Projeto Experimental dos alunos do 8º semestre de Jornalismo da Unimep
Fortunato Losso Netto 1910 - 1985
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Vinicius Boer
Música atrai fiéis para o movimento carismático Grupos de louvor estimulam sentimento, experiências de fé, e cativam os jovens
Mensagens de amor são marca das canções que animam as celebrações da renovação
Mudanças sutis, como o cuidado com a aparência, a presença em reuniões escolares, e o interesse pela culinária têm sido observadas no comportamento dos homens ao longo das últimas décadas. Na tentativa de denominar este novo homem que se mostra na atualidade são cunhados termos como metrossexualidade, mas o fenômeno é mais amplo e envolve dimensões culturais, sociais e econômicas.
Novos valores e atitudes ajudam a compor nova identidade masculina
A nova identidade masculina permite espaço para os novos “donos de casa” e também para pais solteiros que assumem ativamente a responsabilidade pela guarda e educação dos filhos. Analistas do comportamento humano divergem sobre o significado das mudanças. Enquanto para uns trata-se do reflexo de um novo contexto histórico, para outros, não passa de uma adesão a um novo nicho mercadológico. Página 5 Bruno Bianchim Martim
Antigas barbearias se sofisticam e agora são verdadeiros “salões de beleza”
e o ritmo mais animado tem contribuído direta e indiretamente para atrair novos participantes às celebrações católicas. Neste contexto, grupos musicais religiosos, como o Adonai, de Piracicaba, ampliam seu
público e ainda utilizam a Internet e as mídias sociais para divulgarem o seu trabalho. Um dos resultados mais importantes é o engajamento dos jovens nestas comunidades e movimentos espirituais. Página 4
O futuro em boas mãos Crianças despertam para a importância da sustentabilidade e defesa do meio ambiente A conscientização sobre a necessidade de preservação ambiental é um dos principais desafios da sociedade contemporânea e o alvo principal são as crianças. Na escola, em casa ou nos espaços de lazer muitas delas já fazem a diferença e se envolvem em ações concretas de sustentabilidade. Criticam comportamentos antiecológicos dos adultos, fiscalizam e empregam toda sua energia, criatividade e ‘autoridade’ para ajudar a construir um futuro melhor em termos ambientais. Página 3
Karla Gigo Morato
Homem do século XXI partilha responsabilidades com a mulher
A presença marcante da música é hoje uma das principais características do movimento da Renovação Carismática Católica Brasileira. As letras das canções executadas nos grupos de louvor evocam sentimentos
Laura, 11, impede que os pais usem sacolas plásticas em supermercado
leia também Fotos: Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Assessorias de imprensa mudam formas de construção da notícia
A estudante Cynthia da Rocha na comunidade de Bicudinho: Arara Vermelha e o Brasil de verdade
Karla Gigo Morato
Intercâmbio
Estudantes de jornalismo passam temporada nos EUA e no México A estudante Suzana Carrascosa Storolli está no México desde o início deste ano, onde teve a oportunidade de cursar um semestre na Umad (Universidad Madero), na cidade de Puebla. O aluno Arthur Belotto passou o primeiro semestre nos Estados Unidos, no Marietta College, em Ohio. Os dois são estudantes de Jornalismo da Unimep e ficaram esta
temporada no exterior graças ao Programa de Intercâmbio da universidade, que a cada ano possibilita a discentes de diversas áreas a oportunidade de convivência com outras culturas e instituições de ensino do exterior. A experiência é importantíssima para todas as profissões, mas particularmente enriquecedora para futuros jornalistas. Página 7
As redações de jornais, revistas e emissoras de rádio e TV recebem a cada dia mais informações produzidas por assessorias de imprensa. São releases e avisos de pauta produzidos por empresas e setores de organizações públicas e privadas especializados em identificar notícias sobre seus clientes que possam gaImpressão do Jornal de Piracicaba: produção da notícia nhar espaço na im- envolve processo complexo e que requer responsabilidade prensa. No Brasil o serviço já está incorporado OPINIÃO às rotinas do jornalismo desde a segunda metade do século O jornalismo entre passado, mas vem se ampliandemandas públicas e a do nos últimos anos, sobretudo formação profissional a partir dos espaços de comuPágina 2 nicação criados pela internet e suas mídias sócias. Jornalistas Alavanca virtual, arte e assessores de imprensa, editotecnologia - Página 2 res e especialistas analisam essa tendência. Página 6
extensão
Projeto Rondon promove ações de cidadania no interior do país Levar conhecimento e promover ações sócio-educativas em municípios carentes do Brasil. Este é um dos principais objetivos do Projeto Rondon, coordenado pelo Ministério da Defesa, que em julho deste ano possibilitou a permanência de um grupo de estudantes da Unimep durante 15 dias na cidade de Amapá (AP), no extremo norte do país. A estu-
dante de jornalismo Cynthia da Rocha integrou o grupo e relata a experiência. Demonstra que a iniciativa promove cidadania, contribui para formar profissionais mais conscientes do seu papel na sociedade brasileira e, principalmente, ajuda estes estudantes “rondonistas” a entenderem melhor este país imenso e diverso que é o Brasil. Página 7
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Reflexão, crítica e inovação
O Jornalismo entre demandas públicas e a formação profissional
* Paulo Roberto Botão
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m dezembro próximo o Curso de Jornalismo da Unimep forma a sua 34ª turma e há 23 anos a conclusão dos estudos para estes futuros jornalistas inclui a confecção do Ponto Final. O jornal integra as produções feitas pela turma com vistas à participação no Prêmio Losso Netto de Jornalismo, oferecido pelo Jornal de Piracicaba, que terá os vencedores de sua 23ª etapa anunciados no dia 2 de dezembro. A produção do Ponto Final envolve reportagem, edição, fotografia, planejamento visual e produção de texto. O desafio é apresentar ao público um jornal impresso atraente, que seduza pela qualidade dos temas, que convide à leitura, pela forma com que estes temas são desenvolvidos e, mais importante, que provoque a reflexão sobre assuntos que fazem parte do cotidiano das pessoas e que são relevantes para a sua vida. As três reportagens que concorrem ao Prêmio Losso Netto abordam dimensões destacadas da contemporaneidade: as relações entre crianças e preservação ambiental; as mudanças de comportamento e perfil do homem moderno; e o impacto da música sobre a religião. Como complemento, relatos ricos da experiência de estudantes de jornalismo que, para qualificar sua formação, foram conhecer de perto realidades muito distintas: México, Estados Unidos e o Amapá, no norte do Brasil. Outro texto analisa mudanças provocadas no processo de produção da notícia graças à ampliação do espaço das assessorias de imprensa em organizações públicas e privadas dos mais variados tipos. Nossa perspectiva é investir nas experiências de ensino que qualificam profissionais ao jornalismo. Trata-se de um trabalho de educação, pois a universidade é espaço privilegiado de experimentação, de crítica, de reflexão, de inovação. É com este espírito que nos lançamos a cada final de ano à produção de mais um Ponto Final, que para os jornalistas que aqui estudam representa na verdade ponto de partida para uma futura carreira profissional. * Jornalista, mestre em Comunicação Social, diretor editorial e de comunicação do FNPJ (Fórum Nacional de Professores de Jornalismo) e coordenador do Curso de Jornalismo da Unimep EXPEDIENTE - Ponto Final: Órgão laboratorial do Curso de Jornalismo da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba). Reitor: Clóvis Pinto de Castro – Diretor da Faculdade de Comunicação: Belarmino Cesar Guimarães de Costa. Coordenador do Curso de Jornalismo: Paulo Roberto Botão – Orientador e Editor Responsável: Paulo Roberto Botão (MTB 19.585). Repórteres: Arthur Berto Belotto, Bruno Bianchim Martim, Cynthia Regina da Rocha Silva, Suzana Carrascosa Storolli, Karla Gigo Morato, Vinicius Bôer Barbosa. Produção Gráfica e Arte Final: Sérgio Silveira Campos (Laboratório de Planejamento Gráfico). Ilustrações: Bruno Soares Formágio (Página 5) e Luana Beatriz dos Reis (Página 2), alunos do 2º semestre do Curso de Design da Unimep, sob orientação do prof. Camilo Riani. Versão digital: soureporter.com.br. Correspondência: Faculdade de Comunicação – Campus Taquaral – Rodovia do Açúcar, Km 156 – Caixa Postal 68 – Telefone: (19) 3124.1676 – E-mail: prbotao@unimep.br – Impressão: Jornal de Piracicaba.
