A Meia-Haste

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A meia haste poesia Luísa Amorim-Braun

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título: A Meia-Haste autora: Luísa Amorim-Braun edição: Edições Vírgula® (Chancela Sítio do Livro) capa: Ângela Espinha paginação: Paulo Resende 1.ª edição Lisboa, agosto 2022 isbn: 978‑989 8986 61 0 depósito legal: 501781/22 © Luísa amorim Braun Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A repro dução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei. Declinação de Responsabilidade: a titularidade plena dos Direitos Autorais desta obra pertence apenas ao seu autor, a quem incumbe exclusivamente toda a responsabilidade pelo seu conteúdo substantivo, textual ou gráfico, não podendo ser imputada, a qualquer título, ao Sítio do Livro, a sua autoria parcial ou total. publicação e comercialização: (+351)publicar@sitiodolivro.ptwww.sitiodolivro.pt211932500 Preview

A MEIA-HASTEIlAMpEjoSIIIMpulSoSdETrAdução LUÍSA AMORIM-BRAUN Preview

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Os olhos que vejam, ouvidos que ouçam, que a boca desenhe instante o poema a nascer… O Alfabeto aé ordem desordemda Preview

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DEDICATÓRIAS: OBRIGADA aLíngua,quanto amor obrigas? Obrigo-me ou desobrigo-me? Obrigada estou com ou sem obrigação por gratidão. Sou muitotua,grata e obrigada! MEUS AMORES Teus amores, meusMãe, amores, osfilha:da língua e das palavras e os demais com ternura, sem a qual não há teus nem Amores.meus: Preview

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I – LAMPEJOS 13 A luz E o TEM po

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Por que mudam, se alteram tanto a luz como o tempo? Porquê claro ou cinzento, aqui frio, além quente? É a terra girando na rota do vento: um arco imparável sempre em movimento. É questão de esperar, aprender paciência, que o sol há-de voltar: longa vai sua ausência.

14 A M EIA-HASTE A r E d E

Até que uma onda a nado a venha buscar, levá-la consigo pra longe e pra sempre de companhia?

Ou apenas visitá-la como onda ligeira arfando sem pressa, desfalecendo? Espuma branca: espaço de ar: Um par de dança? Alma de mar? Nada a nadar.

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A rede murcha amarfanhada à beira-mar: com falta de ar.

comoAbandonadaumarede esvaziada na praia o conteúdo semeado em volta abaixo em cima em roda sem nexo: desconexo. Um molho de fios tricotados em nós desfiados de nada entrelaçados:sósenredados cheios de ar.

I – LAMPEJOS 15 A v I d A A vida é um caroço a subir e a descer no Umpescoço.abrirefechar de olhos ao amanhecer e ao escurecer no poço. É um constante e lento movimento a querer trepar mais alto e a cair com salto alto até jazer mudo e quedo indiferente ao momento: fora do tempo só Passoupairante.sem pressa numdepressainstante. Preview

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Ai que cansaço, se dou um passo!

Os pés colados, pés enterrados no chão calcado do meu terraço: de pé não posso. Não me seguro sem um bordão, adormeceu-me o coração: já não te vejo, só mal me sinto, e, se me sento, não me levanto.

Pregado num lugar sem poder avançar nem querer recuar, nem falar tentando, faltando o alento, só um pensamento: Resto aniquilado, nulo de vontade.

16 A M EIA-HASTE A I , qu E c A n SA ço!

I – LAMPEJOS 17 A I nd A - MESM o co M c H uv A

O que resta da árvore no Inverno? Só o tronco e as agulhas se não forem muito velhas (as árvores)

E compra umas botas novas ainda para este Inverno (que promete demorar) — e na Primavera, quem sabe, ainda as possas usar, se ainda com sorte e chuva lá chegares.

