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CARDIOLOGIA FUSÃO ENTRE MEDICINA ENERGÉTICA E CONVENCIONAL Tradução de:
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FICHA TÉCNICA edição: Edições ex-Libris ® (Chancela Sítio do Livro) título: Cardiologia – Fusão entre Medicina Energética e Convencional autor: Dr. Tran Viet Dzung tradução: Alberto Sousa capa: Ângela Espinha revisão: Mafalda Falcão paginação: Alda Teixeira 1.a Edição Lisboa, Dezembro 2017 isbn: 978-989-8867-19-3 depósito legal: 434218/17 © Alberto Sousa
publicação e comercialização:
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Formação sobre cardiologia com Dr. Tran Viet Dzung. Presidente da Associação para a Medicina Oriental. Membro fundador do Centro de Ensino de Difusão da Acupunctura Tradicional. Cardiologia. Hipertensão, angina de peito e pontos curiosos.
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ÍNDICE Agradecimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Pontos curiosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Angina de Peito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Prática clínica do autor de tradução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
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AGRADECIMENTO A toda a equipa do Instituto Van Nghi de Portugal pelo empenho e dedicação, pelo convite ao nosso prezado professor Tran Viet Dzung, bem como pela capacidade de ter contribuído para a realização de um sonho que ficará na memória de muitos terapeutas durante a Pós-graduação em Medicina Energética (Acupunctura). Ao longo dos oito anos de ligação a Portugal, o prestigiado médico Tran Viet Dzung sempre se empenhou de forma séria na fusão das duas medicinas, incutindo em todos a necessidade de união dos dois conhecimentos como base para a obtenção de melhores resultados no futuro. Um agradecimento eterno a esse maravilhoso ser humano que nos brindou com o seu largo conhecimento em Medicina Convencional e Energética (Acupunctura), obrigado pela sua simplicidade, honestidade e sobretudo a humildade que dificilmente se encontrará nos tempos atuais.
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PREFÁCIO Este livro nasce da tradução de um Seminário sobre Cardiologia orientado pelo prezado Mestre Tran Viet Dzung, utilizando conteúdos de Ling Chu, Nei Jing e Da Cheng, com o sentido único de elucidar todo o conhecimento até aqui adquirido e potenciar as capacidades dos praticantes de Acupunctura e Medicina Chinesa, pensando sempre no objectivo primeiro de aliviar o sofrimento dos que já contraíram algum desequilíbrio físico, mental, emocional e mesmo espiritual. A presente obra trata as noções básicas que levam a um bom entendimento das patologias desenvolvidas, aumentando a convicção do terapeuta para agir através de um tratamento bem direcionado e com o melhor resultado possível. Os dois temas aqui abordados – Hipertensão e Angina de Peito – são os que o Dr. Tran selecionou para esta formação, contudo fica claro que toda a teoria desenvolvida pode ser aplicada em diversas patologias do coração.
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BIBLIOGRAFIA Seminário Cardiologia em Portugal com Dr. Tran Viet Dzung. Zhen Jiu Da Cheng, de Yang Chi Chou. Pathogenie et pathologie energétiques en Medecine Chinoise.
