Na Prática edição 32 - Maio/2013

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edição 32 maio 2013

Arq uivo p

ess oal

QUEM É ELE? Conheça o professor que é apaixonado por futebol e integra o “bando de loucos”. P.16

Produção laboratorial do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba - Unimep

Osnei Réstio

comportamento

No compasso da cachaça Pesquisa acadêmica indica que letras de músicas sertanejas influenciam o consumo de bebidas alcoólicas. P.06

profissão

Fábio Mendes/Unimep

Especialista alerta que prefeituras não têm como adequar o sistema viário a um crescimento tão significativo da frota

Saiba mais sobre o curso de Música da Unimep, oferecido no campus Centro, e conheça as opções de mercado. P.08

urtidas

Mortes no trânsito superam a violência urbana em 26,2% ACIDENTES FATAIS ACOMPANHAM CRESCIMENTO ACELERADO DA FROTA EM PIRACICABA, SANTA BÁRBARA D´OESTE, AMERICANA E NOVA ODESSA

Arquivo pessoal

Para viver da música

São poucas as instituições que chegam a um século com uma história de paixão pelo futebol

Fábio Rubinato

Veja os comentários da região e do Brasil que repercutiram nas redes sociais. P. 9

Sétima arte na palma das mãos Aprenda a criar filmes unindo criatividade a um aparelho celular. P.05

Entre 2011 e 2013, o número de veículos nessas quatro cidades da região saltou de 486 mil para pouco mais de 552 mil, representando um aumento de 13,66%. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o número de mortes no trânsito, no mesmo período, foi 26,2% maior que os crimes registrados. No total, foram 207 mortes no trânsito e 164 assassinatos. P.03


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editorial

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Consequência da bondade

E

m meio à manutenção da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para incentivar a compra de carros e caminhões, anunciado pelo governo brasileiro em março, temos que conviver com o crescimento substancial de mortes por acidentes de trânsito, como mostra esta edição do jornal na Prática. Os dados apresentados na reportagem de Ricardo Gonçalves (p. 3) apresentam a triste constatação de que a tradicional definição “o carro é uma arma” faz todo o sentido se considerarmos que o trânsito urbano matou quase um quarto a mais que os homicídios em quatro cidades da região de Piracicaba. A política econômica de isenção de impostos com o objetivo de estimular o consumo tem seu ônus, já que bilhões de reais deixam de ser arrecadados pelos cofres públicos. Porém, mais carros nas ruas, significa mais recolhimento de outros impostos, como, por exemplo, o IPVA (Imposto sobre

EXPEDIENTE Jornal Laboratorial dos alunos do 5º semestre de Jornalismo da Unimep Reitor: Prof. Dr. Gustavo Jacques Dias Alvim

a Propriedade de Veículos Automotores), no qual metade da arrecadação fica no município em que o veículo está emplacado. Mas para onde vai esse dinheiro, se as ruas da sua cidade estão esburacadas? Por que não há sinalização adequada? Se aumentar o número de carros, é evidente que o número de acidentes também aumentará. Por isso, absorver a crescente frota se tornou um desafio para os gestores públicos. Das quatro cidades citadas na reportagem, Piracicaba, a maior em população e por consequência com o maior número de mortes no trânsito em um ano, 90 no total, não respondeu ao jornal, por meio da Prefeitura, sobre quais são as políticas de conscientização e prevenção de acidentes. A indiferença com um “jornal universitário” parece ser a mesma enfrentada pelos motoristas que dirigem na cidade. Fato é que o alto consumo no setor automotivo satisfaz as metas do governo, enriquece as montadoras e enchem os caixas das prefeituras.

Diretor da Faculdade de Comunicação: Belarmino César Guimarães da Costa Coordenador do Curso de Jornalismo: Paulo Roberto Botão Edição: João Turquiai Junior MTB 39.938 Editor assistente: André Rossi Editor assistente de fotografia: Romeu Neto Editora de web: Mariana Spezzoto Redatora: Cris Daniele Yamamoto Repórteres: Adriel Arvolea, André Medolago, Camila Chames, Guilherme Pires, Gustavo Belofardi, Júnior Cardoso, Luís Henrique Capucci, Mariana Spezotto, Marina Coltro, Marina Maimone, Matheus de Souza, Pedro Henrique Franco, Renan Apis, Renato Evangelista, Ricardo Gonçalves. Arte Gráfica: Sérgio Silveira Campos (Lab. Plan. Gráfico/Unimep) Contato: napratica@outlook.com Tiragem: 1.000 exemplares

Governo em ritmo eleitoral Romeu Neto

rvssilva@unimep.br

A

política do conta-gotas pegou de vez no cenário pré-eleitoral brasileiro. Periodicamente, o governo da presidente Dilma tem anunciado medidas no setor econômico que não resolvem o problema de imediato, mas que instantaneamente contribuem, e muito, para os 63% de aprovação como bom e ótimo, segundo pesquisa do Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística), divulgada em março. A desoneração da folha de pagamento é o exemplo mais claro para entender

como o governo e seus marqueteiros têm feito para se manter positivamente nos jornais. Tudo começou em 2011, com o lançamento do plano “Brasil Maior”, no qual quatro setores da economia foram liberados dos 20% do faturamento para o INSS. Depois, mais 11 setores em abril de 2012 e outros 25 até o final do ano. Este ano foram dois anúncios. De duas, uma. Ou o governo Dilma sabe o que faz ou as eleições de 2014 estão mais perto do que parece. Desconsiderando a dinâmica da economia, eu quebro a cabeça para entender o por que de não publicar as decisões de uma vez só. Não sou especialista para analisar a conjuntura econômica brasi-

leira e afirmar que de fato as medidas pontuais e lentas são realmente necessárias, mas apesar do mínimo crescimento da economia em 2012, o ano de 2013 começou com a menor taxa de desemprego da história do Brasil, com 4,4% segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), ou seja, não estamos tão mal assim. O senador Aécio Neves (PSDB), provável candidato a polarizar a disputa com Dilma Rousseff no próximo ano diz por aí que a presidente só pensa em 2014����������������������������������� , será? Se até pontapé de inauguração de estádio Dilma já deu, esperemos então por mais “pílulas desonerativas” nos próximos meses.


cidades

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Osnei Réstio

Rodovia SP-304: entre janeiro de 2011 e janeiro deste ano foram registradas 421 vítimas de acidentes considerados leves, 55 vítimas de acidentes graves e 36 mortes

EM TRÊS ANOS, PIRACICABA, AMERICANA, SANTA BÁRBARA D’OESTE E NOVA ODESSA REGISTRARAM 207 MORTES NO TRÂNSITO; 164 PESSOAS FORAM ASSASSINADAS NO MESMO PERÍODO

Ricardo Gonçalves

ribgoncalv@unimep.br

Junior Mosna

Trânsito faz 26,2% mais vítimas que a violência urbana

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aumento na frota de veículos nos últimos anos é um dos fatores que tem causado sérios impactos no trânsito das cidades de Piracicaba, Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa, resultando, inclusive, no crescimento dos números de mortes e acidentes. Considerando a frota das quatro cidades, o número de veículos passou de 485.998 em 2011 para 552.410 em 2013, aumento de 13,66%. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, o número de mortes no trânsito no mesmo período foi 26,2% maior que o número de homicídios. No total, foram 207 mortes no trânsito e 164 homicídios. Em Piracicaba, por exemplo, o número passou de 223.150 veículos em 2011, para 253.142 em janeiro de 2013, aumento que corresponde a 13,4%. O município