* Sérgio Luiz Gadini
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Alavanca virtual, arte e tecnologia * Belarmino Cesar Guimarães da Costa
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ilósofo da Antiguidade Clássica, Arquimedes de Siracusa formulou o juízo de que bastaria ter uma alavanca para que pudesse mover o mundo, num momento da história da humanidade de pouca distinção entre ciência, arte, e religião. As ondas de conhecimento ao longo do tempo, tendo como eixo a racionalidade da produção industrial e da passagem do real para o virtual, fez com que prevalecesse a cultura do fragmentário e do uso instrumental da tecnologia. O princípio da separação entre tecnologia e destino humano culminou com atrocidades extremadas ao longo do século passado para cá, sendo que paradoxalmente a civilização passa a alcançar estágios adiantados de substituição do trabalho humano pela máquina e de surgimento de mediações tecnológicas que ampliam fluxos de informação e de capacidade de interação e mobilização. As alavancas tecnológicas que permitem melhor compreensão do homem sobre os fenômenos da natureza, da história e sobre seu corpo e sua existência, ultrapassaram os limiares da percepção imediata e inventariam mundos desconhecidos e que, no campo da virtualidade, representam uma passagem de época. Ou seja, as tecnologias digitais que modificam formas de memória, representação do real e atuam nas esferas da linguagem e da comunicação descentrada, planetária, e que são assimiladas nos momentos de acesso à informação e ao entretenimento, atuam nas transformações no mundo do trabalho, nas mediações nos espaços escolares e nas formas de convivência social. Suas rupturas, ainda não calculadas em termos de processo civilizatório, pois é recente seu aparecimento, produzem ambivalências em termos
de afirmar valores relacionados à democracia e aos direitos humanos. Além de seu uso na produção de condições inovadoras para a produção, lazer e informação, as tecnologias digitais e aquelas que permitem formas complexas de simbiose homem e máquina, remetem também para uma discussão ética com relação à apropriação feita pelas corporações de mídia e pela indústria cultural. A lógica da concentração e a hierarquização de conteúdos permanecem na passagem das mídias tradicionais para o mundo digital, contudo este cria oportunidades para ação política, estética e suscita tensões no campo da linguagem que podem resultar experiências formativas. No campo da videoarte e das produções estéticas que se utilizam de suportes digitais e da linguagem da rede, cuja perspectiva é mover as sensações e potencializar o juízo interpretativo, com a incorporação de materiais não tradicionais, suscitando a participação do observador, e sua mediação construtiva, encontramos oportunidades para vivenciar uma espécie de novo Renascimento, qual seja, da transversalidade presente no meio técnico e na sua ocupação pela arte e pela vida. Em outras palavras, tal como na filosofia de Arquimedes, matemático, astrônomo, físico, ser inquientante frente às forças da natureza e de sua mente, como na de Leonardo da Vinci, há uma possibilidade imanente nas tenologias modernas, a de recombinarem ciência e arte, vida e transcendência, pois em cada artefato/ ferramenta coexistem múltiplas descobertas, em temporalidades das diversas na história e com a competência de ser uma alavanca para mover e descobrir o mundo e a si mesmo. *
Jornalista, doutor em educação e diretor da Faculdade de Comunicação da Unimep
debate em torno da formação profissional em Jornalismo no Brasil passa, neste momento, por dois aspectos fundamentais. O primeiro diz respeito ao recente questionamento da exigência de formação universitária, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal em junho de 2009. O segundo envolve a luta pela aprovação, junto ao Conselho Nacional de Educação, de diretrizes especificas aos cursos de Jornalismo. É com base nestas duas variáveis que outras questões entram como importantes para discutir o assunto. Não resta dúvida de que a interdisciplinaridade deve ser compreendida como estratégia de formação, evitando descentramento do Jornalismo como espaço e forma de produção intelectual nas sociedades complexas da contemporaneidade. Da mesma forma, a integração do caráter extensionista e investigador, constituinte da Universidade Brasileira, deve ser compreendida em sintonia com o ensino (profissionalizante e, simultaneamente, intelectual) do Jornalismo, perspectiva que só tende a fortalecer o processo de formação. É ai que surge um desafio: mais que identificar, e preciso encontrar formas de atender demandas sociais pelas especificidades de formação de profissionais e também pesquisadores em Jornalismo, com diálogos interdisciplinares, forjando produções de fato centradas em jornalismo. Eventuais falas sobre crise do Jornalismo, por exemplo, muito provavelmente, decorrem da incompreensão do fato de que algumas transformações da área indicam a falência de ´velhos´ modelos que, no Brasil, poderiam ser identificados por alguns diários que, ainda, tentam se apresentar como ´grandes´. Os mesmos, aliás, que tentam - em parceria com algumas revistas semanais e redes de TV – indicar os rumos de gestão publica, na maioria das vezes, em defesa de interesses privados. E o que os aproximadamente 350 cursos de graduação em Jornalismo do Brasil têm a ver com esta situação? A pergunta pode ser uma oportuna provocação aos estudantes (mais de 70 mil) e professores (acerca de 5,5 mil) que atuam em Jornalismo nas diversas regiões e estados do País. Resta aos professores, estudantes e profissionais da área repensar as formas de identificação de demandas sociais de mídia, reavaliando as outrora hegemônicas intervenções de grandes grupos privados de comunicação. E, neste momento, uma das oportunas sugestões é se envolver nos debates sobre marco regulatório de mídia no Brasil. Esta demanda política, obviamente, em nada afronta as preocupações cotidianas da grande maioria da população, em especial por se tratar de um assunto de interesse coletivo. E, da forma como está, a comunicação não pode ficar neste País. *
Jornalista, doutor em Ciências da Comunicação, professor adjunto da UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) e presidente do FNPJ (Fórum Nacional de Professores de Jornalismo)
JORNALISMO É NA UNIMEP 31 anos de ensino de qualidade Conceito 4 no Enade/MEC 3 mil metros quadrados de laboratórios 4 estrelas no Guia do Estudante em 2011, 2010 e 2009 Curso Premiado na Semana Estado de Jornalismo e Expocom Convênios, parcerias e estágios em empresas de comunicação da região Programas de Intercâmbio Internacional Produção em jornal impresso, revista, rádio, televisão e internet
Informações: (19) 3124.1676 Acesse nossos sites: unimep.br/jornalismo | soureporter.com.br | jornalunimep.blogspot.com
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Sustentabilidade
Crianças que fazem a diferença Marina Campos
Postura crítica e autonomia determinam atitudes em defesa do meio ambiente Karla Gigo Morato
kmorato@hotmail.com