As folhas já se foram com o vento no Outono perdidasarrancadasfustigadasno ar; ou no chão pisadas coladastrituradasàs solas dos sapatos encharcados pela chuva. Que resta dos sapatos? Quase nada. Deita ao lixo-mesmolixo-indescriminado! Se-pa-ra,Não! re-pa-ra na cor do contentor mais propícia ao ambiente!

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18 A M EIA-HASTE „Ainda“ é uma palavra muito linda: „ainda“ tem tempo para ir adiando. Assim vais tu andando e protelando: vivendo, te- arrastando, hás-de morrer. E, com botas novas, tanto melhor. Preview

O limiar do reino ilimitado é o reduto escuro chaveado sem luz, sem som, jamais sem fresta aberta.

É só intuição breve ansiosa fronteira inquetante e dolorosa em vasta imensidão, praia deserta.

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„Ajudo-te a cumprir tua vontade: a tal de ultapassar o ultramar!“ (“ I SE E l I co M TA TA A SIE A E .“)

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I – LAMPEJOS 1 9 A lé M - l IMITE

„Respeito só poder em igualdade e rompo os laços todos de enleado: vou franquear terreno inexplorado, vou conquistar o céu da liberdade. Quero alcançar esse degrau de imensidade deixar o limbo, este limite, entre-lugar. É meu tributo o que mais tenho para dar: intensidade é mais que altiva divindade.“

Limite imposto ao ser impaciente por quem com seu poder imperioso impede a concorrência ao inciente só ansioso ente desejoso.

20 A M EIA-HASTE A l TE rn ATI v AS Estavas a contar com a caída? Não te deixes ir abaixo: tens Estavasalternativa.acontar com a saída? A saída é nova entrada: outra Queriasalternativa.doteatro mais um acto? Um a mais era um desastre: sem alternativa. Preview

Perdeu-se e procurou-se: a Caminhandosi. enrodilhou-se na passadeira do tempo já passado e no presente: quem é? Qual o seu nome e morada, é solteira ou é casada? De onde vem, que país lhe deu berço e tudo o mais?

I – LAMPEJOS 21 A M né SIA

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Tem família, tem crianças, tem amigos, esperanças? Que fazia, a profissão de tão fraca e torta mão? Quem entende o que ela diz? - Nem eu sei o que já fiz. Mas uma coisa sei eu: quem desejo ver no céu.

M or T ão

Como é que pode haver amor tão grande assim? Queria até morrer sentir-te ao pé de mim, jamais desconhecer o que é a vida a dois, o que finda a infância intensa vem depois, que amplia a alegria e redobra o prazer: saber o que é amor, saber o que é viver.

A gr A nd E

Prazo maior queria, a vida sem confim, saborear contigo a vida até ao fim.

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22 A M EIA-HASTE

I – LAMPEJOS 2 3 A M or ES E flor ES Um amor amante que não é amado é uma tragédia, é um fado errante. Amor não amante desejo forçado é uma comédia da vida constante. E qual é o fruto de amar tanto amor? A vida florindo: uma vida em flor. Preview

É Isto amor ou é temor de me entregar sem mais defesa a teu olhar dominador, traindo amor em meu tremor: pouca firmeza , só fraqueza? Será eterna esta ternura ou passageira esta tremura? Amor dirá se dura…

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24 A M EIA-HASTE A M or ou T ( r ) EM or? ( r E fl E xão ) Não sei se foi amor ou foi temor. O queixo, sim, traiu a emoção e a onda de ternura rebentou. Foi esse meu chorar enfim de amor ou só tremor do rosto em minha mão? Envergonhado o coração travou o alvoroço abrupto e disse não!

I – LAMPEJOS 2 5 A n AM né SIA

Atirou-se ao chão de um jacto com total feroz mpacto: resultado horizontal da vertigem vertical. Entretanto vai falando e andando aos encontrões, arrancando aos solavancos, tropeçando nos travões. Futurando sem promessa o destino da matrona: talvez ganhe a maratona de vagar sem grande pressa. O que houver de ser será: ela um dia saberá…

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