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Produzido pelos alunos do 5.º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba

UNIMEP Ano II - Edição 11

Humor

Com muita

graça! O Salão de Humor de Piracicaba completa 35 anos e, para comemorar o aniversário, nada melhor que um presente à altura. Página 10

mercado de trabalho

Saiba o que fazer para conseguir o primeiro emprego Página 12

Tiro de Guerra

Com rotina rigorosa, jovens aprendem valores nobres para a vida toda Página 13

Pára-quedismo

Adrenalina no céu de Piracicaba Apesar do preço, o sonho de ‘tocar o céu com as próprias mãos’ está cada vez mais fácil de ser realizado. Página 20

Agosto/2008

JORNAL LABORATÓRIO


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Na Prática

Apresentação

O jornal impresso vai morrer?

E

ssa questão está na mente de muitas pessoas, da área ou não. Quem somos nós para responder tal questionamento, até porque a vida é uma eterna metamorfose. Esse clichê traduz um pouco da produção deste jornal laboratório e é através dele que tentarei responder à pergunta do título. Quando em sala de aula começamos discutir como seria feito o jornal, suas pautas, diagramação, editorias, entre muitos itens que compõe a produção do impresso, chegamos a um impasse: como atrair leitores jovens. O jornal impresso tem fama de ser um meio de comunicação mais sério e sem muitos atrativos. Foi então que fizemos um levantamento e como já havíamos discutido em outras disciplinas do curso de jornalismo, constatamos que o perfil dos leitores está mudando. A maioria dos leitores prefere o dinamismo dos jornais digitais. Contudo, se temos novos leitores, temos novos conteúdos e novas linguagens. A partir daí começa nosso trabalho exaustivo e gratificante de inovar no jornal impresso. Pensamos em editorias do interesse dos jovens, com temas polêmicos, prazerosos, e de agradável leitura. To-

dos da equipe trabalharam com dedicação, buscando se empenhar ao máximo. Não basta treinar a técnica que aprendemos, precisamos de qualidade na informação, defendendo o que aprendemos sobre valores morais e éticos na nossa futura profissão de jornalistas. E buscando esta qualidade, temos a honra de apresentar mais uma edição do jornal laboratório Na Prática. Depois de dias e noites desenvolvendo este trabalho, podemos nos arriscar a responder à pergunta inicial. Quando pensamos no futuro do jornal impresso, temos que pensar no futuro do jornalismo. Na web temos jornalismo e o repórter deve cumprir a sua função de informar. O que muda é a estrutura de apresentação da notícia. É por isso que, independente do meio de comunicação em que vamos atuar, o jornal impresso será sempre o passo inicial. Concluímos que o jornalismo impresso terá, sim, um papel diferente do que tem hoje, com mais aprofundamento e reflexão. O jornal não vai morrer e muitas edições estão por vir. Marília Cucatti Editora Assistente

Artigo de Opinião

Felicidade, alicerce da boa escolha Cris Angelini *

T

er um carro zero, ter uma casa em um bairro nobre da cidade, ter roupas de grifes famosas. Este parece ser o sonho da maioria dos jovens. E para ter tudo basta ter uma profissão que dê muito dinheiro. Certo ou Errado? Depende. Ter é uma opção de compra. Ser é uma escolha de vida. E aí a decisão é de cada um. Se me permiti, vou tentar fazer uma breve reflexão para quem vai prestar vestibular. Passamos a maior parte da vida trabalhando, isso é um fato. Para ser um bom profissional é preciso se capacitar e se atualizar sempre, isso é necessário. Para ter sucesso é indispensável fazer o que gosta, isso é real. Portanto, escolher o que quer ser é tão importante, neste momento, como ter tempo para estudar e se preparar para o vestibular.  Não tenha vergonha e nem receio. Pense no que deseja ser e siga em frente. Pense que será você quem exercerá a profissão que escolheu a vida inteira. E repare, a ciência está indicando que a nova geração poderá viver até 100 anos ou mais (risos). Então, pense bem. Converse com profissionais da área. Visite uma empresa e saiba como é o trabalho. Verifique quais os deveres e os prazeres de ser um profissional do setor. Nenhuma profissão é só alegria ou só tristeza. Mas todas têm os

dois lados. Depois, fale com um professor e conte qual o curso que deseja fazer. Ele certamente vai te dar dicas. Daí decida. A minha sugestão é que você escolha ser um profissional e não ter, apenas, um bom emprego. Não se contente em ter um trabalho só para ser bem remunerado. O dinheiro ajuda a ter mais facilidades na vida. Será que vale a pena escolher uma profissão pensando apenas nas vantagens financeiras? Ninguém vive sem dinheiro, é verdade. Mas a vida exige de cada um de nós equilíbrio em todas as situações. Então, posso garantir que é possível fazer o que gosta, o que tem vocação e viver com dignidade. Mas, repito, esta é uma decisão de cada um.     O prazer de dizer: “eu sou o engenheiro e fiz o projeto deste prédio”, “eu sou professor e dou aula para crianças especiais”, “eu sou chef de cozinha e fico feliz quando vejo o olhar das pessoas admirando o prato que preparei”, de verdade, essa satisfação interior,  não tem preço, como se diz em um anúncio publicitário. Portanto, reflita e escolha. Gosto de dizer o seguinte: temos apenas uma obrigação na vida: ser feliz! Escolha a sua profissão e com o seu trabalho colabore para que a nossa sociedade seja cada vez mais humana, mais justa e mais fraterna.      * Cris Angelini é jornalista e relações públicas, produtora de jornalismo de rede da TV Globo.

Agosto/2008 Expediente Jornal Laboratório dos alunos do 5º semestre de Jornalismo da Unimep Reitor: Davi Ferreira Barros Diretor da Faculdade de Comunicação: Belarmino César Guimarães da Costa Coordenador do Curso de Jornalismo: Paulo Roberto Botão Editor: Wanderley Garcia (MTB: MG-06041) E-mail: jornalnapratica@gmail.com Editores Assistentes Aline Cia Angelini Clareana Marrafon Jayro de Sousa Costa Marília Cucatti Balancin Editorias: Comportamento: Rodrigo Kivitz e Vanessa Faria Cultura: Lucas Rizzollo e Pietro Pires Santos Educação: Marcela Maganha Repórteres André Lovadine, Andréa Palhardi Bombonatti, Ana Paula Palhares, Brenda Bellani Prando, Bruna de Oliveira, Bruna Godoy, Carla Mendrot, César Cabrera, Christiane Abila, Darlene de Paula, Débora Laranjeira, Evandro Eduardo Molina, Fernanda Umbelino, Gabriela Pinheiro, Jandiara de Oliveira, Lindiane Freitas de Oliveira, Luiza Cazetta, Mariana Tavares, Marina Carneiro, Rafael Pierobon, Régia Santana, Renan Fahl, Sérgio Moreira, Taís Romanelli, Tânia Silva, Vanessa Faria Arte Gráfica: Sérgio S. Campos (Laboratório de Planejamento Gráfico/ Unimep) Correspondência: Faculdade de Comunicação – Campus Taquaral – Rodovia do Açúcar, Km 156 – Caixa Postal 68 – CEP: 13400-911 – Tel: (19) 3124-1677 Tiragem: 2000 exemplares

Participe da comunidade no Or kut Jornal Na Prática / Unimep O principal objetivo da comunidade do jorna l é o contato com os leitores e esse espaço está integralmente ab erto à manifestação de suas opiniões, concordando ou não com o conteúdo da edição, op inando e sugerindo pautas pa ra as próximas.

Vamos participar, mande seu recado! Valeu Galera!!! Nosso e-mail:

jornalnapratica@gm ail.com


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Na Prática

Competição Intelectual

Olimpíada de

Física exige aplicação Rafael Pierobon

A disputa é encarada por muitos alunos como “para gênios”, mas não é bem assim

Professor Wallace Lemos orienta o campeão brasileiro Ricardo Buzolin: exercício prático foi um dos pontos decisivos

PROGRAMAÇÃO Credenciamento de professores

até 6 de agosto

Prova da 1ª fase (nas escolas)

16 de agosto

Lançamento pelos professores da 1ª nota no banco de dados da OBF

até 3 de setembro

Divulgação do número mínimo de acertos para admissão à 2ª fase

até 8 de setembro

Prova da 2ª fase

20 de setembro

Lançamento pelos coordenadores das notas da 2ª fase no banco de dados

até 15 de outubro

Divulgação da nota mínima para admissão na 3ª fase

até 18 de outubro

Prova da 3ª fase

1º de novembro

Divulgação do resultado final

até 19 de novembro

Fonte: Sociedade Brasileira de Física (www.sbf.org.br)

Como participar A Sociedade Brasileira de Física já divulgou as datas para inscrição dos professores, que podem indicar quantos alunos quiserem para a primeira fase. Dessa forma, os estudantes que queiram participar das Olimpíadas devem mostrar o interesse ao professor de física, que efetuará a inscrição. Como é a Olimpíada As provas ocorrem em três fases, que abrangem conhecimentos teóricos e práticos.  1ª fase: Realizada na própria escola, dia 16 de agosto e todos os matriculados no Ensino Médio podem fazê-la;  2ª fase: Participam os estudantes que atingiram o número mínimo de acertos determinados pela Comissão de Olimpíada Brasileira de Física, em locais definidos pelo coordenador estadual. As provas são aplicadas em setembro;  3ª fase: É a última fase, destinada àqueles que acertaram o mínimo estipulado pela COBF para a segunda fase. A prova é realizada na sede da coordenação estadual. É nessa etapa que é aplicada a prova prática.

Rafael Pierobon rafael.jornal@gmail.com

Muitos estudantes ainda resistem em participar das Olimpíadas Brasileiras de Física por acreditarem que as provas são muito difíceis e que não têm condições de avançar nas etapas. A Olimpíada Brasileira de Física, criada em 1999 pela Sociedade Brasileira de Física, é uma maneira de estimular nos adolescentes e jovens do Ensino Médio, maior interesse pela física. O estudante Ricardo Henrique Buzolin, de 17 anos, que cursa a 2ª série do antigo colegial em uma escola particular de Araras, provou para os colegas que o feito não é tão difícil. No ano passado, o garoto foi campeão das Olimpíadas Brasileiras para alunos de 1º colegial. Wallace Lemos, professor de Buzolin, explica que há um mito sobre as chances reais de conquistar uma boa posição. “Criou-se um estigma que para participar tem que ser um gênio”, diz. Qualquer aluno da nona série do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio pode se inscrever na primeira fase, que ocorre na própria escola. Para ter chances, Lemos afirma que é preciso ser um aluno diferenciado, mas não gênio. “É preciso ser disciplinado, estudar bastante. Não tem chance aquele aluno que só estuda o mínimo, mas aquele que tem um hábito de estudo”, afirma. O campeão Buzolin dá a dica do sucesso, para que outros possam ter êxito semelhante. “Eu estudo de três a quatro horas por dia, mas não especificamente para as olimpíadas. É que de tanto fazer os exercícios, você já sabe como deve começar e aí fica mais fácil”, comenta o estudante. Outro conselho importante que o professor dá é a boa interpretação dos enunciados das questões. Portanto, a leitura cotidiana é uma ferramenta importante, mas que poucos dão importância. “O aluno que tem visão abstrata, que tem um bom vocabulário e domínio da matéria tem vantagem na hora de responder às questões. Tem gente que entrega em branco porque não sabe o que é pedido”, diz o professor.


