Janeiro | 2017 Nยบ 13| Gratuito
Três Desejos para 2017… Incenso, Ouro e Mirra Iniciamos 2017 com a chegada dos nossos três reis magos… Que nos trazem ouro, incenso e mirra, como todos sabemos. Nesta edição, vamos aproximar a fé e a cultura com um belo passeio pelas Igrejas de Minas Gerais, as quais nos encantam com a sua arquitectura e beleza. Como o mix cultural que propomos para este novo ano, já não vamos só beber um copinho de vinho do Porto, mas sim inebriar-nos com a beleza das mulheres portuguesas numa sessão fotográfica, onde o vinho é, agora, coadjuvante. Passaremos a conhecer um pouco da cultura nerd, com a ajuda da escritora Paola Giometti. Diretamente do Brasil, Rô Mierling, traz-nos desejos concretizados e de Portugal, Jon Bagt, com a rúbrica “Microconto” traz-nos “Narciso Invertido”. O Homem Português de janeiro vem com muito estilo, misturando a moda com a cidade. Sejas bem vindo 2017! A ponte cultural luso-brasileira está aberta! Agora basta querer atravessá-la. António Bernardini
Diretor: António Bernardini Colaboradores Portugal: Arlequim Bernardini , Miguel Barbosa , Jon Bagt , Bruno Monteiro , Syl Dias, Agostinho Oliveira , Beatriz Bettencourt , Patrícia Faria Colaboradores Brasil: Hernany Fedasi, Hebert Júnior , Pablo Santos, Rô Mierling Revista On-line Sotaques Brasil Portugal Propriedade: Atlas Violeta Associação Cultural ISSN: 2183-3028 |Tel. 351 917 852 955 | www.sotaques.pt |www.facebook.com/sotaques
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Microconto
|Jon Bagt
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Foto: Javier Bocanegra
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Microconto
Narciso tirava fotos às mulheres dos talhantes. Gostava de coleccionar estampas eróticas ainda a cheirar a tripas e a leite. Guardava-as em sacos de plástico na arca congeladora. Numa noite de Reis, Narciso pediu a Zeferino que lhe emprestasse a mulher para uma sessão alumiada à vela. O carniceiro esquartejou a máquina fotográfica com o cutelo e num gancho pendurou os desejos de Narciso…
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Foto: Javier Bocanegra
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Capa
|Arlequim Bernardini
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Capa
Os nossos reis magos desejam para 2017 um mix cultural! A revista online Sotaques Brasil Portugal escolheu, juntamente com os nossos três reis magos, o lema para 2017… Este ano, o nosso lema será “mix cultural“- misturar várias artes culturais, tais como, a moda, a leitura, a música, a gastronomia, o património… Para melhor nos conhecermos, uma vez que juntos somos mais fortes e conseguimos levar mais longe ainda a cultura luso – brasileira. Assim como os Reis Magos trouxeram incenso, ouro e mirra para o recém nascido mais famoso da História, os nossos próprios reis também nos trazem: 10
Editorial: Incenso, Ouro e Mirra | Production : Arlequim Bernardini |Photo: Miguel Barbosa Make-up : Lia Santos | Models : Bruno Bonfim , Davidson Lopes e Dรกrio Silva | Agency :Allure Model Management
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Capa
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Para pulverizar a nossa histรณria pelos ares do mundo.
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Para mais riqueza cultural.
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Capa
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Para tornar mais fortes as raĂzes que nos unem.
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Brasil
|Hebert Júnior
Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Belo Horizonte/MG. Sua história teve início em 1709 com português Francisco Homem del Rey, que trouxe uma imagem da padroeira dos navegantes portugueses, Nossa Senhora da Boa Viagem. Após chegar no Brasil, Francisco ergueu em suas terras uma pequena capela dedicada à Nossa Senhora da Boa Viagem, que passou a ser conhecida também como a padroeira dos viajantes. Com o passar dos anos em seu lugar foi erguida uma igreja maior. Entretanto com a construção da nova capital no final do século XIX, houve a necessidade de ser erguer uma nova igreja - a atual Catedral Nossa Senhora da Boa Viagem -,inaugurada em 1923, data em que a cidade de Belo Horizonte foi oficializada como arcebispado.