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Cardiologia Em primeiro lugar, como sempre o Dr. Tran nos habituou a desenvolver o problema sobre o ponto de vista da fisiologia – e porque para se compreender o que é anormal é preciso entender, antes de tudo, o que é tido por “normal” –, vamos desenvolver o que todos os cardiologistas sabem sobre a cardiologia. Começaremos por procurar entender o que se passa sobre o ponto de vista da matéria, o motivo pelo qual a folha se move, ao mesmo tempo que recuamos milhares de anos para compreender como é que os apologistas da energia concebiam os problemas de cardiologia. Assim, tentaremos perceber se existe ou não uma ponte entre o vento e a folha (a matéria) que se move, tudo isso no sentido de chegar à conclusão sobre a existência de algo a acrescentar no sentido de ajudar mais as pessoas que sofrem de problemas cardíacos. Tomemos o tema sob o ponto de vista da fisiologia, correspondência direta da matéria. Sabemos que o sistema cardiovascular é algo extremamente importante e que envolve não apenas o coração, mas o sangue e os vasos sanguíneos. Deste modo, vamos desenvolver o coração para que este atinja as células do organismo e troque substâncias com todas as células; o sangue deve ser constantemente propulsionado nos vasos sanguíneos pelo coração. Do ponto de vista da medicina convencional, o coração é uma bomba que faz circular o sangue na rede dos vasos sanguíneos. Se medirmos todos os vasos sanguíneos 15
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do nosso corpo ficaremos impressionados; na verdade, têm cem mil quilómetros, para termos a noção de como esse pequeno músculo, que tem apenas o tamanho do nosso punho, consegue injetar sangue para cem mil quilómetros de vasos sanguíneos, o que representa três vezes a volta à Terra. É nestas situações que podemos identificar a grandeza da Natureza e compreender que, comparados com ela, somos absolutamente nada. Tudo isto apenas para percebermos que o coração tem a responsabilidade de distribuir o sangue em cem mil quilómetros de vasos sanguíneos e nenhum conhecimento nos poderá contrariar face a esta realidade, já que é graças à observação rigorosa que nos é dada pela medicina convencional. Se continuarmos esta análise rigorosa, saberemos que o coração bombeia a cada minuto um volume que equivale a trinta vezes o seu próprio peso. Num só dia bombeia cerca de catorze mil litros de sangue, o que num ano se traduz em dez milhões de litros, facto que é absolutamente formidável porque estes números são apenas sobre o repouso: é evidente que quando estamos em atividade o coração trabalha de forma mais vigorosa e por essa razão o volume de sangue real que bombeia é muito superior ao que já percebemos anteriormente. É por estes estes números faraónicos que se pensou que o coração teria uma estrutura muito particular, com propriedades únicas que lhe permitem funcionar sem repouso, de dia e de noite. Quer se esteja a dormir ou acordado, a cada segundo esse músculo trabalha sem descanso durante toda a nossa vida. Por isso, quando se estuda um órgão que é tão importante como o coração, deve-se compreender e encontrar o motivo por que uma estrutura tão pequena consegue ter funções extraordinárias. 16
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Assim, importa abordar os vários problemas do coração do ponto de vista da matéria, e cada vez rever sobre o ponto de vista da energia para entender se existe uma equivalência, numa tentativa de se saber o que se pode fazer de forma prática. O primeiro passo será localizar o órgão para, de seguida, se entender que se trata de um pequeno órgão de forma quase oval: se o medirmos, tem apenas doze centímetros de comprimento e nove centímetros de largura, enquanto que a espessura é de seis centímetros. O peso do coração nos seres do sexo masculino compreende os trezentos gramas enquanto que no sexo feminino pesa apenas duzentos e cinquenta gramas – de referir que se diz que as mulheres são mais sentimentais que os homens. No que respeita à localização, o coração encontra-se no diafragma, situado no mediastino, entre o externo e a coluna vertebral; uma vez que se tratam de regiões firmes, essa localização permite obter alguns pontos de referência: inclinado para um dos lados, o ápex do coração é uma extremidade pontiaguda virada para a frente e direcionada para baixo mais à esquerda. Em oposição existe a base do coração, que é a porção alargada que se situa à direita. Este órgão também apresenta faces e bordos: face esternocostal ou anterior do coração, que se situa atrás do esterno e das costelas; e a face diafragmática ou inferior do coração, que se apoia no diafragma e cobre toda a região do ápex até ao bordo direito. Temos ainda o bordo direito, que fica de frente para o pulmão direito, e o bordo esquerdo, de frente para o pulmão esquerdo.
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Tudo isto para dizer que a partir do momento em que se localiza o coração ao nível do mediastino, é-nos permitido obter alguns pontos de referência. Do ponto de vista anatómico, existe o ponto superior direito, o ponto superior esquerdo, inferior esquerdo e o ponto inferior direito, o que significa que se representarmos o local onde se projetam estes diferentes pontos, veremos que o coração, do ponto de vista anatómico, se assemelha, na sua face anterior, a um losango. Assim, podemos determinar que esse ponto superior direito se situa ao nível da terceira cartilagem intercostal direita, o ponto superior esquerdo situa-se ao nível da segunda cartilagem intercostal esquerda, o ponto inferior direito situa-se ao nível da sexta cartilagem intercostal direita e o ponto inferior esquerdo se situa ao nível da quinta cartilagem esquerda. Tudo isto é extremamente importante para os cardiologistas, porque o coração é um órgão interno e graças a esses pontos de referência 18
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sobre a projeção do ar cardíaco é-nos permitido, por exemplo, chegar a um diagnóstico através da auscultação, porque é nessas áreas que o cardiologista vai colocar o estetoscópio para verificar os ruídos do coração do ponto de vista terapêutico, sobretudo em casos de urgência. A partir do momento em que percebemos que o coração se projeta nesses lugares, e que este se encontra na frente entre o esterno e a coluna vertebral, ambos superfícies rijas, percebe-se que o conhecimento da projeção cardíaca a este nível permite gestos, como por exemplo a massagem cardíaca que pode salvar vidas, ou a reanimação cardio-respiratória, que por intermédio dessa projeção do coração entre duas superfícies duras, vai permitir a possibilidade de imprimir pressões cardíacas para manter a circulação do sangue com oxigénio até que o coração recomece a bater. Para esse efeito, será necessário conhecer todos esses pontos de referência. Se considerarmos esta noção ainda para a localização do coração recuando milhares de anos, tendo em atenção o losango, encontramos em pleno centro desse órgão o 17 V.C., ponto a partir do qual se traçarmos uma linha vertical para baixo considerando o apêndice xifóide encontraremos o 14 V.C. O 17 V.C. é o ponto Mo do aquecedor superior que representa o pulmão e o coração, e o 14 V.C. é o ponto Mo do coração.