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Na Prática

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Reinserção Social

CAEF encaminha

dez ex-presidiários

ao mercado de trabalho

Central é específica ao auxílio de pessoas que cumpriram pena no Sistema Penitenciário Marcella Maganha

Marcella Maganha marcella_jornal@yahoo.com.br

Antônio e Luciana (nomes fictícios) nunca se conheceram, mas têm dificuldades, desafios e aspirações em comum, como a reinserção na sociedade começando uma vida nova e digna, através da capacitação profissional e do trabalho. Antônio, de 44 anos, ficou dez meses encarcerado em penitenciárias da região. “Não consegui nenhum emprego com carteira profissional assinada, apenas alguns ‘bicos’ e trabalhos contratuais, isso porque na minha ficha consta que já fui preso”, diz com visível insatisfação. Luciana, de 30 anos, cumpriu pena de quatro anos e conta que “nem todos que estão ou foram presos são bandidos. Muitos de nós querem arrumar trabalho, recuperar a família e começar de novo”. A egressa tem quatro filhos que não estão com ela. As vidas dos egressos Antônio e Luciana ganharam nova esperança quando tomaram conhecimento dos serviços da Central de Atendimento ao Egresso e Família (CAEF) em Rio Claro. Atualmente 40 egressos estão cadastrados na instituição e dez já foram encaminhados ao mercado de trabalho. São oferecidos 16 cursos profissionalizantes com carga horária de 16 até 120 horas e mais de 200 postos de trabalho para os técnicos formados. Esses cursos surgiram de parceria entre a CAEF e cerca de dez empresas rio-clarenses. Alguns dos cursos são confeitaria e panificação, operador de máquina de costura, instalador hidráulico, pedreiro, eletricista e mecânico. A CAEF é resultado de uma parceria entre a Prefeitura, o Departamento de Reintegração Social Penitenciário (DRSP) da Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo e a Fundação “Prof. Manoel Pedro Pimentel” de Amparo ao Preso (Funap). Segundo a técnica responsável, Irani Aparecida Torres, a CAEF foi instituída para reestruturar com dignidade e responsabilidade a identidade do indivíduo na inserção cidadã. “A centralidade na família, a convivência familiar e comunitária são aspectos importantes que a CAEF prioriza”, diz. Além de cursos de inserção e programas de capacitação e geração de renda, a CAEF presta os serviços de acolhimento e encaminhamento; inclusão em programas sociais municipais, estaduais e/ou federais; assistência na obtenção de benefícios trabalhistas, sociais e de saúde; auxílio na regulamentação e aquisição de documentos e orientação jurídica.

Antônio (nome fictício): CAEF auxilia egressos na retomada da escolarização e profissionalização

Já empregado, Antônio disse que “foi muito bom o resultado após meu cadastro na CAEF, estou trabalhando e satisfeito”. Luciana conta sobre o acolhimento e apoio que recebeu. “Quando saí da penitenciária, fiquei perdida porque não tinha informação. Os profissionais da CAEF se empenham em ajudar e acolher sem preconceitos os egressos como eu. Com o auxílio da Central, hoje posso recomeçar”, completa.

Encaminhamento ao mercado de trabalho e apoio na reinserção à sociedade são os objetivos da instituição

A CAEF - Central de Atendimento ao Egresso e Família, é uma instituição que existe em 13 cidades do Estado de São Paulo: Araraquara, Assis, Avaré, Birigui, Campinas, Hortolândia, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro, São Paulo, Sorocaba, Taubaté e Tupã. Existe até um manual de ajuda aos egressos “Dicas: o guia que você precisa para ficar livre de vez”, com orientações simples e objetivas.

 A CAEF foi inaugurada em Rio Claro no dia 15 de maio deste ano. Para se cadastrar, o egresso tem de ter em mãos xerox do RG, CIC, comprovante de endereço e do termo de advertência de quando deixou a penitenciária. A Central fica na Avenida Schoebel, 105, Distrito Industrial (antigo Trava Bloco) e o telefone é (19) 3527-1735.


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Na Prática

Tais Romanelli José

Incentivo educacional

Rio das Pedras recebe verba para financiar projetos em educação

Ao saber da existência do curso de Gestão Ambiental, Nara percebeu que era tudo o que lhe interessava

Darlene de Paula dapaula@unimep.br

Três escolas públicas de Rio das Pedras participam do programa Minha Escola Cresce promovido pelo Instituto Arcor. O foco do programa é contribuir para o fortalecimento pedagógico do ensino fundamental, apoiando projetos educativos de desenvolvimento integral e inclusão social. O Instituto convidou 551 escolas públicas em 2007 para participarem da 5ª edição do programa. Foram apresentados 58 projetos, e destes 25 foram aprovados, somando 99, em cinco anos de iniciativa. Cada escola recebe R$ 4 mil para desenvolvê-lo durante o ano. Milena Drigo, assistente social do Instituto, afirma que “o objetivo do programa é contribuir para o crescimento das escolas públicas do ensino fundamental através do apoio a projetos”. O Instituto atua em Piracicaba e região, Campinas, Bragança Paulista, Contagem (MG) e em Ipojuca (PE). As escolas selecionadas em Rio das Pedras foram: Barão de Serra Negra, com o Projeto Amiga Biblioteca, Professor Augusto Elias Sales (ambas municipais), com o Projeto Jornal Escolar e CEAD (Centro Educacional de Assistência ao Deficiente), com o Projeto A Dança das Descobertas. Dentro do período de um ano, o Instituto acompanhará o desenvolvimento. O Projeto Amiga Biblioteca tem como objetivo criar um acervo diversificado, atual e de qualidade. Ajuda de custo possibilitou à escola comprar clássicos da literatura infantil, assinar o Jornal de Piracicaba e revistas. A diretora Nanci Aparecida Ariozo Gonçalves afirma que “a escola é responsável por formar e estimular leitores, por isso a necessidade de uma biblioteca, com acervo compatível ao número de alunos, 550 alunos de 1ª a 4ª série”. Raquel Martins Folha, professora do CEAD, diz que o Projeto A Dança das Descobertas tem trazido benefícios aos alunos cadeirantes e que não falam. O objetivo é fazer da dança um canal de conhecimento de seu próprio do corpo, do ambiente a sua volta, interação com as demais crianças e desenvolver a coordenação motora. O Projeto Jornal Mural consiste em possibilitar aos alunos acesso à informação e colocá-los como produtores da notícia. A escola conta com dez salas de aulas e cada semana uma destas se responsabiliza pela produção do jornal que é fixado nos murais. As principais notícias são: eventos da escola, comunicados e temas relevantes. O objetivo é despertar o gosto pela leitura e escrita, a partir da produção textual dos próprios alunos. “O trabalho está sendo surpreendente. As crianças estão adorando. É motivador e gratificante”, diz a diretora, Elenilza Aparecida Pimpinato.

sustentabilidade

Ambientalista

por profissão

Interesse e comprometimento fazem aumentar as opções de cursos com enfoque ambiental Tais Romanelli José tata_romanelli@yahoo.com.br

Nada mais falsa do que a afirmação de que os jovens de hoje não se preocupam com o planeta. Não por acaso é crescente a procura por profissões com enfoque ambiental e o surgimento de novos cursos de graduação, cursos técnicos e tecnológicos nesta área. Nara Froes é estudante do quinto e último ano de Gestão Ambiental da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) e conta que, ao saber da existência do curso, percebeu que ele “casava” com tudo o que lhe interessava. “Tinha a ênfase no cuidado do meio ambiente e, ao mesmo tempo, disciplinas mais direcionadas à administração”, explica. Segundo Demóstenes, coordenador do curso da Esalq, o gestor ambiental trabalha na mediação de conflitos resultantes de atividades humanas que geram impacto sobre o ambiente, cujo equilíbrio deve ser garantido. “O profissional pode exercer cargos de direção em instituições privadas, públicas e não governamentais voltadas para o gerenciamento de atividades para adequar as atividades humanas para o mínimo impacto e a sustentabilidade ecológica”, define. Nara conta que a preocupação com o meio ambiente vem de criança. “Talvez porque morasse em frente ao rio Piracicaba, ou simplesmente por influência da minha

mãe, que trabalhava com tratamento e qualidade de água e tentava nos conscientizar da situação crítica em que se encontravam os recursos hídricos de nossa região.” O estudante Victor Paoleschi ingressou neste ano no curso, mas conta que o interesse é antigo. “Sempre gostei de geografia e biologia desde o ensino fundamental e isso se aprofundou no ensino médio. Daí, dentro dessas áreas, tomei gosto pelos assuntos ligados à natureza e meio ambiente e como se dava a exploração destes pelo homem.” Antes da faculdade, Victor fez um curso técnico, com duração de três semestres, na mesma área. Quanto aos jovens de hoje, Victor acredita que eles se comprometam com questões ambientais, porém, de diversas formas. “Alguns adotam estilos de vida diferentes, usando produtos orgânicos, reciclando o lixo que geram, reduzindo o uso de materiais que não são necessários. Outros procuram se informar pela mídia, conhecer algumas tecnologias que beneficiam o meio ambiente, etc. Há muitos jovens que pensam diferente, que propõem idéias diferentes sobre como usar os recursos naturais e tudo isso é válido.” Nara completa esse pensamento sobre os jovens. Para ela, o incentivo poderia vir da escola. “As disciplinas dadas, desde o ensino infantil, deveriam ser permeadas por conceitos de educação ambiental, estimulando a criação de uma consciência nos alunos desde cedo”.


