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Desnudando o Sexo dos Anjos Da Biologia à História e da História às estórias
Mário Carqueijeiro
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FICHA TÉCNICA edição: Edições ex-Libris ® (Chancela Sítio do Livro) título: Desnudando o Sexo dos Anjos – Da Biologia à História e da História às estórias autor: Mário Carqueijeiro capa: Eduardo Carqueijeiro desenhos: Mariana Carqueijeiro, Eduardo Carqueijeiro prefácio: Isabel do Carmo posfácio: José M.D. Poças paginação: Alda Teixeira 1.ª Edição Lisboa, setembro 2017 isbn: 978-989-8867-05-6 depósito legal: 427089/17 © Mário Carqueijeiro
Livro publicado com o patrocínio de PROENDINUS – Associação para a Promoção do Conhecimento da Endocrinologia, Diabetes e Nutrição de Setúbal publicação:
www.sitiodolivro.pt
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O que será (à Flor da Terra) O que será, que será Que andam suspirando pelas alcovas Que andam sussurrando em versos e trovas Que andam combinando no breu das tocas Que anda nas cabeças, anda nas bocas Que andam acendendo velas nos becos Que estão falando alto pelos botecos Que gritam nos mercados, que com certeza Está na natureza, será, que será O que não tem certeza nem nunca terá O que não tem conserto nem nunca terá O que não tem tamanho O que será, que será Que vive nas ideias desses amantes Que cantam os poetas mais delirantes Que juram os profetas embriagados Que está na romaria dos muƟlados Que está na fantasia dos infelizes Que está no dia a dia das meretrizes No plano dos bandidos, dos desvalidos Em todos os senƟdos, será, que será
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O que não tem decência nem nunca terá O que não tem censura nem nunca terá O que não faz senƟdo O que será, que será Que todos os avisos não vão evitar Porque todos os risos vão desafiar Porque todos os sinos irão repicar Porque todos os hinos irão consagrar E todos os meninos vão desembestar E todos os desƟnos irão se encontrar E o mesmo Padre Eterno que nunca foi lá Olhando aquele inferno, vai abençoar O que não tem governo nem nunca terá O que não tem vergonha nem nunca terá O que não tem juízo
Francisco Buarque de Holanda – Chico Buarque. Letra do mesmo autor, recolhida a parƟr do disco ‘’Meus caros amigos’’, editado por Levoir – MarkeƟng e conteúdos mulƟmédia, SA Oeiras, 2012.
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ÍNDICE
Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Cap. 1 – Reprodução sexuada – Obstáculos e etapas . . . . . . . . . . . . . . .
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Cap. 2 – As vantagens biológicas do sexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Cap. 3 – A atração sexual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Cap. 4 – Hormonas, cérebro e sexualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Cap. 5 – Sexo e prazer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Cap. 6 – E quanto à sexualidade das mulheres? . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Cap. 7 – O sexo e o controlo da natalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 Cap. 8 – A propósito de Eugenia: Hereditariedade ou ambiente? . . . . . 131 Cap. 9 – Comportamento sexual: Altamente variável e frequentemente contrastante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Cap. 10 – Sobre o casamento, o adultério e o divórcio . . . . . . . . . . . . . . 161 Cap. 11 – ProsƟtuição – Um flash . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 Cap. 12 – Sífilis – Cartão de idenƟdade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 Cap. 13 – Sobre a homossexualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 Posfácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221 Referências bibliográficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 225 Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
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Prefácio Mário Carqueijeiro, um endocrinologista e um observador social
