Os Lugares e Palavras

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Os Lugares e as Palavras

Paulo Salústio

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Título: Os Lugares e as Palavras

Autor: Paulo Salústio

Edição: Edições Vírgula® (Chancela Sítio do Livro)

Imagem da Capa (Penha Garcia): Paulo Salústio Imagens do Conteúdo: Paulo Salústio Capa: Marisa Ferreira Paginação: Marisa Ferreira

1.ª edição Lisboa, julho 2022

ISBN: 978-989-8986-62-7 Depósito legal: 502281/22

© Paulo Salústio

Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei.

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Índice

Aldeia em Rua Aquele Olhar Mulher Bonita Lugares de Topo Ao Saber Beira Alta Sedução À(Há) Liberdade Expurgação A Nostalgia A Desejada Abraços Fogosos Lisboa do Fado Mulher do Mar Rouxinol Passagens África O Momento Dia da Mulher Os Gemidos Promessas Petrificadas Entre o Sono e o Sonho O Vazio no Tempo Eu Não Estou Aí A Flor Desejada Traços de Amor A Provecta Idade Carta de Amor A Rua sem Café Uma Viagem Incompleta A Mesa Marmoreada

7 8 9 10 12 14 16 18 20 21 23 25 27 28 30 32 33 34 36 38 40 42 44 46 49 53 55 57 59 63 67

Caminhos Vida Eterna

O Engodo Político Os Esquecidos O Fármaco Ideal Errância O Meu Rosto Sem Saudade O Pássaro A Capa O Livro Terrorista Tentar existir O Preto e o Branco Terra de Sonhos Viver O Amor Longínquo O Lar A Viagem Desejada Caminhos do Meu Pensar

71 73 75 79 81 84 87 89 91 93 96 98 101 105 108 111 112 113 115 117

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Os Lugares e as Palavras

Aldeia em Rua

Estou sentado a olhar a rua desta aldeia, Como se ela não tivesse nenhuma história, Por entre espaços isentos de qualquer ideia, Circulam as almas providas de glória.

Há pedras assentes no solo das recordações, Onde se edificam os cantares da tradição, Cada rosto que espreita, repleto de emoções, É um descendente dela em qualquer condição.

Não almejo vantagens improvisadas, Por estar ao pé desta calçada de granito, Sei que usufruo das bênçãos destinadas, Que adejam a cabeça de qualquer bendito.

Soltam-se ao desvario os alaridos das crianças, Sem consciência da perenidade dos factos, Ao de leve invadem o ar de alegrias e esperanças, Deixando para o futuro a mais-valia dos pactos.

Adormeço naquele banco desgastado pelo uso, Onde tantos outros se sentaram por convicção, Não me apercebo que o tempo me torna seu recluso E me deixa a envelhecer sem qualquer reclamação.

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Aquele Olhar

Lembro-me daquele teu olhar perdido, Que me marcou em pleno naquele dia, Era um olhar de um desejo tão querido, Que me deixou imerso em melancolia.

Não houve nenhum sorriso sedutor, Nem qualquer palavra para me consolar, Houve somente indícios de puro amor, No momento em que te pude observar.

Foram-se todos estes anos passando, Sem que esta lembrança se afastasse, Mas a sensação que me foi magoando, Foi que esta recordação se apagasse.

Fiquei a viver no topo da solidão genuína, Abraçado às copas da cristalina saudade, Ao meu ser abeirou-se a inexorável ruína, Que me deixou ciente da plena realidade.

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Mulher Bonita

Os Lugares e as Palavras

Por onde andas mulher bonita Que trazes no regaço a ternura, És um halo de luz bendita Que enches a vida de doçura.

Cantas melodias de amor Ao nascer de um novo dia, Ao meu Ser deixas o sabor Do beijo repleto de alegria.

O teu odor é um leve perfume Que, aos meus sentidos apurados, Chega isento de qualquer azedume.

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O teu sorriso é um espanto Que, aos meus olhos melados, Chega repleto de todo o encanto.

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Lugares de Topo

Olhem para este tempo deveras tão triste, Na vida nauseada de tanto mal-estar, Nos raros afortunados ele jamais existe, Onde nem o infortúnio os leva a vergar.

Propalam inúmeros princípios aprimorados, Cheios de jactância nos seus modos de dizer, Ludibriam todos, por norma os mal-informados, Pela falaciosa dialética que os ajuda a viver.

