João José Barroso Henriques
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Cada Caminho tem a sua História é dirigido a quem pretende desa�iar-se �ísica e espiritualmente e quer enfrentar o silêncio de estar consigo próprio.
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CADA CAMINHO TEM A SUA HISTÓRIA
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Um momento de pausa, proporcionado por uma mudança pro�issional num período em que a sociedade atravessava a maior pandemia dos últimos cem anos, levou o autor a abraçar a aventura de fazer o Caminho de Lisboa a Santiago de Compostela. Num registo entre a crónica de viagem e o relato pessoal, o autor mostra que o Caminho, apesar de ter um �im de�inido, tem a sua verdadeira importância nos desa�ios, nos momentos simples que acalentam o coração e na aproximação à mãe natureza que fazem acreditar num poder superior e numa sensação de transcendência que inspira pensamentos profundos e re�lexões. Cada passo neste Caminho, em condições muito solitárias, foi um passo em direção à sua própria jornada interior e a uma conexão mais profunda consigo próprio. As pequenas interações, como as conversas com outros peregrinos, poderão tornar-se lembranças preciosas que durarão uma vida inteira.
CAMINHO PORTUGUÊS DE SANTIAGO
CADA CAMINHO TEM A SUA HISTÓRIA COM UM BATIMENTO DE EMOÇÃO
João José Barroso Henriques www.sitiodolivro.pt
Nasceu em 9 de outubro de 1962 na freguesia de Veiros, concelho de Estremoz. Coronel da Força Aérea na situação de reserva. Mestre em Engenharia Mecânica, dedicou parte da sua carreira ao ensino, como docente na Academia da Força Aérea e n o I n s t i t uto S up eri o r d e Engenharia de Lisboa. Entusiasta da natureza e desporto, tem como lema de vida que nem todas as batalhas são feitas de vitórias, mas todas elas são feitas de esforços, de aprendizagens e de recompensas.
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CADA CAMINHO TEM A SUA HISTÓRIA
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com um batimento de emoção
título: Caminho Português de Santiago - Cada Caminho tem a sua História
com um batimento de emoção
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autor: João José Barroso Henriques
edição: Edições Ex-Libris® (Chancela Sítio do Livro) revisão: Susana Malagueiro
fotografias: João José Barroso Henriques arranjo de capa: Ângela Espinha paginação: Paulo Resende
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1.ª edição Lisboa, novembro 2023 isbn: 978‑989-9028-93-7
depósito legal: 522949/23
© João José Barroso Henriques
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Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei. Declinação de Responsabilidade: a titularidade plena dos Direitos Autorais desta obra pertence apenas ao seu autor, a quem incumbe exclusivamente toda a responsabilidade pelo seu conteúdo substantivo, textual ou gráfico, não podendo ser imputada, a qualquer título, ao Sítio do Livro, a sua autoria parcial ou total.
publicação e comercialização:
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CADA CAMINHO TEM A SUA HISTÓRIA
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com um batimento de emoção
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aqueles que preenchem o meu coração
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de felicidade e caminham ao meu lado.
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ÍNDICE
Prefácio
ii.
Primeiro impulso
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iii.
Encontro com a motivação
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iv.
A preparação para o Caminho
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v.
Os desafios da primeira etapa
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vi.
O caminho pela lezíria
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Encontro com Saramago
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A energia dos reencontros
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Estava à sua espera
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x.
De Alvaiázere a Coimbra
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xi.
Momentos de conexão: de Coimbra ao Porto
69
xii.
Do Porto a Tui
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xiii.
Na Galiza até Santiago de Compostela
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xiv.
Chegada à Praça do Obradoiro
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xv.
Epílogo do Caminho
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vii. viii.
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ix.
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i.
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PREFÁCIO
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Há mais de um milénio que Santiago de Compostela atrai pessoas de todo o mundo. A extensa rede de caminhos que convergem na cidade tem sido percorrida ao longo dos séculos, por monges, príncipes, penitentes, agnósticos e pessoas comuns, todos caminhando ao longo de quilómetros até alcançarem o lugar de descanso final do apóstolo Santiago, um dos doze apóstolos de Jesus Cristo. Os motivos que impulsionam milhares de pessoas a fazerem o Caminho de Santiago são variados, alguns embarcam na peregrinação por motivos religiosos em busca de uma experiência espiritual, enquanto outros encaram a peregrinação como uma jornada de autoconhecimento ou como uma jornada cultural que permite o contacto com a rica história dos locais de passagem e a camaradagem entre os peregrinos. Ao abrir este livro, embarcamos numa jornada que não apenas traça um caminho geográfico, mas também mergulha nas profundezas da alma.