Os municípios não têm condições de se adequar, com um crescimento tão significativo”

chegou a registrar durante o mesmo período, cerca de 90 mortes e mais de quatro mil ocorrências de acidentes no trânsito. “Além dos acidentes e da dificuldade de estacionar, o impacto mais visível nos municípios é o crescimento dos congestionamentos, redução da velocidade e da circulação”, explica o especialista em Trânsito José de Almeida Sobrinho, um dos responsáveis pela elaboração do CTB (Código de Trânsito Brasileiro). Americana, segundo dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), registrou 17.498 novos veículos, passando de 129.667 em 2011, para 147.165 veículos em janeiro de 2013. A cidade registrou 29 mortes por homicídio e 48 mortes de vítimas de acidentes no trânsito. “As mortes e os acidentes são fatores preocupantes. Com mais veículos trafegando nas vias, aumenta não só o perigo de acidentes, mas também a poluição do ar, danos nas vias, congestionamentos, entre outros impactos”, explica o diretor de Segurança de Trânsito de Nova Odessa, Franco Julio Felippe. Ainda segundo o especialista, o aumento da população e as condições de acesso à aquisição de veículos são dois fatores que provocam aumento da demanda em aproximadamente 12% ao ano na frota nacional. “Os municípios brasileiros não têm condições de adequar o sistema viário a um crescimento tão significativo. A solução somente poderia ser projetada a partir da estabilização da frota nacional, com sensível redução no aumento”, disse Sobrinho. Alguns municípios têm investido em diversas políticas públicas voltadas à conscientização dos motoristas e pedestres com relação à segurança no Trânsito. Em Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa, as prefeituras informaram que estão investindo na melhoria contínua da sinalização, fiscalização das vias, campanhas de orientação e trabalhos pedagógicos nas escolas. Com relação à garantia da segurança de motoristas e pedestres, as prefeituras de Piracicaba e Americana não informaram quais são as ações que estão sendo desenvolvidas. “Os municípios, dentro de suas possibilidades financeiras, estão agindo de forma a compensar esse aumento. Porém, os investimentos necessários para absorver totalmente as consequências estão muito aquém das possibilidades, tornando impossível uma solução definitiva”, explica Sobrinho. 


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saúde

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Por dentro da hemofilia

Álcool está cada vez mais presente na vida dos jovens

Mariana Spezzoto

NECESSIDADE DE ATENDIMENTO RÁPIDO E ESPECIALIZADO EXIGE ADAPTAÇÕES NA VIDA DAS FAMÍLIAS COM HEMOFÍLICOS

PESQUISAS

Mariana Spezzoto

meforleviz@unimep.br

H

emofilia é uma doença genético-hereditária que incapacita o corpo de controlar sangramentos, e que por enquanto não tem cura. A doença que se manifesta quase que exclusivamente no sexo masculino impõe a seus portadores a necessidade de receber com urgência injeção de medicamento logo após sofrer qualquer queda ou acidente. Mas muitas famílias não têm tempo para se dedicar aos cuidados de uma doença que pode levar a sequelas graves, como deformidades e perda de mobilidade. Tiago Dias Teixeira, 11, possui hemofilia grave, e sua mãe, Marli Dias, só percebeu a doença quando a criança começou a engatinhar e apareceram as primeiras manchas roxas. Ela recorreu ao Hemocentro Campinas, na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),

RAIVA Pais precisam ter tempo para prestar atendimento rápido em situações de emergência

Não acho ruim ter a doença, mas uma coisa que eu queria muito fazer é jogar futebol”

Sintomas e tratamento Os primeiros sintomas da hemofilia são os sangramentos além do normal, principalmente dentro das juntas e dos músculos. Existem dois tipos: “hemofilia A” que é a mais comum e representa 80% dos casos, e a “hemofilia B”, a mais rara. Ela requer muitos cuidados, como: proteger de traumatismos, imobilizar as articulações em casos de hemorragias articulares, observar e anotar episódios hemorrágicos, adotar cuidados especiais na realização de tricotomias, lavagens intestinais, aplicação de calor, auxiliar na higiene oral, atentando para não machucar a gengiva e mucosa oral.

Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas, realizado pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) e pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), divulgado recentemente, indica que o consumo de álcool por adolescentes de 12 a 17 anos atinge 54% dos entrevistados e desses, 7% apresentam dependência. A OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que o álcool mate 320 mil jovens todos os anos e está entre as principais causas de adoecimento e morte no Brasil. Já um estudo feito pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) apontou mais de 60 tipos de doenças ligadas ao consumo de bebidas alcoólicas.

NÍVEIS DA HEMOFILIA LEVE 5 a 40% dos casos Hemorragia grave; geralmente só depois de traumatismos maiores e cirurgias ou extrações dentárias. MODERADA 1 a 5% dos casos Sangramentos espontâneos; hemorragia interna pode ocorrer em traumatismos ou cirurgias. São mais raros. GRAVE Menos de 1% dos casos Sangramentos espontâneos ou mínimos traumatismos em qualquer parte do corpo, principalmente nas juntas e músculos.

Mais de 2, 5 mil animais foram vacinados

e se informou sobre os procedimentos a serem tomados. A partir de então, a mãe passou a orientar a criança sobre a importância de evitar os ferimentos. “Quando soube (da doença), pensei ter perdido o chão, mas com muito amor e dedicação conseguimos superar isto”, conta Marli. Mesmo indo ao Hemocentro Campinas um vez ao ano para consulta de rotina, Tiago, que mora em Tietê, pode precisar de atendimento urgente e especializado a qualquer momento. Se algum acidente ocorrer, mesmo que pequeno, Marli tem de ir rapidamente a Campinas ou Piracicaba para que o jovem receba ajuda. Graças à dedicação da sua mãe, Tiago não tem nenhuma sequela e pratica natação, o que ajuda no fortalecimento da musculatura, fazendo com que ele tenha um desenvolvimento normal e seja exemplo no Brasil. “O maior entrave para esta doença é o tempo de dedicação dado a ela, que precisa ser maleável para poder estar disponível às urgências, que em muitos casos, os pais não possuem devido ao trabalho. Atualmente, Tiago se diz adaptado à doença. “Eu não acho ruim ter a doença, mas uma coisa que eu queria muito fazer é jogar futebol. Entrar em uma escolinha, praticar. Devido à doença, comecei a fazer natação e descobri que gosto do esporte. Pretendo participar de torneios e ganhar muitas medalhas, esse é meu hobby agora”, diz ele. 

A Campanha de Combate à Raiva em Piracicaba vacinou 2.554 animais em 31 bairros nas zonas rural e urbana do município. De acordo com a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses, Eliane de Carvalho Silva, em relação ao ano passado notou-se aumento no número de animais vacinados. “Os bairros Parque Peória, Tupi, Santa Izabel e Monte Alegre são exemplos dessa comparação, e destacam-se com 1241 cães e gatos que receberam a dose da vacina”, conta. A campanha de vacinação na zona rural é realizada anualmente em abril, maio e junho.

DENGUE

Moradores de São Pedro não colaboram O veterinário responsável pelo departamento de Vetores em São Pedro, Matheus de Melo Murbach, aponta a falta de apoio da população como uma das maiores barreiras no combate à dengue. “Alguns dizem que estão ocupados e não podem nos dar atenção, outros alegam não ter condições de retirar os animais e pedem para esperarmos meia hora na rua ou em outro local. E, em muitos casos, simplesmente se recusam a abrir as portas para os agentes”, desabafa. A cidade tem 88 casos confirmados da doença e outros 37 aguardando o resultado do exame.


tecnologia

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Um celular,

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Adriel Arvolea

adaarvolea@unimep.br

O

boas ideias

e talento CINEASTA INDEPENDENTE MOSTRA QUE É POSSÍVEL REALIZAR PRODUÇÕES SEM GRANDES INVESTIMENTOS, BASTANDO APENAS CRIATIVIDADE

