Revista Sotaques Brasil Portugal Nº 22 Janeiro / Fevereiro

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janeiro/fevereiro 2019 Nº22|Gratuito

André Czarnobai , o multifacetado do mercado editorial

Bretiney Rodrigues Homem Português

Reflexo

Itamar Vieira Junior Prémio LeYa 2018

Um Brasil, dez braseiros

Ellen Becker


Sotaques

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Reflexo O que vemos, como o vemos…será que somos apenas a imagem que aparece refletida no espelho? O reflexo, mais do que um fenómeno físico da luz, é a forma como olhamos para nós próprios e para o mundo. A nossa missão em 2019 é refletir o que de melhor se produz na nossa língua, cultura, pensamento e criatividade através do descobrimento deste mar digital, que liga todo o mundo. Somos aquilo que produzimos! Arlequim Bernardini

Índice 04 | Metamorfo

54 | Esse Rio É Minha Rua

06 | Salvador

56 | Um Brasil, dez braseiros

18 | Espelho

60 | Reflexos Fantasmas

21 | Gilmar Santos

62 | Aquilo que os candangos regurgitam; o manifesto do verdadeiro coração brasiliense.

22 | Capa Reflexo

64| Serginho Freitas

30 | André Czarnobai , o multifacetado do mercado editorial

70| Reflexos

36 | Moda e Natureza 44 | Itamar Vieira Junior Prémio LeYa 2018 48 | Bretiney Rodrigues Homem Português

72| São Paulo 465 anos 90 | Amor e Fama ou meu nome na lama 92| Porto Cidade Invicta

Colaboradores Portugal: Arlequim Bernardini , Agostinho Oliveira , António Almeida Santos, Bárbara Bernardini , António Proença . Colaboradores Brasil: Hernany Fedasi, Hebert Júnior , Pablo B.P. Santos , Rô Mierling, Laercio Lacerda , Diego Demetrius Fontenele , Alex Gomes .

Revista On-line Sotaques Brasil Portugal Propriedade: Atlas Violeta Associação Cultural ISSN: 2183-3028 - Tel. 351 917 852 955 www.sotaques.pt 3


Literatura

Metamorfo *Alex Gomes

De dia se chama João, À noite se chama Leona. Veste Black Tie e, colan Nenhum pouco cafona. Seu emprego paga bem, E vive como qualquer cara “normal”. Recebe prêmios sobre economia, E é exemplo no mercado atual. Seu outro emprego paga mal, Mas não o faz por dinheiro algum, Pois gosta do close e glamour, E o que a arte dá em comum. De dia se veste “normal”, À noite é Drag do “mal”. É o respeitado de dia, À noite, gera um hit fatal.

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Foto:Spaceman


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Brasil

Salvador *Hebert JĂşnior

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Farol d


da Barra

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Brasil

Largo do Cruze 8

Foto:Hebert Júnior


eiro de SĂŁo Francisco

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Brasil

Promessas ao

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Foto:Hebert JĂşnior


o Senhor do Bonfim

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Brasil

Igreja de São Francisco

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Foto:Hebert Júnior


Capela-mor da Igreja de SĂŁo Francisco

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Brasil

Forte 14

Foto:Hebert JĂşnior


SĂŁo Marcelo

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Brasil

Câmar

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Foto:Hebert Júnior


ra de Salvador

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Literatura

Foto: Alekcunder

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Espelho *Diego Demetrius Fontenele

Há uma beleza em você Que na maioria das vezes Outros olhos não conseguem ver E às vezes nem mesmo os seus. Será que é assim Tão difícil de perceber? Não se prenda a padrões Nem a opiniões alheias O que você vê no espelho Não é a sua real beleza. Tem muito mais O seu caráter Sua força de vontade Simpatia, inteligência A essência. Esses deveriam ser os parâmetros O reflexo que os outros Veriam em ti E que você mesmo teria Orgulho de ver Refletido no espelho.

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Portugal

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Gilmar Santos Hair Design

Gilmar Santos, um homem simples e humilde, um barbeiro corajoso com a ambição de vencer e fazer a diferença, almejando mostrar ao mundo o seu talento, saiu do Sertão da Baía deixando tudo para trás. Chegou a Portugal, apenas com a roupa do corpo e com uma mochila onde tinha os seus documentos, vindo com o propósito de vencer e alcançar as suas conquistas, com aquilo que sabe fazer de melhor: cortar cabelo e arte de hair design. Depois de muitos sacrifícios, teve a oportunidade de participar numa competição de Barber Shop, onde conquistou o primeiro lugar de Hair Design. Surgiulhe, assim, a chance de fundar a primeira Barber Shop Johnnie Black, em parceria com essa barbearia, convertendo-se na primeira loja de Portugal, divulgando os produtos e deixando os clientes satisfeitos com os resultados da marca Johnnie Black. Determinado a conquistar o mundo, já está a avançar com mais um grande projeto - abrir a segunda casa Johnnie Black, que promete continuar com a mesma qualidade de trabalho, de produto e com uma equipa qualificada para assim poder satisfazer o gosto dos clientes.

“Não basta somente ter talento, tem que se amar o que se faz!“

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Capa

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Reflexo *Laercio Lacerda

Do sul do Brasil, lugar de onde continuam a sair grande modelos internacionais brasileiras, Laércio Lacerda lança mais uma top model para o mercado português, Ellen Becker, que está na capa desta edição, refletindo luz e carisma por onde passa.

