Napratica 33 vsfinal

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edição 33 junho 2013

Hemominas

“(...) A única forma que tenho de representar e defender o Brasil é dentro de campo, jogando bola... P.09

J. Bernardes/Vipcomm

urtidas

Produção laboratorial do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep

Áreas de lazer de Piracicaba colocam crianças em perigo Natália Zanini

Reportagem do jornal Na Prática encontrou brinquedos quebrados, mato alto e sujeira em praças de 15 bairros

Solidariedade Moradora de Limeira doa medula óssea e ajuda a salvar vida em Campinas. Quando não há doador na família, chance de se encontrar medula compatível é de uma em 100 mil. P.10

Estupros dobram em Piracicaba No parque infantil do bairro Piracicamirim, pregos expostos e cordas em péssimas condições representam perigo aos frequentadores; médica também alerta para riscos de contaminação na areia das praças

É cachaça!

Junior Campos

Namoro na faculdade

Histórias que cercam os jovens que se dividem entre a sala de aula e os encontros no campus. P.08

esporte

Jamile Ferraz

Raoni Teixeira Sato

Crescimento na cidade foi de 100% nos primeiros quatro meses deste ano. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, 21 casos foram registrados de janeiro a abril de 2013, contra 11 no mesmo período do ano passado. Nas cidades de Rio Claro e Americana, o registro desse tipo de crime diminuiu. P.05

Pregos expostos, desgaste nas cordas de apoio dos brinquedos e a presença de cobras e aranhas evidenciam a falta de manutenção em parte dos parques infantis de Piracicaba. Pais, médico e engenheiro de segurança expõem o medo e o perigo de deixar que as crianças façam uso desses espaços. Prefeitura promete investir R$ 400 mil para melhorar os espaços para lazer. P.03

Com regulamentação, destilado brasileiro deixa de ser vendido nos Estados Unidos como run brasileiro. Medida traz alívio às empresas nacionais, que temiam que a tradicional bebida perdesse autenticidade, como aconteceu com a vodka. P.15

Saiba mais sobre a modalidade de futebol americano que faz sucesso em Piracicaba; equipe local é campeã. P.16


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editorial

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O preço do atraso

I

r ao parquinho da praça e encontrar tudo em estado precário se tornou comum nas cidades. A falta de manutenção tem se tornado algo bastante preocupante para a maioria dos pais que procuram lazer para os filhos nos bairros. A insegurança ao levar uma criança é de assustar. Brinquedos quebrados, mato alto, animais perigosos, sem contar com possíveis doenças transmitidas por fezes de animais. Essa é uma das preocupações dos moradores de Piracicaba, e que o jornal Na Prática traz na reportagem “Brincando com o perigo”, que mostra o descaso em pelo menos 15 bairros visitados pela nossa equipe. Infelizmente, não é só na área de lazer que vemos essa falta de investimento das prefeituras. Podemos visualizar isso nas áreas da saúde, transporte, educação e segurança, que são as primeiras a serem prometidas ao cidadão na hora da campanha eleitoral. As manifestações que estão sendo destaques por todo o país estão nos mostrando que finalmente o brasileiro se cansou das “coisas” mal-

EXPEDIENTE Jornal Laboratorial dos alunos do 5º semestre de Jornalismo da Unimep Reitor Prof. Dr. Gustavo Jacques Dias Alvim

feitas, de promessas não cumpridas e da precariedade dos serviços públicos. Não é simplesmente por um parquinho quebrado ou sujo, centavos a mais em uma passagem de ônibus ou bilhões em um estádio para a Copa. É pelo motivo de o governo cobrar, cobrar e cobrar por meios de inúmeros impostos e não devolver o que é de direito ao cidadão brasileiro. Se não é possível manter as áreas de lazer de uma cidade em ordem, como podemos confiar no resto? Como podemos nos sentir seguros ao sair de casa? Ao passear no parque? Ou até mesmo ir ao hospital? Como podemos sonhar com um futuro melhor, se não temos uma educação de qualidade para isso? Nesta edição preparada pelos alunos do 5° semestre de Jornalismo, você encontra assuntos desde a precariedade do serviço público, até as estatísticas de segurança, mostrando o crescimento dos casos de estupro em Piracicaba, além de conhecer mais sobre as plantas medicinais e o reconhecimento da cachaça no exterior. Aproveite e boa leitura!

Diretor da Faculdade de Comunicação Belarmino César Guimarães da Costa Coordenador do Curso de Jornalismo Paulo Roberto Botão Edição João Turquiai Junior MTB 39.938 Editores assistentes Eduardo Marins Elisabete Alhadas Fotografia Editor-assistente: Gustavo Vargas Colaboração: Profᵃ. Joyce Guadagnuci Editor de web Arthur Nunes Redator Wagner Gonçalves Repórteres Arthur Belotto, Arthur Nunes, Bárbara Fernanda da Silva, Carla Lauton, Caroline Ribeiro, Cláudia Assêncio, Jéssica Rodrigues, Jamile Ferraz, Juliana Goulart, Junior Campos, Laís Schiavolin, Larissa Israel, Paula Amaral, Natália Zanini, Saulo de Assis, Thais Nascimento. Arte Gráfica Sérgio Silveira Campos (Lab. Plan. Gráfico/Unimep) Contatos napratica@outlook.com Veja fotos e vídeo em: facebook.com/jornalnapratica

Tecla SAP Luana Ruiz

lnrsilva@unimep.br

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ilmes, séries, animações; o conteúdo é vasto na TV por assinatura, temos a diversidade em um pouco mais de 100 canais. Mas para o STF (Supremo Tribunal Federal) isso é pouco. A lei 12.485/11 veio para suprir a necessidade de desenvolvimento do mercado audiovisual brasileiro, garantindo espaço para canais e filmes nacionais na programação. Já podemos conferir essa mudança nos pacotes da TV paga com a inclusão de canais como o CURTA! e Prime Box Brasil. Até então é uma ótima solução para o reconhecimento do trabalho desenvolvido e feito no Brasil. Há respeito pelos profissio-

nais envolvidos no projeto. Mas e quando esse projeto não é feito em solo brasileiro e mesmo assim insiste em vir com a língua portuguesa? O respeito pelo trabalho estrangeiro passa a não existir. A TV por assinatura exibe uma programação mundial e obviamente em diversos idiomas, e porque não mantê-los junto com toda a originalidade do conteúdo? Será que há uma obrigatoriedade de dublar toda e qualquer programação estrangeira? Não tem nada mais estranho que ouvir gírias do tipo “CARACA”, “SINISTRO”, (e por ai vai a nossa criatividade de arruinar a língua portuguesa) em um filme francês. Ou em qualquer outro idioma. Algumas operadoras oferecem a opção SAP para os assinantes que queiram ouvir

um programa no idioma oficial. E com legenda. Mas isso é só em algumas, as demais oferecem só a opção do áudio e a legenda fica a cargo do cérebro da audiência em decifrar o que o ator do Cazaquistão está dizendo. Não há nada de errado com a dublagem feita no Brasil, (as gírias são um aparte), contando que seja o que o espectador queira ouvir. A satisfação do cliente tem que ser geral, afinal estão pagando por um serviço. Tem que haver uma mão dupla para que ambas as partes não sejam prejudicadas. Quer assistir com áudio em português? Assista em português. Quer assistir com o áudio original? Por favor, aperte a tecla SAP do seu controle remoto. Tudo é uma questão de OPÇÃO. Que nem sempre temos. É simples, fácil e a satisfação é geral.


