Nยบ 76 Junho/2013
TURISMO DIFERENCIADO Cicloturismo, mistura de esporte e lazer, ganha adeptos que querem fugir do stress diรกrio e do turismo convencional
CARTA DO EDITOR
EXPEDIENTE Órgão Laboratorial do Curso de Jornalismo da Unimep
Para todos os gostos
Reitor Gustavo Jacques Dias Alvim Diretor da Faculdade de Comunicação Belarmino César Guimarães da Costa Coordenador do Curso de Jornalismo Paulo Roberto Botão Editora Rosemary Bars Mendez Editores Executivos João Vitor Fedato Michele Trevisan Editora de Fotografia Laila Braghero Redatores Ana Paula Rosa, Camila Piacentin, Denis Fernando, Fabiana Barrios, Felippe Limonge, Fernando Carvalho, Horácio Busolin Júnior, Isis Renata, Janaína Ferreira, Laura Thomaz, Mariana Balam, Mylena Arruda, Natália Paula Mendes, Paloma Barbosa, Ricardo Gonçalves, Sara Pizzol, Suzana Storolli, Vanessa Martins e Vinícius Andriota Montebelo. Diagramação e Arte Final Sérgio Silveira Campos (Lab. Plan. Gráfico) Foto de Capa Horácio Busolin Júnior
Acesse nosso site: www. soureporter.com.br
Correspondência Faculdade de Comunicação Campus Taquaral, Rodovia do Açúcar, km 156 - Caixa Postal 69 CEP 13.400-911 Telefone: (19) 3124-1677
PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
O
trabalho de um aluno de Jornalismo, prestes a deixar as salas da universidade, é inspirador para o professor que percebe, em seu penúltimo semestre, o amadurecimento para a produção de uma revista como a Painel, edição que os leitores recebem hoje. Desta vez é temática, com olhos voltados para o turismo, procurando alternativas de passeios e de roteiros que possibilitem informações diferenciadas para quem se aventura em novos rumos, com esportes radicais ou com entretenimento rural, sempre na busca do lazer. Foi com esse espírito que os (quase) jornalistas da Faculdade de Jornalismo da Unimep foram pautados. Durante um mês, ou quatro encontros semanais, todos discutiram o foco de suas reportagens, alguns por afinidades, outros pela ousadia em procurar aventuras que despertassem a curiosidade, ou quem sabe permitissem aflorar o espírito aventureiro dos leitores para a prática de esportes, como o cicloturismo, principal reportagem dessa edição. Para escrevê-la, Horácio Busolin Júnior fez o percurso com o grupo de cicloturistas Café com Pedal, de Araras, modalidade que envolve esporte, lazer e saúde e ganha cada vez mais adeptos que fogem do stress diário. Outra aventura narrada nesta revista é o esporte radical adaptado para quem têm deficiências física, intelectual ou mobilidade reduzida, existente em fazendas localizadas em Socorro, apresentada pelos alunos Ricardo Gonçalves e Suzana Storolli. Os prazeres da culinária, de Camila Piacentin, revelam os festivais gastronômicos existentes nos bairros de Santana e Santa Olímpia, de origem italiana, e do distrito de Tanquinho, com a famosa pamonha. Para quem prefere refúgio da vida urbana pode se divertir nas cachoeiras em São Pedro, conhecer as fazendas históricas de Limeira, recordar o passado num passeio bem peculiar na Maria Fumaça, em Jaguariúna, ou mesmo conhecer o Sítio São José, em Indaiatuba. Mas outras opções de viagem são apresentadas nessa revista, como fazer um percurso de 150 km até Minas Gerais, de ônibus ou de carro, ou até mesmo conhecer o Circuito das Águas Paulista, localizado na Serra da Mantiqueira, ao leste do Estado de São Paulo, que compreende Águas de Lindóia, Amparo, Jaguariúna, Lindóia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro. Os religiosos têm a opção de visitar a cidade de Aparecida do Norte, onde está o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, local que reúne dez milhões de romeiros durante o ano. Há lugares mais perto, como Holambra – além do calendário de exposição das flores, com diversas atividades culturais oferecidas o ano todo. Pode-se ainda ir para São Paulo em um fim de semana, de maneira econômica, usando o metrô, para apreciar museus e exposições. A todos, boa leitura! 3
O boom do
TURISMO
de negócio
no Brasil João Vitor Fedato jvitorfedato@gmail.com
Laila Braghero
Revista Painel: Qual exatamente sua função? Antônio Bonfato: Realizo projetos no Campus de Águas de São Pedro e também no de São Paulo. Este ano participei de uma pesquisa para levantar e criar um índice de crescimento e desenvolvimento de viagens corporativas no país. É interessante, pois mesmo em época de crise no mundo inteiro, as viagens corporativas crescem. A área de eventos corporativos cresce mais que a média da economia mundial, porque as pessoas precisam viajar para fazer negócios. P: Qual a situação hoje das viagens corporativas? Bonfato: Com a economia estagnada e com os baixos índices de crescimento da União Europeia, nós temos a necessidade das pessoas viajarem e buscarem novos negócios em outros mercados. Entre os quais a América Latina, por exemplo. Temos alguns mercados muito bons da América Latina como o Brasil, México e Chile, e a Colômbia que vem crescendo.
lailabraghero@gmail.com
Michele Trevisan
michele.trevisan@yahoo.com.br
A
palavra turismo logo remete a ideia de viagem, passeio com a família e amigos. Essa concepção não está errada, mas por trás do turismo de lazer existe outro nicho, ainda mais rentável: o turismo de negócio. Aquele em que empresas multinacionais oferecem treinamentos corporativos ao seu quadro de profissionais. Muitos deles acontecem em resorts pelo Nordeste do país e têm movimentado a economia do setor. O panorama do turismo de negócio no Brasil e outros assuntos voltados ao setor serão traçados, a seguir, por Antônio Carlos Bonfato, especialista em planejamento e marketing turístico pelo Senac São Paulo e mestre em urbanismo pela PUC-Campinas. É ainda formado em hotelaria e professor do Centro Universitário Senac, campus Águas de São Pedro, onde atua como pesquisador e orientador de trabalhos de conclusão de curso nos programas de pós-graduação em administração hoteleira e gestão de negócios de alimentação. Como analista de estratégia e mercado da Associação dos Resorts do Brasil, Bonfato desvenda também os mitos que envolvem a realização da Copa do Mundo e fala de políticas públicas para o desenvolvimento do turismo no país.
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P: Como esses cálculos são realizados? Bonfato: Praticamente analisamos todas as empresas ligadas ao trade, tanto a oferta quanto a demanda, ou seja, quem busca e quem oferece eventos corporativos. P: Há setores que predominam nestes cálculos? Bonfato: Setores aéreo e hotelaria são os que mais pesam neste índice. O volume de dinheiro gerado pelo IVC (Indicadores Econômicos de Viagens Corporativas) cresceu 12,88% em 2012 comparado a 2011. Se nós pensarmos que a economia cresceu 0,9%, e um IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) 15, que gira em torno de quase 6%, nós tivemos um crescimento real de quase 7% de viagens corporativas no Brasil, especificamente. P: O que isso representa? Bonfato: As pessoas falam muito de turismo de lazer, mas não falam muito de turismo de negócio. Por in-
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crível que possa parecer, o Brasil tem uma maior movimentação de dinheiro e de entrada em turismo de negócio que turismo de lazer. É impressionante isso, a área de negócios tem esse crescimento e domina esse mercado. Por exemplo, nos gastos empresariais, as famílias compõem 27%, um mercado de 12,5 bilhões de reais. Isso nos leva a crer que alguma coisa está um pouco desconexa neste universo, porque o Brasil, com a vocação turística que tem, poderia receber um turismo de lazer muito maior. P: O senhor realizou um trabalho para a Associação Brasileira de Resorts, a Resorts Brasil. Em que consiste este trabalho? Bonfato: É uma análise de desempenho dos 50 principais resorts do país. Essa análise compõe desempenho mercadológico, taxa de ocupação e diária média. P: E qual a situação dos resorts brasileiros? Bonfato: Os resorts no Brasil, por exemplo, enfrentam concorrências muito fortes. A concorrência principal juntando o ano inteiro é o Caribe. Primeiro porque ficou muita barato
O Brasil tem uma maior movimentação de dinheiro e de entrada em turismo de negócio
Laila Braghero
P: Quanto que o setor de viagens corporativas movimenta em dinheiro? Bonfato: No ano passado, pelos nossos cálculos, de movimentação direta de dinheiro, foram mais de 32 bilhões de reais.
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viajar para o Caribe e os resorts de lá estão geograficamente melhores localizados. Percebendo esta melhora de poder aquisitivo da classe média alta brasileira, algumas companhias áreas começaram a oferecer voos point point. Isso interferiu diretamente no desempenho dos resorts brasileiros. Realmente é uma concorrência muito forte. E, além disso, eles têm uma vantagem competitiva por ter uma carga de impostos menor do que a que nós temos aqui. Outro concorre forte dos resorts brasileiros é a região de Miami, principalmente pelas compras realizadas neste local. Tem também, com a chegada de julho, época mais fria, a região de Vale Nevado, no Chile, é outra que incomoda bastante o mercado nacional. Mais de 60% dos turistas em Vale Nevado em julho do ano passado era de brasileiros. Eles até tiveram que correr para colocar profissionais falando português. Então, quer dizer, hoje já não é tão mais caro assim ir para Vale Nevado. E lá vai um pessoal de alta sociedade do Brasil. A expectativa é que esse ano mais uma vez eles venham com uma carga pesada para levar os brasileiros. P: E os turistas estrangeiros, frequentam resorts quando veem ao Brasil? Bonfato: O turismo estrangeiro chegou a representar 21% da frequência de resorts há alguns anos atrás. Porém, atualmente, a frequência de turistas estrangeiros nos resortes do Brasil tem caído muito. Hoje está em 9%. P: Por que isso aconteceu? Bonfato: O Brasil sempre teve como foco o turismo de resorts da Europa. A Europa está numa situação complicadíssima, alguns países europeus ainda estão bons, seguem bem, mas outros estão problemáticos. Quem não está na zona do euro está bem, como a Noruega
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A concorrência principal (com os resorts brasileiros) juntando o ano inteiro é o Caribe” e a Suiça. A Alemanha é muito forte, mas uma hora ou outra ela pode ser afetada. Agora, quando começa pegar Espanha, Itália, essas economias grandes, aí a conversa é outra. A Europa patina ainda esse ano, então não temos esperanças. Focamos no turista porque a taxa de ocupação não caiu, ela se manteve e até subiu bastante aqui. P: Qual a melhor saída? Bonfato: Os resorts, de uma maneira ou de outra, estão trabalhando com promoções e fazendo ações muito interessantes para os brasileiros, pois fizeram um acordo com o governo na questão do Plano Brasil Maior, e eles
conseguiram algumas desonerações de impostos e isso melhorou as tarifas. Quando você abaixa a tarifa consegue ser mais competitivo. Outra ação muito forte dos resorts brasileiros foi feita com agentes de viagens. Eles levaram os agentes de viagens para mostrar os resorts. Os próprios gerentes sentavam com os agentes de viagens e perguntavam sobre as dúvidas que eles tinham sobre os resorts. Tudo para aprenderem a vender melhor os resorts, fazer uma venda mais focada, mais clara. Essas ações foram muito boas. E o que ajudou muito os resorts foram os eventos corporativos. P: Por quê? Bonfato: Os resor ts têm uma vantagem sobre os hotéis. Não se transforma os hotéis de negócios em resorts, mas transforma um resort em hotel para convenções, pois ele tem área suficiente para isso. Quando os resorts descobriram este mercado foi a salvação. P: Há uma determinada época do ano em que o fluxo nos resorts aumenta?
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Fotos: Laila Braghero
“A iniciativa privada tem que tomar a frente das situações e não ficar apenas aguardando (o poder público)”. que o de 2012 não foi tão bom. O mês de julho é outro que preocupa os proprietários de resorts.
Bonfato: Os resorts tiveram o mês de novembro de 2012, com toda essa concorrência dita anteriormente, o melhor da história em desempenho financeiro e ocupação. O mês de agosto é um mês muito diferente para os hotéis e principalmente para os hotéis de lazer e resort. Porque em agosto é o período de férias na Europa e é um mês de concentração de europeu, só
P: Como o governo brasileiro tem se postado perante essa realidade? Bonfato: Nós precisamos de uma política efetiva a longo prazo. Já existe o Plano Nacional do Turismo que contribui, mas ao meu modo de ver é uma contribuição muito morosa. Nós precisamos de coisas mais urgentes. A esfera pública tem uma velocidade, já a esfera privada tem outra. Mas também tem uma questão importante. No Brasil, espera-se muito do poder público. Acredito que está na hora de rompermos este negócio, ou seja, o empresariado tem o seu papel tam-
bém. A iniciativa privada tem que tomar a frente das situações e não ficar apenas aguardando. Então ela tem que procurar desenvolver um produto turístico mais viável economicamente. Até porque a iniciativa privada funciona a partir da taxa interna de retorno, ou seja, se você faz um projeto, monta um hotel, uma companhia aérea, uma empresa de locação de automóveis, nós temos ai um mercado capitalista, então, na medida do possível que ela sentenciou os processos, ela consegue também depois ter um fluxo de caixa mais positivo. O pequeno empresário, principalmente, precisa entender que investir no seu negócio é fundamental e ter também o papel associativo. Por exemplo, voltando aos resorts, na medida em que conseguiram negociar com o Ministério do Turismo, conseguiram abatimento nos tributos que resultou numa melhora. P: E o que se espera então do Poder Público? Bonfato: O principal papel público é dar a infraestrutura. Nisso temos que cobrar a morosidade do governo. Por exemplo, nossos aeroportos estão passando por reformas, mas quando essas reformas acabarem, eles já estarão operando no pico da demanda. Precisamos de boas rodovias estaduais, de bons portos, de ferrovia - uma saída barata que no decorrer dos anos foi ficando para trás. Portanto, precisamos especialmente de infraestrutura, pois é obrigação deles. Agora, incentivar o turismo, trabalhar o turismo, eu penso que deve ser muito uma iniciativa de empresas privadas. P: Com todo este cenário, quais são os aspectos que o Brasil precisa melhorar para se evoluir no turismo? Bonfato: Uma das coisas que precisa ser melhorada é a Gestão Pública do Turismo. Vamos pegar
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Fotos: Laila Braghero
“Acredito que o país não percebeu a potencialidade, tanto é que nós somos mais turismo de negócios do que de lazer”
o exemplo de uma cidade turística pequena. O secretário de Turismo desta cidade precisa ter uma formação na área para se exercer esta função, pois ele terá papel fundamental como articulador de força, ou seja, saber separar as diferenças e interesses das instituições voltadas para o turismo no município. Ele precisa também desenvolver projetos para dar um traçado e um planejamento de médio a longo prazo, já que o descontinuíssimo é problemático para o turismo. Tem ainda que ser um captador de recursos, pois nenhuma prefeitura tem dinheiro, está todo mundo com
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o orçamento apertado. Tem que ser uma pessoa que consiga montar um plano de negócios, levar uma grande empresa que se interesse em patrocinar festivais, eventos na cidade, pois, querendo ou não, o turismo também é um negócio, e importantíssimo, pois tem uma capilaridade de emprego muito forte. Portanto, o turismo pode mudar o destino de uma cidade, tanto para o bem, quanto para o mal, depende de como é administrado. P: O senhor citou a formação de profissionais da área. Há, hoje, uma queda na procura por especializações no turismo?
Bonfato: Muitas pessoas de outras áreas atuam no turismo. Por exemplo, na gestão de hotéis, temos profissionais vindos da Administração de Empresas, pois a administração de um hotel tem características semelhantes às de uma empresa. Mas a principal questão é a valorização do profissional. Não adianta também a gente falar tudo isso e não dar valor ao profissional do turismo, pois este mercado deve ser entendido como agente econômico. Um dos principais exemplos de como se valorizar o turismo é a Suíça. Lá eles tratam este assunto como negócio, é um agente econômico que tem um razoável peso no PIB do país. Então, desde a valorização do profissional que está trabalhando, passando pela organização das questões que envolvem o turismo, é tudo muito bem guiado. P: O país não percebeu a necessidade desta valorização ainda? Bonfato: Acredito que não percebeu a potencialidade, tanto é que nós somos mais turismo de negócios do que de lazer, o que é um paradoxo. Falta para o Brasil se preocupar mais com suas cidades turísticas. Muita gente fala que as praias brasileiras são consideradas as mais belas do mundo, porém, existem países que cuidam melhor da questão de limpeza e organização do que nós. O turismo é muito influenciado pela paisagem, todo mundo gosta
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de lugar bonito, limpo, bem arrumado. P: Mas de um modo geral, o turista também tem sua responsabilidade na questão das limpezas dos pontos turísticos? Bonfato: Há uma confusão muito grande aqui no Brasil. As pessoas entendem que o espaço público é o espaço de ninguém, e está errado. O espaço público é de todos, e todo mundo tem que cuidar. No momento que o espaço público é abandonado, ele é apropriado por outra forma de uso. Hoje em dia já se começa a ter uma valorização de prédios históricos. As cidades vivem de sua história, de gente que ali mora e que faz parte desta história. E os edifícios históricos são identidades fortes daquele determinado povo. Podemos citar Piracicaba, que é uma cidade fantástica, pois é um pouco diferente das demais. A cidade é muito interessante, primeiro porque tem um rio que a corta, e que tem história de luta, de morte e vida, uma história para salvar a vida do rio. É um povo que criou uma identidade de história com o rio. P: Estamos próximos de sediar um dos maiores eventos esportivos do mundo: a Copa de 2014. O Brasil está preparado para receber os turistas?