Foto: Laercio Lacerda | Modelo : Ellen Becker | Make Up: Pamela Hubner | Hair :Camila Souza | MAC Cosmetics Aline Lacerda

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Capa

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Foto:Laercio Lacerda


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Capa

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Foto:Laercio Lacerda


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Capa

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Foto:Laercio Lacerda


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Brasil

Arte: @soupartedacidade

AndrĂŠ Czarnobai, o multifacetado do mercado editorial *Pablo B.P. Santos

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Pablo B.P. Santos: a adaptabilidade da língua portuguesa, com o passar do tempo, chega a ser assustadora; a variação internetês tem sido uma dominante da oralidade e escrita dos jovens e adultos contemporâneos. Como a internet e a sua variação tem influenciado sua vida e aplicação de seu processo tradutório? André Czarnobai: bom, a minha vida foi afetada pela abundância de dialetos desde sempre. Meus pais vinham do interior do Rio Grande do Sul, e os pais deles vinham de lugares ainda mais distantes: África, Alemanha, Itália, algum ponto entre a Rússia, a Polônia, a Ucrânia e os países Bálticos. Eram muitos portugueses (e outras línguas) sendo falados ao mesmo tempo durante minha infância e adolescência - e talvez isso tenha preparado meu ouvido (e cérebro) para lidar constantemente com pequenos atos tradutórios de forma mais ou menos constante para me fazer entender e ser entendido ao longo da vida. Morei muitos anos numa região de Porto Alegre considerada pobre, e embora tenha estudado em colégio particular, foi o mais barato que meus pais conseguiram encontrar, no bairro da Glória, em Porto Alegre. Ali a convivência com novas camadas de dialetos se mostrou inevitável: foi onde me aproximei da cultura das ruas e de todas as suas vertentes (o jargão do crime, que mais tarde apareceria com naturalidade no rap, possivelmente o primeiro estilo musical do qual gostei muito, do qual gosto até hoje). Justamente por causa do interesse pelo rap, esse contato com gírias, jargões e dialetos se expandiu ainda mais ao longo da adolescência e primeiros anos da vida adulta: comecei a ter contato com as gírias de periferia paulistana e carioca e, em outro nível, as gírias de periferia novaiorquina, californiana, jamaicana, inglesa (essas duas últimas mais presentes no dancehall/ reggae e jungle/drum’n’bass). E paralelamente a isso tudo ainda tinha o videogame, com uma profusão de termos em inglês, que foi fundamental, ao lado da música, pelo meu processo de aprendizagem da língua.

Então, na verdade, pra mim a internet foi apenas um grande agregador disso tudo, de todos esses interesses. Foi um grande facilitador na busca por mais informação e no aprimoramento das habilidades. As mudanças que a rede imprimiu na linguagem, na minha opinião, não são tão profundas quanto alguns enxergam, mas aí pode ser um problema meu, uma falha em visualizar com isenção um movimento do qual faço e fiz parte desde o começo, inclusive colaborando para a implementação e disseminação de linguagens, construções e gírias. Ou seja, talvez eu não sinta isso de forma muito significativa porque me parece o natural. Sou totalmente a favor da adaptação da linguagem (aqui é linguística, não gramática, meu querido), vejo a língua como organismo vivo, quero mais que ela mude. Fora isso, pensando aqui, me dei conta de que é bastante raro que surja nos livros que traduzo a possibilidade de tradução de alguma gíria ou linguagem realmente atual, diga-se de passagem. Em primeiro lugar porque a maioria dos escritores adota uma mesma linguagem literária formal, neutra e quase padronizada; em segundo porque a maioria das histórias que eles contam estão localizadas em passados ou futuros remotos (ou ainda em tempos indefinidos por motivos diversos). Isso sem falar que existe um certo pudor nessa intersecção da literatura (especialmente a considerada “alta literatura”) com a linguagem coloquial contemporânea. Por outro lado, estou traduzindo nesse exato momento um livro que contraria totalmente todas essas máximas: “Lake Success”, do Gary Shteyngart. É altíssima literatura, rebuscada, virtuosa, grandiloquente, complexa, densa; ao mesmo tempo, infestada de gírias e referências bastante atuais (várias delas obviamente oriundas da internet). Outra tradução recente que também tinha uma linguagem muito afetada pela internet: os quadrinhos da Sarah Andersen, mas aí era um caso bem particular, uma vez que era uma compilação dos quadrinhos que ela publica justamente na internet.

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Brasil

Pablo B.P. Santos: notei que você possui uma gama ampla de opções quanto a aplicação da domesticação de expressões idiomáticas para o texto alvo; é preciso ter um bom conhecimento de nossa Língua Portuguesa para usar e ter ciência dessas tais expressões? André Czarnobai: sem sombra de dúvida. É preciso ter um bom ouvido, eu acredito. O texto traduzido, fatalmente, precisa parecer ter sido escrito originalmente em português - ou então foi feita uma má tradução (mais raramente, uma “má edição” ou “má preparação”). O tradutor precisa, antes de mais nada, falar e escrever muito bem em sua própria língua. E ser um bom leitor da língua estrangeira. Não acho pecados irreparáveis precisar consultar uma gramática para ajustar crases, porquês e regras para hifenização, por exemplo (até porque: a) pelo menos outras 2-3 pessoas revisarão o texto atentas para este tipo de deslize ao longo do processo; b) mas, se quiser entregar um trabalho mais polido, um texto mais final, qualquer dúvida, por mais cabeluda que seja, pode ser dirimida numa pesquisa de 45 segundos no Google). Mas tem que saber escrever. Tem que saber falar. Tem que conhecer os sotaques, os estilos, as estruturas da língua. Tem que saber fazer a equiparação. Isso é fundamental. O resto é dicionário. Pablo B.P. Santos: recentemente, vi alguns de seus Stories (Instagram) a respeito dos ditados populares brasileiros; “a propaganda é a alma do negócio”. Consegue configurar isso em sua carreira como tradutor? André Czarnobai: só teria caso os tradutores tivessem alguma visibilidade no Brasil, e não é o caso. Só recentemente algumas editoras brasileiras começaram a colocar o nome do tradutor na capa de um livro logo abaixo do nome do autor - o que é mais comum no mercado internacional - e mesmo assim em casos muito pontuais. Numa carreira de autor (como de qualquer tipo de artista e/ou celebridade), por outro lado, o ditado se encaixa perfeitamente. Pablo B.P. Santos: “Más notícias podem te atropelar como um trem. Elas podem te derrubar e te deixar estirado no chão, enquanto o resto das pessoas segue a toda velocidade”. Essa é uma citação de Lemony Snicket, traduzida por você em “Por que esta noite é diferente das outras”. Qual das citações do último volume de Só Perguntas Erradas mais chamou sua atenção?

