Degradados Filhos de Eva

Page 1



Pr e

vi

ew

Degradados Filhos de Eva


Pr e ew

vi


ANTÓNIO CUNHA CÂNDIDO

Pr e

vi

ew

Degradados Filhos de Eva


Filhos de Eva Cunha Cândido edição: Edições Vírgula® (Chancela Sítio do Livro) autor: António

revisão:

ew

título: Degradados

Patrícia Espinha Felícia Sousa capa: Ângela Espinha paginação: Paulo Resende imagem de capa:

isbn:

vi

1.ª edição Lisboa, maio 2021

978­‑989-8986-39-9 480931/21

depósito legal:

© António Cunha Cândido

Pr e

Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei. Esta é uma obra de ficção, pelo que, nomes, personagens, lugares ou situações constantes no seu conteúdo são ficcionados pelo seu/sua autor/a e qualquer eventual semelhança com, ou alusão a pessoas reais, vivas ou mortas, designações comerciais ou outras, bem como acontecimentos ou situações reais serão mera coincidência. Declinação de Responsabilidade: a titularidade plena dos Direitos Autorais desta obra pertence apenas ao seu autor, a quem incumbe exclusivamente toda a responsabilidade pelo seu conteúdo substantivo, textual ou gráfico, não podendo ser imputada, a qualquer título, ao Sítio do Livro, a sua autoria parcial ou total. publicação e comercialização:

www.sitiodolivro.pt publicar@sitiodolivro.pt (+351) 211 932 500 NOTA: Este livro foi escrito em descordo com a ortografia aprovada em 1990 e ratificada em 2008.


ew

para os meus Filhos: Filipa, João e Pedro

Pr e

vi

para os Amigos


Pr e ew

vi


9

NOTA DE AUTOR

Pr e

vi

ew

Alguns destes papéis forraram, durante anos, em silêncio, o fundo de afectuosa gaveta. Filhos de um impulso criativo que tardou em desabrochar, de discutível préstimo como adiante se comenta, ousaram sair, um dia, e foram apresentados a ilustre pessoa das letras da cidade do Porto nos tempos que com ele convivi. O homem de amor pela Foz, que muitos dos seus textos reproduzem, sério e frontal como o recordo, comentou, cruelmente, com inusitada brevidade literária nem sempre reflectida no que escreveu: – “Não passam de cueiros borrados.” E os papéis regressaram à origem sem que as palavras do ”mestre” me tivessem desgostado. Antes pelo contrário. Tomei os seus preceitos: ler muito, anotar tudo para não se perder uma ideia a desenvolver, recorrer às memórias afectivas, observar pessoas, coisas, condutas, e outros ensinamentos. Cresci ao longo dos anos ou, melhor, envelheci. Mas admito que para o escritor e poeta do Passeio Alegre, no lugar etéreo onde continua a usar a pena para desvendar tramas e criar personagens, estas letras se fiquem por dejectos sólidos. Com este conceito de trampa sobre os meus próprios papéis que agora se dão ao prelo os que me lerem, se o fizerem, questionarão as razões de tal ousadia. E só no carinho e amor da família e no querer dos amigos que recebo e preservo no meu peito encontro motivos para este desmando. Sinto-me compensado se desses conseguir a dádiva de um sorriso dos seus corações. Para mim, valeu a pena.


Pr e ew

vi


11

CLAUDINO

vi

ew

Quando, pelo fim da manhã, ouvira os gritos lancinantes da filha mais nova pressentira que cruel desgraça se abatera sobre a sua família. Acorrera, angustiada, uma enorme aflição no peito e um presságio de fatalidade pairando no olhar. A inverosímil verdade absoluta chegara, impiedosa, ao ver a filha, mãos repuxando os cabelos em desalinho, corpo retorcido num esgar de dor, clamando em altos brados o nome do pai. Claudino, o seu marido, morrera e com ele se finava, também, a sua vontade de viver.