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Há milhares de anos sem conhecer anatomia, sem conhecer a projeção do coração no próprio corpo, resta questionar como é que foi possível localizar essas áreas, representando-as pelos dois pontos acima descritos 14 V.C. e 17 V.C. Para além de tudo, associaram uma noção muito importante ao 17 V.C., que é a energia Tong Qi, que corresponde ao nó sinusal, ou seja, aos movimentos automáticos do coração. Se analisarmos a coluna vertebral, constatamos que o coração se situa entre D.5/D.6., local onde se encontram os pontos 10 V.G. e 11 V.G. que fazem parte da via mental. Pensando no mental, associamos ao Shen, que corresponde ao coração. Dizendo de outro modo, na projeção anterior temos os pontos correspondentes ao coração e, na projeção posterior, existem os pontos que correspondem à via mental, Shen e coração. Se continuarmos o raciocínio, existem ainda outros pontos como o 15, da bexiga, que corresponde ao Shu do dorso do coração. Seguindo para o segundo ramo do meridiano da bexiga, 20
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encontramos o ponto 44 da bexiga, que corresponde à concentração do Jing Shen Shen, a atividade mental que permite o bom funcionamento do coração. Resumindo, na projeção anterior temos, do ponto de vista da matéria anatómica, o losango, onde existem pontos importantes para o coração – 14 e 17 V.C. Na projeção posterior ao nível de D5/D6, onde se encontram os pontos 10 e 11 V.G., 15 e 44 da bexiga, tudo o que corresponde, energeticamente falando, a pontos que têm uma relação íntima com a atividade energética do coração, a questão que se coloca é de como podiam conhecer tudo isto se não sabiam anatomia. Na atualidade, sabemos pela observação rigorosa da medicina convencional que a situação do coração nos permite o diagnóstico de cardiologia e que a auscultação cardíaca permite ter gestos que salvam vidas pela reanimação cardio-respiratória. Há milhares de anos que os apologistas da energia, sem conhecimentos de anatomia, tomavam conta da existência de pontos energéticos através dos quais podiam agir sobre o coração. Não há razões para dizer que um método é melhor que outro; o nosso trabalho consiste em observar as duas formas de conceber o problema e de as combinar juntas: massagem cardíaca e auscultação cardíaca, juntar a utilização desses pontos energéticos que não podemos ver materialmente mas que existem, para tentar ajudar as pessoas que sofrem de problemas cardíacos ao máximo. Por isso, é inútil desenvolver discussões entre a matéria e a energia, entre a medicina convencional e medicina energética. Existe apenas uma Medicina com dois aspetos. Quando se aprende o coração como cardiologista, aprende-se o que são as paredes do mesmo, e aí inclui-se a noção do pericárdio. Ao pericárdio corresponde a membrana que envolve e pro21
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tege o coração, mantendo-o no local do mediastino e permitindo assim uma liberdade de movimentos suficientes para realizar os movimentos rápidos e vigorosos de contração. Sabemos que o coração contrai em permanência e é necessário que mova sem se lesionar. É por essa razão que a membrana a que chamamos de pericárdio é muito importante, mas para compreender isso será necessário conhecer a sua anatomia. Se verificarmos de forma ampla, existem duas membranas. A primeira é a externa, conhecida pela membrana fibrosa, e a interna, que é conhecida como membrana do pericárdio serosa. A membrana fibrosa (externa) é constituída por um tecido conjuntivo muito denso e muito robusto mas tem uma particularidade, que é não ser elástico, o que impede os estiramentos excessivos do coração por não ser elástico protege o mesmo, e ainda junta o coração ao mediastino. A membrana interna (pericárdio seroso) é composta por outras duas membranas: a parietal e a visceral. Entre as duas existe um líquido conhecido por líquido do pericárdio, constituído pelas células deste último e que permite reduzir os traumatismos, reduzindo as fricções entre as diferentes membranas quando o coração está em movimento. E como sabemos, este é um musculo que está perpetuamente em movimento, por isso, se não existisse esse líquido, o coração iria sofrer danos com os movimentos de contração e fricção. É por essa 22