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André Czarnobai: na verdade, nenhuma em particular. O Snicket tinha várias frases muito boas, é claro, como essa que tu citou, mas o que mais me pegava nos livros era a atmosfera incrivelmente sombria que o autor conseguia evocar. São livros noturnos, enevoados, embolorados. Isso era o que me chamava a atenção, e foi nisso que eu

foquei ao máximo na minha versão: tentar transmitir as mesmas sensações que ele havia transmitido no original. Basicamente com: escolha cuidadosa de vocabulário. Um trabalho meio difícil de explicar, até pode parecer meio abstrato demais, mas é aquilo: ler e reler palavras e seus sinônimos, procurar entender a etimologias e os parentescos, fazer uma busca pelos termos no Google, analisar as ocorrências e, no fim das contas, passar um longo tempo tentando responder se “lúgubre” é mais forte que “soturno”, por exemplo. Pablo B.P. Santos: uma organização “sem intenções estabelecidas”, que preza pelo compartilhamento do conhecimento através da literatura, constituída de pessoas nobres e inteligentes... Removendo todo esse conceito benéfico ostentado pelos 13 volumes de Desventuras em Série, para você, o que é o V.F.D.? André Czarnobai: nunca parei pra pensar nisso, pra ser muito sincero. Pablo B.P. Santos: Lemony Snicket foi uma criança que teve uma criação distinta das comuns, tendo sido “sequestrado” por uma organização secreta e vivendo o resto de sua vida em prol dela; suas perguntas, meio Pessach (cultura judaica), além do ar sério e sarcástico. Acha que alguma criança que leu “Só Perguntas Erradas” achou o protagonista engraçado? André Czarnobai: acho que nem um adulto acharia o protagonista engraçado. Como eu disse, são livros bem pesados, que tratam de temas muito sombrios, como fome, doença, miséria e abandono, de forma muito sutil, quase imperceptível. Se eu tivesse lido algo assim aos 13 ou 14 anos, acho que seria um troço muito revolucionário no meu entendimento do mundo. Agora, ao mesmo tempo que os livros falam desses temas todos de forma subterrânea e coadjuvante (disfarçando a atenção do leitor para um inimigo misterioso e alguns desencontros amorosos), tem também muita esperança e bons sentimentos ali. Uma obra bem agridoce. E cheia de referências. O Snicket é muito bizarro, de repente, do nada, pega três ou quatro ingredientes e faz um prato altamente específico (se não me engano é um orecchiette ao pesto). Pablo B.P. Santos: uma vez você citou que os “trabalhos surgem de maneira muito simples: uma tradução puxa a outra”. Além da referência pelo bom trabalho, acha que sua mudança para São Paulo ajudou nas propostas? André Czarnobai: não necessariamente. Minha mudança pra São Paulo tinha outros objetivos, inclusive profissionais, e nesse sentido, sim, a presença física ajudou muito. Para a tradução: difícil dizer. Frequentei bastante a sede da Companhia das Letras, mas não sei se foi isso que me trouxe os trabalhos. Talvez tenha ajudado mais o fato de eu sempre ter entregado meus trabalhos


com uma qualidade boa, dentro do prazo, sem maiores problemas. Por outro lado, nunca fui à Intrínseca (que fica no Rio de Janeiro), por exemplo, mas desde 2016, quando fiz o meu primeiro trabalho pra eles (“Breve História de Sete Assassinatos”, do Marlon James), venho emendando praticamente uma tradução na outra, de forma constante.

Pablo B.P. Santos: conte um pouco sobre o seu projeto de música eletrônica “Organizers” e o solo, “Evillips”, e as influências para ambos. André Czarnobai: Organizers e Evillips surgiram no finalzinho dos anos 90, quando eu e meu irmão tivemos o nosso primeiro computador em casa. Na época, ali por 98-99, nós estávamos ouvindo muita música eletrônica, principalmente o jungle, um ritmo nascido na Inglaterra que mistura vocais e linhas de baixo de reggae e dancehall com batidas aceleradas (de 160 a 180 bpm, o dobro do rap, por exemplo) e o downtempo (explicando grosseiramente, seria como um rap sem o vocal, só a base instrumental). Os Organizers (eu, meu irmão e um amigo nosso da Glória, o Castor) era um trio de jungle/drum’n’bass. Basicamente a gente fazia nossas músicas em casa, no computador, e depois queimava CDs pra tocar em casas noturnas. Já o Evillips era um projeto pessoal meu, de downtempo e experimentalismos em geral. Esse foi bem mais humilde, nunca me apresentei em lugar nenhum, quase ninguém conhece. Organizers chegou a ter uma pequena relevância na cena eletrônica de Porto Alegre. Tocamos em praticamente todas as festas, 33


Brasil

fomos residentes de um dos templos da música eletrônica local, o Neo Club (antigo Fim de Século, mudou de nome justamente quando o século efetivamente terminou), chegamos a fazer trilha sonora de comercial de rádio e curta para a TV, lançamos músicas em algumas compilações, chegamos a excursionar pelo Rio de Janeiro. Falar de influências é um pouco mais complexo porque abrange MUITA coisa, mas os Organizers era mais pra dançar, então ia mais na linha de Roni Size, Ed Rush and Optical, Ram Trilogy, DJ Zinc, Congo Natty, Ray Keith, Generation Dub, EZ Rollers, Remarc, Goldie, DJ Hazard, Total Science, Shy FX, Dillinja, Brockie and Ed Solo... Já Evillips tinha como base o rap mesmo, os instrumentais, mas misturava com várias outras coisas: música japonesa, música clássica, música psicodélica. E também outros ritmos, bossa nova, jazz, house, indie rock. Experimentalismo. Cabe um pouco de tudo.