Bonfato: Existem alguns mitos em torno desta história de Copa do Mundo. Uma das questões que mais se fala é a do deslocamento, que será muito maior, embora pensamos que não seja tão grande. Mas vamos pegar os cenários, por exemplo, São Paulo, que receberá alguns jogos. São Paulo tem uma estrutura muito forte, portanto acredito que não terá problema. Em outras cidades o que vai pegar é a capacidade de aeroportos, este tipo de coisa. P: E com relação ao que ficará como herança? Bonfato: Isto é o que mais nos preocupa, porque ter um estádio para 60 mil pessoas em Brasília, local que o futebol não tem tanta representatividade, é preocupante. Nós já estamos pensando no depois, pois quem tinha que construir hotel já construiu, até porque não se constrói hotel em um ano, são dois anos no mínimo. Os hotéis crescem muito mais por desenvolvimento do sistema econômico do que pelos eventos esporádicos, mesmo em lugares de turismo. Ou seja, a hotelaria vai crescer nas cidades brasileiras no momento em que a economia voltar a crescer de um modo satisfatório. P: Como o interior de São Paulo
se beneficiará com as chamadas cidades sedes, que abrigarão as seleções em preparação para a Copa do Mundo? Bonfato: Geralmente as principais seleções preferem ficar em cidades pequenas, mais isoladas. O grande benefício é a vinda de torcedores destes países e a visibilidade que essas cidades vão obter. Então, as cidades e o país se tornam mais conhecidos e isso pode atrair esses turistas para outras épocas também. A probabilidade de uma cidade sede ser mais beneficiada como vitrine pode ser maior do que as cidades que receberão os jogos, por já serem mais conhecidas. P: O senhor acredita que a segmentação pode ser um caminho também para o turismo? Bonfato: Sim, há uma segmentação no turismo. Com o advento da internet, as pessoas que têm gostos muito específicos conseguem se comunicar. P: Quais seriam esses segmentos? Bonfato: Por exemplo, existe um fórum na internet de pessoas que gostam de pegar estradas. E eles saem de um ponto ao outro fotografando quase que quilômetro por quilômetro as estradas e debatendo sobre novas instalações que possui naquela rodovia. Há ainda turismo de visitação de cavernas, turismo gastronômicos, turismo de visitações de fazendas que tem produções orgânicas, enfim, todos esses tipos de encontros de grupos diversificados estão ocorrendo, coisa que eu nunca vi antes. P: O turismo hoje é um produto de consumo do brasileiro? Bonfato: Sim, cada vez mais isso acontece, principalmente por ver em grandes centros uma possibilidade de sair do cotidiano. Então, à medida que essa melhora no poder aquisitivo acontece, sempre vai sobrar aquele pouquinho a mais para fazer uma viagem e descobrir o turismo.
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VIAGEM DE FÉ 36 A devoção que leva os fiéis até a
cidade de Aparecida, em busca de fortalecimento espiritual, por meio da história e dos ensinamentos da padroeira do Brasil.
JEITINHO MINEIRO 38 Para quem acha que viajar é caro,
sumário
matéria ensina como gastar pouco em um roteiro de 150 km, que passa por uma cidade paulista e três mineiras.
UMA OPÇÃO COMPLETA DE LAZER 42 O Circuito das Águas Paulista abrange
NAS FAZENDAS, CRIANÇAS 12 APRENDEM HISTÓRIA
trilhas, estâncias e fazendas, para quem procura descanso ou prefere se aventurar.
Incentivos estaduais e federais fortalecem o turismo pedagógico e levam crianças para conhecer o patrimônio local em meio à natureza.
AVENTURA SEM LIMITES 46 Cidade do interior paulista é a única do
Brasil a oferecer esportes radicais para pessoas com deficiência.
PASSEIO SABOROSO 16 O turismo gastronômico movimenta a
DESTAQUE NO CENÁRIO 50 HOLAMBRA, PAULISTA
economia do país com os tradicionais festivais, apresentando pratos típicos do local e de diversas nacionalidades.
UM REFÚGIO À CIDADE 19 A busca por vivência rural, mesmo
SÃO PAULO EM DUAS LINHAS 52 Passeio de um dia permite conhecer
que por um dia, cativa público de todas as idades, que procura fugir da rotina das cidades.
os principais pontos turísticos da capital paulista, de metrô, gastando quase nada.
AVENTURANDO-SE! 21 Há 60 km de Piracicaba e com três
cachoeiras, Fazenda Saltão oferece diversas opções de esporte e lazer, sem restrição de idade.
Mais do que as tradicionais exposições de flores, cidade garante atrativos ao longo de todo o ano.
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DE VOLTA AO PASSADO 23 De Campinas à Jaguariúna, Maria
Fumaça convida a recordar e redescobrir a ferrovia, antes utilizada para transportar café.
MISTURA DE 26 CICLOTURISMO: ESPORTE, LAZER E SAÚDE
Pedalar em contato com a natureza, para acabar com o stress diário, tem adeptos no mundo inteiro.
A TRADIÇÃO DA CRUZ 32 O turismo em torno da tradicional
encenação da Paixão de Cristo cresce a cada ano e traz propostas diferentes para atrair público.
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OPINIÃO
A arte de viajar João Vitor Fedato jvitorfedato@gmail.com
O
turismo é um segmento econômico que cresce e se torna mais representativo na economia brasileira. A soma das riquezas produzidas por este setor, em 2012, superou os R$ 127 bilhões. Isto significa dizer que 3,6% de toda economia brasileira é produzida pelo turismo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor tem crescido em novas regiões do país e envolvido todas as faixas etárias, sexos, religiões, sonhos e motivações. Entretanto, mais do que números e estatísticas, viajar é um ato de busca da própria felicidade, uma vez que o ser humano procura experiências novas e diferenciadas, para se sentir como parte do mundo. A rotina e as lutas diárias, o conforto do lar,
rostos conhecidos e lugares familiares são inibidores de pensamentos e experiências novas. É como se a mesmice dificultasse a descoberta interior e o desabrochar do ser humano. É claro que os cartões postais e os roteiros de viagens fornecem a ideia de um cenário idealizado. Apenas paisagens encantadoras e hotéis fantásticos, sem incluir as verdadeiras experiências que tornam a viagem única e extraordinária: o som das ruas, o clima sempre imprevisível, as filas e dificuldades em aeroportos, as curiosidades das línguas diferentes, e as pessoas e suas culturas. Por isso, sejam com os números da riqueza brasileira ou as inúmeras páginas de um guia de turismo, a experiência de viagem é enriquecedora a qualquer ser humano, pois traz a reflexão e o desenvolvimento dos sentidos do corpo e da alma.
Mais do que Carnaval e futebol Michele Trevisan
michele.trevisan@yahoo.com.br
A
os olhos dos turistas, o Brasil é reconhecido mundialmente pelo som dos tamborins que batucam nos meses de fevereiro e março para indicar que é tempo de Carnaval. Em solo tupiniquim o verde e amarelo também é lembrado como a cor do futebol. Milhares de pessoas, vindas de todos os cantos do mundo, desembarcam no país para assistir a bola rolar. Mas, não é só disso que vive o turismo brasileiro. Não é só de capitais que vivem as atrações turísticas! Ao folhar as próximas páginas da revista Painel tem se o exemplo, claro, de que o turismo está presente até nas áreas mais distantes da capital. No interior de São Paulo surgem opções de passeios e lazer que possibilitam o conhecimento de outro Brasil. Um turismo bucólico. Opções que possibilitam ao turista ver uma região pacata, mas rica em
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diversidade natural e cultural. Poucos quilômetros de distância separam atrações de lazer radical, de cidades famosas pelo turismo gastronômico, pela história e pelo artesanato. Propício para quem vem de fora ou, até mesmo, para a população do interior paulista, o turismo regional é uma opção econômica de explorar a diversidade de opções que as pequenas cidades abrigam. Mais do que conhecer sobre o carnaval e o futebol, o turismo regional proporciona – com um passeio pelos trilhos a bordo de uma Maria-fumaça – o conhecimento da cultural do café, grão famosos em todo o mundo e responsável pelo desenvolvimento econômico dessa região do país nos séculos passados. Não é só de história e de boas opções gastronômicas e de lazer radical que vive o turismo regional. Característica das pequenas cidades, o acolhimento ao visitante é certeiro. É como se todo turista se sentisse em casa. Sinta-se em casa também para traçar seu roteiro turístico pelo interior!
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Nas fazendas, crianças aprendem HISTÓRIA Ana Paula Rosa
anapaula__rosa@hotmail.com
Paloma Barbosa
palomafbarbosa@yahoo.com.br
A
s fazendas históricas da região – como a Ibicaba, em Cordeirópolis e a Quilombo, em Limeira – estão fortalecendo-se no ramo de turismo pedagógico. Embora não consigam ter o autossustento apenas neste segmento, precisando recorrer ao agronegócio para suprir os gastos, as portas abertas para as crianças ajudam a perpetuar a maior riqueza dos patrimônios, que é a história local.
ESCOLAS ALTERNAM ESPAÇOS PEDAGÓGICOS COM PASSEIOS QUE REVELAM AMBIENTES HISTÓRICOS
Os proprietários das fazendas destacam a importância do turismo pedagógico no âmbito da aprendizagem infantil e afirmam que a procura neste sentido aumentou com o passar dos anos. “Hoje há incentivos estadual e federal para que as escolas levem os alunos para conhecerem o turismo ecológico e, de quebra, conheçam a história do local onde vivem. Isso está nos movendo a abrir cada vez mais espaço para este público”, diz a proprietária da Fazenda Quilombo, Maria José Ferreira de Araújo Ribeiro, que hoje recebe 500 visitantes por ano. No caso da Fazenda Ibicaba, que prioriza a visita de estudantes nos últimos anos, houve a necessidade de contratar monitores para auxiliarem o proprietário Teodoro Carvalhaes. Atualmente, a fazenda recebe cerca de
Agropecuária é alternativa de subsistência da Fazenda Quilombo
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Fotos: Ana Paula Rosa
Passeio pedagógico desperta interesse das crianças pela história
três mil visitantes por ano, com prioridade para as escolas. “Acredito que nem conseguiria atender uma demanda ainda maior”, explica. O proprietário ressalta a importância pedagógica de mostrar a riqueza da história local para os estudantes. “Os professores afirmam que uma visita a fazenda histórica vale por, pelo menos, 10 aulas numa sala fechada. Isso deve ser levado em conta”, diz Carvalhaes, que só aceita visita de grupos acima de 40 pessoas, para que todos possam ser bem atendidos e não haja fragmentação dos passeios. O cenário é confirmado pela historiadora e doutora em educação pela USP (Universidade de São Paulo) Maria Walburga dos Santos, que explica a importância de instigar a curiosidade infantil para o conhecimento da história do local onde vive. Ela ressalta a possibilidade das crianças encontrarem as respostas para as ações – jeito de ser e estar dos homens atuais – nos estudo PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
dos fatos que ocorreram no passado. “Por meio da relação do tempo e espaço, atual e antigo, é possível saber da origem da linguagem, cultura, vestuário, entre outros agentes causadores da realidade que ocorre hoje. Isso instiga o questionamento e a busca pelo saber infantil”. Docentes - A professora de ciências Vânia Stein viajou com a escola Dom Idílio, de Limeira, para ensinar os alunos do ensino fundamental sobre a importância da natureza. A escolha foi pela Fazenda Quilombo. “Fizemos um piquenique lá, com alimentos naturais, como lanches frios e frutas. Foi inesquecível tanto para mim, quanto para os alunos”, lembra a professora, que fez a viagem em dezembro de 2012 e ficou satisfeita por ajudar as crianças a compreenderem tanto noções de biologia, quanto de história. Mas, a curiosidade aguçada das crianças chamou a atenção da pro-
fessora. “Eles me surpreenderam, pois estavam com os acontecimentos passados na ponta da língua e queriam relacionar com tudo. Eu mostrava uma árvore antiga, por exemplo, e eles já queriam saber se ela já existia na época dos escravos”, diz a professora, que afirma que a experiência foi tão boa que ela já está se preparando para repetir. Em visita a Fazenda Quilombo a pequena Giovana diverte-se com os papagaios, após conhecer a história do café e das construções antigas. “É tudo muito legal”, fala, enquanto olha para todos os lados na tentativa de não deixar passar nada. A professora de artes do Sesi de Piracicaba, Maria José Brito Cella, divide a opinião de Vânia sobre a importância das visitas históricas. Ela levou um grupo de 87 alunos para conhecer a Fazenda Ibicaba, formado por crianças de 10 e 11 anos. “Na minha disciplina esse passeio vai auxiliá-los a entender 13
Fazendas his
Crianças abraçam a árvore figueira que era ponto de encontro entre os trabalhadores da fazenda
a cultura africana, que será o conteúdo que vou trabalhar no decorrer deste semestre, em forma de pinturas. Já é a quarta vez que tenho esta iniciativa e posso garantir que é eficaz. Eles se interessam muito mais em classe”, explica. Maria José afirma que sempre escolhe os alunos mais novos para o passeio, que estejam cursando até a 6ª série. “Eles sentem uma realidade que não conhecem. São impressionantes as perguntas que fazem. Muitos não conhecem nem mesmo um sapo, tampouco sabem a história dos escravos, da imigração, da produção de café, entre outras coisas que se aprende nas fazendas”, relata. Para ela, a experiência marca o subconsciente da criança, que acaba permeando o conteúdo dos anos seguintes, nas disciplinas regulares, lembrança que pode auxiliar em provas futuras, como vestibulares e concursos públicos. 14
Sentimentos - As crianças do Sesi, em visita à Fazenda Ibicaba, demonstram interesse por tudo, compreendendo desde os objetos antigos e máquinas de café, até a senzala e a capela. “Eu já gosto de história, mas, vendo pessoalmente como tudo aconteceu é mais legal ainda”, fala o garoto João Vitor Alves Ferreira, que nunca tinha visto o grão do café. “Nunca vi antes de estar pronto para consumir. Ele tem forma de amendoim”, compara. A aluna Bianca Rodrigues também mostrou-se impressionada. “Nunca tinha visto o lugar que moía o café,” revela. O lado ambiental também chamou a atenção das crianças, que, pelas tecnologias e rotina corrida de atualmente, não possuem o mesmo contato de antes com terra e vegetação. “Gostei de ver a árvore figueira e também as plantações de café”, diz Guilherme Guimarães Mota.
O turismo pedagógico de cunho histórico busca o entendimento sobre o conceito de escravidão, algo que instiga a curiosidade infantil. As fazendas históricas de Limeira permitem a vivência deste público com eventos como estes, que – embora tenham ocorrido em séculos passados – remetem a interpretações que permitem compreender melhor esses patrimônios e a sociedade dos dias atuais. “Sabia do sofrimento dos escravos apenas por livros, mas é um sentimento diferente quando a gente entra na senzala e vê de perto como era o lugar onde eles viviam. É muito escuro lá dentro. Fiquei com dó só de imaginar como era a vida que eles tinham naquela época”, fala a estudante Letícia de Jesus Peres Roque, durante a visita do Sesi à Fazenda Ibicaba. Embora remetam à história local, as fazendas de Cordeirópolis e Limeira têm o passado marcado também pela exploração da mão de obra africana, situação que foi
Grilhões usados para prender escravos
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tóricas e a compreensão do passado Fotos: Ana Paula Rosa
O mirante era usado pelos capatazes para fiscalizar a produção e evitar fuga dos escravos; ao lado, Francisco Ribeiro, bisneto do fundador da Fazenda Quilombo
comum em propriedades de variados cantos do Brasil. Fundada em 1817, pelo senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, a fazenda Ibicaba – pioneira na produção cafeeira e na imigração financiada por particulares no Brasil – é um exemplo deste cenário e traz nas paredes esta história. A propriedade era conhecida pela exploração abusiva da mão de obra escrava, principalmente depois da mal sucedida experiência com o Sistema de Parceria, que consistia na divisão do produto da colheita entre o proprietário da terra e os colonos que nela PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
trabalhavam. A decadência deste método teve como seu marco a Revolta dos Parceiros na Ibicaba, em 1856, quando o colono Thomas Davatz liderou os demais para denunciar o tratamento que estava sendo oferecido. Nem só de boas lembranças vive também a Fazenda Quilombo, que é fruto de um desmembramento da Fazenda Morro Azul, dada como herança a Anna Eufrosina Jordão ao se casar com o Ezequiel de Paula Ramos. Uma das características desta propriedade era a mão de obra em sua maioria de imigrantes italianos, espanhóis e alemães, além de trabalhadores nativos da região, que ganhavam um salário irrisório. De acordo o pesquisador José Eduardo Heflinger Júnior, estima-se que a população da fazenda no final do século XIX era de cerca de 500 pessoas. “Inúmeras famílias, atualmente residentes em Limeira, descendem desses imigrantes, o que evidencia a fixação desses grupos atraídos, inicialmente, pelas possibilidades de trabalho oferecidas”, completa.