Pr e

A notícia, que surpreendeu familiares, amigos e conhecidos, correu célere pelo pequeno bairro onde Claudino habitava com a mulher e duas filhas e breve se espalhou pela freguesia deixando no rosto de todos uma mistura de surpresa e incredibilidade. Constava, segundo o armador convencionado a promover as formalidades fúnebres, que o homem se suicidara atirando-se de um comboio de ligação entre Aveiro e São Bento. Tudo teria acontecido, acrescentava, entre as estações da Granja e Valadares – “Um regional” – rematava com certo desapreço. Procuraram-se razões que justificassem o ocorrido mas não foram encontradas. Claudino, apesar dos sessenta e quatro anos de idade, era um homem saudável, não se lhe conhecia doença crónica. Chapeiro de profissão notava-se-lhe acentuada surdez pois berrava com toda a gente para se ouvir a si próprio. Mas nada que motivasse tal desespero. Reformado duma grande


12  |  ANTÓNIO CUNHA CÂNDIDO

Pr e

vi

ew

empresa metalo-mecânica, a mulher igualmente aposentada da Fábrica dos Carrinhos, duas filhas a trabalhar, usufruía de uma situação económica estável, mau grado a magreza dos tempos, pelo que se afastava o dinheiro como impulso daquele acto descomedido. Também se excluíram motivos de eventuais influências externas. Claudino era homem de pouca cultura, nada inclinado às letras e assuntos do entendimento, sem gosto pelas coisas do espírito as suas leituras limitavam-se aos periódicos desportivos e pouco mais. Inconfidências desabafadas, dias antes, com amigos mais chegados e agora divulgadas, com trejeitos de boca pequena, sem pormenores, em conversas de velório, asseguravam que, ultimamente, por mais de uma vez, a sua virilidade o atraiçoara. No adro da igreja paroquial a banda musical da localidade, a pé firme, atroava os ares límpidos e mornos duma tarde de Abril com os primeiros acordes de “A morte não é o fim”, uma marcha fúnebre cuja partitura afinavam para tempos quaresmais ou, como era o caso, aquando do falecimento de algum dos seus componentes. O defunto integrara, desde muitos anos, a tertúlia musical da freguesia conquanto uma evolutiva diminuição das faculdades auditivas o tivesse relegado de primeiro flautista a segundo plano. Na capela mortuária, não se tendo confirmado o suicídio pelo que não havia motivo para embargar o funeral católico, por entre o aroma persistente das flores e o cheiro adocicado dos círios, um padre de fora, por impossibilidade – que estas coisas da hora da morte muitas vezes embaraçam as horas dos vivos – ou, quem sabe, por renúncia do sacerdote da paróquia dado que ao falecido não se lhe reconheciam vontades de se persignar nem quaisquer outras ressonâncias cristãs, procedia ao levantar do corpo encomendando a Deus a alma daquele servo.


DEGRADADOS FILHOS DE EVA  |  13

Pr e

vi

ew

Sob o peso de um silêncio lapidar que moldava a sua figura de luto sem esperança a viúva, que por aconselhamento médico se quedara em casa na companhia de uma prima em segundo grau, movida por uma saudade irreprimível, sentindo mais do que nunca a ausência do marido, dirigiu-se para o quarto do casal, abriu o guarda-vestidos de vinhático e num consolo de saudosa tristeza passou os dedos por calças, camisas e gravatas do morto. Absorta, remexia nos parcos pertences que o armador lhe entregara: uma aliança em ouro com detalhes a prata que celebrava os vinte e cinco anos de casamento, um relógio de pulso, de mostrador partido, a que faltava o ponteiro das horas, o grande parado nos catorze minutos e uma carteira de bolso contendo algum dinheiro, bilhete de identidade, da segurança social, cartão de sócio do Salgueiros, desde sempre a sua grande paixão futebolística, e um recorte do Jornal de Notícias, dobrado em dois, cujo título a deixou pensativa: SEXAGENÁRIA CAI DO COMBOIO E FICA CONTUSA.


