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Junho 2009 // Eur 3.95

A tua inspiração artística

FIBD ALMADA

Fotos da exposição

ARQUITECTURA DINÂMICA

Conheca a nova era da arquitectura

DESIGN

Conheça as suas variedades

JOSÉ MARIA FERREIRA Um olhar sobre a objectiva

EXTRA! Guia básico de iniciação na Fotografia Digital Portugal Eur 3.95


índice NA CAPA

FOTOGRAFIA

Um olhar sobre a objectiva 8 AGENDA FOTOGRÁFICA 14 EXTRA Iniciação na Fotografia Digital FOTOREPORTAGEM Guarda 22

DESIGN

Variantes do Design

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ARQUITECTURA

ENTREVISTA João Rodolfo 26 ARTIGO OPINIÃO Discrepâncias reais: Centro Rural ou Urbano 31 Casa da Cascata Arquitectura Dinâmica 32

ILUSTRAÇÃO

Um prodígio a Nippon: Tiago Ribeiro 34 FIBDA Fotografias da exposição 36 Arte digital e computacional 46

ESCULTURA

Sachiko Kodama: A arte do ferrofluído Escultura: A teoria da prática 50

MATERIAIS

Materiais de desenho

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JOSÉ MARIA FERREIRA 30

Um olhar sobre a objectiva

“desde sempre que sou um grande admirador de fotografia, na óptica do observador” Vinte e dois anos apenas, dois anos de fotografia, e José Maria Ferreira é já um excelente estreante profissional. A paixão corre-lhe nas veias desde pequenino. Porém, como qualquer criança, também a paixão tem tempo de crescer. pg. 8


editorial O interesse espontâneo do adolescente é por vezes escasso para a diversidade de matérias existentes. A puberdade fascina o pré-adulto fazendo-o perder-se na procura da comunicação social. Dados de valor, perseverança, amizade, são postos à prova instantaneamente. Afinal falta descobrir todo o mundo à sua volta. Durante a fase de procura pessoal e social, o adolescente perde olhos ao importante valor cultural. Valores que deveriam ser impregnados na vida escolar, são escasseados no caminho do estudante. Este caminho é realizado de olhos fechados e por vezes são realizadas decisões desmedidas. A cultura e informação são um passo para a inspiração, para o crescimento do ser enquanto profissional. Estas matérias precisam ser impregnadas no contexto social e educativo do adolescente. Há caminhos que podem ser evitados, outros que podem ser descobertos. O nosso dever é dar informação, oferecer cultura, mostrar caminhos. São matérias de interesse obrigatórias do estudante de Artes Visuais, que merecem ser ouvidas. Procuramos fazer crescer. A tua inspiração artística.

ficha técnica DIRECÇÃO Sofia Gralha

FOTOGRAFIA Sofia Gralha

REDACÇÃO Catarina Miragaia Daniela Ribeiro Jorge Fomes Leila Gonçalves Sofia Gralha

PERIOCIDADE Única

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EDIÇÃO GRÁFICA Sofia Gralha

EDIÇÃO Junho 2009


fotografia

JOSÉ MARIA FERREIRA Um olhar sobre a objectiva

Vinte e dois anos apenas, dois anos de fotografia, e José Maria Ferreira é já um excelente estreante profissional. A paixão corre-lhe nas veias desde pequenino mas, como qualquer criança, também a paixão tem tempo de crescer. Pelas palavras do conceituado fotógrafo: “Desde

sempre que sou um grande admirador de fotografia, na óptica do observador”. A paixão manteve-se encoberta sob a pele de um nar-

“chego a sonhar várias vezes com composições, ambientes, detalhes.“

rador de genes já traçados. Como ele, também o pai sustenta o gosto desta arte. José Maria Ferreira deixou o fato de amador para entrar num conceito totalmente profissional. Estúdio, nova Canon 5D Mark II e um talento arrombador para amar esta arte para a vida, dia após dia.

wild style

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O mundo a teus pĂŠs


“... sou um grande admirador de fotografia, na óptica do observador.”

A luz que te ilumina

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Texto: Sofia Gralha

José encontra-se no último ano do curso de Artes Visuais na Universidade do Algarve e pretende realizar o mestrado de fotografia no IPF (Instituto Português de Fotografia). Ambiciona, prontamente, efectuar “alguns workshops para desenvolver alguns aspectos mais específicos/ técnicos”. Canon e “only Canon” são um adereço essencial no dia-a-dia do artista. Trabalhos via e-mail são os mais solicitados. Quanto a prazos, existe um certo conformismo assim como na exigência dos clientes, nada prende a sua paixão. A inspiração nasce a cada olhar, cada sensação, cada sonho. José revela-nos que “por vezes, a obsessão é tal que

Fotografia: José Ferreira

chego a sonhar várias vezes com composições, ambientes, detalhes. Sonhos que acabam, na maior parte das vezes traduzidos em fotografias.”

Para fazer fotografia é necessária uma câmara, é certo, mesmo até sem qualquer qualidade é possível fazer arte, mas é preciso sobretudo talento. Na opinião do autor “Há cada vez menos arte e cada

vez mais artistas...”

Amor amora

Para visualizar mais obras de José Maria Ferreira visite: Website: www.joseferreira-photographer.com Photoblog: www.olhares.com/josemariaferreira E-mail: joseferreira‐photographer@hotmail.com

“Há cada vez menos arte e cada vez mais artistas...”

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fotografia

AGENDA FOTOGRÁFICA Próximos eventos de fotografia

Les Rencontres d’Arles 2007

PARATY EM FOCO 2009 5a Festival internacional de fotografia 23 a 27 de Setembro de 2009 www.paratyemfoco.com

XVI ENCUENTROS ABIERTOS

LES RENCONTRES ARLES PHOTOGRAPHY Festival anual que decorre na cidade francesa de Arles entre Julho e Setembro. Considerado um dos maiores do género. 60 exposições 7 Julho a 13 Setembro 2009 www.rencontres-arles.com

Festival da Luz - Argentina 16a edição Agosto 2010 www.encuentrosabiertos.com.ar

FESTIVAL OF LIGHT Associação de 22 festivais de fotografia ao redor do mundo. 8

12 Março a 25 Abril 2010 www.festivaloflight.net

FOTOFEST 2010

Contemporary U.S photography A mais antiga bienal de fotografia dos Estados Unidos, baseada em Houston, Texas. 12 Março a 25 Abril 2010 www.fotofest.org



fotografia

INICIAÇÃO NA FOTOGRAFIA DIGITAL

Guia Básico

A fotografia é uma arte que vive na alma de cada ser. Um deleite sobrenatural nas raízes de cada sonho, cada encanto, cada força. A essência de cada pormenor dentro da objectiva do coração. Mais que um processo mecânico, o bater de um clique.

“Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração.”

A fotografia pode ser classificada apenas como tecnologia de confecção de imagens. Um processo mecânico e extraordinário capaz de traduzir fielmente a realidade. Mas para os amantes da fotografia é tudo muito mais que isto. Arte é algo discutível e na fotografia também. Qualquer pessoa é capaz de fazer ‘clic’ e voilá – Fotografia. Mas é um pouco mais. Um pouco e tanto. No geral, a opinião de tais artistas consiste no sentimento. “Fotografar é colocar na mesma linha de

mira a cabeça, o olho e o coração.”

Contudo, para fazer ‘clic’, é necessário perceber todo um contexto muito complexo para simples amadores. Paixão é o primeiro passo é certo, mas o resto? É tudo o que explicaremos.

Qual é este processo?

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A criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando esta numa superfície sensível. Ou seja, por trás da sua máquina fotográfica, quando faz ‘clic’, um espelho é levantado, abrindo uma “cortina”. Daí o sensor é exposto á luz por uma fracção de segundos e a foto é registada, processo comum nas SLR.


Câmara Compacta É talvez a câmara que vê mais vulgarmente. Mais pequenas, fáceis de manusear e guardar. O processo é automático, clica no botão e a realidade é gravada. Também têm a opção manual, mas não chega á complexidade de uma câmara DSLR. Existem também as câmaras compactas a prova de água.

Câmaras DSLR Digital single-lens reflex (digital SLR ou DSLR) é uma câmara digital que utiliza um sistema automático de espelhos e um pentaprisma para enviar a imagem para o visor. Usam objectivas intermutáveis e o que se vê na ocular chega ali directamente através da objectiva e do pentaprisma. Não é possível compor a foto olhando pelo LCD mas, é sim necessário olhar através do viewfinder, tornando-se mais eficiente. Representação do sistema SLR. 1 - 4 Lentes 2 - Espelho 3 - Obturador 4 - Sensor 5 - Tela de foco 6 - Lente condensadora 7 - Pentaprisma 8 - Visor

Lentes/objectivas A objectiva é o elemento óptico que foca a luz da imagem no material sensível (filme fotográfico ou sensor digital) de uma câmara fotográfica. Permite controlar a intensidade da luz que a atravessa (abertura) através do diafragma, permitindo maiores ou menores exposições á luz. As objectivas podem estar embutidas no corpo da câmara (como numa câmara compacta) ou podem ser intermutáveis (como em câmaras DSLR). 11


Projecto da construção de uma objectiva de 50 mm.

No mercado pode visualizar diversas objectivas mas é necessário saber distingui-las. Existem as objectivas fixas, como as teleobjectivas, a normal e a grande angular; assim como as variáveis (zoom). Uma objectiva de 50mm diz-se uma objectiva normal e corresponde aproximadamente ao ângulo de visão do olho humano. Todas as distâncias focais inferiores a 50mm são consideradas grande angular, pois oferecem um maior ângulo de visão (para paisagens por exemplo), e as distâncias focais acima dos 50mm são consideradas teleobjectiva, pois têm um ângulo de visão inferior e aproximam a imagem (as utilizadas na macrofotografia). As objectivas variáveis permitem um intervalo de distâncias focais, como por exemplo 28-80mm, e são denominadas zoom. Estas objectivas possuem características de variadas distâncias focais, porém não necessariamente de diferentes tipos, como grande-angular, normal e teleobjectiva. As objectivas zoom podem abranger de 28 a 50mm, de 35 a 70 mm, de 50 a 135 mm, de 80 a 200 mm, sendo que algumas destas objectivas apresentam o recurso de macro.

Projecto da construção de uma objectiva grande angular

Normal 50mm

Grande angular

Teleobjectiva zoom

Projecto da construção de uma objectiva de 135 mm.

Distância focal

Projecto da construção de objectiva zoom 55 - 135 mm.

A distância focal de uma objectiva é a distância entre o centro óptico da objectiva e o seu ponto de foco (ou plano de filme) quando a focagem está ajustada no infinito. É expressa em milímetros e determina o ângulo que é coberto pela objectiva. Tem por finalidade dar ao fotógrafo várias opções de enquadramento, permitindo-lhe aproximar motivos distantes (focal acima dos 50mm) ou obter recuo suficiente em motivos muito próximos (com uma focal mais curta, abaixo de 50mm).

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Exposição A exposição correcta da imagem relaciona-se entre a abertura do diafragma e a velocidade do obturador da objectiva.

Diafragma O diafragma fotográfico é o dispositivo que regula a quantidade de luz que chega ao sensor. É composto por um conjunto de finas laminas justapostas que se localiza dentro da objectiva, e que permitem regular a intensidade de luz projectada no material fotossensível. Os valores do diafragma seguem uma escala como f/2.8, f/5.6, f/8 etc. Quanto menor for o número f, maior a quantidade que luz que ele permite passar. Tal como, quanto maior o número f, menor a quantidade de luz que passará pelo diafragma. Cada valor deixa passar metade da luz do que o precedente.

Escalas de aberturas do diafragma A actual escala de abertura utilizada é obtida através de: f = DF / A Onde: f é o valor do diafragma obtido DF é a distância focal A é o diâmetro da abertura, em milímetros

Diferentes aberturas do diafragma.

Diafragma e a profundidade de campo Os diferentes valores de abertura do diafragma geram diferentes efeitos de profundidade de campo, e consequente aparência de foco. Diafragmas mais fechados tendem a proporcionar um maior campo focado (ou nítido). Por outro lado, os diafragmas mais abertos tendem a fazer o oposto, desfocando o fundo. Uma abertura pequena (f/16 ou f/22) é utilizada em paisagens por exemplos com teleobjectivas. Já aberturas maiores (f/1.8, f/2) são utilizadas para retratos e macros.