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cidades

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Foto: Natália Zanini / Ilustrações: Cleberson Adão

Os brinquedos não têm manutenção, alguns estão quebrados, com parafusos soltos” Brinquedo quebrado

Mato alto

Areia suja

X

X

Praças Crianças brincam na praça do bairro Piracicamirim; brinquedo tem pregos expostos e problemas nas cordas de sustentação

Brincando com o

perigo Crianças se arriscam em praças com brinquedos em condições precárias, mato alto e sujeira; Prefeitura promete investir R$ 400 mil na reforma e manutenção de centros de lazer em Piracicaba

Natália Zanini

nzsilva@unimep.br

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reas de lazer e parques infantis sem manutenção preocupam frequentadores em 15 bairros de Piracicaba. A reportagem do jornal Na Prática encontrou brinquedos quebrados, pregos expostos, falta de placas com indicação da faixa etária para a utilização dos equipamentos, mato alto e sujeira. No bairro Cecap, por exemplo, o mato alto prejudica a diversão das crianças. Cobras e aranhas são encontradas por vizinhos. “Apareceram duas cobras no portão da minha casa e estão aparecendo outros animais, como escorpião e aranha”, conta a aposentada Maria da Graça Lopes Campos. No Jardim Piracicamirim, a areia está suja, um dos brinquedos está sem as cor-

1° de Maio

das de proteção e a ponte Água Branca X X de madeira está com as corCecap X X X das totalmente desgastadas. Eldorado X “Meu filho tem 5 anos e aqui Jd. Prezzotto X X X é um lugar que eu não quero que ele venha, não tem maJd. Primavera X X nutenção há uns oito meses”, Morumbi X X X diz o vendedor Alberto dos Noiva da Colina X X X Santos. A mesma preocuPanorama X pação é compartilhada pela Paulista X X dona de casa Tereza Cristina Petrópolis X X Paes. “Os brinquedos não têm manutenção, alguns esPiracicamirim X X tão quebrados, com parafuPompéia X X sos soltos”, observa. São Francisco X X O engenheiro de seguranSanta Rita X X ça Nilton de Castro Mello avalia que a falta de manuSegundo a médica, o bicho geográfico é tenção nos brinquedos representa perigo comum nesses locais por causa das fezes às crianças. “Sem manutenção prevende cachorros. “Ele dá uma coceira constiva, as crianças correm diversos riscos. tante, irrita a criança e pode causar infecUm deles é sofrer uma queda, que pode ção”, explica Suzana. O recomendado é deixar sequelas ou resultar em danos irque os parquinhos sejam cercados para reparáveis. É fundamental uma maior evitar a entrada de animais, responsáveis verificação desses locais para evitar que por carregar os parasitas para a areia. tragédias aconteçam”, alerta. Procurada pela reportagem, a PrefeiPara a médica pediatra Suzana Leme, tura de Piracicaba informou que vai proas famílias que frequentam esses locais videnciar a limpeza das praças, o corte devem redobrar a atenção até mesmo do mato e o conserto dos brinquedos. A com as crianças que não utilizam os brinAdministração informou ainda que vem quedos. “O problema é que as crianças menores têm mais contato com a areia, e executando reformas parciais e manutentemos que nos preocupar com a qualidade ções em centros de lazer, praças, campos dessa areia, porque existem parasitas que de areia e parques. A previsão é que o investimento total chegue a R$ 400 mil. podem infestar as crianças”, alerta.


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mercado de trabalho

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Têxteis sofrem ‘apagão’ de mão de obra Divulgação/Fatec

Instabilidade do setor é apontada como responsável pela baixa procura de jovens por cursos de formação na área

Saulo de Assis

sasaes@unimep.br

U

m estudo da Fundação Dom Cabral, realizado com 130 empresários no país e divulgado em abril, aponta que 92 em cada 100 executivos de empresas têm ou já tiveram alguma dificuldade em encontrar profissionais qualificados para os cargos que oferecem. Entre as cidades da RPT (Região do Polo Têxtil), formada pelos municípios de Americana, Hortolândia, Nova Odessa, Santa Bárbara d’ Oeste e Sumaré, a situação das empresas da área têxtil não é diferente. De acordo com Dilézio Ciamarro, presidente do Sinditec, entidade patronal das indústrias de tecelagem das cidades da RPT, os profissionais, sobretudo os jovens, têm evitado oportunidades de emprego na área em razão das instabilidades do setor. “Encontrar um profissional está mais difícil, pois em se tratando de oferta de emprego, um jovem opta hoje pela área da informática e metalúrgica, e não quer seguir carreira no setor têxtil, devido às constantes crises enfrentadas e a desleal concorrência asiática. Poucos jovens estão ingressando na área pelo receio de ficarem desempregados amanhã”, explica. Para Nilza Tavoloni, diretora de agência de recursos humanos em Americana, outros benefícios afastam novos profissionais deste setor. “O trabalhador conta hoje com tantas ofertas de emprego, que pode escolher a condição que melhor lhe convém, como o horário de trabalho. Muitas empresas do setor ainda mantêm a

Estudantes no laboratório do curso de Tecnologia Têxtil, da Fatec Americana; procura pela formação no setor diminuiu 64% nos últimos cinco anos

política de revezamento de turnos, o que contraria os interesses do trabalhador”, analisa. A coordenadora do curso superior em Tecnologia Têxtil da Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Americana, Rosilma Mirtes, destaca que a carreira na área têxtil precisa ser valorizada para atrair mais trabalhadores qualificados. “A falta de mão de obra qualificada vem da falta de incentivo. O profissional da área têxtil precisa ser motivado por meio da própria indústria, através de um plano de carreira que valorize os profissionais que procuram se capacitar”, avalia. Além da dificuldade em encontrar profissionais dispostos a trabalhar na área, a falta de interesse pela carreira têxtil também pode ser percebia pela queda na procura do curso em Tecnologia Têxtil da Fatec Americana. Em 2007, a relação candidato/vaga era de 3,95. No final de 2012, esse número caiu para 1,4.

A falta de capacitação da mão de obra resulta em produtos com pouca inovação e, consequentemente, sem competitividade no mercado”

Segundo o presidente do Sinditec, os cargos com maior demanda são: tecelão, suplente, urdidor e contramestre. Para a coordenadora do curso Têxtil da Fatec Americana, também faltam trabalhadores nas áreas de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos do setor. Além do investimento em qualificação profissional, outra saída para tentar diminuir a falta de mão de obra qualificada dentro do ramo têxtil é a valorização do profissional, como explica Nilza Tavolini. “Uma alternativa é investir numa proposta de atração e retenção destes trabalhadores”. Mas, de acordo com Dilézio Ciamarro, isso só é possível com uma queda nos impostos para as indústrias deste segmento. “Se tivermos no Brasil redução de encargos trabalhistas, adequação e isonomia nos impostos, com certeza tudo ficaria mais fácil para a contratação e manutenção dos empregos”, finaliza.


