Na Prática Edição 31

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edição 31 abril/2013

urtidas

Veja os comentários que bombaram nas redes sociais sobre assuntos polêmicos da região e do Brasil. P. 8

Divulgação

Se reduzirem muito a maioridade penal, vai ter Maternidade de Segurança Máxima!” Produção laboratorial do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep

Wagner Gonçalves

Casamento entre homossexuais enfrenta resistência na maioria das igrejas; pressão por mudanças provoca debates

Eduardo Freire/Cleberson Adão

À espera de mudanças Novo papa, excomunhão de padre e os acalorados embates de opiniões na sociedade reacendem a esperança de diálogo e aceitação da união homoafetiva nas religiões mais tradicionais. P. 3 Elisabete Alhadas

inclusão social Softwares gratuitos contribuem para que deficientes visuais tenham mais independência. P. 6

Jovens no comando

nas mãos da sociedade

Governo federal quer participação da sociedade civil na avaliação da classificação indicativa do conteúdo exibido na televisão brasileira. P. 9

Empreendedores com idade entre 18 e 34 anos foram responsáveis por 52% dos novos negócios em 2012. Mais de nove milhões de micro e pequenas empresas no Brasil são comandadas pela geração que tem como maior desafio não parar de inovar. P. 4

distante do ideal Falta de sinalização e o desrespeito dos motoristas dividem espaço com quem se arrisca a usar as ciclofaixas em Piracicaba. P. 7

Renata Prestello coleciona medalhas conquistadas em competições de natação e atletismo

Exemplo de superação Estudante de Educação Física da Unimep dribla as dificuldades para conquistar vitórias representando Piracicaba. P. 16


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editorial

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Tempo de (re) descobrimentos

EXPEDIENTE

“P

Reitor: Prof. Dr. Gustavo Jacques Dias Alvim

recisamos retirar a comunidade LGBT da invisibilidade”, este foi o alerta da ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), durante audiência pública no Senado Federal. Na ocasião, a ministra pediu aos senadores que votassem o projeto de lei que criminaliza o ódio e a intolerância contra os homossexuais, entregue à Comissão de Direitos Humanos, no dia 16 de abril. O ato surge no período em que a discussão pelos direitos da comunidade LGBT está em evidência, frente às polêmicas geradas pela chegada do pastor Marcos Feliciano à Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. Entretanto, as manifestações de religiosos sobre homossexuais feitas dentro de templos não são contempladas no Projeto de Lei Complementar. A reportagem “Em nome da tolerância” fomenta essa discussão ao trazer diferentes pontos de vista de líderes religiosos da região sobre a possibilidade de a homossexualidade ser natural.

Além da reportagem que apresenta a visão das religiões sobre a união homoafetiva, a edição 31 do jornal Na Prática propõe a você leitor momentos de (re) descobrimento. Em entrevista ao repórter Arthur Nunes, o roteirista da HQ História do Brasil em Quadrinhos, Edison Rossato, fala do desafio de produzir uma revista didática, voltada ao público infantil, e de adaptar a narrativa histórica, com boa dose de humor, a um formato já bastante conhecido dos pequenos. Do passado à atualidade, a HQ caracteriza a diversidade étnica brasileira, por meio de suas personagens, e contempla um tema importante, a inclusão social. Assunto também retratado em nossas páginas com a história de superação da jovem atleta Renata Prestello. Outra (re) descoberta por parte dos jovens é o empreendedorismo, seguimento antes restrito aos profissionais mais experientes. O mercado empresarial, segundo dados do Sebrae (Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas), teve os jovens à frente da maioria dos empreendimentos iniciados em 2012. Boa leitura!

Jornal Laboratorial dos alunos do 5º semestre de Jornalismo da Unimep

Diretor da Faculdade de Comunicação: Belarmino César Guimarães da Costa Coordenador do Curso de Jornalismo: Paulo Roberto Botão Edição: João Turquiai Junior MTB 39.938 Editoras assistentes: Jéssica Rodrigues dos Santos Juliana Goulart Fernandes Editora assistente de fotografia: Jamile Ferraz de Campos Correa Editora de web: Thais Rejane Nascimento Redatores: Laís Menegati Schiavolin Wagner Gonçalves Repórteres: Arthur Nunes, Bárbara Fernanda da Silva, Carla Lauton, Cláudia Assêncio de Campos, Eduardo Marins Freire, Elisabete Alhadas, Gustavo Vargas, Junior Campos, Larissa Israel, Luana Ruiz, Caroline Ribeiro, Paula Amaral, Natália Zanini, Saulo de Assis, Wagner Gonçalves Arte Gráfica: Sérgio Silveira Campos (Lab. Plan. Gráfico/Unimep) Contato: napratica@outlook.com Tiragem: 1.000 exemplares

Proteção aos delinquentes Romeu Neto

rvssilva@unimep.br

N

o Brasil, se um menor de idade confessar ter matado alguém tem como sentença máxima três anos de internação e depois é liberado como réu primário, ou seja, com a ficha limpa. Mesmo que o jovem cometa a pior das atrocidades, a lei brasileira, baseada na Constituição e no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), prevê que o jovem infrator realize medidas socioeducativas apenas durante o período em que estiver internado. A morte de Vitor Hugo, em São Paulo, por um rapaz que completou 18 anos três dias depois do crime, reascendeu no país as discussões acerca da redução da maioridade penal. As medidas socioeducativas descritas no ECA são tão “coloridas” que é quase impensável ao infrator não retornar aos delitos. As

medidas dizem, por exemplo, que quando internados, os infratores devem: receber escolarização e profissionalização, realizar atividades culturais, esportivas e de lazer, serem tratados com respeito e dignidade e até ter acesso aos meios de comunicação social. Deus do céu, tudo o que deveriam ter recebido antes de cometerem algum erro. Ou a família falhou, o que é provável, ou certamente os governos negligenciaram em oferecer isso aos jovens. À família de Vitor Hugo e outras tantas vítimas dessa defasada lei fica a interpretação de «benefício» a quem pratica o crime, ou até de incentivo aos que se aproveitam das brechas. Na conta básica da isonomia, princípio básico da Justiça, quem é que pagará cabalmente por barbáries tão comuns atualmente? A família de Vitor Hugo é vitimada duplamente, e sem ao menos ter chance de argumentar porque a lei, no momento, é irretocável. Como diria Rousseau, «todo homem nasce bom, a

sociedade é que o corrompe». Infelizmente, a pureza dos adolescentes é dragada pelo ambiente inescrupuloso e imoral no qual são criados ou com os quais se relacionam. Provavelmente por essa razão, o nível de reincidência entre os menores infratores é altíssimo. Grande parte deles é usada na terceirização do crime, uma vez que está imune das punições mais rígidas se apreendidos pela polícia. A redução da maioridade penal poderá superlotar ainda mais nossas cadeias e produzir ainda mais marginais, devido à incompetência de nossos governos com o cuidado do antes, durante e depois de nossos jovens infratores. Entretanto, ao que tudo indica, não há outra forma senão pela coerção, rigidez e punição, de coibir novos e novos assassinatos, nos quais o réu confesso está impossibilitado legalmente de pagar pelo que fez mediante à gravidade de seu crime, mesmo que utopicamente o queira.