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Na Prática

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comunicação

Operadora NET tem canal comunitário

Em Americana voluntários produzem conteúdo para Lucas Rizzollo lucasrizzollo@uol.com.br Voluntários fazem do trabalho uma diversão

Arquivo pessoal/Ângela Storolli

Você sempre quis saber como funciona um programa de TV por trás das câmeras? E talvez participar de um? Sim? Esta é sua chance. Produzir e apresentar um programa de TV é realidade para jovens de Americana e região. Na NET, jovens e adultos participam de todas as etapas de produção e veiculam os diversos programas. Segundo Patricia Sanches - Supervisora de Programação do canal NET cidade – “o voluntariado existe há dez anos no Brasil e foi inicialmente implantado na região do ABC. Atualmente também está na baixada santista e no interior. Tudo começou quando o diretor Manny Floriano trouxe a idéia do Canadá ­– onde, por lei, as empresas de TV a cabo devem disponibilizar um canal feito totalmente por voluntários. Com isso, surgiram os primeiros programas e os primeiros treinamentos. Hoje, já são mais de 400 voluntários. O trabalho é em prol da comunidade, mas não há a obrigatoriedade de prestar serviços sociais, embora o canal também abra espaço para ajudar algumas entidades. Esta ajuda é feita através de matérias em externas, alguns programas colocam em pauta entidades e assim há uma divulgação da mesma. Para a voluntária Ângela Storolli, formada em letras, o aprendizado é fundamental. “Recebemos treinamentos para atuar em todas as funções”. A cada nova etapa o integrante recebe treinamento em uma nova área, desde produtor e câmera, até apresentação e direção. A iniciativa não tem fins filantrópicos e o conteúdo é variado. É uma forma de a empresa “devolver” o apoio que recebe da comunidade além de atrair novos assinantes com uma programação mais próxima ao dia a dia do telespectador. Durante as gravações, o clima é descontraído, porém sem perder a seriedade e os mais experientes ajudam os mais novos em todas as etapas. Nas equipes existem jovens, adultos, aposentados e estudantes da área de comunicação, como a aluna de publicidade e propaganda Suzana Storolli, filha de Ângela. “É uma experiência incrível, podemos pôr a mão na massa e colocar em prática o que estamos aprendendo”, comenta. Quem se interessou, pode entrar em contato com a equipe através do e-mail patricia.sanches@

netservicos.com.br ou lbarreto@netservicos.com. br, solicitando mais informações. É necessário preencher uma ficha de inscrição e aguardar ser chamado. Todos os novos integrantes devem passar pelas integrações e treinamentos iniciais, que ocorrem quatro vezes ao ano. Basta gostar da área de comunicação, estar disposto a aprender, ter no mínimo 16 anos, estudar, residir ou trabalhar na região de Americana. O voluntário tem total liberdade de escolha: decide o tempo que vai dedicar e de quais programas deseja participar. A programação vai ao ar no canal Net cidade, que varia para cada município, sempre pela TV a cabo Net.

“A exigência é ter mais de 16 anos e estudar, residir ou trabalhar na região de abrangência do canal”


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Na Prática

Movidas a

Feminilidade

Acervo pessoal

música Meninas saem do convencional e procuram cursos de instrumentos considerados “masculinos” Brenda Bellani brebp@hotmail.com

Ao invés de sapatilhas, baquetas. Pincéis e quadros trocados por palhetas e partituras. Algumas mulheres preferem sair do convencional e procurar cursos artísticos não tão comuns no universo feminino - como Ballet e pintura -, para se aventurar, aprendendo a tocar instrumentos musicais que poucas escolhem. O professor de bateria da School of Music Alexandre Bortoletto (SMAB) de Santa Bárbara d’Oeste, Anderson Cleiton Rodrigues, tem em média 30 alunos e apenas seis são meninas. “A bateria é cara e com o dinheiro das aulas as meninas gastam em outros cursos, como aula de dança, e em outros gastos que meninos não têm. Além disso, a bateria é um instrumento difícil de aprender e os meninos costumam ouvir mais música”, diz o professor. Gisele Albertine, de 17 anos, aluna de Cleiton há mais de quatro, tocou outros instrumentos mas decidiu-se pela bateria depois de começar a ouvir rock. “Na ver-

dade, eu já tentei também pintura. Mas achei que não era muito a minha cara”, explica. Já, Mirela Renata das Neves, 17, escolheu o violão. “Por ouvir MPB, um estilo musical em que o ‘principal’ instrumento é o violão, optei por ele”, diz. O amor pela música é também um fator crucial citado por elas como motivo para procurar as aulas. “Queria algo que me aproximasse ainda mais da música, tornando-a mais evidente em minha vida”, explica Mirela. Apesar do espaço que as mulheres já conquistaram no mundo da música pop – como exemplo, as cantoras Pitty, Fernanda Takai e Paula Toller, -, elas ainda sofrem preconceito e comparações com homens. “Percebo pelo jeito de olhar e por alguns comentários indiretos que escuto”, afirma Gisele. E o professor confirma: “É comum ouvir comparações entre meninas e meninos aqui na escola de música.” Por exigir maior esforço físico, a bateria é tida como um instrumento “masculino”. Mas uma menina consegue acompanhar o rit-

mo? “Lógico! Nós mulheres conseguimos fazer qualquer coisa que os homens fazem, e vice-versa”, diz Gisele. Mirela sofre também preconceito relacionado ao gênero musical que gosta. “Muitas artistas que tocam MPB são homo ou bissexuais, e muitos acabam generalizando e achando que todas que gostam ou tocam esse estilo de música também sejam”, diz. Tanto ela quanto Gisele, no entanto, concordam que dá para ser instrumentista e ser feminina ao mesmo tempo. Danilo Godoy, 29, toca violão, viola e contra-baixo e acredita que meninas não costumam fazer “mala” por tocar algum instrumento. “Acho muito legal. Tenho até uma queda por isso. Já tive aulas de violão com uma professora”, diz.

“O que conta é a dedicação de cada um, não o sexo” Apesar das comparações, Cleiton afirma que não há diferença nenhuma na capacidade de tocar bateria entre meninos e meninas, apenas a idéia equivocada que as pessoas tendem a ter de que mulheres não levam o aprendizado do instrumento tão a sério. “O que conta é a dedicação de cada um, não o sexo”, conclui Mirela. E Gisele dá a dica: “ter força de vontade e não desanimar pelo que os outros pensam ou falam”.

religião

Gospel moderno atrai jovens Nova roupagem rompe as barreiras do tradicional e incorpora ritmos atuais Tânia Regina da Silva taniajornalismo@hotmail.com

Pop-rock, black, soul, samba, funk e até heavy metal. É possível agradar todos os gostos no universo gospel, um dos gêneros musicais que mais cresce no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Disco (ABPD), o segmento religioso ocupa, ao lado do sertanejo, o 2º lugar no mercado de venda de CDs (13%), atrás apenas do pop-rock (34%). Esse crescimento fez o Grammy Latino criar, em 2004, a categoria de Melhor Ál-

bum Cristão em Música Portuguesa, para premiar os artistas brasileiros. O sucesso de nomes como Aline Barros e Oficina G3 estimula o surgimento de novas bandas cristãs, a maioria formada por jovens. Na região, é o caso da banda Novo Tempo, de Americana, que gravou o primeiro CD no ano passado somente com canções no estilo pop-rock. “O grupo é formado por músicos que já tocavam na igreja. Nos apresentamos em eventos religiosos, principalmente em eventos com jovens”, explica Denis Didário, 30 anos, líder da banda. A diversidade de estilos e outros elemen-

tos modernos presentes no mundo gospel contribuem para atrair o interesse dos jovens, que também buscam diversão e alternativas à música convencional ou secular. Fábio Natali, 20 anos, vocalista da Novo Tempo, destaca a satisfação que sente em fazer parte de uma banda. “Tenho paixão pela música e fico feliz em ajudar de alguma forma com meu talento. E hoje você encontra de tudo no gospel, desde funk até soul. É possível continuar gostando do estilo que você se identifica”, diz. Mesmo com pouco espaço na mídia, muitos jovens que não são evangélicos co-

nhecem e gostam dos artistas cristãos. A estudante Juliana Puerta Moreli, 22 anos, admite que curte vários grupos do gênero. “Admiro a qualidade dos arranjos, os vocais e as letras. Até tenho alguns CDs e gosto de cantar as músicas. Quando puder vou a um show”, diz. Os integrantes acreditam que hoje não existe mais preconceito em relação ao som gospel. “Pelo contrário, meus amigos que não são evangélicos gostam das músicas que eu escuto”, afirma Denis. “O pessoal respeita e até acha legal quando eu digo que canto pop-rock na igreja”, diz Fábio. Denis explica que as canções podem ser executadas com motivo religioso ou simplesmente como um produto de entretenimento para o mercado comercial. “Mas o objetivo e o tema principal na maioria das letras é o louvor e adoração a Deus”, conclui.


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Na Prática

Cultura

Gingado Sucesso de pequenas iniciativas, como “Tambor Menino”, consegue grandes resultados

Maracatu

do

“O projeto não aliena a criança, pelo contrário, torna-a parte essencial dessa realidade”

Fernanda Umbelino fer.xl@hotmail.com

Na rua das andorinhas, no Jardim dos Lírios, uma casa simples chama a atenção de quem passa. O muro desenhado exibe as palavras escritas em mosaico: Arte de Vencer! Quem se atreve a entrar descobre um ambiente rico em histórias e determinação. Arte de Vencer é uma ONG, liderada por Silvia Barros, que existe há sete anos e abriga projetos que ganharam repercussão nacional. O Tambor Menino é um deles, desenvolvido com a finalidade de oferecer uma alternativa ao tráfico de drogas e à prostituição, para crianças e adolescentes de bairros carentes de Americana, como o Jardim dos Lírios, Vila Mathiensen e Antonio Zanaga. O projeto oferece um resgate à cultura afro, como o maracatu, antiga manifestação africana que aliava dança, crença e tradição, realizada durante as coroações dos reis do Congo, e que foram trazidas pelos escravos ao Brasil. O maracatu ficou por muito tempo restrito a pequenos guetos de preservação da cultura afro em Pernambuco e Ceará. Os alunos aprendem a tocar caixa, tambor, gonguê, a dançar e cantar, além de confeccionarem os próprios instrumentos. Felipe Francis Nascimento, de 14 anos, freqüenta o Tambor Menino há três, toca tambor, e declara: “é emocionante tocar e ter a oportunidade de viajar para outros lugares. Aqui você tem a alter-

nativa de um lugar para aprender e freqüentar. Antes só tinha a rua, e na rua você fica exposto a várias coisas”. A arte foi o jeito encontrado por Silvia para se fazer entender num universo de desigualdades. “O projeto não aliena a criança, pelo contrário, torna-a parte essencial dessa realidade, envolvendo-as no processo de criação” afirma Silvia. O grupo conta hoje com oito mães que participam das coreografias e apresentações, além das mães envolvidas com a costura. Silvia espera que, no futuro, mais pais se comprometam com o projeto. A ONG conta com algumas parcerias: a da produtora 3 Marias, a FAM, que disponibiliza um grupo de cinco psicólogas para conversarem com as mães e adolescentes, a editora Adones, com o projeto “Contadores de Histórias”, o Minc (Ministério da Cultura) com o projeto de Inclusão Digital, previsto para agosto, o McDonald´s, com a parceria do primeiro emprego e eventualmente com a prefeitura de Americana. Mesmo com os apoios, os recursos são pequenos diante do desafio. “É uma briga desleal. O tráfico pode oferecer a eles 300 reais por noite e eu com muita conversa tento mostrar os contra de quem entra pra essa vida”, afirma Silvia. “Quem deveria ajudar na luta contra as drogas, são os mesmos que freqüentemente estão aqui no bairro, nas esquinas, com carros importados atrás de drogas”. A luta é desigual, mas a ONG Arte de Vencer , mesmo realizando um “trabalho de formiga”, assim definido pela idealizadora, comprova que a cultura e a educação são a única saída.