Economia atual - Hoje as duas fazendas buscam soluções alternativas para o sustento do negócio, já que as produções seculares não são lucrativas, como explica a proprietária da Fazenda Quilombo, Maria José Ferreira de Araújo Ribeiro. “Antigamente, o lucro era maior, porque o café tinha como preço 10 gramas de ouro por uma saca. Agora, o preço de uma saca está parado em cerca de R$ 300”, compara. A fazenda continua com a produção de café, mas investe no turismo histórico e em práticas agropecuárias, como a criação de equinos, para complementar a renda. A Fazenda Ibicaba também buscou outros recursos para dar segmento à propriedade, além do turismo histórico. O local obtém lucro com os 40 alqueires de cana arrendados para a Usina Iracema. “Embora o lucro da fazenda seja menor, está melhor assim, como é hoje. Era um absurdo a exploração da mão de obra dos negros”, frisa Teodoro Carvalhaes. Tombamento - Outra questão presente na realidade destas fazendas é o tombamento que, segundo o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Estado de São Paulo, Leonardo Falangola Martins, é uma ação de respeito ao patrimônio ao zelar para que a história possa ser também usufruída pelas gerações futuras. O processo de tombamento tramita desde final de 2012 no governo de Estado. O proprietário da Fazenda Ibicaba, Teodoro Carvalhaes acredita ser uma prática desastrosa para quem se preocupa em conservar, por causa da burocracia, que não tem como ser impedida. “Se for para perpetuar a história local, aceitamos. Afinal, isso é o mais importante. O interesse das crianças prova isso”. 15
Passeio saboroso Camila Piacentin
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camila.piacentini@gmail.com
uando se faz uma viagem, para qualquer lugar, é quase impossível não se interessar pela gastronomia local. O turismo gastronômico hoje movimenta a economia dos países e se tornou mais uma modalidade (e uma preferência) de viagem. Em Piracicaba, o tradicionalismo cultural abre as portas para os turistas que buscam conhecer novos pratos por meio dos festivais. As colônias italianas Santana e Santa Olímpia reservam sabores e cores em seus eventos. Cultura que também está presente na Festa das Nações que, todo ano, apresenta os principais pratos típicos de diversas nacionalidades. Em outro canto da cidade, o bairro de Tanquinho chama centenas de visitantes para sua Festa do Milho. Realizada todo mês de março, a Festa do Milho de Tanquinho teve início em 1974 e hoje atinge toda a região e ainda recebe turistas de lugares mais distantes, como a capital São Paulo e os estados de Minas Gerais e Santa Catarina. “Nesse ano veio até uma menina da Nova Zelândia, que estava fazendo uma pesquisa sobre milho. Isso mostra que a Festa do Milho já se tornou tradição na cidade e chama atenção por todo o país. E o melhor: fora dele também!”, se diverte a cozinheira Deolinda Lopes, responsável pela preparação do cuscuz. A família Lopes é o principal exemplo do tradicionalismo incutido na festa: praticamente
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FESTIVAIS DE CULINÁRIA MARCAM A CULTURA DAS COLÔNIAS SANTANA E SANTA OLÍMPIA E DE TANQUINHO
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Divulgação
Fotos: Camila Piacentin
Festas italianas em Santana e Santa Olímpia recebem milhares de pessoas todos os anos
O cuscuz da Festa de Tanquinho é um dos pratos mais procurados PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
todos da família auxiliam de alguma forma. “Os mineiros são os que mais aparecem na festa. Eles querem saber sobre os pratos mesmo, como nós preparamos. Mas também vem gente de todo o estado de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e isso é ótimo, porque amplia a festa e chega mais longe a fama de Tanquinho”, afirmou Deolinda. E no centro da cidade acontece a maior festa culinária da região: a Festa das Nações. Iniciada em 1983, o objetivo principal do festival é arrecadar fundos para as entidades assistenciais de Piracicaba, pela venda dos quitutes. As barracas mais procuradas são a alemã, que oferece o famoso chucrute e o salsichão, além da tradicional cerveja; a barraca americana, com seus hambúrgueres; a barraca mexicana, que oferece tacos e tequila; e ainda a barraca italiana, com massas e muito vinho. A festa acontece sempre no mês de maio. Do outro lado da cidade, duas colônias italianas dividem o sucesso. Santana e Santa Olímpia têm, em seus descendentes, o motivo de tanta fama. Danças, comidas e bebidas oriundas da região de Tirol-Trento, entre Itália e Áustria, são as apostas dos dois bairros. Iniciada como um almoço em 2008, a Festa do Vinho de Santana é hoje um exemplo de organização. A ideia criada pela Cooperativa de Vinhos de Santana
e Santa Olímpia tomou proporções regionais e oferece muito mais do que apenas vinho. A festa acontece sempre no segundo fim de semana de junho e é organizada pela Coopervin e pelos moradores de Santana. “A nossa intenção é resgatar a tradição dos italianos, das vinícolas, da plantação de uvas. E desde a criação da festa, nós temos conseguido adquirir essa essência. A cada ano, aprimoramos mais o nosso desempenho e isso torna a festa ainda melhor e mais típica”, contou a secretária da vinícola, Maria Justina Vitti. E seguindo a receita tirolesa-trentina, no bairro ao lado também tem festa! A colônia de Santa Olímpia realiza duas famosas festas por ano: da polenta e a Cucagna. “A Festa da Polenta foi uma iniciativa de um grupo de pessoas que pensaram em difundir uma prática muito comum no bairro: comer polenta com frango, além de apresentar as danças e músicas típicas trazidas pelos nossos nonos”, contou a moradora Elsa Pompermayer Stenico. Teve início no ano de 1988 e em 2013 chega a sua 17ª edição, que será realizada nos dias 26, 27 e 28 de julho. Em 2012, cerca de 15 mil pessoas passaram pelo bairro nos três dias de evento. “Os turistas aparecem de várias regiões do Brasil e até do exterior. Temos isso registrado em um livro que é assinado pelos visitantes que 17
se adentram para a visitação do museu, montado na casa mais antiga do bairro. No ano passado foram registradas 92 cidades diferentes, além dos outros países como Argentina, Coreia, Itália e Trento”, acrescentou Elsa. A polenta é servida do modo tradicional, com frango. Mas existem também outros pratos típicos, como a polenta brustolada (assada na chapa), a polentota (polenta em uma porção individual com moho de frango ou linguiça), polenta frita (palito), crauti (repolho curtido e cozido com bacon, calabresa e linguiça pura de porco) e a cucagna (fritada de ovos com bacon, calabresa, linguiça, tomate, cebola, queijo, mortadela). Aliás, a Cucagna dá nome à outra festa do bairro, que acontece sempre na terça-
Nos bairros Santana e Santa Olímpia, o toque artesanal dos pratos típicos é o que atrai os turistas
Agenda EVENTO CUCAGNA
O QUE DEGUSTAR QUANDO cipal é o que dá Sempre na O prato prin Praça central do bairro A Cucagna é uma a. fest à e nom ira terça-fe Santa Olímpia, que se enta com iguarias. pol de écie de Carnaval esp pratos localiza à Rua Santa os Além disso, mesmos enta Olímpia. oferecidos na Festa da Pol a. agn Cuc na os did são ven ONDE
a Os pratos mais pedidos são da o bol sím a, onh famosa pam cuz, o cultura piracicabana, o cus co por co, rras chu au, cur o bolo, o, diss m Alé tel. no rolete e pas cas, a festa oferece bebidas típi de o suc o ha, irin como a caip milho e o caldo de cana.
Todo mês Centro Rural de FESTA DO é de março sso ace o ; nho qui Tan MILHO DE , Rodovia TANQUINHO pela SP-127 Fausto Santomauro, km 14,5 no trevo de Iracemápolis - saída 15B; para entrar na Rodovia Vicinal (Dimas Ometto) e seguir por 2 km até o bairro. Todo mês tral FESTA DAS Engenho Cen de maio e uric Ma a enid (Av NAÇÕES do que Par , 454 Allain, Engenho Central. Há entradas alternativas pela Ponte Pênsil, na Avenida Beira Rio, e pela ponte do Morato). Sempre no Praça central do FESTA DO rua segundo na fica que ro, bair VINHO DE fim de São Jorge. SANTANA semana do mês de junho FESTA DA POLENTA DE SANTA OLÍMPIA
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Praça central do bairro, que fica na rua Santa Olímpia.
Sempre no último fim de semana de julho
cos e A variedade de pratos típi taque des nde gra o é nais tradicio a gir atin e mit da festa, que per o para todos os públicos. Atençã , as barracas Italiana, Alemã cha e Mexicana, Americana, Gaú Portuguesa. a festa Além dos tipos de vinho, anos, itali cos típi tos pra e oferec enta como crauti, grostoli e pol . lada sto bru com A tão procurada polenta a frango, polentota, polent crauti. brustolada, polenta frita, s são o ido hec con is ma es Os doc grostòi e strudel.
-feira de Carnaval. Segundo a moradora Elsa, a festa da Cucagna existe desde a fundação do bairro; tem exatamente 120 anos de história. Esta festa tem como objetivo principal agradecer a colheita e dividi-la com todos. “É conhecida como a festa da fartura, onde todos partilham um pouco para servir a muitos. Todas as terças-feiras de carnaval um bloco de moradores e visitantes caminham pelas ruas do bairro angariando mantimentos para a preparação e que no final será servido para todos os moradores e os visitantes que contribuíram. O prato é composto de polenta mole servida com a cucagna”, contou. O escritor paulistano Walter Zanatta veio para Santa Olímpia pela primeira vez em 2007 e agora procura aparecer todos os anos nas festas. “Na primeira vez que eu vim para Santa Olímpia, acompanhei a Cucagna e gostei muito. O prato é muito bom e mostra uma característica interessante da colônia. E Santa Olímpia tem que continuar assim, não pode crescer; deve preservar esse ambiente tradicionalista”, disse. PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Propriedade fundada pela família Abacherly, descendentes de suíços que desenvolvem a agricultura familiar e o turismo rural
Um
refúgio à cidade
ASCENSÃO DE VIAGENS PARA AMBIENTES RURAIS CONQUISTA PESSOAS DE TODAS AS IDADES
Mylena Arruda
mylena.arruda@hotmail.com
A
cidade de Indaiatuba, a 90 km da capital paulista, conta com um ponto turístico que faz parte do segmento de empreendedorismo rural, o Sítio São José. A propriedade existe desde 1900, porém, só foi aberta para visitações do público a partir de 2003, ano no qual seus proprietários realizaram um curso de capacitação e se sentiram mais preparados para gerir o negócio. A história teve origem na Suíça. A família Abacherly veio ao Brasil para se refugiar, mas foi explorada como mão de obra escrava, até que conseguiu se
instalar na Helvetia, em Indaiatuba. No local, carpindo café, o recurso necessário para adquirir o sítio foi conquistado. Hoje, a propriedade de 70 alqueires de terra pertence a nove irmãos, dos quais, apenas quatro trabalham com o turismo. Cada um possui uma área de atuação: José Xavier Abacherly é o produtor rural e também o administrador; Melquisedeque Abacherly cuida dos cavalos; Agostinho Abacherly comanda o armazém e João Roberto Abacherly cuida das orquídeas e da lavoura de morangos. José Xavier Abacherly faz questão de confirmar que “tudo é família, aqui trabalham mulher, filhos e filhas.” A parentela mora no Fotos: Mylena Arruda local. Eles são apaixonados pelo que fazem, amam e propagam a história da família e prezam por suas raízes. Católicos tradicionalistas valorizam a religião e a fé e carregam no nome uma devoção a São José. Abacherly ressalta que seu avô se chamava José; o pai é José e ele leva o Crianças aprendendo através da interação com os animais
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mesmo nome, assim como seu filho. Como homenagem, no dia 19 de março é realizada a missa de São José, uma tradição no local. O sítio tornou-se uma referência no setor. Integra a Associação de Turismo Rural do Circuito das Frutas, resultado da união de vários proprietários que profissionalizaram e organizaram o turismo rural na região. É uma espécie de feira de agronegócio que reúne dez municípios: Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo. Apesar disso, Abacherly garante que a propaganda “é o boca a boca”. Para manter o ambiente em ordem são necessários 23 funcionários, que trabalham com o turismo nos finais de semana e atuam na agricultura semanalmente. Há o cultivo de milho-verde o ano todo, além de café, feijão, uva, morango, goiaba, jabuticaba e abacate. Abacherly não deixa de destacar que a fazenda tem muita criação. “Necessitamos do apoio dos funcionários, que moram dentro da propriedade. Alguns deles estão conosco há 15 anos”, revela. O trabalho acontece na manutenção do ambiente, na lavoura, no tratamento dos animais, na colheita, além de reparos nas porteiras, trilhas, preparação dos animais, celas. 19
Interatividade garantida - O local oferece aos turistas uma vivência rural. A atividade mais procurada é o ‘Colhe e Pague’. Os visitantes são ensinados a colher as frutas diretamente das plantações e só pagam o que levarem para casa. Alguns comparecem toda semana e dispensam comprar frutas de outra maneira. Além de ser uma atividade educativa, proporciona o entretenimento que vem aliado à qualidade de vida, já que as frutas são cultivadas sem agrotóxicos. No local ainda são oferecidos passeios a cavalo e a pé, por meio de trilhas que se estendem pelas matas, roças de uva e pelos cafezais. Há o passeio de trenzinho puxado por trator, com lugar para 25 pessoas. No percurso, uma trilha em direção ao cafezal, com parada garantida na roça. É a oportunidade de ver de perto uma lavoura de café e uma plantação de milho. Existe a pesca esportiva no lago e na represa, mas é uma pesca nativa, pois não são colocados peixes. Entre as crianças faz muito sucesso a alimentação dos animais: porcos, cabritos, coelhos, cavalos, galinhas, patos, gansos e o gado. O orquidário é uma atividade que permite a admiração de mais de 400 tipos de orquídeas, com duas mil catalogadas. Luciene Abacherly destaca que há floração nas quatro estações do ano. Devido a isso, alguns colecio-
Mauro, Rosa, Marcelo e Mateus da Silva; ambiente traz benefícios à saúde de Mateus
nadores comparecem para comprar as espécies que faltam na coleção. Os dias de maior movimento são domingos, feriados e férias, principalmente, com o horário de verão. O público que procura o local tem um perfil familiar. Durante a semana acontecem as visitas das escolas, com alunos de até 15 anos, as excursões da terceira idade e toda sexta-feira o local recebe crianças especiais do hospital de Indaiatuba. Para José Abacherly, essa vivência rural é efetiva, não importa se o público é adulto, idoso, infantil ou especial. “Todos saem do local com a consciência da importância do trabalhador rural Fotos: Mylena Arruda
e do valor da natureza”. Para os turistas Bernadete Nepomuceno e Ângelo Françolin, o sítio é uma fuga da rotina e uma paixão. “Indicamos o passeio porque é muito gostoso e educativo. É muito bom saber a origem das coisas.” Quando vão ao sítio, sabem exatamente o que procuram. “Podemos vir ao local apenas para curtir a beleza do ambiente”. Para a família Silva, os benefícios vão além. Rosa, Mauro, Marcelo e Mateus frequentam o sítio toda semana. Natural de Campinas, eles buscam lazer e sossego. A família conheceu o sítio por meio de uma missa e frequenta o local há cinco anos. No sítio buscam o silêncio. “Aquela paz que a gente não encontra no dia a dia da rotina”, descreve. Uma situação que não é diferente para a família Sultano. Rosana e Samuel criaram o filho Ivan em contato com o ambiente. “Sempre tivemos o costume de vir aqui, pelo menos, uma vez por mês. Vale à pena e indicamos o passeio para todos que vivem na cidade, principalmente para as crianças conhecerem os animais,” recomendam. No sítio a prioridade é a educação, sem comércio de artesanato. José Abacherly se orgulha da propriedade. “A história começou com dificuldades, mas é muito bonita. É uma história de dedicação”, frisa. Estufa de morangos, uma plantação vertical na fertirrigação, processo que trabalha a microirrigação por gotejamento ou por micro-aspersão
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Sara Pizzol
CACHOEIRAS, RAPEL, TIROLESA E MUITA AVENTURA NA FAZENDA DO SALTÃO
Aventurando-se! Para os praticantes de voo livre, o espaço é uma opção pelo seu relevo montanhoso
Fabiana Barrios
fabi_barrios@yahoo.com.br
Sara Pizzol
pizzolsara@gmail.com
A
região de formação arenito-basáltica, que abriga mais de 30 quedas d’água catalogadas, foi formada pela lixiviação ou simplesmente pela erosão do solo pela água e está em constante mudança. “A formação é arenito-basáltica (as áreas mais altas têm basalto). São rochas sedimentares e vulcânicas. O relevo de Cuesta de São Pedro vai continuar a ser erodido, principalmente pelos rios”, conta o geógrafo Luiz Fernando Cunha. As constantes transformações não tiram a beleza da região. As cidades de Itirapina, São Pedro e Brotas disputam, inclusive, a posse das cachoeiras. Disputas à parte, o que vale mesmo são PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
as opções de lazer barato e – para os mais aventureiros – radical. Apesar de a região não ser uma APP (Área de Preservação Permanente), o envolto das cachoeiras é cuidado e mantido por seus donos. É o caso do empresário e proprietário da Fazenda Saltão, Osvaldo Drumond, que conta que no início a fazenda sofria muitas invasões. “Com isso a flora e também a fauna estavam sendo destruídas, pois com essas invasões as pessoas estavam acampando no local (propriedade particular), fazendo fogueiras, cortando as árvores, fazendo as necessidades fisiológicas em locais não apropriados”. O administrador colocou portaria e começou a cobrar entrada para evitar a depredação e cuidar da natureza. A Fazenda Saltão, que fica a aproximadamente 60 km da cidade de Piracicaba, além de três cachoeiras - a
do Saltão, a da Ferradura e a do Monjolinho - conta com outros atrativos, como a tirolesa de 800 metros, que passa pelo canyon do rio Passa Cinco. A tirolesa é indicada para todas as pessoas, sem restrição de idade. De acordo com a instrutora Francielly Chararello, que tinha medo de altura antes do trabalho, “o medo é compensado pela beleza da vista”. O preço da descida de tirolesa é de R$ 35, sendo oferecido todo o material de segurança, como as cordas, presilhas e capacetes. Outra atração proporcionada pela Fazenda Saltão é o rapel na Cachoeira homônima, com queda de 75 metros. O instrutor de rapel Alessandro Castilho diz que todos podem praticar a modalidade, de dois a 100 anos de idade. “Já desci com crianças de três anos no colo, não faço distinção, se tiver vontade e disposição, pode descer”, afirma. O va21