Pr e ew

vi


15

ALMA DE DEUS

vi

ew

Acabara de arrumar a caixa das ferramentas quando a esposa, repetindo com serena submissão as palavras matinais de todos os sábados, o chamou para almoçar. Ano após ano, e já lá vão muitos, aqueles dizeres pronunciados com acento de resignada obrigação davam continuidade ao cerimonial sabático, diferentes uns dos outros na relativa variedade dos múltiplos afazeres mas semelhantes, todos, na simbólica sensação de disponível liberdade que deles resultava e prazenteiramente usufruía.

Pr e

Naqueles dias acordava tarde que o corpo farto de mourejar pedia, ao menos por uma vez, um descanso retemperador. Levantava-se por volta das dez horas, tomava um café e dirigia-se para a casa de banho onde a mulher, diligentemente, com prodigiosa inventiva, pendurara no cabide atrás da porta uma toalha felpuda, camisola interior e calças de ganga em cujos bolsos enfiara umas cuecas e um par de peúgas. Conquanto guardasse, com nostálgica lembrança, uma navalha espanhola que comprara em Ceuta nos tempos em que, como marinheiro, integrara a tripulação dum navio da Armada com que correu mares, adaptara-se, sem esforço e até com aprovador silêncio de reconhecida vantagem, aos modernos utensílios de barbear. Mas não prescindia do pincel de pêlo natural quando ensaboava demorada e abundantemente a cara em relaxante e amaciadora massagem antes do deslizar das lâminas. Depois das abluções matinais onde escafunava o corpo todo com sabonete, especialmente as orelhas, cirandava pela


16  |  ANTÓNIO CUNHA CÂNDIDO

bem apetrechada e arrumada oficina, estendendo a manhã em biscates, pequenas reparações de escangalhados aparelhos domésticos, pertença quase exclusiva da vizinhança, que ali aguardavam morosos tempos de conserto e para cujo normal funcionamento se requeriam os saberes da sua arte de electricista. Aquela oficina era o seu santuário.

Pr e

vi

ew

Situada na extremidade do pátio, nas traseiras da casa, integrava um conjunto de anexos que compreendiam, também, um amplo alpendre para a pia em cimento e máquinas de lavar e um galinheiro de razoável dimensão. Tratava-se dum espaço com paredes pintadas, recortado por uma porta chapeada encimada por uma janela quadrangular com vidros foscos e por uma outra, larga, de sobreloja, basculante no caixilho superior. Noutros tempos, ainda seu pai era vivo, mas sobretudo depois que ele se reformou e se entretinha a consertar fechaduras, acertar chaves, pingar regadores e vasilhas ou, até, quando se aventurava em trabalhos de pequena serralharia e enorme estropício, chegou a repartir com ele aquele local numa promiscuidade de incompatíveis lavores e valores. Após a sua morte procedera a várias modificações, algumas delas definitivas, e transformara aquele lugar onde reinavam, agora, sofisticados instrumentos electrónicos com vistosos painéis coloridos pontificados por frenéticas agulhas magnetizadas, aparelhos de precisão e medida, grossos rolos de papel heliográfico para reproduzir esquemas planificados recheados de transístores, díodos e resistências, tudo envolto numa atmosfera de recolhido trabalho e estudioso silêncio apenas interrompido, em cada sábado, pela voz desafectada da esposa chamando-o para o almoço: – Chico! Está na mesa.