comportamento

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em nome da tolerância WaGNeR GoNÇalveS

nas Deus conhece o íntimo de cada um de nós. É o Único que pode julgar”, pondera. Para o pastor Osvaldo Elias de Oliveira, da Igreja Metodista, de Limeira a “complexa problemática sociocultural” exige olhar humilde para entender os homossexuais. “Muitos jovens desconhecem a dimensão do compromisso de uma união matrimonial. Por isso, é necessário que haja plena certeza da condição sexual para sustentar as adversidades, que incluem resistências sociais”, avalia. “Não acredito que alguém escolha viver assim. É sofrido demais, pelo preconceito. Seria muito fácil ser heterossexual”, argumenta Jéferson Novaes, 21, estudante de Psicologia, membro da Igreja Batista e homossexual assumido. Há dois anos, quando abordou o assunto com pastor da comunidade a qual participava, sentiu-se culpado. “Era como se eu estivesse condenado ao inferno, pois diziam que eu tinha desvio para o mal”, lembra. 

wbgoncalve@unimep.br

A

renúncia do Papa Bento XVI e os rumores de que tal decisão, inédita na história, teve, entre seus componentes, a resistência do pontífice em discutir assuntos polêmicos da contemporaneidade, como a união homoafetiva, reacendeu a esperança nos fiéis, católicos ou não, em ter esses temas debatidos sem preconceito e com tolerância. Na ocasião da renúncia, a Organização de Homossexuais Católicos Norte-Americana disse que espera do novo líder um trabalho fundamentado no diálogo acima do conformismo. Em comunicado, a organização pede “fim às declarações que infligem feridas em pessoas já marginalizadas, desprezadas como não totalmente humanas”. O jornal Na Prática conversou com religiosos sobre o tema, que ganhou fôlego com a excomunhão do padre Roberto Francisco Daniel, 48 anos, de Bauru. A Igreja Católica excomungou o pároco após declarações dele de apoio a homossexuais. Tida como “prática abominável aos olhos de Deus”, muitos padres e pastores, ao longo dos anos recomendavam o afastamento de possíveis “tentações”. Segundo o pastor da Igreja de Confissão Luterana de Rio Claro, Luiz Carlos Oliveira, há líde-

Não acredito que alguém escolha viver assim, é sofrido demais” res que orientam os fiéis homossexuais que “busquem a cura”. Orientação não aprovada por Oliveira, já que ainda não se comprovou que a homossexualidade é uma opção sexual. “Se é algum traço natural destas pessoas, não é possível mudar”, afirma acrescentando que na Suécia, a Igreja Luterana realiza o casamento gay. “O respeito e, principalmente o amor ao próximo, tratando-o como filho de Deus é a base fundamental”, disse o padre da Catedral Nossa Senhora das Dores, de Limeira, José Ângelo Mirandola Bryan. Para o pároco, é preciso aceitar as pessoas da maneira como elas são de fato, sem reprimi-las. “Ape-

E você, o que acha sobre o polêmico assunto? É favorável a união estável entre homossexuais? Apoia a Igreja Católica? Envie sua opinião para o e-mail napratica@outlook.com

O que diz a Bíblia Wagner Gonçalves

líderes religiosos admiTem a necessidade de se discuTir a união homoafeTiva

Prática pecaminosa? Religiosos têm diferentes interpretações sobre passagem bíblica

Há divergências entre os fiéis sobre a questão da homossexualidade, por enxergarem como uma prática “pecaminosa”, considerando passagens bíblicas. O padre José Ângelo Mirandola Bryan, da Catedral Nossa Senhora das Dores de Limeira, afirma que os versículos descrevem tais atitudes como impuras, e que “a Palavra não muda”. “Por isso, não acredito que haja aceitação do papa quanto a este tipo de união”, diz. Por outro lado, o pastor Luiz Carlos Oliveira afirma que a sagrada escritura desconhece qualquer referência à união homoafetiva. “Apenas os desvios promíscuos, praticados na antiguidade é que são descritos desta forma. Se o batismo e a comunhão são oferecidos aos homossexuais, por que não promover a benção matrimonial?”, reflete.


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economia

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Jovens empreendedores já representam mais da metade dos novos negócios Saulo de Assis

sasaes@unimep.br

O

publicitário Arthur Rosolen tinha 21 anos quando abriu seu negócio. Prestes a terminar o curso de Publicidade e Propaganda, juntou a vontade de abrir uma empresa com o investimento de um amigo e criou a Marc, agência de comunicação visual. Rosolen faz parte de um grupo que cresceu bastante em 2012: o de jovens empreendedores. De acordo com pesquisa nacional feita pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em parceria com o instituto Global Entrepreneurship Monitor (GEM), os jovens de 18 a 34 anos foram responsáveis no ano passado por 52% dos novos negócios. Em 2011, este número era inferior a 40%. No total, esta faixa etária comanda mais de nove milhões de micro e pequenas empresas no Brasil. A pesquisa realizada não dispõe de dados regionais. “Hoje, os jovens largam empregos para abrirem empresas com mais frequência. Contam com a vantagem de casos de su-

cesso que servem de inspiração e referência, especialmente na hora de identificar os erros. São antenados, conectados e com nível mais elevado de escolaridade”, explica Antonio Ribeiro, gerente do escritório regional do Sebrae em Piracicaba. Esta não é a única explicação para o crescimento. Ribeiro também destaca a boa fase econômica do país como fator que estimula a abertura de novas empresas. “O dinamismo da economia brasileira nos últimos 10 anos também serve de impulso para os jovens, que identificam no mercado uma oportunidade de inovação partindo de necessidades individualizadas”. Para Leda Favoretto, coordenadora do Núcleo de Jovens Empreendedores da diretoria do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santa Bárbara d’ Oeste, o jovem empreendedor de hoje tem como principal característica a persistência. “Ele não perde a oportunidade, acredita em seu projeto, investe em algo pequeno, vai atrás de clientes e, mesmo com dificuldades, não desiste, conquistando devagar o seu espaço ao longo dos anos”, avalia.

Saulo de Assis

Para especialista, inovação e motivação são fatores fundamentais para evitar o fechamento de novas empresas

Jovens Empreendedores e os novos negócios Evolução do número de novas empresas abertas por jovens de 18 a 34 anos

52,1% 39,6% 28,6%

2002

2011

Fonte: Sebrae e GEM (Global Enterpreneurship Monitor)

2012

O que dizem os especialistas O aumento é reflexo do dinamismo da economia brasileira nos últimos dez anos e da legislação mais simplificada. Além disso, os jovens estão mais dispostos a correr riscos. Maiores dificuldades Além da comunicação com clientes, a dificuldade em planejar e controlar a gestão de uma empresa também pode atrapalhar os jovens empreendedores.

Condições econômicas, persistência e conhecimento, no entanto, podem não garantir o sucesso de um negócio. Segundo pesquisa do Sebrae, 27 em cada 100 empresas no país fecham as portas antes de completar dois anos. Para não fazer parte deste número, Ribeiro aponta fatores fundamentais. “Os jovens empreendedores não podem parar de inovar. A inovação garante competitividade e evita que a empresa caia na estagnação. A motivação profissional também é importante para manter os negócios sempre reinventados”, analisa.