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Na Prática

Crônica

Diário

de uma adolescente Mariana Tavares mazinhatavares@yahoo.com.br

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01/06/2007 enso que em todas as fases da vida é necessário ter coragem. Coragem para transpor os obstáculos, superar os medos e então comemorar a superação. Hoje em dia ninguém sabe dizer em que idade começa e termina a adolescência, só sei que já cheguei nela. É uma busca incessante por respostas... Tudo o que antes parecia certo, inseguro ficou. Teve a fase do primeiro beijo, será que vou saber beijar? Foi no bailinho na festa da Laura, todos com seus pares menos o Túlio, que acabou ficando com a vassoura. Mas essa época acabou, sou mais eu, confio em mim e na Tequila sagrada. Preciso ir à academia, ninguém merece ir a Porto assim, e já tá chegando... E ainda tenho que estudar química orgânica, o tal barroco, ler Dom Casmurro, e ainda me preparar para o debate para defender ou condenar Capitu... Não é apenas a cobrança dos pais, dos amigos e professores, vem de mim mesma, afinal, quem nunca ouviu ainda pequeno: “Você já sabe o que vai ser quando crescer?” Os sonhos de criança batem à porta. Quero ser cientista! O pai fala: “Cientista? Mas isso dá dinheiro?”. Dinheiro, dinheiro, dinheiro, não tinha pensado nisso antes. O professor diz: “Você já sabe a concorrência do seu curso?”. E a mãe complementa: “Você está estudando minha filha?” Dinheiro, concorrência, estudar, estudar, será que quero isso mesmo? Vou pesquisar outras opções, tem tanto curso legal por aí, preciso ter certeza do que quero, já que é “uma escolha pro resto da vida”. Voltando esses dias do inglês vi um senhor, muitos amigos o chamam de “véio”. Confesso que também já falei assim, mas depois dessa cena, tudo mudou. Voltando ao assunto, ele ensinava seu neto a andar de bicicleta. O pequeno morrendo de medo segurava na mão de seu avô e dizia: “Você sempre vai me segurar, não vai vovô?”, “É claro que sim”, respondia. O menino então pedalava, pedalava, pedalava, com o entusiasmo de uma criança que busca um grande prêmio no final. Sentia o prazer de sua primeira vitória, o medo já tinha ido embora e sentia-se leve. Mas em certo trecho do percurso ele soltava o menino, que seguia firme até perceber que estava sozinho. Caiu. Mais uma vez o vovô pegava em sua mão e começava tudo outra vez. Vi nos olhos daquele senhor, a sabedoria e a dedicação de todos aqueles que me cobram o tempo todo, mas que tanto me ajudam nessa fase. Sei que todos estão segurando a minha bicicleta, porém cedo ou tarde minha mão vai ter de guiá-la. Ainda assim me sinto mais calma.

Chegou a ficha de inscrição para o vestibular, e AGORA??? Pensa, pensa, pensa... Já sei, vou dar uma olhada naquela feira de cursos que a professora falou. Depois de um dia inteiro andando por aquele salão enorme cheio de “barraquinhas”, pensei que seria bem mais fácil escolher um curso como quem escolhe um doce, voltei com três opções. Cada profissional “vendia seu peixe” e falava mais prós do que contras, natural, já que quem estava disposto a falar por horas sobre o seu trabalho é porque realmente gostava dele. Chegou a grande hora, é fato que eu tenho de escolher, lembrei-me do garoto da bicicleta. O que alimentava toda aquela determinação era apenas uma coisa, o seu sonho. Logo percebi que era a hora de me arriscar de verdade, segurei a minha bicicleta e decidi ir em busca do meu sonho.

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Na Prática

Velho, mas com graça

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Humor Fotos: Débora Laranjeira

Hugo Chávez, de Sebastião Xavier Lima: caricatura estilo vanguarda

Salão de Humor completa 35 anos e pleiteia museu. Mais de 300 obras estão guardadas. Débora Laranjeira dtoliveira83@yahoo.com.br

O Salão Internacional de Humor de Piracicaba, apaga 35 velinhas em 2008. Nascido na era do regime militar, foi criado para protestar de forma bem humorada contra a ditadura. Segundo Laudir Sartori, 42 anos, coordenador do Salão há vinte anos, a exposição começou com o cartunista Zélio, que convidou alguns artistas, entre eles seu irmão Ziraldo, Millôr Fernandes, Fortuna entre outros, para montarem uma exposição de charges e cartuns, no Banco Luso Brasileiro, então sediado no mesmo prédio da Rádio Difusora. Temiam represálias por parte da ditadura e, durante a exposição, imaginavam que lá fora a rua estaria fechada por viaturas para detê-los. Entretanto, nada aconteceu. A partir de então, todos os anos o salão foi montado, e só no terceiro ano ele passou a ser internacional. Para Sartori, o salão representa mudança de comportamento. É um movimento que agracia não só os artistas mas o espectador. “Para se chegar até o salão é preciso passar pelo rio, sobre a ponte pênsil, depois respirar este ar do engenho central carregado de histórias e, por fim, entrar no salão, escutando o barulhinho do rio. Não há como a pessoa sair a mesma daqui”, explica. O salão é direcionado para os adultos, mas crianças e adolescentes não ficaram de fora. Para eles, foi criado o “Salãozinho de Humor”, em duas modalidades, de 7 a 11 anos e de 12 a 14 anos. “É uma forma de incentivo para as crianças, além de desenvolvimento da criatividade”, justifica Laudir. Para que tantos anos não passem em branco, existe uma tramitação entre os três poderes, para que se institua um Museu do Humor. Para Sartori é imprescindível a sua criação. “O museu vai vir pra pôr um pingo de ouro no salão. Vai virar uma referência em ponto turístico na cidade”. A torcida pela criação do Museu é grande, “não pode deixar que a memória do Salão de Humor morra sem graça” enfatiza com um trocadilho o designer gráfico Arthur Moretti. Para Sartori, a constituição do museu se fará a partir da necessidade, mas pondera, “como depende de interesses políticos, o museu pode acontecer daqui a dois dias, ou nunca acontecer”. Salão Universitário de Humor A Unimep promove anualmente o Salão Universitário de Humor. Em sua 16ª edição o Salão conta com 123 trabalhos expostos no Hall da Biblioteca. Mais informações pelo telefone: (19) 3124-1611 ou pelo site: http://www.unimep.br/salaodehumor

Jô Soares de Ricardo Girotto, caricatura estilo Vanguarda


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Na Prática

Arte Luiza Cazetta

Flávia Goto traz contato com cultura árabe durante apresentação

Jovens levam

cultura

para bairros Evento popular atrai comunidade Luiza Cazetta luiza_cazetta@yahoo.com.br

Aos 15 anos de idade e há dois anos fazendo teatro, a estudante Diana Larissa Bueno Roio fez uma apresentação teatral do projeto “Se Essa Rua Fosse Minha”, da Secretaria de Cultura de Americana. Diana pretende seguir a carreira e acredita que as participações em eventos populares podem ajudá-la a realizar seu sonho. “Minha participação nesse evento é voluntária, por livre e espontânea vontade, mas vejo que pode ser uma porta que pode se abrir no futuro”, afirmou a jovem atriz.

Para secretário de Cultura, o projeto evita a marginalidade

Segundo o secretário de Cultura de Americana, Fernando José Giuliani, “Se Essa Rua Fosse Minha” iniciou há três anos com o objetivo de levar entretenimento e cultura para os bairros. O projeto acontece uma vez por mês e, de acordo com Giuliani, deve passar por todos os bairros do município. Durante as edições do “Se Essa Rua Fosse Minha”, a participação dos jovens, seja na platéia ou em apresentações, é alta. “Em alguns bairros, 80% dos participantes são jovens”, enfatizou o secretário sobre a forte presença desse público. O estudante Bruno Sousa, de 18 anos, disse que ele e os amigos gostam de atrações musicais. “O bacana é que reúne toda a comunidade. É atrativo, sem falar que nos divertimos sem gastar nada”, afirmou. Flávia Goto, de 21 anos, fez uma apresentação de dança do ventre e disse que “é fundamental a participação nesses eventos. Nosso grupo trouxe uma dança de outro país, que possibilita que as pessoas tenham acesso a outras culturas”, explicou a dançarina. O secretário Giuliani acredita que o lazer e a arte são caminhos para evitar a marginalidade. “Levar a cultura, arte, lazer e entretenimento para a comunidade evita o envolvimento com drogas, ou qualquer outro comportamento ilegal dos nossos jovens”, afirmou. A estudante Diana concorda. “Os jovens, que de alguma forma estão envolvidos com cultura, com arte, ficam com a cabeça ocupada, sem tempo para pensar ou mesmo querer seguir outro caminho”, disse Diana.

Espetáculo

Música livre e arte independente conquistam público Luiza Cazetta

Luiza Cazetta luiza_cazetta@yahoo.com.br

Uma hora antes de iniciar o espetáculo uma grande fila já estava formada por estudantes, que esperavam ansiosos pela apresentação do grupo O Teatro Mágico. Denis Carvalho dos Santos, de 22 anos, impaciente, aguardava pela abertura do portão. Ele afirmou que freqüenta menos do que gostaria a peças musicais, mas à apresentação do Teatro Mágico já assistiu cinco vezes. “Essa mistura de música e circo é feita de uma forma única, é algo novo e independente. É tudo misturado”, explicou. A estudante Valéria Germano, de 15 anos, também disse não ir com freqüência a apresentações cênicas, porém, pela terceira vez, iria assistir ao mesmo espetáculo. “Fui assistir pela primeira vez e saí apaixonada, é mais que um show. É dinâmico, interativo. A música é contagiante e é um incentivo para sorrirmos para a vida”, explicou Valéria.