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duardo Henrique Casagrande Silva tem apenas 7 anos, mas já recicla o lixo e briga constantemente com seus familiares quando esquecem as luzes acesas ou deixam a água escorrendo sem necessidade. “Se deixarmos a torneira aberta os peixes no rio ficam sem água”, denuncia o jovem ambientalista. A prática da sustentabilidade já é compartilhada com o irmão, André Henrique Casagrande Silva, de apenas um ano. “Vou ensinar para ele tudo o que eu sei, como, por exemplo, que temos que tomar cuidados para não deixar o lápis de cor cair muito no chão, porque cada vez que apontamos mais árvores são usadas”, ressalta. A atitude de Eduardo não é um caso isolado de criança ecologicamente correta. Cada vez mais cedo elas têm adotado práticas sustentáveis. E o estímulo para esta consciência ambiental pode partir dos próprios pais, familiares, amigos e da escola. Claudia Maria Alves de Oliveira, encarregada de departamento de pessoal e mãe de Gabriel Alves Machado de Oliveira, de 9 anos, já ‘levou pito’ do filho. “Certa vez eu sem querer joguei um papel para fora do carro. O Gabriel virou pra mim e disse: ‘não mamãe, você não pode jogar, porque vai para o rio e polui’. Ele tinha apenas quatro anos quando isso aconteceu”, conta. E a opinião sustentável e postura de Gabriel também estão presentes nas atitudes da estudante da 5ª série Mirian Estela Rodrigues, de 11 anos. Ela e sua avó controlam o tempo de banho de todos da casa, onde moram cinco pessoas. E a estudante justifica: “Eu vi na escola os rios transbordando, pois estavam entupidos de sujeira. Aquela imagem ficou na minha cabeça e então eu resolvi tomar uma atitude”. Estas situações, segundo o jornalista Heródoto Barbeiro, da rádio CBN Notícias, mostram que “a educação não se resume à sala de aula, e sim ao espaço aonde você exerce a cidadania”. E hoje em dia são muitos e diversos os espaços nos quais o tema pode ganhar destaque. O MSN, serviço de mensagens instantâneas do Hotmail, serviu como incentivo para
Laura Lopes, de 11 anos. Após ver mensagem sobre o desmatamento no país e a quantidade de animais que morriam em virtude disto, mudou seu comportamento. “Antes eu achava que isso era coisa para os adultos se preocuparem. Hoje eu não deixo meus pais fazerem compras utilizando sacolas plásticas”, enfatiza. Laura levou a iniciativa tão a sério que montou um projeto e apresentou para um grupo de amigas de sua turma na escola. Giovanna Coelho, Ana Carolina de Melo, Carolina Baltieri e Lavínia Bettoni foram ‘convocadas’ a ajudar. Da preocupação de Laura surgiu o Projeto Ajudando o Nosso Planeta (Panp), que levou à produção e divulgação, na escola, de cartazes com informações e imagens ligadas ao desmatamento, filhotes de animais sem mães, em perigo ou mesmo em extinção; reciclagem do lixo, entre outros assuntos. “Com certeza a nossa iniciativa surtiu resultados e isso ficou nítido no nosso colégio. O pátio ficou mais limpo após os intervalos. Antes a quantidade de lixo era muito maior”, avalia Lavínia. Além de pôr em prática a atitude sustentável na escola, as meninas do Panp aplicaram os novos hábitos em casa e mudaram a rotina dos pais. “Minha mãe usava saquinhos plásticos para carregar as compras do supermercado. Agora ela usa caixas de papelão que o supermercado oferece. Até os óleos de cozinha usados são encaminhados para uma instituição que os recolhe, e as pilhas ela descarta no banco”, explica Ana Carolina. No caso de Marcelo Mischiatti, 11 anos, a postura sustentável foi estimulada na escola, a partir da proposta de trabalho de um de seus professores. “Resolvi abordar a questão do meio ambiente para desenvolver um trabalho de conscientização. O objetivo foi mostrar quanto tempo cada material demora para se decompor na natureza”, conta. Para Vinícius Olivetto Fernandes, também de 11 anos, o exemplo vem de casa e envolve criatividade e diversão. “Minha mãe separa o óleo de cozinha para fazer sabão, e ela mesma faz. Já eu reutilizo as sacolinhas plásticas. Elas viram rabiola para as minhas pipas”, diz. A produção de brinquedos, aliás, é uma ótima estratégia
Estela Rodrigues separa o lixo e faz o descarte consiente; Eduardo Casagrande Silva brinca com os “pés de lata”
Mídia consciente
para a educação ambiental com crianças e existem muitos exemplos de sucesso neste campo. A avó de Eduardo Henrique Casagrande Silva, o ensinou a fazer ‘pés de lata’. “É só pegar duas latas de leite em pó, fazer um furo de cada lado, passar uma corda por dentro de cada uma das latas e depois amarrar. Pronto. Depois é só subir nelas e andar”, explica o garoto. Segundo a coordenadora de educação ambiental do Consórcio PCJ, Andrea Borges, a introdução de jogos didáticos, maquetes e a brincadeira auxiliam na promoção da educação ambiental para crianças. “É fundamental para que elas possam observar e sentir na pele o que estão fazendo e o que a aquela atitude tem a ver com o meio ambiente. É o que chamamos de aprender brincando”, afirma. Andrea ressalta que investir na conscientização das crianças é muito produtivo, pois elas ainda estão desenvolvendo opiniões próprias sobre os assuntos. “Quando se trabalha um adulto, que já há muitos anos escovou os dentes com a torneira aberta, fica difícil criar nele um novo hábito. Mesmo porque muitas vezes esses atos são feitos inconscientemente”, argumenta.
Um dos grandes desafios na área da educação ambiental é produzir e difundir informação de qualidade e, na opinião do jornalista e escritor José Pedro Martins, a mídia hoje ocupa papel de destaque neste cenário. “A responsabilidade que os meios de comunicação têm na formação do cidadão é muito grande, pois desenvolvem o senso critico das pessoas. Isso acontece ainda mais com os jovens, que ainda estão formando a opinião em relação a vários assuntos”, avalia Martins. A televisão é o veículo de maior influência, como diz o jornalista Heródoto Barbeiro: “A televisão tem o papel até mais relevante que outras plataformas. Ela é o grande veículo de comunicação do século 20, e não estou falando do século 21, pois este é da internet. Todos os lares brasileiros têm televisão. O brasileiro assiste uma quantidade de horas de televisão maior que nos outros países do mundo”. Mas, a questão não é somente de massificação da informação, e sim de qualificação, do contrário corre-se o risco inclusive de se desgastar certos conceitos. Martins adverte: “Hoje a sustentabilidade virou uma palavra da moda. Hoje tudo é sustentável, assim como há alguns anos tudo era ecológico. É preciso ter um pouco de noção do que significa sustentabilidade e também ter muito cuidado com o que a gente fala, para que o conceito realmente seja transformador. No fundo trata-se de um desafio para as pessoas mudarem seu estilo de vida”. A qualidade da informação também é ressaltada pelo jornalista André Trigueiro, um dos principais especialistas do país em jornalismo ambiental. Em sua opinião, o envolvimento com o tema também pressupõe certo grau de engajamento. “Ser bem informado com relação ao meio ambiente, significa estar preocupado”, enfatiza. Para a coordenadora de educação ambiental do consórcio PCJ, Andréa Borges, a mídia é essencial para a formação do jovem. “Hoje se fala muito de ‘educomunicação’, que é toda essa parte de como a comunicação tem a ver com a nossa educação, e eu acho que tem tudo a ver. Esse papel de formiguinha, em que cada um faz a sua parte, e a mídia tem como fortalecer.”
Fotos: Karla Gigo Morato
SERVIÇO Acompanhe também na Internet TWITTER - @P_sustentavel BLOG - paposustentavel-jor.blogspot.com Laura Lopes, idealizadora do Pamp usa sacolas retornáveis para fazer compras
FACEBOOK - Papo Sustentável
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Sábado, 19 de novembro de 2011 Anderson Junque
Ritmo animado e letras que emocionam dão vida a “louvor” da Renovação Carismática Católica
o poder da música A
musicalidade dos grupos de oração da Renovação Carismática Católica tem se tornado ferramenta poderosa de evangelização e aproximação de fiéis. Originário de tradições cristãs protestantes norte-americanas, o movimento carismático surgiu no Brasil na metade do século passado e apresenta características que aproximam as igrejas evangélicas e católica. Na comunidade católica, de acordo com o teólogo Osvaldo Elias de Almeida, a renovação promove dinâmica diferenciada nas reuniões de orações. “Os encontros são marcados pela linguagem menos engessada do sermão, maior tempo de louvor e músicas mais alegres acompanhadas de instrumentos e movimento do corpo”, afirma. “A música ungida pelo espírito santo atinge o emocional, o intelecto e a sensibilidade, de forma que a pessoa começa sentir o poder de Deus”, ressalta a cantora Salete Ferreira, da Canção Nova, para quem o louvor é uma ferramenta poderosa de evangelização. “Em canções busco relatar todas minhas vivências com Deus, para atingir também as pessoas que ouvem meu testemunho de vida”, diz.