DEGRADADOS FILHOS DE EVA  |  17

Pr e

vi

ew

O senhor Francisco, simples mortal que não gozava dos atributos da omnisciência, nunca imaginou as surpresas que aquele dia lhe reservara. Comera sem companhia mas regaladamente porquanto a consorte almoçava apenas depois da sua saída. Vestira-se a rigor, como sempre fazia naqueles momentos. Fato de cor azulada, de pura lã, corte clássico, com riscas verticais suavemente acinzentadas, camisa dum tom celeste transparente e gravata escura de largas barras coloridas. A gabardina de duplo forro assegurava-lhe protecção simultânea ao frio e à chuva que aquele final de Dezembro não era de fiar tantas as vezes saíra de casa com um sol radiosamente prometedor e chegara, madrugada dentro, debaixo de uma chuva inesperada. Pelo sim, pelo não, e as dúvidas não se prendiam com as condições atmosféricas, decidira transportar-se no seu Ford Anglia. também conhecido por “ferro de engomar“, apesar de saber que aqueles encontros de sábado, com os amigos, proporcionavam alguns excessos que, não raras vezes, resultavam em alegria ébria.

O local do encontro era no Carvalhido no agora denominado Café Alsácia desde que Mário, amigo de infância que, como ele, nascera na ilha do Manco à travessa de S. Dinis, colega de carteira na escola primária do Monte Pedral, adquirira o trespasse do negócio. Emigrara clandestinamente para França, como muitos outros milhares de jovens, e depois de agrestes anos e dramáticas vicissitudes conseguira trabalho em uma companhia de transportes de Estrasburgo. Por lá casara com uma natural, Madame Paulette, cara redonda, carnuda, avermelhada como as do chucrute, e que ainda hoje, ao balcão do estabelecimento continua a fumar como um turco e beber como um grego especialmente um pastis que lhe serve não apenas de aperitivo. Mário sofrera um acidente rodoviário que


18  |  ANTÓNIO CUNHA CÂNDIDO

o incapacitara de trabalhar para o resto dos seus dias e regressara ao Carvalhido com a esposa de quem nunca teve filhos. A Madame era uma mulher avantajada, simpática, que enchia aquelas tardes de sábado com esfuziante e contagiosa alegria.

Pr e

vi

ew

Apercebera-se, mal entrara no estaminé e ainda antes de se sentar, que no grupo costumeiro não estavam o Nunes e o Romualdo que, segundo informação tinham ido à terra com a família. Em seu entender, e porque se tratava dum sujeito que não vestia pelo seu figurino, o Nunes não fazia grande falta salvo para umas partidas de sueca, jogo de cartas em que era exímio, qualidade que só por si não desculpava os seus maus modos e feitio rixoso valorizando um duque, mesmo que não de trunfo, com comentários niquentos que desmoralizavam o parceiro, embora nestas matérias o Luciano não lhe ficasse nada atrás. Ninguém gostava de jogar com eles. Franzino, héptico, com cara de fuinha onde se destacava um fino bigode à Clark Gable, o Nunes era pessoa de quem não se podia discordar. Homem de ideias fixas e conceitos imutáveis que por pouco se agasta defendia os seus pontos de vista com um exagero belicoso, refugiando-se, quase sempre, em concupiscências políticas que vaticinava, fervoroso, para espanto dos demais que o escutavam… quando escutavam. Já o Romualdo era um bom serás. Polícia reformado, precocemente, da Viação e Trânsito devido a uma queda da mota que lhe afectara a perna esquerda, caminhava com insuficiência apoiado no recurso a uma bengala. Enorme, carão redondo onde, envolto num ar bonacheirão, sobressaía o nariz rubicundo, o Romualdo era um amigalhaço, sempre disposto a ajudar, movendo-se com mais facilidade nos gabinetes do Trânsito do que nos percursos do dia-a-dia. Naquele sábado, na hora do bilhar, se tal houvesse, faltaria a sua opinião neutral e conclusiva


