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ALBERTO BRAVO
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FICHA TÉCNICA edição: Edições Vírgula ® (Chancela Sitio do Livro) título: Territórios autor: Alberto Bravo arranjo de capa: Patrícia Andrade paginação: Alda Teixeira 1.ª Edição Lisboa, março 2016 isbn: 978-989-8821-22-5 depósito legal: 406647/16 © Alberto Bravo
publicação e comercialização:
www.sitiodolivro.pt
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Ă Alice
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Marcha alegre (Poema rĂtmico) 1957
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Alegre das nuvens alegre do céu dos homens alegre alegre alegre alegre! alegremente alegre dum riso rido sem razão do salto saltado sem direcção tique-taque tique-taque tique-taque cauda cão alegre alegre alegremente alegre alegre das alegre dos de todas as de todos os que nús Eh-lá sús sús! sús! sús! alegria sús! 11
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Nas engrenagens do dia é vida a minha alegria.
Sobre o tédio a aridez a mágoa minha alegria é pão é água. Sobre a vida cega do vale ao sol altivo do monte minha alegria é horizonte minha alegria é carnal. Nasce aurora defronte nasce do sulco do amor nasce do sulco da dor nasce alegria em tudo em tudo tudo tudo alegria em tudo o que for. Nasce em orvalho na folha nasce onde se olha nasce nas rochas de rochas nasce amarra lançada à vela enfunada
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nasce corpo debaixo nasce cรณpula beijo nasce olhar desejo alegria! alegria! alegria! Nasce matinal nasce do encontro de praia e nudez nasce dos passos coxos nasce dos lรกbios roxos nasce de vez nasce afinal universal nasce real nasce polimajestosa nasce panda branda Anda! Oui si yes voilรก toi joie! toi joie! alegria! alegria! 13
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joy! joie! c’est comme ça? oui yes ya! c’est la joie é alegria aqui e ali c’est la joie é alegria oui ya yes joy!
alegria!
é alegria 14
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yes oui alegria! Pééééééé! Buzino bovino passo bambino enfant child niño pééééééé! Joie dans la paix! Criança sou infantil vou dlang! Sou sangue sou carne sou força corça! dlang! Criança sou infantil vou 15
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salut Charlot! alegre vou alegre alegremente alegria! toi joie joie! toi joie! joie! te voilá joie! c’est toi alegria! alegria! alegria! Ah! Nas engrenagens de tudo minha alegria é lança e escudo na sua própria alegria é direcção e energia
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Fio a fio nervosa selvática errática frio a frio aquece estremece agreste despe o que veste alegria! alegria! alegria! Nasce em guinchos de homúnculos nasce em pulos de abortos nasce em ossos de mortos e vivos nasce em seios lascivos nasce de roupas fora nasce de hora em hora titânica sonora alegria! nasce arfante fada gigante alegria! som rasante! cor berrante! 17
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alegria! Alegre pelos peitos unidos pelas testas beijadas pelos lábios amados alegre das prostitutas das virgens dos hímenes desflorados alegre dum pão repartido dum vidro partido dum recém-nascido alegre! alegremente contente! das balas perdidas de dez dedos dez vidas contente! Contente da timidez contente do rubor contente do mar da sombra da luz 18
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de quem veio contente da mão que se enche dum seio contente como um louco doido de alegria sús alegria! criança sou infantil vou alegria! alegria! alegria! Vem parto da única mãe faísca dos dedos frios vem alegria vem vem vem alegria em vaivém alegria alegria alegria vem da noite vem do dia do dia da noite do dia do sol rubro da esperança vem erecta vem em riste cobrir tudo o que existe alegria! alegria! alegria!
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no passo que nĂŁo desiste no olhar que cegava e via na boca que emudecia e ria de alegria! de alegria! de alegria! Vem unindo mal e bem unindo fĂŞmea e macho vem unindo rota e facho vem unindo porto e farol unindo gelo e sol unindo noite e dia alegria! vem! unindo perto e alĂŠm unindo cego e guia alegria! vem! unindo fraco e forte unindo sul e norte unindo vida e morte 20
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vem! unindo mar e terra unindo paz e guerra unindo sil锚ncio e voz vem! unindo-te a n贸s unindo-nos a n贸s vem! vem terna e terna eterna eterna e terna e terna eterna e terna vem e governa! Vem e fica vem e guia vem em festa vem! alegria! vem! alegria! vem! 21
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escuna esbelta flecha celta zagaia maia vem!
Vem crianรงa vem esperanรงa vem! alegria vem! alegria final tropical alquimia alegria vem! vem! vem! vem! Em pino cavalgante cambalhotas espalhafato em acto trotas gato de botas! 22
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Vem cornuda vem desnuda vem em quilha vem em proa cobra boa dentes rilha crosta terra brilha sabre cabra bela bárbara arnês donzela salvé! salvé! É! é! é! é ela é! salvé! Eh! Eh! Alucinas crinas atómica cómica palhaço devasso abraço d’aço já se vê! ela é! 23
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EH! EH! EH! cutila acotovela é! é! é! é ela! abole noite é sol abole noite é dia é! é! é! a alegria pisa repisa com guisos aí vem! vem! vem! além! além! além! contornos imprecisos além! aí vem! destrói a Cela! é Ela! aí vem! aí vem! aí vem! silva salva selva assobia aí vem! aí vem! aí vem! 24
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a alegria! ou casco risca pedra ou pé ante pé de qualquer modo é é! é! é! é! é sim! enfim! vem e sorri vem e é sim tão bela Bela! E bela brota trota bala esgargala a fala com que fala a fala guia ei-la bela! Bela! Bela! Bela! Bela! É! é! é bem a alegria! 25
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aí vem! aí vem! aí vem! Bela! Bela! Bela! Bela! É vela!
É ela! é! é! é! é! entusiasmo pasmo marasmo é é rio é cio é parto farto! Dia é! É dia! é ela! é ela! ela! ela! Bela! Bela! Bela! Bela! alegria! é! é! é! é! alegria! é! é! é! é! e é! e é! e é! e é! Alegria! Alegria! Alegria!
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Pobre Pierrot! (Paris, 1959)
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Na feira a lua rondando apaga. Na hora infeliz desarmo o meu circo. Que esperança me trouxe aqui? Espuma de que vaga? Meu pobre Pierrot! Meu pobre Pierrot! O cavalo de feltro esventrado mira Pelos olhos de mica O quartzo da mentira… E o trapézio? Fica No balançar do que tentou? Meu pobre Pierrot! Meu pobre Pierrot! Vamos. Argola de força, Bandolim, viola. Arlequim e a corça… Diademas de estanho… Na lona descida três punho de neve… Estranho… Este Verão nevou… Mistério sem urna, crime sem adaga Indaga. Não desistas, Pierrot.
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