Os endocrinologistas são talvez os médicos que têm uma especialidade que lhes permite ver melhor as questões da sexualidade, com um olhar ao mesmo tempo cienơfico, clínico e social apto a compreender a complexidade dessa área. É nesta perspecƟva que se coloca o meu amigo e colega Mário Carqueijeiro, que elaborou uma obra que vai do impulso biológico da reprodução às nuances da sensualidade humana. Está de parabéns por ter produzido este livro que tanto pode ser lido por médicos como pelo público em geral. A expressão da sexualidade dos seres humanos está envolvida por preconceitos e por conceitos. Preconceitos de uma moral carregada de questões de género, em que a mulher é colocada, ou como objecto passivo ou como sedutora por obrigação para prazer de outrem. De qualquer modo inferiorizada numa sociedade patriarcal, em que, durante séculos, foi propriedade de um ser masculino, pai ou marido, que dela dispunha, como hoje ainda dispõe nos países muçulmanos. Marca esta que nas sociedades mais avançadas, vemos ainda todos os dias quando fazemos histórias clínicas de mulheres de todas as idades. Marcas que são objecƟvas e subjecƟvas, pois estas úlƟ9
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mas são as mais diİceis de desaparecer. E este ambiente cultural, ainda agora tão presente, modela a expressão da sexualidade. A qual afecta homens e mulheres, pois o prazer não é questão de um corpo só, mas de dois no seu conjunto. Esta é a realidade de cidadãos e cidadãs ditos ‘’normais’’. No entanto, para nós endocrinologistas é evidente que a questão da sexualidade não se põe preto no branco. Há vários tons e há cinzentos. Sabemos que a definição do sexo à nascença pode baralhar genóƟpo e fenóƟpo e aí ficam em cima da mesa todas as questões que misturam o que é morfológico, com o que é hormonal e com o que é cultural. A natureza não é linear e para baixo e para cima das médias, tão esƟmadas pela sociedade normalizada, há os casos máximos e os casos mínimos e nas curvas gráficas há as pontas. E tudo é humano. Aí está como os endocrinologistas sabem olhar para isso sem tentar normalizar e tendo como objecƟvo o menor sofrimento das pessoas, que não se encontram dentro do ‘’normal’’. E em casos que não são de indefinição, mas de desequilíbrios hormonais, bem sabemos que, apesar do fenóƟpo bem definido, há hormonas que circulam e cujas mensagens vão também para as células cerebrais. Um mundo apaixonante que o Mário Carqueijeiro descreve para uƟlidade dos que não sabem e dos que, sabendo podem reavivar o conhecimento. E depois há aquelas situações que não aparecem na ‘’ponta do bisturi’’ nem nas análises do laboratório – a frigidez, o vaginismo, a ejaculação precoce. E ainda aquelas que derivam duma evolução do corpo humano, que nos países desenvolvidos está a viver o dobro do que vivia há um século. Em relação a essas podemos dizer que há mais sexo para além dos genitais, tal como há mais vida para além do défice. Mas também se pode dar uma ajuda… Se bem nos lembrarmos, os da nossa geração, no nosso estudo dos milhares de páginas da Anatomia, podíamos passar por cima da descrição dos órgãos sexuais, porque ninguém nos 10
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perguntava tal coisa nos exames. E na Fisiologia conƟnuávamos a estudar um ser humano assexuado. Tinha o ciclo de Krebs, mas não Ɵnha gonadotrofinas, nem estrogénios, nem testosterona. Foi preciso chegarmos à especialidade para conhecermos esses mensageiros tão importantes para o funcionamento da biologia humana. Felizmente que tudo mudou e para os jovens médicos isto fez e faz parte dos seus programas. Aliás o mundo mudou muito desde que fomos alunos de Medicina. Ainda bem. Mas precisa mudar mais. O Dr. Mário Carqueijeiro é dos que contribuem para mudar o mundo. Obrigada. Isabel do Carmo
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Introdução O trabalho que apresento nasceu do aprofundamento e alargamento do tema, ‘’O amor e o Sexo: Da Biologia à Modelação Social’’, que abordei em Setembro de 2015, durante o ‘’10º DIA DEO’’. A ‘’Associação para a Promoção do Conhecimento da Endocrinologia, Diabetes e Nutrição de Setúbal – Proendinus’’, é uma associação cienơfica, criada em 2005, tendo como sócios fundadores, os Drs. Ana Isabel Mendes, João Gouveia Falcão, Lia Vieira de Jesus, e eu próprio. Vem a mesma promovendo anualmente os ‘’DIAS D.E.O.’’ (sigla de Diabetes, Endocrinologia e Obesidade), o que tem sucedido desde 2006, reunindo alguns dos mais destacados nomes da nossa Medicina. Embora dirigindo-se essencialmente aos profissionais da área da saúde, os nossos encontros anuais – os ‘’DIAS D.E.O.’’ – têm encontrado eco noutras profissões, e mesmo no público em geral, dado o interesse dos problemas abordados, a qualidade das apresentações, e a oportunidade para o debate de ideias e amplificação de conhecimentos. De resto, a saúde, além de depender da nossa herança genéƟca, é largamente influenciada por outros factores: alimentação, acƟvidade İsica, horas de repouso e lazer, qualidade do emprego, consumos de risco (álcool, tabaco, etc.), poluentes ambientais, relacionamento afecƟvo, sexual e familiar, estatuto 13