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Pablo B.P. Santos: você participou do desfile da Cemfreio com a Natura no encerramento da São Paulo Fashion Week n.44; como surgiu o convite, e como é seu gosto e estilo de vestimenta? André Czarnobai: o convite surgiu em parte porque sempre me interessei por moda, mas principalmente por eu ser um homem branco ruivo - uma das nuances possíveis para essa cartografia visual de tipos brasileiros que a Natura e a Cemfreio quiseram fazer nesse projeto, chamado “Toda Beleza Pode Ser”. Meu estilo de vestimenta, mais ou menos desde o comecinho da adolescência é o mesmo, aquilo que chamam hoje em dia de “urbano”. Tênis, calça jeans ou de moletom, camiseta, moletom com capuz. Gosto de roupa mais larga: jaquetão, bermudão. Tem muito a ver com a influência dos vídeos e capas de discos de rap e dancehall com certeza, e acabou sendo reforçado pela cultura do drum’n’bass em seguida. Eu tendo a comprar e usar o que eu acho confortável e, portanto, prefiro evitar camisa, sapato, paletó, calça social.

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Moda

Moda e Natureza *Antรณnio Proenรงa

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Foto:Antรณnio Proenรงa


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Moda

Foto: Antรณnio Proenรงa | Modelos: Shelley Galindo e Vitor Moutinho | Stylist : Fernando Nogueira

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Moda

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Foto:Antรณnio Proenรงa


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Moda

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Foto:Antรณnio Proenรงa


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Literatura

Itamar Vieira Junior Prémio LeYa 2018

O romance Torto Arado, distinguido com o prestigiado Prémio LeYa em 2018, é uma narrativa de ficção sobre um Brasil profundo, um País que parte significativa dos cidadãos brasileiros desconhece. É também uma história protagonizada por mulheres camponesas açoitadas por nossas grandes desigualdades sociais. Essas desigualdades repercutem, definitivamente, no fracasso de nosso projeto de sociedade democrática, que deveria ter a justiça social como pilar fundamental. A história das irmãs Bibiana e Belonísia, camponesas que vivem numa região semiárida do Nordeste brasileiro, me acompanha há mais de 20 anos. Comecei a escrevê-la quando era adolescente - tinha 16 anos – e a interrompi depois de 80 páginas, por considerar que não tinha a maturidade necessária para escrever um romance. Depois, fui trabalhar para ajudar a minha família, já que meu pai havia ficado desempregado, e essa foi a minha prioridade nos anos seguintes. Mas, por esses mistérios do destino, que não saberia explicar, meu trabalho na última década tem sido com as populações rurais. O contato com esse rico universo fez com que a história voltasse a ocupar meus pensamentos.

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Li com muita curiosidade as declarações do júri para a imprensa, após a atribuição do Prémio. A grande poeta Ana Paula Tavares contou que, pelo protagonismo que as mulheres têm no romance, o júri teve dúvidas, até a abertura do envelope – já que a obra é submetida a concurso sob pseudônimo –, se o autor era homem ou mulher. De fato, as mulheres são as narradoras da história, contam-na em primeira pessoa, o que deve ter confundido o júri quanto ao gênero do autor. Mas para mim foi absolutamente natural assumir essas vozes, porque cresci numa família de mulheres que sempre tiveram protagonismo nos seus núcleos familiares. Mesmo sendo vítimas de uma sociedade patriarcal, elas dominavam o espaço do lar, muitas vezes o da rua, embora continuassem vítimas da violência. Escrever sobre o tema se impôs para mim, como se impôs a necessidade de narrar as outras muitas camadas de preconceitos que emergem na história.

Minha convivência com as vidas dessas personagens foi tão intensa que não consegui evitar escrever essa história com muita emoção. São histórias com raízes fincadas no nosso mundo, que é doloroso, cercado de relações de poder, principalmente quando se trata da vida de homens e mulheres negros, de seres humanos que lutam pelo direito básicos à sua sobrevivência. Por isso, foi um livro que exigiu coragem para ser escrito, principalmente porque, quando se trata do direito à terra, o Brasil não abandonou seu passado escravagista e colonialista. Segundo dados da Pastoral da Terra, 70 camponeses foram assassinados no País em 2017, por causa de conflitos por terra. Enquanto eu escrevia o romance, chegavam-me notícias sobre assassinatos de lideranças no campo, de pessoas que, por vezes, eu conhecia.

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Literatura

“ Torto Arado “ Saber que o romance Torto Arado foi agraciado com o Prémio LeYa foi uma das melhores notícias que poderia ter nos últimos tempos. Quando retornei para casa depois de um dia no hospital acompanhando meu pai – que veio a falecer poucas semanas depois do anúncio -, e atendendo à imprensa, dada a repercussão da distinção, não pude deixar de revisitar o texto e contemplar o significado que o romance passa a ter. Não só para minha carreira como escritor, mas porque tenho a esperança de que a história possa chamar a atenção dos leitores que estão além do Brasil para um drama humano que parece não ter fim. Tenho a esperança de que, assim como o romance chamou a atenção do júri, os seus leitores sejam tocados por essa experiência humana que permeia a obra e se faz universal.