Adriel Arvolea

que é preciso para produzir um filme? Engana-se quem acredita que são necessários milhões em investimento. Basta um celular, criatividade e dom para dar forma e vida às ideias. Foram com estes elementos que o cineasta independente João Paulo Miranda Maria, produziu o filme-ensaio “A girl and a gun” (Uma garota e uma arma) e venceu o Mobile Phone Movie Competition, concurso internacional de filmes para celular promovido pelo programa “The Screening Room” da CNN International. De acordo com Miranda, a produção de três minutos em preto e branco foi filmada com um aparelho N95 da Nokia com câmera de cinco megapixels. “Tivemos o Centro Cultural Roberto Palmari, em Rio Claro, como cenário. O estilo empregado nas filmagens foi o ‘noir’, buscando o contraste entre o claro e escuro. Nele, refletimos sobre a história do cinema com base no que já dizia Charlie Chaplin: para fazer um filme eram precisos uma garota, um policial e o protagonista. E Jean-Luc Godard também defendia que a receita era uma garota e uma arma”, comenta. Dessa forma, Miranda, que sempre realizou trabalhos voluntários em cinema (cursos e oficinas) e só a partir de 2010 começou a receber profissionalmente por isso (edital público e aulas), ressalta que é preciso dedicação e dom de quem tem interesse na área, independente do recurso utilizado. “O desafio do ‘A girl and a gun’ era rodá-lo com apenas o celular. Provamos que era possível fazer cinema sem grandes recursos. Hoje, tudo é mais fácil tecnológico. Qualquer um pode ter um celular com câmera”, ressalta o cineasta. Em seu currículo, há centenas de filmes nos gêneros comédia, drama e suspense. Só de curtas são mais de trezentos títulos. Nesses trabalhos, o foco dado é para as riquezas dos personagens do interior. “Busco cenários simples para que sejam transformados em algo criativo. Em qualquer canto tem uma história. É onde nascemos

O principal é ter paixão, amor e dom, o restante é consequência” que há belas narrativas. Não precisamos ir longe para buscá-las, basta apenas expandir a visão. É isso que chamo de cinema Caipira”. Miranda é graduado em Cinema na Universidade Estácio de Sá e com Mestrado na Unicamp. Também é professor do curso de Cinema e Audiovisual da Unimep –Taquaral e sua história e intimidade com as telas o remete à adolescência. Aos 14 anos, pensava em trabalhar com imagens. No caminho para a escola, levava na mochila uma câmera Nikon de película para registrar as mais diferentes personagens pelas ruas de Rio Claro. Mas foi no curso de desenho em quadrinhos que o seu talento foi descoberto. Durante uma das aulas, soube que haveria um curso de roteiro dirigido ao universo dos quadrinhos. Interessado, inscreveu-se e descobriu nas aulas que o conteúdo ia além dos desenhos, abrangendo também o cinema. Audacioso e movido pelo desafio de criar, produziu o curta “Uma Noite no Século”, que trata da vida adolescente em suas alegrias e dramas. Isso foi aos 16 anos. Sem muitos recursos, contou com a participação de amigos e conhecidos para a produção, que não foi concluída. Um ano depois, foi com o documentário “Caps” que as coisas começaram a mudar. Ele trocou sua moto elétrica infantil por uma filmadora 8 mm digital e passou a frequentar aulas de teatro, para poder entender e dirigir atores. A produção de 1h40 retrata o cotidiano dos pacientes do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) de Rio Claro, de forma natural e espontânea. Para quem deseja seguir carreira na área, o cineasta é categórico. “O principal é ter paixão, amor e dom, o restante é consequência. É preciso fechar o windows virtual e abrir a janela dos olhos. Cinema não é hobby. Precisa de entrega e dedicação, pois é difícil conciliar um emprego com esse tipo de arte. Quem quiser imitar Hollywood já começa errando. O principal é a originalidade”, acredita Miranda.


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alcoolismo

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Ritmo para beber até cair PESQUISA ACADÊMICA INDICA QUE LETRAS DE MÚSICAS SERTANEJAS INFLUENCIAM PESSOAS A CONSUMIR BEBIDAS ALCOÓLICAS

Luís Capucci

lhcapucci@unimep.br

“A

influência das letras da música sertaneja no consumo de álcool”. Este é o título da especialização em Dependência Química, publicada em 2012, pela psicóloga na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Francismari Barbin. A pesquisadora teve a ideia de realizar o estudo ao prestar atenção nas letras das músicas sertanejas que tocavam nas rádios, que segundo ela, “não só fazem menção ao consumo de bebidas alcoólicas, como também estimulam o comportamento de beber”. Ao final do estudo, a psicóloga concluiu que as músicas do gênero sertanejo influenciam os jovens a beber devido ao glamour com que tratam a bebida. “A propaganda de bebidas alcoólicas associadas às festas sertanejas e as próprias letras de músicas desse�������������������� gênero ������������ parecem propiciar um ambiente acolhedor e reforçador do comportamento do ato de be-

ber, já que ambos estão atrelados culturalmente à diversão e ao prazer, sendo um forte reforçador ao consumo”, explica a pesquisadora. A dissertação de mestrado foi publicada em um momento em que surgem números alarmantes sobre o consumo de álcool e o alcoolismo entre jovens e adolescentes no Brasil. Um estudo realizado em 2011 pelo Instituto da Droga e Toxidependência revela que um em cada três adolescentes se embriagou nos últimos 12 meses. Já no último Levantamento Nacional Sobre o Uso de Drogas, realizado pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) e pela Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), realizado em 2004, mostra que entre jovens de 18 a 24 anos, 78% já fizeram uso da substância e 19% deles são dependentes. “O Brasil possui uma cultura banaliza-

dora do ato de beber, o que pode fomentar uma variável favorável ao consumo”, opina a autora do estudo. Para a professora de psicologia na Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Maria Dolores Alvarez, o álcool está tão arraigado na cultura brasileira que muitas vezes o pai incentiva o filho a beber como uma forma de provar sua masculinidade. Já no que diz respeito à pesquisa acadêmica, a professora de psicologia concorda em parte com a pesquisadora. “São vários fatores. Não é isso que causa aquilo. Vão desde aspectos sociais, da família, como também do próprio adolescente” explica Maria Dolores. Para ouvir a opinião de cantores sertanejos sobre o tema, a reportagem do jornal “Na Prática” entrevistou a dupla William e Júnior, que tem como sucesso a música “Bar no Carro”. Quando questionada sobre o estudo, a dupla respondeu por meio da assessoria de imprensa que os estudos são sempre bem-vindos, mas que os cantores não acreditam a música faz com que as pessoas virem à cabeça. Sobre a música “Bar no Carro” e sua possível influência sobre o público, a dupla se defendeu. “É uma canção alegre, que fala de pessoas que fazem festa em qualquer lugar, mas de qualquer forma essa música foi uma estratégia para entrar no mercado pelo que está rolando, gravamos pelo trabalho, não é essa a mensagem que passamos”, diz a nota.  Luís Capucci

O Brasil possui uma cultura banalizadora do ato de beber”


esporte

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Fotos: Gustavo Belofardi

Jogadoras da equipe sub-17 da Unimed Americana; duas atletas foram convocadas para a seleção brasileira

Para o técnico da equipe de Americana e da seleção brasileira feminina, Luiz Augusto Zanon, 49, a falta de formação de atletas acaba influenciando na baixa procura pela modalidade. “O basquete feminino está numa fase de mudança. Existem poucas equipes com times adultos. Na última Liga de Basquete (Campeonato Brasileiro da Modalidade), apenas sete equipes participaram. Como não há interesse das cidades em montarem equipes adultas para participar de competições, isso mostra a falta de vontade das crianças em praticar basquete”, considera. Uma das equipes mais tradicionais do basquete feminino, Catanduva, disputava todos os torneios realizados pela FPB (Federação Paulista de Basquete). Entretanto, no ano passado, a equipe acabou fechando as portas. Para o presidente do Catanduva Basquete, Luis Roberto Daóglio, a falta de recursos foi fundamental para que a equipe encerrasse as atividades. “No ano passado, a prefeitura cortou os recursos e ficou inviável a participação da equipe nas competições. Faltou dinheiro para pagar taxas de arbitragem, viagens e atletas. Sem o apoio da prefeitura, as empresas que nos apoiavam acabaram saindo também”, destaca. Em média, são necessários R$ 30 mil mensais para manter uma equipe profissional.