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sócio-económico (ele próprio interdependente com o regime políƟco), e até mesmo das crenças e práƟcas religiosas. Tantos são os elos de ligação da saúde e da medicina, que penso que somos levados a concordar em grande parte com a clássica afirmação do médico e musicólogo catalão, José de Latamendi, ‘’que quem sabe só de medicina, nem de medicina sabe’’. Não admira assim que, a par das comunicações de ordem técnica – a maioria – também nas nossas reuniões tenham sido tratados problemas correlacionados, tradição que, aliás, desejamos manter. A ơtulo de exemplo: – Prof. Isabel do Carmo: ‘’Serviço Nacional de Saúde e privaƟzação’’, ‘’O Orçamento da saúde, 2012’’, ‘’Afinal os portugueses vão ter de alargar o cinto’’, ‘’EpigenéƟca e Responsabilidade Económico-social’’, ‘’Sobre a Saúde em Portugal’’. – Prof. Carlos Perdigão: ‘’Factores de Prevenção Cárdio-Vascular’’. – Prof. José Luís Medina: ‘’O Stress e a Saúde – Desafios do século XXI’’. – Prof. H. Luz Rodrigues: ‘’Normas de Orientação Clínica’’, ‘’Os Ritmos Biológicos’’ – Prof. Eugénio Rosa (economista): ‘’A Falsa Convergência das Pensões da CGA e da Segurança Social…’’ – Dr. José Poças – ‘’Medicina – Presente e Futuro’’. – Drs. João Falcão e Ana Isabel Mendes, treinador de futebol Carlos Cardoso – ‘’O Dopping no Desporto’’. – Dr. Mário Moreau – ‘’ A Música e a Medicina – Introdução à História da Ópera’’. – Mário Carqueijeiro – ‘’Factores Sociais e Culturais da Obesidade’’, ‘’Alimentação, Papel e Simbolismo’’, ‘’Princípios de Medicina EvoluƟva’’, ‘’O Amor e o Sexo: Da Biologia à Modelação Social’’.
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O texto que ora segue, mais do que procurar respostas levanta questões e dúvidas, cujo esclarecimento pertence muitas vezes ao campo das hipóteses, para as quais – espero bem – o leitor possa contribuir com os seus conhecimentos, os seus interesses, e a sua… ‘’ginásƟca mental’’! ‘’O melhor livro – dizia Voltaire – é aquele de que o leitor faz a metade’’…
Para os que se interessam mais pelo campo da Biologia, umas dicas sobre História, permiƟrão uma visão mais abrangente da própria Biologia, enquanto que, para os amantes da História, um melhor conhecimento dos mecanismos biológicos subjacentes ao sexo, facilitará o entendimento de alguns acontecimentos que marcaram a mesma. Os meus agradecimentos vão, antes de tudo, para o acervo de autores que consultei, e é a eles, às suas pesquisas, às suas ideias que se deve, em úlƟma análise, este pequeno livro, ‘’A mente humana – diz-nos o psicólogo evolucionista Steven Pinker – mostra-se capaz de apresentar uma ideia complicada [mas para isso] tem necessidade de um fornecimento constante de novas ideias e combinações que só podem ter origem numa rede formada por outras mentes’’. Quero agradecer também à Lia de Jesus que esteve na base das provas iniciais do livro, que infelizmente não pôde conƟnuar, conƟnuação que se personificou na acção ‘’dacƟlográfica’’ da minha sobrinha-neta Mariana Carqueijeiro, Ɵrando tempo (e gastando energias – que certamente lhe terão feito falta para invesƟr no seu curso), além de me brindar com dois magníficos desenhos que intercalo no texto – a Vénus de Willendorf, e a mulher-girafa da Birmânia! Ao meu sobrinho Eduardo Carqueijeiro, por se ter desviado temporariamente das suas acƟvidades de arƟsta plásƟco de créditos reconhecidos, para desenhar a capa e as caricaturas 15
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que ilustram o texto, cuja qualidade mostra bem o seu eclecƟsmo, ao derivar para um campo que não estará nos seus hábitos e talvez nas suas preferências! O meu reconhecimento vai também para os colegas que Ɵveram a paciência de ler o texto, no todo ou em parte, e que me deram importantes sugestões, as quais – receio bem – não tenha sabido aproveitar inteiramente: prof. Mário Mascarenhas, Drs. José Poças, Eurico Gomes, Elisabete Geraldes, António SanƟnho MarƟns e Professora Isabel do Carmo. Seja como fôr, eventuais erros são da minha exclusiva responsabilidade. Finalmente (last, but not the least!), à Lili, por ter escutado pacientemente a leitura de várias partes do texto, apresentando vários alvitres quanto à feitura e/ou modificação do mesmo, para não falar na grande capacidade de aturar o meu nervosismo, quando as coisas não estavam a correr de feição.