O violinista do Teatro Mágico, Galdino, afirmou que o grupo busca atrair aqueles que não têm muito contato com MPB e explicou que a trupe faz sucesso entre os estudantes porque esse público gosta de peças teatrais. “Nem todos possuem a mesma empatia, mas um grande número de jovens se interessa por teatro. É só você chegar até as pessoas que elas vão chegar até você”, disse. A estudante Audrey Olivato, de 21 anos, caracterizou o show como “aconchegante”. “Eles fazem uma crítica mais leve ao sistema, o conteúdo é leve, alegre, não é fútil e nem exagerado. Passam o recado sem agressividade”, afirmou. Por trazer ao palco uma variação de artes, o violinista acredita ser outro ponto que atraiu essas pessoas. “Nosso público, grande parte dele é formado por jovens universitários ou pré-universitários. Grande parte deles estava buscando esse tipo de arte, mais engajada, contestadora, que traz o lúdico, o teatro, todas essas artes que são marginalizadas no Brasil”, explicou. Galdino ressaltou que os estudantes sabem o que querem e anseiam por conhecer coisas novas.

Fernando Anitelli, idealizador do projeto, durante espetáculo em Americana

Violinista acredita que público estudantil estava buscando arte mais engajada e contestadora


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Na Prática

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Desafios

Compromisso com o

Jovens em busca do primeiro emprego, e mercado à espera de novos profissionais.

Futuro

Jandiára Oliveira

Jandiára Oliveira jandiaraoliveira@yaho.com.br

Despreparo e insegurança são os vilões no momento em que um jovem inexperiente enfrenta uma entrevista de emprego. A opinião é do jornalista e supervisor do PAT Piracicaba (Posto de Atendimento ao Trabalhador), Naim Jayme. Para ele, é comum encontrar um jovem que, devido à insegurança, vai a uma entrevista de emprego acompanhado da mãe. Essa atitude, na maioria das vezes, pode se tornar negativa, pois o empregador pode entender como dependência e falta de iniciativa por parte do candidato. Procurar o primeiro emprego não é uma das tarefas mais fáceis e os desafios encontrados são grandes. “Acredito que pelo fato de eu não ter um registro em carteira dificulta bastante na hora da seleção”, diz Ericilda Ramos do Nascimento, 26 anos, que tem experiência como balconista, porém nunca teve um registro na carteira. “As empresas, em sua grande maioria, procuram profissionais com experiência, o que dificulta o ingresso no mercado de trabalho para quem está começando”, afirma Naim. São necessários muita persistência, preparo e atenção a algumas dicas para conseguir o empurrão inicial. Para suprir a falta de preparo, o PAT Piracicaba oferece orientações de como elaborar um bom currículo, além de dar dicas de comportamento. O objetivo é preparar os adolescentes para ingressarem neste mercado tão competitivo. “Ser menor de idade e não ter nenhuma experiência, foi isso o que dificultou no início”, afirma a estudante Denise Regina de Lima, 17 anos, que há dois vem tentando uma oportunidade de emprego. “Hoje estou bem contente, pois posso dizer que já estou no mercado de trabalho”, declara a estudante que há três meses trabalha no comércio de Piracicaba. Pela grande competitividade do mercado de trabalho, a dica para superar este obstáculo é se aperfeiçoar, fazer cursos e buscar melhores qualificações. “Já que os jovens não possuem uma bagagem profissional, tem que haver um diferencial nesses candidatos. Eu acredito que uma boa postura, educação e, acima de tudo, comprometimento sejam fatores positivos na busca do primeiro emprego” declara Cristina Araújo Navarro Castro, psicóloga e gerente da agência de empregos Gelre.

Com experiência, porém sem nenhum registro na carteira, Ericilda aguarda no PAT uma oportunidade de emprego

Para a psicóloga, as empresas dão várias oportunidades aos jovens. No entanto a falta de postura e a vontade de encarar novos desafios têm sido o grande obstáculo encontrado pelos candidatos. Qualificação e força de vontade são os fatores que contam na decisão final. De acordo com especialistas, um bom currículo e, acima de tudo, vontade e comprometimento são os pré-requisitos fundamentais ao sucesso da entrevista, da construção de uma relação séria entre o candidato e o avaliador já no primeiro contato. Dessa forma, o novo emprego pode ser atingido com naturalidade, consciência e segurança.

“Boa postura, educação e comprometimento são fatores positivos na busca do primeiro emprego”


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Na Prática

Tiro de guerra

Rodrigo Kivitz rodrigokivitz@hotmail.com

Acordar às 4h30, fazer a barba e engraxar o coturno. Manter a farda impecavelmente passada e se apresentar para formação às 6 horas. Essa é a rotina de segunda a sábado do estudante Gilmar Antônio Giraldelli Filho, 18 anos, no Tiro de Guerra (TG) 02/045 em Americana-SP. Gilmar foi um dos jovens selecionados para se alistar no Serviço Militar Obrigatório em 2008. O treinamento começou em março e tem duração de nove meses. Segundo o chefe da instrução do TG de Americana, sargento Edson Clayton Faleiros, todo ano, em média, 1.300 jovens prestes a completar 18 anos procuram a Junta Militar da cidade. Desse total, 100 são convocados para ingressar no Tiro de Guerra. O não comparecimento à seleção ocasiona a perda de alguns direitos, como não poder prestar concursos públicos ou ser contratado por uma empresa. Nas palavras de Gilmar, fazer o TG é algo bem diferente. A primeira coisa que estranhou foi quando teve de cortar o cabelo. “Eu era muito cabeludo, quando raspei a cabeça tomei um choque”, diz. Ele conta que “queria e não queria” fazer o treinamento. “Sempre ouvi os outros falarem: ‘lá você vai sofrer; coitado de quem entra no Tiro, vocês estão ferrados’, mas a gente se acostuma” afirma. Gilmar aponta os aspectos positivos dessa experiência. “Lá nós aprendemos muitas coisas em relação ao exército e nossos direitos e deveres como atiradores. Temos instrução sobre drogas, Aids, DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e ficamos sabendo o que devemos fazer para socorrer alguém” destaca. Valores e Amizade De acordo com o sargento Faleiros, no Tiro de Guerra os jovens desenvolvem os valores morais que formam o caráter de um homem. “Incutimos neles o senso de cidadania e civismo. Valorizamos a camaradagem, a disciplina, a responsabilidade e a importância da hierarquia e do cumprimento de horários”. André Batista do Nascimento participou do Serviço Militar em 2000. Além do TG, André ainda fazia faculdade e

Márcia Elene de Camargo Giraldelli/Arquivo pessoal

Amizade e companheirismo marcam o

Camaradagem, disciplina e civismo são alguns dos valores repassados aos jovens no Exército

Gilmar Giraldelli, ao centro, na solenidade de matrícula dos atiradores no TG de Americana, em março

trabalhava. Apesar disso, ele não considera que o Tiro de Guerra o atrapalhou. “Pelo contrário. Obviamente não foi fácil, mas cresci muito com essa experiência” afirma. Hoje, com 27 anos, André comenta que ao fazer o TG aprendeu sentimentos nobres como a amizade e o companheirismo. “Nós deixamos de ser ‘um’ para ser ‘tropa’. As responsabilidades e vitórias são divididas entre todos. Se o companheiro ao seu lado erra, você também paga por isso”. E diz sentir saudades e guardar boas lembranças dessa época. “Fiz amigos para o resto da vida. Conheci o caráter das pessoas e essa é a base para uma boa amizade” afirma. André complementa: “O Tiro de Guerra me fez e me faz amadurecer até hoje. Aconselho os jovens a levarem a sério os valores do Exército e encararem como uma experiência válida para o resto de suas vidas”.

“Nós deixamos de ser ‘um’ para ser ‘tropa’. Fiz amigos para o resto da vida”.


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Na Prática

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opinião

Exposição na mídia

Fama imatura A crise da cantora Britiney Spears motivou uma discussão sobre a imagem pessoal de jovens artistas

Ana Paula Palhares

Ana Paula Palhares

appalhares@yahoo.com.br

Alcançar o sucesso na mídia é o sonho de muitos jovens e crianças, que buscam nos ídolos televisivos uma forma de se identificar. Ingressar no ambiente artístico é um trabalho que requer autonomia e responsabilidade, e, sobretudo, estrutura psicológica, caso contrário as conseqüências da fama podem ser graves. “Pessoas que normalmente iniciam cedo uma carreira artística começam sua exposição muitas vezes de uma forma imatura, o que pode gerar diversos conflitos, principalmente com relação à imagem pessoal, pois geralmente se tornam pólo de identificação preenchendo o imaginário coletivo”, diz a psicóloga Evelyn Bertazzoni, 27 anos. A imaturidade na fama está presente entre os famosos. A crise da cantora Britiney Spears, que entrou no espaço midíatico aos oito anos, foi o pivô de uma discussão polêmica que diz respeito à falta de disciplina moral na vida pública, o número de jovens artistas envolvidos com drogas e bebidas é alarmante. “O limite entre a vida pública e a privada sofreu rompimentos, pois o distanciamento entre ambas vem diminuindo a cada dia, incentivado pelos números crescentes de revistas, programas de fofocas e com a popularização da internet”, relata a psicóloga. Os meios de comunicação com freqüência revelam histórias de artistas e modelos que sofrem de anorexia nervosa e bulimia, doenças que são provocadas por distúrbios alimentares e psicológicos, o que gera preocupação excessiva com a imagem. É o caso da modelo Ana Carolina Reston Macan, de 21 anos, vítima fatal da doença. “Até o ano passado, eu era dançarina de boates famosas, amava o meu trabalho, porém não estava contente com o meu corpo, queria emagrecer a qualquer preço, ser uma Gisele Bündchen. Minha estrutura fisíca não era compatível com a dela, algo que me levou a contrair anorexia nervosa, conseqüentemente parei de dançar. A ambição de ter um belo corpo e chamar a atenção me levou ao caos”, revela a estudante de moda D.D.G, 20 anos.

Jamila Lara: admiração do público é conseqüência do trabalho

“Todo artista deveria pensar que em primeiro lugar é importante agradar a si mesmo, pois se fazemos algo é porque gostamos. A admiração pública é apenas uma conseqüência do seu trabalho. Isso eu aprendi com minha professora quando comecei minha carreira, ainda criança”, diz Jamila Lara, 16 anos, dançarina de jazz nos palcos do Brasil.

“Pessoas que normalmente iniciam cedo uma carreira artística começam sua exposição muitas vezes de uma forma prematura”.