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Homem Português

Bretiney Rodrigues Homem Português *Arlequim Bernardini

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Foto : Sérgio Santos


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Homem Português

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Foto : Sérgio Santos


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Homem Português

Styling - Barbie doll Marketers | Modelo : Bretiney Rodrigues | Foto - Sérgio Santos Produção - Departamento de Comunicação e Marqueting da Inditex

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Publicidade

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Barbeiro Gil

Tel. 966 364 965

Avenida Capit찾o Ant처nio Gomes da Rocha N.18 M Monte- Abra찾o- Queluz Avenida Magalh찾es Coutinho N.8 Loja 3 Colina dos Cruzeiros - Odivelas


Literatura

Esse Rio É Minha Rua * Hernany Feasi

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Foto:Hernany Feasi


Esse rio é minha rua Minha e tua Mururé Piso no peito da lua Deito no chão da maré Esse rio é minha rua Minha e tua Mururé Piso no peito da lua Deito no chão da maré Pois é, pois é Eu não sou De igarapé Quem montou na Cobra grande Não se escancha Em poraque Rio abaixo, rio acima Minha sina cana é Só de pensar na “mardita” Me “alembrei” de Abaeté Rio abaixo, rio acima Minha sina cana é Só de pensar na “mardita” Me “alembrei” de Abaeté Pois é, pois é... Me “arresponde” boto preto Quem te deu esse pixé Foi limo de maresia Ou inhaca de mulher? Me “arresponde” boto preto Quem te deu esse pixé Foi limo de maresia Ou inhaca de mulher? Pois é, pois é...

Composição: Paulo André e Rui Barata

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Brasil

Um Brasil, dez braseiros * Marlus Alvarenga

Puxuri - www.imgrumweb.com/hashtag/puxuri

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Foto: Marlus Alvarenga


Restaurante Dalva e Dito, São Paulo, Brasil.

Inicio esse artigo expressando um desejo imenso de libertar todos – inclusive a mim mesmo – da antiga prerrogativa piegas de que críticas são feitas em espaços onde o crítico quer inferir sempre negativamente ao criticado e, quando favorável, este está levando algo para si, em benefício. A origem da palavra, em grego kritikḗ - gerar crise, julgamento – é muito mais sobre uma perspectiva de atuação gastronômica (atuar com fomento e com fome, talvez) do que sobre um espaço específico. Isso pode e, por vezes, vai ser feito nos espações de produção, mas não se prende a isso. Aqui, na Sotaques, eu me colocarei em um lugar de fala como gastrólogo e escritor – mas além de qualquer instância, de comensal, consumidor – sensibilizando esse querer-mais-que-bem-querer do ato de comer. Uma curadoria de comidas – uma comedoria. Tenho observado um processo curioso e extremamente importante de revalidação dos clássicos da cozinha nacional – até sobre sua existência, tal qual um processo de resgate das memórias interiores e anteriores, das chegadas e partilhas familiares. Existe uma corrente muito coesa que tende a buscar nas origens nativas um espaço de identidade na nossa cozinha Brasil, buscando esse reencontro entre a “cozinha de vó” e a gourmetização dos restaurantes, aqui e no mundo.

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Brasil

Tenho me surpreendido diariamente por uma experiência única vivenciada este mês: um tour gastronômico complexo, com comidas do Brasil e do mundo, bares e cafés, fusion foods e comida de rua – qual vou contar aos poucos por aqui, ainda estou no meio do processo – por São Paulo, nossa maior e mais influente cidade do país, com cerca de doze milhões de habitantes – e milhares de espaços de alimentação –, o que me levou a um desses lugares de releitura urgente: o restaurante Dalva e Dito do chef renomado Alex Atala. Lá eu identifiquei, desde o couvert, essa alusão ao passado do próprio chef, com os picles na mesa central, um mix de pimentas, broa, pastas e manteiga, O restaurante também conta com receitas que utilizam insumos incomuns ao tradicional, tais como os cogumelos plantados e colhidos pelos Yanomami – tribo ancestral das terras ao norte da Amazônia, em comum entre Brasil e Venezuela, quais somente os indígenas sabem quais fungos podem ser comidos – e, em drinks e sobremesas, uma semente de árvore nativa amazônica, chamada puxuri, que chama atenção pelo inesperado aroma complexo entre o anis, a noz moscada e a canela.

O uso de produtos insumos do solo brasileiro através do conhecimento das regiões ao redor de nós mesmos, algo que compete a uma produção mais antiga que a colonização europeia das terras da América do Sul, tem se tornado uma tendência mercadológica e de consumo, com todo o hype sobre alimentação ancestral e mais “natural”. Porém, é comum notar que esses produtos e toda a sua riqueza ainda sofrem o contraste da mesa fast food nacional: uma plástica para fotos, um produto que poderia ter seu uso associado de forma mais tradicional e menos gourmet acaba chegando à mesa de alguns restaurantes cheio de tiques internacionais, o que não é o caso dos espaços assinados pelo chef Atala, que tem um cuidado em desenvolver de forma menos nociva o possível os deliciosos pratos dos seus restaurantes.

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Foto: Marlus Alvarenga


Cogumelos colhidos pelos Yanomami - www.socioambiental.org

Porém, no dia a dia, como trazer essa identidade ancestral para nossa casa? Como respeitar mais a natureza ao nosso redor? O primeiro é ter consciência da TERRA. É uma iniciativa simples: ter consciência do que é produzido onde se reside – e quando, quanto e como é feito esse processo. Comer morango o ano inteiro no árido clima de Brasília é normal? Será que o solo e as plantas estão nos servindo com normalidade ou dentro do que pode ser produzido na sazonalidade local? Perceber esses caminhos é um primeiro passo para comer melhor, mais limpo e mais justo (citando o lema Slow Food). Isso influi diretamente na saúde de quem come e da natureza local. Saber ser como o Cerrado, imenso e rico bioma do centro-oeste, que se queima em brasas quando é necessário resgatar a vitalidade, é ser um braseiro vivo de ideias. As riquezas gastronômicas estão muito perto: na nossa memória afetiva, um Brasil para cada um – um país só seu, mas que também é incontestavelmente nosso –, um mundo inteiro de sabores, saberes e aromas para todos que cultivam o bom hábito de comer além do cardápio.