violência

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Número de estupros dobra em Piracicaba Nos primeiros quatro meses deste ano, 21 casos foram registrados, contra 11 no mesmo período de 2012; em duas cidades da região houve queda nesse tipo de crime

jugfernand@unimep.br

O crescimento dos casos de estupro em Piracicaba, nos quatro primeiros meses deste ano, está na contra mão dos dados registrados nas cidades vizinhas. Em Limeira, o crescimento foi de 12,5%, já em Rio Claro e Americana as taxas caíram 47 e 22% respectivamente, segundo dados da SSP (Secretária de Segurança Pública do Estado). A titular da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Piracicaba, Monalisa Fernandes, explica que a alta está diretamente ligada a casos com crianças de até 12 anos. “Infelizmente, esses dados não expressam a real situação dos casos de estupro. Existem muitas pessoas que não denunciam, a tendência é que esses números sejam maiores”, acredita. A jovem A.L, 26, moradora de Piracicaba, conta que na infância foi vítima de abuso. Ela figura entre os 85% dos casos de estupro, em que a vítima conhece o agressor. Quem cometeu o crime estava muito mais perto do que imaginava, sentava todas as semanas para jantar na mesa da família, o agressor era amigo de seus pais. Com apenas 6 anos, a vítima não entendia o que de fato estava ocorrendo e, por temer algum tipo de castigo dos pais, só contou o que aconteceu depois de adulta, quando o abusador já havia falecido. Mesmo após 20 anos, a vítima diz que a voz do “tio”, como ela o chamava na infância, ecoa e a perturba. “Ainda tenho pesadelos com ele, e não sei se um

dia isso vai passar. A voz dizendo ‘não se mexa, não diga nada’ é presente na minha memória. Por tudo que aconteceu comigo, não tenho vontade de casar, de dividir a cama com ninguém. Tenho medo de ser forçada a qualquer relação que eu não queira”, desabafa a jovem. Os casos de estupros não são exclusividade em mulheres, meninos também sofrem abuso sexual. Exemplificando isso, o estudante, M.G., 20, relata os dois anos em que foi molestado pelo tio, que mora em Limeira. O abuso aconteceu dos 4 aos 6 anos da vítima. Apesar da pouca idade, ele relata, lembrando das cenas, sensações e cheiros do que viveu. Ao contrário do primeiro

Por muito tempo pensei que a culpa era minha por deixar acontecer isso. Me sentia um ‘projeto de homem’” Juliana Goulart

Juliana Goulart

Frase dita há 20 anos pelo abusador de A.L, quando tinha 6 anos, ainda ecoa na cabeça da jovem

caso, M.G. contou à mãe, depois de ter contado primeiro à tia, mulher do agressor. Ela, no entanto, por medo, não fez nada. O segundo passo foi explicar para a mãe o que estava acontecendo. A reação imediata, segundo o rapaz, foi mudar da casa onde moravam, por ser próxima a residência do tio. A denúncia não aconteceu, pois, a avó da vítima não aceitou denunciar o genro para não deixar o nome da família em evidência. “Por muito tempo pensei que a culpa era minha por deixar acontecer isso. Me sentia um “projeto de homem”. Aliás, nunca quis ser igual a ele, e por isso evitava ficar perto de homens, por medo de ser igual”, conta o jovem. A terapia se faz presente na vida do estudante desde a infância, porém, os traços do abuso são fortes e acabam travando ele nas suas relações. Por outro lado, as idas até a psicóloga o ensinou a administrar seus sentimentos perante o agressor. Devido à proximidade familiar, eles ainda se veem constantemente. “O que eu sinto dele, é pena. Já senti nojo, raiva, mas hoje, eu não tenho nada a não ser indiferença”, resume. Segundo o Código Penal, a pena para quem cometer estupro contra menores de 14 anos, o chamado “Estupro de Vulnerável”, vai de 10 a 15 anos de prisão. Em casos que envolvem lesão corporal grave ou morte, o tempo de reclusão pode ser maior. Através do disque denúncia, o combate à violência ficou mais seguro. Em Piracicaba, a população pode denunciar através do número 100.


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saúde

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XÔ, GRIPE!

TRATAMENTO

Conheça as recomendações do Ministério da Saúde para prevenção de doenças respiratórias no inverno Com a chegada da estação marcada pelo tempo seco e baixas temperaturas, o Ministério da Saúde orienta a população sobre medidas de prevenção a doenças respiratórias, comuns no período principalmente nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Ambientes sem circulação de ar tendem a contribuir para a proliferação de inúmeros tipos de vírus que atacam o sistema respiratório, dentre

eles o da Gripe A (H1N1 - Influenza). Algumas práticas de higiene, apesar de simples, são indispensáveis para eliminar os vírus, que sobrevivem por até 72 horas no ambiente. O cuidado com as crianças deve levar em consideração o ambiente escolar, pois além das mãos, brinquedos e materiais de uso comum precisam de higienização, que pode ser feita com álcool

gel (70%). Com os idosos, a prevenção é uma das formas de se evitar futuras complicações com gripes e pneumonias. Uma delas é a vacina contra a gripe, oferecida anualmente para esse público. No entanto, caso apareçam os sintomas de gripe, resfriado ou rinite, o Ministério da Saúde recomenda que as pessoas procurem o serviço de saúde mais próximo, evitando-se a automedicação.

Americana lança Programa de Atenção ao Câncer A medida faz parte de um projeto de lei municipal para a criação de um Centro Municipal de Tratamento ao Câncer, previsto para ser inaugurado em 2014, mas ainda sem definição de local para construção. Atualmente cerca de 800 americanenses realizam o tratamento contra o câncer fora da cidade. A intenção é que o município atenda integralmente todos os pacientes quando o Centro estiver em funcionamento. O investimento estimado pela Prefeitura é de R$ 2 milhões.

Fotos: Bárbara Silva

Luta

antimanicomial Bárbara Silva

bafsilva@unimep.br

Q

ue atire a primeira pedra aquele que nunca chamou ou foi chamado de louco em algum momento de sua vida. Existem loucos por gostarem de saltar de paraquedas, tietes loucas por bandas de rock, o “bando de loucos pelo Timão”, e outros inúmeros loucos por alguma coisa, espalhados mundo afora. Outro aglomerado de loucos foi um grupo de aproximadamente 400 pessoas presentes na última marcha realizada na Avenida Paulista, dia 18 de maio, em São Paulo. O grupo faz parte da Luta Antimanicomial Trata-se de um movimento social organizado e constituído por diferentes segmentos sociais, como trabalhadores, usuários de serviços de saúde mental e familiares, estudantes, conselhos de classe, sindicatos, pesquisadores e artistas. Teve origem em 1988, em torno da insígnia “Por uma sociedade sem manicômios”, buscando construir outros lugares sociais para a divergência e para a diferença, uma batalha que continua sendo travada até hoje. Amanda Castilho, estudante do 4º ano de psicologia na Uniararas (União das

Em protesto no vão livre do Masp, em São Paulo, grupo pede o fim dos manicômios no Brasil

Faculdades da Fundação Hermínio Ometto), é uma das participantes dessa luta. ‘’Conheci o movimento quando ingressei na faculdade, em 2010. Reconheço a importância dele enquanto reivindicação de direitos que deveriam ser mínimos para a existência de uma sociedade justa e igualitária, direitos que abrangem a liberdade de existir’’, conta Amanda. Os manicômios, ou hospitais psiquiá-

tricos, são locais para onde pessoas com problemas mentais geralmente são levadas, muitas vezes, com o intuito de serem curadas. Segundo a doutora em Psicologia, Simone Ramalho, formada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e professora na Uniararas, os manicômios não são locais indicados ao paciente. ‘’Tivemos, na história do Brasil, manicômios que eram considera-

dos ambientes de maus-tratos, em suas práticas e no número de mortes que produziram, seja por fome, frio, e violência. Infelizmente, ainda encontramos alguns desses lugares, como recentemente tivemos notícias no Hospital Vera Cruz, em Sorocaba, que sofreu intervenção do Ministério Público’’, conta Simone. Segundo a psicóloga, nos últimos 12 anos houve redução nas internações e avanços no cuidado em liberdade, mas ainda há muito que se fazer. ‘’Ainda existem milhares de pessoas no Brasil sendo tratadas como se ainda estivéssemos na Idade Média, tendo seus direitos negligenciados, incluindo o direito a ser tratado com dignidade e liberdade, garantido pela lei federal 10216’’, frisa.