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razão que o líquido também corresponde à noção de proteção contra todo o tipo de traumatismos que podem comprometer os movimentos do coração. O espaço que contém o líquido orgânico que se situa entre as duas membranas parietal e visceral corresponde à cavidade do pericárdio; em caso de excesso ou insuficiência desse líquido, pode surgir uma inflamação ou uma pericardite, desencadeando dor pela fricção dessas membranas. Quando há excesso de líquido também se trata de um processo muito delicado, podendo mesmo levar à morte pela falta de elasticidade do pericrárdio fibroso uma vez que este não se pode dilatar e, quanto mais líquido houver, mais ele comprime o coração. Essa compressão do coração pode provocar uma paragem cardíaca ou tamponamento cardíaco, por isso, o objetivo será manter esse volume de líquido do pericárdio o máximo de tempo possível em equilíbrio. Os antigos apologistas da energia, três mil anos antes de Cristo diziam: “o coração é o soberano, o rei, e por isso tem obrigatoriamente que ser protegido, por essa razão tem um envelope ao qual os antigos chamavam de Xin Bao Luo, que permite a defesa do coração”. Para eles, o Xin Bao Luo correspondia a uma fortaleza energética ou uma muralha que não se vê mas que existe e defende o soberano contra os ataques de todos os inimigos, sobretudo os que surgem do exterior. Diziam que qualquer energia que chegasse ao nível do Xin Bao Luo era desintegrada, o que explica que em cardiologia é muito raro ver uma doença cardíaca com febre, porque quando o inimigo chega a esse nível é detetado e desintegrado, fazendo-nos retomar a ideia da proteção do soberano (coração), salvo algumas exceções como por exemplo a falsidade. Isto é, se o Xin Bao Luo não conseguir conhecer o inimigo, aqui enquadram-se todas as situações de polarização, quando o frio no seu 23
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máximo polariza e desencadeia um falso calor, ou nos casos de calor máximo que se polariza em falso frio, ou em casos de transmutação, ou quando a humidade não é bem metabolizada que pouco a pouco vai assumindo o fenómeno de transmutação e passar ao estado de mucosidades-fogo, sendo uma das condições mais perigosas do fogo, e que a sua origem provem da humidade. Em todas essas condições o coração corre o risco de ser atacado, porque o inimigo não é bem reconhecido nem individualizado para ser desintegrado. Todos os falsos calores, falsos frios, mucosidades-fogo podem atacar o soberano (coração) podendo provocar então o estado febril. Em cardiologia assiste-se a esse fenómeno em casos que são reconhecidos por endocardite de Osler, em que as válvulas são atacadas e originam um estado de febre. Tudo isto para sintetizar que, do ponto de vista da medicina convencional, quando se pensa em Pericárdio o raciocínio é proteção, recuando milhares de anos para entendermos como os antigos apologistas da energia concebiam os problemas das membranas do coração que correspondem à proteção Xin Bao Luo, o que significa que o raciocínio é o mesmo. No entanto, existe uma noção que do ponto de vista da medicina convencional não é conhecida e que corresponde a uma função extremamente importante do mestre do coração: tem a ver com a primeira função de proteção que se identifica nas duas medicinas; já a segunda noção é a de mensageiro do coração, visto que o coração é o soberano (rei) e esse deve ficar no seu palácio e manter a comunicação com os seus súbditos, ou seja com os cinco órgãos e as seis vísceras, com todas as células do nosso corpo. Como é obrigado a ficar no seu palácio, é obrigatório que haja um intermediário entre ele e os súbditos, que correspondem ao cinco órgãos e seis vísceras. Esse mensageiro 24