Fabiana Barrios
Alessandro Castilho/Comando Aventura
Com queda de 75 metros, rapel na Cachoeira do Saltão é indicado para qualquer idade, basta ter coragem
lor de duas descidas de rapel é de R$ 90, sendo que antes a pessoa recebe uma rápida orientação no solo do que fazer. Se o turista quiser se hospedar na fazenda, há opções de acomodações. Além dos apartamentos, que acomodam até quatro pessoas, com tv, cama de casal, beliche e frigobar (com preços de R$ 150 para o casal, R$ 180 para três pessoas e R$ 200 para quatro pessoas), tem a opção do camping para os mais aventureiros. O lugar conta com mais de 20 banheiros com chuveiro quente, 42 churrasqueiras, 220 pontos de energia e duas piscinas. O valor da diária é de R$ 30, com acesso a todas as cachoeiras e trilhas da fazenda. O local que atrai mais de três mil visitantes mensais na alta temporada recebe muitos turistas da região vindos de Campinas, Piracicaba, São Pedro e Americana, como conta o proprietário da Fazenda Osvaldo Drumond. 22
Mas também recebe gente do estado todo, como os amigos Lilian Bravaioli e Rafael Luque que vieram de moto de Porto Feliz - cidade a aproximadamente 160 km da fazenda - para curtir a natureza. “Vale a pena vir de longe para ver as cachoeiras que são lindas”, diz Lilian, que é fã de ecoturismo. O turismo ecológico é o carro chefe da cidade de São Pedro. De acordo com a Secretária de Turismo do Município Clarissa Campos Quiararia. “As cachoeiras possuem fundamental importância para a estância turística, pois o turismo de natureza e turismo de aventura são segmentos que movimentam muito o fluxo”. Porém, os empresários não recebem incentivos das prefeituras, segundo Drumond. “Infelizmente a Prefeitura de Itirapina não possui verba suficiente para uma colaboração nessa preservação e manutenção”, diz o empresário, ressaltando que dos três municípios
que disputam a ‘posse’ da propriedade, incluindo Itirapina, o único apoio vindo do Poder Público é a divulgação. Além das cachoeiras, a região é reduto de amantes de esportes aéreos, por proporcionar o voo por entre as serras, cânions e paredões. Para facilitar a saída desses aventureiros, um espaço privilegiado é destinado pelos praticantes de paraglaider. Uma rampa de voo livre, que além da facilidade por estar na beira de um precipício, proporciona para o “viajante” uma vista das belezas naturais da região. Por conta do terreno acidentado da região, os praticantes de trilhas off road também escolheram o local como reduto. Praticantes de motocross, jipeiros, ciclistas têm o lugar como um dos prediletos para o esporte. Para aqueles com mais fôlego e preparo físico o trekking - caminhada sobre terrenos mais tortuosos, como no caso as trilhas - oferece diversas opções com diversos níveis de dificuldade. O turismo de observação também é bem explorado na região, pois mirantes e pontos de observação estão espalhados pela beira da pista Ulisses Guimarães (que liga São Pedro a Itirapina). O mais conhecido entre eles é o Mirante do Cristo, que fica a 10 minutos da cidade de São Pedro. Localizado no topo de uma montanha, o visitante sobe mais de 80 degraus e, além de se deparar com uma pequena capela, chega aos pés do Cristo proporcionando a vista panorâmica da cidade. PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
De volta ao passado Laura Thomaz
Laurinha_thomaz@hotmail.com
C
giana de Estrada de Ferro, a qual os fazendeiros da região utilizavam para escoar a produção de café até o porto de Santos para ser exportado, sendo desativada no ano de 1971. Esse trecho foi descoberto pela Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) na década de 70 e passou a ser utilizado somente para o turismo. Atualmente, a locomotiva está relacionada ao famoso passeio de Maria Fumaça, percurso ferroviário que liga Campinas à cidade de Jaguariúna, passando pelo mesmo caminho percorrido pela Companhia Mogiana. A Estação Ferroviária é mantida pela ABPF, fundada em 1977, cujo objetivo principal é a preservação, a conservação, a coleção, a exibição, a operação e a guarda das locomotivas
Laura Thomaz
ampinas, cidade localizada no interior de São Paulo, cresceu sob as influências da Maria Fumaça. A história registra que, em 1872, surgiu a Ferrovia Paulista de Trens, que ligava a capital ao porto de Santos. Nessa época era transportado para a cidade portuária, por meio da locomotiva, o principal produto que movia a economia brasileira: o café. Uns anos após surgiu o trecho da Companhia Mo-
PASSEIO DE MARIA FUMAÇA PERMITE VIVENCIAR A HISTÓRIA DA FERROVIA
PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
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Sensação de nostalgia é a definição de vários turistas para o passeio de trem. Na estação de Jaguariúna se encontra o maior Museu ferroviário do Brasil
a vapor. A ABPF é uma entidade que não possui fins lucrativos. É particular e visa o turismo pedagógico e cultural, sendo também voltada para a preservação da memória ferroviária nacional. De acordo com o chefe de trem e professor de educação física, César Eduardo Vaz, praticamente todas as pessoas que trabalham no local são voluntários. O custo para manter e preservar a estação e a Maria Fumaça é alto; a doação dos associados é a menor parte da renda. Dessa forma, o maior valor vem com os recursos do público nos passeios turísticos aos finais de semana e durante a semana com escolas, excursões e empresas ─ com as passagens adquiridas, lembranças compradas com as ‘ferromoças’. “Outra fonte de renda vem de gravações de novelas como Terra Nostra, Cabocla, Bang Bang, O Rei do Gado, além de filmes como O
O chefe de trem César Vaz fala do funcionamento da máquina para os turistas, tira as dúvidas e ressalta a importância deste meio de transporte
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menino da Porteira e Chico Xavier. Para completar a renda da associação nós também fazemos aniversários, casamentos no trem e festas de final de ano de empresas”, pontua Vaz. O passeio de Maria Fumaça de Campinas é um dos únicos do Brasil. Ao final dele (chegada a Jaguariúna) as pessoas se deparam com o maior Museu Ferroviário dinâmico do país, além de uma bela estação que possui feira de artesanato aos finais de semana. Pelo percurso há monitores como Caio Fernandes Cesarino, que contam a história das ferrovias, das locomotivas e das fazendas pelas quais os turistas passam. Esbanjando simpatia, Cesarino, de apenas dezessete anos, já é um dos monitores voluntários mais requisitados e adorados. “Comecei a vir aqui desde os sete anos para acompanhar minha mãe nos passeios, peguei gosto pelo
trabalho e hoje sou apaixonado.” Durante o passeio as ‘ferromoças’ vendem camisetas, chaveiros, imãs, entre outras lembranças. Carolina Morinali é ‘ferromoça’ voluntária há seis meses, e assim como Cesarino, é apaixonada pelo que faz. Durante a semana Carolina é assistente administrativa e massoterapeuta. Já aos finais de semanas e feriados cumpre uma escala dividida entre três ferromoças. “Tem final de semana que vou os dois dias, já em outros no sábado ou domingo, depende da quantidade de público para o passeio.” Em relação às lembranças vendidas por ela e pelas demais ferromoças, o dinheiro arrecadado é revertido para a manutenção e preservação da estação e da locomotiva. Tereza Marques Ramos, mais conhecida como Vó Tereza, também trabalha como voluntária vendendo deliciosos pães de mel fabricados por ela, sendo 20% do lucro revertido para a estação. O percurso tem animação do grupo Nostalgia Musical, de Americana, que tocam músicas ao vivo como xote, baião, samba, sertanejo, além das sugestões dos passageiros. Há cinco anos e meio a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária abriu espaço para o grupo tocar e divertir os passageiros. Eles não recebem cachê da estação; a renda advém dos próprios turistas. “Nós passamos o chapéu no final de cada apresentação e quem puder e quiser, colabora conosco. Na verdade, a nossa maior satisfação é ver o turista se divertindo, cantando junto com a gente”, conta vocalista do grupo, Carmem Terezinha Vendemiatti. PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Fotos: Laura Thomaz
Como tudo começou
Restaurante a bordo serve bebidas, salgados e guloseimas durante o passeio
Fazer a viagem de Maria Fumaça com amigos, família e até mesmo sozinho é uma ótima oportunidade para resgatar a história da ferroviária e saber mais a respeito da época em que o café foi destaque na economia, trazendo muita riqueza e desenvolvimento na região. “Voltar ao passado e reviver situações pelas quais as pessoas viveram antigamente é muito importante no processo de redescobrir a história”, afirma a estudante de Jornalismo Rafaela Silva, que realizou o passeio. “Ver as fazendas, as estações antigas - que inclusive aparecem em novelas de época - as construções que permaneceram intactas, a música ao vivo durante o trajeto e o museu ferroviário é inspirador”, finalizou. Cesar Vaz, chefe de trem, conta que uma das intenções da ABPF é manter e preservar a estação, além de apresentar a história ferroviária PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
aos turistas e mostrar, principalmente para as crianças, que é possível pensar no trem como meio de transporte. “É de extrema importância trazer às pessoas os benefícios do transporte ferroviário e conscientizá-las de que é viável e seria um útil e econômico meio de transporte, ainda mais agora com a chegada da Copa do Mundo, já que é uma fonte de transporte rápido e prático, além de poder colaborar com o meio ambiente”, opinou. Expectativas superadas, afirma Vanessa Santos, estudante de Publicidade e Propaganda. “Achava que era um simples passeio, sem a presença de um guia turístico, mas com certeza minhas expectativas foram superadas, pois os voluntários do local conseguiram transmitir com perfeição a importância desse transporte e de toda a história que a locomotiva e a estação carregam consigo”, relatou.
Os principais fundadores da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF - foram Ivo Arias, atual diretor administrativo regional da entidade e Patrick Henri Ferdinand Dollinger (In memória), francês apaixonado por locomotivas a vapor e por ferrovias. Contudo, vale ressaltar a participação de Sérgio José Romano e Juarez Spaletta nessa empreitada. Arias conta que certo dia viu um pequeno anúncio de Dollinger, no jornal, com a ideia de fundar uma associação como principal interesse a preservação, restauração e operação de locomotivas a vapor e assuntos ferroviários, logo entrou em contato, se apresentou como ferroviário e demonstrou seu interesse. Depois disso, conversaram com mais algumas pessoas que tinham o mesmo ideal, conseguindo assim, reunir cerca de 25 associados. “E na época o Patrick tinha muita amizade com o deputado Cunha Bueno, que era secretário de Turismo do Estado e marcou uma audiência com o governador Paulo Egídio Martins, com isso apresentamos nossa ideia, nosso projeto e, então, ele nos cedeu o espaço da Ferroviária”, descreve o fundador. Ele acrescenta ainda que a partir da viabilização do espaço começaram a pesquisar onde haviam carros, vagões e locomotivas abandonadas para trazerem à estação ferroviária e assim montarem a estrutura que há até hoje. 25
CICLOTURISMO MISTURA DE ESPORTE, LAZER E SAÚDE
Horácio Busolin Júnior horacinhojor@yahoo.com.br
– Bom dia, Grupo Café com Pedal, vamos acordar, levantar e pedalar. E para quem chegou agora nem vá dormir. Tome um banho, pegue a bike e vamos passear – Mensagem enviada por João Luis Mendes, coordenador do Grupo de Cicloturistas Café com Pedal de Araras.
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sol ainda nem nasceu. São 5h20 da manhã do domingo dia 21 de abril, Dia de Tiradentes e o grupo de cicloturistas de Araras Café com Pedal já se prepara para mais uma jornada de emoção, aventura e adrenalina. O grupo conta com 100 ciclistas registrados e foi criado por João Luis Mendes, bancário e ciclista inveterado, que se apaixonou pela bicicleta há oito anos. Desde 2011, o grupo vem ganhado novos adeptos, sejam eles ciclistas amadores ou profissionais. O nome Café com Pedal surgiu por conta de que antes de saírem para viajar, todos se reúnem para um café reforçado na casa de João Luis. Aos poucos, perto das 7h da manhã, os ciclistas turistas vão chegando e se concentram defronte a casa dele para mais uma cicloviagem. “Nos reunimos aos finais de semana
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MODALIDADE GANHA CADA VEZ MAIS ADEPTOS QUE QUEREM FUGIR DO STRESS DIÁRIO e feriados, para tomar um café da manhã e depois pedalar. Também as terças, quartas e quintas-feiras, os mais experientes realizam o Pedal Noturno, ocasião em que dão dicas de acondicionamento físico aos novos adeptos para poderem enfrentar viagens mais longas”, explica Mendes. Os integrantes do grupo não se consideram esportistas e sim pedalam por simples prazer, buscando a paz de espírito e tranqüilidade. “Pedalar para mim é uma forma de tirar o stress do dia a dia. Nosso pedal não foca a competição e sim fazer passeios para conhecer as áreas rurais, onde temos contato com a natureza e paisagens,
aprendendo a respeitá-la em todas as viagens que fazemos”, relata. O cicloturismo é uma modalidade de turismo diferenciada e envolve a mistura de esporte, lazer e saúde. A prática ganhou força nos anos 70 na Califórnia quando Gary Fisher e Tom Ritchey, líderes de um grupo de hippies, decidiram utilizar suas bicicletas velhas para apreciar a bela vista da Baía de São Francisco na Califórnia subindo as montanhas de Marin Country e depois descê-las em alta velocidade. Atualmente a prática populariza-se e ganha novos adeptos. A Alemanha, país onde a bicicleta é um dos meios de transporte mais utilizado, possui cerca de 21 milhões de cicloturistas que movimentam R$5 milhões de euros na economia alemã. No Brasil a modalidade ainda engatina e começa a se organizar. O grupo “Clube do Cicloturismo do Brasil”, é o mais representativo e expressivo e conta atualmente com 17 mil associados. O cicloturismo não pode ser considerado só como um esporte, até porque
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Fotos: Horácio Busolin Júnior
Circuito percorrido pelos cicloturistas inclui o passeio em fazendas históricas
não envolve competição. Na verdade, é uma modalidade de turismo que engloba outras cinco: o ecoturismo, o turismo rural, o turismo de aventura, o turismo cultural e o gastronômico. Os trajetos realizados pelo grupo são os mais diversos. Duas vezes por mês eles realizam viagens longas para locais como Andradas, Águas de Lindóia, Águas da Prata e Serra da Canastra. Nos demais finais de semana, o grupo também faz passeios de estradas rurais, visitando fazendas históricas, cachoeiras e riachos da região rural de Araras. “As áreas rurais de Araras proporcionam um passeio onde o ciclista pode ter contato a história da cidade e o ecoturismo. Por entre estradas de terra sinuosas cheias de obstáculos e muita cana, o ciclista ainda pode ter contato com áreas preservadas e belezas naturais aonde com carro não se chega”, recomenda. Adrenalina e companheirismo - O passeio realizado no domingo dia 21 de abril reuniu cerca de 40 integrantes PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
do grupo. Ao longo do caminho, eles também encontraram mais cinco cicloturistas que seguiram junto no caminho traçado por João Luis Mendes. Os ciclistas saíram de sua casa por volta das 8h e percorreram cerca de 30 km de caminhos de terra, por vezes de chão batido ou mesmo de areia bem fina. “É preciso se atentar aos declives com caminhos de terra e pedra. Desviar dos pedregulhos vai evitar que se fure um pneu, fazendo com que o ciclista perca o controle da bicicleta. Já nos caminhos com areia, é recomendado passar pedalando bastante utilizando as marchas mais leves”, explica Marco Antônio Marçola, empresário e integrante do grupo. Apesar das subidas longas e íngremes, o caminho traz paisagens históricas que revelam um pouco da história da região. O primeiro ponto histórico visitado foi a Igreja Nossa Senhora da Piedade, a primeira capela fundada no bairro Elihu Root, que se formou no início do século XX, no entorno da estação de mesmo nome.
Em caminhos que revelam ao mesmo tempo a história e também o abandono da memória histórica, o grupo chega, enfim, na antiga estação de trem Elhiu Root, inaugurada inicialmente com nome de Guabiroba. Em 1906, o local recebeu o nome do secretário de Estado norte-americano, o advogado Elihu Root (18451937), que, depois de presidir a Conferência Pan-Americana no Rio de Janeiro, veio à estação para lá descer e visitar a fazenda de café Santa Cruz. A estação foi desativada em 1977 quando se deu o fim do transporte de passageiros no trecho. Desde então segue abandonada. O bairro ao lado segue existindo, pequeno, mas com algumas casas e comércio. Os trilhos foram retirados no final de outubro de 1998. Mesmo assim, o ponto é visitado por turistas que passam pelo local que representa um pedaço da história do município. Após conhecer as histórias das ferrovias de perto, os ciclistas enfrentam 27
os primeiros obstáculos do percurso. Saindo das estradas de terra demarcadas, o grupo adentra em um trecho com mata, onde passam por uma trilha com bambu. “Nesse trecho é impossível passar com a bike. Por isso os monitores ficam do outro lado pegando primeiro as bicicletas por baixo dos bambus e auxiliando os ciclistas a passar pelo obstáculo”, explica Mendes. Logo à frente, os ciclistas encontram um novo desafio. Desta vez, fazer a travessia do Córrego Água Branca que passa dentro já da Fazenda Araras. O pequeno córrego recebe águas do Córrego Membeca, do Ribeirão Caçununga, do Córrego Santa Cruz até desembocar no Rio Mogi Guaçú. De bike em bike, João Luis Mendes, com a ajuda de sua esposa Vanderlene Longo Mendes, auxiliam os cicloturistas a atravessar o riacho. “Nas cicloviagens todos colaboram uns com os outros. Quando um ciclista sente dificuldades em subidas, há sempre um monitor disposto a ajudar a empurrar o colega”, conta Vanderlene. Nesse momento é que a prática do cicloturismo mais se aproxima com o ecoturismo. Nota-se ao longo do percurso a preocupação dos ciclistas em preservar os locais por onde passam. “Nas viagens costumo levar sempre uma sacola para recolher o lixo encontrado durante o caminho. Nunca jogamos lixo por onde passamos e respeitamos a natureza”, relata o cicloturista Tiago Santin.
