Novembro| 2016 Nยบ 11| Gratuito
Sabores e Paladares Nesta edição, vamos “degustar” várias iguarias da cultura luso-brasileira. Começando por Portugal, convidamos-vos a comer um gelado (sorvete), na Bianco - Vicent, uma gelataria com alma que fica em uma das casas mais lindas da cidade do Porto. Já que nos temos de alimentar, não podemos esquecer de “nutrir” também os nossos ouvidos. Para isso, podemos contar com o fado de Yolanda Soares e conhecer a história de um amor proibido entre a padeirinha e um nobre,degustando fados com um ligeiro sabor a Brasil . Vamos também saciar a nossa fome com as tendências da moda Primavera/ Verão de 2017, aproveitando para conhecer o trabalho de uma jovem modelo e tomarmos um copinho de vinho com o homem português . Como é habitual, o Brasil deixa-nos a salivar com os seus sabores exóticos que passam pela conhecida castanha-do-brasil, que faz muito sucesso no paladar do mundo inteiro. Lembrando da gastronomia mineira, o famoso pão de queijo é rei em todas as casas brasileiras e seduz qualquer pessoa que o prove, contudo, o Confit é um dos pratos mais refinados desta região tão bela que é Minas Gerais e convidamos-vos a conhecê-lo e prová-lo. Por fim, damos-vos a provar a crónica “ O gosto cítrico da vida”, de Rô Mierling para sobremesa temos a entrevista a Bruno Gordon . A ponte cultural luso-brasileira está aberta! Agora basta querer atravessá-la. António Bernardini
Diretor: António Bernardini Colaboradores Portugal: Arlequim Bernardini , Miguel Barbosa , António Granja , Jon Bagt , Bruno Monteiro , Syl Dias, Agostinho Oliveira , Beatriz Bettencourt , Patrícia Faria Colaboradores Brasil: Hernany Fedasi, Hebert Júnior , Pablo Santos, Rô Mierling Revista On-line Sotaques Brasil Portugal Propriedade: Atlas Violeta Associação Cultural ISSN: 2183-3028
|Tel. 351 917 852 955 | www.sotaques.pt |www.facebook.com/sotaques
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Índice
4 Um amor p 8 Carrossel 10 Bianco V 24 Yolanda S 30 Portugal 40 Fados com 46 4 Estaçõe 52 Sabores d 58 O gosto c 60 Rita Agui 64Castanha 68 Homem P
proibido …. do Amor Vicent... Soares Fashion m Sabor a Brasil es: valores do senso de Minas cítrico da vida iar do Pará Português
Apoio :
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Sotaques
“Um amor proibido …. a padeirinha e o nobre” Biscoitos Diogo
A
s histórias perduram no tempo das famílias, e sem dúvida que na família “ Diogo” são várias, com muitos momentos , que marcam a sua história. Possivelmente no século XVIII, sob regência de el rei D. Pedro II, já a casa onde hoje em dia se fabricam os afamados “ Biscoitos Diogo”, existia e a família dedicava-se ao armazenamento de farinhas, e à produção das famosas “ Carcaças ou sêmeas” sendo também a agricultura o seu sustento Uma bela quinta abraçava a “ Casa Amarela “, onde abundava a fruta, os legumes , os cereais e o vinho.
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De salientar que na frente da casa da família, existia a famosa e genuína “ Fonte da Senhora “pertença da família, sendo datada possivelmente do ano de 1800, de onde as gentes da “ Boavista” abasteciam as suas casas e a família utilizava para produzir o pão. Os factos históricos permitem-nos dizer que em 1840, para além do pão, começam a fabricar-se os primeiros biscoitos ( argolinhas, valonguenses) sob a gestão de António Alves Marques Moreira e Cândida de Sousa Ribeiro das Neves . De entre os oito filhos, o filho mais novo, José, garante a continuidade do negócio dos seus pais e quando casa com, Cândida Felgueiras das Neves, assumem a gestão do negócio familiar e surge assim , o registo da patente “ Biscoitos Diogo” e o nome com que a família hoje em dia é conhecida. Decorria o ano de 1900, e a Casa com sangue novo e empreendedor, começa a destacar-se no mercado Portuense. José de Sousa Moreira Diogo, Regedor da Vila, e figura distinta era apreciado pela sua humildade e generosidade, o que aliado aos seus excelentes produtos, tornou-se uma pessoa muito querida. As receitas dos afamados biscoitos Diogo, são
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provavelmente Inicialmente
muito produziam-se
anteriores cerca
de
a 60
sua
qualidades
fundação. de
biscoitos.