DEGRADADOS FILHOS DE EVA  |  19

Pr e

vi

ew

em caso de dúvida sobre a legalidade duma tacada ou aquando duma carambola brilhante, geométrica, tirada a compasso, onde exultava com os comentários : – É bilhar, é bilhar – acompanhados do bater ritmado da bengala no soalho do salão. Ontem como hoje o futebol era o prato forte da conversa quando a própria Madame, com um sorridente ça va?, lhe serviu um cremoso cimbalino. Havia sido o Reis, que era belfo e por isso o alcunharam, carinhosamente, de Beiçolas, portista de gema, que lançara para a mesa a farpa da derrota do Benfica na Alemanha de Leste e a consequente eliminatória da Taça das Cidades com Feira. Alegre e generalizada discussão que prosseguiu com a explosiva final do campeonato carioca e que a imprensa titulava como “Carnaval da desordem no título do Bangu”. O Maracanã lotado com mais de cento e quarenta e três mil espectadores, desordem e pancadaria entre jogadores, fotógrafos, jornalistas, dirigentes e polícia. Balanço de cinquenta e um feridos e nove jogadores expulsos. – Isto sim. É bola – rematou o Luciano. Antes de se decidirem por uma partida de cartas em que quem perdesse pagava um lanche de presunto com broa e o vinho não entrava nestas contas, ainda comentaram algumas tristes notícias da semana como aquele choque de automóveis perto de Alenquer de que resultaram seis mortos e quatro feridos sendo que num dos veículos, uma arrastadeira, seguiam cinco adultos e outras tantas crianças, com um rol de críticas à incúria de alguns condutores e ao lastimável estado das estradas. – Vejam o que aconteceu – dizia o Beiçolas constrangido – com o desastre duma camioneta que transportava jornaleiros e se despenhou por uma ribanceira na Ponte da Passagem, perto de Vila Real. Dois mortos, mãe e filho, e dez feridos. – Chega de sangue – disse um deles. E, abalados por tanta desgraça, retiraram-se para uma saleta, nas traseiras, iniciando-se a jogatina.


20  |  ANTÓNIO CUNHA CÂNDIDO

ew

Baralhadas e distribuídas as cartas a sorte de reis ditou que Francisco seria parceiro de Luciano. – Isto vai dar merda e da grossa – pensou o electricista. E deu. Achincalhado pelo seu par ao longo do jogo em modos e termos de mau perdedor Francisco não resistiu a mais uma afronta aquando duma destrunfa que correu mal. Bateu com as cartas, deixou sete escudos e cinquenta centavos na mesa, mais do que suficiente para pagar o lanche, e saiu do Café Alsácia.

Pr e

vi

Conduziu o Ford até à Baixa, estacionou na zona da Batalha e comprou bilhete para uma segunda matiné. A sala de cinema estava vazia apesar da propaganda em volta duma película que contava a história dum jovem estudante que queria ser totalmente independente e superar todas as barreiras da sua existência. Era um filme que incomodava. Não gostou. Caía uma chuva miudinha, de molha tolos, quando deixou o cinema. Talvez por isso as ruas estivessem desertas. Entrou para o carro e com algum desalento resolveu ir jantar a casa.

Mal entrou a porta da rua acorreu a mulher num clamor aliviado. – Ó alma de Deus – e chorava baixinho lançando-lhe os braços à volta do pescoço numa atitude inusitada ademais defronte da filha e do genro – Por onde andaste, Chico? Telefonamos para os hospitais, para a polícia, ninguém sabia de ti. Afligimo-nos tanto. – E a filha chorando em silêncio confirmava a angústia que lhes ia na alma. – Mas…é sábado – disse sem jeito, à falta de melhor explicação. – Pois é – retornou a esposa a ganhar sossego – mas também é noite de Consoada – acrescentou com algum desânimo. – Consoada? De Natal? – aparentemente havia sinceridade naquelas interrogações que explicavam a ausência dos amigos


DEGRADADOS FILHOS DE EVA  |  21

Pr e

vi

ew

e o recolhimento das pessoas. – Vamos ao bacalhau antes que arrefeça – disse com voz solene. E sentou-se à mesa como se nada tivesse acontecido. Um homem do seu tempo. Como já não há.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.