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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL COM A ESCRITORA MÁRCIA VILLAÇA DA ROSA
vendo um segmento literário ainda carente de iniciativas. Quem não se lembra de filmes como Selma, Uma Luta Pela Liberdade (o qual protagoniza temas polêmicos como o impedimento do direito de voto dos negros e a biografia do líder e pastor Martin Luther King) ou de Maya Angelou, e Ainda Resisto - direção de Bob Hercules e Rita Coburn- Whack, 2016 - (película que conta a biografia da poetisa e artista Maya, personagem feminina muito representativa no cenário americano)?! Basta a recorrer a outras obras consagradas, como Quarto de Despejo (1960), de Carollina Maria de Jesus ou Um Defeito de Cor, cuja autora é Ana Maria Gonçalves, para ter se uma noção da variedade e pluralidade de significâncias e significados representados em obras de “resistência”, contra o sectarismo, a manipulação de poder e o racismo. A jornalista e autora Márcia Villaça da Rosa, 51 anos, tem apoiado a causa e nota uma crescente demanda editorial pelo segmento definido como “negritude”.” É um setor que tende a crescer, porque as obras produzidas por negros ou escravos e ex-escravos antes do período pós-colonização, afrodescendentes ou não, é valiosa e narra também a história de povos sul-americanos, sua trajetória, seu folclore e tradições”, argumenta Márcia Villaça. “Vozes às minorias, vozes ao inconsciente... poetisas e negras notáveis... Maya Angelou, múltiplas facetas... A palavra a ecoar, ressoar, encantar... Maya Angelou, múltiplas faces... Desigualdades de gêneros e etnias... Negritude sim autenticidade... Brados retombam, quilombos esquecidos... que a imagem de Maya Angelou, amiga de Malcom X e Martir Luther King, seja esperança, bonança, confiança e temperança”, poetisa Márcia.
Africanidades O empoderamento de classes menos abastadas, ditas como “minorias”, vem crescendo ao longo do surgimento de projetos culturais voltados à divulgação de obras literárias, criação de saraus, livrarias e encontros para promover a literatura negra feminina, a literatura de Cordel a outras “africanidades”. A Livraria Africanidades, voltada totalmente ao segmento de literatura negra, cuja proprietária é a biblioteconomista Kelly Valencio, 37 anos, localizada na Vila Pita, é um exemplo desta tendência. “A intenção é que a literatura se torne o codinome de experiências negras e que a maioria da população brasileira, que é preta e feminina, possa ser o que quiser e rompa com as atuais ‘mordaças’”, declara Ketty. Dentre as preciosidades da livraria Africanidades, encontram-se raridades como “Caderno Negros”, obra publicada em 1978, com poemas, contos, crônicas, uma obra que remete à importância da valorização da negritude em toda sociedade. Autores negros de relevância, como Alice Walker ( 1944 ), autora do best-seller A Cor Púrpura, vencedor do Prêmio Pulitzer - obra adaptada para o cinema -; Jarrid Arraes ( 1982 ), autora de Heroínas Negras Brasileiras ( livro atualmente “esgotado” no mercado editorial) e As Lendas de Dandara - obra que protagoniza a história da esposa de Zumbi dos Palmares, sobre a luta quilomba no período da escravidão no Brasil; Maria Firmina dos Reis e a filósofa estadudinense Angela Davis, nascida em 1944, e autora de livros sobre a identidade dos negros e sua inserção na sociedade,
como Mulheres, Raça e Classes, entre outras produções literárias, fazem parte do acervo da Livraria. Com o mesmo objetivo de promover a literatura produzida por autores negros, o projeto Mulheres Negras na Biblioteca, dedica-se à promoção em espaços culturais e sociais da leitura de obras com relevância no cenário editorial. Esta iniciativa surgiu em 2016, quando as idealizadoras - Carine Souza, Lara Moraes, Laís Souza e Juliane - à época, alunas do Curso Técnico de Biblioteconomia, notaram a ausência de obras literárias oriundas de mulheres negras em bibliotecas públicas. O grupo passou a refletir sobre os problemas desta realidade e pode constatar que a “ausência de livros” contribuía de modo negativo no processo de construção da identidade de mulheres negras. Vários podem ser os motivos desta constatação, um deles, talvez o mais sugestivo, seja a falta de demanda. Outro argumento passível de discussão seja o racismo. Independentemente das razões que levam o mercado a ter uma demanda mais baixa de produtos quando o assunto é literatura negra, a intenção do projeto Mulheres Negras na Biblioteca é colocar obras de renome ao dispor do “público leitor”, fomentando desta maneira o mercado editorial e contribuindo para o deslocamento de autoras negras das margens para o centro do universo literário, combatendo dessa forma o racismo e o seximso sociais. Desta maneira, louvável sim é a contribuição destas estudantes de biblioteconomia e também de Ketty, ambas promo-
www.divulgaescritor.com | junho | 2020
Endereço da Livraria Africanidades: Rua Paulo Ravelli, 153 - Vila Pita - SP - CEP: 02478 - 040
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