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Foto: Hebert Júnior
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Brasil
Igreja Matriz de São José, localizada no centro de Belo Horizonte/MG, datada do início do século XX. O projeto arquitetônico foi elaborado por Edgard Nascentes Coelho e as obras foram dirigidas pelo irmão redentorista holandês Gregório Mulders. A ornamentação pictórica da igreja foi executada pelo pintor alemão Guilherme Schumacher, entre 1911 e 1912. 20
Foto: Hebert Júnior
Vista interior da Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Belo Horizonte.
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Brasil
Capela Curial de São Francisco de Assis, localizada na orla da Lagoa da Pampulha, em Belo Hor Oscar Niemeyer e reconhecido pela UNESCO no ano de 2016 como Patrimônio Mundial. Seu interior
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Foto: Hebert Júnior
rizonte/MG. A edificação faz parte do Conjunto Moderno da Pampulha, projetado pelo arquiteto abriga obras de arte de Cândido Portinari e Alfredo Ceschiatti.
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Brasil
Capela de Nossa Senhora das Mercês, em Tiradentes/MG. Construída na segunda me possui bela e dourada capela-mor, além de pinturas raras, com representações de san dos forros, no interior da construção, é atribuída ao artista mulato Manoel Victor de J região de Tiradentes e São João del Rei, em fins do século XVIII e no início do século X
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Foto: Hebert Júnior
etade do século XVIII, a capela é representante do estilo rococó. Seu interior ntos e também de anjos que glorificam Nossa Senhora das Mercês. A arte Jesus, brasileiro que realizou trabalhos em vários monumentos religiosos na XIX. A fachada também chama a atenção pela presença de um único sino.
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Brasil
Igreja Nossa Senhora do Rosário, localizada em Congonhas/MG, foi construída pelos escravos em fins do século XVII, antes da chegada dos mineradores que fundaram a cidade. É a igreja mais antiga de Congonhas e guarda decoração interior bastante singela, com altar consagrado a Nossa Senhora do Rosário.
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Foto: Hebert Júnior
Retรกbulo-mor da Igreja de Nossa Senhora do Rosรกrio dos Pretos, em Tiradentes.
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Brasil
Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres (1740), no distrito de Lavras Novas, cidade de Ouro Preto/MG.
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Foto: Hebert JĂşnior
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Moda
Editorial: Mulheres Portuguesas |Production : Allure Model Management |Photo: Miguel Barbosa Make-up: Lia Santos |Hair: Carla Canhola |Styling : Verónica Cristóvão |Models : Maria Inês Poceiro , Maria Inês Mesquita, Eliana Maria e Iryna Diakun |Local: Caves Ferreira - Vila Nova de Gaia – Portugal
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Moda
Maria InĂŞs Poceiro | Allure Model Management
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Maria InĂŞs Mesquita | Allure Model Management
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Moda
Eliana Maria | Allure Model Management
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Moda
Iryna Diakun | Allure Model Management
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Literatura
|RĂ´ Mierling
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Fecho meus olhos. Inspiro bem devagar e expiro. Várias vezes e sinto meu corpo relaxar. De longe vem o barulho dos fogos. Em muitos lugares do mundo sei que as pessoas estão comemorando a chegada de um novo ano. E o que isso representa? 365 dias para fazer um novo ano. E quais são os nossos desejos? Saúde, paz, sucesso, felicidade. Desejos comuns, mas essenciais. Mas enquanto permaneço de olhos fechados, três grandes desejos vêm a minha mente além dos essenciais com os quais contamos para chegar ao final de mais um ano. DESEJO 1: Conhecer lugares distantes e exóticos. DESEJO 2: Ler mais livros do que assistir televisão ou navegar pela internet. DESEJO 3: Escrever de forma que minha escrita ajude a estimular a leitura, informar e divertir muitas pessoas, compartilhando meu mundo com outras mentes pelo mundo afora. Inspiro, respiro, expiro. Mais uma, duas, três vezes, de forma controlada e compassada. Abro meus olhos. É um novo ano: 2017. Dou um sorriso tímido a mim mesma e puxo minhas cobertas me aconchegando a minha cama. Tenho 11 anos de idade e minha mãe não me deixa ficar acordada até muito tarde, nem hoje, na noite da virada de ano. Mas estou feliz. Quem sabe um dia, meus desejos se realizam. Quem sabe...