100mm f/16

60mm f/16

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180mm f/16


Obturador O obturador é a cortina de protecção do filme ou do sensor que se desloca para deixar a luz se projectar na superfície sensível. Deste modo, a velocidade do obturador, determina o tempo de exposição, medido em avos de segundo e com a notação 1/500, 1/250, 1/125… etc. Quando accionado o disparador, a cortina abre. Quanto mais tempo aberto, mais luz entra. Encontra-se embutido no interior do corpo da câmara após o diafragma. De 1/250 para cima são consideradas velocidades altas, utilizadas para fotografar movimento e congelar essa acção. Em motivos estáticos é possível utilizar um tempo de 1/30 ou menor. Com uma teleobjectiva, a instabilidade da câmara é mais notável do que com uma grande-angular, por isso, quanto maior for a objectiva, maior será a velocidade de obturador necessária. Além de “congelar” a acção, a velocidade do obturador permite criar efeitos que sugerem movimentos, ou efeitos especiais com o zoom. Os valores da velocidade do obturador são inversamente proporcionais aos valores de abertura do diafragma, isto porque, o tempo de exposição diminui proporcionalmente para compensar a maior entrada de luz.

Tempo de exposição 1/2 1/4 Abertura 33 22

1/8 16

1/16 11

1/30 8

1/60 5.6

1/125 4

1/250 2.8

1/500 2

1/1000 1.4

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Texto: Sofia Gralha

Formatos de ficheiro

Fotografia: Sofia Gralha

JPEG Joint Photographic Experts Groups é uma norma de compressão de fotografias, usualmente chamado tipo de formato de ficheiro. É o formato de arquivo mais comum e de menor tamanho pois, este descarta alguma da informação da imagem ao ser gravada TIFF Um formato de ficheiro em alternativa ao JPEG que cria um ficheiro com toda a informação recolhida pelo sensor de imagem e processada pelos circuitos da máquina. RAW O RAW, termo em inglês para “cru”, trata-se da capacidade de gravar a informação directamente disponibilizada pelo sensor com o mínimo de pós-processamento possível. O ficheiro resultante é de dimensão inferior ao TIFF mas bastante superior ao JPEG.

Alguns Conceitos Histograma O histograma é uma curva, um gráfico, que mostra a luminosidade da imagem. Indica se a foto tem a exposição correcta ou não e, onde conseguimos mais detalhes (sombras, meio-tons ou brilhos).

Noise O efeito de pontinhos coloridos que podemos visionar nas imagens trata-se do noise ou ruído. Ocorre devido á qualidade dos sensores, capacidade de processamento da câmara, luz insuficiente e ISOs. Quanto maior o ISO mais pontinhos veremos e menos nitidiz teremos. Noise reduction é exactamente a redução deste efeito por processamento interno da câmara ou no computador.

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Zoom óptico e zoom digital O zoom óptico caracteriza-se por aquele em que a fotografia não perde qualidade. Já o zoom digital, oferecido por muitas câmaras, traduz-se por uma ampliação do software de uma secção central da imagem. Esta ampliação degrada a qualidade fotográfica.

Original

10x óptico

10x digital

Macro A função macro permite fotografar em planos muito aproximados, nalguns modelos de câmaras, conseguem ser inferiores a 5cm. Nas câmaras compactas este modo apresenta-se por o símbolo . Nas DSLR este modo depende essencialmente da objectiva usada. Objectivas com distâncias focais a 50mm são as apropriadas.

Sofia Gralha . photography

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fotografia Texto: Sofia Gralha

FOTOREPORTAGEM GUARDA

Fotografia: Sofia Gralha, Daniela Ribeiro, Leila gonçalves, Jorge Gomes, Catarina Miragaia

FORTE

A Guarda é um cidade situada na região centro de Portugal, com mais de 800 anos. É a mais alta de Portugal, tendo lugar no último contraforte Nordeste da Serra da Estrela, a 1056 metros de altitude. É considerada a cidade dos 5 f’s, Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa.

Jardim da Alameda

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Catedral S茅

Igreja da Miseric贸rdia

FARTA

18


A cidade mais alta de Portugal

Interior Catedral SĂŠ

Solar de AlarcĂŁo

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Loja Coisas aqui

FRIA

Solar de Alarc達o

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Jardim de Alameda


Teatro Municipal da Guarda

Café Concerto

21 Exposição TMG


FIEL Foieur TMG

Grande audit贸rio TMG

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Cidade dos 5 f’s

Rotundo do G

FORMOSA

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Blibioteca Nova


design

VARIANTES DO DESIGN

Design de engenharia O design de engenharia consiste no estudo e verificação prática de protótipos de máquinas, engenhos, estruturas e sistemas mecânicos, químicos, biológicos e energéticos mais ou menos complexos. Este baseia-se em determinações muito precisas e bem definidas da ciência e da técnica, geográfica e historicamente disponíveis, sem interferências de ordem simbólica.

Design de comunicação Está vocacionado a resolver, a nível funcional e estético, problemas de transmissão massiva de informações visuais, tais como texto, pictogramas, símbolos, logótipos, imagens, etc.

Design gráfico Quando o media a ser utilizado pelo design de comunicação é a imprensa, diz-se que estamos perante um objecto de design gráfico.

Sinalética

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A sinalética é uma das áreas de design que tem por objectivo a resolução de problemas de transmissão de informações muito concisas e de carácter imediato, ou seja, sem se servir dos media, recorrendo à criação de um sistema que dê unidade e elimine contradições no conjunto dessas informações. Esta resulta da convergência de técnicas da comunicação, da psicologia da forma, do design gráfico e do design de equipamento interior e urbano. Os princípios gerais da sinalética devem ser: rapidez e facilidade de leitura, eliminação de significação dúbias e resolução coerente e estética dos sistemas.


Texto: Leila Gonçalves

Design de interiores

Pretende dar coerência e funcionalidade aos elementos a integrar num determinado espaço previamente destinado a um objectivo.

Design de mobiliário e equipamento

Se destinado à produção industrial (ou em série), considera-se design industrial. Se todavia houver paços artesanais na produção dos seus objectos, então toma a designação própria de design de mobiliário e equipamento. Este tipo de design associa-se ao design de interiores.

Design de pesquisa Investiga e estuda formas e sistemas funcionais naturais (como no caso da biónica) e especulativos, criando modelos artificiais para eventuais aplicações ajustáveis à solução de problemas que venham a surgir. Pode considerar-se o design de pesquisa como um banco de modelos a que se pode recorrer tentando aí encontrar soluções que se ajustem a cada problema particular que surja. O design de pesquisa, dadas as suas característica de, à partida, só possuir objecto de investigação e se achar desprovido de objecto de aplicação, ou destinar-se a qualquer design, nomeadamente industrial ou de engenharia. Este tipo de design dada a diversidade de orientações que pode ter, apoia-se num leque muito vasto de estudos científicos e técnicos, estéticos e plásticos.

