sutil #10

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sutil is a non­periodic digital magazine without any pre­format defined about Love, Art, Culture, Technology, Fashion & Style, Trends, published by Puri Productions. #10, re­edited in 2018. 1st edition only digital 2016. sutil é um magazine digital não­periódico e sem formato pré­definido sobre Amor, Arte, Cultura, Tecnologia, Moda & Estilo e Tendências, editado pela Puri Produções. Número 10, reedição 2018. 1a. edição digital 2016.


Todos os direitos reservados à Puri Produções 2018.

edição, capa e textos m.i.k.a. foto da capa The New York Post / Shutterstock foto das páginas 02-03 Divulgação Artesanal Gourmet / Peixe Urbano publisher Issuu distribuição Facebook

1a. edição digital 2016 reedição 2018


Ao longo destes 25 anos do Traficante da Liberdade, e dentre a sua equipe de repórteres reais ou fictícios, o Aderbal talvez seja o mais controverso. Oriundo de família do interior do país, mas criado ­ ou descriado ­, nas ruas da capital do Rio de Janeiro, 'Derbal' consegue uma ótica peculiar sobre a rotina e seus acontecimentos mais corriqueiros. Bem aproveitado nas intervenções intituladas 'breaking bad, por @aderbal' traz informações com textos personalizados e disfarça­se ali o seu prazer mórbido por más notícias; em matérias mais autorais chega a ser grosseiro e bizarro, porém igualmente revelador de um perfil cada vez mais comum. Aderbal é ele.


­Que pano é ese?!



Aderbal sou eu, o Aderbal. A galera mais chegada me chama de Derbal, mas no papel mermo é Aderbal. Com 'L'. Na verdade, ese livro não tem, assiãn, um mistééério, porque, a resposta ao título, já tá logo na 1a. frase. Mas, eu sou repórter. Tenho de mostrar seviço, senão a pena empena e o faro fa­fá. Então, vou mandar o meu C.V. 'Bico', por exemplo. É um lance que não faço desde que descobri que em Portugal o verbete 'bico' significa 'sexo oral feminino ou homossexual'. Porque eu até que me viro aê por fora, dou uns perdido e investigo umas paradas, mas, 'bico', né mais não. Ua das parada que reparei é que o Axl Rose, além de ser parecido com um pintor mei profeta do século XV chamado Hieronymus Bosch, fez uma ótima aparição como Eddie ­ personagem das capas do Iron Maiden ­, numa TV no clipe de 'Welcome to the Jungle', trajando camisa­de­ força e tipo ua coroa metálica na cabeça, utilizada em manicômios para eletro­choque. Pra quê isso, muchacho? O cara tava dando petit na


TV? Tava zuãno com a própria fama de encrenqueiro? Ou tava chamando a atenção para um Eddie bizarro que assombrava numa emissora? Dúvidas à parte, o Guns N'Roses voltou aos palcos com a formação mais próxima da original dentre uns 70 e bláu caramelos que já passaram por lá, e o Axl ainda descolou um freela no AC/DC.


­tsshhh...



No meu tempo de pelada no campim onde, hoje, o Benjamiãn bate uma bola com a galera, 'spray' era desodorante de patrão, que dirá lata aerosol de tinta. Era 'jet' mermo. Aê, naquela altura já me chamavam de Derbal ­ não sei o pus quê ­, e comprar um jet não era fácil pa miãn. Se fosse de menor tinha de meter aquela de que era pra pintar a bicicleta, mas quando era mermo, ficava constrangedor. Neguim achava que era pra pichar muro. Só que aê há uns meses atrás o spray entrou em campo no futebol profiça, usado pelos árbitros pra demarcar locais de cobrança de falta e de posicionamento da barreira adversária. Ninguém do contra; todo mundo curte. Tirando uma vez em que o juiz passou a espuma por cima da bola ao invés de no gramado e o jogador espanou o treco tipo como se estivesse fazendo a barba, nunca soube de neú engulho quanto ao acessório. Mas aê, quando o colombiano Riasko teve um filho e faltou ao jogo do Vasco contra o Volta Redonda pelo Carioca pa ir ver a criança, aconteceu o que não se esperava que desacontecesse: nua falta assinalada contra o


Voltaço no final do 1o. tempo, e enquanto o árbitro se dirigia ao local para dar as pichadas, algo se antecipou e correu para o ponto onde o spray seria borrifado e ficou aguardando por alguns segundos pelo jet. Assiãn que a situação foi deflagrada, os jogadores que perceberam o lance tiveram diferentes reações. O sopro foi 'Riaskim!', mas, quem parece ter visto mermo, foi o próprio Riasko... É que na partida anterior contra o Flamengo, o atacante havia entrado na 2a. parte e marcado, mas ao ouvir algo da sua torcida durante a comemoração, disparou pro alambrado, fitou o maluco e disse gesticulâno: 'Yo estoy mirando! Yo estoy mirando!' E agora que niguém viu e nem acha o tal moleque?!


­Bule.



Pa miãn, o bom humorista não é cínico... É um sujeito que aguça o humor pela inteligência, pelo sentimento dua pessoa... Não apenas se caracteriza e finge direto que escolheu a sua inspiração por achar ela ridícula, e querendo, contraditoriamente, ser igual a ela. Este tipo de humorista péla­saco dá até em terreno seco, nem é co ele. Você chega aqui assiãn nua terra de niguém e tem um lá. É aquele que imita os outros com cara de deboche ­ como, por exemplo, dos ricos e famosos com seus bens, aparências e tal ­, mas, se ele se der bem na vida, torna­se um tipo igualzim rapaz... fica apenas ca merma cara de escracho composta em suas interpretações para o diferenciar de suas referências. Ua vez eu trombei com um fulano deses que foi criado com a gente lá na roça e falei pa ele assiãn: 'rapaz, cê num mudô nada, tá com a merma cara!'. O pobrêma é que o corpo tava com 63 quilos a mais, e a cara, era a do vizim do 97...