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do soberano é Xin Bao Luo: tem a função de primeiro mensageiro e, sabendo que quando o primeiro alcança o ponto 8 do Mestre do coração, vai transmitir a ordem ao segundo mensageiro, que é o triplo aquecedor que a partir do ponto 1 T.A. vai distribuir essa ordem a todas as células do nosso corpo, permitindo o seu bom funcionamento. Tudo isto é uma noção energética que se deve adicionar quando se fala do envelope do coração. Visto sobre o aspeto da medicina convencional, nos dois casos existe a noção da proteção mas no caso energético deve ser adicionado o papel de mensageiro que é extremamente importante. Estudando a localização e tendo feito a fusão entre os dois aspetos da cardiologia, vimos o que podemos acrescentar e completar. Uma vez estudada a noção dos envelopes do coração, a noção do pericárdio e a sua relação com o Xin Bao Luo, percebemos o que havia a completar porque precisamos dos dois para melhor ajudar o doente. Noutra noção seguimos a forma como estudar um órgão que é como o coração tentando perceber o que são as cavidades cardíacas, tomando conhecimento da aurícula direita, do ventrículo direito, aurícula esquerda, ventrículo esquerdo, até que ponto chega a veia cava inferior e até que ponto chega à aurícula direita. Esse sangue vai chegar ao ventrículo direito onde existe uma artéria pulmonar que irá alcançar o pulmão, encontra a veia pulmonar que irá transportar o sangue oxigenado à aurícula esquerda, segue para o ventrículo esquerdo e continua até à artéria aorta para depois se encaminhar para todas as células do nosso corpo. Estas são as diferentes cavidades do coração com os diferentes vasos que chegam e que saem com o pulmão e do coração. Meditando sobre o que acabamos de desenvolver, o que vemos do ponto de vista anatómico e o que sabemos o que foi escrito e obser25
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vado de forma rigorosa, devemos registar duas noções que ninguém poderá contrariar. A primeira é a pequena fossa oval que se situa entre as duas aurículas e o ligamento arterial, ao qual não se atribui grande importância mas na verdade, do ponto de vista da compreensão e interpretação, é enorme porque explica muitas dúvidas, sobretudo quando se abre uma pessoa e se observa que toda a gente tem aquele forame oval e o ligamento arterial. A questão é compreender o porquê da existência dessas duas entidades anatómicas que toda a gente vê e que escondem uma explicação extremamente importante, sendo tudo isto pequenos vestígios do que se passava na vida intra-uterina, porque durante a gravidez, o embrião que se torna um feto depende totalmente da sua mãe, que lhe fornece o seu oxigénio e os seus nutrientes, tendo o cuidado de se limpar dos gases carbónicos e outras impurezas, assim como defende o seu feto contra todos os choques e todas as variações de temperatura; fornece também os anticorpos que o previnem de certos micróbios prejudiciais. É por esse motivo que quando o bebé fica maduro, tornando-se autónomo, estes sistemas adaptam-se, tanto o respiratório como o cardiovascular. Do ponto de vista respiratório será necessário entender que durante a vida intra-uterina o feto depende exclusivamente da sua mãe para obter oxigénio e se purificar dos gases carbónicos, pela simples razão de que os seus pulmões estão em colapso, não conseguindo expandir-se porque ainda não existe o sulfato que é uma substância lubrificante tenso-ativa que impede os alvéolos pulmonares do colapso. Essa substância só pode começar a existir no fim do sexto mês de gravidez, o que significa que até dois meses antes do nascimento e por causa da falta do sulfato o bebé não é viável. A partir do momento em que este 26
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esteja presente, o mesmo pode nascer até prematuramente porque os seus pulmões poderão dilatar-se e ele poderá respirar. Depois do nascimento, a mãe deixa de oxigenar o bebé. Este, à medida que continua a vida respirando, rejeita os gases carbónicos que excitam um centro que é o bulbo raquidiano, que corresponde ao centro respiratório, sendo aumentado pela taxa do gás carbónico que estimulam os músculos respiratórios do bebé provocando contrações para permitir ao bebé a sua primeira respiração. A primeira respiração do bebé quando sai da vida intra-uterina é sempre uma primeira inspiração, visto que os seus alvéolos estavam em colapso sem ar e, quando entra em contacto com o ar livre, quer adquirir todo o oxigénio do mundo. Uma vez que os seus pulmões se enchem de oxigénio, a primeira expiração será também muito forte, exprimindo um barulho vigoroso acompanhado de choro. Esta é a fisiologia da inspiração e expiração de pulmões que se encontravam em colapso até esse momento por falta de sulfato, e é o primeiro mecanismo de adaptação do bebé quando ele sai da sua mãe para o mundo. A segunda adaptação é cardiovascular, porque depois da primeira inspiração isso prova que um outro órgão a partir desse momento é capaz de preencher as suas responsabilidades, permitindo os fenómenos de hematose desenvolvidos pelos pulmões. O sistema cardiovascular vai adaptar-se de várias formas: uma é o momento do nascimento onde ocorre o fecho do forame oval que se encontra entre as duas aurículas – colocando a aurícula esquerda e direita em comunicação. Este fecha-se permitindo ao sangue ser oxigenado em direção aos pulmões pela primeira vez, porque ainda não estavam em estado de funcionamento. O coração não se podia permitir fazer essa circulação de 27