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Durante o ano de 2021, um ano que ficou marcado na história como o auge de uma pandemia global que varreu o mundo, o João Henriques teve a oportunidade de empreender uma peregrinação extraordinária, que o levaria de Lisboa a Santiago de Compostela. No entanto, esta não foi uma peregrinação comum, foi uma caminhada que se desenrolou em circunstâncias únicas e desafiadoras. A pandemia da COVID-19 forçou a humanidade a reavaliar as suas prioridades, a adaptar-se a um novo modo de vida e a enfrentar a solidão de formas que antes eram impensáveis. Enquanto o mundo se fechava nas suas casas e as rotinas diárias eram interrompidas, circunstâncias profissionais e pessoais impeliram o João a explorar o mundo exterior, mas também, e mais profundamente, a explorar o interior da sua própria mente e do seu coração. Longe do grande número de peregrinos que habitualmente fazem estes caminhos milenares, o autor foi confrontado com a solidão da estrada e com a plenitude da sua própria companhia, a solidão forçada tornou-se, paradoxalmente, uma companheira constante e sábia. Ao longo das páginas deste livro, são partilhadas, na primeira pessoa, as experiências, os desafios, as alegrias e as descobertas que ocorreram ao longo do Caminho. O relato não se destina apenas a descrever o percurso, mas em muitos momentos a iluminar o percurso interior que todos nós, em algum momento, somos chamados a
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enfrentar. Através das particularidades deste caminho singular, somos inspirados a considerar o desafio de passarmos tempo com nós mesmos, de mergulharmos na nossa própria essência e descobrir as riquezas ocultas que residem dentro de nós. É uma história de solidão, sim, mas também um relato que desafia o leitor a aventurar-se na sua própria jornada interior, a redescobrir-se a si mesmo, a encontrar a sua verdadeira voz e a abraçar a paz que só pode ser encontrada quando caminhamos ao lado do nosso eu mais profundo. Boa leitura!
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Luís Duarte
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PRIMEIRO IMPULSO
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Qualquer peregrinação a Santiago de Compostela terá sempre um resultado individual que depende de múltiplos fatores, do ponto de partida, das motivações e expectativas de quem parte, das inseguranças, dificuldades e riscos que é preciso acomodar ao longo de centenas de quilómetros. Esta experiência extremamente pessoal que me levou de Lisboa a Santiago foi vivida profundamente, ao ponto de sentir o impulso para quebrar todas as hesitações que me levam a descrever e a compartilhar esta viagem solitária. Existe muita informação disponível sobre os Caminhos de Santiago que conduz milhares de peregrinos todos os anos até à Catedral. São muitos os livros, sites e publicações em redes sociais que tratam da informação útil, dos mistérios e dos símbolos que despertam curiosidades e interesses a todos os que pretendem embarcar na aventura peregrina. Aquilo que não é facilmente acessível é a experiência individual que o caminho oferece a quem o
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faz. Cada passo, cada história vivida terão sempre a particularidade do testemunho. Quando decidi entrar na aventura de fazer o Caminho de Santiago a sociedade estava condicionada de movimentos por força de uma pandemia que alterou quase tudo no dia a dia. Esta circunstância, acredito, fez-me perder muito do conhecimento que o encontro com outros peregrinos me poderia proporcionar, uma vez que os momentos de partilha é uma das componentes importantes e mais enriquecedora da experiência. Mas ao caminhar em condições mais solitárias, numa escala medida por mais de seiscentos quilómetros, a experiência ganhou também maior sentido de abnegação, de aventura e de liberdade. No início, as dúvidas do desconhecido misturavam-se com a curiosidade, tudo o que tinha lido e ouvido sobre o Caminho despertava-me a mente e a vontade quase mística de viver a experiência. Para minha surpresa, a cada dia de caminhada, a cada etapa vencida, mesmo seguindo muito solitário, tudo se tornava mais entusiasmante, quase viciante, com um redobrar de energia e uma motivação inexplicável. A sensação de desapego das coisas que parecem muito importantes, mas das quais facilmente podemos prescindir, sem que isso nos faça menos felizes, a sensação de que a mente se ia aproximando da natureza numa construção de harmonia e simplicidade, dominavam os
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meus pensamentos. Tinha ainda muito para andar, Santiago de Compostela estava ainda muito distante e sem saber o que o Caminho me reservava, o que iria descobrir, já me sentia compensado por ter decidido fazer esta aventura. Agora dentro da minha normalidade consigo sentir e compreender melhor tudo aquilo que o Caminho me ofereceu, com um batimento de emoção, contemplo tudo aquilo que vivi e me levou até Santiago de Compostela, mergulho nos meus pensamentos e procuro ordená-los para descrever esta minha experiência fantástica.
