Enigma do Espírito

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O ENIGMA DO ESPÍRITO


edição: Edições Vírgula®

(Chancela Sítio do Livro) Enigma do Espiríto – Fé e Esperança, as armas do enigma que é a vida autora: Vitória Santos título: O

capa:

Patrícia Andrade Paulo S. Resende

paginação:

1.ª edição Lisboa, julho 2017 isbn:

978­‑989-8821-49-2 42706/17

depósito legal:

© Vitória Santos

publicação e comercialização

www.sitiodolivro.pt


Vitória Santos

O ENIGMA DO ESPÍRITO fé e esperança , as armas do enigma que é a vida



Dedico este meu livro, a realização do meu sonho: Primeiramente a Deus e depois aos meus filhos e netos, principalmente ao meu filho que pela sua deficiência motora desde criança me moveu a ter esta força para lutar e a desenvolver os meus dotes de poeta. Dedico também ao meu marido e companheiro pela compreensão e pelo apoio de todos os dias e ao meu pai que sempre nos incentivou para os estudos.



O

aprendiz da vida

O aprendiz da vida Não sonha Projeta Não manda É humilde Tem força Tem uma meta Tem visão E espírito de vencedor Ama a vida Ama o mundo Ouve os outros Sabe ouvir e aprender Aprende a perdoar Sobe e desce As montanhas da vida Cai e levanta-se Sempre com humildade Chora Mas limpa as lágrimas E faz delas uma lição O aprendiz da vida Tem alma Tem amor Força e coração

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Hoje

hรก um jardim a florir

Hoje hรก um jardim a florir Hรก um poema escrito nas estrelas Um raio de sol no teu olhar Nas tuas mรฃos Uma madrugada Um despertar Um vento que sopra No teu rosto Meu amor Minha estrela da tarde Hoje hรก um jardim Dentro de mim

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Ambição Às vezes Queremos o mundo Ele está nas nossas mãos Queremos as estrelas Elas estão no nosso olhar Queremos uma lagoa azul Temos o mar dentro de nós Queremos prata e diamantes Temos uma jóia no coração Tanta ambição Tantos sonhos Tantos medos Para quê Se tudo temos Temos o sol a brilhar O ar que respiramos A noite e o silêncio Tudo é tão lindo Temos a paz E o amor dentro de nós Basta apenas amar Amar sem olhar a quem Amar alguém Por vezes perdemos tudo Perdemos tudo Eis a razão Perdemos tudo por ambição

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Lisboa Este poema deixo Escrito no céu de Lisboa Não é um poema de Aleixo Nem uma quadra à toa Feito do coração No miradouro da Graça Eu me inspiro com paixão Sentindo o vento que passa Levemente no meu rosto Sinto o sol a bater Como guarda no seu posto Vejo o mundo renascer Entre colinas eu vejo Lisboa linda bordada Toda esta neblina humilhada Pela beleza do Tejo Um dia quando voltar Para ti meu pensamento Talvez eu vá chorar Como chora o firmamento Lisboa és bela assim Numa beleza sem par Um dia talvez enfim Te amarei ao lembrar

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O

teu olhar

Perdi-me no teu olhar Distante Esqueci-me da minha mรกgoa Esqueci-me da minha dor Amor Alimentei a esperanรงa Dei vida aos sonhos de crianรงa Beijei as tuas lรกgrimas Sequei-as com o meu calor Peguei as tuas mรฃos Fiz-te lembrar que existias E pelo meu amor Tu ainda vivias

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Para

ti

Sim um dia Ainda que nunca te voltes A cruzar no meu caminho Ainda que a tua mĂŁo Nunca mais me acaricie Eu sei que me quiseste E que eu te quis Ainda que nĂŁo fora Mais que uma parte do meu caminho Por mais que o tempo Apague a tua imagem Jamais esquecerei O que aprendi do amor Estando contigo Quando me sinto cansada E o meu corpo perdido Eu te chamo meu amado Eu te chamo meu amigo

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Aquela

estrela

Lá no céu vi uma estrela Pequenina luz a brilhar Fitei os olhos nela Com ela aprendi a amar Com ela aprendi a sonhar E assim desde criança Eu continuo a esperar Que essa estrela tão linda De todas a mais bela Me dê forças, esperanças Me ensine a viver Me ensine a caminhar Na longa estrada da vida Quando chegar mais além Recuo no tempo Olho o céu e admiro-te E digo Contigo aprendi a vencer Não sou ninguém Mas depois de tanta lágrima chorar Valeu a pena Porque assim Eu aprendi a amar