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Capítulo 1 Reprodução sexuada: Obstáculos e etapas
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É através da reprodução que as plantas e os animais transmitem os genes aos seus descendentes, permi ndo a perpetuação das espécies. Podem faze-lo através da ‘’emissão’’ de óvulos que, sem serem fecundados, sem qualquer cruzamento sexual, vão dividindo e mul plicando as suas células, para originar um novo ser, cuja composição gené ca é idên ca à do progenitor. Fala-se então de partenogénese, processo segundo o qual há uma rápida expansão das espécies que dela fazem uso, visto que um único genitor origina pelo menos dois progénitos, ao invés do que acontece na reprodução sexuada de muitas espécies, na qual é necessária a conjugação de dois indivíduos para gerarem um só descendente. (Smith, J. Maynard pgs. 129-152, Griffiths A.J.S., pgs. 237-238) Quanto à reprodução sexuada, além de mais lenta, implica vários obstáculos a vencer e etapas a percorrer, por parte dos ‘’nubentes’’: 1) Elaboração dos gametas, óvulos e espermatozóides, através de múl plos e complexos passos celulares e moleculares. 2) Disponibilidade de estruturas anatómicas próprias, desnadas a essa elaboração e, no caso dos animais vivíparos, ao alojamento e nutrição do concepto, durante um período mais ou menos longo.
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3) Risco mecânico inerente ao parto: para o caso da mulher, consƟtuiria cerca de 8% das causas de morte, através do mundo. (Trevathan, W. pg. 104). 4) Esforço, nem sempre bem sucedido, de escolha do parceiro. ‘’Em todo o caso casai-vos’’, aconselhava Sócrates, ‘’Se vos couber em sorte uma boa esposa, sereis felizes; se vos couber uma má, tornar-vos-eis filósofos, o que é excelente para os homens.’’
5) CompeƟção, potencialmente funesta, com seres do mesmo sexo para conquista ou conservação de parceiros sexuais, em resultado da qual aparecem noƟcias quase diárias, nos ơtulos e nos obituários dos jornais e telejornais! Um paralelo, no mundo não humano, é a luta sangrenta dos leões-marinhos para a consƟtuição dos seus haréns. 6) Desenvolvimento e exibição de caracterísƟcas que os possam tornar mais atracƟvos para potenciais parceiros sexuais, ainda que onerosas em termos de custos metabólicos e materiais, ou indutoras de comportamentos de risco. Exemplos, entre muitos outros possíveis: (Coyne, J. pgs. 215-247; Fisher, H. pgs. 44-46) • As
hastes de certas espécies de veados machos têm mais de 3,5 metros de envergadura e mais de 40 kg de peso, sustentando-se numa cabeça que não tem mais de 2kg. • A enorme cauda feérica do pavão macho, que quase o impede de voar e escapar-se, em caso de ataque por predadores. • As prolongadas, espectaculares e extenuantes danças de acasalamento de certas aves macho.
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• Os
rinocerontes pretos rodopiam em círculos à volta das fêmeas no cio, espalhando urina e girando a cauda. • Os ursos pardos, macho e fêmea, colocados a uma certa distância um do outro, dão passos para a frente e para trás, sincronizadamente, ao mesmo tempo que vão balançando o corpo. Se no caso dos veados se pode entender que a exibição das hastes pode servir para desencorajar os potenciais compeƟdores, não é tão evidente o significado das caudas, das danças ou dos outros ritos de acasalamento, a não ser como mensagem dirigida aos seus recetores – e por eles presumivelmente entendida, de que intentam com eles cruzar-se. Também os humanos, nas suas tentaƟvas de acasalamento, exibem comportamentos ou qualidades (reais ou apenas desejadas…) que os possam tornar mais ‘’apetecíveis’’ aos olhos de possíveis parceiros: 6 a) Não será que muitos dos versos dos poetas podem funcionar como chamariz ou, na curiosa expressão de alguns, como verdadeiros ‘’prolongamentos fálicos’’ ?