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Literatura

Foto: Moonbeam13

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“ Reflexos Fantasmas” *Rô Mierling

Estou na frente do espelho. Mas não vejo nada. NADA MESMO. Não vejo meu reflexo, nem nada atrás de mim. Por incrível que pareça, eu não estranho, Pois andando me sentindo vazia, Logo, nada mais natural do que Não ter nada para ser refletido. Mas de repente uma janela se abre Em algum lugar no ambiente em que estou Uma luz invade cada centímetro E eu olho para o espelho E começo a ver: Tramas mal resolvidas, amores desfeitos, Lutas vencidas e derrotadas. Vejo amigos que se foram, amores que me traíram. Mas vejo também uma força Um impulso para ser alguém Alguém melhor, flexível, tolerante. Menos crédula, para menos decepções. Mas que seja forte, firme e com foco. E eu saio da frente do meu reflexo, Repensando o meu eu, Decidindo enfim, seguir as imagens novas do reflexo.

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Literatura

Capa: Fabrizia Posada Ilustrações: Luiz Reis / Tom Silva Diagramação: Pablo B.P. Santos Editora: independente Distribuição: Amazon.com.br

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Aquilo que os candangos regurgitam; omanifesto do verdadeiro coração brasiliense. Título: eu acho que posso começar com aquilo que carrega a imagem de toda uma obra, né, que é o título; eu estudei, trabalhei e me graduei em Brasília, e assim: com o tempo de vida que eu tenho passado nessa cidade, ao menos uma impressão pessoal, que ficou estereotipada e manchada, sobre as pessoas daqui é: uma simples questão de honestidade, franqueza; sempre achei os indivíduos daqui omissos; reagem a vários tipos de situações, sérias, fazendo vista grossa, até porque é muito “difícil” dizer, “não gostei disso, ou essa pessoa é um saco, ou eu não me interesso por isso”. Então o título é uma conotação e uma utopia, no caso; seria como uma representação evoluída de um brasiliense, que enfim, expôs tudo o que tava entalado por entre seu âmago. Processo de escrita: assim, eu sou muito crítico quando se trata do meu próprio desempenho, então, mesmo sem um público leitor formado, me sinto como minha própria audiência; então foram dias difíceis ter de me aguentar durante esse período. Pra eu entrar no clima de escrita, é extremamente necessário ouvir música, e de uns tempos para cá eu tenho meio que configurado um estilo musical que me ajuda muito a compor, seja com a letra, a batida, a velocidade. Durante a escrita de Aquilo que os Candangos Regurgitam, as bandas e cantores que mais ouvi foram: Fallulah, Ladytron, Letrux, Carne Doce, Lana Del Rey, Metric e Billie Eilish. Características: o livro contém 29 poemas e um extra que é uma prosa; a prosa, como descrita no e-book, é de autoria de Lídia Delgado, que é a minha mãe. A obra em si é um tanto quanto gráfica; tive a ideia de dar vida a alguns poemas com representações visuais; foi aí que convidei o ilustrador Luiz Reis, que é editor da Editora Nautilus, e o Tom Silva, um amigo que me chamou atenção por conta do estilo desenho cru e realista com aqueles tons de preto rabiscados. São 15 ilustrações nos poemas, fora os que estão em outros elementos do livro. Obra: eu diria que obra é bem diversa, entretanto, o eixo dela tá completamente voltado à Brasília e situações vivenciadas aqui. Há diversas influências do humor ácido de Lemony Snicket (Daniel Handler), autor de Desventuras em Série e, basicamente, trata-se de conhecimento, experiências, locais e tipos de relacionamentos em BSB. Por exemplo, há um poema sobre a vinda e instalação da Dulcina de Moraes e seu teatro aqui, há poemas sobre as características, peculiares, climáticas, evidenciando os problemas dos períodos com umidade baixa, há poemas sobre situações que me ocorreram, boas ou ruins, em relacionamentos e amizades, há poemas sobre como é andar em Brasília a noite, ciência, sendo mais específico, acerca da formação de uma estrela. Enfim, mas tudo voltado a esse lugar de 3 pessoas, né.

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Música

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Serginho Freitas “ Lembretes “ *Arlequim Bernardini

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Música

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Serginho Freitas, nascido na Região Serrana do Rio de Janeiro, Teresópolis, é músico, cantor e compositor. Adentrou o universo da música aos 11 anos através de seu Pai, que também é músico, com o instrumento que lhe acompanha nos dias de hoje, o violão. Com influências principalmente de artistas da Música Popular Brasileira, Folk Music e Pop/Rock o jovem carioca apresenta canções com violão peculiar, letras reflexivas e marcantes. Foi integrante de algumas bandas de Pop/Rock e Indie Music, tais como Ponto de Ebulição e Missing Elephant tendo foco em músicas de sua autoria. Lançou dois EPs, sendo um com cada banda. Participou do Festival de Inverno no Sesc Teresópolis em 2006 e tocou em alguns festivais no Estado do Rio de Janeiro. Com o fim das bandas de Pop/Rock em meados de 2016, o cantor iniciou uma nova fase de composições, voltandose para violões mais trabalhados e letras que transbordam em sentimentos, criando um estilo peculiar para este novo trabalho. No ano 2018 lançou seu primeiro EP solo, intitulado “LEMBRETES”, composto por cinco músicas. A ideia deste novo projeto é trazer nas canções, frases e lembranças que sejam aplicadas em sua própria vida através de cada uma das músicas.