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Quero-te

abraçar

Quero-te abraçar Como Lisboa abraça o Tejo E dentro de ti quero ser Uma onda de desejo Uma flor com perfume de jasmim Quero ser a madrugada A estrela alva no céu E quando a lua espreitar Por entre a persiana No teu peito vou bailar Ser o chão da tua cama Ser o teu sol de verão Lençol de seda fina Espalhado pelo chão Meu amor Eu quero-te abraçar Como o rio Abraça o mar

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Lembro-me Às vezes Estou tão longe Perdida dentro de mim Lembro a minha terra O lugar onde nasci Os campos enlameados As ribeiras Os marmeleiros As searas Os amieiros Onde poisavam os passarinhos Junto à fonte Os grilos a cantar E o lavrador lá ao longe Agarrado ao seu arado Lembro-me tantas vezes Com melancolia E saudade Quando adormecia Nos prados em flor Quando cantava e sorria Em busca de uma aventura E junto das lavadeiras Gostava de olhar o céu E correr atrás das borboletas Era tão linda a vida Tão linda Esse tempo já passou Lembro-me de tudo Até dos sonhos Que o meu coração Plantou 17


Para

ti

Para ti Que agora estás a ler Um dia eu escrevi Sem receios Com anseios Com flores no coração E a alma aflita Porque o poeta chora Porque o poeta ama Quando escreve Escreve com alma Esquece a hora O tempo parou Apenas o coração fala O que a alma dita Para ti Que agora estás a ler Atento a tudo Aquilo que o poema E os lírios do meu peito Nos teus olhos espalharam No sonho a crescer Esta mensagem Os meus olhos Te deixaram

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A

minha alma

A minha alma vagueia Como poeira ao vento Como pétala ressequida Tudo se confunde Tudo se mistura Como a folhagem Que o vento leva Amarelecida pelo tempo É tão fugaz Que às vezes Pergunto-me se tenho alma Porque ela já não chora Já nem sei o que me resta Da minha alma de outrora E este patriarca Que vive dentro de mim Às vezes até reclama Bate angustiado Pensando ser enganado Quando a alma vagueia O crepúsculo renasce E o azul do teu céu É um fio de luz Que ela espera Que ela anseia No frémito da tua alma A minha alma vagueia Ávida dos sulcos sossega Ela caminha e passeia

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Basta Basta de lágrimas A minha fonte secou Hoje há um cântico novo Da poesia que ficou Basta de palavras Ditas sem pensar Chegou a hora A hora de te abraçar Bate porque o tempo Tem as horas contadas As estrelas no firmamento Vão embora nas madrugadas Elas voltam sim senhor Outra vez ao anoitecer Vêm dar luz e cor Aos dias por nascer Basta, quero dormir Adormecer a minha dor Para não ter que decidir Deixem-me dormir por favor Basta por agora De nostalgia e mistério A minha alma foi embora Porque a tua é meu império

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Basta

amar

Basta caminhar E nos teus braços andar Andar feliz Quando na planície Se estende um lençol De linho puro Basta olhar Ver os teus olhos a sorrir Nem lágrimas Nem prantos Toldam o meu coração Estou viva canto Nada é em vão Há magia no meu peito Basta amar E quase nada É tudo Um punhado de felicidade Ou tudo pode não ser nada Quando se ama de verdade Basta sorrir E nas tuas mãos ver o mundo O paraíso que ninguém vê Basta sonhar E ler Ler dentro de ti Aquilo que ninguém lê Basta amar

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O

meu poema

Meu amor Vou atravessar o mar Atravessarei o infinito Correrei através do deserto Por aquele caminho incerto Ameaçarei o meu destino Levarei recados A todos os namorados Mandarei beijos e carícias Àquela criança abandonada Darei carinho Àquele velhinho Subirei meu pensamento E chorarei baixinho Quero ser a feiticeira Mais linda da minha rua Quero tudo o que é teu O teu olhar, a tua paixão Quero ser tua e bailar nua Ao som do nosso coração Vou-te mandar uma rosa branca Que cresceu na minha ilusão Vou oferecer-te um poema Da Florbela Espanca Eu sou o calor do sol Eu sou a força da terra Eu sou a fúria do mar Que vive para te amar Meu amor