Decorridos quase 180 anos, a família mantêm a tradição. Atualmente são cerca de 30 qualidades. De destacar os biscoitos de milho, recentemente premiados, entre os cacos, os degestivos, os coquinhos... são vários...e de comer e chorar por mais... São cozidos em forno de lenha e sem qualquer tipo de corantes ou conservantes. Esperamos ir de encontro aos vossos objectivos e superar as vossas expectativas! Biscoitos
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feitos
de
forma
artesanal.
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Rua Miguel Bombarda n 416- 4050-379 Porto - Tel. 351 917 408 984
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Literatura
Carrossel do Amor | Jon Bagt
Santos Júnior dedilha notas tropicais na guitarra portuguesa à luz das estrelas. O vinho abundante escorre entre os pináculos das dunas. Mulheres temporariamente sós deslizam os olhos sobre homens imprudentemente ruidosos. Cada pegada na areia é uma promessa de um beijo salgado. Júnior percorre intensamente as ondas e os acordes chicoteiam as palavras soltas. As letras tingem a praia com conchas de amor, mas a melodia afoga-se na espuma cardíaca dos cavalos marinhos...
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Bianco Vicent... Muito mais que uma gelataria, a alma do Porto Director criativo: Arlequim Bernardini | Fotografia: Miguel Barbosa Make-up : Tabita Martinho
| Styling / Vestido: Verónica Cristóvão
|Modelo: Rita Aguiar |Assistente de Produção: Agostinho Oliveira
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Bianco Vicent é uma gelataria portuguesa situada na baixa portuense , mais concretameante na “A Ourivesaria no Norte de Portugal”, uma das casas mais bonitas da cidade do Porto .
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I
nstalada
na
antiga
Casa
Vicent,
criada
no
século xx , teve a sua fachada elaborada em plena 1.ª Grande Guerra Mundial, entre 1914 e 1915, com materiais provavelmente encomendados à Companhia Aliança. Foi fundada no Porto, em 1852, pelo Barão de Massarelos.
A designação pela qual este estabelecimento é conhecido devese ao comerciante estrangeiro que nele se instalou, de nome Vicent, numa época em que a rua onde abriu se transformava numa das principais artérias comerciais do quotidiano portuense no despontar do século XX. E, tal como sucede na maioria dos exemplares de “Arte Nova” erguidos em Portugal, ainda se desconhecesse, por completo, o nome do seu arquitecto.
O edifício destaca-se, sobretudo, pela utilização de ferro fundido dourado na fachada, com contornos constituídos por uma cadeia de elementos arqueados formando motivos vegetalistas, rematada superiormente com uma concha coroada por um elemento vegetal, cujas formas parecem remeter para a sobrevivência de um certo gosto Rocaille.
Quanto ao interior, o espaço mantém todo o mobiliário original, incluindo vitrines, balcões e candeeiros, onde o dourado se revela uma constante. E é ainda no interior que podemos admirar as paredes forradas a papel, os tetos estucados e pintados, além dos pavimentos soalhados a madeira.
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Um lugar de requinte e bom gosto onde nĂŁo se come qualquer gelado. Degusta-se sab
artesanais, tais como trufa , whisky , azeite , balsâmico com framboesa, lima al
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bores. A gelataria Bianco Vicent conta com uma gama de mais de 400 sabores de gelados
lecrim , ovos moles, vinho do Porto .
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F
ernando Barbosa é o criador da receita de gelados artesanais que conquistam os portuenses e turistas que passam pela Bianco Vicent.
Há 10 anos atrás, Fernando foi para Itália onde teve contacto com alguns dos maiores fabricantes de gelados italianos , e trouxe na bagagem uma receita de uma das mais antigas gelatarias italianas .
Como bom empreendedor e visionário, Fernando decidiu investir nesta área, recriou a receita de gelados artesanais tornando a Bianco Vicent numa das poucas marcas portuguesas de gelados artesanais .
A Bianco Vicent não está presente apenas nas 5 lojas espalhadas de norte a sul de Portugal. Os gelados Bianco marcam presença em grandes cozinhas e restaurantes com estrela Michelin .