Depois de colocar o pé na água e tomar um banho no riacho, uma das bicicletas tem sua corrente arrebentada. Ao invés de seguir, todo o grupo espera, até que o também técnico João Luis arrume a corrente. “Sempre levamos correntes extras, câmeras de ar e pneus sobressalentes, além de ferramentas. Imprevistos como esse sempre acontecem. O importante é que o ciclista uma vez por mês leve a bike para revisão, para evitar transtornos durante a viagem”, alerta. Em momento de confraternização direta com a natureza e ecoturismo, o grupo chega ao tão esperado jequitibá centenário, onde tiram fotos e contemplam a majestosa árvore de quase 10 metros de altura. A árvore é um jequitibá rosa que fica dentro da reserva florestal da Fazenda Santa Cruz, incrustada próximo ao canavial. Segundo o biólogo Alberto Dalla Costa, o Cariniana legalis (nome científico) é considerada a espécie mais antiga do mundo. “Esse jequitibá da Fazenda Santa Cruz deve ter entre 70 e 100 anos. Essas árvores podem chegar a 300 anos. Em Santa Rita do Passa Quatro, no Parque Estadual de Vassununga, há um jequitibá de 40 metros, que segundo estudos de especialistas, data dos três mil anos. O nome jequitibá vem do tupi guarani que quer dizer “Gigante da Floresta”, explica o biólogo. Perto das 12h30, chegando até a Fazenda Araras, os ciclistas passam pela Fotos: Horácio Busolin Júnior
De olho na mecânica antes de viajar Calibrar os pneus Levar a bicicleta para a manutenção em um técnico de quatro e quatro meses Ajustar a caixa de direção Verificar câmbio e regular as pastilhas de freio e cabos Fazer revisão na suspensão a cada 15 dias Levar sempre uma câmara de ar e bomba nas viagens Se possível levar um pneu reserva e chaves adequadas para sua bicicleta Lubrificar os cubos das rodas, as coroas, catracas, correntes e os pedais Verificar se o guidão está fixado junto ao quadro e não está com folga na caixa de direção
Kit sobrevivência Barras de cereal (não é aconselhável comer muito durante os passeios)
Após percorrer 30 km ciclistas chegam até a Fazenda Araras
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Garrafa de água ou mochilas de hidratação (o ideal é não tomar água em excesso. É recomendada apenas a hidratação equilibrada) Quite de primeiros socorros
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Cicloturista João Luis Mendes concertando corrente quebrada durante o percurso
porteira param, respiram e apreciam a paisagem das plantações do descampado. O grupo atravessa a fazenda e a partir dali se dispersa. Alguns seguem para a estrada rural que liga Araras até o bairro Cascata. Outros seguem até a Fazenda Matão, tirar mais fotos e apreciar as belezas do local.
Principais rotas de cicloturismo na região Araras
Rota Araras - Antiga Estação Elhiu Root - Fazenda Araras/Matão/50 km Pedal Noturno Rota Araras - Analândia 140 km Rota Araras - Cascata/70 km
Equipamentos necessários
Usina São João - Limeira Araras/53,1 km
Bicicleta de mountain bike própria para trilhas
Rio Claro
Rio Claro - Analândia / 54 km
Capacete
Americana
Americana - Santa Bárbara do Oeste - Pedal Integração - 50 km
Águas da Prata
Rota Águas da Prata Andradas - 35 km
Águas de Lindóia
Rota Águas de Lindóia Monte Sião - 35 km
São Paulo
São Paulo - Santos - Rota Márcia Prado - 18 km de descida no asfalto
Tambaú
Tambaú - Aparecida - Rota Caminho da Fé - 400 km
Luvas Camiseta e calção de ciclistas feitos com tecido sintético (camisetas de ciclistas possuem bolso atrás, o que facilita o transporte de objetos com fácil acesso) Óculos Mochila de hidratação (mochilas com um recipiente de água no interior e geralmente utilizadas em corridas de aventura e mountain bike)
Grupos e clubes de cicloturistas na região Café com Pedal - Araras Equipe Pé de vela - Araras Americana Bike Clube - Americana Limeira Bike Clube Loucos por Terra - Rio Claro e Leme Campinas Bike Clube - Campinas Equipe Ximano - Conchal PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Ultrapassando limites - “Comecei a andar de bicicleta no asfalto, muito por indicação do médico. Acabava de sair de uma cirurgia no joelho e precisava me recuperar. A prática me ajudou muito e, além disso, pude conhecer lugares inesquecíveis estando perto da natureza como o Caminho da Fé, percurso entre Tambaú e Aparecida do Norte”, confessa José Gilberto Salomé. O vendedor Salomé é um dos cicloturistas que usou a prática para benefício do corpo e da mente. Junto como o grupo Café com Pedal, desde o começo, o cicloturista além de viajar aos fins de semana, também treina com os iniciantes nos dias de semana. Ele começou a pedalar aos poucos e já chegou a realizar viagens mais longas. Uma delas: o Caminho da Fé – trajeto de peregrinação brasileiro inspirado no Caminho de Santiago de Compostela. O médico endocronologista Henrique Cesar Lopes, membro da equipe, vê a atividade como forma de relaxar e confraternizar com os amigos. Antes praticante de triátlon e corridas de ciclismo de rua, o médico disse que a atividade pode tirar as pessoas da depressão, trazendo-as novamente ao círculo social. “O ciclismo entrou na minha vida como alternativa de qualidade de vida. Mostro isso aos meus pacientes, que o cicloturismo proporciona melhoras na atividade física muscular e cardíaca, tendo por conseqüência diminuição do peso. No aspecto mental, há liberação do hormônio endorfina, que causa bem estar e tranqüilidade”, explica o médico. Quando o grupo começou, os ciclistas só realizavam caminhos na região de Araras. Com o tempo João Luis Mendes relata que o melhor con29
dicionamento físico adquirido com treinamento fez com que eles almejassem trajetos mais longos de 60 a 400 km como é o caso do Caminho da Fé. “Nesta ocasião, para menor desgaste, fazemos o passeio noturno na zona rural, é claro que utilizando faróis nas bikes”, explica. Mesmo assim, quando as cidades visitadas são distantes, o grupo vai de ônibus até um ponto localizado perto da rota a ser percorrida. “No dia 14 de abril, fomos até Águas de Lindóia. Paramos com o ônibus em um restaurante, tomamos um café da manhã e seguimos de bike até Monte Sião voltando ao mesmo local, percorrendo de 35 km”, recorda João Luis. Outro roteiro realizado pelos integrantes é a viagem de São Paulo a Santos, realizada por meio da Rota Cicloturística Márcia Prado. Márcia Prado foi uma ciclista que morreu em um acidente na Avenida Paulista envolvendo um ônibus. A rota foi batizada com seu nome porque esse caminho foi o último realizado por ela, antes de falecer, em 2009. Na ocasião, procurava um meio de descer para a baixada santista de uma forma que não precisasse correr risco de vida e que não fosse ilegal. O caminho passa pela Ilha do Bororé através de duas balsas e segue pela Estrada de Manutenção da Rodovia dos Imigrantes. “Para andar no trecho é preciso pedir autorização. São 18 km só de descida no asfalto. É preciso tomar muito cuidado, pois o trecho é íngreme e estreito. Se você não tomar cuidado pode se machucar”, alerta o cicloturista João Valdir Botezelli. Pedal seguro - Em viagens longas, monitores acompanham os ciclistas mantendo-os agrupados para que não se percam. “Nunca deixamos ninguém sozinho, e sugerimos que os ciclistas pedalem em grupo em trio ou pelo menos em dupla. Os monitores se dividem e ficam sempre no começo, no meio e no final do grupo”, ressalta João Luis. Além disso, um carro com carreta para carregar aproximadamente 15 bicicletas acompanha os ciclistas durante todo o percurso. Integrantes do grupo também fizeram curso de 30
primeiros socorros para agir da forma correta em eventuais emergências. “É preciso aprender técnicas para descer ladeiras acidentadas, e para descer correndo é preciso passar por treinamento. Numa das viagens uma menina soltou o freio e de repente brecou. Caiu e quebrou a cravícula”, alertou Valderlene Longo Mendes. No regimento interno do grupo “Café com Pedal” são solicitados os equipamentos necessários para participar das viagens, além da mensalidade que é paga caso o ciclista queira ser sócio do grupo. O dinheiro arrecadado serve para investir na própria estrutura do grupo como compra de equipamentos e despesas gerais. Para participar das viagens, basta o que ciclista possua uma bicicleta que corresponda às necessidades da mountain bike. Além disso, é obrigatório o uso de itens como uniforme especial para ciclistas, óculos de proteção, capacete, farol em caso de trajetos noturnos, luva e mochila de hidratação.
Casarão abandonado onde funcionava a antiga Estação Ferroviária Elhiu Root em Araras
Cooperação é marca registrada do grupo Café com Pedal
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Grupo de cicloturistas Café com Pedal foi fundado em 2011 e conta com 100 adeptos
Fotos: Horácio Busolin Júnior
Quanto custa pedalar? - Pedalar com conforto e segurança para subir ladeiras e viajar a longas distâncias exige que o cicloturista invista em uma bicicleta que atenda as necessidades da mountain bike. O mínimo de marchas exigido para a prática é 21. Já o máximo pode chegar a 27 marchas. “O ciclista iniciante pode começar a pedalar com bikes que custam em média de R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00. Para àqueles que exigem melhor desempenho na velocidade, são recomendadas bikes feitas com material bem leve como fibra de carbono. Nesse caso, o ciclista pode gastar entre R$10.000,00 até R$ 40.000,00”, aponta João Luis Mendes. Há aqueles ciclistas que preferem montar bikes personalizadas e neste caso costumam comprar as peças em separado. A tecnologia na produção das mountain bikes, atualmente, está aperfeiçoada e têm quadros feitos de cromo, fibra de carbono, alumínio, titânio, que são bem resistentes. Além do desempenho do equipamento, é essencial que o ciclista possa pedalar com conforto de forma harmoniosa entre o corpo e a bike. Para isso, PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
pesquisadores desenvolveram uma técnica chamada de Bike Fit, que utiliza-se da ciência da Biomecânica para ajustar a bicicleta ao seu corpo. “Com o Bike Fit você faz uma avaliação física para saber o tamanho dos seus membros como braços e pernas em relação a bicicleta. Após isso, o especialista vai indicar qual o melhor equipamento a ser utilizado para que você não sinta dores, cansaço ou lesões. Algum dos ajustes corretos na altura do banco, tamanho do guidão fazem muito diferença quando se pedalam de 30 a 60 km”, finaliza João Luis. Já as cicloviagens, segundo pesquisa do Clube do Cicloturismo no Brasil, chegam a custar por dia em média de R$ 30 a R$ 50 por pessoa. Viagens oferecidas pelo grupo Café com Pedal como para Águas de Lindóia, custaram R$50 para não sócios e R$35 para sócios. Já no percurso de Águas da Prata para Andradas, os ciclistas não sócios pagaram R$ 60 e os sócios R$ 45. Cicloviagens para locais mais distantes como o passeio ciclístico da Rota Márcia Prado saíram por R$60 para sócios do grupo e R$75 para não sócios. 31
A
tradição da
CRUZ Marcel Carloni
O TURISMO RELIGIOSO EM MEIO À HISTÓRIA DO NASCIMENTO, MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO
Cena do 16º espetáculo Via Crucis de Santa Bárbara d’Oeste
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Fotos: Fran Camargo
Felippe Limonge
felippelimonge@gmail.com
Mariana Balam
marianabalam@gmail.com
A
Cenas da montagem da Paixão de Cristo de Piracicaba
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história é a mesma, as personagens não mudam, o final é conhecido por todos e em toda parte. A encenação da Paixão de Cristo atraiu milhares de pessoas nas cidades da região e em todo país. Em duas horas de encenação, o público pode relembrar a história de Jesus Cristo, desde seu nascimento até a ressurreição. Santa Bárbara d’Oeste contou com a 16ª edição do evento no primeiro semestre deste ano. Os cincos dias de apresentação trouxeram ao cenário de Jerusalém 24 mil visitantes de fora do estado de São Paulo e até de outros países. Em dez dias, a 24ª edição da Paixão de Cristo de Piracicaba trouxe ao espetáculo 16 mil pessoas, entre eles turistas e a comunidade em geral. A encenação piracicabana aconteceu ao ar livre, no Engenho Central, num espaço de oito mil metros quadrados. O processo de produção durou cerca de um ano, desde a formatação do projeto, obtenção de incentivo fiscal e a montagem do espetáculo, que contou com elenco de aproximadamente 500 voluntários, entre atores profissionais, amadores e não atores, incluindo famílias inteiras vindas de comunidades da cidade. Em Santa Bárbara d’Oeste, durante dois meses, foram gravadas as falas, os ensaios com todo o elenco e a confecção dos cenários e figurinos. Neste ano, o espetáculo reuniu um elenco com mais de 100 atores, equipe de produção de mais de 200 profissionais envolvidos em cenário de aproximadamente 900 metros quadrados, montado no Centro Social Urbano. Para atrair o público, o diretor artístico da Paixão de Piracicaba, Carlos ABC, optou por inovar e apostou em cenas novas, como o milagre dos dez leprosos, um dos muitos milagres realizados por Jesus, e colocou a Santa Ceia e o apedrejamento da adúltera acontecendo na própria estrutura da arquibancada, colocada a poucos metros do público. “Não podemos mexer na história, mas podemos mexer na forma de contar essa história”, disse o diretor. 33
Fran Camargo
Outro efeito utilizado pela equipe de produção, que chamou atenção para Piracicaba, foi o perfume lançado ao final do espetáculo, no momento do encontro de Jesus ressuscitado e Maria Madalena. Seis ventiladores colocados estrategicamente embaixo da arquibancada levaram perfume de flores por todos os pontos da plateia. Essas inovações e recursos conseguiram atrair o público de aproximadamente 16 mil pessoas. A produtora executiva, Juliana Amaral, ressalta que foram 15 excursões vindas de diversos lugares do país. A excursão organizada por Diego Tashima, guia de uma agência de turismo da cidade de São Paulo, reuniu 26 expectadores, com idades bem distintas, desde adolescentes até senhoras com mais de 80 anos. O agente de turismo disse que ao montar os roteiros busca levar aos clientes não só entretenimento, mas algum resgate cultural da região visitada. Para ele, a Paixão de Cristo, independe de religião, é um espetáculo grandioso e de conteúdo histórico, que povoa o imaginário de muitos já na infância. Tashima contou ainda que a ampla divulgação do espetáculo realizado em Pernambuco aguça a curiosidade e a vontade de ver a história. ”Viemos à Piracicaba, pois unimos a tradição religiosa com o lado histórico-cultural e pelos divertidos passeios que realizamos na própria cidade e em cidades adjacentes, como Águas de São Pedro”. O turismo religioso também atraiu um grupo de 44 pessoas do Rio de Ja-
neiro, trazidas pelo guia Nivaldo Brito, que assistiram a encenação na quinta-feira da Semana Santa. O que chamou a atenção do grupo foi a organização do evento. “Lugar de acesso fácil, com banheiros, lanchonete, equipe de apoio atenciosa e público limitado”, elencou o guia carioca. Já o espetáculo barbarense atingiu turistas de toda região e fora do país. O químico Rafael Chiaradia veio de Indaiatuba para conferir o evento e ressaltou que o espetáculo foi importante Marcel Carloni
Da Dinamarca, Lars Sindum Hindberg e Deco Pinheiro prestigiaram a Paixão de Cristo barbarense
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aos jovens. “É uma tradição. Venho a Santa Bárbara toda Semana Santa para prestigiar meus amigos que fazem parte do elenco. A parte da crucificação foi uma cena forte, sempre me emociona, pois saber que alguém morreu para nos salvar é muito nobre”, comentou. Já o assistente técnico mecatrônico, Luis Biaggi, deixa a cidade de Curitiba e percorre todo ano cerca de 530 km, em média sete horas de viagem, para ver o espetáculo. “Assisto todos os anos, pois é o feriado em que venho visitar a minha família. A encenação sempre surpreende pela inovação. Gosto muito da Última Ceia, pois parece o quadro de Leonardo da Vinci e a crucificação me faz pensar na vida”, ressaltou. Sentado em meio aos fiéis na arquibancada, o dinamarquês e enfermeiro, Lars Sindum Hindberg, que esteve em viagem pelo Brasil com o amigo Deco Pinheiro, brasileiro que mora na Dinamarca, disse nunca ter visto um espetáculo igual ao de Santa Bárbara d’Oeste. “Vim para conhecer a cultura brasileira e o estilo de vida. Sobre o espetáculo, eu gosto da ideia de que ele é realizado ao ar livre. A produção foi muito boa”, contou. Gerente de projeto de conteúdo, Deco Pinheiro revela que a�������������� principal raPAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Fotos: Fran Camargo
Cena da entrada de Jesus Cristo em Jerusalém
zão em assistir a peça é permitir ao amigo Lars uma oportunidade de aprender mais sobre a cultura brasileira. “O Brasil é um país católico, faz todo o sentido mostrar este evento aos turistas”, afirma. Nas cinco noites de evento, o público foi de 24 mil espectadores - número recorde histórico do Via Crucis, que teve seu início em 1998. Na análise do coordenador geral do Via Crucis, Almir Pugina, o público que compareceu ao Centro Social Urbano nutre admiração pelo espetáculo. “Isso é uma resposta do público ao nosso trabalho. Temos nos empenhado em proporcionar uma produção cada vez melhor. Isso faz com que o evento tenha um respeito e admiração. Estamos formando um público cativo”, afirmou. A Paixão de Cristo de Piracicaba foi realizada pela Associação Cultural e Teatral Guarantã, por meio da Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura) e pelo ProAc (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo), em parceria com a Prefeitura de Piracicaba. O Via Crucis – Paixão de Cristo de Santa Bárbara d’Oeste foi realizada pela Prefeitura do Município, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo com apoio do ProAC. PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Via Crucis pelo Brasil A mais famosa encenação brasileira da Paixão de Cristo é a tradicional superprodução de Nova Jerusalém, em Brejo da Madre de Deus, a 180 quilômetros do Recife. Em sua 45ª edição, a montagem chega à sua edição com mais de três milhões de espectadores. Entre os 550 atores e figurantes estão famosos como Carlos Casagrande, no papel de Pilatos, e Carol Castro, como Madalena. São mais de 400 profissionais na equipe de produção. Cena da crucificação no Engenho Central da Paixão de Cristo de Piracicaba, que reuniu 16 mil pessaoas
Em Goiás Velho, a antiga capital do Estado, a encenação surpreende: 40 soldados com capuzes coloridos e pontiagudos carregando tochas protagonizam a Procissão do Fogaréu, marchando ao som compassado de tambores. As figuras representam os soldados romanos que prenderam Jesus Cristo e a tradição foi trazida da Espanha por um padre, em 1745. A cada ano, a encenação de Santana de Parnaíba, a 42 quilômetros da capital paulista, acrescenta um trecho bíblico à narrativa da Paixão de Cristo No palco, com cenário que procura reproduzir as estruturas arquitetônicas da época, tem mais de 70 atores e 500 figurantes.