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Soneto de amor Não me peças palavras, nem baladas, nem expressões, nem alma… Abre-me o seio, deixa cair as pálpebras pesadas, e entre os seios me apertes sem receio. Na tua boca sob a minha, ao meio, nossas línguas se busquem, desvairadas… E que os meus flancos nus vibrem no enleio das tuas pernas ágeis e delgadas. E em duas bocas numa língua… – unidos, nós trocaremos beijos e gemidos, senƟndo o nosso sangue misturar-se… Depois… – Abre os teus olhos, minha amada! Enterra-os bem nos meus; não digas nada… Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
¹ÊÝ Ù ¦®Ê (in ‘’Biografia’’, 1929)
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EróƟco desejo As tuas pernas brancas de Setembro luas de Abril fogos de Agosto veludo de meus lábios raiva de meu sexo estertor da minha noite canto da madrugada Silêncio e música compasso do meu corpo
(in ‘’Poemas do Mundo FugiƟvo’’, Chiado Editora)
à Äç ½ ÙØç ®¹ ®ÙÊ , 2013
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6 b) A difundida práƟca da musculação: Entre os ‘’body-builders’’, 2,5 a 2,7% deles terão uƟlizado esteróides anabolizantes, pelo menos uma vez, 15 a 30% dos quais, mais por razões estéƟcas do que para melhorar performances desporƟvas. As doses usadas podem oscilar entre 12 a 20 vezes mais do que a normal produção endógena de testosterona. Já em 2002 calculava-se haver, só nos E.U.A., mais de 300,000 uƟlizadores, num negócio de mais de 500 milhões de dólares. (Handelsman, D.J. pgs. 1374-1376) Aviso aos navegadores! Os anabolizantes frenam as gonadotrofinas hipofisárias e podem provocar atrofia dos tesơculos, oligospermia, inferƟlidade, problemas cárdiovasculares, hepáƟcos e outros, aumentado a mortalidade em mais de 4 vezes sobre o que seria esperável, caso não fossem uƟlizados. (Handelsman, op. cit.)
6 c) A preocupação com as dimensões do pénis leva muitos homens a tentar corrigi-las. Conta-nos por exemplo Desmond Morris (pgs. 60-65) que, nas Filipinas, os jovens introduzem debaixo da pele do pénis umas bolas de plásƟco, com o intuito de o alargarem, e o mesmo autor refere também que, na Califórnia, determinado cirurgião ganhou, na década de noventa, mais de 9 milhões de dólares por ano a ‘’amplificar’’ o órgão. No entanto, o fisiologista, biólogo evolucionista, e antropólogo Jared Diamond (pgs. 113-116) professor na universidade da Califórnia, considera que a exibição do pénis, mais do que para atrair mulheres, funciona como ‘’ameaça ou estatuto’’, perante … outros homens. Lembra também, a este propósito, a repeƟƟva e mulƟmilenar arte fálica ‘’criada por homens e para homens’’. 24
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Uma visão panorâmica… Qualquer que seja o valor das opiniões emiƟdas podemos estar certos de que, para muitos homens, é obsessiva a preocupação com as dimensões dos seus genitais, bem expressa num trabalho da jornalista de invesƟgação Maggie Paley. Foi explorando essa obsessão que um qualquer ‘’jongleur’’ colocou na net um anúncio em que se promeƟa – mediante o envio de certa quanƟa – o retorno de um método eficaz que asseguraria o desejado aumento. Consta que, aos respondentes, foi então enviada … uma lupa!...