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O segredo dos gelados Bianco estรก muito bem guardado no cofre da Casa Vicent , quem quiser descobrir pode passar por lรก e tomar um cรกlice de vinho do Porto ou uma flute de espumante e degustar outras especialidades da casa . Bianco Vicent... Muito mais que uma gelataria!
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Director criativo: Arlequim Bernardini |Fotografia: Miguel Barbosa Make-up : Tabita Martinho | Styling / Vestido: Verónica Cristóvão Modelo: Rita Aguiar |Assistente de Produção: Agostinho Oliveira
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www.biancogelado.pt
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Música
Yolanda Soares “ Royal Fado “
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O Música
Novo CD da Soprano Crossover Yolanda Soares tem o nome de “ Royal Fado “ e é inspirado em “ Óperas de Amália
“
Pode-se dizer que este 3º CD da cantora Yolanda Soares segue as pisadas do seu primeiro “Fado em Concerto” lançado em 2006 pela Universal.
Inspira-se novamente em Fados Amalianos ( sua grande influência dentro do Fado) . Mas numa época muito específica da carreira de Amália , onde o Fado sofreu uma “transformação” , quer com a escolha de autores mais eruditos ( como Camões por exemplo) quer pelas melodias mais complexas e elaboradas ( principalmente as do compositor
Alain Oulman ).
Nessa época os guitarristas tinham alguma dificuldade em abordar tais fados , e em tom irónico diziam: “... lá vai ela para as óperas...” .
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Foi exactamente este termo que serviu de inspiração para todo um conceito onde Yolanda Soares recria alguns fados Amalianos dando-lhes o carácter romântico da ópera e acrescentando também sonoridades da World music ( Flamenco,
Tango
, Oriental etc...).
Reconhece-se em Yolanda Soares uma capacidade de criar , inovar e trazer sempre alguma surpresa nos seus projectos e este não é excepção.
Sendo cantora de profissão, ela é também
autora , compositora e directora
artística da empresa de organização e produção de espectáculos “By the Music” produções. Ou seja, os projectos desta empresa , há 15 anos que são imaginados e criados por ela, e ela própria considera-se muito mais uma artista do que meramente cantora. Não gosta de ser catalogada provando-o por diversas vezes, nos seus projectos ,que não se resumem a um estilo musical apenas. Gosta de fusões musicais e artísticas no geral e serve-se da sua base assente
na música
clássica e no canto lírico para “tocar” outros universos musicais .
Royal Fado é isso mesmo. Uma inspiração artística e musical que começa no Fado, é envolvido de música clássica e ainda ornamentado com estilos da dita “World Music” . Onde o Fado é Rei inspirando tudo o resto, e onde o povo
ascende ao
trono com este estilo musical tão representativo de um sentimento.De uma alma. De um Pais.
É por este facto que Yolanda Soares apresenta agora, como single deste CD , e como primeira abordagem deste conceito, um Fado que Carlos Paião fez para Amália intitulado de “ O nosso povo” . Para Yolanda Soares os fados mais arrojados de Amalia não são de todo diferentes da ópera, já que na sua essência comportam uma carga emocional ,um virtuosismo vocal e uma complexidade melódica que se poderia quase associar a árias de Puccini ou Verdi. A uma época romântica e virtuosa.
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Música
Não é de todo atrevido dizer que Amalia é a nossa Callas do Fado. Yolanda decidiu abordar os Fados de Amalia escolhendo a Harpa como instrumento “chave” para esta abordagem, onde pretende unir o Fado a uma linha de época mais romântica e também do “universo” world music. Neste trabalho Yolanda Soares associa o Fado à nobreza não esquecedo que a monarquia também tem e teve um peso fundamental na estrutura arquitectónica e cultural de Portugal. Na procura de todo este universo ,Yolanda Soares decidiu convidar uma artista muito especial . Artista oriunda do País de Gales (ao qual a Harpa está muito associada) , a conceituada e ex harpista oficial da casa Real Inglesa
Claire
Jones, que dá esse toque necessário de romantismo e nobreza, e que juntamente com a nobreza de toque da guitarra Portuguesa de Custódio Castelo e os arranjos do percussionista e compositor Chris Marshall cruzam as fronteiras da distância e acrescentam aos Fados Amalianos uma sonoridade única . Ascestral , romântica, mas também
tradicional, universal e moderna.
É um trabalho que passa as fronteiras do tradicional. Vai além de conceitos estanques e abrange universos muito generalizados.