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Brasil
|Hernany Fedasi
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Brasil
Hudson Andrade é ator formando pela Escola de Teatro e Dança da UFPA. Como dramaturgo foi premiado duas vezes pela Fundação Nacional de Arte – FUNARTE, em 2003 (O Uirapuru) e 2004 e em 2012 lançou o livro Quadra de Encantarias, que reúne quatro de suas obras: O Glorioso Auto do Cristo-Rei, O Auto de Judas Iscariotes, Kojiki e Deus Ex machina. Fez ainda uma adaptação do clássico de Miguel de Cervantes, Dom Quixote da Mancha. Possui várias parcerias com o Instituto Universidade Popular – UNIPOP, para quem adaptou Caiu o Ministério, de França Júnior e O Auto da Feira, de Gil Vicente; escreveu ainda o original Frik Show, que foi levada à cena como O Gran Circus Brazilis. No ano de 2002 fundou a Nós Outros Companhia Teatral onde iniciou suas atividades como diretor, trabalhado em espetáculos como O Glorioso Auto do Cristo-Rei, que ficou sete anos em cartaz, além dos sucessos de público Acorde, Margarida, O Auto de Judas Iscariotes, O Assassinato de Machado de Assis e Ópera Profano. Ministra cursos, workshops e oficinas de teatro e leitura dramática, além de fazer preparação para a capacitação do curso de teatro da ETDUFPa, além de preparação de atores e não atores para vídeos institucionais, campanhas publicitárias, apresentação de trabalhos, etc. há três anos ministra aulas de teatro para inscritos em programas sociais, crianças desde sete anos até adolescentes de dezassete anos. Desejos Culturais : Belém precisa de uma POLÍTICA DE INCENTIVO À CULTURA. Não são editais, mas ações de formação e fomento. É necessário o resgate da cultura popular, dos antigos mestres em várias manifestações; cursos de capacitação em teatro, dança, música, figurino, cenografia, que garantam a manutenção de artes como Pássaros, Cordões, Quadrilhas, etc. Nossa cidade é carente de ESPAÇOS onde os grupos teatrais amadores possam ensaiar e apresentar seus espetáculos. Os teatros pertencentes ao Sistema Integrado de Teatros não possuem uma gestão capaz de atender às inúmeras demandas dos artistas amadores locais. Os teatros particulares possuem pautas incompatíveis com nossa realidade econômica. Nesse sentido, há que se criar condições – inclusive restaurando teatros, como o São Cristovão – para que se possam usufruir de espaços legitimamente criados para os artistas populares. Belém precisa DAR VISIBILIDADE aos seus artistas, sobretudo os amadores e populares, garantindo linhas de crédito, financiamentos, etc, que permitam a produção de espetáculos, áudio-visuais, festivais de teatro, dança, música, feiras de livro, etc. sobretudo, o artista paraense precisa ser respeitado como o trabalhador que é, que investe tempo, recursos próprios, conhecimento para manter viva a Arte e a Cultura do povo paraense.
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Moda
Catálogo: Make Up For Ever NY |Make-up : Amanda Vargas|Assistente de Produção: Pietra Silva Fotografia & Edição: Laercio Lacerda |Modelos: Sarah Lemos , Rosana Lima , Marina Brustolin , Alícia Costa e Alessandro Bazotto.