casamentos

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Um é pouco, dois é bom Pesquisa mostra que casais piracicabanos têm buscado a felicidade no segundo casamento

Caroline Ribeiro

macribeiro@unimep.com.br

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Caroline Ribeiro

Cleusa e Renato Tejada apostaram em um novo casamento após o divórcio e garantem que a decisão valeu a pena

ados do Registro Civil de 2011, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontaram que o casamento entre pessoas divorciadas cresceu em Piracicaba. A pesquisa aponta que 5,75% dos homens e 6% das mulheres têm, cada vez mais, lutado por uma segunda chance. A pesquisa compara dados de 2003 e 2011, indicando que 6,81% das mulheres divorciadas se casaram no primeiro ano, contra 12,81% no segundo. O crescimento também seguiu para o sexo masculino. No início do levantamento, 9,43% dos piracicabanos divorciados se casaram, contra 15,18% no ano retrasado. Em contrapartida, a união entre mulheres e homens solteiros apresentou queda de 5,83% e 5,97%, respectivamente. Para a psicóloga Gisele Fustaino, isso pode ser explicado pelas mudanças no perfil da população, das famílias e na crescente valorização da mulher perante a sociedade. “Atualmente, nossa sociedade permite maior liberdade de escolha. As mulheres de hoje não se sentem mais reféns da infelicidade feita por uma escolha inadequada, pois o preconceito contra elas diminuiu muito. Também existem muitas famílias se organizando diferentemente dos padrões já estabelecidos, o que mostra uma evolução das maneiras rígidas de se pensar e agir.” Esse foi o caso da esteticista Cleusa Tejada e seu marido, o corretor Renato Aparecido Tejada. Mesmo diante das dificuldades de iniciar um novo relacionamento, o casal decidiu tentar novamente. Em 1987, o casal passou a viver junto e

na companhia dos filhos do primeiro casamento, até a chegada de outros dois herdeiros. Após dez anos de convivência, Cleusa e Renato decidiram oficializar a união em uma cerimônia em cartório. Este ano o relacionamento completará 26 anos. “Ele era a segurança que eu procurava, fomos um porto seguro um para o outro. Eu cuidei do filho dele e ele da minha filha. Enfrentamos conflitos no início da relação, porque não tivemos tempo de planejar nada. Em um mês, já estávamos morando juntos”, contou Cleusa. De acordo com o advogado Alexandre Schiavuzzo Gualazzi, o aumento desses casos tem ligação direta com a mudança no artigo 226 da Constituição Federal, em 2010, que facilitou a obtenção do divórcio. A nova lei não exige que haja prévia separação, seja ela judicial por mais de um ano ou de fato por dois anos (sem homologação judicial), ou que um motivo para a separação seja apresentado pelo casal. Com aprovação da Lei 11.441/07, os cartórios passaram a realizar divórcios consensuais, o que também alavancou tais mudanças nas famílias piracicabanas. Ao jornal Na Prática, o Cartório de Registro Civil 1º Subdistrito informou que já realizou 259 casamentos somente no primeiro quadrimestre desse ano. No ano passado, 923 casais formalizaram a união nesse cartório. A professora S. C. faz parte dessas estatísticas. Com a oficialização do seu divórcio em 2009, ela se casou com N. B. C. “Estou mais madura nesse casamento e tenho noção de como agir para a relação dar certo. Agora estou mais feliz, pois tenho certeza que escolhi o caminho correto”, afirmou, evitando relembrar os problemas da primeira união.

As mulheres de hoje não se sentem mais reféns da infelicidade feita por uma escolha inadequada”


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relacionamento

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Junior Campos

Namoro ou

faculdade? É cada vez mais frequente encontrar pelo campus Taquaral, da Unimep, alunos que deixam de assistir aulas para namorar Mayne Beraldo e Murilo de Oliveira já ficaram fora de muitas aulas para namorar, mas são conscientes de que os estudos vêm em primeiro lugar e hoje não faltam mais às aulas para ficarem juntos

Júnior Campos

aicampos@unimep.br

E

studar e buscar por objetivos profissionais já não são mais as únicas razões pelas quais os jovens vão à universidade. É comum encontrar muitos universitários do campus Taquaral, da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), que namoram alguém da mesma instituição. O relacionamento amoroso faz parte do cotidiano dos estudantes durante o tempo em que estão na faculdade, entretanto, nem sempre o casal se atenta ao conteúdo das aulas e é frequente eles saírem das salas para namorar, o que pode prejudicar o aprendizado. De acordo com a psicóloga Solange Carvalho Dantas Ferrari, há muitas chances de os jovens se afastarem dos estudos. “Existem casais universitários que não são maduros o suficiente para saber dosar namoro, lazer e estudos. Por conta disso, eles precisam de um romance ou de uma paquera para conseguir levar o curso adiante, aquela coisa de encontrar motivação para ir à aula”, ressalta Solange. A aluna de Direito, Adriana Aparecida Campos Bovi, 23, conta que iniciou o na-

moro na Unimep há quase dois anos com o também estudante de Direito, Alex Abramo Barreto, 20, e que perde aulas praticamente todos os dias para encontrá-lo. “Eu tenho muito medo de ser reprovada nas disciplinas. Em alguns dias, respondo as chamadas e saio da classe”, diz Adriana. Para Alex, a vida acadêmica vai muito além do aprendizado das aulas. “Eu acredito que a universidade não se compõe apenas de aulas e sim de muitas outras coisas, como projetos de extensão e iniciação científica. É claro que tenho medo de ser reprovado por não ficar em classe, mas tenho muito mais medo de ficar trancado dentro da sala durante todo o período letivo e perder o que a universidade realmente oferece e representa. E para mim ela também significa ambiente de namoro”, opina Barreto. A estudante de Psicologia, Mayne Luma Beraldo, 23, namora há quase seis anos com Murilo Henrique de Oliveira, 22, do curso de Letras - Licenciatura em Português. A jovem relata que já deixou de assistir muitas aulas para namorar, mas que atualmente isso não acontece. “Quando eu não tinha a menor vontade de ficar em sala de aula, eu enviava mensagem

para o Murilo e logo ele estava em meu bloco. É claro que depois de perdermos a aula, nós tínhamos que correr atrás da matéria perdida para não nos prejudicarmos. Hoje em dia nem faço mais isso, pois estou em fase de estágio dentro do campus e não posso perdê-lo”, conta Mayne. Na opinião do aluno de Letras, é possível diferenciar o namoro e a faculdade, sem que um interfira no outro. “Particularmente, vejo que meu namoro fortalece os estudos, pois minha namorada é muito disciplinada com os estudos e me motiva a ser também. Durante os anos em que estamos juntos, nunca tivemos quaisquer problemas em conciliar namoro e faculdade, no entanto, nenhum casal é igual e em alguns casos, separar relacionamento de graduação se torna um grande dilema”, enfatiza Oliveira. Para a professora da Faculdade de Comunicação da Unimep, Joyce Guadagnuci, a solução para evitar que os universitários se prejudiquem por faltar às aulas para namorar é o diálogo entre docente e estudante. “O papel do professor é conversar com os alunos sobre suas faltas e cobrar deles atitudes maduras. É preciso ter responsabilidade até na hora de faltar”, opina.

