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MEXILHOEIRA ANTIGA
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MEXILHOEIRA MODERNA
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Versos, Anedotas e Adivinhas
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Alzira Dias Gonçalves
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Edição: Edições Vírgula® (chancela Sítio do Livro)
Título: Mexilhoeira antiga versus Mexilhoeira moderna – Versos, Anedotas e Adivinhas Autora: Alzira Dias Gonçalves Revisão: Patrícia Espinha
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Paginação: Paula Martins Capa: Patrícia Andrade 1.ª edição
Lisboa, outubro de 2017
ISBN: 978-989-8821-56-0
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Depósito legal: 430944/17 © Alzira Dias Gonçalves
PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO:
www.sitiodolivro.pt
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Índice
Versos ................................................................................................
Anedotas ..........................................................................................
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Adivinhas .........................................................................................
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Foi a Mexilhoeira Antiga que eu conheci ....................................... Mexilhoeira Grande já moderna .................................................... A Mexilhoeira “emigrada” ............................................................. As gentes da Mexilhoeira ............................................................... Mexilhoeira .................................................................................... Corpo envelhecido, alma renovada ............................................... Estes versos são homenagem a um casal amigo ............................ Amiga Maria Aliete ........................................................................ Cada um é para o que nasce .......................................................... Um verso à vergonha ..................................................................... A vida de um Idoso ........................................................................ Agradecimento a um Filho ............................................................. Longa caminhada ..........................................................................
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Pr VERSOS
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Foi a Mexilhoeira Antiga que eu conheci
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Mexilhoeira estás entre a serra e o mar Tens o rio por companhia Foi o rio que ajudou a criar Muitos filhos da freguesia.
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Vamos lembrar o passado Um pouco triste e sombrio Mas para pagar o fiado A vida dos pobres era no rio.
Por vezes, chuva e frio de rachar Tinham que ir ao berbigão. Era o rendimento para os filhos criar E lhes dar alguma educação. Muitas famílias da aldeia Só viviam do marisco, Não andavam de barriga cheia Só de berbigão para fazer o petisco.
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Nesse tempo eram só burros a zurrar Quem não tinha… era ir à pata Até os burros deixaram de contar Tudo tem acabado, menos a desgraça.
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Alguns tinham a noite para trabalhar O guarda-chuva servia a qualquer hora, Precisavam era de um bom luar Para carregar e depois era jogar para o quintal… embora.
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No outro dia era para receber Aquilo que o senhorio queria dar, Dava para os ricos enriquecer E os pobres voltarem à noite a trabalhar.
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Havia cinco peixeiros na aldeia De manhã era peixe e à tarde rio Quando a maré não estava cheia Lá iam eles, mesmo que estivesse frio.
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José Peralta, excelente peixeiro Aos filhos nada podia faltar Fazia o que aparecia para ganhar dinheiro No fim, até laranjas vendia para ganhar.
Foi um tempo difícil de viver O Sr. Manuel Martins e duas filhas para criar Um bom pai, nunca faltou que comer A sua excelente esposa foi trabalhar para ajudar. Os irmãos Porfírio eram peixeiros Por vezes também eram pescadores Qualquer profissão dava para ganhar dinheiro Para o sustento dos seus amores. 10
Quase à entrada do povo Morava um bom sapateiro Ele até fazia calçado novo E não era nada careiro.
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Era o Inácio Mendes Que sempre ali trabalhou É por isso que não entendo De quem nunca mais se falou.
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Agora resta a saudade do rio Que matava a fome a tanta gente Mesmo com calor ou frio Tudo desapareceu… de repente.
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Devíamos relembrar De quem um dia partiu Não custa nada falar Todos sabemos quem existiu.
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A segunda padaria que abriu Nesta aldeia tão formosa Os próprios donos não os vi O herdeiro foi o Sr. António Rosa.
Família que tanta fome matou A quem tanto trabalhava Já morreu quem tanta fome passou Os filhos já não se lembram de nada. Sr. António Rosa era um brincalhão Sua esposa era um coração lavado Nunca negaram um pão Mesmo que fosse fiado. 11
Era um cântaro de duas asas Que se pagava por um tostão Pobres não tinham água em casa Para fazer uma refeição.