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Sarah Lemos - ModelLife – Brasil
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Rosana Lima - ModelLife – Brasil
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Marina Brustolin
- ModelLife – Brasil
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Alícia Costa - ModelLife – Brasil
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Alessandro Bazotto - ModelLife – Brasil
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|Pablo Santos
Paola Giometti nasceu em São Paulo, Capital, em 1983. É graduada em Biologia, mestre e doutoranda em Ciências. Colaborou com a Revista Mundo dos Super-heróis na edição 57 com uma matéria sobre o papel da mulher nos quadrinhos. Em eventos sobre a cultura nerd, Paola é cosplayer da personagem Lara Croft, sua heroína nos games e HQs desde a infância. Publicou o livro O Destino do Lobo e O Código das Águias da série Fábulas da Terra, além de ter participado das coletâneas literárias Xeque-mate, Horas Sombrias, Aquarela, Círculo do Medo, King Edgar Hotel, Legado de Sangue, Outrora e Sede, todas da Andross Editora. Paola não só participou com contos das coletâneas Fogo de Prometeu, Céus de Chumbo, Outrora, Sede como também foi a organizadora dessas antologias.
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Brasil
Produção de utensílios de pedra, domínio do fogo e aquisição da linguagem; uma das conquistas fundamentais do homem primário adquiridas por entre os milhões de anos. E foi em decorrência desses conhecimentos que ele, o homem, passou a defender-se dos animais ou caçá-los, cozinhando seus alimentos, aquecendo-se ao fogo e disseminando a experiência entre gerações. A necessidade levou o homem a domesticar alguns animais. Temos como exemplo inicial os lobos; seres humanos e selvagens teriam vivido lado a lado durante um longo tempo, numa relação onde os animais forneciam mantimentos, prestavam serviços de transporte, serviam de estimação ou até para fins ornamentais. Como resultado da manipulação do homem sobre animais, podemos hoje, considerar por análises genéticas, os cães como descendentes dos lobos encontrados entre 15 e 36 mil anos atrás no oeste Europeu e Sibéria. É nessa ambientação fria, milenar e animalesca que conversamos com a escritora Paola Giometti; bióloga por formação, conduz um minucioso processo de pesquisa técnica antes de escrever suas fábulas, como em suas obras: “O Destino do Lobo”, “O Código das Águias” e o recente conto “A Inconfundível Canção”. Sotaques: fábulas, geralmente, possuem uma lição de moral ao final da narrativa; o que podemos extrair de “O Destino do Lobo e “O Código das Águias”? Paola Giometti: diferente das fábulas clássicas, onde a lição de moral é dirigida ao público infantil, esses dois livros possuem lições de moral mais voltadas para os jovens e adultos. O Destino do Lobo vai abordar a nossa responsabilidade como domesticador e a dependência dos cães por nós. O Código das Águias já vai questionar o quanto estamos dispostos a abandonar a nossa liberdade em prol de algo maior. A importância da amizade e da família, o respeito pelos que já foram, também são assuntos tratados paralelamente. 54
Sotaques: escreveu em primazia seu romance aos 11 anos de idade e, desde então, deixou por aí uma pilha de livros publicados. O que demonstra seu aprimoramento na escrita hoje? Paola Giometti: meu aprimoramento na escrita se deve por conta do incansável exercício de leitura de inúmeros gêneros da literatura, bem como o devorar de livros que ensinam técnicas de escrita (como a importância das viradas nas histórias, personagens fortes etc) e roteirização para cinema. Essas práticas são ótimas parceiras do escritor. Sotaques: como definiria a premissa da série “Fabulas da Terra”? Paola Giometti: a série Fábulas da Terra traz três histórias independentes sobre diferentes animais selvagens (o lobo, a águia-dourada e o bisão-americano) e que também apresentam crossovers, pois um ambiente ou animal pode aparecer mais de uma vez em outro livro. Isso enriquece o universo criado e oferece ao leitor uma ideia de cronologia. Ao final dos livros, certamente o leitor terá ampliado o seu conhecimento sobre o reino animal, já que os comportamentos dos personagens, as descrições, são todas inspiradas no mundo selvagem real com uma pitada de fantasia. Sotaques: em “O Destino do Lobo”, por exemplo, alguns personagens possuem características bem marcantes. Há algum significado por trás dessas personalidades? Paola Giometti: sim. Nesse livro, os lobos foram todos inspirados nos meus cachorros. Quem já teve muitos cães sabe que cada animal tem uma personalidade diferente. Em O Destino do Lobo temos lobos idosos e que melhor entendem as situações; lobos impetuosos e que não gostam de conversa; lobos curiosos e estabanados; lobos fortes e que inspiram respeito. No total, temos 8 lobos com características distintas.