6 d) A persistência feminina em ostentar traços de beleza e de juventude é uma caracterísƟca que se reconhece, pelo menos há 4 milénios; Enumera-nos D. Morris (pg. 57), nesse Egipto já distante, uma panóplia de produtos e práƟcas usadas na pintura dos olhos, da face e dos lábios, além de uma série de perfumes, amaciadores de pele e óleos anƟ-rugas, que nada ficariam a dever às que são uƟlizadas hoje. É uma práƟca que se estende até aos nossos dias, beneficiando (?) dos avanços técnicos, com os seus ‘’liŌings’’, os ‘’botox’’, e os ‘’silicone’’, passando por ‘’souƟens’’ concebidos para avolumar os seios, os ‘’bum-bra’’ para salientar as nádegas, os saltos altos, as mini-saias, e toda uma imaginosa arte do ‘’deshabillement’’. Num relatório da Sociedade Internacional de Cirurgia EstéƟca e PlásƟca, referente ao ano de 2009, cobrindo os dados de 25 países, contabilizaram-se meio milhão de procedimentos cirúrgicos e outras tantas intervenções de botox e dermo-abrasão. Os E.U.A. encimavam a lista, com a China e o Brasil, em 2.o lugar. (Nessa Carey, pgs. 262-264) E no Brasil, em 2013, ter-se-á gasto em cosméƟcos produtos de higiene pessoal e serviços de beleza (cabeleireiros, mani25
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cures, esteƟcistas), a astronómica soma de quase 60 biliões de reais (1000 reais equivalem a cerca de 400 euros), despesa mais do que duplicada em relação à de 10 anos antes. (InsƟtuto Data Popular-Brasil, 2012/2015) 6 e) Execução de feitos temerários, e assunção de comportamentos de risco que destaquem os seus praƟcantes aos olhos dos virtuais parceiros. Um exemplo da minha práƟca clinica: Alexandre, nome ficơcio, tem hoje 51 anos, e é por mim orientado por ter diabetes conhecida há 10 anos. Está tetraplégico, totalmente dependente e remeƟdo a uma cadeira de rodas, por ter sofrido uma fractura da coluna cervical, aquando de um salto de prancha para uma piscina coberta tão somente por 2 metros de água. Tinha então 28 anos, e era observado por um público predominantemente feminino, onde se encontrava a namorada da altura e duas anteriores…
Os sexos e o risco – ou os riscos do sexo Estes Ɵpos de acção intempesƟva são largamente predominantes no sexo masculino, e trazem-nos de imediato à mente o papel hormonal desempenhado pela testosterona. Ainda assim, não será de descartar por completo a influência ambiente/educação, que tem atribuído aos homens, funções de dominação e de maior agressividade. Segundo Susan Pinker (pg.249), em 1999, três psicólogos da universidade de Maryland, J.Birnes, D.Miller, e J.Shafer, fizeram uma metanálise de 150 estudos, nos quais Ɵnha sido comparada a propensão entre homens e mulheres para correr riscos, verificando, em quase todos eles que a primazia ia, a boa distância, para os primeiros, indicando ainda a mesma autora os seguintes dados:
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Presos masculinos vs. femininos – 10/1 Suicídios masculinos vs. femininos – 4/1 Matarem ou serem mortos no emprego – 93% são homens Acidentes – 2 vezes mais são homens AƟradores nas escolas para se vingarem de ofensas reais ou imaginárias – Só homens Poderíamos acrescentar os casos de violência domésƟca entre nós, cujas proporções registadas são de mais de 80% de ponto de parƟda masculino.
6 f) Mostra de estatuto social, traduzida por exemplo na oferta de prendas. Lembro-me, assim de memória, da oferta do diamante de quase meio milhão de dólares com que Richard Burton presenteou a sua amada, Elisabeth Taylor, ou do iate de muitos milhões de dólares com o qual Onassis terá presenteado uma das suas paixões – ou Maria Callas ou Jaqueline Ex-Kennedy (já não me lembro a qual delas se referiam os ‘’menƟderos’’ dessa época). ‘’Na sociedade há duas grandes classes: Aqueles que têm mais jantares que apeƟte, e os que têm mais apeƟte que jantares.’’ – Nicolas de Chamfort, poeta e ensaísta do século XVIII.
7) Possível transmissão de infecções, através dos contactos sexuais: Quanto mais intensa for a acƟvidade sexual, maiores serão as oportunidades de introdução de germes patogénicos no tracto genital feminino. Comparada com a de outros mamíferos, nos quais o sexo quase se restringe aos períodos férteis, a disponibilidade sexual feminina é permanente. Na curiosa hipótese da bióloga Margie
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Profet, de SeaƩle (citada em Randolph Nesse, pgs. 38-39), a função de menstruação é a de fazer a ‘’limpeza’’ periódica do endométrio, em relação a agentes infectantes – o que permiƟria compreender ser a mesma mais abundante na mulher do que nos outros mamíferos.