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Moda
| Beatriz Bettencourt
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A
39ª edição do Portugal Fashion decorreu entre os dias 12 e 15 de Outubro em Lisboa e no Porto, enchendo o Pavilhão de Portugal no primeiro dia com as diversas abordagens de criadores de destaque como Storytailors , Alves/Gonçalves,
Pedro Pedro e Alexandra Moura. Quinta-feira, este evento de moda deslocouse até ao Palácio dos CTT, no Porto, com um dia destinado inteiramente ao espaço Bloom, onde foram apresentadas as coleções dos jovens criadores. Por último, esta edição do Portugal Fashion passou pela Alfândega do Porto, na sexta-feira, com nomes sonantes no mundo da moda como Hugo Costa, Diogo Miranda e Luís Onofre e, no sábado, com Katty Xiomara, Luís Buchinho, Carlos Gil, entre outros.
Nesta edição, é de se salientar a multiplicidade de propostas para a estação Primavera/Verão de 2017, desde os looks mais clean aos grafismos e estampados allover.
São de distinguir, ainda, os diversos tratamentos das matérias primas – quer através de laços e franzidos, como de manchas de lixívia e café –, as transparências abordadas de diferentes formas, os brilhos sob a forma de lantejoulas e fios lurex, os materiais de aspeto plastificado, o clássico associado ao sportswear, e as malhas tricotadas com um grande contraste de pontos, jogos e cores. Num misto de casualidade e exuberância, o Portugal Fashion tem evidenciado o melhor que se faz na Moda em Portugal, quer na Moda de autor quer na própria indústria, apostando numa forte identidade capaz de levar a Moda portuguesa às mais diversas semanas de Moda internacionais.
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Moda
Fotografia: Miguel Barbosa
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| Criador: Miguel Vieira
Fotografia: Miguel Barbosa
| Criador: Eduardo Amorim
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Moda
Fotografia: Miguel Barbosa
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| Criador: Fatima Lopes
Fotografia: Miguel Barbosa
| Criador: Julio Torcato
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Moda
Fotografia: Miguel Barbosa
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| Criador: Beatriz Bettencourt
Fotografia: Miguel Barbosa
| Criador: Pedro Neto
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Moda
Fotografia: Miguel Barbosa | Criador: Katty Xiomara
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Fotografia: Miguel Barbosa
| Criador: Elsa Barreto
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Literatura
Fados com Sabor a
Brasil
| Antรณnio Granja
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O
Fado é a canção nacional portuguesa. Terá surgido no séc. XIX, entre prostitutas e marinheiros. Há também quem diga que veio dos árabes e o certo é que a música árabe e o fado têm muitas vezes sonoridades semelhantes. O que se sabe sem qualquer
dúvida é que era uma canção das gentes simples, que versava sobre a vida do quotidiano, sobre os amores e desamores do dia-a-dia. Foi com Amália Rodrigues que a poesia mais erudita chegou ao fado. Cantou Camões, Almada Negreiros, David Mourão-Ferreira, Ary dos Santos, entre muitos outros. E não tardou também a incluir no seu reportório poemas de autores brasileiros.
Temos, por
exemplo, o belíssimo poema “Soledad” de Cecília Meireles, do qual não se conhece nenhum versão de estúdio, mas que Amália cantou várias vezes ao vivo e que os Amália Hoje interpretaram durante o projecto com o mesmo nome. Houve vários outros fadistas que seguiram o exemplo de Amália e têm usado textos de poetas brasileiros para os seus fados. Temos até o “Fado Tropical”, escrito e interpretado por Chico Buarque. Esta partilha é mais um sinal da ligação forte que une os dois países; é mais um motivo para comunhão de culturas; é mais um laço que nos torna irmãos.
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Literatura
Poema: Canção Autor: Cecília Meireles Intérpretes: Amália Rodrigues, Dulce Pontes, Gonçalo Salgueiro, Maria de Fátima, etc. Notas: Cantado pela primeira vez por Amália Rodrigues, musicado por Alain Oulmain, alteraram o nome para “Naufrágio”. Pus o meu sonho num navio e o navio em cima do mar; - depois, abri o mar com as mãos, para o meu sonho naufragar Minhas mãos ainda estão molhadas do azul das ondas entreabertas, e a cor que escorre de meus dedos colore as areias desertas. O vento vem vindo de longe, a noite se curva de frio; debaixo da água vai morrendo meu sonho, dentro de um navio... Chorarei quanto for preciso, para fazer com que o mar cresça, e o meu navio chegue ao fundo e o meu sonho desapareça. Depois, tudo estará perfeito; praia lisa, águas ordenadas, meus olhos secos como pedras e as minhas duas mãos quebradas.