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Amigo Sem um amigo A amizade não existe E a solidão persiste Procuro um rumo Um rumo sem ilusão Tristeza não. Ter um amigo Ter alguém com quem falar Ter alguém com quem chorar Ter um amigo Que creia nesta amizade desejada Creia apaixonadamente na vida Que nos ensine a viver Viver sem amigos não é viver

Desdém Não sabe falar de tristeza Quem tudo pensa que tem A vida tem-te sorrido Não adotes o desdém A vida só pode ser bela Quando se ama alguém Amar é mais do que dar É uma procura intensa É nunca se aperceber Quando bate o coração E deixa para trás, a razão

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Amor O amor é um barco à deriva É a penumbra que se esconde na noite É um coração sem rumo a bater Na minha e na tua mão O amor é uma criança rindo Brincando sem pensar Sem pensar na solidão É o bater de um coração A transbordar de amor Um gesto é amor Uma flor O chilrear de um passarinho Que deixou um dia o seu ninho O amor és tu quando abraçado No meu peito É um poema que deixei Sem rima e que não leste Fechado na minha gaveta É tanta coisa que escolhi Foi um dia que me embriaguei E sozinha, perdi-me por ti E sem ter amor chorei Com tanto amor sofri A ausência, a solidão A esperança Tudo isto é amor Quando se ama Como te amo Meu amor

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A

casinha branquinha

Eu cresci numa casinha Parecia um céu por sinal Era uma casinha branquinha Ficava junto ao pinhal Bela, junto aos carvalhos robustos Os que dão asilo aos passarinhos Que nos seus ramos fazem ninhos Era a quinta mais singela Com a natureza mais bela Fazia-se a ceifa no verão A água corria no campo Regava batatas, couves ou milho Amava a terra como se ama um filho Fazia-se a vindima Cortava-se uva por uva 25


Pisava-se o vinho, até ao amanhecer E no murmúrio da noite Ouvia-se o vento a uivar O eucalipto a chorar E naquela casinha branquinha Naquela varanda, daquela janela Eu via uma estrela voando E crescia sonhando Que desenhava e pintava numa tela A casa mais bela A luz de uma candeia Que iluminava a escuridão Como!... Amava aquele chão Que eu pisava descalça Mas eu era feliz E amava a liberdade Ah! Meu Deus que saudade Daquele tempo de menina Daquela casinha branquinha Singela Situada naquela serra Tão poderosa, tão bela E com tanta imensidão Com tanto poder Que é difícil esquecer Essa paixão Essa melancolia calada Que vive no meu coração Tão nobre tão caladinha Que ainda vive Naquela casinha branquinha

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Força A minha alma anseia por ti O meu coração é fogo posto É a força do sol e do mar Que às vezes troveja Na força do teu olhar Nos meus caminhos Nas ruas sem saída Ou numa noite perdida Procurando encontrar Apenas um sinal de ti Aqui onde ninguém Procura se entender É aqui que eu quero Encontrar a força A força para te amar

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Tejo Tejo querido Braço de mar Forte e perdido Parado no meu olhar

Foste o berço de Camões Desse poeta sem igual Foste escola sem lições Onde se aprendeu a navegar

És o berço das gaivotas Que baloiçam sobre as ondas São como guardas secretos Fazendo as suas rondas

De onde partiram marinheiros À procura de riquezas E deixaram companheiros Chorando de tanta tristeza

São tão belas tão serenas Beijando o entardecer São suaves são amenas Da noite até ao amanhecer

Deixaram as suas mágoas Escritas nas ondas do mar E partiram nessas águas Com um sorriso sem par

As ondas, tão prateadas São lindas azuladas São o espelho da lua Que bate nas pedras da rua

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Verso Olhei o céu e não vi Nenhuma estrela a brilhar Porque elas se esconderam Nas estrelas do teu olhar

Versos

para os velhinhos

Velhinho que caminha devagar Pisando as pedras do chão Levando as cicatrizes Que ferem o seu coração Às vezes sozinho suspira Sem saber o que fazer Às vezes não há Muita razão para viver Todos os dias o sol nasce Nasce muito devagar Para brilhar no seu peito E lhe ensinar a amar Pela vida fora Já viveu e já sorriu És velhinho e agora Esse sorriso é só teu

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