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A praça da Mexilhoeira Só tinha quatro bancadas e um telhado Também tinha uma torneira De boa água… ali ao lado.
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Casa de banho nem pensar Era levantar logo ao amanhecer Para ir para trás das paredes cagar Para muita gente não ver.
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Tomar banho só na ribeira Quando se ia lavar ou estava calor Nem se conhecia uma banheira Ou no alguidar ou no rio de Alvor.
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A casa onde eu moro era a do carvão Ao lado era a Sra. Maria Abóbora lavadeira Lavava a roupa toda à mão O alimento era uma côdea de pão na algibeira. Lavava a roupa a tanta gente Muitas vezes doente e sem poder Lá ia ela novamente Tinha que ganhar para comer. Sr. João Rocha era alfaiate Ainda trabalhou para mim Foi ele que fez o fato Do casório do António Joaquim. 12
Joaquim Martins foi sapateiro Mas teve outra profissão Foi alguns anos cantoneiro Trabalho que fazia na perfeição.
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Foi um excelente alfaiate Homem que pela aldeia muito deu Era em reuniões, era em teatro De quem o povo depressa se esqueceu.
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Sr. José Mariano também era sapateiro Trabalhava quando queria Vender sola dava mais dinheiro Era isso que ele mais fazia.
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Toda a gente conhecia Já muitos dele se esqueceram Sr. José da Ribeira e D. Bia Senhor que ao povo muito deu.
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Tinha a oficina para trabalhar Pediam-lhe para ele fazer Ou arranjar um sachinho para arranhar Para irem ao marisco para vender. Sr. Capitão Glória ajudou A quem não tinha para comer Até famílias ele levou Para a Misericórdia para viver. Pelo Natal quando tocava O sino era sinal de esmola Até filas eles formavam Para encher a sua sacola.
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Era um saco com arroz e massa Chouriço, conservas e leite Pão, farinha e bolachas Grão, feijão, bacalhau e azeite.
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Sr. Capitão Lázaro teve a gentileza, Quando fez 100 anos, vir a convidar Pobres que com ele tinha a certeza Que gostavam de ir almoçar.
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Sr. Capitão Lázaro sempre pronto a ajudar A quem não tinha que comer Não precisavam de pedir para ele dar Ele até ia às casas para ver.
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As Amélias sabiam tratar Alguns curativos ou dar injeções. Sr. Manuel da Silva era a trabalhar Porque era ele que fazia os caixões.
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A casa onde ele fazia os caixões Ainda tem as paredes de pé É a oficina do Sr. José Sebastião Toda a gente sabe onde é.
Sr. Francisco do Serro era comerciante Sua esposa tinha a mercearia, Tudo se foi num instante Ao morrerem os dois no mesmo dia. Sr. Vítor toda a gente o conheceu De frutos secos foi comprador Mas para mais deixar aos seus Também deu um jeito como agricultor. 14
Sr. Castelo Branco não conheci Eram os donos da capela onde iam rezar Sempre que não chovia Pediam ao Senhor dos Passos para a chuva mandar.
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Era grande tradição ir à capela Dá pena vê-la tão abandonada Ter uma frente linda como aquela Nem olha quem passa pela estrada.
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Na passagem de nível, com a mota ao passar Por baixo dos paus terminou a missão, A sua morte foi encontrar O, nunca esquecido, professor Serrão.
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Sr. Evangelista, grande professor, Era muito bom para ensinar. Ao partir deixou grande dor Maldita curva… a morte foi encontrar.
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Sua esposa também era professora Muita falta ficou fazendo Era uma bondade de senhora Penso que toda a gente me entende.
Sr. Padre era o de Alvor Pelas festas era ele que cantava Foi um grande benfeitor Não havia divórcios a quem ele casava. Pelas festas, ao sair a procissão. Era tudo bem organizado Sempre flores e juncos pelo chão E na frente, ninguém abandalhado. 15