O Grupo Adonai, de Piracicaba leva louvor a missas e eventos religiosos
Este compromisso de evangelizar através da musica é o principal objetivo do grupo Adonai, criado há dez anos na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, em Piracicaba. O ministério conta com nove participantes e, segundo o vocalista Marcos Tadeu Januário, nasceu com o objetivo de animar celebrações e eventos sociais. “O louvor carismático promove maior participação entre o conjunto, as pessoas que levam a mensagem e os fiéis”, destaca. Para Edivaldo José Bor-
Vida nova “Eu não dormia há oito anos”. A fala é de Vania Santarosa e descreve a época que, segundo ela, foi a pior de sua vida. Após perder o filho de três dias, há 24 anos, a dona de casa ficou abalada emocionalmente. “Eu sonhava todas as noites com o mesmo episódio do dia em que eu fiz o parto”, conta. A recuperação teve inicio em um retiro espiritual realizado em Nova Odessa, em 2003, quando um cântico mudou a sua vida, como ela mesma lembra com emoção: “Enquanto o padre ministrava, tocou uma música que falava sobre cura interior. Naquele momento fui modificada e conquistei a paz que eu tanto buscava”. O alcoolismo e a depressão foram os principais problemas superados por Lúcia Muterle. “Vivia angustiada, tomava remédios fortes e fazia tratamento com psicólogo
e psiquiatra”, diz. Ao participar de um grupo de oração foi transformada. “No momento da música, a oração parecia ser direcionada para minha vida. Foi nesse dia que fui curada e hoje sou feliz junto com a minha família”. Sentimentos de rebeldia e depressão, de acordo com o cantor Laércio Oliveira, são as principais curas relatadas por fiéis nas apresentações das quais participa. “A música tem o poder de juntamente com a fé atender a necessidade do coração humano e ajudar a pessoa a se encontrar mais rapidamente”, explica. Um centro de recuperação foi o local em que Alexandre Sia teve a primeira experiência de fé. Viciado em drogas, foi encaminhado para uma clínica mantida pela igreja católica em Guaratinguetá. E ele conta que a música foi importante neste
toletto, professor de Filosofia da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba), a maior parte das composições carismáticas tem características semelhantes. “São letras que retratam necessidades materiais e físicas, falam da realidade dos sentimentos, emoções e atingem o psicológico”. Em sua opinião, existem dois tipos de músicas: as de boa e as de má qualidade. “Boa é aquela que consegue fortalecer a experiência de fé. Ao contrário disso, há um empobrecimento”, afirma.
Tecnologia Todo esse movimento tem crescido e a internet e as novas tecnologias de comunicação têm contribuído para atrair novos seguidores. A estudante Carolina Gabetel, por exemplo, tem o hábito de criar listas de músicas no celular com programas disponíveis na rede e, mesmo sem pertencer ao movimento carismático católico, se tornou fã da banda Rosa de Saron, ligada à renovação. “Comecei a escutar sem saber que era católica. As letras me tocam muito. Hoje é uma das
bandas que mais gosto”, afirma. Para o baixista da Rosa de Saron, Rogério Feltrin, as ferramentas disponíveis para baixar músicas na internet levam a mensagem para o público de maneira geral. “Nossa banda nasceu em berços carismáticos e hoje alcançamos várias tribos jovens que não pertencem ao catolicismo”. Em sua opinião, através da música é possível atrair novos seguidores para a religião. “A mensagem que levamos faz com que a pessoa reflita, faça escolhas, reveja conceitos e compreenda que a religião é algo bom para a vida”, enfatiza. Outra forma de divulgar mensagens e músicas são as redes sociais como Twitter, Facebook e Myspace. Segundo o especialista em mídias sociais, Walter Teixeira Lima Junior, a troca de informações é uma das principais características destes espaços. “São ferramentas que modificaram a sociedade. Elas aproximam usuários que têm o mesmo modo de falar, sentir, expressar, de forma a permitir a troca de experiência entre seres humanos da mesma tribo”. As mídias sociais, segundo a especialista em comunicação online Pollyana Ferrari, se tornaram canais de relacionamento e participação efetivos. “Não é possível pensarmos no leitor ou usuário da rede
com uma leitura passiva e sim o local em que todos participam. Todo brasileiro tornou-se mídia. Bastar ter um celular”, observa. Para o teólogo Osvaldo Elias de Almeida, com o advento da internet também houve mudança na relação entre fiéis e padres. Ele explica: “A participação dos representantes carismáticos, com a nova comunicação, fez a linguagem mudar, e o padre passou a ser mais ‘amigo’ dos fiéis. Além disso, o contato, que antes era semanal passou a ser diário, é possível receber mensagens diárias através das redes sociais”.
Vinícius Bôer
empauta@hotmail.com
Salete: a música faz o fiel sentir o poder de Deus
Fotos: Anderson Junque
Vinícius Bôer
Vinicius Bôer
Vinícius Bôer
Celebração na Igreja Nossa Senhora dos Prazeres
Vania: “conquistei a paz que eu tanto buscava
Alexandre Sea: “uma música me convidou a andar na presença do espírito santo”
processo: “Foi nesse lugar que ouvi uma música que me convidou a andar na presença do Espírito Santo”. Em muitas situações, a superação de dramas familiares começa por um dos parceiros, que acaba “contaminando” o outro. Cleusa Silva teve uma vida conjugal conturbada e acredita que uma das causas foi ter se casado muito cedo, ainda
na adolescência. Sua história também mudou a partir de uma opção pelo engajamento religioso. “Meu marido nunca teve base religiosa. Ele mal ficava em casa. Depois que virei missionária e coloquei a vida dele em minhas orações o relacionamento mudou. É outro homem”, relata. A mudança de vida que atinge fiéis do movimento ca-
rismático também é notada na vida dos jovens, para os quais a música tem um papel decisivo. Para o técnico de som Maurício Trez Ottani, a entrada na renovação mudou a sua visão em relação à igreja. “Achava a missa muito chata. Quando conheci a Renovação Carismática vi que a religião pode ser legal. Hoje, minha vida é muito mais feliz do que antes”, conclui.