Novos talentos para o basquete PROJETO DESENVOLVIDO EM AMERICANA ATRAI CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE VÁRIAS REGIÕES E REVELA ATLETAS PARA REPRESENTAR O BRASIL

Gustavo Belofardi

grbelofard@unimep.br

O

basquete feminino de Americana é conhecido nacionalmente por conquistar títulos e revelar jogadoras. Isso é possível através do projeto que a gestora do clube, a Unimed, possui desde 1998. A ADCF (Associação Desportiva de Cooperados e Funcionários) da empresa é uma ação que tem como objetivo proporcionar o desenvolvimento motor, cognitivo e sócio afetivo de meninas de 7 a 21 anos, promovendo ações de inclusão social e combate aos riscos de vulnerabilidade social. Para o presidente da ADCF, Ricardo Molina Dias, o projeto é um sucesso graças ao apoio de patrocinadores. “Isso é resultado do trabalho dos profissionais envolvidos, do apoio da iniciativa priva-

O foco está no desenvolvimento das comunidades nas quais estamos inseridos” da”, afirma. Além de Americana, o projeto da ADCF atua nas cidades de Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa. “O foco principal está voltado ao desenvolvimento das comunidades nas quais estamos inseridos”, explica.

Seleção No dia 28 de março, a ala Izabella,17, e as pivôs Monique, 16, e Maria Carolina, 18, da equipe de base de Americana foram convocadas pela técnica Janeth Arcain para a seleção brasileira sub-19, que disputará o Campeonato Mundial de Basquete, na Lituânia, entre 18 e 28 de julho. A pivô Monique nasceu na cidade de Porto Feliz e aos 10 anos chegou a Americana. Para ela, o projeto oferece suporte necessário para o atleta alcançar bons resultados. “A estrutura é muito boa, tem ótimos profissionais e assim eu sonho em algum dia me tornar jogadora de basquete. Graças ao projeto, tive a alegria de ser convocada para a seleção brasileira, onde buscarei representar bem o meu país”, finaliza. 


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profissão

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Música para ganhar a vida

Fábio Mendes/Unimep

PARA PROFESSORES E ESTUDANTES DO CURSO DE MÚSICA DA UNIMEP, MERCADO DE TRABALHO OFERECE VÁRIAS OPÇÕES PARA OS FUTUROS PROFISSIONAIS

Camila Chames

cpchames@unimep.br

A

escolha da profissão é uma decisão fundamental na vida de qualquer pessoa. Esse processo não é diferente para os estudantes e profissionais da música. O curso requer um vestibular diferente: além da prova regular, o aluno interessado realiza um teste de habilidade específica para verificação de sua qualidade musical, não só na teoria como também na prática. Segundo o coordenador do curso de Música da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Cassiano Barros, os estudantes não se prendem somente à formação clássica como na maioria das faculdades. “O curso não ministra estilos, mas aborda-os, por um lado como parte da formação musical dos estudantes e, por outro, como conteúdo de ensino da música”, afirma. O curso oferece dois tipos de estágio: o curricular, onde o aluno ministra a formação inicial da educação básica, conforme a lei 11.769, e o extracurricular, que compreende mais espaços como escolas de música, instituições culturais, igrejas, entre outros. Barros conta que a maioria dos estudantes do curso está estagiando na área, e que ao contrário do que a maioria pensa, fazer parte de uma orquestra não é o sonho de todo aluno de música, precisando esse ter uma habilidade muito grande. “A dificuldade para ingressar em uma orquestra depende do perfil de músico que esse conjunto necessita, de acordo com a finalidade do trabalho e espaços de atuação. Geralmente, para ingressar em um Cassiano Barros, coordenador conjunto profissional do curso de Música, explica desse tipo, é necessário que estudantes não se ter domínio técnico de prendem à formação clássica um instrumento musi-

cal, conhecimento de repertório, a capacidade de expressar-se musicalmente por meio de seu instrumento, o conhecimento da grafia e da teoria musical, dentre outras características”, salienta. O estudante do terceiro semestre de música, Bruno Voigt, 33, optou pela Unimep porque busca a área didática e pedagógica. Atualmente, ele tem se dedicado aos instrumentos de cordas como violão, viola caipira, guitarra e contrabaixo, além dos estudos da licenciatura. Para o estudante, o mercado de trabalho dos músicos é abrangente. “Dentro

PIRACICABA

Terceiro turno de montadora cria 1.700 vagas A montadora sul-coreana Hyundai seleciona cerca de 700 trabalhadores para a abertura do seu terceiro turno. Instalada no bairro Santa Rosa, a fábrica emprega atualmente 1.900 trabalhadores diretos e mais 2.100 indiretos nas empresas fornecedoras de peças. Os dados foram divulgados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba. Os interessados em ocupar as novas vagas devem enviar currículos para o e-mail: terceiro-turno@hyundai-brasil.com, ou deixar o material na portaria da empresa.

RIO CLARO

Posto na Washington Luís deve gerar 200 empregos

As oportunidades que surgem para os músicos são diversas, e penso que também estão em expansão” da área de educação musical, há uma perspectiva de pioneirismo, uma vez que ainda não há uma política definida e aplicada ainda em nosso país, e sendo assim, há muito trabalho a se fazer. Dentro do mercado musical, as oportunidades que surgem para os músicos são diversas, e penso que também estão em expansão”, diz Voigt. O Sindicato dos Músicos do Estado de São Paulo possui, em seu site, a relação completa do piso salarial para os músicos. Para saber mais acesse: www. sindmussp.com.br 

MÚSICA NA UNIMEP: Duração: 7 semestres, 4 anos. Vagas: 60 Período: noturno Investimento mensal: R$ 565,00 Campus: Centro e Escola de Música de Piracicaba Maestro Ernest Mahle - EMPEM. Coordenação: Cassiano de Almeida Barros (csabarro@unimep.br) Horário: 19h20 às 22h40

A rede de postos Galo Azul pediu apoio da Prefeitura de Rio Claro para acelerar as obras de um posto de serviços no quilômetro 184 da Rodovia Washington Luís. O grupo que está presente em várias cidades do interior paulista quer investir R$ 20 milhões em uma área de 40.000 m², onde funcionou o antigo Posto Caçador. A Centrovias, concessionária que administra a rodovia, e a Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado de São Paulo) vão analisar o pedido dos empreendedores para que o acesso ao posto seja melhorado. O empreendimento deve gerar 200 empregos.

AMERICANA

Condomínio empresarial oferece 439 terrenos No início de maio, a Cemara Loteamentos anunciou o condomínio empresarial e industrial “Nove de Julho”. O espaço de 812 mil metros quadrados fica no quilômetro 128 da Rodovia Anhanguera e tem 439 lotes disponíveis com metragem a partir de 750 metros cada. A burocracia para a instalação do empreendimento foi vencida depois de sete anos, com a conquista das licenças necessárias junto à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e demais órgãos competentes.


urtidas

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Instagram.com/Reprodução

Fábio Rubinato

“O valor para promoção de um post no Facebook é surreal. R$ 3 mil para a minha página. Eles precisam entender que artista não é multinacional”

“São poucas as instituições que chegam a um século com uma história tão bonita, uma história de Piracicaba, história do esporte, história de paixão pelo futebol. Um time que fez e que faz história, uma corrida de revezamento, onde durante esses 100 anos, cada dirigente, cada diretoria vai passando o bastão, erguendo bem alto o nome do XV de Piracicaba”

Beatriz Costa

Humorista Rafinha Bastos, em @rafinhabastos.

Foto aérea da região do Salto Grande, em Americana. Encontro dos rios Jaguari e Atibaia forma o Rio Piracicaba, postada no Instagram da Agência PCJ. Arquivo pessoal

“Caráter não tem relação com raça, sexualidade, nacionalidade ou profissão”

Arquivo pessoal

Governador Geraldo Alckmin ao receber o convite para as festividades do centenário do clube, em 25 de outubro de 2013.