Para eles, o ser honesto é sempre um bem inato, Que os transporta aos cumes de toda a certeza, Na prática negam-se à evidência dos seus atos, Mesmo nas acusações sem a mínima defesa.

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Mexem-se em todos os meandros financeiros, Bem como na política de extensos corredores, Nunca se consideram oportunistas rotineiros, Mesmo que se tornem autênticos rapinadores.

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Os Lugares e as Palavras

De poiso em poiso, vão dando saltos decisivos, Como se a competência fosse um hereditário atributo, Em volta deles movem-se os apaniguados obsessivos, Que os bajulam como se fossem de carácter impoluto.

Olhem para este tempo deveras tão triste, Nesta vida pejada destes falsos filantropos, Nem a própria ordem da Natureza subsiste À intrujice destes vigaristas que estão nos topos.

Olhem para as suas altivezes que resistem, Onde as alegrias não se reveem na simplicidade, Não fossem as sobrancerias no que elas consistem E seriam lamúrias em toda a sua extensibilidade.

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Ao Saber

Estou por entre dúvidas do ser e do não ser, Num futuro desconhecido aos preditores, Não sei se é certo o ingente ansiar de saber Sem primeiro perceber a essência dos valores.

Rios de ciência produzidos por sábias almas, Assestando ao conforto e à desejada eternidade, Deixam incertezas a pairar nas mentes calmas Sobre o amanhã no seu contexto de verdade.

Por desmesuradas angústias e desesperos, Busca-se a vida na sua total longevidade, Mas ninguém escapa aos destinos severos Onde as Parcas se satisfazem na ocasionalidade.

Não temo em nada o misticismo inexplicável, Que ao longo do tempo sempre tem existido, Mas temo por completo a loucura incontrolável Daqueles que se presumem em tudo ter vivido.

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Os Lugares e as Palavras

Assim expresso o meu regozijo em conhecer, O berço por onde a vida incipiente se vai definindo, Mas neste momento apenas perceberei o alvorecer E os confins ignotos por onde ele se vai sumindo.

Santa Clara-a-Nova, Beja

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Beira Alta

Na acalmia de uma segunda-feira, Alhures no espaço exíguo que escasseia, Deixo aqui uma palavra da Beira Entumecida de uma bonomia que rareia.

Não tem o sabor dos doces conventuais, De avós ou bisavós já partidas, Tem os alentos de ternura factuais Aos quem têm essas recordações sentidas.

Nos rumores das veredas linguísticas, Sem percalços de obrigações gramaticais, Anunciam-se as esperanças casuísticas Aos que em vida se mostraram verticais.

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Num bom Fado, por entre todos cobiçado, Descrevem-se os destinos previsíveis, Traça-se um rumo para um ser iluminado À revelia da inveja em olhares invisíveis.

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Os Lugares e as Palavras

São frases que se libertam através da mente, E, se espalham por todo o nosso Portugal, Trazem consigo a alegria sempre presente, Relembrando que somos um País sem igual.

Espinho, Mangualde

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Sedução

Se eu tivesse todas as palavras do Mundo, Em línguas tão distintas, como aparentadas, Fazia várias odes em texto profundo Para declamá-las a todas as minhas amadas.

Pelos cumes altaneiros da vida vaguearia, Entoando os poemas em plena sintonia, E a todas as mulheres dotadas de sabedoria Lançaria o meu cortejar repleto de harmonia.

Seria sem dúvida um errante expressivo Nos limites máximos do meu próprio exclamar, Chegaria rápido ao espaço etéreo permissivo, Onde todas as mulheres se dispõem a amar.

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Na janela do teu quarto, estarias tu a aguardar, Que a minha voz chegasse ao teu sequioso ouvir, E, por isso, cantaria todos os versos sem tardar, Com a certeza inegável de te poder servir.

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Os Lugares e as Palavras

Castelo de Vide

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À (Há) Liberdade

Voltei a sentir as brisas dos desejos, Tão ausentes têm estado dos Portugueses, São ventos de liberdade e ensejos Que emanam de mentes sem reveses.

Vêm sem qualquer destino definido, Acolhendo todos em plena igualdade, Envolvem os cidadãos com real sentido No preceito da indiscutível equidade.

Não têm estampadas cores determinadas, E movem-se na transparência necessária, Enlevando as democracias afirmadas.

O Futuro é uma das ambições prioritária, É um espaço sem influências partidarizadas, Onde os ventos não têm definição sectária.

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Os Lugares e as Palavras

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