Lúcia: “a oração parecia ser direcionada para a minha vida”
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Um novo
tempo,
Um novo
homem Responsabilidade com os filhos, atenção à moda e cuidados com a saúde já combinam com masculinidade Bruno Bianchim Martim
bruno_bianchin@terra.com.br
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einaldo João Martim é o tipo de sujeito que não se torna refém de observações alheias. Se incomodar com elas? Jamais, até porque, se ligasse, não teria optado por seguir a profissão que o fez ser um dos pioneiros em sua cidade. Há 24 anos em um salão que leva o nome “Rei do Cabelo”, em Rio das Pedras, realiza o ensejo de clientes femininos e masculinos. Quando seus cortes começaram a surgir, as opiniões sobre sua ocupação eram menos cautelosas e mais preconceituosas, garante. “Hoje, as pessoas têm mais cuidado com classificações de gêneros sexuais, mas, naquela época, cheguei a sofrer resistência. Agora, há tanto tempo no ramo, todo mundo sabe que o que faço é por gosto e aptidão”, afirma o cabeleireiro, que aponta o surgimento de um novo perfil de homem em seu salão: os metrossexuais. “Antigamente, para o homem ser macho, ele tinha que estar suado e não ter cuidados
com a aparência. Hoje, esse panorama é outro. No meu salão, por exemplo, tiro sobrancelhas e tenho cuidados extras com os clientes. É uma tendência dos últimos dez anos”, diz. Dos clientes atendidos por Martim, 70% são homens. Esta mudança de perfil sentida pelo cabeleireiro vem ganhando força nos últimos anos. Estudo feito pela empresa L’Oreal, do Reino Unido em 2010, com 1.013 homens, revela que um em cada cinco entrevistados tinge os cabelos para disfarçar os grisalhos. Quase dois terços dos homens (56%) usam produtos cosméticos diariamente, e dois em cada cinco (39%) usam produtos de limpeza facial diariamente para cuidar da pele e combater os efeitos do envelhecimento. Para a professora do Curso de Psicologia da Unimep, Telma Regina de Souza, entretanto, a mudança é menos acentuada do que aparenta. Ela argumenta que hoje, com a facilidade de consumo, os homens aderiram a um novo nicho mercadológico – que também é estimulado pela cultura e tendência global –, mas
Fotos: Bruno Bianchim Martim
Vaidade masculina estimula mercado de cosméticos
isso não os ressignifica dentro de uma escala de rótulos. “A indústria abriu os olhos para esse tipo de homem metrossexual, que se importa com a aparência, por isso o reflexo no aumento desse percentual de homens que se preocupam com a beleza tem crescido. Contudo, isso não mostra uma mudança mais brusca no perfil masculino”, explica.
Del Rodrigues
Tedesco: “mudanças são rápidas”
Donos de casa Valdir Alves de Santana perdeu a esposa há cinco anos e, desde então, cuida sozinho o crescimento de suas duas filhas gêmeas. Não é o único neste campo. Atualmente, cada vez mais os homens assumem ativamente o cuidado com os filhos e o ‘gerenciamento’ da casa, sendo em muitos casos pais e mães ao mesmo tempo. “No começo tive algumas dificuldades, mas com o tempo elas acostumaram com a criação e não tive problemas”, conta Santana. Mas, ele admite que sua presença muitas vezes causa estranheza. “É estranho ver um pai presente em todas as reuniões da escola, um pai que faz a janta e limpa a casa todos os dias. É, no mínimo, diferente”. Santana relata que uma das suas maiores dificuldades é a falta de tempo, pois a rotina diária das filhas é intensa. “Logo pela manhã, quando saio de casa para trabalhar, levo as duas para um clube da cidade onde praticam esportes, tomam banho, almoçam e vão para escola. À tarde, após o trabalho, pego elas na escola e vamos para casa, onde preparo a janta e cuido delas”, resume. Situação semelhante é vivenciada pelo biólogo Evaristo Luis Artuso, que optou por
criar dois netos – os dois com menos de 12 anos – longe de sua filha e mãe dos garotos. No seu caso, contudo, conta com o apoio da esposa, com quem divide as tarefas: ele com a parte externa (escola, entretenimento), e ela, com a interna (cuidado com as crianças em casa). “Acompanho muito eles no rendimento escolar, vou a todas as reuniões, mas sempre deixo os cuidados domésticos como higiene e o preparo de
O jornalista e historiador Erick Tedesco acrescenta que o homem é reflexo de um contexto histórico. Então, o novo perfil, na verdade, carrega o sentido da evolução do indivíduo perante as mudanças do tempo. Tedesco exemplifica as mudanças regredindo ao início do século 20. Naquele período, no Brasil, o homem se deparava com um universo complexo de novidades, mas ainda carregava a figura do pai de família, austero, semblante imponente e formalmente vestido para cada ocasião. “Hoje, este mesmo homem tem a sabedoria de décadas de transformações, de tabus quebrados e desmistificados e, no quesito vestimenta, por exemplo, tem muitas opções. Neste sentido, entendo que o homem moderno é aquele que compreende as mudanças da história social e consegue se enquadrar onde considera conveniente”, ressalta. E mesmo aqueles que adotam uma nova postura diante do corpo e de sua aparência muitas vezes não gostam de
serem rotulados em razão do seu comportamento. Este é o caso do estudante Ângelo Correa, típico jovem que valoriza a estética e que a cada nova espinha no rosto fica intranqüilo, mas que é taxativo sobre o assunto: “Quase todos os homens de hoje se preocupam com os cuidados pessoas. Eu não sou diferente, mas não gosto de ser chamado de metrossexual, prefiro ficar com o nome de cuidadoso”. Na visão de Tedesco, o mais importante é não se conformar com os aspectos cosméticos das mudanças, pois o indivíduo, no caso, o homem, deve dialogar consigo mesmo, refletir sobre os próprios limites, as vontades e viver sem enquadramentos. “Numa sociedade do imediatismo, as mudanças são rápidas, as modas passageiras e muitos dos conceitos proferidos como ‘modernos’ são descartáveis. Absurdo era, como há séculos, o assunto moda ser blasfêmia entre homens, assim como cozinhar ou cuidar de bebês”, finaliza o historiador
Mídia
Abril aposta no ‘macho-alfa’
Santana: presença constante nas reuniões escolares
Avós dividem as tarefas para cuidar dos netos
almoço e janta para minha mulher. Dividimos bem o trabalho para não sobrecarregar ninguém”, explica. O caso, na visão da psicóloga Telma, é revelador do nível de mudanças que ocorre nesta área, pois apesar de admitir que exista uma participação cada vez maior do homem na educação dos filhos, ela adverte que na grande maioria dos casos a presença da mulher ainda é fundamental. “Pais que cuidam sozinhos dos seus filhos são raros. Na maior parte dos casos, sempre há a participação ou suporte de uma mulher por traz, seja em casa ou no processo educacional. As mulheres ainda são muito mais ligadas a isso, portanto, não existe um conceito de novo homem”, aponta Telma.
Desde o final de 2010, o público masculino tem à disposição um novo tipo de revista. A Alfa, do grupo Abril, traz assuntos como moda, gastronomia, cultura, cuidados pessoais e esportes, só para homens. Há pouco tempo, esse nicho editorial não era explorado. Reflexo destes novos conceitos, ela é a primeira com esse enfoque no país. “O Grupo Abril sentiu que existia uma forte demanda por um tipo de revista classe A como a Alfa. Foi a partir daí que demos forma a ela, vimos que o público masculino necessitava de uma revista como ela”, afirma o jornalista Kiko Nogueira, diretor de redação da Alfa. Pesquisa da editora Abril, entre os leitores da Alfa no iPad, mostra o perfil do público: a maior parte é composta por homens entre 30 e 39 anos, casados e com filhos; o grau de instrução é alto – 83% dos leitores têm
graduação e especialização e desse total, 39% fizeram pós. Este perfil de leitores aumenta a exigência de qualidade e desafia a equipe que produz a revista. Nogueira conta que o diferencial em relação às demais não está apenas nos seus textos, mas no seu conteúdo refinado. “Tentamos trabalhar, em nossas capas, com heróis e pessoas que conotam essa idéia de um homem diferente, mais requintado”, explica.
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Assessoria de imprensa cresce e exige versatilidade dos profissionais Fabrice Desmonts
Bruno Bianchim Martim
bruno_bianchin@terra.com.br
As assessorias de comunicação e imprensa empregam cada vez mais jornalistas e se tornam opção significativa de trabalho para boa parte dos formados nesta área. A expansão ocorre tanto no setor público, que tem obrigação de prestar informações à sociedade, quanto no setor privado, que se esforça para ver assuntos de seu interesse divulgados na mídia. “Já é de conhecimento de todos que as agências de comunicação estão contratando muitos profissionais e esse é um mercado de muito potencial, ou seja, quem entrar agora pode fazer uma carreira rápida em menos tempo do que numa redação, por exemplo, e com salários maiores”, afirma o jornalista Cid Luis de Oliveira Pinto, um dos proprietários da Alfapress Comunicações.