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ENCONTRO COM A MOTIVAÇÃO
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Tinham passado mais de trinta e sete anos desde o dia em que entrei na Força Aérea. Ao alcançar o topo da carreira, a passagem à situação de reserva era uma inevitabilidade. Via-me, a viver um virar de página na minha vida, um momento particular, um misto de sentimentos e de dúvidas face a uma mudança tão radical. Ao desligar-me da Instituição que servi ao longo de tantos anos e da vida profissional intensa, uma questão invadiu-me o espírito: «Conseguirei adaptar-me e preencher o tempo de maneira a sentir-me feliz?» Na minha mente, várias ideias começaram a surgir como resposta a esta pergunta. O desejo de enfrentar algo desafiador e único ganhou força, ansiava por algo que me colocasse à prova, me levasse a um nível superior de desafio físico, mental, espiritual. Para ligar estes três vértices, lembrei-me do que em tempos tinha lido sobre os Caminhos de Santiago e sobre esta peregrinação com
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uma ancestralidade que remonta à Idade Média. Pensei que talvez fosse isto que procurava. Os relatos lidos e ouvidos tinham despertado o meu interesse sobre esta experiência. A ideia de abraçar os Caminhos de Santiago foi ganhando expressão. À medida que ia explorando, obtendo mais informações e lendo os testemunhos de outros peregrinos que tinham percorrido o Caminho, ia-me apercebendo do impacto pessoal desta aventura. O impulso de colocar a mochila às costas tornou-se irresistível, a vontade de descobrir algo novo, de deixar a minha zona de conforto, viver e conhecer a rota que move milhares de pessoas que trocam as suas rotinas pessoais e profissionais, inspiradas numa experiência de descoberta e desenvolvimento pessoal, tornou-se avassaladora. À medida que obtinha informações, percebi que existem muitos caminhos que levam a Santiago de Compostela, um local onde se acredita estar o túmulo do Apóstolo Santiago. Homens e mulheres de todas as partes do mundo percorrem essas rotas de peregrinação, que são as mais conhecidas da Europa. O Caminho Primitivo, o primeiro itinerário usado pelo povo asturiano-galaico, foi percorrido pelo primeiro rei peregrino, Alfonso II, no século IX, quando viajou até Santiago para confirmar que os restos mortais que acabavam de aparecer em Compostela eram do apóstolo Santiago. Além deste, o
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Caminho do Norte e o Caminho Francês também são amplamente conhecidos. Este último é o mais percorrido, e nele convergem desde a Idade Média milhares de peregrinos. Tem início em Saint-Jean-Pied-Port nos Pirenéus franceses, com cerca de oitocentos quilómetros até Santiago, é também o primeiro itinerário do Caminho de Santiago declarado Património Mundial pela UNESCO e o primeiro Itinerário Cultural Europeu. A reputação e o prestígio do Caminho Francês foram grandemente impulsionados pelo filme de culto The Way. Existem também muitas outras rotas marcadas no território espanhol, como o Caminho Inglês, o Caminho de Finisterra e Muxia e o Caminho da Prata, cada um com sua própria história. Em Portugal, o Caminho Português Central é o percurso mais popular, ganhando destaque a partir do século XII. Ele segue parcialmente as antigas vias romanas, em especial a via XIX, construída no século I d.C., que ligava Braga a Astorga, passando por Ponte de Lima, Tui e Pontevedra. Vários reis, nobres e altos clérigos contribuíram na época para promover a devoção a Santiago, como a famosa peregrinação de Dona Isabel de Portugal, conhecida como a «Rainha Santa», no século XIV. Após a sua morte, Dona Isabel foi enterrada em Coimbra com um bordão de peregrina, tendo oferecido a sua coroa diante do altar de Santiago. Outro exemplo é o rei português D. Manuel I, que peregrinou de Lisboa a Santiago em 1502.
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