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SUMÁRIO Entende-se por partenogénese a produção de descendentes por divisão celular dum ovo que não tenha sido fecundado por um macho. É uma forma de reprodução assexuada, usada por várias espécies vegetais e animais, que se afigura altamente ‘’rentável’’, em termos de perpetuação das que dela fazem uso, porque uma só fêmea produz dois progénitos, ao contrário do que acontece no cruzamento sexual, para o qual é necessária a união de dois indivíduos, para poder engendrar um único descendente. Além disso, a reprodução sexuada implica, para muitas espécies o percurso de um caminho sinuoso e complicado: 1) Elaboração dos gâmetas, óvulos e espermatozóides. 2) Dispor de estruturas próprias para essa elaboração e, no caso dos vivíparos, para alojamento e nutrição dos embriões. 3) Risco mecânico inerente ao parto (8% das causas de morte, na mulher). 4) Esforço, muitas vezes mal-sucedido, de escolha do parceiro. 5) CompeƟção, potencialmente funesta, com seres do mesmo sexo, para conquista ou conservação de parceiros. 6) Esforços – não isentos de risco – de desenvolvimento e exibição de caracterísƟcas que os possam tornar mais ‘’apetecíveis’’, aos olhos de potenciais cônjuges: a) Composição/recomposição do aspecto İsico (musculação, redimensionamento do pénis, cosméƟca feminina…). b) Adoção de comportamentos temerários. c) Mostra de estatuto social.
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d) Não contando, evidentemente, que a própria produção arơsƟca e intelectual pode – ainda que de forma não intencional – ser fonte de atração… 7) Os contactos sexuais são causa de eventual transmissão de infeções. Expostas estas complexidades, inerentes a este Ɵpo de reprodução (das quais são dados vários exemplos no texto), torna-se perƟnente saber se há vantagens nesse Ɵpo de procriação. É a questão abordada no próximo capítulo.
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Capítulo 2 Vantagens biológicas do sexo
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Tendo em conta a presença das muitas barreiras que – como antes vimos – pontuam o Ɵpo sexuado de reprodução, parece perƟnente interrogar porque é que a reprodução assexuada, a partenogénese – praƟcada, aliás, por um número considerável de espécies – não está mais difundida, visto ser mais simples, mais rápida e mais produƟva, em termos da mulƟplicação da descendência. Por outras palavras: será que o sexo oferece vantagens? É uma questão que ocupa, desde há muito, cienƟstas de várias áreas do conhecimento, e cuja mulƟplicidade de respostas reflecte as incertezas existentes. (MaƩ Ridley, pgs. 33-139; Maynard Smith, pgs. 129-152) Resumimos algumas delas: a) Na divisão celular assexuada, a gradual acumulação de mutações nas cadeias de ADN poderia conduzir à inviabilização da espécie. Com o cruzamento sexual, a introdução de novas cadeias homólogas provenientes do parceiro poderia servir como molde para a restauração das que estavam deterioradas. Trata-se de um conceito conhecido como ‘’roda dentada’’ ou ‘’roda de engrenagem’’ (Muller, 1964), porque do mesmo modo que uma roda de engrenagem se move facilmente num senƟdo, mas não no senƟdo oposto, assim as mutações – uma vez estabelecidas, não podem reverter. Ainda assim, as mutações são fenómenos relaƟvamente raros: 1 para cada 200 milhões de nucleóƟdos, por cada transcrição, ou 1 em cada 10^4 a 10^7 replicações. (Gluckman, pg. 31) 35
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b) Durante a meiose, processo no qual o número de cromossomas das células germinais (óvulos e espermatozoides) se reduz a metade do das células somáƟcas, há uma aproximação dos cromossomas homólogos e troca de materiais genéƟcos entre eles, antes de voltarem a separar-se. Cria-se, assim, uma maior quanƟdade de genóƟpos que oferece à seleção maior variedade de escolhas e, portanto, maior possibilidade de adaptação a ambientes diversos, ou a ambientes que mudem rapidamente. Há quem chame a esta ‘’a teoria do bilhete de lotaria’’, porquanto, qualquer pessoa que a pretenda ganhar, aumenta essa possibilidade, jogando em vários números, em vez de jogar tudo num só. c) Coabitamos, na natureza, com uma miríade de outros seres, com os quais disputamos o espaço e a sobrevivência; os germes e os parasitas que nos infectam, têm divisões celulares ultra-rápidas e grande capacidade de mutação, tendendo, desse modo, a escapar às defesas do organismo. ‘’A melhor defesa do hospedeiro – postula Hamilton (cit. em Larson, pgs. 221-222) – pode estar na diversidade do genóƟpo que, se for objeto de recombinações em todas as gerações, pode apresentar aos parasitas uma espécie de alvo conƟnuamente em movimento.’’ Há, pois, uma luta incessante pela subsistência, à qual os biólogos evolucionistas chamam a ‘’corrida aos armamentos’’: por cada nova mutação dos agentes infectantes, respondem os organismos com novas adaptações do sistema imunitário, desencadeando – por sua vez – o retorno de novas mutações, e assim sucessivamente… ‘’Temos que correr o mais depressa que pudermos, para não sairmos do mesmo lugar – explica a rainha à Alice, no 36
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livro de Lewis Carroll, ‘’Alice no país das maravilhas’’ – pois se o mundo esƟver a correr no senƟdo contrário ao nosso, arrisca-mo-nos a ficar para trás.’’ BapƟzada, por inspiração no livro, como a ‘’hipótese da rainha vermelha’’ ou ‘’hipótese da rainha de copas’’, ela é – entre todas – a mais aceite como explicação para o cruzamento sexual. Um Ɵro no escuro? Quando nos anos trinta e quarenta do século passado se começou a usar a penicilina, então recentemente descoberta, os excelentes resultados obƟdos em muitos casos de doenças infecciosas, levaram várias autoridades médicas a embandeirar em arco, supondo que o problema das infecções iria ser definiƟvamente ultrapassado. As resistências desenvolvidas por várias bactérias conduziram à pesquisa e descoberta de novos anƟbióƟcos, também com êxito fugaz porque, sem grande surpresa, novas resistências se desenvolveram. O amplo uso dos anƟbióƟcos – muitas vezes sem que para eles haja indicação! – tem seguramente contribuído para este fenómeno, além de poder desequilibrar a flora microbiana benéfica que connosco coabita, na pele, nas mucosas respiratórias e digesƟvas, na proporção de 10 bactérias para 1 célula do nosso organismo. (Jennifer Ackerman) Estes agentes proporcionam-nos, entre outros ‘’serviços’’, impedimento à proliferação de agentes patogénicos, disponibilização de nutrientes inacessíveis à digestão, síntese de várias vitaminas, manutenção da integridade da barreira intesƟnal, e reforço da capacidade imunitária do organismo. (D. Hsia, W. Cefalu, pgs. 469-478) Se imoderada e inadequada, a prescrição de anƟbióƟcos pode, pois consƟtuir um verdadeiro ‘’Ɵro no escuro’’!
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Recombinação e meiose – Uma das formas de diversificação genéƟca
Emparelhamento de cromossomas homólogos, um de origem materna, outro de origem paterna, na mesma célula diplóide.
Cruzamento e permuta de material gené co entre esses cromossomas.
Ficam formados dois cromossomas com diferente composição de ADN, em relação aos originais (recombinação). Por divisão celular, cada um dos cromossomas recombinados vai para uma célula diferente (gâmeta), cada uma, agora com metade do número de cromossomas – haploide (meiose).
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SUMÁRIO A divisão celular assexuada, poderia permiƟr a acumulação de mutações nas cadeias de ADN, conducentes à inviabilização da espécie. A introdução de novas cadeias homólogas, provenientes do parceiro sexual, serviria de molde à restauração das cadeias deterioradas – ‘’Teoria da Roda Dentada’’. Durante a meiose, o número de cromossomas dos óvulos e dos espermatozóides reduz-se a metade dos das células somáƟcas, após a aproximação e troca de materiais genéƟcos entre cromossomas homólogos. A recombinação obƟda aumenta a quanƟdade de genóƟpos, permiƟndo à seleção mais escolhas e maior possibilidade de adaptação a ambientes diversos – ‘’Teoria do Bilhete da Lotaria’’. Os germes e parasitas que nos infetam, têm divisões celulares ultra-rápidas e grande capacidade mutagénica, tendendo a escapar às defesas do organismo. A ‘‘diversificação’’ do genoma, através do cruzamento sexual, permiƟria, no dizer de Hamilton, apresentar aos parasitas um ‘’alvo conƟnuamente em movimento’’ e, portanto, mais diİcil de aƟngir – ‘’Hipótese da Rainha Vermelha’’.
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