Biónica A biónica é uma disciplina que investiga sistemas do mundo biológico, com vista ao seu entendimento e permitindo, por analogia, aplicá-los no campo da engenharia ou do design.

Biodesign Qualquer projecto de design parcial ou totalmente solucionado com o apoio da biónica. Nessa medida, é possível afirmar que a biónica está para o biodesign como o design de pesquisa para o design.

Re-design

A alteração das condições tecnológicas e do equipamento industrial estão na origem do processo de re-design. Sempre que surge uma nova tecnologia, uma nova matéria-prima, novos processos de produção, muitos objectos até aí feitos com outra tecnologia, outra matéria-prima ou outro processo, podem ser redesenhados.

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Este deverá também criar melhoramentos quer a nível do desempenho das funções que objecto anterior preenchia, quer pela diminuição dos custos de produção, quer ainda por vantagens ecológicas.

Paradesign Design, para alem das técnicas específicas de produção e comercialização dos diferentes objectos e a manipulação que os materiais exigem, apoia-se igualmente nalgumas técnicas praticamente comuns a todos os seus ramos. As principais são a metodologia, a ergonomia e a antropometria.

Antidesign Na produção industrial acontece haver objectos que são a expressão de desequilíbrio entre a sua funcionalidade ou valor de uso e a sua imagem. Tal sucede em objectos cuja forma solicita o comprador, sugerindo-lhe capacidades ou inovações de que na realidade não dispõem.

Metadesign O desenvolvimento de métodos e técnicas projectuais do design, acrescido da diversificação cada vez maior que este tem vindo a ganhar, leva-nos a admitir relevância e a actualidade de um metadesign. Este é o panorama de preocupações políticas, sociais, históricas, macroeconómicas, ecológicas e culturais onde se desenrolam os problemas projectuais dos diversos campos de design. Só inserindo a actividade projectual na solução das contradições da esfera do metedesign se pode fazer realmente design.

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arquitectura

JOÃO DE SOUSA RODOLFO

Entrevista

João veste o papel de professor universitário na Universidade Lusíada de Lisboa, mas não poderia deixar de ser profissional de projecto na sua empresa de arquitectura Traçado Regulador. Ele conta-nos tudo sobre o complicado mundo da Arquitectura. Onde fez o seu curso de arquitectura? O meu curso de arquitectura iniciou-se na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (ESBAL) em 1979. Na altura era uma das duas escolas que ministravam este curso. O outro curso era ministrado na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Mais tarde, durante a frequência do meu 5o ano, o Departamento de Arquitectura da ESBAL é transformado em Faculdade de Arquitectura passando a integrar a Universidade Técnica de Lisboa. Deste modo, é esta instituição que acaba por emitir o meu diploma de licenciatura em 1984. A escola funcionava no antigo Convento de São Francisco, no Largo da Biblioteca Pública (ao Chiado), bem no coração de Lisboa. As instalações eram precárias, mas a atmosfera que se vivia naquele vetusto edifício e o ambiente urbano da Baixa/Chiado compensavam largamente essas carências.

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Considerou o curso trabalhoso? Na verdade o curso de arquitectura é um pouco trabalhoso. O trabalho na cadeira nuclear – Projecto – é ao mesmo tempo estimulante, porque se trata de um desafio constante, de um convite à descoberta,


mas também extremamente exigente em termos de tempo dedicado e quantidade de trabalho realizado. Não existe uma limitação objectiva no que diz respeito à investigação, por nós realizada, para a realização de um determinado projecto. Para mim, foi ainda mais penoso, pois começei a dar aulas ao ensino secundário no meu 2º ano, o que limitou seriamente o tempo disponível para os estudos.

Considerava-se um bom aluno? No liceu, eu era um excelente aluno. Na universidade não fui tão bom, pelo facto de trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Ainda assim, posso dizer que nunca tive uma única cadeira em atraso, que me formei com média de 16 valores e que fui convidado para assistente no final do curso.

Sempre foi o seu sonho tirar arquitectura? Não se trata bem dum sonho mas de uma personalidade que se vai talhando no nosso processo de crescimento: uma certa sensibilidade pelas coisas da arte; um gostar de poesia com 10 anos de idade; um interesse diletante por várias coisas – arte, ciência, técnica; um desejo de fazer, construir coisas, imaginar novas soluções; a influência dos familiares (…”ai o menino tem tanto jeito para o desenho!”…); a influência marcante da personalidade de alguém que nos é próximo (no meu caso o arquitecto Cândido Palma de Melo, um grande amigo). Mas depois disto tudo, a arquitectura também é uma actividade que faz de nós pessoas realizadas. Projectar um edifício é quase como fazer um filho – o projecto é algo que nasce e cresce dentro de nós, na nossa imaginação e sempre em diálogo com o papel; depois a obra sedimenta as nossas ideias em matéria e o edifício nasce – é algo que prolonga o nosso ser no mundo, que perpetua a nossa existência, ou que, pelo menos, a prolonga no tempo.

Diga-nos mais sobre o seu curriculum.

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Desde que concluí o curso de arquitectura que a minha vida se divide entre a actividade profissional como arquitecto e carreira académica, isto é, a actividade de docência universitária com tudo o que ela implica. Assim, posso dizer que comecei a minha actividade como arquitecto logo que terminei o curso – fui convidado para trabalhar no atelier do arquitecto Ramos Chaves. Uns meses mais tarde, comecei a ter pequenos projectos que desenvolvia individualmente, em horário não laboral. Em 1986 constituí um atelier em sociedade informal com um arquitecto


paisagista – João Ferreira Nunes. Desde então e até à constituição da Traçado Regulador, trabalhei como profissional liberal. Os projectos em que trabalhei estendem-se por várias áreas – industria, comércio, hotelaria, habitação, cultura, equipamentos sociais, etc. Quanto á carreira académica – em 1984 começei por dar aulas de Geometria Descritiva na Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Em 1986, fui convidado para dar aulas da mesma cadeira na Universidade Lusíada, Departamento de Arquitectura. Entre 1987 e 1990 dei aulas da cadeira de Projecto na mesma Universidade, tendo regressado, por minha vontade, à cadeira de Geometria. Neste momento sou Coordenador Científico desta área nos cursos de Design e de Arquitectura. Sou também membro do Conselho de Coordenadores e do Conselho Escolar da Faculdade de Arquitectura e Artes. Sou membro do Conselho Pedagógico da Universidade Lusíada de Lisboa. Sou mestre em Teoria da Arquitectura e concluo neste momento o meu doutoramento.