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Poema: Mãe Preta Autor: “Piratini” (Antônio A Intérpretes: Maria da Conce etc. Notas: A versão original foi primeira vez em Portugal, por Entretanto, a letra foi cens deixou de se ouvir. Em “Ba retoma a melodia com um n Mourão-Ferreira, naquele que seus fados mais célebres.
Pele encarquilhada, carapinh gandola de renda caindo na a embalando o berço do filho do que há pouco tempo a sinhá g
Era assim que Mãe Preta fazi Tratava todo o branco com mu Enquanto na sanzala Pai João Mãe Preta mais uma lágrima e Mãe Preta, Mãe Preta!
Enquanto a chibata batia no Mãe Preta embalava o filho br
Amábile) eição, Dulce Pontes,
i interpretada, pela r Maria da Conceição. surada pelo regime e arco Negro”, Amália novo poema de David e se tornaria um dos
ha branca, anca, o sinhô, ganhou.
ia. uita alegria. o apanhava, enxugava.
Poema: Saudades do Brasil em Portugal Autor: Vinicius de Moraes Intérpretes: Amália Rodrigues, Carminho, Kátia Guerreiro, etc. Notas: Vinicius de Moraes compôs esta letra propositadamente para Amália Rodrigues, a qual a interpretou numa das suas famosas tertúlias em que o poeta brasileiro esteve presente. O sal das minhas lágrimas de amor criou o mar Que existe entre nós dois pra nos unir e separar Pudesse eu te dizer a dor que dói dentro de mim Que mói meu coração nesta paixão que não tem fim Ausência tão cruel, saudade tão fatal! Saudades do Brasil em Portugal! Meu bem, sempre que ouvires um lamento Crescer, desolador, na voz do vento, Sou eu em solidão pensando em ti, Chorando todo o tempo que perdi!
seu amor, ranco do sinhô.
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Literatura
Poema:Fado Tropical Autor: Chico Buarque e Ruy Guerra Intérpretes: Chico Buarque, etc. Notas: Poema que versa sobre a História brasileira, sobre as raízes portuguesas do Brasil e sobre a relação entre os dois países. Oh, musa do meu fado Oh, minha mãe gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas não sê tão ingrata Não esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal “Sabe, no fundo eu sou um sentimental Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro) Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora…” Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do alentejo De quem numa bravata Arrebata um beijo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Meu coração tem um sereno jeito E as minhas mãos o golpe duro e presto De tal maneira que, depois de feito Desencontrado, eu mesmo me contesto Se trago as mãos distantes do meu peito É que há distância entre intenção e gesto E se o meu coração nas mãos estreito Me assombra a súbita impressão de incesto
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Quando me encontro no calor da luta Ostento a aguda empunhadora à proa Mas meu peito se desabotoa E se a sentença se anuncia bruta Mais que depressa a mão cega executa Pois que senão o coração perdoa” Guitarras e sanfonas Jasmins, coqueiros, fontes Sardinhas, mandioca Num suave azulejo E o rio Amazonas Que corre trás-os-montes E numa pororoca Deságua no Tejo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um império colonial Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um império colonial”
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Brasil
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4 Estaçþes: valores do senso comum em esquetes |Pablo Santos
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Sotaques
R
ousseau, filósofo suíço, século 18, sugeria que a natureza humana era de origem pura, mas a sociedade a perverteria. Convivemos sob o que é negativo como se não houvesse relevância. É a banalização do horror, da violência, da morte de terceiros, do estereótipo porque muito do que é feito para sociedade faz-se para o crescimento do eu, a “consciência humanística” (se é que os seres humanos a possua) ainda o deixa descansar. A busca do homem pelo conhecimento que dá sentido à vida define o conceito de “humanismo”, na qual o programa 4 Estações exibido na TV Marília, em base na ética, assume a responsabilidade social de apresentar em formato de esquetes pândegas, vídeos com temas transversais e cotidianos para se alcançar a realização pessoal e profissional num mercado ríspido e desumanizado da urbis.