Padre Beto Francisco Daniel, em @betopadre. Religioso foi excomungado pela diocese de Bauru após dar declarações nas redes sociais de apoio à união homoafetiva.

“Eu acho que ele está na hora de brincar disso. As paniquetes são as nossas chacretes de hoje em dia, são as mulheres da vez, são as gostosas que eles acham incríveis, então por que não sair com uma pessoa como ela? E Enzo é lindo, é filho da gente (dela e de Edson Celulari), é músico, é um gostoso, é normal que as pessoas achem ele incrível” Comentário da atriz Cláudia Raia sobre o envolvimento do filho Enzo, 16, com a paniquete Nicole Bahls, 27.

“Fiquei muito constrangido e bastante preocupado durante todo o congresso. Para minha felicidade, meu projeto de lei foi ovacionado e consegui minha liberação para voltar ao país” Antonio Pereira, vereador pelo PT em Santa Bárbara d´Oeste, foi barrado no Aeroporto Internacional de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, no dia 14 de abril, por ter o mesmo sobrenome de dois brasileiros que estão proibidos de entrar no país. Ele viajou para participar de um seminário sobre a doença de Chagas. Arquivo pessoal

“Gente, PELAMOR!!! Jamais diria: ‘Jesus é rock n´roll pra caralho!’ Qqisso? O q eu disse foi:’Jesus é rocknroll PACARAY!’ TOTLMNTE DIFERNTE!!” Jornalista Barbara Gancia, em @barbaragancia


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comportamento

Maio/2013 • edição 32

CATERPILLAR

Momento certo para dizer mncoltro@unimep.br

A

ceitar algo que você não quer fazer já é difícil. Mais difícil ainda é quando o pedido vem do seu chefe ou do dono da empresa. Quando o chefe pede algo cinco minutos antes de terminar o expediente, e você tem certeza que não conseguirá cumprir no prazo e ainda pode perder um compromisso, como dizer não? Em muitas empresas os pedidos estão cada vez mais comuns devido à redução de funcionários, prejudicando a carga horária de trabalho, como explica a assessora empresarial Andréa Callegari. “Na maioria das vezes, há a sobrecarga de trabalho para quem fica na empresa, causando estresse e desmotivação”. Segundo a assessora, com o surgimento de novas culturas e tecnologias, o profissional deve saber impor seus limites, mesmo que as empresas cortem gastos como energia, água e escritório. “Muitas vezes é inevitável o corte da mão de obra”, avalia. Já para a estagiária e estudante de moda, Francine Pacheco, o diálogo com o chefe é fácil, mas isso não impede que haja sobrecarga de trabalho. “No meu caso, já tenho mais liberdade para comunicar tudo o que esta acontecendo com todas as minhas tarefas no trabalho. Existem momentos em que me esgoto bastante, ai não consigo mais fazer as tarefas de sua devida forma”, justifica.

NÃO MERCADO COMPETITIVO LEVA FUNCIONÁRIOS AO ACÚMULO DE TAREFAS; DIALOGAR COM O CHEFE É A MELHOR MANEIRA DE EVITAR A SOBRECARGA DE TRABALHO

Para a psicóloga Lorisa Cotrim, dizer não é uma dificuldade dos profissionais mais experientes. “Quem mais sente dificuldade em dizer não é o adulto, porque ele avalia mais as consequências. Já o jovem, é mais destemido”, diz ela. O jovem que está no mercado de trabalho, segundo a psicóloga, não se preocupa tanto caso as tarefas desenvolvidas não fiquem como o esperado e não pesa muito nas consequências. “Os que têm dificuldade em dizer não são os que têm medo de perder o emprego. Ele acha que vai ter uma consequência negativa, ou seja, não diz não porque tem medo do que pode acontecer, mas muitos não têm esse medo”, diz Lorisa. Para a gerente de uma loja em um shopping em Santa Barbara d’Oeste, Fernanda Diniz, a melhor forma de dizer não a um pedido é simples: “chefe, infelizmente não tem como eu fazer agora, mas amanhã no primeiro horário estará pronto”, orienta. 

Os que têm dificuldade em dizer não são os que têm medo de perder o emprego”

Piracicaba será a primeira cidade da América do Sul a abrigar uma fábrica de remanufatura da multinacional que fabrica máquinas, motores e veículos pesados, voltados principalmente para a construção civil e mineração. A Caterpillar vai investir R$ 20 milhões na nova unidade, gerando 70 empregos diretos. A operação também incluirá uma linha de montagem de mangueiras hidráulicas para dar suporte às atividades das fábricas Caterpillar no Brasil. Esse tipo de produção é conhecida como uma prática ambientalmente sustentável. Comparando-se o processo de produção de um produto novo com o da remanufatura, verifica-se uma redução de 90% no consumo de água, 80% no de energia e 50% na emissão de gases. Já o aproveitamento do material é de 99%, o que praticamente elimina a geração de resíduos. ENERGIA

Prefeituras serão responsáveis pela iluminação pública A partir do dia 31 de janeiro de 2014, as prefeituras de todo o país vão assumir a responsabilidade pela iluminação pública, hoje sob cuidado das distribuidoras – caso da CPFL Paulista na região de Piracicaba –, conforme estabelecido pela Resolução nº 414 da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Com a medida, os custos com gestão, manutenção de todo sistema de distribuição, atendimento, operação e reposição de lâmpadas, suportes, chaves, troca de luminárias, reatores, relés, cabos condutores, braços e materiais de fixação e conexões elétricas ficarão a cargo do município. LIMEIRA

Número de moradores de rua aumenta 376% em dois anos

SXC

Marina Coltro

Piracicaba recebe unidade voltada à remanufatura

Levantamento do Ceprosom (Centro de Promoção Social Municipal) de Limeira, de 2011 até agora, aponta que o número de moradores de rua na cidade cresceu 376%. Os dados são preocupantes e indicam que há dois anos 69 pessoas viviam nas ruas e que agora esse número já passou de 300. No final do mês, um novo estudo deverá ser feito para saber como dar assistência para as pessoas que têm dificuldades para voltar para a sua terra natal. O Centro de Referência Especial da Assistência Social da cidade faz o trabalho de abordagem desses moradores, e os que aceitam ajuda são encaminhados para a Casa de Convivência onde já vivem 40 pessoas entre homens e mulheres.


carreira

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Por uma formação além-mar PARTICIPANTES DO PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS FALAM SOBRE A PREPARAÇÃO PROFISSIONAL NO EXTERIOR E O DESAFIO QUE TERÃO NA VOLTA AO BRASIL Arquivo pessoal

Matheus de Souza

mnsouza@unimep.br

L

ançado em julho de 2011 pelo governo federal, o Ciências Sem Fronteiras nasceu com o objetivo de oferecer bolsas de estudo a brasileiros em graduação e pós-graduação em instituições de ensino do exterior. Em fevereiro, a última atualização do programa registrou mais de 22,6 mil alunos brasileiros em 38 países. O jornal Na Prática buscou alguns desses estudantes beneficiados pelo governo para saber o que eles pensam sobre o programa e suas perspectivas para o futuro. Lucas Soares, 23, estudante de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de Coimbra, em Portugal, foi contemplado com o programa quando estudava na PUC (Pontifícia Universidade Católica), em Belo Horizonte. “É uma oportunidade de crescimento em vários aspectos. O contato com outros idiomas, mesmo em Portugal, com espanhóis, italianos ou poloneses traz uma visão maior de mundo, integrado com novas tecnologias e formas de pensar”, diz ele. A estudante Bárbara Carvalho, 20, concorda. Vinda da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), ela também está

Brasil, ao invés de apenas importar pesquisadores de outros países”, diz Soares. “Não tenho dúvidas de que todos os estudantes darão bons frutos do projeto, já que voltarão com muito mais conhecimento e diversificada bagagem cultural. Voltarei ao Brasil e pretendo colocar em prática o aprendizado recebido aqui. Acredito muito no potencial do nosso país, então, no momento, o plano é voltar, continuar trabalhando e me qualificando, já que o mercado exige isso”, comenta Bárbara.

