passam rapidamente de novidade em novidade, é muito comum, principalmente nos momentos de crise económica.

O que fazer então para que uma empresa se afirme no mercado? Não existem formas milagrosas de intervir com sucesso no mercado e, no mundo altamente competitivo em que vivemos, é cada vez mais difícil assegurar a consolidação e rentabilidade de novas empresas e, tão importante, assegurar que elas se conseguem manter activas no mercado durante períodos de tempo alargados. Efectivamente, uma empresa só se poderá manter no mercado se possuir bases sólidas – aos níveis financeiro, infraestrutural, tecnológico e das competências técnicas dos seus colaboradores – e se for competitiva. Permanecer à frente das empresas suas concorrentes e conquistar cada vez mais clientes – ou, pelo menos, acompanhar a concorrência sem se deixar engolir pelo mercado – é o que permite que as empresas se consolidem e desenvolvam.

Devemos reconhecer que, independentemente da qualidade da iniciativa e do empenho e competência do empreendedor, a globalização complicou este processo, pois actualmente qualquer produto ou marca, compete com empresas de todo o mundo e não apenas com os negócios locais. E isto, sem falarmos da rapidez com que a inovação de processos é copiada e os produtos mais recentes são replicados por concorrentes espalhados pelos quatro cantos do mundo. Mas existem formas de os empreendedores afirmarem a sua empresa no mercado e a tornarem numa referência no sector

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