O papel do professor é conversar com os alunos sobre suas faltas e cobrar deles atitudes maduras. É preciso ter responsabilidade até na hora de faltar”


urtidas

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Beck Ilustras

Fabrício Vitorino/ Tech Tudo

Novo recurso do Instagram permite a criação e o armazenamento de vídeos com duração entre 3 e 15 segundos. No primeiro dia de funcionamento, a rede social recebeu mais de 5 milhões de vídeos.

Postagem no Facebook de tirinha de Alexandre Beck - alusiva às manifestações com foco na qualidade do transporte

público - recebeu 26 mil curtidas e mais de 62 mil compartilhamentos em dois dias.

Célia Santos

“Cura gay aprovada pela deslegitimada Comissão dos Direitos Humanos. Um absurdo!! Tantos problemas no país e a comissão reitera sua HOMOFOBIA!”

Neymar, atacante da seleção brasileira ao comentar as manifestações que se espalharam pelo país nas últimas semanas, em instagram.com/njunior11

Assessoria STF

“(...) A única forma que tenho de representar e defender o Brasil é dentro de campo, jogando bola... E a partir deste jogo, contra o México, entro em campo inspirado por essa mobilização...” #TamoJunto

Jefferson Bernardes/Vipcomm

Daniela Mercury, em @danielamercury

“Tô na Paulista” Pelo Twitter @jose_simao, colunista da Folha avisa que está participando das manifestações em São Paulo.

“Como pode se falar em cura Gay em um país que não tem cura nem para a gripe Sr. Feliciano?”

“A sociedade brasileira está unânime contra a PEC 37, que só interessa a alguns maus políticos”

@fabinhoprodutor

Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, em www.asmpublico.org


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saúde

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Doando vidas Larissa Israel

lisrael@unimep.br

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que você seria capaz de fazer para salvar uma vida? Pensando nessa questão, a auxiliar de estoque Luzia Aparecida Santos Alves Dias, 45, resolveu tornar-se doadora de medula óssea. A história se iniciou em 2009, quando ela deixou uma amostra no Hemocentro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que realizava campanha para atrair doadores. Quatro anos depois, veio a notícia de que a medula da auxiliar era compatível com um paciente desconhecido. Quando não há um doador na família, um irmão ou outro parente próximo, a solução para o transplante é procurar um doador compatível entre os grupos étnicos semelhantes, que tenham idade entre 18 a 55 anos. A chance de se encontrar uma medula compatível é de uma em 100 mil. O Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo nos últimos anos, com 2 milhões de cadastros, ficando atrás apenas dos registros dos Estados Unidos, com 5 milhões de doadores, e da Alemanha, com 3 milhões. Segundo o Redo-

Na Prática: Qual foi seu principal incentivo para fazer a doação? Luzia: Eu sempre fui uma pessoa muito caridosa, sempre gostei de ajudar as pessoas. Tenho o pensamento de que não adianta apenas falar, temos que agir. Se cada pessoa fizer a sua parte, provavelmente teríamos um mundo melhor. Isso também serviu de exemplo na minha vida e para as minhas filhas. Tudo isso me ajudou, e no final tomei a decisão correta. Se for necessário, eu faço tudo de novo. Como foi o procedimento cirúrgico? O procedimento é muito

minucioso, o paciente tem que estar com 100% por cento de saúde para fazer a doação. Por isso passei por uma bateria de exames. Minha cirurgia foi acompanhada pelos profissionais da Unicamp, e a equipe técnica sempre me garantiu que eu sairia de lá bem, com saúde, da mesma forma que entrei. Por isso, eles cuidavam de cada detalhe, antes, durante e após o

Você teve algum contato com o paciente que recebeu a medula? Não tive contato nenhum. Não sei nada sobre o paciente, nem quem é. Fiquei sabendo apenas que ele iria receber a medula assim que minha cirurgia terminasse. Tinha outra equipe para recolher e levar o material. Daqui 20 dias eu vou saber o resultado da cirurgia dele. Mas sua identidade é preservada, e só poderemos nos encontrar quando a doação completar quatros anos, é uma regra do Redome.

Se for necessário, eu faço tudo de novo”

Você teve medo em algum momento? Não tive medo, a única coisa que me deixou incomodada e insegura foi a anestesia geral. Mas em todo momento eu pensava na outra pessoa, que de alguma forma ela precisava de mim.

procedimento cirúrgico. O hospital tem como norma extrair o líquido necessário pela espinha, próximo à bacia. É um procedimento delicado, pois os médicos só conseguem tirar o “líquido” da medula de 10 em 10ml, por ser um local complexo. No meu caso, eles recolheram 1 litro e 200ml, em aproximadamente três horas de cirurgia.

Qual mensagem você deixa para os leitores? Se cada um fizer a sua parte, nós teremos um mundo melhor. Nós dependemos uns dos outros. Hoje foi essa pessoa que precisou, amanhã pode ser eu, ou você. Acredito que quando estendemos uma mão ao próximo, outras duas são estendias para nós. Não se trata apenas de uma cirurgia ou doação, e sim de ajudar a salvar uma vida.

As etapas da doação 1º Passo: Quando não há um doador compatível na família, a solução para o transplante de medula é procurar um doador entre os grupos étnicos. 2º Passo: Ter idade entre 18 e 55 anos e apresentar ótimo estado de saúde. Divulgação

A atriz Drica Moraes venceu uma leucemia, câncer que atinge as células sanguínea e que tem origem na medula óssea. Ela foi diagnosticada em fevereiro de 2010 e fez transplante de medula óssea

me, (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) no Brasil, existem 70 centros para transplantes e 20 para transplantes com doadores não-aparentados. Em média são realizados dois transplantes com doadores não-aparentados por mês no estado de São Paulo. Para contar detalhes dessa atitude que se tornou exemplo em Limeira, Luzia atendeu ao convite do jornal Na Prática e respondeu algumas questões sobre seu transplante. Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Quando não há um doador na família, a chance de se encontrar uma medula óssea compatível é de uma em 100 mil

3º Passo: O candidato a doador deverá procurar o hemocentro mais próximo de sua casa e agendar uma entrevista. 4º Passo: Colher uma amostra de sangue para saber o tipo de HLA (características genéticas do doador) 5º Passo: Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com os dados dos pacientes que estão necessitando de um transplante. 6º Passo: Em caso de compatibilidade com um paciente, o doador é então chamado para exames complementares e para realizar a doação.