­Fazendo Klu­Klu.



Quem é Aderbal? Não... não... peraí... Isso é o nome do livro, e Aderbal, sou eu. Digo, quem nunca esteve tranquilão em casa quando, do nada, começam a martelar, serrar, perfurar ou a fazer algo dese naipe na área? Num domingo, feriado, à noite... Aê neguim acha que é culpa do PT e bota na lista de delitos pra esculhambar a legenda. Talvez até falte um qualquer do governo sobre o assunto, mas esbarrando na biblioteca com o 'Martelo de Bruxa' ­ de Jacob Sprenger e Heinrich Kramer ­, publicado em 1494, deu pra sacar que a jogada é das antiga. Funciona maaaaais ou menos assiãn: o boneco encorpa o carrasco e fica na encolha aguardando um seviço. Aê, quando um capataz quer torturar alguém, manda chamar o boneco do capuz e ele vem de estrela da parada pra bagunçar o astral que está, pretensamente, agradável demais no local onde vai trabalhá. Curiosamente, e dum jeitim que o curió não tem nada a ver, a armação costuma ter verniz cristão [ ou anti­cristão, o que acaba por remeter na mesma ao cristão ]. Tipo assiãn:


'Jesus foi martelado, açoitado tamém! Aleluia!'. Na boca do pregador, irmão. Né o padre nem o pastor não... Na do que prega o cravo ­ o que na bruxologia deve de tar num grau parecido com o da boca do sapo. E o que a bruxa tem a ver com isso, rapaz?... Só lendo, mas, pa miãn, tem mulé no mei.


­Niguém com nada.



Êêê... é cada ua... Neguim vai entender: quem é Aderbal? péra... Aderbal sou eu. Quis dizer 'quem já foi abordado por algum coecido pra ir prum tal de swing?'. Ééé... Já foi até moda, e aqui na roça chamavam de bacanal, ­ no pesado ­; e surubinha, no carinho... Na social era quando dois casais namoravam pelados juntos e no mermo recinto. Aê né, noutro dia, tava eu em casa com a galega de folga, relaxando na cama ainda cedim, e pintou um num apartamento vizim. Rapaz... era negódi uas seis cabeça, fora o cachorro da casa. Falei, 'fudeu' ­ mas quis dizer 'vão fuder'. Só que aê era num estilo que eu ainda não conhecia não... Neguim trocou de corpo um com o outro e vazou. Deu ua zoa da poa muchacho, agora, tesão mermo, acho que num deu não.



­Ua gelada.



Essa ninguém sabe se surgiu entre a rapaziada da praia, nas comunidade ou no interiorzão, mas tá cheirando à zica faz tempo... Digo, à zika mermo, a peste da praga dos aedes. Ao que tudo indica, a doença que o mosquitim mais enjoado da face da Terra transmite tem a ver com um ataque degenerativo contra o ferro do nosso organismo, por al­ca­li­ni­za­ção ­ acertei! O lance é que pra isso rolar tem de haver uma oxidação exagerada, fora do normal mermo, pro ferrugem causar tão rápido. Aê né, tô eu de bobeira e tal, e resolvi dar uma olhada na tabela periódica ­ um papel que nunca me fez bem na escola. Mas, daquela vez, deu substânça: a água oxigenada pode fazer esse estrago. 'Poxa, mas neguim ia beber água oxigenada, Aderbal? Ia' ­ perguntei e respondi­me pra mim mermo, porque, Aderbal, sou eu. 'Mas, pra quê, muchacho?', ainda arrematei. Rapaz... aê a imaginação foi longe. Mas a hipótese mais coerente que matutei foi a de que alguém muito afim de ter filho louro meteu essa de que se a gestante e o comparsa beberem água


oxigenada antes e durante a gravidez, a criança sai russa. Aê o negóçu ficou doido. Talvez por reação o organismo gerou um vírus que o mosquitim não consegue processar ­ coiso que faz até com o sinister HIV ­, e o que era pra ser um elixir milagroso da lourice nacional virou uma moléstxa ruim demais: a criança, mesmo que loura, pode sair com uma deficiência cerebral grave [ a tal de 'microcefalia' ]. Lá foi­se o tempo do 'blondon', quando bastava a mulé de perna cabeluda chegar de descolorida.


­Ponta­ Direita.



Sempre tive us pobrêma pra lembrar a escalação da seleça de 82. Não é tããão fácil quanto lembrar de Aderbal, o mô nome. Mas o motivo é a seleça de 81, do Carpegiani. A de 82 vinha de Leandro, Junior... Aê na zaga meteram o Oscar e fico achânu que é porque o Marinho tava magoado. Beleza. Zico e tal... Até eu empacar no nome do ponta­direita. Assiãn: na seleça de 81 era o Tita. A de 82 tinha o Éder contratado do Atlético­MG na esquerda. Mas, ponta­direita... ponta­direita mermo... ni­guém. É que o Brasil foi pa Copa da Espanha sem ponta­direita, e talvez por isso levamos aquela lambada da Itália. Nu shquema tradicional, a nossa seleça sempre foi ua equipe de pontas­ direitas, Brouãn.








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