Há quantos anos é professor na Universidade Lusíada? Há 22 anos – desde 1986, até hoje.

Como surgiu a ideia de criar uma empresa? A ideia de criar uma empresa está relacionada com o crescimento da actividade. Começamos a ter mais trabalho e mais pessoas a trabalhar na nossa dependência, mais necessidades de espaço, enfim, a estrutura começa a ficar mais pesada e a necessitar de uma organização mais eficaz. Por outro lado, colocam-se ainda outras questões para além da organização: as questões de imagem e credibilidade perante determinados clientes e as questões fiscais (os impostos).

Que ajudas lhe foram disponibilizadas no início desse projecto? A vida ensinou-me a não esperar por ajudas externas. Devemos acreditar nas nossas capacidades e não esperar que o subsídio nos caia do céu. O crescimento é um processo natural quer na vida quer nas empresas – não se nasce grande. O crescimento deve ser sustentado. Nesta actividade é a experiência adquirida ao longo de vários anos e vários projectos que constitui o principal capital da empresa. 29


Foi difícil entrar no mercado de trabalho? É sempre difícil. Penso que em qualquer actividade é difícil entrar no mercado de trabalho. A sociedade é cada vez mais exigente e selectiva. Mas, como costumo dizer aos meus alunos, para conquistar o sucesso basta querer e crer, isto é, ter vontade de … e acreditar.

Como nasceu o nome da empresa?

Normalmente, que tipo de projectos são mais solicitados? Os projectos mais comuns são os de habitação, quer individual, quer colectiva. Contudo, vamo-nos tornando conhecidos em determinados sectores onde a nossa actividade foi bem sucedida. Comigo aconteceu isso inicialmente com os projectos comerciais – fiz umas dezenas largas de lojas. Actualmente somos conhecidos como especialistas em equipamentos sociais – creches, pré-escolar, lares de idosos, centros de dia, centros de cuidados continuados (os chamados hospitais de retaguarda). Também fazemos bastante habitação e alguma hotelaria.

Poderia aqui inventar uma história extraordinária sobre o nome da empresa. Contudo o que aconteceu foi quase um acidente. Tinha uma lista de cerca de 50 nomes possíveis que levei ao Registo Nacional de Pessoas Colectivas – nenhum servia. Disseram-me que eram confundíveis, vocábulo comum, etc. etc. Comecei então a tentar lembrar-me de coisas relacionadas com a arquitectura e do próprio processo de concepção e formalização do projecto. Quando falei em Traçado Regulador, que é o traçado geométrico que suporta a forma e o espaço e as suas inter-relações no acto de projectar, a senhora que me atendia disse: “Olhe, essa serve”. E ficou Traçado Regulador.

Quanto tempo demora em média um projecto?

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Essa é uma pergunta difícil de responder. O projecto de arquitectura tem várias fases. Primeiro é definido o Programa Base, que corresponde a um determinado conjunto de exigências funcionais e de outras naturezas a que o edifício terá de responder. Depois passa-se à fase de Estudo Prévio, onde são delineadas as características fundamentais do projecto, implantação, volumetria, articulação com o terreno e a envolvente, articulação funcional. Aprovada esta fase, passa-se à fase de Anteprojecto que corresponde à completa definição espacial do edifício e que é alvo de apreciação por parte da câmara municipal e por outras entidades envolvidas no processo de licenciamento. Após a aprovação camarária do projecto, o arquitecto terá de coordenar a execução dos projectos de especialidades, entregues a engenheiros especialistas – Estruturas, Electricidade, Águas e Esgotos, Gás, Térmica, Acústica, Instalações Mecânicas, Ar Ventilado e Ar Condicionado e Arranjos Exteriores. Depois de receber e compatibilizar estes projectos com o seu projecto de arquitectura, o arquitecto produzirá o projecto final, que servirá para a construção – o Projecto de Execução. Se contabilizarmos os tempos de execução dos vários projectos que estão a cargo dos arquitectos poderemos ter tempos que oscilam entre os 60 e os 180 dias.


Texto: Sofia Gralha, Daniela Ribeiro, Catarina Miragaia

Quanto custa em média um projecto de arquitectura? O preço é função da área de construção e da complexidade do edifício. Existe uma tabela de referência para esse cálculo. Os valores são muito variáveis. Por outro lado, também funcionam as leis da concorrência – pode-se comprar um projecto barato, “de plástico na loja do chinês ali na esquina”, ou um projecto de excepção, de elevadíssima qualidade, mas mais caro. Normalmente, a segunda opção, dados os montantes de investimento que estão em causa. É a mais segura para o investidor. Infelizmente ainda existe muita gente que não entende essa diferença de qualidade à partida e, só depois da construção acabada, consegue reconhecer o logro em que caiu.

Que apreciação tece da arquitectura que actualmente se faz em Portugal? Penso que temos cada vez mais arquitectos que produzem uma arquitectura de qualidade. Contudo as politicas de gestão do território, designadamente, a gestão urbanística é, quanto a mim, absolutamente desadequada, desumanizando as cidades, que são geridas enquanto máquinas geradoras de fluxos funcionais e não como espaços onde a vida acontece, onde as pessoas se encontram e interagem.

O que mais aprecia no seu trabalho? A ausência de rotina. A possibilidade de inventar, criar, fazer coisas novas. O reconhecimento público da qualidade do meu trabalho. O facto de me poder prolongar no mundo através das minhas obras.

Aceitam estagiários na sua empresa? Sim. Aceitamos todos os anos novos estagiários. Temos neste momento 3 estagiários. Recebemos diariamente candidaturas via email. Infelizmente não conseguimos dar acolhimento às largas dezenas que pretendem estagiar connosco.

Na sua opinião, o que espera de um jovem recém-licenciado em arquitectura? Abertura de espírito, disponibilidade para aprender, vontade, muita vontade, profissionalismo em cada acto da sua actividade, superação das expectativas.