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Música

SENTIMENTO

È a palavra que o compositor acredita que defina suas canções. As músicas já estão disponíveis nos principais sites e plataformas de Streaming da internet.

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Literatura

Foto:Lynnwest

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Reflexos *Pablo B.P. Santos

Corre a cor do exterior afora Que não limita a arte fértil Classifica-se, major, agora Faceta e carne mercantil Utilizada até os mil cortes Despejando vendetta criativa Em prol do eu engenho Ao som da escrita feitor E através do reflexo lúgubre Dou asas à agnosia diária Onde esquecimentos recorde Quebram-me razão em ciclos De egotismo a equalidade Da diversidade ao autoritarismo.

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Brasil

São Paulo 465 anos *Hebert Júnior

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Foto:Hebert Júnior


COPAN Vista Panorâmica

O Copan é um dos mais importantes e emblemáticos edifícios de São Paulo,e foi inaugurado em 1966. Foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, com projeto estrutural do engenheiro Joaquim Cardozo. O prédio é considerada a maior estrutura de concreto armado do Brasil, com 115 metros de altura, 32 andares, 120 mil metros quadrados de área construída, 1.160 apartamentos e mais de setenta estabelecimentos comerciais. Do seu terraço, utilizado como mirante para visitantes e moradores da capital, se tem bela vista da cidade.

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Brasil

Monumento às bandeiras

O Monumento às Bandeiras é uma homenagem aos bandeirantes dos séculos XVII e XVIII e foi

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Foto:Hebert Júnior


inaugurado em 1953, por ocasiĂŁo do IV centenĂĄrio da capital paulista.

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Brasil

Mosteiro de São Bento O Mosteiro é um monumento histórico e religioso no centro de São Paulo. A construção foi iniciada a partir de 1910, com projeto criado pelo arquiteto alemão Richard Berndl (1875-1955). O local ainda hospedou o Papa Bento XVI em sua primeira visita ao Brasil.

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Foto:Hebert Júnior


Igreja do Mosteiro de São Bento A Basílica Abacial de Nossa Senhora da Assunção, integrante de todo o complexo do Mosteiro, possui o coro para o ofício divino em rito monástico, celebrado diariamente pelos monges, e a missa, em rito romano, ambos com canto gregoriano.

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Brasil

Obelisco Mausoléu aos Heróis de 1932

Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932, o obelisco é o maior monumento da cidade e tem 72 metros de altura. A construção inaugurada em 1955, foi concluída em 1970, e guarda os corpos dos estudantes mortos durante a Revolução de 1932 e de mais de 700 ex-combatentes.

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Foto:Hebert Júnior


Auditório do Ibirapuera

Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyernos anos 1950, o auditório foi construído somente em 2005. Ao fundo, destaca-se na construção uma a imensa onda vermelha, escultura de Tomie Ohtake.

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Brasil

Museu da Lingua Portuguesa

Museu da Língua Portuguesa ou Estação Luz da Nossa Língua é um museu interativo sobre a língua portuguesa localizado no histórico edifício Estação da Luz. Em 21 dezembro de 2015, o museu foi atingido por um incêndio que destruiu dois andares de sua estrutura. A instituição está passando por obras de restauro e deve ser reaberta em 2019.

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Foto:Hebert Júnior


Theatro Municipal

O Theatro Municipal foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo e construído entre 1903 e 1911 pelos italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi. Pelo seu palco passaram as mais importantes companhias artísticas da primeira metade do século 20. O local foi também cenário de um dos principais eventos da história das artes no Brasil, a Semana de 22, que deu início ao movimento modernista brasileiro.

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Brasil

Beco do Batman

O Beco do Batman, tradicional endereço do graffiti em São Paulo, está localizado na Vila Madalena, bairro boêmio da zona oeste de São Paulo.

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Foto:Hebert Júnior


Catedral da Sé

Catedral Metropolitana de São Paulo ou Catedral da Sé, está localizada na região central da cidade. A construção neogótica, iniciada em 1913 e finalizada cerca de 40 anos depois, é considerada o quarto maior templo neogótico do mundo.

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Brasil

Av. Ipiranga x Av. São João

O cruzamento das avenidas Ipiranga e São João, imortalizado na música Sampa, de Caetano Veloso, é um dos locais mais frequentados da capital paulista. Abriga o famoso Bar Bhrama, fundado em 1948 e frequentado por ex-presidentes, compositores e cantores da musica popular brasileira (MPB). Além disso, o local abriga uma série de edificações antigas e famosas da cidade.

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Foto:Hebert Júnior


Estação da Luz

A Estação da Luz, um dos maiores cartões postais da cidade de São Paulo, foi projetada pelo arquiteto britânico Charles Henry Driver, e inaugurada em 16 de fevereiro de 1867. A estação abriga ainda o Museu da Língua Portuguesa, uma instituição cultural inaugurada em 2006.

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Brasil

Parque Ibirapuera

Principal parque da cidade, criado em 1954, o Ibirapuera é um dos atrativos mais famosos de São Paulo.

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Foto:Hebert Júnior


Domingo no Ibirapuera

Dotado de grande área verde, lagos e uma série de atrativos, o Parque do Ibirapuera é muito utilizado aos finais de semana para prática de esporte, encontro de amigos, picnic, passeio e descanso.

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Brasil

Av. Paulista

A Paulista é a principal e mais conhecida avenida do município de São Paulo. Coração financeiro da cidade, é também um dos seus pontos turísticos mais característicos,de caráter econômico, cultural e de entretenimento. Abriga um grande número de sedes de empresas, bancos, consulados, hotéis, hospitais, instituições científicas, culturais e educacionais.