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solidariedade

edição 33 • Junho/2013

De paciente a voluntária Após se curar de câncer, cabeleireira atua como voluntária em associação de Limeira Carla Lauton

cclauton@unimep.br

Com 62 anos e muito bom humor, a cabeleireira aposentada Ida Loureiro Grigaletto é um exemplo de superação. Ela enfrentou um câncer de mama em 2004 e hoje ajuda pacientes da Alicc (Associação Limeirense de Combate ao Câncer) como voluntária. “Sempre fui ao ginecologista e sempre fiz os exames de rotina. Em abril de 2004, fazendo o autoexame, senti um caroço no meu peito esquerdo e procurei pelo meu médico. Repeti os exames que tinha feito em fevereiro e foi detectado um nódulo. Fui encaminhada para um especialista, fiz a biópsia e foi constatado o câncer”, lembra. Diante do diagnóstico e da indicação médica de retirada da mama, Ida manteve a serenidade. “Não me assustei. Disse ao médico que ele fizesse como achasse melhor”. Em março de 2005 ela passou pela mastectomia, que é a retirada do tecido mamário. Após a cirurgia, a aposentada deu inicio ao tratamento. Foram 28 sessões de radioterapia e 15 de quimioterapia. “O processo foi difícil. Eu fazia três sessões de quimioterapia por mês. Durante os três dias do tratamento eu ficava boa e resto do mês eu ficava ruim. Quando parecia que eu ia ficar bem, eram os dias que tinha que voltar a fazer as sessões”, relata. Durante o tratamento, Ida perdeu os cabelos, mas não se importou. “O que eu queria era ficar livre da doença. O cabelo ia crescer depois. Foi por isso que preferi não usar peruca, mas usei chapéu e lenços”. Com o tempo, a aposentada ficou totalmente curada. Ela passou a fazer exames de três em três meses e hoje de um em um ano. Antes de operar, a aposentada recorreu a Alicc para receber o apoio necessário. Passou por orientação, pré-operatório e psicólogo. “Tive todo suporte que precisava para enfrentar a doença. Depois do meu marido e da minha família, a instituição me ajudou muito”, desabafa. Após sua recuperação, surgiu uma oportunidade para que ela pudesse atuar na instituição como voluntária. “Com minha recuperação, achei que poderia aju-

dar outras mulheres durante o processo de tratamento da doença. Comecei ajudando a separar implantes para as pacientes e depois a vaga de cabeleireira ficou vazia e eu a preenchi”, lembra. Hoje, Ida faz o trabalho voluntário uma vez por semana e ajuda as pacientes a escolherem o melhor tipo de peruca, lenços e chapéus. “A doença mexe muito com o psicológico, principalmente quando a pessoa começa a se sentir feia por perder o cabelo. Eu escolho perucas para elas de acordo com cada perfil”, explica. De acordo com a psicóloga da Alicc, Luci Mara Ribeiro, cada pessoa manifesta um sentimento após a descoberta da

O que eu queria era ficar livre da doença. O cabelo ia crescer depois”

doença. “Algumas pessoas manifestam negação, outros resistência à doença. É importante o acompanhamento de um psicólogo logo quando a doença é descoberta, assim a pessoa vai aprendendo a lidar com a situação”, orienta. Segundo a psicóloga, o acompanhamento de alguém que já enfrentou a doença pode ser de grande ajuda para quem está em tratamento. “É importante ocupar o tempo e distrair a mente, de modo que a pessoa se sinta útil”, explica a psicóloga. A Alicc assiste hoje a 1521 pacientes, sendo 490 atendidos que ainda estão em processo de tratamento. Desses, 202 casos são de câncer de mama. Carla Lauton

A cabeleireira Ida Loureiro Grigaletto enfrentou câncer de mama e hoje ajuda mulheres recuperarem a autoestima durante o tratamento da doença


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natural

Junho/2013 • edição 33

Arthur Belotto

Como forma de baixar os custos dos programas da saúde pública, o SUS (Sistema Único de Saúde) orienta pesquisas e estudos a partir de 71 espécies de plantas com o objetivo de aumentar a lista de medicamentos fitoterápicos disponíveis na assistência farmacêutica básica. Desde o fim de 2012, o SUS oferece 12 medicamentos pela rede pública em 14 estados. Entre eles, se destacam o Aloe Vera (Babosa) para o tratamento de psoríase (doença inflamatória crônica da pele) e queimaduras e o Salix Alba (Salgueiro) contra dores lombares. A técnica do departamento de Biotecnologia e Produção Vegetal e Animal (DBV) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Analucia Cerri Arruda,

A mirra, planta medicinal, possui propriedades antimicrobianas e adstringentes, que atuam de forma eficaz no tratamento de infecções na pele e na boca

Farmácia

em casa O tratamento de doenças a partir de plantas medicinais segue gerações, mas o cuidado deve ser o mesmo adotado quando se usa remédios industrializados

Arthur Belotto abbelotto@unimep.br O uso de plantas como tratamento alternativo de diversas doenças é algo que acontece desde os primórdios da civilização humana e é alternativa bastante eficaz até os dias de hoje. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), mais de 85 % das pessoas do mundo utilizam plantas medicinais para tratar da saúde, sendo a maior parte preparadas na forma de chá e obtidas em cultivo próprio. Grande parte do conhecimento sobre uso e modo de preparo destas bebidas vem do popular e muitas vezes de familiares. Sérgio José Seneda, doutor em homeopatia e farmácia, afirma que a apli-

cação e dosagem de plantas medicinais sempre partiram da sabedoria popular, por uma questão de tradição. “Não existe uma técnica para se vender chá, mas para se fazer, sim.” conta o doutor. Ele explica ainda que a dose certa para um bom chá é uma colher da erva para cada xícara. A aposentada Maria Aparecida de Moraes sempre cultivou os mais variados tipos de plantas em seu quintal. Sempre que algum neto ou filho passa mal, ela sabe o que indicar. “Nessa época do ano sempre dou para meus filhos e netos um pouco de guaco que é muito bom para tosse”, conta a aposentada. Porém, a especialista em fitoterapia Lidiane Cristina de Lima explica que como todo medicamento, o fitoterápico - medicamentos produzidos a partir de plantas e derivados, ou a planta em si - também deve ser utilizado conforme orientação médica. “Para a dosagem correta e contraindicações, o usuário tem que procurar um profissional” esclarece a especialista. Os especialistas exemplificam ainda alguns efeitos colaterais com plantas bastante populares como a erva cidreira, usada como chá calmante, mas com grande quantidade de dipirona natural. Seneda alerta que, “se você faz um chá muito forte de erva cidreira e têm problemas de pressão, você corre o risco de ter uma queda de pressão”.

Fui ao prontosocorro, utilizei pomadas, mas o que aliviou a ardência foi a babosa que tenho plantada no meu quintal” foi uma das responsáveis pelo projeto «Jardim dos sentidos: Conexões», uma exposição com o objetivo de promover novos conhecimentos a respeito do cultivo de plantas medicinais em quintais. Analucia diz que o cultivo de plantas medicinais em quintais possibilita a utilização própria, para fins comerciais e atua como forma de diminuir o extrativismo de espécies nativas. «Considerando que este cultivo será feito de acordo com os preceitos agroecológicos possibilitaremos o uso de técnicas economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente corretas», ressalta a coordenadora do projeto. A secretária Vânia Alves Madalena sempre cultivou algumas plantas e flores em seu quintal, mas foi após uma queimadura com água quente fazendo café, que se deu conta do que tinha em casa. “Fui ao pronto-socorro, utilizei pomadas, mas o que aliviou a ardência foi a babosa que tenho plantada no meu quintal a muito tempo”, conta a secretária que seguiu indicações de sua mãe.


ansiedade

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A doença do século

Jéssica Rodrigues

Sofrimento psíquico, relacionado a preocupação excessiva, atinge principalmente jovens e o sexo feminino Roer unhas é um dos sintomas mais visíveis de ansiedade