Idealizado por Márcio Medeiros, apresentado por Thaís Vendramini e, com Bruno Gordon atuando, o programa 4 Estações do canal 4 tem de paródia de Taylor Swift até reflexões recorrentes da praxe social. A redação da revista Sotaques conversou um pouco com Bruno Gordon, o ator, youtuber e designer sobre o processo de funcionamento do programa. Acompanhe a seguir a pequena entrevista:
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Sotaques: o programa promove constantemente a oportunidade de meditar perante a abordagem de valores morais, éticos e sociais, você se pega pensando em suas atitudes? Bruno Gordon: sim, o programa visa sempre abordar questões sociais importantes e valores éticos da nossa sociedade. Com os temas abordados no programa sempre acabo me questionando sobre os assuntos que são ditos e propostos. Através do programa, com um esclarecimento dos profissionais da área e também com a produção da esquete, acabo me deparando com situações e comportamentos que sequer tinha notado antes. Sotaques: descrever a problemática intrínseca do ser humano no processo de integração e unificação na sociedade homogeneizadora é um dos intuitos do programa. Para você, as pessoas estão propensas a serem mais humanas? Bruno Gordon: acredito que com a ilustração de um tema social/moral, muitas pessoas acabam se identificando com situações já vivenciadas e/ou presenciadas e isso acaba refletindo no modo de pensar e agir das pessoas impactadas com o conteúdo proposto e consequentemente levando-as a reavaliar seus comportamentos, propiciando sim mais humanidade em suas ações.
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Brasil
Sotaques: as redes sociais são fontes de
às 21h30. Traz assuntos variados do
exemplos de afirmações de estereótipos,
comportamento humano como por exemplo:
preconceito
altruísmo,
e
individualismo.
Como
egoísmo,
etc.
Os
elas contribuem para o conteúdo?
temas apresentados são discutidos com
Bruno Gordon: através das Redes Sociais
profissionais e especialistas da área
fica claro muitos comportamentos que as
como psicólogos e coaches, sempre ao
pessoas carregam consigo sem sequer
vivo. Além do bate papo, o programa
notarem e, através disso, trago alguns
conta com o quadro “Fala Povo” onde
exemplos para a produção do conteúdo
pessoas da rua comentam o que acham
das esquetes, como por exemplo foi o
sobre o tema e, além de uma esquete
caso da esquete com tema preconceito,
do “Canal do Gordon” que propõe sempre
onde pude ver vídeos sobre o temas e ler
ilustrar o tema através de um vídeo,
comentários muitas vezes extremamente
onde Bruno Gordon atua na maioria das
preconceituosos nas redes sociais.
vezes, ilustrando o tema discutido com
O
muito bom humor.
programa
4
Estações
apresentado
por Thaís Vendramini é exibido todas as
quintas-feiras
no
Canal
4
de
Marília-SP e, também, pela internet através 50
medo,
do
site
www.universo4.com
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Brasil
Sabores de Minas |Hebert JĂşnior
52
Foto: Hebert JĂşnior
Panelas de pedra: As panelas de pedra em produção artesanal representam a tradição da cozinha mineira juntamente com os fogões a lenha, tachos de cobre, colheres de pau. Antigamente itens comuns nas cozinhas, hoje são peças de alto valor cultural.
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Brasil
Pão Confit:
Apesar
tradicional,
de
bastante
A
principal
quitanda da cozinha tradicional de Minas Gerais aparece com um
cidades do interior, a culinária
frequência quase diária da mesa
mineira também apresenta cardápios
de café da manhã. A receita que
requintados
elaborados
leva
de
leite
países Espanha,
em
e
mais pratos
como
França,
Marrocos
e
outros Itália,
Japão.
A
dos
queijo e
minas,
ovos
caiu
brasileiros
eventualmente
excelência mineira.
tem
conquistado
questão é apresentado um Confit de Canard, prato francês servido em um restaurante em Belo Horizonte.
Foto: Hebert Júnior
no
gosto
expandiu
para o restante do território nacional,
e
polvilho,
e
renovação no menu ganha adaptações
cada vez mais o público. Na foto em
54
queijo:
nas
baseados
principalmente
de
entretanto,
é
por
Fígado com Jiló: O prato que leva jiló e fígado bovino feitos na chapa, acompanhados de cebola em rodelas é um dos principais tiragostos nas mesas. É considerado o prato mais tradicional no Mercado Central de Belo Horizonte, ponto de encontro entre os moradores da capital mineira e de turismo para
Dobradinha: Tal como o pão de queijo, fígado com jiló, broa de fubá, e outras delícias da mesa mineira, a dobradinha com feijão branco é um dos pratos muito presentes na culinária mineira. O prato originalmente português da cidade do Porto foi trazido para terras brasileiras e incorporado à culinária local.
os visitantes.