Seja o que você é, não o que usa Andréa Palhardi Bombonatti dea_bombonatti@hotmail.com

Em meio a uma sociedade que impõe cada vez mais o padrão estético ideal e perfeito, surge a pergunta: até que ponto roupas e assessórios de marca podem transformar a vida das pessoas? Passar em frente a um outdoor e ver a Gisele Bündchen vestindo uma roupa da Colcci pode despertar em certos indivíduos a idéia de que se usarem aquela determinada marca, alcançarão resultados positivos, como, por exemplo, fama e beleza. Isso parece absurdo, mas, infelizmente, são freqüentes os casos de pessoas que utilizam produtos de marca com o intuito de conquistarem mais espaço no meio em que vivem. Grande parte dos jovens e adolescentes, principalmente, acreditam que determinadas roupas e assessórios mais caros trarão mais felicidade. Pensam que serão mais legais e populares ou até que encontrarão um grande amor. O fato de consumir produtos das grandes marcas não é o problema, mas o indivíduo usar determinadas peças com a intenção de mudar a sua personalidade. A paixão por roupas, calçados, perfumes ou jóias de marca pode ser um sentimento sadio, desde que a pessoa entenda que aquilo não interferirá na sua maneira de ser. Conheço algumas pessoas, como a jovem esteticista Aline Cristina Carnelós (24), que usam roupas de marca porque simplesmente gostam do estilo da marca ou do material utilizado na fabricação, mas que nem por isso se sentem mais privilegiadas que as outras e nem criam a ilusão de que aquela peça lhes trará mais sucesso, amigos e respeito. Isso nos mostra também que o preconceito contra as pessoas que optam por essa escolha é condenável como qualquer outro preconceito, porque nem todos que usam roupas de marca são “metidos” e “superficiais”. Grandes marcas, como Carmim, Opera Rock, Shutz, Dior, Dolce & Gabbana e Giorgio Armani, despertam, é claro, um certo glamour, pois estão inseridas no mercado da moda e fazem parte do estilo da alta sociedade. Entretanto, o simples consumo desses produtos não faz milagre, já que os benefícios e as vitórias são conquistados a partir da personalidade e determinação de cada pessoa.


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Na Prática

Moda

Mercado de vestidos de gala e está em alta

Marília Cucatti

noivas

Estilistas apresentam modelos para casamento até com cores variadas Marília Cucatti marilia_cucatti@vivax.com.br

A moda festa se destaca no mundo fashion e nos últimos anos tornou-se uma das grandes apostas dos estilistas de renome. Ronaldo Esper é um estilista famoso especializado em alta costura e há mais de 40 anos trabalha neste ramo. Para o estilista a moda festa sempre esteve em alta, mas só agora seu glamour se popularizou. Antes era um produto somente para as socialites, mas hoje muito mais pessoas querem e podem ter um modelo para uma ocasião mais formal. É só ter bom senso, brinca o estilista. Em 2007 Esper veio até Americana e mostrou alguns dos seus modelos em um desfile no salão Golden House e apresentou as tendências para noivas, uma especialidade do estilista. Para este ano Ronaldo Esper não vê muitas mudanças da coleção passada, mas sim alguns detalhes que com certeza fazem à diferença na sua coleção 2008. “Os vestidos de noiva e os de festas, formaturas e debutantes não são muito distintos, o que muda são as cores e o que a cliente pede”, esclarece. Segundo Esper, há pessoas que querem fugir do branco e casam até de preto, aí fica um vestido parecido com o de baile o que muda é o véu e a grinalda que se antes estava em baixa, hoje está em evidência. Donny Archanjo estilista também de alta costura, trabalha sob medida seus modelos. Ele procura atender suas clientes dando uma consultoria de moda, tendências e estilos no seu próprio ateliê em Americana. Donny conta que para saber o que vai criar precisa em primeiro lugar uma prévia da ocasião em que será usado o vestido. Depois é saber o que a cliente tem em mente, se já pesquisou algo ou sonha com algum modelo de vestido. “É válido lembrar que todas as minhas criações são exclusivas, mesmo a cliente querendo copiar algum modelo já visto”, ressalta o estilista.

Ronaldo Esper apresentou moda para noivas em Americana

O segredo de um bom estilista, diz Donny Archanjo, é usar a imaginação e ter cumplicidade com a cliente. Donny nos fala sobre as tendências para este ano e confessa que mesmo com a liberdade na moda, ainda gosta do branco tradicional para as noivas. Apesar de já ter criado vestidos de cores fortes para a noiva, como vermelho e até o preto. Temos que agradar, afinal estamos falando se sonhos e nos sonhos tudo é válido, diz o estilista. “Há vários tipos de branco, o azulado, um bran-

co sujo, o off white. É engano quem diz que branco não tem tom”, afirma. “O destaque para as noivas hoje são os vestidos princesa, com bastante tule, não o próprio bolo, mas com volume deixando-o bem acinturado”, revela Donny. Os vestidos para formaturas e eventos mais formais também seguem estas tendências, muito brilho, paetês, cristais que deixam à peça mais deslumbrante. Na moda em geral se pode tudo e na alta costura não é diferente só não pecar pelos exageros, a elegância está muitas vezes em detalhes, ensina Ronaldo Esper.


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Na Prática

Habilitação e Conscientização Vanessa Cristina Faria

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‘Oito pães e um maço de cigarro!’ Jovens começam a fumar também por imitar atitude dos adultos que o cercam César Cabrera cdcabrera@unimep.br

Ansiosos para tirar carta, muitos adolescentes se comportam de maneira arriscada na direção

Acidentes de trânsito: Risco para os jovens Vanessa Cristina Faria vachrysfaria@hotmail.com

Os acidentes de trânsito são um dos principais responsáveis pela mortalidade de jovens. O estudo elaborado pelo sociólogo Júlio Jacobo Waiselfisz para o Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ), divulgado em dezembro de 2007, mostra que entre os jovens brasileiros, de 15 a 24 anos, a principal causa de morte são as chamadas causas externas, como os acidentes de trânsito, além de homicídios ou suicídios. Muitos adolescentes em meio à empolgação de “pegar o volante” se comportam de maneira arriscada na direção. Os jovens aguardam ansiosos completar 18 anos para poderem realizar o sonho de ter sua própria carteira de motorista. Outros não esperam nem atingir a maioridade e já saem dirigindo pelas ruas, colocando em risco suas próprias vidas e de outras pessoas. Além disso, devido ao custo alto que se paga em auto-escolas, muitos jovens aprendem a dirigir

“Os jovens acham que nunca vai acontecer com eles e vão continuar tirando ’rachas‘ por aí”.

com os próprios familiares. Foi o caso de Guilherme Freitas, de 18 anos, que não teve dificuldades em tirar a habilitação pois dirige desde os 14 anos seguindo instruções do avô. “Sempre gostei de dirigir. No começo meu avô não gostava muito da idéia, mas agora ele acha que sou chofer dele” diz. Antonio Meireles tem dois filhos já habilitados e diz não concordar com a maneira com que os meios de comunicação tentam conscientizar os jovens a terem responsabilidade no transito, “Nessas campanhas de trânsito sempre tem muito sangue e as piores cenas de acidentes”. Antonio acha que o assunto deve ser discutido sim, mas que as campanhas devem abordar o assunto de uma forma sutil. “Não é preciso falar de morte para enfatizar esse tema pois os jovens acham que nunca vai acontecer com eles e vão continuar tirando ’rachas‘ por ai”. Foi em um desses “rachas” que Stéfano Garcia, 20 anos, perdeu o movimento das pernas. “Eu tirava racha sempre que queria impressionar alguma garota e só consegui ficar aleijado” afirma. Sempre que tem oportunidade Stéfano participa de palestras em escolas contando sua experiência. “Eu tinha consciência sobre os acidentes, mas nunca achei que isso aconteceria comigo .Hoje sou o maior exemplo de que qualquer um pode se machucar dirigindo perigosamente, desrespeitando os limites de velocidade ou dirigindo alcoolizado”. (Colaborou: Rodrigo Kivitz)

“Filho, traga oito pães e um maço de cigarro!”. Implícito à frase, aparentemente banal, encontra-se um dos motivos pelo qual muitos jovens iniciam suas vidas no consumo do cigarro. De acordo com Milton Santiago – coordenador de um grupo anti-tabagista no município de Americana-SP –­ pesquisas comprovam que “quase 70% dos tabagistas são filhos de tabagistas ou ex-tabagistas, esse dado parece expressar mais um comportamento aprendido com os pais do que tendência genética. É uma espécie de ‘propaganda’ doméstica”. De acordo com a psicóloga Regina Reginatto, a tendência a seguir o exemplo dos pais é tanta que há jovens que apresentam as mesmas características que seus pais no ato de fumar, “a maneira de segurar o cigarro, de tragar a fumaça e também na quantidade do consumo”. A psicóloga explica que a curiosidade e a auto-afirmação também podem ser fatores influenciáveis. Segundo Santiago, 90% dos fumantes adquirem o vício an- “90% dos tes dos 18 anos. O simpático fumantes iniciam Marcos (nome fictício), de 16 anos, é estudante de Ensino o consumo de Médio e começou a fumar aos cigarros antes 12. “Comecei com meus ami- dos 18 anos” gos. A gente tinha curiosidade e experimentamos”, conta o jovem, dando seus tragos. O jovem é filho de pais não fumantes e que souberam que ele fuma, mas pensam que parou. – E se eles descobrem que voltou? – Ontem a gente estava conversando sobre isso, respondeu. – E o que eles disseram? – Ah, falaram que se souberem que eu voltei a fumar vão ficar “mordidos”, conta. As propagandas publicitárias da indústria do cigarro são direcionadas aos jovens com intuito de manter a clientela. Em contrapartida, Regina considera que “as campanhas anti-tabagistas são importantes e apresentam mais um caráter preventivo, mas também são capazes de incomodar os fumantes, levando-os à reflexão”. Santiago, complementa que “medidas educativas em escolas e comunidades também podem causar expressivos efeitos a médio e longo prazo. “O tabagismo é uma doença, um grave problema de saúde pública, e como tal deve ser entendido”, finaliza, fazendo um alerta para os jovens e seus pais.


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Na Prática

Carla Mendrot

Depois do sexo

Seguro

até que ponto?