Em sua visão, o ponto forte da atividade é o relacionamento. “Hoje as agências de comunicação se preocupam muito com o relacionamento com os jornalistas, oferecendo pautas interessantes para os leitores, já que conhecem muito bem os veículos de comunicação, o público e o setor que o veículo cobre”, acrescenta. A atuação nas assessorias pode também ser espaço para ampliar a formação e o senso crítico dos profissionais, principalmente quando atuam no setor público. É o que diz o diretor regional do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo e assessor da Câmara dos Vereadores de Piracicaba, Martim Vieira. “É uma vantagem que talvez o jornalista de redação não tenha. Na Câmara, por exemplo, chegam várias demandas populares, como mobilidade urbana e meio ambiente. Por isso, trabalhar em um órgão
Departamento de Comunicação da Câmara de Vereadores de Piracicaba: informação como serviço público
público dá uma dimensão que talvez não fosse possível para um setorista de imprensa”, diz. A carreira exige versati-
lidade. É preciso criar situações para a cobertura sobre as atividades do assessorado, apresentar informações perti-
Karla Gigo Morato
nentes aos seus interesses no contexto midiático e capacitar o cliente e outras fontes de informação institucionais em relação
ao funcionamento da imprensa. De acordo com a jornalista Cristiane Sanchez, da MBM Idéias, existem temas que exigem um cuidado maior na sua divulgação. “Procuramos sempre nos colocar no lugar do editor e repórter ao avaliar a relevância do assunto. Assessores de imprensa experientes sabem avaliar a importância de cada pauta. Há assuntos que rendem notas, outros merecem um tratamento mais cuidadoso, com abordagem direta pelo assessor”, explica. Para Cristiane, os vínculos entre jornalista e assessor só são estabelecidos quando existe uma relação ética. “Quando você (assessor) oferece conteúdo relevante aos seus colegas, quando você, de fato, age como um facilitador do trabalho da imprensa, e não meramente um defensor dos interesses do seu cliente”, afirma, elencando fatores que auxiliam na relação entre os profissionais da mídia.
Entrevista
Para Lorenzon, transparência e interesse público são os princípios
Redação do Jornal de Piracicaba: desafio de buscar e checar as informações
Karla Camargo
Vinicius Bôer
empauta@hotmail.com
Editores recomendam equilíbrio e profissionalismo Karla Gigo Morato
kmorato@hotmail.com
Equilíbrio. Essa é a chave para uma boa relação entre assessoria de imprensa e as redações dos meios de comunicação. A opinião é de editores de jornais de Piracicaba, Limeira e Americana, que admitem, na atualidade, a contribuição e importância das assessorias. “O trabalho da assessoria é extremamente importante em relação aos jornais, porque elas podem contribuir com informações, de forma mais ágil e, por se tratar de jornalistas, sabem – ou deveriam saber – quais são as demandas das redações”, argumenta o editor chefe de A Tribuna Piracicabana, Erich Vallim Vicente. Para o chefe de reportagens de O Liberal, de Americana, João Turquiai, o trabalho das assessorias é importante para complementar as informações que compõem o jornal. “Elas são muito úteis quando apresentam sugestões de pauta interessantes e se propõem a
auxiliar o repórter no contato com a fonte”. Mas, pra que o trabalho se torne eficaz tanto para a redação quanto para a assessoria, é necessário que exista um equilíbrio. “Eu recebo muitos e-mails por dia e não consigo ler todos. Por isso, é bom quando o assessor liga para avisar que enviou uma pauta. Mas, os assessores não podem se esquecer que temos horário de ‘fechamento’, e alguns insistem em ligar justamente nesta hora”, conta a jornalista Ude Valentine, editora responsável do Jornal de Piracicaba. Um problema apontado por todos os editores entrevistados está no fato das assessorias “entulharem” as redações com sugestões de pauta que só interessam a seus próprios clientes. “Eles não entendem que na redação, a visão é mais ampla, pensando mais no interesse público”, defende Vicente. Outro problema apontado por Turquiai é a falta de expedientes aos finais de semana ou fora do horário comercial. “É
imprescindível que o assessor se mantenha disposto a prestar auxílios à imprensa nesses períodos, principalmente quando se trata de assuntos de grande relevância como, por exemplo, empresas que fornecem serviços de energia ou gás para uma determinada cidade ou região. Independente do dia ou horário, seus interlocutores (assessores) têm de ser facilmente encontrados e, mais que isso, devem se esforçar para apresentar informações que auxiliem o repórter.” Joacir Cury, editor da Gazeta de Piracicaba alerta ainda que o profissional de assessoria de imprensa precisa escrever como jornalista de um jornal diário. “Não cabem badalações e predicados em texto. Notícia é informação, muitas vezes o jornalista de assessoria não vê isso, nem mesmo no lead.” Ele completa: “Jornal vive de histórias e as assessorias com certeza têm boas histórias, basta terem a percepção do que é notícia boa e passar para a imprensa”.
Especialista em gestão de crises e media training, o jornalista Gilberto Lorenzon, autor do livro Manual de Assessoria de Imprensa (Editora Mantiqueira, 2011), Gilberto Lorenzon defende, em entrevista ao Ponto Final, que a atividade exige planejamento e profundo conhecimento sobre o jornalismo. Confira: Qual o papel das assessorias de imprensa na produção da notícia? A atividade de Assessoria de Imprensa, tal qual conhecemos hoje – uma instituição destinada a trabalhar focada na notícia – é uma criação relativamente recente. No Brasil, as assessorias chegaram durante os anos 50, embutidas nas multinacionais que aqui se instalaram. Entretanto, aqueles antigos assessores, com formação em Relações Públicas e Propaganda, atuavam, respectivamente, com foco no relacionamento e na sedução. O desconhecimento do conceito de notícia desses antigos profissionais, naturalmente desagradava à imprensa. Foi então que alguns pioneiros resolveram reverter a situação: passaram a oferecer à imprensa o que ela mais ambicionava, isto é, a notícia. Hoje ninguém questiona a importância das assessorias para a produção diária de conteúdos para a mídia. A imprensa reconhece que sem a intervenção dos assessores, muitas informações não chegariam às redações. Pesquisas comprovam que cerca de 80% das matérias diárias são realizadas com o apoio das assessorias. Quais as principais funções
Gilberto Lorenzon durante palestra aos alunos do Curso de Jornalismo da Unimep, em setembro
do assessor de imprensa? Cabe ao assessor executar quatro tarefas estruturais. As duas primeiras reportam-se aos anos 60/80, quando os assessores utilizavam a emissão de releases – e o atendimento à imprensa, para estabelecer interlocução com as redações. Durante os anos 80/2000, a profissão subiu dois importantes degraus, ao introduzir em sua plataforma de tarefas outras duas ferramentas básicas, ou seja: a preparação de fontes e gestão de crise. O media training, diga-se, aperfeiçoou o discurso público das fontes, permitindo a exploração consciente dos espaços disponíveis na mídia. Atualmente, pode-se dizer que as mídias sociais se constituem na quinta atividade macro da profissão, afinal, a exemplo do jornal, rádio e TV, elas já fazem parte do portfólio
de relacionamento das assessorias, o que representa, ao mesmo tempo, desafio e oportunidade para os assessores. O assessor de imprensa deve seguir as mesmas orientações éticas que o jornalista dos meios de comunicação? Já existe um código de ética que regulamenta a atividade de jornalista. Essa carta de princípios é baseada na transparência e no interesse público, princípios que devem pautar a atuação do jornalista. Portanto, cabe ao assessor de imprensa, seguir esses mesmo princípios já consagrados. Como as assessorias de imprensa devem se preparar para as chamadas “situações de crise”? Todo mundo sabe o que fazer quando começa um incêndio numa fábrica. Existem até brigadas, treinadas pelas Cipa. Em contrapartida, poucos sabem o que fazer quando eclode uma crise de comunicação. Do porteiro, ao presidente. No Brasil, o gerenciamento de crise em comunicação surge em 1996, com a queda do avião da TAM, no bairro do Jabaquara, em São Paulo. Até então, gestão de crise era um tema exclusivo do universo da Engenharia de Segurança – e não da comunicação. Hoje se sabe que as crises não podem pegar todos confusos ou despreparados. É necessário planejar ações preventivas. Assim, as instituições, com o apoio das assessorias de imprensa, devem constituir Comitês de Crise. E implementá-los nos momentos de calmaria, não no olho do furacão. Até porque mais cedo ou mais tarde as crises virão. E com elas, os jornalistas.