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variação. Depois de a hematose ser feita corretamente, esse forame encerra-se dando origem ao fecho do conduto arterial que passa a ligamento arterial, porque antes quem colocava a circulação esquerda e direita ao mesmo tempo era o coração. A partir do momento em que os pulmões ficam em estado funcional, fecha o conduto arterial e no lugar de ser um conduto arterial passa a ser um ligamento arterial, sabendo que quando se corta o cordão umbilical o sangue deixa de circular nas artérias umbilicais e essas vão se encher de um tecido conjuntivo. As porções distais dessas artérias passarão a ser ligamentos umbilicais médios. Quanto à veia umbilical, esta passa a ser depois do nascimento o ligamento redondo do fígado, que, como sabemos, tem um papel muito importante através do qual o retorno do sangue tem que passar. Chegando ao fígado, passa para as veias hepáticas atingindo o nível da veia cava inferior, e de seguida projeta-se ao nível do Coração. Mas na vida intra-uterina, enquanto o cordão umbilical estiver presente, a veia umbilical permite derivar o sangue que provém da placenta para evitar o fígado. O que permite esse fenómeno de evitar o Fígado é o conduto venoso que leva o sangue a partir da placenta diretamente para a veia cava inferior, esse conduto desde o nascimento está fechado e transforma-se em ligamento venoso. Tudo isto para entendermos o que se passa na vida intra-uterina e fora dela, chegando à conclusão que, durante a vida intra-uterina, os pulmões, o fígado e outros órgãos não eram viáveis; o único que trabalha é o coração. Neste raciocínio ninguém poderá dizer o contrário quando se analisa etapa a etapa todos estes fenómenos de forma rigorosa, vendo do ponto de vista da embriologia e da vida intra-uterina. É o coração que se ocupa de tudo, que ao nascimento tudo o que vemos seja a fossa 28
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oval, ligamento arterial, ligamento venoso, ligamento redondo do fígado, são apenas vestígios do que se passa durante a vida intra-uterina que permite a um único órgão trabalhar contribuindo para que o feto receba oxigénio, eliminar o gás carbónico e se desenvolver. O único responsável por tudo isso é o coração e nenhuma ciência poderá dizer o contrário, nem embriologia, anatomia ou fisiologia. Vejamos o mesmo problema do ponto de vista da energia estudado desde há milhares de anos, e o modo como concebiam esta função do coração. Diziam que o coração é o soberano e que o mesmo durante a vida intra-uterina se encarrega de tudo. Citam os textos, nos quais, ao nascimento, o coração é comandante e chefe e ocupa-se de tudo até este momento durante a vida intra-uterina, julgando as suas ajudas, sendo em primeiro lugar o pulmão, que é capaz de assumir o fenómeno de hematose, ajudando todos os outros órgãos para que sejam agora capazes de assumir suas funções. O exemplo do pulmão pela primeira respiração e hematose, e o soberano (coração) preenche um último ato: uma vez que estão todos prontos leva-os para um mundo novo, saindo do barco (útero) todos juntos. Fecha-se o forame oval passando à fossa oval, o conduto arterial fecha-se e passa a ligamento arterial, permitindo a circulação esquerda e direita, sistémica, pulmonar de retorno, ciclo de oxigénio, do gás carbónico e a vida extra-uterina. Nos textos dizem: “agora que vocês têm a possibilidade de assumir a vida extra-uterina vamos sair todos juntos para outro mundo onde cada um terá uma responsabilidade e eu estarei sempre presente para vigiar todas as vossas funções sendo sempre que possível clarividente e lúcido. A minha responsabilidade é manter uma boa organização mental para poder dar 29
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