Pílula do dia seguinte só deve ser usada em casos de emergência e eficácia é de no máximo 77% Carla Mendrot carlamendrot@yahoo.com.br

O contraceptivo de emergência, popularmente conhecido como pílula do dia seguinte, disponível no mercado há cerca de dez anos, pode não ser tão seguro quanto outros métodos de prevenção. O uso deste contraceptivo deve ser seguido à risca para que tenha realmente a função indicada. Embora seja a pílula do dia seguinte, o contraceptivo dever ser consumido logo após o ato sexual, ou seja, no mesmo dia da relação para que se obtenha a segurança prescrita em sua bula. O ginecologista e obstetra Marcus Menezes afirma que “o método não é 100% seguro, mas tomando em até duas horas após o coito a eficácia chega a 77%, depois a porcentagem vai caindo até que após 48

horas não tem mais efeito comprovado e assim o intervalo de eficácia varia de 77% no máximo a 30% no mínimo”. Menezes destaca que às vezes a paciente menstrua alguns dias após o uso. O método de prevenção emergencial exige receita médica para o seu consumo. Este remédio possui ainda contra-indicações como as da pílula comum, por exemplo: hipertensão arterial mal controlada, antecedente de infarto do miocárdio ou AVC (derrame), diabetes mal controlada, algumas doenças reumatológicas severas, câncer de mama ou de endométrio em atividade ou recente, trombose venosa. A estudante Mariana (nome fictício a pedido dela), informou que já consumiu o contraceptivo de emergência por mais de uma vez. “Em uma delas o preservativo havia estourado, então preferi usar o

Caixa do medicamento (pílula), comprando o medicamento, (personagem não quis aparecer)

método emergencial. Minha experiência com o medicamento foi desagradável, pois após o uso tive enjôos, vômitos e um tipo de depressão causado pela pílula, não consultei um especialista no assunto, porém sabia de algumas informações através de leituras, pesquisas e fatos ocorridos com amigas”, disse. O contraceptivo de emergência só deve ser tomado em casos emergenciais. Não existe um limite de uso, mesmo assim o bom senso deve prevalecer, pois se trata de uma grande quantidade de hormônios inseridos neste medicamento, que vão além da quantidade existente no uso contínuo da pílula comum. O advogado Thiago Rama Vicentini,

também conta que sua experiência não foi agradável, “Apesar de saber que não havia acontecido nenhum “acidente” durante o sexo, ficamos preocupados, pois éramos amigos e não foi uma situação planejada. Logo no outro dia, pela manhã, conversamos e decidimos que compraríamos o remédio para termos certeza de que nada aconteceria. Seguimos as orientações e tudo deu certo”, disse Vicentini. Ciente da segurança que o método oferece, Thiago ainda afirma, “este método não é 100% seguro, já que sua eficácia depende do prazo em que é tomado. Não pretendo usar novamente tal método. Acho que um método preventivo é sempre mais indicado e seguro”.

Saúde

SUS realizará cirurgias de mudança de sexo Após processo de avaliação psicológica, laudo indicará se a pessoa está apta ou não para cirurgia Evandro Eduardo Molina evandro.jornalista@hotmail.com

O Ministério da Saúde promete que até o final do ano a cirurgia de mudança de sexo será oferecida pelo sistema público de saúde. Segundo a assessoria de imprensa do Ministério, o serviço será destinado às transexuais, pessoas que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), possuem um transtorno de identidade de gênero. Por enquanto, a mudança será realizada do masculino para o feminino, pois o contrário ainda está em estudo. Segundo o texto-base da I Conferência Nacional GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais), identidade de gênero “é o conjunto de características sexuais que diferenciam cada pessoa das de-

mais e que se expressam pelas preferências sexuais, sentimentos ou atitudes em relação ao sexo. A identidade sexual é um sentimento de masculinidade ou feminilidade que acompanha a pessoa ao longo da vida. Nem sempre está de acordo com o sexo biológico ou com a genitália da pessoa”. “As pessoas transexuais têm o direito de viver, se vestir, usar o nome que escolheram, mesmo que esta sua escolha seja diferente do seu sexo biológico. Assegurar isso é  promover saúde, num conceito amplo, que não é mero sinônimo de ausência de doenças”, afirma Julian Rodrigues, ativista do Instituto Edson Neris de São Paulo e membro do Fórum Paulista LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Anteriormente para ter acesso à ci-

rurgia, as pessoas deviam se candidatar às pesquisas de universidades em caráter experimental. Com a nova ementa, que deverá ser assinada e protocolada até o final do ano pelo Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, as pessoas deverão procurar a unidade de saúde mais perto de sua residência. Desde 1992 o Conselho Federal de Medicina (CFM) autoriza a cirurgia de transgenitalização no Brasil. Segundo Adriana Vieira, 26, Assistente de Coordenação do Projeto Esquina da Noite da ONG Casvi (Centro de Apoio e Solidariedade à Vida) e Secretária Executiva do Conselho Municipal de Saúde de Piracicaba, “com a incorporação da cirurgia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), nós mulheres/homens que vivemos a transexualidade poderemos ser operadas

rapidamente. As filas nos hospitais universitários são imensas. Tem meninas que aguardam há mais de 20 anos para serem operadas” informa. Antes da realização da cirurgia, a paciente passará por um processo de atendimento psicológico que durará no mínimo dois anos para verificar se está apta ou não para o procedimento cirúrgico, já que, quando realizado, o processo não tem volta. Segundo dados colhidos em grupos na defensoria dos direitos de homossexuais, existem aproximadamente mil pessoas que vivem a transexualidade no Brasil. “Cidadania é saúde e essa decisão acertada do governo brasileiro é um passo importante na luta pelo reconhecimento dos direitos das LGBT e no combate à homofobia”, afirma Rodrigues.


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Na Prática

Alterações físicas ocasionadas pelo desalinhamento corporal podem ser irreversíveis Renan Fahl renanjoaquim@hotmail.com

U L O N C A A D

Postura

A V R

“Eu não conseguia ficar em pé por mais de cinco minutos”

A má postura não prejudica apenas a aparência

Renan Fahl

AC U

Sentar-se em frente ao computador ou deitar-se no sofá para assistir TV de maneira relaxada... Hábitos comuns que podem causar sérios problemas para a coluna. Segundo a fisioterapeuta Carolina Nascimben Matheus, algumas alterações físicas ocasionadas pela má postura são irreversíveis, como a hipercifose (corcunda) e a escoliose (desvio lateral da coluna). Além dessas deformações corporais, Carolina alerta que uma postura inadequada sobrecarrega alguns músculos e articulações, o que costuma gerar dores. Outro problema sério que pode ser ocasionado é a aceleração dos processos normais de envelhecimento. “O indivíduo pode ter precocemente desgastes como a artrose e osteoporose”, diz Carolina. “Isso sem contar as alterações emocionais, geradas por descontentamento com o próprio corpo”, completa. Atualmente, a postura pode ser corrigida por meio de técnicas de fisioterapia, como a reeducação postural global (RPG). “Essa técnica utiliza alongamentos e fortalecimentos simultâneos por meio da manutenção de posições específicas que visam o alinhamento postural, a força abdominal e a respiração correta”, explica Carolina. Juliana Ferreira Graf, 17 anos, foi alertada pela mãe de uma amiga que sua postura estava inadequada. Pouco tempo depois, ini-

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ciou o tratamento de RPG. “Antes, sentia dores nas costas e não tinha muita confiança ao andar. Com o tratamento, isso melhorou muito”, conta. Segundo Carolina, o tratamento alcança melhores resultados no final da fase de crescimento e desenvolvimento, ou seja, aos 18 anos nas meninas e aos 21 nos meninos. “As pesquisas atuais indicam que é melhor iniciar o tratamento entre os 12 e 17 anos”, diz. “Mas isso não significa que as pessoas mais velhas não podem se beneficiar com o tratamento. Sempre é possível uma melhora, mesmo que pequena”, completa. Há dois anos, Fabiana Cerquiari Massaro, 32 anos, procurou um neurologista porque tinha formigamento nas pernas e sentia fortes dores. “Eu não conseguia ficar em pé por mais de cinco minutos”, conta. Após passar por alguns exames, o médico indicou a RPG a ela. Hoje, além de atentar para a postura, Fabiana também faz alongamentos diários e segue uma dieta saudável. Para evitar a má postura, Carolina afirma que, além de realizar as atividades cotidianas corretamente, é recomendável praticar atividades físicas pelo menos três vezes por semana. “O Pilates é uma boa atividade física que dá ênfase à postura”, recomenda.

Circo

Um jeito divertido de entrar em forma Treinar em trapézio, tecido e cama elástica é um jeito lúdico de fortalecer os músculos Lindiane Freitas de Oliveira lind.oliveira@hotmail.com

Percy Gualberto mora há 27 anos no Brasil e é proprietário, desde 1985, de uma escola localizada em Piracicaba que começou a atuar com ginástica artística competitiva. “O ginasta Luiz Augusto dos Anjos, que foi uma das estrelas dos jogos Pan-Americanos do Rio, no ano passado, iniciou seu treinamento conosco” diz Percy. Mas por uma série de problemas, resolveu explorar outra área, que ninguém tinha explorado, as atividades circenses. Se-

gundo Percy, a procura e os benefícios que essa academia traz são iguais, ou melhores, que uma academia de musculação, e diz ter mais vantagens “Os alunos vem pra cá e entram em forma de um jeito divertido”. Formado em Educação Física, Percy distribui seus conhecimentos acadêmicos, adaptando exercícios para crianças a partir de três anos, adolescentes, adultos e diz ter um aluno com 52 anos de idade. Os exercícios eliminam flacidez e celulite, fortalecem os músculos do peito e dos braços, além dos glúteos, abdômen e pernas. “Tudo de forma divertida e lúdica”. E completa: “as aulas

de circo corrigem a postura, melhoram a flexibilidade e a coordenação motora, combatem o estresse, levantam a auto-estima e ajudam a queimar gordura corporal”. A estudante Ariane Martins Caldeira, 16 anos, está há dois anos na academia. ”Já fiz vários tipos de esportes, mas nunca me identifiquei, não via resultados. Aqui, a gente treina, dá risada, se diverte sem deixar de praticar esporte, aprendendo a fazer disso um trabalho”. A academia tem os aparelhos peculiares da ginástica artística e aqueles específicos do circo, como trapézio, tecido e cama elástica.

Os praticantes passam por uma avaliação em que são sondadas as habilidades e eventuais problemas mecânicos do candidato. Os malabares são um item muito importante no treinamento. De acordo com o professor, esse esporte faz com que sejam trabalhados os dois lados do cérebro, ao mesmo tempo, “diante as pesquisas, os praticantes de malabarismo tiveram um aumento de três milímetros no córtex do cérebro, o que significa melhoria na escrita, a atenção, equilíbrio, e ajuda até mesmo na memória, prevenindo doenças como o Mal de Alzheimer”, enfatiza Percy.