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Brasil
Cerveja Artesanal: Considerado a Bélgica brasileira, o estado de Minas Gerais concentra grande parte da produção cervejeira do país e sustenta o título de melhor cerveja do país. As cervejarias tem tomado cada vez mais o espaço
e o
gosto dos belorizontinos e mineiros de outras cidades do interior. Estima-se que dos 120 tipos de cervejas existentes,
55 são produzidos no estado. Além
disso, Belo Horizonte é considerada a capital dos bares.
Horta: A plantação de hortaliças é algo muito comum nas cidades menores e tem se tornado uma grande tendência nas capitais do
país.
alimentação
Adeptos mais
de
uma
saudável
e
livre de agrotóxicos, alguns habitantes das grandes cidades tem
criado
soluções
para
plantarem pequenas quantidades de verduras e temperos para consumo próprio. Na foto em questão, a proposta de uma horta adaptada junto à cerca de uma cozinha externa à casa foi apresentada durante uma feira de arquitetura e decoração realizada em Belo Horizonte no ano de 2015.
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Literatura
O gosto cítrico da vida |Rô Mierling
Sinto o gosto das frutas cítricas quando penso nos trópicos, no Brasil e nas suas praias e cores. Não moro mais lá, mas a raiz brasileira ainda pulsa em mim. O gosto das suas frutas cítricas, laranja, tangerina, limão. Elas amargam minha boca, minhas têmporas latejam e minha boca enche de água. Ahhh, o cítrico. Cheiro cítrico, gosto cítrico. Amo o cítrico. Meus amigos sempre me diziam que eu era amarga, mas na verdade acho que eu sou cítrica, em meu cheiro e gosto. Minhas lágrimas são cítricas assim como meu suor. Quando me corto, o gosto do sangue que se vai de mim é igualmente cítrico. Sei porque já experimentei. Quando a vida me dá uma paulada e eu caio, o cítrico vem aos meus olhos, meu coração e minha vida se enche desse amargo. Que não é ruim, é apenas amargo. Porque tudo tem que ser doce para ser bom? Por acaso é ilegal gostar do amargo? Uns preferem o branco, outros o preto, uns preferem o dia, outros a noite. Uns tem vida doce, outros, amarga.
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Eu sou cítrica, porque minha vida não é doce. Tenho lutas, desafios, loucuras e delírios, e em todos esses momentos o cítrico me vem à mente, como o gosto de um limão fresco, cortado e sangrado, exprimido na minha boca. Um sabor desafiador que me vem e indaga se posso mesmo suportá-lo. E eu digo, sim. Posso gostar do limão, com suas amarguras e acidez. Porque não vejo no cítrico um mal e sim um desafio. Fazer uma limonada com os limões que a vida nos dá, e ainda melhor do que esperar sempre o doce gosto do morango que pode não vir, ou ainda nos enjoar. Cítrica: a vida, assim como as frutas tropicais. Cítricas: as lágrimas, o sangue, o suor, as lutas e a dor. Cítrica: eu.
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Moda
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Rita Aguiar 61
Moda
N
ascida em Vale de Cambra no ano de 1997, Rita Aguiar surgiu no mundo da moda passerelle e fotografia, tendo no final concorrido a uma agência para a qual f componente de representação.
Após vários trabalhos e participações em pequenos desfiles, foi aos 16 anos que t Eugénio Campos, na Porto Jóia. A partir desse momento, começou a ser presença assíd de moda, por parte de marcas portuguesas. Em 2015, após um casting para a eleição de Miss Teenager Portugal, chegou à final, final do concurso Miss Look de Glamour, onde foi selecionada ainda como uma das 10 realizar em Londres. No concurso Miss Look de Glamour foi eleita Miss Fotogenia, o
Valecambrense com orgulho, sempre contou com o apoio da família nas suas aspirações ano do curso de Desporto e Educação Física, é na moda que quer construir o seu futur internacional. Depois de já ter fotografado para variadas marcas portuguesas, os Fashion e da Moda Lisboa. É, actualmente, a cara da agência que a representa.