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Amapá, Brasil, um ‘outro’ país Projeto Rondon promove integração e leva conhecimento a comunidades carentes Fotos: Cynthia da Rocha
* Cynthia da Rocha Nove de julho de 2011 será sempre um dia especial em minha trajetória profissional. Nesta data, um sábado, embarquei para a experiência mais marcante da minha vida até então. Ao lado de outras dez pessoas, oito estudantes, de diferentes cursos, e dois professores da Unimep, parti para o Amapá (AP) – é isso mesmo, a cidade do Amapá, no Estado do Amapá – como integrante da equipe do Projeto Rondon, vinculado ao Governo Federal. No primeiro dia de atividades, na capital do Estado, Macapá, o grupo de ‘rondonistas’ ficou hospedado no 34º BIS (Batalhão de Infantaria de Selva). Fomos recebidos pelos soldados e pernoitamos nos alojamentos, meninos de um lado, meninas de outro, tudo muito sério! Na manhã seguinte acordamos tipicamente como soldados, ao som de tiros e cornetas. Tomamos café da manhã e pegamos um ônibus que nos levou até nosso destino, a cidade de Amapá (8005 habitantes segundo dados do IBGE de 2011). Em Amapá desenvolvemos projetos nas áreas de meio ambiente, saúde, informática, teatro, entre outros. Criamos laços de amizade dentro e fora do grupo e a população local nos transformou em “celebridades”. Ganhamos frutas e outros presentes, e as pessoas nos paravam nas ruas para nos lembrar das datas e horários das nossas próprias atividades. Dirigimo-nos às comunidades mais afastadas e, em uma delas pude ver e tocar uma arara
Fotos mostram realidade das comunidades visitadas pelos intercambistas
vermelha. Em outra, a de “Bicudinho”, no meio da floresta Amazônica, fiquei deslumbrada com a riqueza da mata, e com a generosidade do povo, que nos acolheu com um café da manhã completo (tapioca, macaxeira e cuscuz – diferente do nosso) embaixo de um telhado grande aberto. No local, improvisado, promovemos brincadeira com as crianças, medição de pressão arterial e glicemia e palestras sobre uso de posse da terra (tema muito importante naquela região) e sexualidade. Em “Bicudinho” também ocorreu o encerramento do projeto, e fomos presenteados
Arquivo pessoal
Cynthia durante recreação com crianças na comunidade Bicudinho
pela comunidade com um convite para uma trilha pela floresta amazônica, uma oportunidade especial, única, que me encheu os olhos. Em muitos momentos fiquei surpresa com a qualidade de vida que esses municípios classificados como carentes podem oferecer. Sem se preocupar com internet, com o tempo corrido das cidades industrializadas, as pessoas podem ver o pôr e o nascer do Sol no Equador, O Projeto Rondon tem como slogan “Lição de vida e de cidadania” e realmente é o que realiza, mas acredito que a lição serve mais pra quem vai
às comunidades atendidas do que para quem “é beneficiado”. Os amigos que fizemos nesta terra distante, as experiências e tudo que vivemos marcaram nossas vidas, e afirmo isso com conhecimento de causa e circunstância, e foram muitas circunstâncias, umas mais belas do que outras, e todas memoráveis. A experiência é rica para todos os universitários, mas particularmente importante para o estudante de jornalismo, pois a vida é a essência do seu trabalho. A convivência no Amapá nos ensinou a dar valor às pequenas e simples coisas da vida, como um banho quente, ou um simples bom dia sorridente a um estranho. * Cynthia Rocha, é estudante do 4º ano de Jornalismo da Unimep e participante do Projeto Rondon 2011, na Operação Oiapoque, no Amapá.
Arquivo pessoal
Jornalismo no Marietta College * Arthur Belotto
arthurbelotto@gmail.com
Suzana (quinta à direita) participa de festa típica no campus da Umad
México estimula magia da cultura e do conhecimento * Suzana Carrascosa Storolli suzanasbo@hotmail.com
Há nove meses estou estudando na Umad (Universidad Madero), em Puebla, no México, um país divertido, cultural, colorido e mágico. Desde minha chegada todos foram muito receptivos e no começo se mostraram curiosos sobre a cultura brasileira. Também me apresentaram a gastronomia mexicana, e os amigos me levaram para conhecer a montanha Malinche, as pirâmides de Cholula (a maior do mundo em volume total) e a Cerrito de Querétaro, os acampamentos de Atlixco. Conheci a cultura maya, azteca e os sombreros tradicionais. O mexicano é feliz e tenta ser positivo nas diversas situações do cotidiano. As pessoas são hospitaleiras, carinhosas e detalhistas. Os mexicanos também cultuam as datas comemorativas, como os feriados da Batalha de Puebla (México
x França), no dia 5 de maio. Se orgulham da independência do país, comemorada no dia 15 de setembro com festas, grito da independência pelo presidente na Cidade do México, bandeiras pelas ruas, roupas tradicionais e jantar entre as famílias. Em fevereiro celebram o dia da Candelaria e os tamales (um prato salgado, estilo a pamonha recheada), e os pães da tradição dos reis magos. Neste período como intercambista tive a felicidade de assistir à abertura dos jogos Panamericanos de Guadalajara, junto com meus pais, que neste momento também estão no país. Vimos os esportistas brasileiros conquistando suas medalhas, o show do Maná e Juanes, fatos memoráveis e emocionantes. Também presenciei o show do David Guetta nas pirâmides, vi a colombiana Shakira em Puebla, conheci a maior rede de televisão do México – Televisa, fui entrevistada pela TV Azteca e a rádio
Sempre quis conhecer os EUA e por mais clichê que isso seja, descobrir que iria morar lá durante quase seis meses foi a realização de um sonho. Cursar uma faculdade em uma típica e pequena cidade americana, morando no campus com outros estudantes americanos e de outras nacionalidades, tornou a experiência mil vezes mais interessante. Após muita expectativa e minha primeira viagem de avião, desembarquei no aeroporto de Columbus, Ohio, no dia 04 de janeiro, quase a meia-noite, para dar início ao meu intercâmbio universitário. Passei os cinco meses seguintes em Marietta College, fundada em 1835, uma escola privada que oferece 42 cursos de graduação e pós-graduação
e possui atualmente aproximadamente 1.400 estudantes. Reconhecida como uma das melhores instituições de ensino de Arte do Centro-Oeste dos Estados Unidos, tem como objetivo formar pensadores críticos e líderes capazes de resolver problemas e tomar decisões que influenciem o mundo do século XXI. Lá eu tive a oportunidade de cursar matérias relacionadas ao meu curso – Jornalismo – e Arquivo pessoal
Puebla FM 105.9, trabalhei na área de Comunicação e Multimídia Universitária da UMAD e conheci a luta livre. Freqüentei exposições de comunicação, falei com minha avó por skype, consegui ser correspondente internacional do México no Blog da MTV Brasil (mtv.com.br/tacosypitacos) e coloquei em prática, com minha mãe, o sonho de fazer um projeto cultural pela internet, o Arriba Cultura (arribacultura.com). Foi a melhor experiência da minha vida, pois fiz amizades que vão ficar para sempre e só posso agradecer pela oportunidade, aos que me ajudaram em Puebla, Cancún, Querétaro e Cidade do México. Uma coisa é certa: eu nunca mais vou ser a mesma Suzana que todos conheceram! * Suzana Carrascosa Storolli, é estudante do 6º semestre do Curso de Jornalismo da Unimep, está em período de intercâmbio na Umad (Universidad Madero), no México.