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Sotaques: no primeiro volume do “Fábulas da Terra”, em “O Destino do Lobo”, há um momento solene que é sobre como os lobos compreendem a hora da refeição. O que essa parte em específico significa a você? Paola Giometti: na vida selvagem, os animais não desperdiçam comida e todos dependem direta ou indiretamente uns dos outros para sobreviverem. Na nossa sociedade o ato de comer quase virou uma atividade relacionada ao entretenimento e diversão, esquecendose que alguém teve que morrer para nos satisfazer. Acho que se todos pensássemos assim, talvez não houvesse desperdício. Na hora de comer, quase todos os animais fazem uma reverência ao alimento: eles abaixam a cabeça para pegá-lo. Não podemos esquecer que também somos animais, e esse ato também praticamos: nós abaixamos nossas cabeças na direção do prato. Sotaques: como funciona o processo de pesquisa e quanto seu conhecimento da ciência tem contribuído em suas obras? Paola Giometti: o fato de ser da área científica me proporcionou um conhecimento de onde buscar as informações corretas e verdadeiras sobre os animais. A vantagem de ser bióloga me faz observadora, pois consigo melhor aproveitar o cenário com os fatores climáticos, vegetação e os relacionar com os comportamentos animais. Faço um levantamento de artigos científicos e vídeos na internet que sejam relacionados ao comportamento do animal que vou expor. Acredito que tentar usar a fantasia num modo mais próximo da realidade pode deixar a história mais atraente, rica em situações que vão fazer o leitor não se sentir enganado ou diante de uma história absurda e forçada. Sotaques: logo na capa do livro lemos: “Com ilustrações da autora”. Qual a sensação de desenhar em seu próprio livro? Paola Giometti: no início eu não estava muito segura de que isso era uma boa ideia, pois não sou profissional apesar de que conseguia fazer algumas coisas bonitas. Mas o Edson Rossatto, que é meu companheiro e também é escritor, me encorajou a seguir esse caminho e acabei indo fazer cursos de desenho em academias de arte. Minha ideia é sempre refazêlos a cada nova edição, pois assim sempre teremos um desenho mais aprimorado do que o da edição anterior. Sempre é um grande orgulho para o escritor também poder ilustrar o seu trabalho. Sotaques: em “O Código das Águias”, o que constrói o sentido da falcoaria na visão das águias? Paola Giometti: o sentido que a falcoaria na visão das águias, em meu livro, é o abandono da liberdade por uma causa maior. O companheirismo e a fidelidade são importantes na falcoaria, pois uma águia, se descobre que está sem amarras, pode ir embora por livre e espontânea vontade.