Inovação garante competitividade e evita que a empresa caia na estagnação”

“Ele precisa ter pé-no-chão primeiramente na capacidade financeira, ser visionário, acreditar em seu novo projeto, ter liderança, muita força de vontade e certeza do que quer encarar”, completa Leda. Um fator importante para o sucesso de novas empresas é também o conhecimento em gestão empresarial. De olho nisso, a jornalista Michele Trevisan, que está abrindo seu próprio negócio na área de moda, já se prepara. “Para chegar à decisão de que realmente investiria no ramo, fiz um estudo do mercado e um curso de Gestão de Negócio. Tenho me preparado com muita calma. Quero colocar cada tijolinho com muito cuidado para ter a certeza de que estou erguendo uma estrutura forte”, explica. Com base em sua experiência como empresário, Rosolen dá a dica para quem quer ter seu próprio negócio. “Um jovem empreendedor deve ser responsável, ter expectativa, apresentar suas ideias aos outros, mostrar para o que veio e ter o pé no chão, sem nunca esquecer seu sonho de voar alto e não desistir”. 


e-commerce

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Procura por comércio on-line aumenta 29% em 2012 Carla Lauton

Brasil será o 4º país com maior número de vendas pela internet em 2016

Carla Lauton

cclauton@unimep.br

A

os 31 anos, o publicitário Felipe Bernardino deixou sua banda e abriu uma loja virtual. Por dez anos, Bernardino viajou por várias cidades e estados se apresentando com sua banda show em bailes de formatura, junto com seu pai e irmão. Mas ele já não estava contente. “De um tempo pra cá, eu já estava desanimado com esse mercado. Minha rentabilidade já não era mais a mesma. Meu descontentamento era explícito”, comenta. A mãe do publicitário tem um comércio de calçados há mais de 20 anos em Piracicaba e sempre pediu para Bernardino fazer um site para a loja. “Minha mãe sempre me pedia para montar um site que apresentasse a loja e os produtos”, explica. Na metade do ano passado, um amigo de Bernardino começou a ajudar no marketing da banda e comentou sobre clientes que abriram lojas virtuais. “Ele comentava como seus clientes de e-commerce estavam bem em seus negócios. Muitos haviam mudado bruscamente suas profissões para se dedicar a uma loja on-line”, lembra. Bernardino então resolveu se dedicar ao comércio on-line. “Logo que o ano de 2013 começou tomei a frente de um novo pensamento. Parar com o trabalho da banda e criar uma loja virtual, sendo esta uma extensão da loja física da minha mãe”, conta.

As vendas pela internet movimentaram R$ 24,12 bilhões no Brasil em 2012; lojas funcionam 24 horas e podem ser gerenciadas de qualquer lugar

De acordo com pesquisa feita pela empresa E-bit, o e-commerce brasileiro teve aumento de 29% em 2012, movimentando R$ 24,12 bilhões em vendas on-line. Segundo dados divulgados pela consultoria italiana Translated, o Brasil será o 4º e-commerce mundial em 2016, movimentando R$ 45 bilhões. Aline Haitman, 30, é publicitária e trabalha em uma agência que ajuda a desenvolver lojas virtuais. Segundo ela, nos últimos dois anos houve aumento na procura de pessoas para abrir um e-commerce. “Há muitas vantagens em se ter uma loja on-line. O baixo investimento para começar o negócio, você pode gerenciar de qualquer lugar, fica 24h aberto e vende para o Brasil inteiro”, diz.

Aline explica que quem quer começar uma loja on-line precisa se programar. “Para abrir um e-commerce é necessário investir em um bom computador, fotos profissionais do produto, legalização inicial pelo MEI (Microempreendedor Individual), embalagem de envio e o estoque inicial. O investimento fica entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, o que é baixo custo mediante a abertura de uma empresa física”. A publicitária ressalta que, quem quer abrir seu negócio on-line, precisa ter um foco. “Mesmo sendo um investimento de baixo custo existem outros fatores a serem observados. Basicamente uma loja virtual vai precisar dos mesmos cuidados que uma empresa física, às vezes até mais, dependendo do caso e público a ser atingido”. 

O investimento em uma loja virtual fica entre R$ 5 mil e R$ 10 mil”


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acessiblidade

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Larissa Israel

Tecnologia a serviço da inclusão social sofTWares esPecialiZados aJudam na inclusão social e acessiBilidade de deficienTes visuais

Programas gratuitos transformam em áudio o conteúdo oferecido em aparelhos eletrônicos

laRiSSa iSRael

lisrael@unimep.br

S

ão muitos os recursos utilizados hoje para inserção de deficientes visuais na sociedade; alguns velhos conhecidos do universo da deficiência visual e outros vinculados à introdução da tecnologia. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 40 milhões de pessoas apresentam deficiência visual no mundo, e com a ajuda de desenvolvimentos tecnológicos, o abismo que impede a integração de pessoas com necessidades especiais diminui gradativamente. Com o avanço tecnológico e ações inovadoras, o desenvolvimento de softwares voltados às necessidades de deficientes visuais revolucionaram o mercado para os portadores de deficiência visual. Os produtos vão desde sistemas até artigos de robótica. “A tecnologia ajuda a nos tornarmos mais independentes”, diz o deficiente Anderson Luiz do Nascimento, 29. Na internet é possível encontrar programas gratuitos que transformam em áudio o conteúdo disponibilizado nos aparelhos eletrônicos. “Hoje nós conseguimos ter acesso a todos os meios sociais, pela tecnologia. Com a ajuda dos leitores de tela, chegamos a qualquer informação. Os conteúdos de livros, por exemplo, nem sempre são encontrados em braile, e com a internet, o conhecimento é mais

rápido para nós. Agora, os cegos têm outras opções”, conta Anderson, que tem a deficiência desde o nascimento. Esses recursos se tornam importantes para a inclusão de deficientes na sociedade e normalmente são utilizados em escolas de educação especial. “Os comandos geralmente são inseridos pelo teclado. Nós instalamos um software e ele transmite o que foi procurado na tela do computador para os alunos, por um comando de voz. Encontramos qualquer tipo de informação escrita, não temos acesso apenas a imagens”, explica o monitor de informática, formado em recursos humanos, com especialização na área, André da Silva Nascimento, 23, que também nasceu com deficiência visual. As novidades tecnológicas proporcionam melhor qualidade de vida para os deficientes. O avanço técnico indiretamente tenta suprir a falta de um dos sentidos dominantes do homem. “Esse mercado vem crescendo bastante, e isso é importante para nós. Encontramos aparelhos que nos ajudam a pegar ônibus; um cabide que fala a cor e o modelo das roupas, dispositivos que indicam dinheiro, além dos convencionais, celular, tablet, ipad. Isso nos inclui na sociedade”, explica o monitor. Para a psicóloga Solange Dantas, a tecnologia também acrescenta no desenvolvimento psicológico de qualquer deficiente. “Vejo esse avanço de forma positiva, desde que não se torne um vício. Esses dispositivos móveis podem ajudar na melhora do deficiente, em questões de autoestima, astral, humor”, afirma. Feliz com as inovações, a ourives Juliana Caprara, 26, ressalta a importância de se investir nesse segmento. ”Eu nasci com essa deficiência, mas com o passar dos anos, e com essas novidades, minha rotina mudou. Hoje consigo ler e escrever sem precisar contar com a ajuda de alguém, o deficiente visual deve ser visto como uma pessoa comum, que enfrenta barreiras, passa por obstáculos, dificuldades e conquista seus sonhos como qualquer pessoa”, considera. 

A tecnologia ajuda a nos tornarmos mais independentes”


cotidiano

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Caroline Ribeiro

Não basta pintar uma faixa na rua e chamá-la de ciclofaixa”

Cena comum em Piracicaba: reportagem flagra motorista invadindo ciclofaixa para fazer conversão à esquerda

A vez do ciclista ficou para a próxima Motoristas desrespeitam as ciclofaixas e as transformam em espaço destinado ao tráfego de veículos em Piracicaba

Caroline Ribeiro

macribeiro@unimep.br

A

dotar a bicicleta como principal meio de transporte ainda é um desafio para a população de Piracicaba. Além de ser desrespeitado pelos condutores de veículos, o ciclista precisa desviar de calçadas esburacadas, estar sempre atento e, mesmo em locais destinados ao lazer, enfrentar problemas como o abandono das ciclofaixas, a falta de fiscalização e os carros que circulam sobre elas a todo o momento. A reportagem do jornal Na Prática percorreu a cidade, flagrou irregularidades e observou questões que devem ser melhoradas para o tráfego das bicicletas. Na primeira ciclofaixa visitada, que percorre as avenidas Beira Rio, Alidor Pecorari e Presidente Kennedy, no Parque da Rua do Porto, e compreende diversos pontos turísticos da cidade, o principal problema é a divisão das faixas com a grande quantidade de veículos e pessoas que passam por lá aos finais de semana. Durante buscas por vagas para estacionar, os motoristas atrapalham os ciclistas e os obrigam a circular pela calçada.