Não tenho dúvidas de que todos os estudantes darão bons frutos do projeto”

Bárbara Carvalho em Portugal; jovens voltam com conhecimento profissional e diversidade cultural

em Portugal, na Universidade da Beira do Interior, realizando cursos em Comunicação. “����������������������������������� É���������������������������������� uma ótima oportunidade para aqueles que desejam e sonham em estudar, se qualificar e adquirir experiência no exterior, principalmente para quem não tem condição de custear um intercâmbio”, avalia.

Sobre as perspectivas para o futuro, ambos desejam retornar ao Brasil após a conclusão dos estudos. “Sei que quando há esse tipo de investimento na educação, o retorno acontece em longo prazo. O programa tende a trazer de volta pesquisadores de renome que já não estão mais no

Perspectivas Estaria o Ciência Sem Fronteiras mudando as perspectivas e o caminho do desenvolvimento do Brasil? São questões que talvez o tempo possa dizer. Mas se depender dos dois estudantes ouvidos, porém, o futuro é promissor. “Hoje dou muito mais valor ao nosso país. Acredito que todos esses estudantes vão querer lutar para melhorar o nosso país”, acredita Soares. Para Bárbara, o reconhecimento do Brasil como um “país do presente” pode ser visto além-mar. “Vemos aqui fora uma notoriedade positiva de nosso país. Essa qualificação que recebemos no exterior, com toda certeza vai contribuir para o avanço tecnológico do país”, considera. 

FORMAÇÃO

Programas federais incentivam jovens a cursar o ensino superior Renan Apis

ramanhaes@unimep.br

Atualmente, fazer um curso superior deixou de ser uma dificuldade. Instituições de ensino, junto ao governo, oferecem meios para facilitar a vida de jovens que pretendem ingressar na vida acadêmica. Podemos encontrar diversos benefícios para tal facilidade, como o ProUni (Programa Universidade para Todos), o FIES (Financiamento Estudantil) e o SISU (Sistema de Seleção Integrada). Assim, os jovens têm a oportunidade de enriquecer seu currículo e tornar-se um profissional mais qualificado.

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É o caso da aluna do curso de Jornalismo da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), Isa Franco de Campos, 19, que é beneficiária do Prouni. “Qualquer um tem a chance de estudar em uma universidade de qualidade, mesmo que sem condições de arcar com seus custos. Esse é o momento de se empenhar nos estudos para conseguir o sucesso lá na frente”, acredita Isa. Sem o beneficio, Isa dificilmente estaria na faculdade. “Muitos, assim como eu, não teriam condições de ingressar em uma universidade se não fosse pelo programa. O mercado de trabalho está muito competitivo e é indispensável ter uma boa formação para poder competir”, diz ela.

SAIBA MAIS SOBRE OS PROGRAMAS

Sisu

O Sisu foi desenvolvido pelo Ministério da Educação para selecionar os candidatos às vagas das instituições públicas de ensino superior que utilizarão a nota do Enem como única fase de seu processo seletivo.

ProUni

O ProUni oferece, para estudantes de baixa renda, bolsas de estudo integrais ou parciais em faculdades ou universidades particulares. É necessário ter feito mais de 450 pontos na prova do Enem e não ter tirado nota zero na redação.

Fies

O Fies é um programa que financia a graduação na educação superior de estudantes matriculados em instituições particulares. O estudante pode solicitar o financiamento em qualquer período do ano. Com novas regras válidas a partir de 2013, não há mais necessidade de apresentar atestado de idoneidade cadastral; quem não tem pendências de dívidas em Bancos, SPC, Serasa ou Cadin, e nem fiador. O estudante que conseguir apenas uma bolsa parcial (50% da mensalidade) no Prouni pode custear a outra parte por meio do Fies.


profissão

Guilherme Pires

gubpires@unimep.br

É

possível afirmar que atualmente a faculdade tornou-se pré-requisito para ingressar no mercado de trabalho. Estudantes iniciam ou dão continuidade aos estudos na universidade, com a esperança de melhores condições salariais, promoções de cargos, qualificação para concursos públicos, entre outras ambições. Porém, devido a diversos fatores, o formando muitas vezes atua fora de sua especialidade. Será que a faculdade deixou de ser a principal referência na formação de profissionais e tornou-se uma espécie de garantia para alunos indecisos? De acordo com a pesquisa do CES (Censo da Educação Superior) realizada no ano passado, o Brasil possui 6,7 milhões de universitários, um crescimento de 110% nos últimos 11 anos. Porém, a nação ainda não deixa de ser um país do futuro, já que em 2011 foi registrado que apenas 14,6% da população jovem do país, de 18 a 24 anos, estava matriculada em alguma universidade, e se for levado em conta os alunos já formados, o número sobe 17,8%. Marlene Altarugio, psicóloga e orientadora, trabalha há seis anos na área de recursos humanos. “Muitos jovens perguntam a mim como não ficar em dúvida na hora de escolher uma profissão. Eu sempre digo que uma profissão não se escolhe, se nasce com ela’’, explica. Ela também afirma que, “a falta de experiências nos estágios, o grande número de estudantes indecisos nas faculdades e a pressa por entrar no mercado de trabalho, tem empurrado formandos para cada vez mais longe de sua especialização. Enquanto o estudante brasileiro não compreender que

Para evitar frustração e perda de tempo, jovens devem conhecer a profissão antes de investir em cursos

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Escolha infeliz PRESSA PARA ENTRAR NO MERCADO E FALTA DE EXPERIÊNCIAS EM ESTÁGIOS LEVAM JOVENS A ESCOLHER PROFISSÕES PARA AS QUAIS NÃO TÊM AFINIDADES

ele é o que escolhe, ele será sempre escolhido pelo o que ele não é, um falso bom profissional”, define. O estudante André Rocha, 22, está no último ano do curso de Biocombustíveis, na Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo). Ele revela que ainda não sabe o que irá fazer após se formar. “Apesar de ser um mercado em expansão, sinto que não gostaria de fazer isso para o resto da minha vida, para ser sincero, sinto que nem sei fazer isso”, desabafa o estudante. Quando perguntado o por quê de ter ingressado em um curso que não o agrada, a resposta de André é clara: “Não saber fazer bem alguma coisa hoje em dia no mercado de trabalho, é mais importante do que saber fazer muito de nada. Então optei por ao menos ter um diploma, para assim ter alguma chance lá fora”.

Eu sempre digo que uma profissão não se escolhe, se nasce com ela”

SXC

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Por outro lado, seu irmão mais velho, Bruno Rocha, 24, formado em Mecatrônica pelo Cotip (Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba) explica que a chave para descobrir a carreira adequada é a paciência. “Até meus 20 anos, eu não sabia muito bem o que fazer. Pelo fato do meu pai ser mecânico, sempre tive muito contato com esse mundo automobilístico, porém, até iniciar o curso de Mecatrônica, eu sonhava em fazer qualquer coisa, menos ficar embaixo de um carro o dia todo”, comenta Bruno, o agora sócio da oficina de seu pai. 


profissão

democracia

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À frente do poder público JOVENS POLÍTICOS QUE ATUAM NA REGIÃO CONTAM O QUE OS LEVAM A SEGUIR A CARREIRA EM UM PERÍODO DE BAIXA PARTICIPAÇÃO NAS URNAS Airan Prada