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Quero agradecer a vossa iniciativa e o interesse demonstrado por esta profissão tão nobre e tão antiga e que acarreta uma enorme responsabilidade social. Quero também manifestar o meu desejo de boa sorte na vossa vida futura e pedir-vos para nunca deixarem de acreditar nas vossas capacidades. O ser humano é algo de verdadeiramente excepcional e capaz das maiores proezas – essa capacidade está em cada um de nós sem qualquer excepção. Se quiserem vir a ser arquitectos, lembrem-se que poderão vir a ser os melhores arquitectos do mundo. Lembrem-se: basta querer… e crer. Até sempre.


arquitectura

DISCREPÂNCIAS REAIS Centro Rural ou Urbano

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A cidade da Guarda foi fundada em 1197 quando era uma pequena fortificação denominada de Torre Vella. Assim como o nome indica, a sua função era de controlar as fronteiras frente a possíveis invasões. Desta forma D. Sancho I concede-lhe o Foral em 1199 e em 1203 reverte-se em Sede Episcopal. Assim a sua escassa população começa a incrementar-se e a cidade inicia o caminho para converter-se num Centro Urbano e de poder. Em 1835 é elevada a categoria de Capital do Distrito iniciando-se assim uma etapa de grande transformação. Tem lugar um processo de melhoria e modernização das infra-estruturas e vias de comunicação que até então pareciam conduzir ao isolamento inevitável da região. É conhecida também pela cidade dos cinco efes: Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa. Fria, esta terra pacata, é a mais alta de Portugal, tendo como ponto de visita obrigatória a Serra da Estrela. Capital de distrito da Beira Interior, a Guarda é uma cidade que actualmente conta com 809 anos de história. Apresenta um extraordinário património histórico artístico e cultural, que tem como maior referência a Sé Catedral. Actualmente, o centro histórico está a ser reabilitado, mas persiste uma invasão da arquitectura moderna. Esta corrente estética entra em choque com a antiga arquitectura característica da região. Este brusco contraste afecta significantemente a marca histórica da edificação local. Temos como exemplo disso a recente construção do primeiro grande centro comercial da Guarda – VIVACI. Em pleno centro urbano da cidade e apresentando uma infra-estrutura de arquitectura


Texto: Leila Gonçalves, Sofia Gralha Fotografia: Sofia Gralha

moderna, esta edificação ergue-se como uma mancha na paisagem. Apesar de ser apenas um edifício perante os vários que constituem a zona histórica, as características da corrente moderna são colossais ao ponto de se sobreporem aos marcos históricos e característicos da região. Sendo uma região na qual dominam estruturas erguidas em granito, os edifícios modernos que não são submetidos a um regionalismo crítico, de modo a serem inseridos visualmente no local, tornam-se uma alienação arquitectónica. Contudo, ao passar ao interior do edifício, deparamo-nos com um espaço agradável e acolhedor dentro de um mundo modernizado, opondo-se a um mundo urbano do outro lado da Avenida dos Bombeiros Voluntários, local onde se podem observar duas correntes estéticas tão dispares.

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Fallingwater house

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A casa da Cascata, situada perto de Pittsburg, no estado da Pensilvânia nos Estados Unidos, foi construída em 1936. Projectada pelo Arquitecto Frank Lloyd Wright, esta casa, utilizada hoje como museu, era originalmente uma residência para férias na posse da família Kaufmann. Edificada no interior de uma propriedade da família, a casa encontra-se rodeada por uma verdejante paisagem, que transmite tranquilidade e serenidade. A particularidade desta casa é o facto de estar construída sobre uma pequena queda d’agua.

Texto: Daniela Ribeiro, Catarina Miragaia

arquitectura

CASA DA CASCATA


arquitectura

Texto: Sofia Gralha, Daniela Ribeiro

ARQUITECTURA DINÂMICA

Uma nova era de Arquitectura está a chegar

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David Fisher, um revolucionário arquitecto italiano, é o criador de um novo conceito. Relacionando a modernidade com a natureza, é introduzida uma quarta dimensão à arquitectura: o tempo. Estamos a falar, portanto da inovadora arquitectura dinâmica. É através desta nova arquitectura que surgem edifícios como os Buildings in motion, que apresentam uma edificação “projectada pela vida... e formada pelo tempo” (pelas palavras do criador) que ostenta uma estrutura em constante mudança. Estes edificios consistem em torres compostas por diversos andares que se movimentam independentes uns dos outros numa velocidade e momentos diferentes. São conseguidas, deste modo, formas completamente dissemelhantes. Totalmente construídos em fábrica e compostos com elementos pré – montados, montados no local, presas a um tronco central fixo em cimento, proporcionam uma fácil montagem, uma redução do tempo de construção e dos custos. Buildings in Motion são capazes de produzir energia não só para as próprias necessidades mas também para a exigência de toda a vizinhança. São, portanto, auto-suficientes estando em total ligação com o ambiente. Esta energia é conseguida graças a turbinas eólicas entre cada dois pisos, e a painéis solares instalados. Estes edifícios “verdes” apresentam um alto nível tecnológico e alta capacidade de acabamentos, proporcionando uma melhor qualidade de vida. Os apartamentos mais luxuosos, as “villas”, vão ter cerca de 1000 m² de área, fabricados e modificados segundo as exigências do cliente. Possuem os mais diversos “mimos”, incluindo a possibilidade de estacionar dentro do piso, graças a um elevador que leva o carro até à


porta de casa. Contam também nos benefícios desta arquitectura, a ausência de rumor, fumos e pós. Serão instaladas, no tecto de cada andar giratório, células Foto voltaicas que, na exposição à luz do sol, produzem, igualmente, energia eléctrica. Graças ao sistema de rotação, esta exposição pode alcançar o seu máximo. No total, toda a construção será, no mais possível, amiga do ambiente. Actualmente, estão em fase de idealização e construção, dois edifícios deste novo conceito. Uma torre de 80 andares, com várias funções, em Dubai e, uma de 70 andares, localizada na cidade de Moscovo como novo centro da capital Russa. Já é possível reservar o seu apartamento, colocando o próprio nome na lista de reservas para o primeiro arranha-céus giratório no Dubai. O inicio da construção está planeado para o final do ano e o seu acabamento está planeado para Dezembro de 2010. Os preços serão acima dos 3,000US$/m2, tornando-se entre um dos apartamentos mais caros dos Emirados Árabes, mas obviamente num edifício único e prestigioso.