O vigia Benedito Antonio Baptistini, 66, utiliza a bicicleta para trabalhar há 12 anos e acredita que outras avenidas deveriam ser consideradas para instalação das ciclofaixas. “Eu passo por diversas avenidas principais da cidade. Infelizmente, nenhuma delas possui espaço apropriado para a passagem de ciclistas. É um risco que corro todos os dias, já que o trânsito está cada dia mais preocupante”. Ele acrescentou ainda que já foi atropelado enquanto voltava do trabalho e que, a partir disso, passou a redobrar a atenção durante o trajeto. Se nesse caso as ciclofaixas estão instaladas em locais próximos a áreas de lazer e turismo da cidade, dividindo espaço com muitas pessoas e automóveis, a instalação da Avenida Paulista e a ciclovia - espaço em que o ciclista não entra em contato com os veículos - da Avenida Cruzeiro do Sul, na Nova Piracicaba, parecem desertas. Ambas estão em bairros nobres e residenciais, refletindo o principal problema do projeto: poucas pessoas as utilizam. Na terceira e última instalação, problemas estruturais foram encontrados: diversos buracos e mato alto cercavam a ciclofaixa da Avenida Rui Teixeira Mendes, no bairro Morato. Além disso, os veículos que precisam sair da avenida para acessar a Estrada do Boiadeiro passam sobre as faixas e podem acabar atingindo uma pessoa que a esteja utilizando. Para a doutoranda em ecologia aplicada, Mirian Rother, os problemas envolvendo as bicicletas podem ser explicados pela extrema afeição que Piracicaba pos-

sui com os automóveis. “A política pública está voltada somente para viabilizar o tráfego de carros e motos, e não das bicicletas. Não basta pintar uma faixa na rua e chamá-la de ciclofaixa. Tem de haver todo um planejamento para facilitar a vida de estudantes e trabalhadores que utilizam a bicicleta como meio de transporte. O que menos queremos são locais para lazer e faixas que ligam nada a coisa alguma.” De acordo com o arquiteto do Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba), Estevam Otero, a bicicleta deve ser considerada um complemento ao transporte público da cidade, e não a única opção. “Nenhuma cidade do mundo possui a bicicleta como único meio de transporte, ainda mais em uma cidade com essa dimensão. Não faz sentido uma pessoa atravessá-la diariamente com a bicicleta. Por isso, nosso estudo se baseia no conceito de que ela deve ser acoplada ao transporte público e que ambos possam ser melhorados futuramente”, explica. A Semuttran (Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes) foi procurada para informar quantos acidentes envolvendo ciclistas foram registrados na cidade no início desse ano. A resposta foi que a autarquia não obtinha os dados no momento. Questionada sobre a fiscalização e o abandono da ciclofaixas, e sobre o valor investido nas instalações, a secretaria não se posicionou até o fechamento desta edição. Conforme dados divulgados pela SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, os acidentes de trânsito fatais estão crescendo em Piracicaba. Somente entre janeiro e fevereiro, sete mortes foram registradas, contra quatro no mesmo período do ano passado. Esses casos entram para as estatísticas como homicídio culposo por acidente de trânsito, quando não há intenção de matar, o que inclui colisões e atropelamentos.  Veja fotos em: www.soureporter.com.br


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urtidas

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Divulgação

“Me divirto com aqueles que dizem defender a liberdade e possuem um violento preconceito contra os evangélicos, querendo calar nossa opinião kkk”

“Vocês sabiam que Suzane Von Richthofen agora é pastora evangélica? Aliás, que representante melhor para o Deus de Feliciano, que matou John Lennon e os Mamonas Assassinas, do que Suzane Von Richthofen?”

Pastor Silas Malafaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, em @PastorMalafaia.

Pablo Villaça - escritor, crítico de cinema e diretor do Cinema em Cena, em @pablovillaca

“Casamento é um homem com uma mulher, o resto é par” o

açã

ulg

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“De droga ela entende, basta ver o último CD dela”

“Muito obrigada pelas mensagens carinhosas que recebi. Gostaria de poder responder uma por uma. Um abraço cheio de gratidão”

Adriane Galisteu usou o Twitter @GalisteuOficial para comentar a declaração da cantora Joelma, que comparou gays a drogados e se posicionou contra a união homoafetiva.

Jornalista Carla Vilhena agradece o apoio dos telespectadores via Twitter @carlavilhenaa após descobrir pela imprensa que não apresentaria mais o Bom Dia São Paulo, na véspera de sua demissão. A jornalista foi proibida pela direção de se despedir do público.

Divulgação

Reprodução TV Globo

Câmara Municipal de Piracicaba

“É uma coisa que até meu pai ia gostar de ver” Alexandre Abrão, filho do cantor Chorão, ao comentar no programa Altas Horas, da TV Globo, a apresentação da banda A Banca, formada por exintegrantes do grupo Charlie Brown Jr.

“Se reduzirem muito a maioridade penal, vai ter Maternidade de Segurança Máxima!” José Simão, colunista do jornal Folha de S. Paulo e da rádio Band News FM, em @jose_simao12

Divulgação

“Esse gorducho mimado da Coreia do Norte pensa que tá jogando War!” “Essa violência precisa acabar. Tem muita travesti que vem de fora para lucrar aqui e rouba, mata. Isso precisa acabar” Vereadora Madalena (PSDB) de Piracicaba sobre a morte da travesti Abelha em entrevista ao G1 Piracicaba.


democracia

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de olhos abertos para a mídia

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Eduardo Freire

governo federal esTuda criar Programa de volunTários Para análise da classificação indicaTiva de Programas da Tv Brasileira eduaRdo FReiRe

esfreire@unimep.br

Eduardo Freire/Cleberson Adão

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governo federal busca implementar até junho deste ano um programa de voluntários para avaliar a classificação indicativa dos conteúdos veiculados na televisão brasileira. A novidade, sem informações detalhadas, foi anunciada pelo Ministério da Justiça. O objetivo é ampliar a participação da população no assunto, trabalho hoje realizado exclusivamente pelo Ministério. Para o editor de vídeo da TV Unimep, Felipe Montejano, qualquer processo de democratização da informação é bem vindo. “Hoje em dia, os pais não andam ligando muito, um exemplo está na novela das oito, não é difícil encontrar uma criança assistindo um conteúdo que na verdade é para a classificação de 12, 14 anos”, exemplifica. A psicóloga Deborah Pimentel, alerta os pais e diz que eles devem, acima de tudo, orientar os filhos. “Às vezes alguns programas contêm cenas de sexo, drogas e linguajar inapropriado para certas idades, dessa forma, faz-se necessária a classificação, sim.” Ela diz que a absorção de conteúdos impróprios pode interferir no desenvolvimento da criança, assim como no seu comportamento. “A atração que a TV apresenta é grande e interfere como um adicional na vida social da criança (nas escolas e relações interpessoais)”, explica. A dona de casa Claudinéia Florencio do Amaral está sempre atenta ao que o filho Guilherme, 9, assiste. “Estou sempre por perto, às vezes fico na cozinha fazendo as coisas, mas com um olho na sala e no fogão ao mesmo tempo”, diz. Surpresa com o projeto do governo, ela aprovou. “É preciso que a população dê sua opinião sobre o que se passa na ‘telinha’”, brinca. Implantada em 2007, somente o Ministério da Justiça é quem define a classificação indicativa, as faixas etárias e os