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a aos 12 anos através de uma captação de modelos. A partir daí fez formações em foi selecionada. Foi, então, nesta última, onde enriqueceu a sua formação com a
teve a sua primeira experiência numa grande passerelle ao desfilar para a marca dua como modelo em diversos desfiles, sendo ainda convidada para vários editoriais tendo sido eleita 2ª Dama de Honor. O referido título providenciou-lhe acesso à finalistas do Miss European para ir representar Portugal na final, que se viria a que lhe deu ainda o acesso directo ao concurso Future Fashion Faces World 2016.
s enquanto modelo, sendo esta o seu grande pilar. Apesar de frequentar o segundo ro e em que as suas aspirações são mais elevadas, sonhando mesmo com uma carreira seus objectivos principais neste momento são chegar às passerelles do Portugal
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Brasil
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Foto: Hernany Fedasi
Castanha do Parรก |Hernany Fedasi
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Brasil
A
Bertholletia excelsa, popularmente conhecida como castanha-do-brasil, castanha-do-acre, castanha-do-pará, noz amazônica, noz boliviana, tocari e tururi é uma árvore de grande porte, muito abundante no norte do Brasil e na Bolívia, cujo fruto (ouriço) contém a castanha, que é sua semente. É uma árvore da família botânica Lecythidaceae, nativa da Floresta Amazônica. “Castanha” vem do grego kástanon, através do latim castanea. O seu maior exportador não é o Brasil e sim a Bolívia, onde são chamadas de almendras, ou ainda “noz amazônica” e “noz boliviana”. Isto se deve à drástica diminuição da espécie no Brasil, devida ao desmatamento. O nome em português se refere ao Pará, cuja extensão no período colonial incluía toda a Amazônia brasileira. Os acreanos - por serem os maiores produtores nacionais de castanha - referem-se a elas como “castanhas-do-acre”. Alguns nomes indígenas são juvia, na região do Rio Orinoco e em outras regiões do Brasil. Embora seja classificada pelos cozinheiros como uma castanha, os botanistas consideram a Bertholletia excelsa como uma semente, e não uma castanha, já que, nas castanhas e nozes, a casca se divide em duas metades, com a carne separando-se da casca.
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Foto: Hernany Fedasi
Valor nutricional Tem alto teor calórico e protéico, além disso contém o elemento selênio que combate os radicais livres e muitos estudos o recomendam para a prevenção do câncer (cancro). Fonte: Wikipédia CURIOSIDADE Muito se houve sobre a discussão se o certo é castanha-do-pará ou castanhado-Brasil. Longe de ser bairrismo paraense, o certo é castanha-do-pará, e a justificação é histórica. Em tempos idos, de colonização, Portugal tinha duas colônias na América: o Brasil e o Grão-Pará.Grão-Pará compreendia, o que hoje conhecemos como, Amazonas, Pará, Roraima, Amapá. Isso é tão verdade que o Grão-Pará aderiu à independência do Brasil 1 ano depois. Em 15 de agosto de 1823. Logo, a castanha-do-pará existia apenas no Grão-Pará, região amazônica, e nada mais justo do que ser conhecida como castanha-do-pará pois sua origem é de lá, o Estado colonial do Grão-Pará, e não castanha-do-brasil, como muitos hoje insistem em propagar. Certo ou errado, verdade é que o nome é fato histórico, de uma colônia distinta do Brasil. Fonte: sistersintravel.com
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Homem PortuguĂŞs Bruno Monteiro
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homem português moderno é exigente até na eleição de um espaço onde possa fazer as suas compras ou tomar um copo. Sente que é essencial estar apresentável, enquadrado na sua essência, envergando, para além de um coordenado adequado, acessórios seleccionados por si que completem o seu look. A dica deste mês é o uso de uma mala versátil em que pode ter sempre consigo o seu porta-moedas, desodorizante, perfume, pente, tablet para usar se necessário e, claro, o telemóvel para estar online com o resto do mundo. As pulseiras também dão um certo charme ao pulso do homem moderno, e os detalhes fazem a diferença, como usar uma pulseira com materiais diferentes e com um pequeno pormenor de berloque – aliás, o que é grande moda nesta estação –, se possível uma pulseira bordô que casa bem com os brancos, cinza, camel e dourado.
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Director criativo: Arlequim Bernardini | Fotografia: AndrĂŠ Dantas Styling / AssessĂłrios : Bruno Monteiro | Modelo: Marco Barbosa | Local: Casa Diogo
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