A

maioria das discussões sobre o envolvimento da juventude com a política termina em consenso: os jovens eleitores são descrentes dos políticos, pois não acreditam que os representantes do povo elaborem leis e realizem ações voltadas ao interesse público. Nas eleições de 2012, a queda do número de eleitores de 16 e 17 anos – que não são obrigados a votar – em nossa região, comprova essa tese. Em 2008, Piracicaba contava com 2.410 eleitores nessa faixa etária. Já em 2012 foram 2.129. Americana também registrou queda. A cidade tinha, em 2008, 1.570 jovens eleitores. Em 2012, esse número caiu para 1.287. Outro município que se enquadra nesse perfil é Rio Claro, que passou de 1.237 eleitores jovens em 2008, para 1.064 em 2012. Por outro lado, é possível notar que o número de gestores públicos considerados jovens é grande. Há exemplos em Americana, Campinas, Iracemápolis, Piracicaba e Santa Bárbara D´Oeste. Mas o que leva esses jovens a optar pela trajetória política? O advogado Matheus Erler, 30, vereador pelo PSC em Piracicaba, relata que, como assessor previdenciário colaborou para que seus clientes conseguissem benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e queria expandir suas ações para toda a comunidade. “A política é a melhor forma que se tem de fazer com que a democracia seja na sua essência cumprida e aplicada. Nós não podemos, em hipótese alguma, generalizar que todos os políticos são ruins. A política tem sede de jovens que tenham o anseio por querer fazer um país melhor”, argumenta Erler, acrescentando que sua formação acadêmica foi fundamental para o início da carreira política. “Minha formação como bacharel em Direito me deu muita noção do que é justo. Se não fosse a faculdade, eu não me candidataria a vereador”, ressalta.

O advogado Matheus Erler cumpre o primeiro mandato de vereador no Legislativo de Piracicaba

Já para o prefeito de Americana, Diego De Nadai (PSDB), 33, a influência da família foi importante na hora de optar pela trajetória política. “Meu pai era verea-

to - relata a importância do contato diário com as pessoas. “O estudo do Direito é amplo e também voltado às ciências humanas, o que ajuda muito no dia a dia. Mas acredito que o homem público deve estar conectado com a realidade. Isso faz com que supere qualquer dificuldade, do ponto de vista da formação”. A psicóloga e orientadora vocacional Marina Wagner explica que “algumas pessoas despontam para uma liderança em sala de aula. Trabalhos em grupo, comissões de formaturas e gincanas, por exemplo, são ótimas oportunidades para diagnosticar uma possível capacidade de comando”. Porém, ela ressalta que, “em alguns casos, o senso crítico e as posições políticas mais embasadas podem ocorrer no exercício de uma profissão, em que o indivíduo precisará ter posições mais firmes, não necessariamente na área acadêmica”. Marina destaca alguns cursos que podem apoiar o exercício de cargos públicos. “Relações Internacionais, Direito, além dos cursos na área de comunicação, são fundamentais para quem deseja atuar na gestão de uma cidade, por exemplo”. 

A política tem sede de jovens que tenham o anseio por querer fazer um país melhor”

Emerson Pigosso

arprodrigu@unimep.br

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dor em Americana e eu o acompanhava em muitas das reuniões partidárias. Isso ajudou na minha decisão”. Além disso, Diego - que também é formado em Direi-

Jovens usam as redes sociais para se organizar VALOR DA PASSAGEM DE ÔNIBUS E O AUMENTO NO SALÁRIO DOS VEREADORES SÃO ALVOS DE PROTESTOS André Medolago

acmedolago@unimep.br

A Consocial (Conferência Municipal sobre Transparência e Controle Social), realizada em outubro do ano passado, em Piracicaba, marcou o começo das participações dos jovens em grupos que organizam protestos nas redes sociais. Uma das organizações, o Reaja Piracicaba, que tem 2.424 participantes, defende a implementação de 20 propostas, entre elas a aprovação da Ficha Limpa para cargos comissionados e de confiança, a criação de um conselho municipal de transparência e controle social e, principalmente, a revisão do reajuste de 66% nos salários dos vereadores, que passaram a receber R$ 10.900. As notícias do movimento podem ser acompanhadas pela internet. Outro grupo criado nas redes sociais por moradores de Piracicaba é o Pula-Catraca, que pede a revisão da tarifa no transporte publico da cidade, que passou de R$ 2,60 para

R$ 3,40. “A bandeira do movimento é que o povo tenha um transporte público de qualidade e possa pagar um preço justo”, defende a estudante Danielle Godoi, 20. Daniela reforça o coro sobre a importância da manifestação através das redes sociais. “Quando souberam do aumento, os membros do movimento organizaram uma manifestação no Terminal Central. Foram convidadas mais de 30 mil pessoas e mais de 7 mil confirmaram presença”, lembra. O professor de filosofia e ética, Nelson Vicente Junior, 47, avalia como positivo o uso das tecnologias a favor das manifestações, mas alerta para a necessidade de os debates serem aprofundados. “Nós já percebemos nessa década tantas manifes-

tações em outros países partir dela, como convites para lutas e manifestações. Eu sempre vejo os instrumentos tecnológicos como positivos, mas há em detrimento o não aprofundamento do campo teórico”. O professor sugere que não só os jovens, mas todos os grupos sociais se envolvam em debates. 


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cotidiano

Maio/2013 • edição 32

Ao alcance de poucos Marina Maimone

mmaimone@unimep.br

ELEVAÇÃO SALARIAL E NOVAS REGRAS PARA A CONTRATAÇÃO DE MÃO DE OBRA LEVAM FAMÍLIAS A REAVALIAR A NECESSIDADE DE TER TRABALHADORES DOMÉSTICOS

A

s famílias que���������������� têm������������ trabalhadores domésticos gastam cada vez mais para contar com essa mão de obra.�������������������������������� Em janeiro deste ano, por exemplo, a categoria registrou o maior aumento real de salário na comparação com o mesmo período de 2012. De acordo com a Pesquisa Mensal de Empregos, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a alta de 6% superou o resultado da indústria, que foi de 1,5%, e do comércio, de 4%. Além do aumento no valor do serviço, a entrada em vigor, em abril deste ano, da lei que concede aos trabalhadores desse setor os mesmos direitos das demais categorias evidenciou ainda mais que ter empregado em casa é para poucos. A nova lei prevê a concessão de 16 benefícios a esses trabalhadores. A jornada de trabalho que deve ser de oito horas diárias não pode ultrapassar 44 horas sema-

nais e vale para todos os empregados domésticos que trabalham pelo menos três dias na mesma casa, como jardineiros, motoristas particulares e babás. Para se ter ideia dos impactos da lei, um empregador que paga R$ 1.000 por mês para uma doméstica gastará mais R$ 481 com INSS, além do pagamento de férias, 13º, vale-transporte e mais R$ 80 referente ao FGTS. Julia Aparecida Brum, 50, trabalha como doméstica há mais de

É preciso entrarmos num bom senso para que o patrão não leve a carga sozinho” Fotos: Sxc

Nova lei garante 16 direitos trabalhistas, como recolhimento do FGTS, hora extra, auxílio-família, auxílio-creche e adicional de trabalho noturno

10 anos. Ela confessa que ficou insegura com a nova legislação, pois reconhece que os encargos são elevados. “Eu fiquei preocupada, já vi minhas amigas perderem o emprego, e a gente nunca sabe quando vai ser a nossa vez”, desabafa. Regina Aparecida Molina, 39, é empresária e há 15 anos conta com os serviços da empregada doméstica Maria do Socorro Leite, que já faz parte da família. Regina diz que não pretende dispensar Maria, mas deixa claro que discorda de alguns aspectos na lei. Ela acredita que os encargos não deveriam incidir apenas sobre os empregadores. “É preciso entrarmos num bom senso para que o patrão não leve a carga sozinho e o doméstico não perca o emprego. Agora essa carga não pode cair no bolso só do patrão, o governo também precisa aparecer”, defende. A informalidade nessa profissão ainda é muito grande, segundo o sindicato que representa os trabalhadores domésticos em Piracicaba. A estimativa é de que 30% dos trabalhadores da categoria não tenham registros em carteira. E com todas essas mudanças na legislação, segundo a aposentada Maria de Melo, fica difícil continuar com os serviços de uma empregada doméstica. “Eu sou aposentada, e preciso de alguém pra me ajudar em casa, pois tenho problemas de saúde, não dou conta do serviço sozinha, mas agora vou precisar me virar de outra forma”. Diante deste cenário de adaptação e incertezas, as diaristas ganham mais espaço no mercado de trabalho e brevemente ter uma doméstica em casa vai ser uma mordomia de poucos. Direitos Os benefícios adquiridos são: o pagamento do FGTS; adicional noturno; horas extras; auxílio creche; salário família; indenização em caso de dispensa sem justa causa; seguro-desemprego; garantia de salário mínimo pra quem recebe remuneração variável; proteção ao salário, sendo crime retenção dolosa de pagamento; observância de normas de higiene, saúde e segurança no trabalho; reconhecimento dos acordos e convenções coletivos; seguro contra acidente de trabalho; proibição de discriminação de salário, de função e critério de admissão; proibição em relação a discriminação de pessoa com deficiência; proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 16 anos. 