horários para transmissão dos programas televisivos, espetáculos e exibição de filmes. Para isso são avaliados conteúdos como sexo, drogas e violência. A análise não inclui programas jornalísticos, esportivos, eleitoral e publicidade. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo governo federal, as crianças e os adolescentes passam, em média, de quatro a cinco horas diárias em frente à televisão. A classificação já foi tema de várias campanhas do governo, a mais recente foi em março do ano passado. Na época, o ministro José Eduardo Cardoso se preocupou em defender que a classificação não pode ser confundida com censura. Sobre essa diferença, o professor de Rádio e TV da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Wiliam Ma-

chado, explica: “a censura é o impedimento, já a classificação é uma recomendação de que um programa pode não ser adequado para uma determinada idade”. Hoje a classificação indicativa traz símbolos padronizados, que aparecem no início de cada programa, trazendo faixa etária e o horário recomendados, além de uma linguagem de sinais. O símbolo apenas indicando a faixa etária aparece sempre no canto esquerdo inferior da tela, na volta dos intervalos comerciais e nas chamadas das atrações durante o programa. A emissora que descumprir a regra e transmitir conteúdo inapropriado infringe o artigo 254 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), criado em 1990, e é penalizada com multa e suspensão da programação da emissora em até dois dias.

Alguns programas contêm cenas de sexo, drogas e linguajar inapropriado para certas idades”


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consumismo

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Mania com nome próprio Conheça o impulso doentio que leva muita gente a comprar mesmo sem ter necessidade Natália Zanini

nzsilva@unimep.br

A

Jovem de 25 anos cercada pelos pares comprados durante o mês

ália

Nat ini Zan

É comum que os familiares percebam antes e alertem, mas o comprador demora a admitir a compulsão”

doença que atinge três em cada 100 brasileiros ainda é pouco conhecida, mas vem ganhando destaque na mídia pelo fato de a delegada Helô, personagem da atriz Giovanna Antonelli, na novela “Salve Jorge”, da TV Globo, ter o transtorno. Constantemente a personagem sai às compras e volta com uma infinidade de sacolas, e muitas vezes nem abre os pacotes, escondendo tudo no armário ou debaixo da cama. A servidora pública, V.G de 43 anos, que pediu para não ter o nome revelado, possui o transtorno. Ela conta que simples passeios aos shoppings e galerias bastavam para uma compra exagerada. “Antes de admitir a compulsão, achava que era consumista. Comprava em grandes quantidades, por impulso, porque sentia essa necessidade. Entrava nas lojas e levava cinco calças e cinco blusas, cheguei a ter 30 bolsas sem ter onde guardar. Ficava satisfeita. Mas, depois, ao chegar em casa, a minha família me pressionava e brigava. Por causa das compras meu casamento quase acabou, chorava muito e entrei em depressão. Fiz imensas dívidas e sofri preconceito da família, que me via como irresponsável. Cheguei a pesar 39 quilos, pensava em suicídio e em mais roupas, sapatos, acessórios e objetos”, diz. Segundo Tatiana Filomensky, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da USP, 90% dos casos de seus pacientes que gastam compulsivamente compram sem refletir sobre a necessidade de suas aqui-

sições e sofrem com o orçamento pessoal, contraindo dívidas e gerando prejuízos para si mesmo e familiares. Ela diz que o distúrbio, geralmente, afeta pessoas com transtorno bipolar e com quadros de ansiedade, depressão e transtornos de personalidade, mas destaca que a doença não pode ser confundida. “Oneomania não é transtorno bipolar ou TOC. É preciso ter um tratamento próprio”, ressalta a psiquiatra. A compulsão por compras, se não tratada, pode causar graves problemas sociais, financeiros e emocionais. Em casos mais extremos, os oneomaníacos acumulam tantos objetos que chegam a perder os espaços de locomoção dentro de casa. “É uma atividade compulsiva, muitas vezes os indivíduos se arrependem depois e tentam resistir a um novo impulso para comprar, mas não conseguem e voltam às compras excessivamente”, diz a especialista. É o caso da vendedora, T.M, de 25 anos, que sofre da doença há pelo menos 10 anos. “Só este mês fiz uma dívida de R$ 1.000,00 em sapatos e chinelos. Não consigo sair e simplesmente comprar um par de saltos alto sem um par de chinelos”. Ela acrescenta ainda que conviver com a família se tornou um desafio. ”Minha filha e meu marido estão sempre no meu pé me vigiando, não pode surgir uma agulha nova que eles brigam comigo. Por minha culpa, o orçamento da casa está no vermelho”, desabafa. A demora em perceber e reconhecer que possui o distúrbio é a maior dificuldade no tratamento, que é feito através de psicoterapia e pode incluir o uso de medicamentos estabilizadores do humor, controle de ansiedade e depressão. Grupos de apoio, como o ‘Devedores Anônimos’, também são opções para fortalecer o tratamento que se inicia com uma transformação comportamental do paciente, que deve controlar seus impulsos. A assessoria de imprensa da Prefeitura de Piracicaba informou que não há nenhum tipo de tratamento específico na cidade. Apenas os procedimentos normais, como consulta ao médico e acompanhamentos psiquiátrico e psicológico. 


comportamento

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Divulgação

Na sociedade, há a ideologia de que os homens são criados para serem provedores”

Realizado com a profissão, bailarino Raul Aguiar não se preocupa com o preconceito

o fim da guerra dos sexos homens e mulheres deixam diferenças de lado Para aTuar cada veZ mais em ProfissÕes que a sociedade Julga ser TraBalho do sexo oPosTo

JÚNioR CamPoS

aicampos@unimep.br

E

stá cada vez mais comum encontrar pessoas que deixaram as diferenças dos sexos de lado para exercer com dedicação e orgulho ocupações que a sociedade considera ser trabalho típico do sexo oposto. Exemplos disso são homens que trabalham com dança, estética ou moda e mulheres que atuam como mecânicas ou motoristas. Contudo, essas pessoas, muitas vezes, sofrem o preconceito da sociedade pela profissão escolhida. É o caso da motorista de van escolar Cristina Franco de Oliveira Pereira, 43, que trabalha na área há 14 anos e já enfrentou discriminação de familiares e de um dos adolescentes que transportou. “Um dos garotos que transportei ameaçou deixar o transporte, pois dizia que o pai o ensinou que mulher no volante é um perigo constante. Além disso, alguns parentes torceram o nariz quando decidi ser motorista. Para eles, dirigir era profissão de homem”, relata Cristina.