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TIAGO RIBEIRO

Um prodígio à Nsippon

Tiago Ribeiro é um apaixonado pelo manga. Drangon Ball foi apenas o cataclismo de inspiração para uma paixão. Naruto, Bleach e outros títulos famosos neste mundo deram origem a uma influência que o faz continuar a trabalhar. Uma infância repleta de rabiscos de TV e de papel. Por diversão, refere ele, mas a verdade é que nasceu desde pequenino a ervilhinha para o manga e, desde há dois anos, a ervilhinha cresceu para dar essência a todos os papéis gravados por pó de grafite. Tiago encontra-se no 12o ano do curso de Artes Visuais. A tendência para as artes está por aqui comprovada mas, não é pelo ensino que este dom tem crescido e melhorado. “Tenho vindo a melhorar sim, mas pela minha dedicação a esta área”. A motivação é tanta que as horas diante do papel rasurado e com um lápis na mão se estende a cerca de sete horas diárias. Um exagero nos parece, mas como o ditado diz ‘Quem corre por gosto não cansa’. Pois é, o menino do manga ama esta arte de tal modo que deseja melhorar a qualquer custo. Destacar-se no mundo do manga dentro de dedos e traços japoneses é realmente uma dificuldade para um português. A verdade é que as probabilidades de se tornar um profissional na área “é de cerca de 30% em 100%, talvez menos” como diz Tiago. Não é por aqui que a vontade de crescer decresce em Tiago Ribeiro, mas é consideravelmente importante na escolha do seu futuro. Contudo, isso não impede Tiago de acreditar que, se a oportunidade de trabalhar na grande arte nipónica surja, ele seguirá esse caminho. 37


A opinião do artista sobre o manga em Portugal é realmente de um sentimento entristecedor. Esta arte ainda se encontra muito pouco reconhecida, é certo, o que acaba por esconder tantos artistas deste mundo. A irrelevância mostrada neste assunto pelo nosso país estende-se também aos preços e acessibilidade dos materiais frequentemente utilizados pelos mangakas - preços que no Japão são bem acessíveis se tornam em Portugal bastante elevados na carteira de qualquer um. Esperamos que um dia, prodígios como este sejam mundialmente conhecidos. (Talvez faça parte de nós realçar os Mangas de Portugal para lhes abrir caminho ao mundo dos desenhos animados japoneses.)

“sete horas diárias diante do papel”

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Texto: Leila Gonçalves, Sofia Gralha

“Tenho vindo a melhorar sim, mas pela minha dedicação a esta área”

Glossário: Manga – (漫画) é a palavra usada para designar as bandas desenhadas feitas no estilo japonês. No Japão o termo designa quaisquer histórias em quadrinhos. Vários mangas dão origem a animes para exibição na televisão, em vídeo ou em cinemas, mas também há o processo inverso em que os animes tornam-se uma edição impressa de história em sequência ou de ilustrações. (fonte: wikipédia) Mangaka – artista que cria e desenha manga Nippon – Japão 39


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19o FIBDA

Festival Internacional de Banda Desenhada Amadora

O FIBDA é um festival de Banda Desenhada realizado na Amadora, Portugal. Expõe artistas nacionais e internacionais anualmente e conta com a maior participação nacional nesta matéria de eventos. É um dos mais importantes certames europeus. Teve a sua primeira edição em 1990, tendo-se mantido ininterruptamente até hoje. Todos os anos é atribuido um tema ao festival e, são atribuídos prémios não só a obras levadas a concurso, como também relacionadas com o mercado da banda desenhada. Além da exposição das obras, realiza actividades diversas relacionadas com a 9a Arte como projecções de filmes e debates relacionados com o tema e de animação.

Realiza actividades diversas relacionadas com a 9a Arte 40


Texto: Sofia Gralha

Fotografia: Sofia Gralha

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É um dos mais importantes certames europeus


ilustração

ARTE DIGITAL E COMPUTACIONAL

Alexander Kharlamov Dark Disease

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Ao contrário dos meios tradicionais, na arte digital ou computacional, o trabalho é produzido através de meios digitais e virtuais, e tem como objectivo dar uma vida virtual às variadas coisas e mostrar que nem toda a arte é feita à mão. Na arte digital existem várias categorias, como por exemplo, pintura digital, gravura digital, programas de remodelação 3D, edição de fotografias, imagens e animação. Os vários resultados das obras de arte podem ser apreciados nas impressões em papéis especiais ou no próprio ambiente gráfico computacional, como é no caso das comunidades virtuais que se dedicam à divulgação da arte digital, tais como Deviantart, CGsociety e Olhares. A arte digital caracteriza-se por ser uma arte bidimensional (2D), que gera e interage os objectos num plano apenas (eixos x e y, e o eixo z é nulo ou zero). Está subdividido em imagens bit mapeadas (geradas


Texto: Jorge Gomes Fotografia: Alexander Kharlamov

através de mapas de bits) e imagens vectoriais (que dependem de vectores). Os artistas usam diversos materiais para elaboração de seus trabalhos, tais como, mesas digitalizadoras pois permitem mais liberdade de traço. Outros apenas utilizam estas técnicas para a realização de estudos iniciais que mais tarde irão originar um trabalho definitivo que não digital. A manipulação de fotografias é uma das principais áreas de expressão da arte digital. Consiste em manipular uma fotografia, sendo esta manipulação visível além de mudança de cores. Deve-se manter em mente que somente pode-se utilizar fotografias de “stock” (fotografias nas quais o autor especifica que tais podem ser utilizadas para trabalhos de arte de outros, não somente manipulação de fotos, mas também como referência para desenhos e pinturas, arte vectorial, modelos tridimensionais, e outros.) para realizar manipulações que não infrinjam as leis de copyright.

Alexander Kharlamov Balance

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Pintura digital ou ilustração digital, trata-se da elaboração de trabalhos por via de programas específicos para edição de imagem que simulam a pintura em óleo sobre tela, aguarela, carvão como muitas outras. Desenho digital é elaborado através de ferramentas virtuais que vão de encontro com as utilizadas na Arte Tradicional. É o aspecto mais conhecido da Arte Digital, constantemente confundido com a mesma. A Ilustração utiliza vectores permitindo assim a geração de excelentes resultados. Estas ilustrações gráficas caracterizam-se por utilizar vectores para definir as primitivas geométricas. Deste modo, os softwares registam para cada imagem uma informação matemática. Estes dados podem ser livremente acedidos e alterados a qualquer momento. Os gráficos vectoriais são usualmente mais versáteis pois permitem alteração nos desenhos produzidos, além de aumento de dimensões sem perda de qualidade. Entre vários softwares, surgem os mais conhecidos e práticos, como por exemplo, o Corel Draw, Adobe Illustrator, Macromedia FreeHand, Fireworks (software proprietário) ou o Inkscape (software livre). Alexander Kharlamov Reinventing the cello