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Sotaques: não pude deixar de notar a exacerbada presença feminina em suas obras, tendo como exemplo Kushi, protagonista de “O Destino do Lobo” e Tuska do mesmo universo. Você se considera feminista? Paola Giometti: eu não me considero feminista, pois acredito que ser feminista é uma forma de discriminação de gênero, da mesma forma que o machista faz. A escolha de uma fêmea protagonista (Kushi) e de uma mentora (Tuska) foi pelo simples fato de que as mulheres têm uma sensibilidade para o espiritual maior do que os homens, além do que costumam ser mais preocupadas com seus filhotes e o destino deles. Sotaques: o conto do filhote Julieta, no início de “A Inconfundível Canção”, nos deixa a questão: até quanto tempo aproximadamente um cão sente falta da mãe? Paola Giometti: é inevitável que um filhote sinta muita falta de sua mãe pelo menos até o terceiro ou quarto mês de vida (no caso dos que são adotados). Ele associou o cheiro e a presença dela, a sua sobrevivência e completa dependência. Mas depois que ele percebe poder buscar seu alimento e se aventurar por aí, vai perdendo esse sentimento de dependência pela mãe e a tendência é se ligar no ser humano.
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Sotaques: Lara Croft e Supergirl; quando começou sua experiência cosplayer? Frequenta muitos eventos nerds? Paola Giometti: costumo ir a muitos eventos nerds e sempre vou de cosplay. Quando o Anime Friends nem era um evento conhecido, eu já frequentava. Ia de Jill Valentine do Resident Evil 1 e Mamba Negra, do Kill Bill. Mas a Lara Croft foi a minha heroína mais importante, pois me ajudou numa época em que eu me sentia um nada e passava por uma crise de depressão. Depois, o Edson me motivou a ser a Supergirl, desenvolvendo a roupa para mim, pois diziam que eu lembrava um pouco a atriz do seriado. Assisti a todos os episódios e acabei virando fã, afinal, a personagem é bem carismática. Sotaques: o que você pode nos adiantar de lançamento seu nesse ano de 2017? Paola Giometti: em agosto será lançado O Chamado dos Bisões: uma história que foi inspirada nas migrações familiares. Terá como protagonista um filhote de bisão que fica para trás durante uma jornada migratória. Como o livro se encontra em processo de edição, ainda não é possível contar muitos detalhes — apenas que haverá um forte crossover com os personagens de O Destino do Lobo. Sotaques: nos dê três dicas de escrita. Paola Giometti: 1- Leia muito o estilo literário que quer começar a escrever, pois é preciso aprender a falar a língua do seu público. 2- Estude livros como “Story” de Robert McKee; “A Jornada do Escritor” de Christopher Vogler e “O Poder do Mito” de Joseph Campbell. 3- Escrever com o coração é importante. No entanto, deve-se pensar no seguinte: o leitor irá comprar o seu livro, ler a sua história e tem que sair satisfeito. Se ele sentir que perdeu tempo com o seu livro, ele nunca irá indicá-lo a ninguém. Portanto, escrever só com o coração e intuição não basta. Tem que estruturar bem o texto e sair dos clichês.
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Sotaques: organizou e participou de algumas coletâneas literárias da Editora Andross; qual a sensação de presenciar o interesse pela escrita através dos escritores inscritos no projeto? Paola Giometti: a parte que mais gosto no processo de produção dos livros da Andross é a ajuda e orientação aos autores que se inscreveram. Não são apenas os melhores contos a serem selecionados. Nós damos a oportunidade de o autor aprender e crescer com críticas e sugestões, reescrevendo o seu conto ou produzindo um novo. Oriento cada autor, quando necessário, e o resultado muitas vezes é surpreendente. Eu me sinto realizada por poder mediar a primeira publicação de muitos autores. Estar num livro é como deixar a sua marca para a posteridade.
www.paolagiometti.com.br
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Homem Português
| Agostinho Oliveira
Nesta edição, Davy Dias, estudante de produção de moda na Escola de Moda do Porto, mostra que o jovem Homem Português está na moda e tem muito estilo. O cenário escolhido para mostrar que os jovens portugueses estão na moda, foi, desta vez, a Ponte D. Luís, na cidade do Porto.
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Homem Português
Editorial: Homem Português |Production : Agostinho Oliveira |Photo: Pedro Sá Make-up / Hair: Tatiana Silva |Styling : Walter Jesus |Modelo : Davy Dias Local: Ponte D. Luís - Porto
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