Segundo a socióloga Selma Venco, sempre houve na sociedade capitalista a intenção em imputar trabalho destinado para homens e mulheres, da mesma forma em que se cria a ideia de brinquedos para meninos e meninas, no entanto, todos são livres para fazer suas escolhas, além de que o interesse crescente na atividade do sexo oposto significa que a profissão está Junior Campos

“Cozinhar ou lavar roupa não é só tarefa de mulher” – José Paulo Pedrozo, aposentado.

sendo valorizada no mercado de trabalho. O bailarino Raul Aguiar, 24, nem se preocupou com o julgamento das pessoas e optou pela dança. “As pessoas veem um homem que dança como um rapaz sem masculinidade, entretanto, nunca liguei para isso”, enfatiza Aguiar. O aposentado José Paulo Pedrozo, 62, não tem nenhum problema também quanto a realizar atividades que a sociedade julga ser de mulher e auxilia a esposa nos afazeres domésticos. “Nunca sofri nenhum tipo de preconceito por cozinhar ou lavar roupas, e sei que muitos homens fazem isso como um modo de cooperação e divisão nos serviços do lar”, ressalta Pedrozo. “Na sociedade, há a ideologia de que os homens são criados para serem provedores e as mulheres com o dever de cuidar. Isso se reflete no âmbito profissional através de empregos desvalorizados socialmente e com baixos salários, a maioria voltada para tarefas feminizadas. Infelizmente o preconceito está bem vivo em todos os segmentos da população”, completa Selma. Para o professor do curso de História da Unimep, Uassyr de Siqueira, nos dias de hoje a liberdade de escolha pela profissão é mais acessível do que em outros tempos. “Penso que os movimentos feministas, ocorridos na década de 1960 e também na contemporaneidade, são responsáveis pelas mudanças referentes às concepções quanto ao lugar de homens e mulheres no mercado de trabalho e na sociedade”, diz o docente.  Arquivo pessoal

“O que importa não é o sexo, mas as habilidades do profissional” – Raul Aguiar, bailarino.

Junior Campos

“Dirigir é uma terapia para mim” – Cristina Pereira, motorista de van.


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intercâmbio

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À procura de novas experiências Arquivo Pessoal

Estudantes buscam no exterior aprimoramento pessoal e profissional que os habilite a enfrentar desafios

Um é pouco, dois é bom, três é essencial Empresas procuram candidatos que tenham no currículo o conhecimento em três línguas estrangeiras Luana Ruiz

lnrsilva@unimep.br

Gabriel Toffoli da Silva contou com ajuda de programa do governo federal para estudar nos Estados Unidos

Paula Amaral

ppamaral@unimep.br

C

carreira

om a facilidade de um intercâmbio nos dias de hoje, diversos estudantes ultrapassam as fronteiras brasileiras para conhecer novos países e adquirir fluência em outros idiomas, o que se torna um diferencial no mercado, criando assim, novas chances profissionais. Segundo dados do Salão do Estudante, evento de educação internacional da América Latina, o destino mais procurado pelos alunos são os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália, para cursos de idiomas, ensino médio (high-school), graduação e pós-graduação. Esse é o caso de Matheus Duarte Galceran, 22, aluno do curso de Administração de Empresas da UNIMEP (Universidade Metodista de Piracicaba), que passou três meses em Cambridge, na Inglaterra. “A experiência internacional, sem dúvida, me abriu portas no mercado de trabalho. Acredito que quando você coloca em seu currículo que teve uma experiência no exterior por um tempo considerável, as pessoas que te avaliam em um processo de entrevista imaginam pelo o que você passou, ainda mais quando este avaliador também teve uma experiência internacional, o que é comum quando falamos de

A experiência internacional sem dúvida me abriu portas no mercado de trabalho” empresas multinacionais. Uma das oportunidades foi a Caterpillar, onde estou estagiando atualmente”, conta. No Brasil é possível encontrar diversas agências particulares como opção para quem procura uma forma mais fácil de viajar. Com custo que varia de R$ 2,8 mil a R$ 8 mil elas se responsabilizam pela documentação, moradia e escola em que o jovem pretende estudar. Contudo, esse valor varia muito do país escolhido e do tempo de permanência. Só a agência IE Intercâmbio, de Piracicaba, costuma levar para fora do país, em média, 90 alunos por ano para a prática do intercâmbio. Galceran fez seu intercâmbio pela agência BIL Intercâmbios de São Paulo, ficou hospedado em casa de família e

recomenda fazer a parte burocrática por uma agência particular, pois acredita que pode dar menos problemas por estarem acostumados com isso. Comenta também que a questão financeira é um pouco pesada, mas se você planejar com antecedência, não fica difícil de pagar. Existem também programas de intercâmbios custeados pelo governo federal. Um deles é o Ciência sem Fronteiras. Para esse processo é exigida carta de aceitação de alguma faculdade no país escolhido, exame de proficiência na língua desejada, histórico escolar, termo de bolsista assinado pelo estudante e o documento chamado DS2019 para a retirada do visto. O programa se responsabiliza por todos os gastos e garante um auxílio mensal de R$ 300. “Eu acho que o dinheiro que o programa fornece é mais do que suficiente pra você viver muito bem. Eles oferecem moradia, alimentação, seguro saúde, o valor das passagens de ida e volta, além de auxílio instalação e auxílio para comprar materiais escolares”, conta Gabriel Toffoli da Silva, 21, aluno da graduação sanduíche (modalidade de ensino superior na qual o aluno realiza parte de seus estudos em uma instituição estrangeira), na Pennsylvania State University, nos Estados Unidos, pelo programa Ciência sem Fronteiras. 

Inglês e espanhol se tornaram o arroz e o feijão quando o assunto é língua estrangeira. Empresas multinacionais não consideram mais as duas línguas como diferencial, mas básicas, principalmente se for a língua de origem da empresa. Na montadora Honda, em Sumaré, por exemplo, ter fluência na língua japonesa é um requisito. Esse chamado “diferencial”, que simboliza o conhecimento de mais de duas línguas estrangeiras, é usado em processos seletivos de programas de estágio e trainee, sem comprometimento de efetivação, e agências de emprego. Com o número de candidatos por vaga crescendo, o domínio em um terceiro idioma é decisivo para a contratação. Quem passou por essa situação em processos de seleção sabe da importância dada a quem fala mais de dois idiomas. Renato Klisman, 19, já perdeu oportunidades de estágios por não possuir o nível intermediário de inglês. “Durante o teste fui questionado sobre meu nível de inglês, quando disse que estava no básico, a recrutadora me informou que eu não me encaixava no perfil da vaga”, lembra. Já a estudante de comércio exterior, Lydiene Fronio, não sentiu a mesma dificuldade. Após fazer um intercâmbio de um ano para os Estados Unidos, no estado de Virgínia, o teste de inglês dado em processos seletivos se tornou menos complicado, “Nunca foi tão fácil fazer um teste de inglês”, comemora. De acordo com a recrutadora Natália Gonçalves, da agência de empregos Prest Service, de Americana, a exigência de outros idiomas varia de acordo com e empresa, e em caso de empate durante o processo seletivo, quem falar outro idioma, além do requerido, fica com a vaga. Pra quem procura emprego ou estágio em multinacionais, vale procurar saber o país de origem e o idioma oficial. A chance de preencher a vaga atendendo aos requisitos é de 75%. 


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saúde

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alimentação

Programa educativo incentiva o aleitamento materno nas creches

radioterapia

Centro de Oncologia de Limeira recebe novo equipamento O Centro de Oncologia de Limeira apresentou no início de abril um equipamento que auxilia no tratamento de radioterapia. O chamado Sistema de Planejamento, utilizado por 35 pacientes, era terceirizado pela Santa Casa, que a partir de agora passa a contar com equipamento próprio. O Sistema permite que os médicos avaliem precisamente o local que precisa receber a dose de radioterapia, o que evita, por exemplo, que outras áreas do corpo sejam afetadas, diminuindo-se assim os efeitos colaterais. repelentes

Rótulos devem conter componentes da fórmula e indicação de faixa etária A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) regulamentou o rótulo de repelentes e limitou o prazo de um ano e meio para que as empresas se adequem. A medida está sendo tomada para evitar o uso indevido, como por exemplo, a intoxicação alérgica. Para isto, devem conter nos rótulos todos os componentes da fórmula, descrevendo se há substâncias tóxicas e para qual faixa etária é indicada. Os frascos não podem conter desenhos infantis em suas embalagens a fim de evitar que haja influência pela compra do produto.