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Viagem de fé POR ANO, APARECIDA DO NORTE RECEBE DEZ MILHÕES DE ROMEIROS DEVOTOS DE NOSSA SENHORA. É O TURISMO RELIGIOSO Isis Renata
isis_rele@hotmail.com
Janaina Ferreira
janaina_f89@yahoo.com.br
N
Morro dos Coqueiros, e acolheu multidões durante 145 anos (1745 a 1888). Hoje, é conhecida como a Praça Nossa Senhora Aparecida. A construção da segunda basílica, inaugurada em 24 de julho de 1888, considerada um acréscimo à primeira, a atual Matriz Basílica, popularmente chamada de Basílica Velha, ainda acolhe milhões de fiéis, sendo um dos pontos mais visitados do Santuário. Foi tombada como monumento de interesse histórico, religioso e arquitetônico em 1982 e encontra-se em fase final de restauro. A Basílica Nova teve início em 10 de setembro de 1946 com lançamento da pedra fundamental no Morro das Pitas, lugar que se encontra o Santuário Nacional. O início efetivo das construções se deu apenas em 1955. Quatro anos depois (1959), realizou-se o primeiro O santuário recebe mais de 10 milhões de romeiros anualmente e sua principal atração é a imagem de Nossa Senhora Aparecida
Janaina Ferreira
omeada pelos brasileiros como a padroeira do país, Nossa Senhora Conceição Aparecida é uma figura religiosa expressiva na história do catolicismo. A devoção, a fé, os pedidos e as graças alcançadas são alguns dos motivos que levam peregrinos até Aparecida do Norte, para visitar o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. Acompanhados de amigos ou da família, os fiéis promovem regularmente excursões que reúnem devotos de todo o país. Por esse motivo, o Ministério do Tu-
rismo considera a cidade como ponto turístico religioso. Por ano, chegam a passar dez milhões de romeiros pelo local e semanalmente mais de 200 mil pessoas vão até o município para as missas e pagamento de promessas. As informações são da gerente de comunicação institucional do Santuário, Flávia Gabriela, ao explicar que a Igreja de Nossa Senhora é “o segundo maior templo católico do mundo,” considerada a capital das romarias. A principal atração é uma imagem da santa de 29 centímetros, que fica exposta numa das salas da basílica, protegida por um vidro. Essa imagem foi encontrada por três pescadores em Itaguassu, na curva do rio Paraíba do Sul, em 1717. A primeira igreja construída em sua homenagem foi em 1745, no
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Assessoria da Paróquia Santo Antônio
Homenagem a Nossa Senhora Aparecida, feita pelo padre Cláudio
atendimento aos romeiros e foi consagrado pelo Papa João Paulo II, que lhe ortogou o título de Basílica Menos ao maior Santuário Mariano do mundo. As atividades religiosas só começaram definitivamente a partir do dia 03 de outubro de 1982, quando aconteceu a transladação da Imagem Milagrosa de Nossa Senhora Aparecida da Antiga Basílica para a Basílica Nova, oficialmente declarada, um ano depois (1983), pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como Santuário Nacional. Desde seu começo e até hoje, o Santuário é mantido pelas doações dos devotos da Virgem Aparecida e com colaborações de pessoas de renome no país. A estrutura metálica da Torre Brasília e a construção da Passarela da Fé, que liga a Basílica Nova a Basílica Velha, foram patrocinadas pelo Governo Federal, nos governos de dos presidentes Juscelino Kubitschek e Emílio Garrastazu Médici. Mesmo com mais de 200 anos, as obras na casa da Mãe Aparecida ainda não foram concluídas e tem a previsão de serem finalizadas em 2017, quando será celebrado o grande jubileu dos 300 anos do encontro da Imagem Milagrosa de Aparecida (1711-2017). A viagem para Aparecida do Norte consiste em visitar os pontos turísticos da cidade, que no total são sete: a Matriz Basílica, onde se encontra a imagem da Santa Aparecida; o Memorial Padre Vitor Coelho, o primeiro padre PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
do convento; o Mirante, que fica na Torre Brasília; o Morro do Cruzeiro, onde acontecem missas na sexta-feira santa; o Morro do Presépio, com imagens de presépio em tamanho real; a Passarela da Fé, conhecida pelos fiéis como a ‘passarela da promessa’ onde caminham ajoelhados ao alcançar graças, e por fim o Porto do Itaguassu, rio no qual a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi pescada. Peregrinação - Aparecida do Norte é a cidade das romarias. Essa peregrinação é um evento importante na vida do católico “O santuário de Aparecida é a capital da fé e para a Igreja Católica é um convite para a evangelização do catolicismo na América Latina”, explica o padre Cláudio Cesar de Carvalho, coordenador regional da Pastoral de Santa Bárbara d’Oeste e pároco da Paróquia de Santo Antonio, em Americana Padre Claudio lembra que a imagem da santa apareceu num contexto difícil da humanidade, numa época que o povo passava “pelo sofrimento da escravidão”. Para ele, a imagem representa “um sinal de Deus em nossa vida e, com ela, a esperança se renova para construir um reino de paz e justiça, que nos ajuda a colocar em prática o projeto de Jesus Cristo”. Há mais de 30 anos realizando peregrinações da cidade de Santa Bárbara d’Oeste à Aparecida do Norte, a aposentada Antônia Benedita Janete
Machado é responsável por 43 pessoas que a acompanham anualmente na romaria. Suas razões para a peregrinação envolvem fé e tradição. “O motivo principal é meu filho. Ele foi curado de um tumor no ouvido e essa cura foi pela intercessão da Mãe Aparecida. Meu esposo sempre visitou Aparecida e hoje eu continuo em memória a ele”. Além da fé e da tradição, os fiéis guardam momentos vivenciados em Aparecida do Norte para contar a outros e despertar a curiosidade e a vontade de conhecer um local como este. “Jamais esqueci o ano em que visitei o asilo. Lá mora uma senhora que é cega e ela nos recebeu cantando e sorrindo, sempre transmitindo ânimo a todos a sua volta”, relata Sonia Maria Correia Pereira, organizadora de excursões à Aparecida do Norte. Sonia também conta outro momento tradicional na visita ao santuário. “Gosto de assistir a primeira missa, logo às 6h, e os organizadores convidam o povo a participar do coral da missa. Eu sempre participo”. Comércio - Em Aparecida do Norte há locais específicos para compras. O turista Oe o romeiro encontram mais de cem estabelecimentos, com diversificados produtos, que vão desde alimentos até lembranças religiosas. Um dos pontos mais visitados é a feira, que fica em lado oposto à Basílica. “Eu venho todo ano. A gente compra roupas e uns brinquedinhos para as crianças”, conta Carlos Santo, romeiro de Soledade. Assessoria de Aparecida
Vista interior da Basílica
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Jeitinho MINEIRO EM MINAS, PODE-SE ENCONTRAR MUITA DIVERSÃO, TRANQUILIDADE E O MELHOR, SEM GASTAR MUITO
Fernando Carvalho
fernandoapcarvalho@yahoo.com.br
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iajar é caro. Essa é a frase que mais se ouve quando alguém quer descansar ou simplesmente conhecer novos lugares. Segundo dados do Ministério do Turismo, através da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número de brasileiros que viajarão pelo Brasil este ano pode superar 60 milhões de pessoas, ultrapassando o recorde brasileiro de 2012. Como viajar bem e se divertir gastando pouco? Partindo de Limeira, interior de São Paulo, passando por Águas da Prata/SP, Poços de Caldas/MG, Caldas/MG, até chegar ao destino final em Andradas/MG. Há opções interessantes e baratas (dois dias de passeio com uma diária), como o roteiro que compreende um raio de 150 quilômetros, passando por quatros cidades, incluindo uma paulista e três mineiras. Fotos: Fernando Carvalho
ÁGUAS DA PRATA / SP COMO CHEGAR Siga pela rodovia Engenheiro João Tosello, sentido Mogi Mirim, depois pegue sentido Mogi Guaçu na rodovia Dr. Adhemar Pereira de Barros (SP 340), que dá acesso à cidade de São João da Boa Vista. Após dirigir 12 km, pare em Águas da Prata para experimentar o tradicional pastel ou bolo de milho acompanhado de um suco natural. A estrada é de boa qualidade e conta com pedágio em Engenheiro Coelho/SP (R$ 4,50) em Aguaí/SP (R$ 3,60) e também Estiva Gerbi/SP (R$ 5,70). Neste trajeto, o custo com os pedágios foi de R$ 17,80. O paulistano Roberto Ventura, que mora há 15 anos em São João da Boa Vista, vai toda semana buscar água na fonte hidromineral Vilela, para consumo diário. “Essa água é muito boa para consumo, procuro não deixar faltar para utilizá-la”, disse Ventura. DICA Aproveite para passear pela feirinha de artesanato e conhecer a fonte Vilela, com múltiplas propriedades medicinais, localizada no mesmo bosque da feirinha ao lado da rodo38
Comprando bananas nas barracas é possível alimentar os macacos
via. Ainda tem a possibilidade de ter contatos com os macacos do local e alimentá-los com bananas, vendidas ali mesmo, nas barracas. Para os aventureiros, um bom local para se visitar é o Pico do Gavião, que abriga parte da reserva da Serra da Mantiqueira e atrai fãs do arvorismo e do trekking. Para chegar são aproximadamente 25 km de estrada de terra.
A atenção deve ser redobrada em dias de chuva. Outra opção é conhecer o pico por Andradas, já que faz divisa com a cidade paulista. • Pico do Gavião: gratuito • Pastel: R$ 3,00 • Suco: R$ 3,00 • Três bananas (para alimentar os macacos): R$ 1,00 PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
POÇOS DE CALDAS / MG
COMO CHEGAR Depois de passar por Águas da Prata, siga pela rodovia BR 267 com destino a cidade mineira de Poços de Caldas. A estrada é muito boa e agradável, permitindo dirigir tranquilo, apreciando a paisagem. Possui apenas um pedágio de R$ 2,90. Logo na entrada da cidade, pare no “Complexo Véu das Noivas”, que possui uma cachoeira com 10 metros de queda livre. No complexo, existem comerciantes de artesanato local com variedades de produtos, principalmente em madeira. Deusiana Alvarenga Mariano trabalha no complexo há 12 anos. “Além dos porta-chaves, que são preferidos dos turistas, tem também pais que adquirem brinquedos de madeiras para os filhos”, explicou a artesã. Outro ponto que deve ser visitado é o teleférico. Localizado no centro, alcança o ponto mais alto da cidade, a Serra de São Domingos, que fica a 1.600 metros de altitude. Lá é possível conhecer o monumento do Cristo Redentor, considerado o segundo maior do Brasil. Nesse local tem-se uma visão privilegiada de toda a cidade de Poços de Caldas. PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Turistas aproveitam para dançar em plena praça central ao som da música local
Para o casal Neuza Martins de Oliveira e Marcos Aparecido de Oliveira, moradores de São João da Boa Vista, interior de São Paulo, a cidade é sinônimo de tranquilidade. “Em Poços de Caldas tudo é bonito, é natureza viva, já vim aqui mais de dez vezes”, relata Neuza. DICA Conhecer o centro da cidade, onde fica o Palace Hotel - inaugurado em 1929 e restaurado recentemente pelo grupo Carlton Plaza. Em frente ao hotel está a praça central que sempre tem música ao vivo no coreto. Outra opção são os bares que ficam na redondeza e servem pratos típicos da região. “Adorei, estamos com um grupo de Santa Catarina e é maravilhoso”, opina a advogada Antônia Lacerda, que passava rapidamente pela cidade mineira. HOSPEDAGEM • Jóia Hotel - R$ 110,00 quarto para casal ou duplo. Em baixa temporada é possível negociar o preço, chegando a um valor de R$ 80,00. Possui estacionamento próprio com café da manhã incluso.
• Hotel Balneário - R$ 110,00 quarto para casal ou duplo. Crianças de até cinco anos não inclui valor da hospedagem. Possui estacionamento próprio e não cobra taxa de serviço. Os dois hotéis estão localizados no centro da cidade, possibilitando o turista a fazer o passeio de uma forma simples, ou seja, a pé. GASTRONOMIA • Carlota Joaquina - A tradicional comida mineira por R$ 21,90 (prato para duas pessoas). • Cantina do Araújo - Pizza grande por R$ 26,90. • Meps - Mini-rodízio a R$ 17,90 (por pessoa)
OUTROS SERVIÇOS • Complexo Véu das Noivas: gratuito • Música ao vivo no coreto: gratuito • Visita ao Cristo Redentor de carro: gratuito • Visita ao Cristo Redentor pelo Teleférico: R$10,00 • Táxi da rodoviária até o centro (5 km): R$ 22,00 • Ônibus urbano: R$ 2,80 39
ANDRADAS / MG
O último destino é a cidade de Andradas, que está a 46 quilômetros de Poços de Caldas. A cidade é ponto de encontro dos praticantes de esportes radicais como asa-delta, escalada e paraglider, que ainda são privilegiados em poder apreciar a Pedra do Gavião. No trajeto de Poços até Andradas não tem pedágio, porém em alguns trechos da rodovia apresentam-se buracos, seguidos de curvas acentuadas. O melhor é descer a serra devagar. TURISMO ENOGASTRONÔMICO Nessa cidade, a sugestão é conhecer a Casa Geraldo, fazenda que possui 300 mil metros quadrados de área, mais de 100 mil parreiras e com uma variedade de oito tipos de uva, que há 46 anos produzem vinhos de qualidade. A vinícola trabalha com duas marcas: o Campino e a Casa Geraldo. Com produção de dois milhões de litros ao ano, a Casa Geraldo é pioneira 40
Durante visita monitorada é possível degustar os espumantes diretamente dos tonéis
na produção de espumantes em Minas Gerais e internacionalmente premiada. Suas colheitas são realizadas apenas uma vez por ano. O diferencial da casa é a visita monitorada por um guia. Luciano Vilela trabalha na Vinícola há pouco mais de um ano e conduz os visitantes a todos os passos da produção do vinho. “Quando comecei a trabalhar aqui vi do que realmente eu gostava, amo isso”. O percurso começa nas plantações de parreiras e passa pelos tonéis onde o turista pode degustar o vinho e conhecer a história da fazenda. No local, também é possível comprar café, queijos e bolachas, produções da própria Casa Geraldo.
