O “puto” de Vale dos Amieiros foi apenas uma criança, que, tal como tantas outras, viveu no tempo da ditadura salazarista, numa aldeia perdida de Trás-os-Montes. Eram tempos muito difíceis, roçando a miséria completa: não havia o que comer, as pessoas andavam esfomeadas, a educação estava apenas reservada aos mais abastados e toda a revolta tinha de ser vivida em silêncio, pois o medo dominava a mentalidade da época.
Como muitos outros, este puto resolveu dar o salto para França, sempre com o intuito de, com isso, ajudar os familiares que ficavam na terra. Famílias enormes, em que a média de filhos era normalmente sete, mas onde existiam amor, carinho e espírito de entreajuda.
O “puto” lá viveu e formou família. Até que resolveu regressar. E foi nesse momento que se viu confrontado com as suas maiores dúvidas existenciais, dúvidas em relação ao balanço dos seus atos, dúvidas quanto à real dimensão humana de pessoas que ele sempre considerara como modelos a seguir. E claro, o questionamento final: o...