Gustavo Vargas

O programa educativo que apoia e promove o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida do bebê, Mamãe Nenê, chegou às creches de Americana. A iniciativa visa promover o relacionamento familiar e tem a intenção de fornecer orientações para que as unidades de educação também cumpram o seu papel no incentivo ao aleitamento materno mesmo para mães que trabalham e não passam o dia com seus filhos. O Mamãe Nenê é uma ação da Secretaria de Saúde composta por uma equipe multifuncional que apoia a amamentação e acompanha o crescimento e desenvolvimento das crianças do município, desde o seu nascimento até os três anos de idade. São especialistas das áreas de fonoaudiologia, enfermagem, odontopediatria, nutrição, psicologia e serviço social, reunidos com o intuito de elevar o bem-estar físico, emocional e social da mãe e do bebê.

Em um beijo, cerca de 250 bactérias são trocadas pela saliva; de catapora à mononucleose, várias doenças podem ser transmitidas

Por trás

Gustavo Vargas

gqvargas@unimep.br

daquele B

beijo Conheça as doenças que podem se aproveitar desse momento de intimidade para deixar sua marca

eijar movimenta 29 músculos e queima, aproximadamente, 10 calorias. Até aí, a saúde só tem a agradecer ao prazeroso exercício. Mas o que você talvez não saiba é que várias doenças podem encontrar no contato bucal a chance de fazer uma nova vítima. Em apenas um beijo, 250 bactérias, em média, são trocadas pela saliva. Agora, imagine os riscos que rondam a boca dos pegadores de plantão? Uma extensa lista de doenças, como o sarampo, catapora, faringite, coqueluche, caxumba, gripe, rubéola, herpes, pneumonia, tuberculose, as meningites e a mononucleose - conhecida como doença do beijo – podem se aproveitar desse momento para deixar sua marca. Os sintomas clássicos da mononucleose são febre, dor de garganta e cansaço. O coordenador de Vigilância em Saúde da Prefeitura de Piracicaba, Moisés Taglietta, explica que a doença não tem cura. “Uma vez infectada, a pessoa carregará o vírus para o resto da vida”. Mas não precisa se desesperar! A evolução da mononucleose infecciosa é, na maioria dos casos, benigna e seu tratamento não é necessário. Às vezes, é preciso tratamento com remédios para aliviar sinais e sintomas. Se houver complicações, outras formas de tratamento podem ser necessárias. Outro problema que pode pegar carona

Uma vez infectada, a pessoa carregará o vírus para o resto da vida” no beijo e encontrar na boca o local ideal para fazer estrago é a bactéria causadora da cárie. Levada pela saliva, pode se desenvolver se houver a associação entre placa bacteriana, dieta inadequada e má higienização. O estudante Tiago Zenero, 20, diz que beijar de maneira descompromissada faz parte da balada, assim como a bebida e a música. “Não conheço nenhuma doença grave transmitida pelo beijo e acredito que o sexo é muito mais perigoso”, comenta. Muitas pessoas têm duvidas com relação à transmissão da HIV pelo beijo. Até hoje não existe relato de caso em que houve contaminação pela saliva, pois a quantidade de vírus contido nela não é suficiente para a transmissão. “Para que haja a transmissão tem que haver um corte e, a partir do corte, contato com o sangue da pessoa contaminada”, esclarece Taglietta. 


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moda

PreTo e Branco, Tons de vermelho e rouPas Já usadas: o vinTage esTá com Tudo e PromeTe conTinuar

Fotos : Thais Covola n

Blusa vintage - com cara de ‘’armário de vovó’’ - e uma bolsa nos tons militares: outro hit da estação

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vinho, velho e vintage báRbaRa Silva

bafsilva@unimep.br

O

vintage – palavra francesa, pronunciada “víntage’’, que significa safra, mas que atualmente passou a ser utilizada para atribuir característica de antigo e bom a algo – é o novo estilo adotado pelos mais ligados à moda. Nascido a partir da segunda guerra mundial, onde era comum as famílias aproveitarem as roupas já usadas pelos mais velhos nos mais jovens, a moda vintage foi agregando características às já existentes. “Nos 50 e 60 – anos em que o Rock entrou em evidência – as garotas, que na época se vestiam de forma conservadora, revelaram-se, trazendo para o mundo roupas com mais cores e texturas’’, explica Thaís Covolan, dona da página no Facebook “Achadinhos da Táta’’ – que tem 1.853 seguidores – e do blog brechoachadinhosdatata.blogspot.com, onde ela vende roupas e acessórios que já foram utilizados tanto por ela, quanto por outras pessoas – método muito utilizado para disseminar o vintage mundo à fora. Atualmente, marcas famosas como Chanel e Dior – referências em qualidade e elegância no mundo todo – por exemplo, são grandes adeptas dessa nova tendência e também de outra moda, chamada Retrô. “Em suas coleções, nota-se que quase tudo é muito semelhante às primeiras criações feitas. Não existem mudanças significativas, mas sim uma releitura de tudo aquilo que já passou, especialmente peças redesenhadas com características dos anos 20 e 70’’, conta Táta. Em seu blog, que vende peças para Piracicaba, região e até mesmo para outros países, Táta diz que as peças mais compradas são sapatos com design bem antigo, camisas de seda com gola boneca ou estampa de lenço e os blazers masculinos. Ana Guerra, 19, de Belo Horizonte, conhece o blog e é adepta à moda das “roupinhas de vó’’. “Gosto de coisinhas vintage e tal, acho que as pessoas tendem a gostar de coisas que retomam uma época passada, principalmente se for uma época em que sua geração não viveu, nesse sentido acho que moda é um instrumento bacana de recuperação de outro tempo’’, explica Ana, que também ama cinema, especialmente filmes antigos. Para o inverno 2013, Thaís conta que não houve mudanças significativas. Nas cores, teremos os tons avermelhados, preto e branco e peças com estilo e cores militaristas – verde – como dominantes, assim como também veremos peças bordadas à mão. Nos calçados, o bico fino entrará em evidência. 

Não existem mudanças significativas, mas sim uma releitura de tudo aquilo que já passou”

Táta vestindo um sobretudo vermelho - cor que está em alta neste inverno - que dá um acabamento perfeito com a saia preta e a blusa branca

frio

Campanha do Agasalho de Piracicaba segue até o dia 2 de junho Com o slogan “Faça um inverno mais quente”, a 3ª edição da campanha teve início em 31 de março. A intenção é arrecadar roupas para distribuir ao Lar dos Velhinhos, Lar Betel e Casa do Bom Menino. A meta para este ano é superar o número de 2012, quando foram arrecadadas 10 mil peças. São mais de 100 pontos de arrecadação distribuídos pela cidade, sendo 16 ficam no Centro. Incluem-se desde pequenos estabelecimentos, como lojas e padarias a supermercados, igrejas e sindicatos.