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Na Prática

Basquete

Sérgio Moreira

Sonho e determinação

Esporte ou

estímulo à violência? Bruna de Oliveira Bercelli

Muitos jovens almejam se tornarem um atleta famoso, dar autógrafos e levantar troféus

bobercelli@unimep.br

Sérgio Moreira sergiolimeira@yahoo.com.br

Todas as pessoas têm sonhos, principalmente na infância e adolescência. Ser um atleta famoso, dar autógrafos e levantar troféus está nos planos de muitos jovens que se espelham em grandes astros do esporte. Garotos e garotas que buscam a partir destes sonhos, muitas vezes alimentado pelos pais, uma oportunidade de realização. Tiago José de Souza, de 15 anos, é um destes adolescentes que almejam o sucesso e escolheu o basquetebol como caminho, modalidade que pratica desde os nove anos. Para a psicóloga Luci Ribeiro, os sonhos “são realidades vivas que precisam ser saboreadas” afirma. Café, como Thiago é chamado pelos amigos, há quase um ano deixou sua família na cidade de Lençóis Paulista, para morar em Limeira e fazer parte de uma das equipes de base do Nosso Clube. “Meu pai me disse que este era o último ano pra eu tentar alguma coisa, caso contrário teria que arranjar um emprego”, fala o garoto. Café é membro de uma família simples, o pai, José de Souza, trabalha como saqueiro numa usina de açúcar e a mãe, Sônia Silva, cuida da casa. Em Limeira, o jovem mora numa república paga pelo clube e estuda numa escola pública, conversa com os pais somente por telefone e há seis meses não os vê, “já cheguei a chorar de saudade e não tenho vergonha de falar”, confessa, “da comida não tenho que reclamar pois aqui como melhor até do que lá”, comenta e sorri. Jece Leite, há dez anos um dos técnicos do clube, destaca que a primeira preocupação é com a formação do indivíduo como homem e ser humano, “aqui eles aprendem a conviver em grupo, lutar por objetivos e ainda ganham uma vida saudável, longe de vícios e de oportunidades negativas de vida”, diz. O técnico ressalta que é bom para os garotos ter um sonho. O Nosso Clube de Limeira trabalha com 120 garotos, com idade entre 8 e 17 anos e tem na equipe profissional de basquete do município, a Winner Limeira, o grande objetivo dos meninos. Café afirma sonhar em chegar a equipe principal, “estou lutando pra isso acontecer”, diz, cheio de esperança. Por outro lado, o técnico Leite alerta ser muito difícil. Apenas um ou dois garotos por ano conseguem

Artes Marciais

Café na quadra do Nosso Clube, ao lado do técnico Jece Leite

“A possibilidade de utilizar o esporte como alavanca para abrir caminhos” chegar a um time adulto, mas a possibilidade existe e é isso que alimenta o atleta e faz a diferença no dia a dia. Sobre Café o técnico comenta, “é um garoto de família com poucos recursos e esta realmente é uma grande oportunidade na vida dele, não só como futuro atleta profissional, mas na possibilidade de utilizar o esporte como alavanca para abrir caminhos que fatalmente não teria se não fosse dessa forma”. “Talvez o Café ainda não saiba realmente o que esta diferença representa, mas com o tempo descobrirá que está tendo a grande chance de enxergar a vida de outra forma, com um futuro de melhores horizontes”, afirma Jece Leite. O processo está apenas começando com um sonho se transformando em realidade, através desta oportunidade, que podemos classificar como inclusão social, esse sim o papel mais importante de qualquer atividade esportiva. O Brasil tem, segundo o IBGE, 21 milhões de crianças e adolescentes que vivem abaixo da linha de pobreza. O esporte pode contribuir na mudança desse quadro.

Boxe, caratê, muay-thai, jiu-jitsu são, entre outros esportes, modalidades conceituadas, alguns até mesmo praticadas em Olimpíadas. Crianças, mulheres, jovens e adultos procuram academias para o treino de uma dessas categorias com intenção de perder calorias, aliviar as tensões do dia-a-dia e principalmente para a prática de um esporte saudável. Atletas passam por situações nas quais são considerados, por uma parcela da população, briguentos, violentos. Mas os adeptos às artes marciais lutam é para defender o direito do esporte e resgatar a cultura e a história das artes marciais que envolvem, muitas vezes, culturas milenares. Marcos Alexandre Ribeiro é competidor e professor de boxe na academia Esporte Way. Ele treina há 10 anos e defende o esporte com argumentos fortes. “O boxe atualmente tem sido procurado por crianças e adultos, homens e mulheres. É um esporte que dá condicionamento físico e alivia as tensões do dia-a-dia.” O mesmo acontece com o atleta Leonardo Mutti, 20, que treina caratê há oito anos e diz que a luta o ajuda até mesmo na hora dos estudos, pois auxilia na concentração e no equilíbrio físico e psicológico. “Nunca ouvi história, muito menos presenciei situações onde algum atleta, seja de caratê ou outro tipo de luta, tenha se envolvido em brigas, por saber lutar por esporte. Ao contrário, quem conhece os princípios do esporte, tenta evitar brigas.” Existem muitas variações de luta, algumas estão em maior evidência, como o muay-thai ou boxe tailandês, que para leigos pode parecer violento, pois é uma mistura dos socos do boxe com outras artes marciais, permitindo também o uso dos joelhos e das pernas. Maicon Sales, de oito anos, já pratica o muay-thai há quatro meses e afirma que adora o esporte. Quando perguntado aos pais se eles têm receio do filho aprender a lutar ele respondem rapidamente, “não praticamos nenhum esporte, o Maicon se interessou pelo boxe tailandês, nós aprovamos no ato” diz a mãe Luciana Oliveira Sales. Esportes são sempre indicados, não só para crianças, mas para todas as pessoas. No caso de crianças não é muito comum, até por receio dos pais, que façam esportes que envolvam lutas, diz a psicóloga Suzana Bruner. “Não há contra indicações para esportes, mas a luta pode sim interferir no comportamento de uma criança que ainda está formando sua personalidade. Mas isso não é fato, vai depender do professor e da base que a família tem”, afirma. O boxe tailandês está ganhando cada vez mais adeptos no Brasil e no mundo, diz Diego Spigolon formado em educação física e professor de muay-thai da academia Esporte Way. “Ele [o esporte] é na Tailândia tão tradicional quanto o futebol é no Brasil”, ressalta. Atletas e professores afirmam que ajuda na autodefesa sem o uso de armas, além de disciplinar o atleta.


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Na Prática

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Fotos: André Lovadine

Esportes Radicais

Adrenalina no céu de Piracicaba Praticantes consideram única a emoção do esporte, apesar dos custos e estereótipos sociais André Lovadine andre_lvdn@hotmail.com

Dia ensolarado, céu límpido, crianças correndo, famílias reunidas, reencontros, cumprimentos acalorados, risos, comidas e bebidas. Entre essas pessoas, apenas uma característica em comum: os olhares e risos voltados para o céu. É assim, com a mesma descontração e naturalidade de uma festa entre amigos, que um dos esportes mais radicais do mundo é contemplado: o pára-quedismo. “Existem duas fases na vida do ser humano; uma é antes de saltar de pára-quedas e a outra é depois do salto.” Dessa forma, Ricardo Martins de Almeida, presidente do Clube Albatroz de Pára-quedismo (www.skydivealbatroz.com.br), de Piracicaba-SP, define a sensação de saltar. Com mais de 6 mil saltos, ele diz que os sentimentos são únicos em cada um deles. “Um salto nunca é igual ao outro”, relata, enfatizando que a “adrenalina pura” é companheira de cada queda. Contudo, praticar o esporte não sai barato. “Ele é um esporte caro, pois você trabalha com aviação, em que tudo é caro”, defende Almeida. Equipamentos importados – pára-quedas e acessórios –, combustível da aeronave e manutenções são fatores que encarecem a atividade. No entanto, segundo o presidente, ela é acessível a pessoas de qualquer nível social. “O aluno progride de acordo com os seus recursos.” A falta de apoio na família e os preconceitos são outras dificuldades enfrentadas, tanto por quem já pratica, quanto por quem está pensando em começar. Para Nelson Marques Silva Júnior, o “Juninho”, divulgador do Clube, esses problemas surgem da visão popular. “A partir do momento que você explica ou mostra o equipamento e todo o sistema do esporte, muda totalmente a opinião que a pessoa tinha em mente”, diz. Em relação à segurança, o pára-quedismo adota recursos de última geração, obrigatórios, e quase todos importados. O FXC e o Cypres, por exemplo, são sistemas de abertura automática do pára-quedas

reserva, que a fazem no caso de um desmaio do praticante ou de uma pane no pára-quedas principal. Nesse sentido, a Confederação Brasileira de Páraquedismo (CBPq) (www.cbpq.org.br) e a Federação Paulista de Pára-quedismo são os órgãos fiscalizadores das escolas. Neles, podem ser consultados registros e informações específicas. Não é só a adrenalina que tem vez no esporte, mas também o charme. “Muitas mulheres têm medo, e eu sempre tive vontade de aprender”, revela Karina Pohl Alencar, estudante, com dois saltos. A sargento do Exército, Débora Raquel Lemes Peres, que saltou pela primeira vez com o seu pai, o tenente Edson Lemes Peres, trata o esporte como uma fonte de superação. “É uma sensação de crescimento, mostra que somos capazes de tomar muitas outras atitudes na vida”, comenta. Hoje, qualquer pessoa pode desfrutar de um dos maiores sonhos do ser humano: tocar o céu com as próprias mãos. Mesmo sem nunca o conseguir, um “sonhador” do século 15, Leonardo da Vinci (14521519), já inferia: “Quando você tiver provado a sensação de voar, andará na terra com os olhos voltados para o céu, onde esteve e para onde desejará voltar”.

Débora e seu pai Edson: primeiro salto

“É uma sensação de crescimento, mostra que somos capazes de tomar muitas outras atitudes na vida.” Dúvidas freqüentes sobre o pára-quedismo E se o pára-quedas não abrir? Há o pára-quedas reserva, de uso obrigatório. Preciso ter um peso adequado, força e um excelente condicionamento físico? Não. Como afirmam os instrutores, o esporte exige muito da mente e quase nada do corpo. De qualquer forma, o instrutor avalia as condições de cada aluno. O primeiro salto do curso ASL é duplo? Não. O primeiro salto é solo, contudo a abertura do pára-quedas não depende do aluno. E se ocorrer um desmaio durante o salto? Através do FXC ou do Cypres, o pára-quedas reserva será aberto automaticamente. Tenho problemas de saúde. Posso fazer o curso? Somente após avaliação médica, principalmente no caso de doenças cardíacas. Qual é a idade mínima para fazer o curso? É de 15 anos – com autorização dos responsáveis, no caso. Tenho de comprar os equipamentos? Todos são disponibilizados pelo Clube. Qual é a duração do curso? Aproximadamente oito horas. Qual é a altitude do primeiro salto, no curso? Aproximadamente 4.500 pés (1.371,6 metros). Se sentir medo, já no vôo, e não quiser mais saltar, tenho de realizá-lo? Não. É um direito assegurado (e respeitado) do aluno. Há uma atenção especial aos equipamentos? É extrema a seriedade com que os equipamentos são vistoriados, regularizados e controlados. Todos eles são analisados constantemente e há um controle exato de todas as suas características, como número de saltos, funcionamento e performance, vida útil, etc. Quem faz a dobragem dos velames (lonas)? Apenas profissionais com o curso de dobragem.


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