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Foto:Hebert Júnior


Sanduíche de Mortadela Sanduíche de mortadela do Mercado de São Paulo: O sanduíche de mortadela do Mercado Municipal de São Paulo ficou famoso na década de 1930, primeiramente por ser uma opção de baixo custo para lanche dos funcionários, e depois transformando-se em atrativo turístico.

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Literatura

Amor e Fama ou meu nome na lama

* Marlus Alvarenga

Vesti a mesma roupa da noite passada, tanto fazia se era a nova ou velha. Era só mais uma cantada no Dancing Bar, na aveni onde, se pudesse, eu iria de chinelos. Por vezes me entupia de alguma maquiagem fácil e barata, num contraste duro entre m eu ganharia naquela espelunca que não pagava nem o preço de cantar. No mínimo mais uma flor qualquer de bueiro; no máx mediano ou meras cervejas em homenagem. Eu era assim: por noite, Lily Braun, uma qualquer inveterada, mais uma voz a g cidade-concreto. Nada de concreto era minha vida, de verdade, como em um espelho de aba velha, escondido em ecos, que n nem meus surtos curavam e nem a agonia do nascer de mais um dia, onde meu nome não seria chamado nas novelas nem seq local. Liliane não era um nome sonoro, preferia desinventar essa tristeza toda que se embutia no rosto torpe, escondido na be vezes, ecoar na sacada da quitinete comercial.

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ida W3, logo ali perto de casa meu real e o pouco real que ximo, uma garrafa de vinho ganhar a vida na noite da nada via e acontecia por aqui: quer nas rádios locais, fazia ela voz que eu deixava, por

Por vezes, vinha um tal Joaquim, filho do dono de uma rede de mercearias me ludibriar. E eu até gostava do rapaz, ele me encanta enquanto eu cantava qualquer verso no ar. Me oferecia um drinque - por que não? Talvez fosse hora de eu arrumar um dono. Dono sim, pois eu era como os gatos: soturnos, sacanas e sem dono. Eu precisava ficar quieta por algum tempo, descrevendo todas as cenas que aconteciam nesses tempos de chuva e assim, aceitar ou não as frases e rosas no altar que Joaquim oferecia. Casar e alavancar minha carreira? Joaquim me prometeu uma banda e sair em turnê. Neguei mil vezes, mas por quê não sei. Aceitei-me despedir de tudo, menos do vinho mediano aquela noite; última noite na W3. De close em close, tudo ao meu redor me fez perder a pose quando ele entrou no Dancing assim, como quem carrega o sexo nas mãos. Márcio, voraz, audacioso, pegada única. Nunca um olhar me desabou tanto assim, enquanto eu cantava meio trôpega Bastidores, de Chico Buarque. De fato, cantei, cantei e cantei. Ele me ofereceu um whisky, em homenagem à minha despedida e Ângela Ro Ro. Eu era a própria Balada da Arrasada. Márcio foi meu vizinho por dois anos. Eu sempre esbarrava com aquele homem de forte em frente à escada de subir, na lateral das lojas. Usávamos o mesmo tipo de leite, isso já me soava mágico desde então. Mas foi no whisky que me encantei mais. Lembro da primeira vez que transamos, tudo era forte e orgásmico demais, tinha certeza que seria apenas alguns deleites. Dois anos de foda. E ele se foi. Fodeu. Agora me aparece novamente e eu, eu digo adeus, já estou com os meus. Estou saindo em turnê - pra vida.

Abusamos do scotch. Ele me puxou forte naquele banheirinho vulgar e disse que meu corpo era só dele aquela noite, e eu disse: - Please! Aí, de nada mais me adiantava esperar ter dignidade, eu não teria. Deus me livre de ter. No dia seguinte, de fato consumado meu estado era crítico. O que havia acontecido era um pesadelo, mas, como impedir o corpo de reagir? Em 5, 4, 3, 2, 1, 0 - eu estaria casada e pronto: tudo resolvido. Flores no altar, painéis, fotos e um padre a esperar. Eu feito uma gema, amarelada de tanto tremer, segurei nas mãos frias de Joaquim e nada mais vi; quando de longe aparece a figura de Márcio a me aterrorizar e extasiar. Foi caminhando no tapete vermelho da nave até chegar ao altar; amassou as rosas, queimou as fotos com seu cigarro de fumar, me beijou empurrando o noivo, sem sequer se preocupar com o que acontecia ao redor. Joaquim tentou reagir, e eu também: não era justo que aquele homem de tanto tempo atrás atrapalhasse meu sucesso, invadindo meu momento assim, me tomando a cena das mãos. Era minha hora de brilhar. Ele gritou, cuspiu os seguranças correram para impedir, Joaquim sem entender avançou - era tarde, Márcio tinha um revólver prateado como as estrelas da nossa primeira noite - e atirou. Eu estava mais vermelha que as rosas do altar. Eu era uma rainha delicada. Eu via tudo como realmente era certo como dois e dois são cinco, e então: nunca mais cinema, uma rosa nunca. Nunca mais feliz. E meu sangue marcou aquela história para sempre, sempre que alguém passar no Dancing da W3, sentirá o gosto amargo naquele whisky mortal. Cenas de sangue num bar. E não era na São João. *Livremente inspirado na canção A História de Lily Braun, de Chico Buarque, 1983. 91


Portugal

Porto Cidade Invicta * Rosangela Herbert

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Foto: Rosangela Herbert


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Portugal

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Foto: Rosangela Herbert


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Portugal

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Foto: Rosangela Herbert


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Portugal

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Foto: Rosangela Herbert


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Forever Equipa Porto - Regina Sokolosk Tel 916 745 008 - regina.sokolosk@gmail.com 100

Dr. Afonso Cordeiro 194 1º d Matosinhos – Portugal


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