entrevista

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a independência em quadrinhos escriTor edson rossaTTo conTa a exPeriência de ProduZir uma hq soBre a hisTÓria do Brasil

angonzaga@unimep.br

A

ssim como a História começou a ser contada em desenhos, a do Brasil não poderia encontrar um rumo diferente. Foi desse modo que o escritor e roteirista Edson Rossatto, em parceria com a Editora Europa, encontrou um novo jeito de contar a independência e o primeiro reinado do Brasil, não com desenhos nas paredes das cavernas, mas sim em HQ (histórias em quadrinhos). Os dois volumes da série “História do Brasil em Quadrinhos” podem ser encontrados em todas as bibliotecas públicas administradas pela Prefeitura de São Paulo, além de institutos educacionais, como por exemplo, o “Brasil Leitor”. Rossato atendeu ao convite do jornal Na Prática para contar como teve a ideia de tornar atrativo para crianças e adultos um dos capítulos mais importantes da história do nosso país. Confira a seguir os principais trechos da entrevista: Na Prática - Como você encarou o desafio de adaptar a história do Brasil nesse formato? Edson - Eu gostei bastante porque é um formato que permite a visualização simples de assuntos aparentemente complexos, que são as histórias como a gente conhece; a história da proclamação da República, da independência do Brasil. Então, por meio das 60 páginas dessas HQs eu pude mostrar um pouquinho de como isso aconteceu. Como foi a pesquisa histórica na adaptação da personalidade e dos trejeitos dos personagens? A pesquisa eu fiz mais ou menos em um mês, um mês e meio. Li diversos livros, assisti a filmes e documentários. Porque a história não é uma ciência exata, o que acontece são pontos de vistas de historiadores, então acabei pegando vários e vários livros para compor uma única essência.

Procurei, na hora de desenvolver os personagens, a diversidade e também o politicamente correto. Nós temos três personagens, no caso, uma mestiça japonesa, um negro, e um branco cadeirante, que era pra mostrar a diversidade do povo.

estava com dores abdominais. Da mesma forma, os Dragões da Independência, na verdade, não existiam na época, foram criados bem depois da independência.

Você encontrou alguma discrepância nas pesquisas históricas, do que realmente aconteceu com o que é ensinado nas escolas? Não achei discrepância. O que é ensinado nas escolas é algo mais simples, que permite um aprendizado mais rápido, quando na verdade a história do Brasil tem mais complexidade. Você pode ver naquele quadro do Pedro Américo, que dizem ser a reprodução da independência do Brasil, ali se vê Dom Pedro em cima do cavalo com representantes da guarda (Dragões da Independência), aquilo não aconteceu. Dom Pedro estava sentado em cima de uma mula, porque

Como foi trabalhar para um público infantil, diferente do que você está acostumado? Trabalhar para crianças é uma experiência maravilhosa, elas não têm vergonha de aprender, de dizer o que elas não sabem e realmente ler aquilo e aprender. Os adultos têm esse receio, eu percebi que muitos pais compraram esta HQ para os filhos, e depois vieram me confessar que a curiosidade de saber sobre a história do Brasil era deles.

Fotos: Tiago Albuquerque

aRtHuR NuNeS

Como a HQ da história do Brasil contribui para sua carreira? Esta série me trouxe alguns benefícios. A partir dela, eu pude me considerar oficialmente um roteirista de histórias em quadrinhos, até então eu era só um escritor. Acho que o público gostou bastante disso e a critica também, tanto é que concorri ao prêmio “HQMIX”, que é o Oscar dos quadrinhos no Brasil, como roteirista revelação.  * Os volumes “Independência” e “Proclamação da República” podem ser adquiridos no site www.europanet.com.br Ouça entrevista em: www.soureporter.com.br

Muitos pais compraram a HQ para os filhos, mas me confessaram que a curiosidade sobre a história do Brasil era deles”


superação

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Jovem PiracicaBana conTa como o esPorTe a aJudou a enfrenTar a deficiência física

Renata e algumas de suas 50 medalhas, símbolos de suas conquistas

as vitórias de renata eliSabete alHadaS

elasantos@unimep.br

P

ara você, o que é superação? Para Renata Prestello, 22, é nunca abaixar a cabeça e vencer, apesar de todos os obstáculos. Filha mais nova entre cinco irmãos, Renata nasceu saudável, mas ainda muito nova teve que começar a enfrentar o mundo e suas barreiras. “Com aproximadamente um mês, comecei a ter uma febre muito alta. Depois de ir várias vezes ao médico, ele dizia que eu não tinha nada de grave, era somente uma virose. Mesmo com os medicamentos, a febre não baixava”, conta. Com o passar do tempo e o diagnóstico mal feito, Renata começou a apresentar outros sintomas e, ao procurar outro pediatra, descobriu-se que seu caso já era avançando, resultando em uma infecção generaliza na perna esquerda que comprometeu sua tíbia. Assim, a esperança era que o osso se desenvolvesse, tendo em vista que ela era apenas uma recém-nascida, mas isso não aconteceu. Novos tratamentos e cirurgias foram feitos, mas a diferença entre as pernas começou a ficar grande. “Minha perna estava com 15 centímetros de diferença de uma pra outra”, relembra. Assim, aos 12 anos, foi preciso optar pela cirurgia definitiva, pois não havia mais a possibilidade de desenvolvi-

mento do osso. “A recuperação, graças a Deus, foi rápida e depois de quatro meses eu já usava uma prótese”, diz. No começo da adaptação, em fase escolar e pré-adolescente, Renata se viu envolta em um mundo desconhecido, onde, principalmente seus amigos de escola, lhe olhavam diferente. “As crianças da minha idade se afastavam por eu não ter uma perna. Não sei o que passava na cabeça delas, mais isso pra mim era bastante constrangedor”, desabafa. Um mundo repleto de novas barreiras foi apresentado a ela, que com o apoio dos pais aprendeu a lidar com sua nova realidade e a se sentir igual. Sua vida começou a tomar um rumo

Na escola, as crianças da minha idade se afastavam por eu não ter uma perna”

diferente quando sua mãe, Sueli de Camargo, lhe apresentou o esporte para deficientes. Em reportagem publicada em jornal, Sueli soube que o Programa Paradesporto da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras de Piracicaba (Selam) promovia o esporte para pessoas com deficiência, através de incentivos e bolsas de estudo. Renata conta que, em princípio, o esporte não lhe chamou a atenção. “Com a insistência dos meus pais, comecei a participar das aulas. Foi aí que apareceu a oportunidade de participar dos jogos Regionais e Abertos por Piracicaba. Desde então, participo competindo pela minha cidade em duas modalidades: natação e atletismo” comenta orgulhosa. Atualmente ela se prepara para competir pelos Jogos Regionais, em julho, e se dedica para trazer novas medalhas para casa e para se classificar para os Jogos Abertos, disputados no fim do ano. Aumentar sua coleção de medalhas, que hoje alcança a marca de 50, é seu grande objetivo este ano. Mas sonhos são o que não faltam na vida de Renata, que apesar de muito jovem, já sabe que viver requer coragem. Seu maior desejo para o futuro é ser atleta paraolímpica e se formar na faculdade. Depois de trancar a faculdade de Nutrição, atualmente ela cursa Educação Física na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) e estuda para ser personal trainer. 

Incentivos para os deficientes físicos Elisabete Alhadas

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A Selam (Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Atividades Motoras) tem diversos programas de incentivo para os atletas piracicabanos. Entre eles estão as atividades voltadas aos atletas com deficiências físicas. O Programa Paradesporto, do qual Renata faz parte, é um deles. Essa iniciativa permite o acesso ao esporte, nas modalidades paraolímpicas, para os jovens e adultos com deficiência, inclusive com a participação em competições oficiais representando Piracicaba. Dentre as atividades desenvolvidas estão: basquete sobre rodas, natação, atletismo e tênis de mesa adaptados. Além disso, são oferecidas bolsas de estudo para os atletas, o chamado Bolsa Atleta, incentivo do qual Renata também é beneficiária. Para mais informações, acesse o site www.selam.piracicaba.sp.gov.br


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