Horário de saída dos grupos com acompanhamento do guia: 10h30, 12h, 13h30, 15h e 16h. Durante a semana não há necessidade de agendamento para visita. Endereço: Fazenda São Geraldo – Bairro Jaguari a 500 metros da rodovia que liga Andradas a Ibitiura de Minas. • Entrada: gratuita • Degustação: gratuita • Visita monitorada: gratuita • Vinhos: a partir de R$ 8,00 a garrafa PRATO TÍPICO O almoço em Andradas tem endereço certo. Trata-se do restaurante Aldeia Fazenda Velha, onde é servida PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Fotos: Fernando Carvalho
a típica comida mineira preparada no forno à lenha. O lugar é agradável e fica na zona rural da cidade. Possui um lago e uma cachoeira nos fundos da propriedade. A variedade de doces para sobremesa chega a impressionar. Endereço - Sítio Santa Luzia – bairro Capão do Mel. O motorista deve passar em frente à Santa Casa de Andradas e dirigir 500 metros; virar à direita e entrar na estrada de terra e dirigir por mais dois quilômetros. O local abre somente aos sábados, domingos e feriados. Valor: R$ 27,50 por pessoa, coma à vontade. Vinho caseiro - Depois do almoço, em meio à natureza, a pedida é comprar um vinho caseiro. O detalhe fica por conta do atendimento, que é diferenciado: seu Francisco Giaretta é brincalhão e cativa mesmo. A degustação é feita em minutos, e conta com o vinho adoçado com mel e suco de uva. Giaretta é descendente de italianos e produz cerca de 15 mil litros de vinhos por ano. Chegou a possuir adega em sociedade com os irmãos, no ano de 1945. “Italianada é tudo bravo, eu e meus irmãos brigávamos muito, então decidi vender minha parte e seguir sozinho”, revela todo sorridente. Endereço - Etore Trevisan, nº 94, Alto Alegre em Andradas. Siga pela rua principal da cidade e quando chegar à Igreja vire à direita. Já deixando a cidade de Andradas, sentido Espírito Santo do Pinhal, dê uma parada no Comércio Batista, local que se pode encontrar todos os tipos de doces, queijos e iogurtes por um preço bem abaixo do mercado. Endereço: Policardo Ribeiro nº 260 – Jardim América – Andradas (é a rua paralela com a principal da saída da cidade)
CALDAS / MG
No Balneário Pocinhos do Rio Verde é possível curtir sauna a vapor com essência de eucalipto
Distante apenas 32 km de Poços de Caldas, Caldas representa o sossego. O distrito de Pocinhos do Rio Verde, com população em torno de mil habitantes, possui um balneário com águas sulfurosas de poder curativo. O funcionamento do balneário é diferen-
CONFIRA OS CUSTOS PASSAGEM DE ÔNIBUS Campinas / Poços de Caldas (ida e volta)........................R$ 65,00 Mogi Mirim / Poços de Caldas (ida e volta).....................R$ 46,70 Campinas / Mogi Mirim (ida e volta) ...............................R$ 24,50 Campinas / Andradas (ida e volta)...................................R$ 55,20 Poços de Caldas / Andradas (ida e volta).........................R$ 09,80 Poços de Caldas: circular rodoviário x centro: (ida e volta).........................R$ 05,60 Total gasto passeio de um dia ônibus por pessoa.......R$ 101,10 PARA IR DE CARRO: Gasolina...........................................................................R$ 111,00 Pedágio............................................................................R$ 28,20 Kilometragem rodada: (ida e volta nas quatro cidades)....... 450 km Total gasto passeio de um dia de carro por pessoa.....R$ 179,20
PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
ciado: de domingo a sexta-feira das 7h às 13h, e aos sábados das 7h às 17h. Ainda no distrito é possível conhecer as cachoeiras da região e também a pedra branca, que tem 1.800 metros de altitude e parece tocar o céu, além de permitir visualizar a cadeia de montanhas. No trecho entre Poços de Caldas e Caldas não há pedágio, mas as curvas são perigosas. Muito cuidado. HOSPEDAGEM • Hotel Rio Verde: Final de semana com pensão completa (café da manhã, almoço e jantar) para duas pessoas por R$ 180,00, em apartamento standard. • Grande Hotel Pocinhos: Um dos mais antigos do Brasil, com pensão completa (café da manhã, almoço e jantar) para duas pessoas por R$ 180,00, em apartamento standard, porém, valor a ser considerado em baixa temporada. • Balneário: gratuito • Cachoeiras: gratuito 41
Uma opção completa
de lazer
ROTEIRO AGRADA TANTO AQUELES QUE PROCURAM POR DESCANSO COMO POR AVENTURA
Denis Fernando
denis_g3@hotmail.com
O
Circuito das Águas Paulista está localizado na Serra da Mantiqueira, ao leste do Estado de São Paulo, e é formado por oito municípios: Águas de Lindóia, Amparo, Jaguariúna, Lindoia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro. A diversidade turística da região é convite a todos que procuram por descanso, lazer para a família ou até mesmo aventura com amigos. Com atrações que passam por estâncias hidrominerais, hotéis fazendas, produtos artesanais, comércio de roupas e até mesmo trilhas e esportes aventureiros, além de produção local de queijos e vinhos, a rota pode se tornar seu próximo destino de férias. Fotos: Denis Fernando
O Jardim Público tem fontes, coretos e parques infantis, trazendo um ambiente de contato direto com a natureza
AMPARO A “Capital Histórica” do Circuito das Águas preserva seu passado nas edificações urbanas e rurais, carregadas com arquitetura característica do século XIX. Um simples passeio pelo centro da cidade já traz, ao turista, informações sobre o patrimônio local, integrado por mais de 50 prédios tombados incluindo igrejas, casarões, hospitais, praças e parques. 42
Com arquitetura no estilo neoclássico, Igreja Matriz de Nossa Senhora do Amparo é um dos principais cartões postais da cidade
O Museu Histórico e Pedagógico Bernardino de Campos possui acervo de aproximadamente 15 mil peças originais, formado por mobiliários do século XIX, veículos de transporte, instrumentos cirúrgicos e aparelhos de antigas boticas e farmácias, coleções de fotografias e várias obras de arte. É considerado um dos mais completos do estado e expõe peças do ex-prefeito paulistano Prestes
Maia e do Partido Comunista. “Foi uma bela surpresa. Amparo é muito bonita e bem cuidada, sem falar no conteúdo histórico que encontramos por aqui”, analisou César Bertolini, de Jundiaí, São Paulo. Uma das melhores atrações aventureiras da região é a reserva ecológica Mundão das Trilhas, localizada na estrada que liga Amparo a Pedreira. O local possui mais de 20 trilhas com pontos para exploração incluindo caverna, piscina natural, passeio de barco, ponte pênsil e tirolesa. Tudo isso dentro de uma área de mais de 700 mil metros quadrados. “Por ano, recebemos em torno de cinco mil visitantes, sendo que a maioria está à procura por mais contato com a natureza”. O passeio pela reserva custa R$ 15,00. PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
A “Garrafona” é um dos pontos mais fotografados da região
Com diversas opções de banhos e piscinas, o Balneário Municipal é um dos locais preferidos dos visitantes
Portal de entrada da cidade reflete o charme das construções locais
LINDÓIA
A mais charmosa cidade da região, bem representada desde seu portal de entrada, tem mais de 300 dias de sol por ano. Espalhados por toda parte estão construções no estilo colonial alemão, que caracterizam e embelezam a cidade. Com rede hoteleira extremamente eficiente e grande estrutura para promover eventos corporativos, Águas de Lindóia recebe mais de 1 milhão de turistas por ano. Na Praça Adhemar de Barros, projetada pelo consagrado paisagista Burle Marx, além das belezas naturais, há diversas atrações como comércio de artesanato, diversida-
de culinária, brinquedos infantis, exposição de animais e passeios em charretes com cavalos, pedalinhos aquáticos e trenzinhos. Já o Balneário Municipal, que traz diversas opções de banhos e massagens relaxantes, recebe inúmeros visitantes em busca de cura para doenças respiratórias, urinárias e musculares. O local traz ainda alternativas para quem procura por melhorias estéticas, oferecendo serviços de SPA, banho de argila, esfoliação da pele e drenagem linfática. Para diversão em família há o Thermas Water Park, um parque aquático com cinco toboáguas, conjunto de piscinas para crianças e adultos, lago para pesca, restaurantes e playgrounds.
JAGUARIÚNA A principal atração é a viagem no Trem Turístico “Maria Fumaça” (mais informações na página 23), que faz o trajeto até Campinas, passando por fazendas centenárias da época dos grandes cafezais. A pesca também é símbolo da cidade, que oferece diversos pontos para a prática. O Jaguariúna Country Festival é realizado anualmente no mês de Maio e, além das montarias com os principais competidores do rodeio, promove shows com artistas destaques no Brasil e no mundo. A opção aventureira da cidade é o Naga Cable Park, que possui um lago de 62 mil m² para iniciantes e praticantes de esqui aquático e wakeboard. PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Divulgação
ÁGUAS DE LINDÓIA
A cidade é responsável por 40% da comercialização de água mineral do Brasil. Fator econômico bem representado na “Garrafona”, uma grande garrafa de água mineral constantemente fotografada pelos turistas. O Centro de Memória conta a história de Lindóia e guarda um documento que registra a compra de águas locais enviadas à Lua, na expedição da Apollo 11. O Complexo do Grande Lago, com 5 km de extensão, é utilizado para prática de esportes, pesca e passeios de Jet Sky e pedalinhos. Para acompanhar a produção de cachaças, vinhos, licores e cafés, o Engenho Cavalo de Tróia é uma excelente atração. Além das bebidas são comercializados sorvetes, com destaque para o de queijo, o sabor mais vendido.
O Naga Cable Park possui cinco torres para prática de esportes aquáticos
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Divulgação
MONTE ALEGRE DO SUL A cidade, que é cortada pelo Rio Camanducaia, tem o contato direto com a natureza como destaque turístico. Com características neocoloniais clássicas, o Balneário Municipal oferece, através das águas radioativas, saunas úmidas e secas, banho de imersão e ducha escocesa, que são procuradas principalmente para tratamento diurético. Há também a Cachoeira Falcão que possui quedas de até 10 metros. O Santuário do Senhor Bom Jesus, construído em 1919 e ornamentado por imagens do italiano D. Rocco, é o único santuário da região e recebe turistas em busca da renovação da
SOCORRO
As belas paisagens de Socorro podem ser vistas no Turismo Rural praticado na cidade
fé. Em contrapartida, há mais de 50 alambiques de cachaça espalhados pela pequena cidade, que reforçam o caipirismo da região. “Aqui minha filha de três anos teve seu primeiro contato com os animais. Aprendeu na prática de onde vem o leite e o funcionamento de uma horta. É a oportunidade de nos afastarmos da tecnologia para nos aproximarmos da natureza. Eu também gostei muito da Festa do Morango, pois é realizada por um povo acolhedor”, disse André Rocha, de Cosmópolis, São Paulo. A Festa do Morango é realizada em Monte Alegre do Sul todos os anos no mês de agosto.
PEDREIRA Na “Capital da Porcelana” a principal característica de turismo é a de compras. A cidade possui mais de 450 espaços, entre lojas e fábricas, com produtos artísticos e decorativos em porcelana, cerâmica, alumínio, vidro, madeira, gesso, plástico e ferro. Tudo com preço abaixo do encontrado nos grandes comércios. É, sem dúvida, a melhor opção para redecorar a sua casa. “É a segunda vez que venho a Pedreira. Só hoje, minha esposa já gastou mais de 600 reais, mas ainda faltam alguns itens para comprar. Gosto do trabalho feito em porcelana e
A beleza da Gruta dos Anjos pode ser vista num passeio de pedalinhos
É o destino certo para quem procura por aventura, contendo atividades em todas as categorias: aquática, terrestre ou aérea. No Rio do Peixe são praticados rafting, boiacross, canyoning, acquaride, cachoerismo e ducking. No Parque do Monjolinho, além da cativante cachoeira e dos esportes aquáticos, o turista encontra opções terrestres como arvorismo, rapel, tirolesa e giromaster. Já as modalidades aéreas como parapente e asa-delta são praticadas no Pico da Cascavel. A Gruta do Anjo, proveniente de uma antiga mineração dos anos 60, é opção de passeio com pedalinhos para exploração da beleza de uma piscina natural de água mineral com até 4 metros de profundidade. Ainda há mais cachoeiras, comércio de malhas, balneário com ótima estrutura para banhos relaxantes e arquitetura colonial, encontrada em mais de 100 prédios históricos. Outro destaque de Socorro é que através da ONG Aventura Especial, se tornou a primeira cidade a viabilizar a total inclusão de deficientes ao ecoturismo e esportes de aventura em suas opções de lazer. (mais informações na página 46) 44
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Fotos: Denis Fernando
Fotos: Denis Fernando
Turismo de compra movimenta a cidade durante todo o ano
aqui encontro as peças que procuro”, disse Marcos Rogério Correia, do Guarujá, São Paulo. Para os aventureiros, a dica é a prática de Acquaride, descida de corredeiras, no Rio Jaguary. Divulgação
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Localizado a 1080m de altura, o Monumento ao Cristo Redentor pode ser acessado por teleférico ou por carro
SERRA NEGRA É a cidade mais agitada da região, com eventos em todos os feriados. Shows, teatros e outras apresentações comandam o palco no centro de Serra Negra, sempre lotado de turistas. Possui rede hoteleira com opções para todos os gostos, sendo que a maioria é categorizada como hotel fazenda, ideal para viagens em família ou em grupo. Destaque para o gigantesco Vale do Sol, que possui mais de 300 quartos, e para o histórico Biazi Grand Hotel, inaugurado na década de 40 com uma charmosa e imponente arquitetura estilo colonial. Já os hotéis localizados no centro da cidade são ideais para quem quer ir às compras e aproveitar as atrações noturnas da cidade. Falando nisso, o comércio é um dos pontos
Mais 40 atrações movimentam a Disneylândia dos Robôs
fortes, conta com vendas de malhas, queijos, vinhos e demais produtos das fazendas locais. “É um dos destinos preferidos da minha família. Aproveitamos os feriados prolongados para ter esse momento com a natureza nos hotéis fazenda. Antes de ir embora, sempre levamos para casa os doces e queijos do comércio. Serra Negra é recomendadíssima”, disse Rosemary de Moraes, de Limeira, São Paulo. Andar de teleférico e conferir a bela vista do Cristo é boa opção de passeio. A curiosa Disneilândia dos Robôs traz atrações mecanizadas dentro de um universo extremamente maluco. 45
AVENTURA sem limites NO MUNICÍPIO DE SOCORRO, HOTEL FAZENDA É 97% ADAPTADO PARA QUEM TÊM DEFICIÊNCIAS FÍSICA, INTELECTUAL OU MOBILIDADE REDUZIDA
Ricardo Gonçalves
goncalves.jornalismo@gmail.com
Suzana Storolli
suhzana_@hotmail.com
C
olete salva-vidas, botas, capacete, disposição e coragem são essenciais para quem quer encarar esportes e aventuras radicais no meio da natureza. Mas, para quem convive diariamente com limitações física, intelectual ou mobilidade reduzida é preciso ter um elemento ainda mais importante: a superação. Além de superar os limites do dia-a-dia, é possível superar também barreiras – literalmente - físicas para se divertir. E o melhor: com muita adrenalina e emoção. Isso porque a cidade de Socorro, localizada há 153 quilômetros de Piracicaba, é referência nacional em acessibilidade. No complexo de ecoturismo da cidade atividades como tirolesa, rafting, arvorismo, bóia-cross e rapel são algumas das mais de 30 modalidades esportivas voltadas para quem gosta de agitação. É o que explica Carlos 46
Tavares, coordenador de marketing de uma rede de hotéis fazenda adaptados, em Socorro. “Hoje, Socorro é a única cidade do Brasil que tem a possibilidade de oferecer todo o conforto e know how para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida no segmento de turismo de aventura”, afirmou Tavares. Segundo ele, desde 2005, a cidade tem se tornado um dos destinos mais visitados por pessoas que buscam algum tipo de aventura, quanto por quem tem algum tipo de deficiência física, intelectual ou mobilidade reduzida. No Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), existem mais de 65 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e, se somados a quantidade de pessoas com mobilidade reduzida, esse número pode aumentar para aproximadamente 75 milhões de pessoas com necessidades especiais. De acordo com a psicóloga Linda Fiorotto, a importância da atividade física e da quebra de paradigmas é vital. “Devido a certas limitações, os PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Fotos: Divulgação
A inclusão social também está presente no Centro de Ecoturismo de Socorro
Superar limites é indicado para qualquer idade
deficientes ou pessoas com mobilidade reduzida estão sujeitos a baixa auto-estima. O esporte poderá mostrar que a capacidade de cada um não tem limites e fica claro que o que interfere em não conseguir é o medo do próprio indivíduo”, conta. A dificuldade motora não é barreira para encarar uma tirolesa com mais de um quilômetro de distância, tendo em vista as possibilidades de adaptações dos equipamentos de segurança. Quem garante é a presidente da APCD (Associação de Pessoas com Deficiência), Marcia Botacim. Aos 36 anos, ela tem paralisia cerebral e pratica rapel, rafting, canoagem, trilha na mata e ainda passeia a cavalo. “A sensação de praticar qualquer uma das modalidades é sempre muito boa e tranquila. Apesar de encarar esportes radicais há seis anos em uma cadeira de rodas, não costumo encontrar nenhuma dificuldade”, pontua. O empresário Luciano Taniguchi é exemplo de quem rompeu as barreiras físicas e venceu a insegurança em troca do desafio. “Tive medo de sair pela primeira vez da cadeira de rodas e me pendurar numa tirolesa com mais de 100 metros de altura, sem que ninguém em condições parecidas com a minha houvesse feito antes”, disse Taniguchi, PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
o primeiro a experimentar a sensação de descer uma tirolesa adaptada na cidade de Socorro. Para Luciano, outro momento marcante e de superação na vida, foi voltar a bordo de um bote de rafting no local, onde 16 anos antes, sofreu um traumático acidente. Quando o assunto é superação, a presidente da APCD ressalta que para o deficiente tomar o primeiro passo não é tão simples. “O primeiro pensamento é de que nunca poderá participar de esportes radicais. Mas já vi pessoas com bastante dificuldade e independente de qual for o problema, todos praticam esportes porque gostam e se sentem bem”, destacou Márcia. Profissionais da saúde explicam que o esporte e as atividades físicas são essenciais para o desenvolvimento físico e mental do ser humano. De acordo com o professor em Educação Física Dênis Marcelo Modeneze, especialista em atividade física, saúde e qualidade de vida, o esporte exige um nível mínimo de aptidão física. “Uma pessoa com deficiência precisa saber seus limites. O profissional de saúde deve preparar o individuo antes de qualquer prática, porque sem autorização médica e a preparação prévia, o praticante com deficiência poderá correr riscos de sofrer graves lesões”, alertou. 47
A orientação é que os interessados em praticar qualquer atividade física devem necessariamente passar por um professor de educação física, ou o medico responsável pelos cuidados do paciente. Segundo a fisioterapeuta, Rosangela Silva, os exercícios beneficiam mais do que o condicionamento físico, mas também a socialização cultural. “A participação dos pacientes em esportes radicais é importante também para o avanço da conquista pessoal dos indivíduos, porque eles passam a se sentir mais integrados”, afirmou. “Ter o contato com a natureza e encarar esportes radicais é uma ótima opção para vencer os próprios medos e encarar grandes desafios próprios”, finalizou Modeneze. Socorro foi a cidade pioneira no Brasil a se comprometer com o decreto Nº 5.296/2004 - que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Dessa maneira, as atividades devem funcionar de acordo com a norma brasileira de acessibilidade Nº 9.050/2004 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O projeto Socorro Acessível foi criado com o intuito de projetar as ruas e calçadas estrategicamente adaptadas Ricardo Gonçalves