nhô quim

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100 anos de história

Divulgação

Livro que conta a história do clube será lançado em novembro

E

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ACICABA

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phfranco@unimep.br

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ALUNOS E PROFESSORES DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO DA UNIMEP PREPARAM LIVRO SOBRE A HISTÓRIA DO XV DE PIRACICABA

XV de Piracicaba foi fundado no dia 15 de novembro de 1913, portanto, esse é o ano do centenário do clube. Em função disso, está sendo preparado um livro comemorativo numa parceria entre o XV e a Faculdade de Comunicação da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), que envolve os cursos de Jornalismo, Rádio e TV, Fotografia e Design. “Temos bolsistas do curso de Jornalismo, esses alunos estão fazendo pesquisas, visitando os acervos históricos, jornais antigos, súmulas da Federação Paulista de Futebol, levantando as informações da história e, a partir dessas informações, escrevendo o livro, só que para a produção dos textos, além dos alunos envolvidos, nós temos também ex-alunos da Unimep, que hoje são jornalistas formados”, explica����� Paulo Roberto Botão, coordenador do curso de Jornalismo, que junto com a professora Rose Bars estão supervisionando os trabalhos. Na parte de fotografia, a supervisão fica por conta do professor Victor Kraide. “Tem sido um trabalho muito enriquecedor, pois os alunos bolsistas envolvidos nessa parte do projeto vêm demonstrando muita seriedade e competência na busca de imagens históricas, bem como no registro de imagens atuais. Além disso, eles também fazem a digitalização e o tratamento das imagens, junto com outro aluno de Publicidade que também ficou

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encarregado desse processo agora na etapa final do projeto” afirma Kraide. No que envolve o Design, existem também bolsistas que trabalham na parte visual, que corresponde à diagramação do livro. E a coordenação dessa área fica por conta do coordenador do curso, Renato Gomes, e do professor Camilo Riani. Um dos alunos envolvidos, Rodrigo Alonso, do 3º semestre do curso de Jornalismo, explica como são feitas as pesquisas para o livro. “A princípio, foi passado para mim e mais um aluno uma planilha de dados sobre os jogos do XV. Nosso trabalho é pesquisar todas as partidas que o time disputou e colocar os detalhes delas nessa planilha. Também estamos pesquisando nos livros do acervo Rocha Netto. É uma atividade que requer muito tempo, pois são 100 anos de história. Agora estamos mais focados na produção dos capítulos. Sob a minha responsabilidade, está o capítulo que fala sobre a ascensão do alvinegro no cenário estadual e o capítulo que mostra a evolução visual do clube”, conta Rodrigo. O livro deve ser lançado em novembro. 

Tem sido um trabalho enriquecedor, pois os alunos vem demonstrando muita seriedade”


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perfil

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Arquivo pessoal

Nunca fui um santo jogador. Dentro das quatro linhas eu era bem esquentadinho”

Talentoso, jovem jornalista, agachado ao centro, foi elogiado pelo famoso locutor Blota Júnior; estiramento na coxa afastou o jogador dos gramados

Ele também sonhou em ser um jogador de futebol DESCOBRIMOS QUE NEM SÓ DE LIVROS É CONSTRUÍDA A HISTÓRIA DE UM DOS PROFESSORES MAIS EXPERIENTES DA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO DA UNIMEP

Renato Evangelista

rfevangeli@unimep.br

D

esde menino ele adora futebol. Decidiu entrar para o “bando de loucos” quando ouviu pelo rádio, na companhia do avô santista, a vitória do Corinthians no clássico contra a equipe da Vila Belmiro. Anos depois, viveu a experiência que o fez ter certeza do time escolhido para torcer para o resto da vida e dividir seu coração com os estudos na área de comunicação. Na inauguração do “Schmidtão”, o Estádio Municipal Doutor Augusto Schmidt Filho, em Rio Claro, estiveram lá pai e filho. “Meu pai comprou uma bandeira do Timão e fomos ao campo de bicicleta”, recorda o diretor da Faculdade de Comunicação da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), que já atuou – diga-se de passagem com talento – como jogador de futebol.

Doutor em Educação pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Belarmino Cesar Guimarães da Costa lembra com saudade do que viu e viveu nos campos de futebol. Na partida em que o Corinthians venceu o Rio Claro por 2 a 1, o craque Rivelino foi a atração. “Ele fascinava por ter atuado na seleção campeã do mundo de 1970, junto de Pelé, Carlos Alberto Torres, Gérson, Edu”, conta. Mesmo quando o Corinthians não estava em campo, não havia motivos para perder um grande jogo. Em visita a familiares no Rio de Janeiro, Belarmino assistiu a uma partida entre Botafogo e Fluminense. “Meus parentes foram num museu e eu queria conhecer o Maracanã”, lembra. Deixou a família e foi sozinho ao estádio. Chegando lá, decidiu que não ficaria indiferente, mesmo sem ter o Corinthians em campo. Comprou uma camisa do Fluminense e ficou no meio da torcida jovem, os

“Young”, com pó de arroz e tudo. Na infância, uma das principais diversões, além de brincadeiras como pega-pega, esconde-esconde e carrinho de rolimã, era jogar bola na rua. Foi goleiro até os 17 anos e campeão interescolar no antigo campo municipal da cidade de Rio Claro. Depois contundiu o dedo anelar e passou a atuar na linha, com ênfase no futebol de salão. Pelo time amador do ASA, também de Rio Claro, jogava em cidades da região aos domingos de manhã. “Nunca fui um santo jogador. Na verdade, dentro das quatro linhas eu era bem esquentadinho”, confessa. Sua maior frustração é não poder mais jogar futebol devido a um estiramento na coxa. Outra passagem marcante do professor Belarmino - como é conhecido nos corredores da faculdade - foi acompanhada de perto por João Saldanha, jornalista e técnico da seleção brasileira que se classificou para a copa que consagraria Rivelino. “Eu já estava formado e houve um encontro de jornalistas do Interior com jornalistas da Capital (entre eles alguns da rádio Globo). O João Saldanha e o Blota Júnior, famoso locutor de rádio e deputado estadual, vieram para dar uma palestra. Depois foram assistir ao jogo de confraternização. Marquei cinco gols na partida. Não é lenda. Tem testemunha. É fato. Vencemos o jogo. Inclusive nasci no mesmo dia em que nasceu o João Saldanha, num 12 de julho. O Blota Júnior veio me elogiar”, garante o professor que já contou com a companhia da mãe, Maria Rozzetti Guimarães da Costa, 78, para ver o Timão. “Ela foi comigo num Corinthians e Mogi Mirim, quando o Roger estreou no time, em 2004”. Os alunos da Faculdade de Jornalismo conhecem Belarmino pela sua capacidade intelectual e seriedade, e dificilmente imaginam nele um apaixonado por futebol. “Na verdade sou uma pessoa comum. Levo uma vida muito simples como toda pessoa e tenho uma paixão, assim como tantos brasileiros” afirma Belarmino, desmistificando a imagem de acadêmico e estudioso e revelando-se um autêntico corintiano.  Colaboração Romeu Neto Veja vídeo em: www.soureporter.com.br


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