Jéssica Rodrigues

jarsantos@unimep.br

R

espiração acelerada, boca seca, dor de estômago, medo inexplicável ou preocupação obsessiva com algo que ainda nem aconteceu. Estes são alguns dos sintomas da ansiedade, chamada doença do século, que é capaz de prejudicar a autoestima e o desenvolvimento tanto acadêmico como profissional. A universitária C.B., 21, sente na pele esse sofrimento. Ansiosa declarada, ela já teve problemas por causa disso. “A ansiedade já me causou muitos problemas, por exemplo, em uma entrevista de emprego em inglês esquecer completamente o vocabulário americano e não conseguir formular frases simples”, conta. Por ter ligação com o medo do que vem a acontecer, a ansiedade pode ser considerada como a doença do futuro. “Ansiedade tem a ver com preocupações sobre algo que vai acontecer. É necessário ter um autoconceito mais estável, para dar

conta do que virá no futuro, tanto para saber avaliar se vai conseguir resolver isso ou não”, afirma a psicóloga Gisleine Vaz Scavacini de Freitas. Segundo a psicóloga, a noção do amanhã começa a ser desenvolvida na adolescência, quando o jovem deixa de fazer planos apenas para o próximo feriado e passa a pensar num futuro mais distante, como a faculdade que irá cursar. No entanto, a ansiedade também pode ser desenvolvida de acordo com a formação acadêmica de cada pessoa. Mesmo um adolescente que nunca apresentou quadros de ansiedade, quando chega à universidade poderá sofrer com as demandas que o curso exige e não conseguir lidar com a situação. “Quem teve formação suficiente vai dar conta, ficará menos estressado com o curso e acreditará melhor na sua competência pra seguir adiante. Quem tem menos recursos ou teve pouca formação para entrar, quando chegarem as cobranças, de duas, uma: ou tenta resolver ou foge dali”, ressalta Gisleine.

Eu fiquei extremamente nervosa. Cheguei até a ingerir ansiolíticos para dormir” Segundo dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a venda de medicamentos para controlar a ansiedade atingiu disparou no período de 2007 a 2010. A reportagem do jornal Na Prática passou por quatro farmácias de Piracicaba e constatou que a maioria dos que com-

pram os ansiolíticos é formada por jovens e mulheres. “Os ansiolíticos não deveriam ser uma prática dos jovens. Eles não atuam na causa da ansiedade, mas camuflam os sintomas”, revela a psicóloga. Mas a ansiedade também revela suas faces positivas. “Sem ela, não planejamos o que precisamos para resolver nossos problemas. A ansiedade deve ser vista como um apito que o corpo dá, pois algo não está bom.”, explica Gisleine. Ter consciência de sua ansiedade é um fator fundamental para ajudar a desenvolver métodos que ajudem a controlá-la. Consciente de seu problema, C.B diz que a prática de exercícios físicos e respirar profundamente a ajudam a recuperar o equilíbrio. Além disso, psicóloga ressalta que a conversa com alguém próximo também é uma boa saída para tentar amenizar os sintomas. Assim como as práticas de meditação, exercícios físicos e alongamentos. Mas, um alerta: “Quando a ansiedade se torna um sofrimento grande, a terapia é de grande valia” afirma a psicóloga.


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cultura

Junho/2013 • edição 33

Roteiro Regional

por Thaís Nascimento

trnascimento@unimep.br

Divulgação

Limeira

Peça infantil é destaque no Sesi No dia 23 de agosto será apresentada no Sesi de Limeira a peça infantil Vaquinha Curau, às 13h30, com entrada franca. A montagem relata a história de dois “mestres” rivais que resolvem se enfrentar num “duelo” (catira ou cururu), mas são surpreendidos por um desafio: encontrar o dono daquela que só pode ser vista por quem tem bom coração. Começa-se, então, uma busca que vai transformar a vida de todos e fazê-los navegar poeticamente por um mundo de imagens e sons inusitados.

Oportunidade aos aspirantes da MPB O Canta Limeira é um festival destinado a oferecer oportunidade e espaço aos compositores e intérpretes da música popular brasileira de todos os gêneros, sempre com o tema livre. Nesta edição, a 12ª, o evento ocorrerá de 12 a 14 de julho, às 20h, no Teatro Vitória, na Praça Toledo Barros, região central. A entrada é franca. Mais informações pelo telefone (19) 3451-6679, ou pelo facebook.com/teatrovitoria, twitter. com/teatrovitoria, culturadelimeira. wordpress.com.

Rio Claro

Shopping exibe pinturas da pinacoteca A exposição “Cidade Azul – Ontem e Hoje – Terra de São João Batista – 186 anos” reúne pinturas do Acervo da Pinacoteca Municipal Pimentel que podem ser conferidas Espaço Cultural do Shopping Rio Claro até o dia 30 de junho, de segunda a sábado, das 13h30 às 22 hs. e aos domingos, das 13 às 19 hs. A entrada é franca. Av. Conde Francisco Matarazzo Júnior, 205 - Vila Horto Florestal.

Piracicaba

Sesi apresenta imagens com recursos gráficos A mostra fotográfica “Fotogosmas”, que tem como objetivo promover a reflexão sobre o poder da tecnologia, apresenta imagens modificadas por meio de recursos gráficos. As fotografias ficarão expostas à visitação gratuita até o dia 30 de junho no Salão Social do SESI Piracicaba, que fica na Avenida Luiz Ralph Benatti, 600, Vila Industrial, de segunda a sexta, das 8h às 21h e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 18h. Informações: (19) 3403-5928.

Sesc tem mostra de animação

O Sesc de Piracicaba apresenta entre os dias 28 de junho e 7 de julho a Mostra Sesc de Teatro de Animação. A programação apresenta 21 companhias, sendo 10 nacionais, 2 coproduções brasileiras, com França, Estados Unidos e Canadá e 9 apresentações internacionais. Para mais informações, acesse http://www.sescsp. org.br. O Sesc fica na Rua Ipiranga, 155, Centro. Mais informações pelo telefone (19) 3437-9292.

Dia 16 de agosto estreia em todo o Brasil Flores Raras, um filme estrelado pela atriz Glória Pires e a atriz americana Miranda Otto. Dirigida por Bruno Barreto, a história passa-se nas décadas de 1950 e 1960. A poetisa americana Elizabeth Bishop (Miranda Otto) e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares (Glória Pires) vivem uma história de amor. Bishop era uma mulher frágil, alcoólatra, que ganhou forças com as perdas em sua vida. Lota, por outro lado, era uma pessoa confiante e otimista, que se fragilizou com a perda do seu grande amor.