Convivência com americanos e intercambistas enriquece formação critica e universal
Para Arthur, integração é o ganho principal do intercâmbio
conviver com estudantes norte-americanos e intercambistas de 13 países diferentes. Aprendi que o importante em uma experiência de intercâmbio é se abrir, abraçar o novo. Vale a pena conversar com todos, sobre tudo, mesmo que às vezes tenha a impressão de que não está se expressando corretamente, pois as pessoas de outros países vão te achar muito interessante e curtir o seu sotaque. Outra recomendação é esquecer aqueles estereótipos que você já deve ter ouvido sobre americanos e pessoas de outras nacionalidades. Após conviver com tantas pessoas diferentes cheguei à conclusão de que há pessoas de todos os tipos, boas ou ruins, em qualquer lugar que você vá. Fiz grandes amigos americanos, mas também chineses (por sinal são realmente muito inteligentes e os mais afetados com o choque cultural) e árabes (com os quais fiz uma viagem de quase 16 horas para a Florida no meu Spring Break de carro!). Conhecer uma nova cultura e a visão que se têm sobre determinados temas é imprescindível para uma formação mais crítica e universal não só de um jornalista, mas de qualquer profissional. Viver, entender e ser parte de uma cultura te dá uma nova visão não só sobre questões universais da onde você vem e está lhe dá uma nova visão sobre você mesmo, sobre a vida e te deixa mais rico profissionalmente e pessoalmente. Viver a experiência de ser estudante em uma universidade americana, conhecer pessoas que se tornaram grandes amigos, e visitar lugares que sempre quis conhecer, como a agitada Nova York e a cinematográfica Los Angeles, fizeram minha experiência única e memorável. * Arthur Belotto, é aluno do 6º semestre de Jornalismo da Unimep e realizou intercâmbio nos Estados Unidos, no Marietta College, no primeiro semestre de 2011
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Sábado, 19 de novembro de 2011 Thiago Polacow
Educação para o futuro A busca pela sustentabilidade é cada vez maior e nos dias de hoje as crianças são as principais disseminadoras dessa consciência ambiental. Ao implantar atitudes sustentáveis muitas delas simplesmente têm mudado por completo a rotina dentro de suas casas. Controlam o banho dos pais, apagam as luzes dos ambientes que não estão sendo usados, reutilizam materiais recicláveis para a confecção de brinquedos e não permitem o uso das populosas sacolas plásticas. Cada vez mais cedo essa consciência é fomentada dentro das esco-
las através de jogos e brincadeiras. Dentro de casa, os pais ensinam, mas com a correria do dia a dia acabam se esquecendo de colocá-las em prática, e ai é que entram em cena os que denominamos carinhosamente de “eco-chatos”. O princípio é o de que á mais fácil investir na consciência ambiental das crianças, que estão em processo de aprendizado, do que tentar mudar os velhos hábitos dos adultos. Mas se você pensa que isso é um problema, está enganado. Muitas vezes, alguns adultos inconscientemente acabam se esquecendo de fechar a torneira
enquanto escovam os dentes, por exemplo. Isso seria um problema se estes não fossem vigiados de perto pelas crianças. Se antes elas já eram consideradas o futuro do nosso país, agora também podem ser a salvação do nosso planeta. Em um trabalho que até mesmo pode ser comparado ao de uma formiguinha, elas lutam pela preservação dos nossos rios e da nossa fauna e flora. De pouquinho em pouquinho fazem a diferença nessa importante batalha em busca da tão sonhada sustentabilidade. (Karla Gigo Morato)
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Em sentido horário: José M. Vieira Júnior, Larissa Molina, Bruna Sampaio, Syndi Siqueira, Marina Campos, Ivaneide dos Santos, Karla Gigo Morato e Ariane Moreira
Fotos: Anderson Junque
A fé na era tecnológica Comunicação, religião e novas tecnologias. Três elementos que parecem manter uma proximidade cada vez maior. Nos dias atuais, as redes sociais proporcionaram o ponto de encontro entre pessoas que compartilham interesses comuns e pertencem à mesma tribo. A comunidade católica, em especial o movimento da renovação carismática, conta com um poderoso instrumento de evangelização: a internet. O Papa João Paulo II já afirmava em 1999 que ela seria uma importante aliada para atrair novos
seguidores e unir os fiéis através do mundo virtual. Os padres aproveitaram a onda do twitter, facebook, myspace e orkut para compartilhar mensagens de fé, o que os tornaram mais “amigos” dos usuários. O resultado foi positivo, pois possibilitou um contato maior, antes restrito apenas as missas dominicais. O Sistema Canção Nova de Comunicação, por exemplo, é resultado do “casamento” entre informação e fé. Além de oferecer programação dirigida ao seu público, principalmente os católicos carismáticos, o
canal mantém o departamento jornalismo para informação dos principais assuntos do dia. Os sacerdotes pertencentes ao movimento estão inseridos cada vez mais espaços na indústria cultural. Mensagens, músicas e trabalhos sociais dos padres tornaram-se mais frequentes nas emissoras de TV, rádios e sites. Gravadoras musicais, por sua vez, encontraram no sucesso dos padres cantores, uma importante fatia de mercado com menor adesão de produtos piratas. (Vinicius Boer)
A ‘santidade’ jornalística No bê-á-bá do jornalismo existem algumas regras que são levadas a ferro e fogo. Entre elas, há, em destaque, aquelas que tornam a dialética dos profissionais mais acessível e nítida aos ouvidos e à retina de quem lê, vê ou escuta. Há, entretanto, um louro do qual a velha guarda dos jornais tenta não se desprender: a objetividade, que, para leigos, é a realidade dos fatos transposta ao grande público, sem interferência de terceiros. Hoje, em falta. O debate sobre a santidade patriarcal jornalística é quase tão velho quanto o ouro, mas, ao reportar
fatos fictícios – ou que, no mínimo, geram alguma suspeita em sua veracidade –, quem deixa de checar informações ou abre mão do que é fato, por interesses, comete um crime tão grave quanto um homicídio. Em linhas gerais, se comete homicídio e negligência intelectual ao mesmo tempo em que se deveria contribuir para difundir a pluralidade de reflexões e formas de enxergar um mesmo acontecimento – afinal, fatos concretos geram inúmeros pontos de vista, ou não? Quatro anos formam um jornalista. Mas quatro anos também são insuficientes para formar um profis-
sional com bagagem cultural, crítica e ética. A prática diária da profissão permeia as relações humanas e, como tal, nada mais digno para tais profissionais que serem justos e corretos, sem exceções. Por isso, como exercício de cognição, a matéria objetividade deve ser encarada mais do que como uma definição arcaica ou hoje obsoleta do jornalismo. Ela é algo que deve ser estendido à realidade profissional e de vida de cada um dos que acabam de sair da universidade. Sendo um velho ou novo enunciado do campo, há de se abalizar por ela. (Bruno Bianchim Martim)
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Mariane Ferreira, Vinicius Bôer, Letícia Coelho, Cynthia da Rocha, Fernanda Pereira, Anderson Junque e Janaina Moro
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Lavínia de Oliveira, Débora Ferneda, Maria Elvira Evangelista, Camila Duarte, Graziela Prezotto, Daniele Zanin, Bruno Bianchim Martim e Thiago Gaspareto