Bicicleta adaptada para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida
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Presidente da APCD, Marcia Botacim, tem paralisia cerebral e pratica esportes radicais há mais de seis anos
para que todas as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida fossem atendidas, contemplando lugares onde o turista utiliza como bancos, comércio e espaços coletivos. Em Socorro, o projeto buscou adaptar também calçadas, semáforos, prédios públicos, o horto municipal, o mirante do Cristo e o pavilhão de eventos. “Em função do sucesso do primeiro projeto voltado ao turismo de aventura, a cidade de Socorro recebeu do Ministério do Turismo a missão de adaptar a cidade para receber o turista com necessidades especiais”, complementou Tavares. Em 2005, o presidente da ONG Aventura Especial, Dada Moreira, após descobrir uma doença degenerativa, criou o projeto Aventureiros Especiais, com a ajuda do empresário, Luciano Taniguchi, ex-vereador do município. “Comecei a praticar esportes radicais aos oito anos, participando de provas de bicicross e acqua-ride. O primeiro contato com atividades de turismo de aventura acessível foi logo após o acidente, do qual fiquei tetraplégico”, contou. De acordo com o empresário, foi preciso mapear quais eram as modalidades que seriam possíveis de se tornarem adaptadas e, em seguida, projetá-las. No início do projeto, o objetivo era adaptar os dez esportes
Atividade recreativa é opção de lazer para crianças com deficiência
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Usuários praticam acqua ride com equipamentos de segurança adaptados pelas normas da ABNT
SERVIÇO:
Fotos: Divulgação
HOTEL FAZENDA CAMPO DOS SONHOS Estrada dos Sonhos, km 6 Bairro das Lavras de Baixo – Socorro – SP Caixa Postal 02 – CEP 13960-970 - Tel: (19) 3895-3161 Central telefônica para Surdos Mudos TSPC: (19) 3895-4696 / (19) 3895-7644 Coordenadas do GPS – 22.537739, -46.499516 E-mail: atendimento@campodossonhos.com.br Atrações: Arvorismo, Cavalgada do Campo, Cavalgada das Montanhas, Parede de Escalada, Tirolesa, Quadra Poliesportiva, Vivência Aquática, Barcos e Pedalinhos, Brincadeiras Educativas, Brinquedoteca, Cavalos, Charretes e Tróles, City Tour, Espaço Zen, Pescaria, Plantio de Árvores, Triciclos e Quadriciclos, Trilha Ecológica. Mais informações: www.campodossonhos.com.br HOTEL FAZENDA PARQUE DOS SONHOS Estrada da Varginha, km 7 Bairro do Limoeiro – Divisa Socorro / SP e Bueno Brandão / MG Caixa Postal 02 – CEP 13.960-970 Tel: (19) 3895-3769 e (19) 3955-0184 Central telefônica para Surdos Mudos TSPC: (19) 3895-7644 E-mail: contato@parquedossonhos.com.br Atrações: Arvorismo, Bóia-Cross, Caminhada, Cavalgada, Escalada, Espeleoturismo, Rapel, Tirolesas, Trampolim, Skate Maluco, Fora de Estrada (Off Road). Mais informações: www.parquedossonhos.com.br Saiba mais sobre Socorro, visite também: www.estanciadesocorro.com.br www.socorro.tur.br www.cidadeaventura.com.br
PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
radicais mais buscados pelo público e torná-los acessíveis para pessoas com deficiência física, intelectual ou mobilidade reduzida. Tendo em vista a busca pela prática de esportes radicais vindo de pessoas com limitações físicas e intelectuais, em 2005, o Hotel Fazenda Parque dos Sonhos adaptou as atividades e suas dependências para receber esse tipo de turista. “Foram necessários mais de dois anos e investimentos na ordem de R$ 1 milhão para que o hotel fazenda Parque dos Sonhos tivesse uma estrutura adaptada de acordo com as normas de segurança”, explicou Carlos Tavares, o coordenador da rede que ainda conta com o Campo dos Sonhos – hotel fazenda adaptado que prioriza o contato com os animais e a natureza. Para o gerente de atividades da rede, Luiz Alberto Mercadante, fazer uma rampa para a piscina e colocar paredes de vidro para facilitar a visualização, são ações fáceis de serem feitas e que podem atender as pessoas com necessidade especiais. “Tanto anão e criança, quanto adultos e idosos podem utilizar um corrimão feito de bambu que atenda todas as alturas e que seja economicamente viável, além de sustentável”, complementou Mercadante. “O projeto voltado à acessibilidade do hotel foi desenvolvido totalmente pela iniciativa privada. Em Socorro a parceria com a prefeitura não é feita em investimento de estrutura, mas sim com o apoio na divulgação do trabalho, mostrando ao público que a cidade é uma ótima opção de lazer, diversão e um destino acessível a todos”, finalizou Mercadante. O decreto que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade estipulou o prazo de quatro anos para todos os setores de serviços como restaurantes, hotéis, teatros, entre outros, adaptarem os locais de acesso para as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Nove anos depois, essa não é a realidade de todas as empresas e locais públicos. “No futuro espero poder participar mais ainda desse e que os outros lugares também sejam como o Parque dos Sonhos”, concluiu Marcia sobre o hotel que é, atualmente, 97% adaptado. 49
HOLAMBRA, DESTAQUE NO CENÁRIO PAULISTA
CONHECIDA PELAS FLORES ORNAMENTAIS, A CIDADE MANTÉM O CHARME DE SUAS ORIGENS HOLANDESAS Vanessa Martins Marcelino Mec_vanessa@hotmail.com
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turismo necessita de infra-estrutura para atender as exigências do mercado (hotéis, pousadas, aeroportos, vias de acesso, saneamento básico, áreas de alimentação), o que gera empregos e gira a economia da cidade, como a de Holambra, a 140 quilômetros de São Paulo, que se destaca como o maior centro de produção de flores e plantas ornamentais da América Latina, responsável por 40% da produção do país. Holambra é hoje uma das cidades brasileiras com maior índice de qualidade de vida e um dos principais roteiros turísticos de todo o estado de São Paulo. Tem sua economia baseada, principalmente, na agricultura e no turismo, atividade do setor terciário que mais cresce no Brasil, a geração de renda desse segmento registrou aumento de 32,4%, e movimentou R$ 1.920 milhões em 2012, segundo a última pesquisa divulgada pelo IBGE. Reconhecida como município há apenas 22 anos e com cerca de dez mil habitantes, a cidade é considerada estância turística, e recebe visitantes 50
principalmente pela promoção anual de exposição de flores, a Expoflora, evento que garante a venda de duas mil espécies de plantas de 160 produtores. Holambra tem as características dos imigrantes holandeses, desde a gastronomia até o desenho arquitetônico das casas e comércios. Seu nome não poderia ser mais apropriado, pois representa a Holanda no Brasil. O diretor de turismo da cidade Dennis Peters diz que ao longo do ano promove vários eventos, exposições e feiras temáticas, ��������������������� o que garante a atenção de cerca de 500 mil pessoas por ano. Além de todas as cores e aromas espalhados nos canteiros de flores, a cidade tem o museu que disponibiliza fotos e objetos dos primeiros imigrantes holandeses; o moinho da América Latina (réplica fiel de um moinho holandês moedor de grãos) com 38,5 metros de altura por seus
nove andares; dispõe de um atraente roteiro rural, com passeios de bicicletas e cavalgadas. O município conta com vários hotéis, pousadas, chalés, área para camping, bons restaurantes, bares e confeitarias típicas. Além de ser sede de grandes e diferentes eventos esportivos, como o Trekker-Trek (competição de arrancada de tratores), a Corrida na Lama (prova individual com obstáculos naturais e artificiais), a Gincana de Charretes (competição em equipes) e a Média Paulista de Ciclismo. Andar pelas ruas da cidade também é um atrativo: as casas têm fachadas típicas holandesas, em tijolo à vista, com cortinas que cobrem apenas metade das janelas e muitas cores nas paredes. Na cidade há uma lei que dá desconto de até 50% no IPTU para as construções no estilo holandês. Tudo isso chama atenção de turistas como Regina Val PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Fotos: Vanessa Martins Marcelino
Holambra tem 160 produtores de flores, os quais as cultivam o ano inteiro, assim como a fazenda de crisântemos, que vende para todo o Brasil; ao lado, o Moinho da América Latina tem nove andares e atrai muitos turistas
de alguns comércios que existem especialmente por ser uma cidade turística. A gerente de restaurante Isabel Noronha fala que no estabelecimento onde trabalha tem entre 25 funcionários e, na época da feira de plantas, são contratados mais cinco. Mesmo tendo boa parte da economia voltada à plantação de flores, a cidade não fica presa só ao evento anual, Explofora. Uma prova disso é Laurens Sprincher Berenschot, proprietário da fazenda Crisântemo Pedra Grande. Sua mãe, Ana Sprincher Berenschot, era dona de casa e viu a necessidade de abrir um empreendimento para gerar renda. Com uma estufa, produzia e comercializava flores da espécie crisântemo. Hoje, na fazenda que leva o nome da flor, há também a produção de margaridas. Porém, a família não expõe na Explofora “Para as margaridas temos floriculturas fixas onde as vendemos. Os crisântemos vão para funerárias”, explica Laurens. A produção da fazenda chega a quatro mil vasos. Em datas comemorativas, como Finados, comercializa cerca de 100 mil distribuídos em todo Brasil. Donato, que mora em Paulínia. Em um site de turismo encontrou na estância lugares que considerou interessantes. “O que mais gostei foi o visual, bastantes áreas verdes, uma cidade aconchegante, bonita, com bons restaurantes e moradores simpáticos”. O turista Rogério Figueiredo Gekkelhuis, de São Paulo, tem familiares na cidade. Neto de holandeses, conta que sua mãe nasceu no Brasil, mas a tia mais velha nasceu em Holanda. “Há muito tempo ela mora na cidade, ama o Brasil, mas não conseguiu viver sem a inspiração holandesa”, relata. Sua família produz ração para gado. A estância tem várias fontes de renda, explica Dennis Peters, como o agronegócio, com a produção de ovos, frango de corte, fábrica de ração, insumos, gado, suinocultura, produção de grãos, algodão e sementes. Todas essas empresas geram empregos, além PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
Imóveis com inspiração arquitetônica holandesa. Nova lei disponibiliza descontos em IPTU para casas que conservam essa tendência
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O Prédio do MASP é facilmente reconhecido por sua arquitetura icônica
SÃO PAULO em duas linhas ROTEIRO ECONÔMICO PERMITE CONHECER PONTOS TURÍSTICOS DA CAPITAL PAULISTA NUM FIM DE SEMANA Mosteiro de São Bento: mais de 400 anos de história
Natália Paula Mendes
natalia.paula.mendes@hotmail.com
Vinícius Andriota Montebelo vamontebello@hotmail.com
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capital do estado é uma cidade para todos os gostos. Desde restaurantes sofisticados até lojões populares, a cidade tem de tudo. Encontram-se neste roteiro sugestões para quem quer passar um dia conhecendo São Paulo sem gastar muito. Para aproveitar o tempo, sem o stresse do trânsito ou ter que ficar procurando vaga para estacionar, a opção prática e barata é ir de ônibus e aproveitar a paisagem. Ao chegar ao Terminal Rodoviário Governador Carvalho Pinto, mais conhecido como Terminal Rodoviário do 52
Tiête deve-se pegar a estação de metrô Portuguesa-Tietê, que faz parte da linha azul. Aí começa a aventura. Andar de metrô faz parte da experiência. É uma curiosidade comum entre as pessoas do interior do estado que nunca utilizaram tal meio de transporte. Na estação, compre uma passagem para a Estação da Luz que já é o primeiro ponto de parada. Ela não é apenas uma estação de metrô. Construída pela Companhia São Paulo Railway, de origem britânica, foi inspirada em estruturas londrinas como o Big Ben e a Abadia de Westminster, e rapidamente se transformou em marco paulistano. A estação também tem importância histórica, tendo sido o portal de
entrada para imigrantes até o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o uso de outros meios de transporte como carros e aviões se popularizou. Além de tudo isso, a estação abriga o Museu da Língua Portuguesa. Bem diferente do clichê que se imagina ao pensar em museus, o Museu da Língua Portuguesa usa tecnologia e interação para exaltar e informar sobre o idioma do brasileiro. São Paulo é o município que mais tem falantes de língua portuguesa do mundo, portanto, nada mais adequado do que esse museu se localizar nessa cidade. Além de exposições temporárias sobre a história do idioma e literatura, o museu abriga instalações diversas como a “Praça da Língua”, uma espécie PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
A Avenida Paulista é uma das mais famosas do país e também uma das mais movimentadas
Fotos: Natália Mendes
Divulgação
O Mercado Municipal de São Paulo, conhecido, por sua variedade de produtos e também pela gastronomia, com seus famosos sanduíches de mortadela
de planetário onde áudio e imagens são projetados, a “Linha do Tempo”, uma linha interativa que informa sobre a história do idioma e “Palavras Cruzadas”, totens com computadores dedicados às influências de outras línguas e povos que compuseram a Língua Portuguesa. Depois de brincar com o idioma, o turista deve sair da Estação e atravessar a rua: é hora de visitar a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Com um acervo composto por peças de todos os tipos, como quadros e esculturas dos mais diversos períodos e origens, a Pinacoteca é um dos locais de São Paulo que todo Paulista deveria conhecer. As exposições temporárias também costumam ser imperdíveis e a ampla PAINEL CIÊNCIA & CULTURA • Junho/2013
programação está disponível no site oficial do museu. O prédio é uma peça de arte: localizado no Jardim da Luz, onde vale à pena dar um passeio. Antes de almoçar, volte à Estação da Luz para pegar um trem para a Estação São Bento, ainda na linha azul. O Largo São Bento abriga o mosteiro de mesmo nome, que é um dos edifícios históricos mais importantes da cidade: tem mais de 400 anos e foi construído onde ficava a casa do cacique Tibiraça, respeitável líder indígena e figura importante na fundação de São Paulo. O mosteiro realiza missas, casamentos e batizados, como qualquer igreja. Depois de preencher a manhã com cultura, chega a hora de almoçar. O
Mercado Municipal é uma sugestão e fica apenas a alguns quarteirões de distância: o caminho é pela famosa Rua 25 de Março. Famoso por seus sanduíches de mortadela e pastéis de bacalhau, o mercadão oferece outras opções para o almoço. Com vários açougues, empórios, mercearias, peixarias, quitandas e muito mais, o mercadão satisfaz principalmente os amantes de boa comida e curiosos em geral, com tamanha variedade de barracas e produtos. O roteiro continua com o retorno à Estação São Bento, pegando o metrô até a próxima estação: a Sé. A saída da estação fica em frente a Praça da Sé, centro geográfico de São Paulo e nela está o marco-zero do município. A Catedral da Sé, um dos pontos mais belos da capital paulista, e a maior igreja do município, realiza missas, batismos e casamentos. Ela impressiona por sua arquitetura de estilo gótico e, em sua cripta, encontram-se trabalhos do escultor Francisco Leopoldo. De volta à Estação da Sé, pega-se o metrô até a Estação Paraíso, para isso é preciso pegar outra linha, a linha verde para ir até a Estação Trianon-MASP, que sai na Avenida Paulista onde está localizado o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp, considerado o museu mais importante do hemisfério Sul com cerca de oito mil peças – com destaque para obras de Rafael, Bellini, Delacroix, Van Gogh e Cândido Portinari. O prédio suspenso por duas estruturas vermelhas, icônico, e também abriga exposições temporárias. O calendário de exposições encontra-se disponível no site do museu. Para terminar o passeio, deve-se explorar a Avenida Paulista onde se encontram bares e restaurantes para todos os paladares. A viagem por São Paulo termina com o retorno para a rodoviária: embarcar na Estação Trianon, desembarcar na Estação Paraíso e voltar à linha azul e pegar o trem até a Estação Portuguesa-Tiête. 53
ARTIGO
Viagem pela vida Ângela Carrascosa Storolli *
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esde a infância exploro diversos lugares através da literatura. Sempre fui curiosa e a descrição de cidades, países e culturas exercia um grande fascínio sobre mim. As imagens exibidas nos filmes faziam com que eu desejasse conhecer inúmeros países e consegui transformar meus sonhos em realidade. A curiosidade, relacionada ao turismo, é transformada em magia, pois você adquire conhecimento, amplia a visão do mundo e faz com que o turista viva momentaneamente outra realidade. Um momento surreal vivido na Holanda foi quando conheci os campos de tulipas, uma explosão de cores. Existe um Museu de Tulipas em Amsterdam, que mostra a história da tulipa com detalhes sobre a “Tulipomania” e o imenso poder econômico dessa flor na Era de Ouro da Holanda, durante o século XVII. Dizem que admirar um campo de tulipas é encontrar o lugar onde Deus derramou suas latas de tintas. Roma fez com que me sentisse personagem de um livro de história utilizado nas escolas. É a cidade mais visitada do mundo e nas vezes que estive lá, posso afirmar que mesmo com uma quantidade enorme de turistas, o orgulho de mostrar cada detalhe da história da Itália, faz com que a viagem seja perfeita. Chegar ao Coliseu ativa o cérebro e ele vira uma chave e te transporta para o passado, sem muito esforço. Na Piazza del Popolo encontrei uma exposição chamada: “Il Genio Di Leonardo Da Vinci”. Estive em Guadalajara (México) nos Jogos Pan-Americanos, quando tive a oportunidade de assistir a abertura do evento e o jogo da vitória e medalha de ouro dos meninos do vôlei brasileiro. Nadei com os golfinhos em Cancun (México), conheci o local das gravações do filme Harry Potter em um Castelo de Oxford (Inglaterra). Estive em Paris no Dia Nacional da Música, participei da Notte Bianca de Firenze (Itália), quando os museus ficam abertos à noite e nas praças são apresentadas atrações a cada minuto. Nos Estados Unidos vivi momentos de fã ao conhecer locais de gravações de filmes e
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seriados em NY, Washington DC, Los Angeles, San Francisco e Chicago; é muito interessante após essas viagens, assistir novamente os filmes e ver detalhes, antes ignorados. Pisa, a pequena cidade da Itália, é cheia de charme. A maioria dos turistas só visita a Piazza del Duomo, patrimônio da Unesco. Neste local encontra-se a Torre di Pisa, famosa por sua inclinação. Muitas vezes tem-se somente um dia para conhecer uma cidade e minha dica é que você procure um guia local, de preferência no seu idioma. No Domingo de Ramos teve uma missa da igreja católica, na Piazza de San Pietro em Roma, na qual pude conhecer o Papa Francisco. Quando fui visitar as Pirâmides do Sol e da Lua (México) senti uma energia muito forte e positiva. Já visitei outras pirâmides e não senti o mesmo. Teotihuacan é um sítio arqueológico localizado a 40 km da Cidade do México e foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1987. As recomendações para a visita era que fossemos com roupas claras e muito protetor solar. Gastronomia sempre desperta a curiosidade e no México provei diversos tipos de pimentas e afirmo que são as mais fortes que tive contato. Elas amortecem a boca, deixando um gosto amargo. Os conhecidos tacos são encontrados em todos os cantos do país. Indico na Itália o ravióli recheado de espinafre com molho de tartufo e o gnocchi de funghi porcini. As pizzas são deliciosas, mas a massa é a grande estrela, ao contrário do Brasil que valoriza mais o recheio. E as famosas bruschettas são os antipastos mais tradicionais. Na França os queijos, macaron (doce típico francês, de diversos sabores) e o pain au chocolat são os meus prediletos. Todas estas experiências tornaram-se especiais pelo fato de eu ser brasileira e ter uma flexibilidade e encantamento derivado da mistura de culturas encontradas em um único e especial país, o Brasil. * Angela Carrascosa Sartori, formada em Letras, é colunista do Jornal Corpo & Equilíbrio e Idealizadora e correspondente internacional do site CulturAll Mind (www.culturallmind.com).
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