Entre o realismo e a fantasia, Aldeia da Bruma, conjunto de contos independentes e entrelaçados, fala-nos da vida e das relações ásperas, secas, desesperançadas, de uma dúzia de personagens trágicas e intrinsecamente poéticas, habitantes de uma aldeia sem presente nem futuro.
Fala-nos de insularidade, de um isolamento de séculos, em tempos só rompido por investidas de navios piratas, a determinar consanguinidades e a marcar caracteres, tradições, sexualidades, comportamentos.
E fala-nos, ainda, em morte e em sobrevivência, num clima agreste, feito de ventos fortes, muita chuva e nevoeiros permanentes, e numa natureza indomável, de uma beleza indescritível, pontuada por vales profundos, caldeiras vulcânicas e falésias inexpugnáveis, que tornavam épico o acesso a um mar imenso, violento, imprevisível, de um azul profundo, luminoso, que todos encerra e todos liberta.