Americana

Mostra revela imagens do cotidiano da grande metrópole Em meio ao caos de fios, postes e prédios da cidade de São Paulo, a mostra “Grafismo Urbano: A Abstração das Formas sob o Olhar Fotográfico” apresenta novas leituras de formas e detalhes do cotidiano dessa grande metrópole. O olhar fotográfico do artista desconstrói as linhas estabelecidas pelos homens e compõe imagens abstratas e geométricas que assumem novos

valores e significados. A mostra apresenta uma leitura abstrata das formas simétricas encontradas na cidade paulistana e que remetem a objetos do cotidiano. A s fotografias podem ser conferidas no Sesi Americana (Av. Bandeirantes, 1.000 – Machadinho) até do dia 29 de junho, de terça a sexta-feira das 08h às 20h e de sábado das 09h às 16h. A entrada é franca.


exterior

edição 33 • Junho/2013

Cachaça, com todo respeito

Com o reconhecimento norte-americano, a cachaça alcançou status de produto originalmente brasileiro Raoni Teixeira Sato

A cachaça ganha cada vez mais espaço no mercado internacional

Arthur Nunes

angonzaga@unimep.br

O próprio brasileiro deve passar a valorizar mais a cachaça como algo de qualidade”

D

esde abril, a cachaça, bebida tradicional brasileira, tornou-se reconhecida como produto exclusivamente brasileiro. Até então, o destilado era obrigatoriamente vendido com a descrição “Brazilian Rum” (rum brasileiro), em seu rótulo. Apreciada por compor a apreciada caipirinha, a bebida era constantemente confundida por não ter uma identidade própria. A medida abre precedentes para que o mesmo aconteça em outros países, hoje a cachaça é reconhecida apenas nos EUA e na Venezuela. O caso é semelhante ao que ocorreu com França e México, que conseguiram exclusividade para a comercialização do

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“champagne” e da “tequila”. O maior temor do mercado brasileiro, era que a tradicional bebida perdesse a autenticidade, como aconteceu com vodka, produto original russo, que hoje pode ser produzido em qualquer parte do mundo. A regulamentação movimentou o marketing do produto, recentemente a Cia. Müller de Bebidas, produtora da Cachaça 51, realizou uma ação de product placement (colocação do produto de forma orgânica no cenário), no famoso seriado norte americano “The Big Bang Theory”, transmitido para mais de 140 países. Em nota, Paula Videira, gerente de Marketing da Cia. Müller de Bebidas, afirma que, “no momento em que os EUA reconhecem a cachaça como produto genuinamente brasileiro pelo Alcohol and

Tobacco Tax and Trade Bureau (TTB) – órgão do governo norte-americano especializado no comércio de álcool e tabaco, a ação de marketing fortalece a marca no país, assim como a divulga em todo o mundo, já que a série é sucesso mundial”. As cachaçarias da região, até então, não sentiram um resultado imediato desta norma. Segundo o diretor de exportação da cachaçaria Velho Barreiro, Joeny Cremasco, a empresa situada em Rio Claro é umas das mais importantes cachaçarias da região, “o reconhecimento ainda não surtiu muito efeito, pois já exportamos para lá há mais de 15 anos. É muito cedo para falar, estamos esperando o verão no hemisfério norte, vamos ver o resultado lá para setembro”, enfatiza. O site da cachaçaria disponibiliza sua versão em três idiomas, e em 2011, para atingir o mercado internacional, lançaram a cachaça mais cara do mundo, a ‘Velho Barreiro Diamond’, com armação de ouro e cravejada por 211 diamantes, cada exemplar não saiu por menos de R$ 212 mil. Outras cachaçarias, ainda estão voltadas exclusivamente para o mercado brasileiro, um exemplo disso é a “Cachaçaria Piracicaba”. Segundo o sócio-proprietário da destilaria, André Morgan, “toda a nossa demanda vai para o mercado nacional, não descartamos a ideia de exportar o nosso produto no futuro, mas o Brasil é muito grande”. Transformar a imagem da bebida no Brasil, este vem sendo o objetivo do portal “Mapa da Cachaça”, projeto independente que visa conectar produtores e apaixonados por cachaça. De acordo com o criador do site, Felipe Jannuzzi, “um dos nossos objetivos com o Mapa da Cachaça é contar as histórias dos alambiques artesanais. Alguns são centenários - as primeiras cachaças datam de 1530. Acreditamos que contando essas histórias estamos ajudando a valorizar a cachaça e também a cultura e a memória do Brasil”, para ele, “com o reconhecimento do mercado exterior, o próprio brasileiro passe a valorizar mais a cachaça como algo de qualidade”.


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esporte

Junho/2013 • edição 33

Futebol

Americano

de flag

Conheça a modalidade presente no interior paulista desde 2008; equipe de Piracicaba é a atual campeã da liga Caipira Bowl

Jamile Ferraz

jafcampos@unimep.br

Q

uem passa pela Rua do Porto em um domingo à tarde pode se deparar com um esporte ainda não muito conhecido pelos brasileiros, mas que já faz a cabeça de muita gente. Comum nos filmes produzidos em Hollywood, o futebol americano está cada vez mais presente no Brasil. A modalidade famosa por aqui é o Flag (bandeira em inglês), uma variação do esporte que tem por objetivo retirar do jogador adversário uma fita presa a roupa. A diferença em relação ao futebol americano tradicional é a ausência do contato físico, que obriga os jogadores a usarem capacetes e uniformes com proteção. Criada pelos soldados americanos, o Flag se popularizou nas bases militares de todo o mundo, e tinha como objetivo a Jamile Ferraz

De uniforme azul, jogadores do Cune Cutters, de Piracicaba, disputam partida com os Jets, de São José, em busca de mais uma vitória no campeonato

Sinto que depois que comecei a praticar o time cresceu, acabei me desenvolvendo pessoalmente. Eu tinha que ser o exemplo”

diversão com um esporte típico da cultura americana, mas sem correr o risco de se machucar. O que muitos não sabem é que Piracicaba tem uma equipe desse esporte, que vem crescendo a cada ano. Os Cane Cutters, cujo nome “cune” vem de uma das principais características de Piracicaba, a cana de açúcar, representa a cidade em torneios disputados no Estado. Com apenas 12 jogadores, os Cutters tiveram sua primeira formação em 2008, quando o coordenador e técnico da equipe, Marco Bucci, apresentou o esporte para a cidade. Mas foi somente em 2010 que o time entrou em campo para disputar os campeonatos amadores como o Caipira Bowl, que concentra os times de todo o interior paulista. Os Cutters são os atuais campeões do torneio. O bom desempenho da organização favoreceu a criação, em 2011, da Associação Paulista para o Futebol Americano e o Campeonato Paulista de Flag, que conta com mais de 700 atletas em São Paulo. Entre os integrantes do time piracicabano, está o Linebacker (jogador de defesa) Marcus Vinicius Castellucci, que está no elenco desde 2008. Ele conta que a prática do esporte trouxe várias mudanças na vida dele. “Sinto que depois que comecei a praticar e o time cresceu, acabei me desenvolvendo pessoalmente, pois eu era o responsável pelo treinamento do pessoal. Dessa forma, eu tinha que ser o exemplo, animar o pessoal e ainda ser comunicativo, coisa que eu não era antes”, conta. Além de equipes em Piracicaba, Santa Bárbara d’Oeste, São Carlos, Araras, Tietê e Salto, existem outras em Barretos e São José dos Campos, que também participam do Campeonato Paulista de Flag e da liga Caipira Bowl. O esporte que corre em busca de espaço já tem vários admiradores. José Roberto Correa, um dos espectadores da partida entre Cane Cutters e os Jets, equipe de São José, pelo Campeonato Paulista de Flag, comenta que mesmo ainda sem conhecer muito do esporte, tem interesse em fazer parte da equipe de Piracicaba. “É a primeira vez que venho assistir e já me interessei pelo esporte, quero poder conhecer as regras e com treinamentos poder fazer parte da equipe”, diz. Quem se interessar em fazer parte do time piracicabano basta acessar o site www.canecutters.com.br para ter mais informações.


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