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Alexander Kharlamov Let Me Make You My Way


escultura

SACHIKO KODAMA

A arte do ferrofluído - Da ciência à arte

Sachiko Kodama, uma japonesa que não satisfeita com a sua graduação em Física, decide frequentar um curso de Belas – Artes, e de seguida um doutoramento na área da Holografia e Arte Computacional. Kodama tem-se tornado conhecida graças às suas esculturas com ferrofluídos, estabelecendo assim uma ligação entre a Arte e a Ciência. O ferrofluido surgiu na década de 60, e foi primeiramente desenvolvido pela NASA, tendo como fim a criação de combustíveis que pudessem ser controlados na ausência de gravidade. É constituído por partículas microscópicas, em suspensão, de metais ferromagnéticos, sensíveis a campos magnéticos capazes de moldar a forma do mesmo. Como o líquido não retém a magnetização, assim que esta cessa, volta à forma inicial. A transformação deste líquido magnético, acontece através da interacção com o público e com os sons do ambiente, que captados por um microfone, são transferidos para um computador que os converte em frequências magnéticas e assim, o fluido pulsa e encontra-se em constante mudança. Foram estas características que captaram o interesse de Kodama e a fizeram, juntamente com Minako Takeno, desenvolver um projecto denominado de “PROTRUDE, Flow”. Neste projecto, a artista explora as propriedades plásticas dos ferrofluidos conseguindo assim, criar formas e padrões surpreendentemente belos, que surgem do nada para logo tornarem a desaparecer ou a assumir outras formas sob a acção de novos campos magnéticos.


Texto: Daniela ribeiro

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Torre mórfica de ferrofluido (12’’ x 8’’ x 8’’). Instalação artística de Sachiko Kodama (2006). Materiais: ferrofluido, electromagnete, controlador e base plástica


escultura

ESCULTURA

A teoria da prática

A escultura surgiu no Médio Oriente com a pretensão de copiar a realidade de forma artística, embora seja usada para representar qualquer coisa, o intuito maior é representar o corpo humano. É uma arte que representa imagens plásticas em relevo total ou parcial. Existem várias técnicas de trabalhar os materiais, como a cinzelação, a fundição, a moldagem ou a aglomeração de partículas para a criação de um objecto. Vários materiais se prestam a esta arte, uns mais perenes como o bronze ou o mármore, outros mais fáceis de trabalhar, como a argila, a cera ou a madeira. Embora possam ser utilizadas para representar qualquer coisa, ou até coisa nenhuma, tradicionalmente o objectivo maior foi sempre representar o corpo humano na sua perfeição, ou a divindade antropomórfica. É considerada a terceira das artes plásticas. A origem da escultura é baseada na imitação da natureza. No final do século VII a.C., os gregos esculpiam em mármores grandes figuras de homens. A escultura ganhou destaque no Renascimento, com a estátua de David, obra de Miguel Ângelo. 52


Texto: Catarina Miragaia

Fotografia: Sofia Gralha

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London, Victoria Memorial


materiais

MATERIAIS DE DESENHO Aerógrafo Aerógrafo é uma caneta de pintura com o funcionamento básico idêntico a uma pistola de pintura convencional, porém de proporções reduzidas, capaz de pintar detalhes com extrema precisão graças às suas características especiais de construção. Existem vários tipos de aerógrafos de diferentes marcas, mas todos com o mesmo funcionamento básico em que é necessário uma fonte de alimentação de ar.

Pena O traço da pena é uma afirmação directa e inequívoca da linha que, uma vez traçada, é fixa e permanente. Embora haja borrachas para tinta, em geral não se altera um risco feito à pena, ao contrário do que se faz com lápis. Trata-se de uma técnica definitiva em que a oportunidade de dar vida ao desenho é uma só. Esse desenho reflecte a concepção do artista em relação ao tema.

Caneta Pincel Tombow Possui 2 pontas, uma flexível similar a um pincel, e outra fina, como marcador. Com a ponta flexível é possível desenhar traços finos, médios e grossos. A tinta é livre de ácidos, assim pode ser usada em papéis neutros e fotografias sem danificar.

Colour Shaper

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Os Colour Shapers são ferramentas revolucionárias para a pintura, desenho e escultura. Inventados por artistas para artistas, os Colour Shapers combinam tradição com a nova tecnologia. Produzidas com virolas niqueladas sem emendas e cabos envernizados de madeira, oferecem a qualidade exigida pelos melhores artistas.


Texto: Catarina Miragaia

Super sculpey Super Sculpey é uma massa bem macia e flexível, que não seca em contacto com o ar e pode ser assada em forno doméstico para endurecimento - não é tóxica. Usada em animação quadro-a-quadro, maquetas, bijutarias, arte, artesanato em geral e outros. Esta massa é muito usada por profissionais dos efeitos especiais para criar maquetas durante a fase de criação do visual de personagens e criaturas.

Gesso acrílico Indicado para preparar tecidos e outras superfícies para pintura com tintas a óleo ou acrílicas. Bastante flexível, pode também ser utilizado para corrigir imperfeições e para criar efeitos de relevo em peças de madeira, gesso, cerâmica etc. Solúvel em água, tem acabamento opaco e secagem rápida.

Ponta de prata Lápis específico com ponta metálica permite desenhar sobre papéis especiais assim como a realização de linhas suaves e finas sobre trabalhos em pastel, hiper leve em madeira preta envernizada.

Korns Lápis Lápis litográfico preto para desenhar sobre a pedra calcária e metal. Graduação variada.

Mesa de luz Lightracer ou mesa de luz é uma caixa de luz de mesa, para transferência de imagem que pode ser usado em diversas aplicações. Como para visualizar, decalcar e transferir desenhos, ilustrações e imagens, mapas, gráficos, fotos, caligrafia etc.

Pirógrafo Profissional 55

Utilizado para gravações em madeira, cortiça, couro, veludo e vidro. Possui controlo electrónico, canetas de fenolite (é um laminado industrial, duro e denso), pontas diversas e chave de fenda.



Agradecimentos Prestamos os mais sinceros agradecimentos a todos os que colaboraram para a evolução e enriquecimento da revista. Sem eles a sua realização não seria possível. Professor António Cunha Direcção executiva da escola Secundária da Sé Arquitecto João Rodolfo Fotógrafo José Maria Ferreira Tiago Ribeiro Fotógrafo Alexander Kharlamov Teatro Municipal da Guarda: Sergio Currais - Cordenador de comunicação e imagem Anabela Lopes - Relações Públicas e frente da casa Editora Impala: Paulo Guerreiro - Director cordenador Toda a turma do 12oF



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