OS PRINCIPAIS SHOWS DA HISTÓRIA DO
RATOS DE PORÃO
TUBARÕES VOADORES + DE FALLA
AGNOSTIC FRONT SADOM BUZZCOCKS D.R.I. ANGRA CÓLERA PLANET HEMP CABEÇA KORZUS LOS HERMANOS PIU-PIU & SUA BANDA MADBALL GANGRENA GASOSA EXODUS VOLKANA SEAWEED SEX NOISE FREAKS? SCARSSOULS UNMASKED BRAINS GOAHEAD! MATANZA ENDOPARASITES ANSCHLUSS THE MIST EARTH CRISES
sutil é um magazine digital nãoperiódico e sem formato prédefinido sobre Amor, Arte, Cultura, Tecnologia, Moda & Estilo e Tendências, editado pela Puri Produções. Número13 / 2018.
_reportagem
A ESCOLA DO CIRCO _TEXTOS DE @ MIKA _FOTOS DE @ MARCOS BRAGATTO E @CONVERSADEBANHEIRO
Breu, ermo e de tráfego intenso. Remontar o cenário que circundava o mítico @GarageArtCult antes da sua fundação não requer muitos mais adjetivos que estes. Talvez mais alguns sinônimos. Naquele ocaso
ACIMA, OS NORTEAMERICANOS DA BANDA @EXODUS SOBRE O PALCO DURANTE O SHOW NO CLUBE EM 98. AO LADO E NA PÁGINA SEGUINTE, A RUA CEARÁ EM 2 TURNOS: SEU INÍCIO É POR BAIXO DAS LINHAS PARALELAS DO TREM E DO METRÔ SUSPENSAS POR VIADUTOS
dos anos 80, a chamada Leopoldina [ desde a Rodoviária Novo Rio até ao trevo de acessos do viaduto Paulo Frontin ], o início da Avenida Presidente Vargas até à Praça 11 onde estava a recém-inaugurada Marquês de Sapucaí [ sempre vazia fora da época do Carnaval ], e a Praça da Bandeira, eram lugares praticamente só de passagem com veículos. Mas isto praticamente... Ainda estavam ali alguns resistentes moradores dos tempos em que aquele trecho entre o Centro da cidade e a Tijuca era um local privilegiado. A moderna e atual área administrativa municipal constava apenas nos papéis e croquís de projeto, e o seu terreno abrigava um prostíbulo proletário chamado Vila Mimosa. E, mais adiante, em direção ao Maracanã, com entrada por baixo das linhas férreas suspensas e paralelas à
Leopoldina, a Rua Ceará estava prestes a deixar o seu anonimato e cotidiano comunitário de pequenas casas, vilas e oficinas de motos, pois ali estava o @MotoclubedoBrasil, futura sede do clube de rock que revolucionaria a música produzida no Rio de Janeiro. A CENA NASCE
No início dos anos 90 enquanto o tal 'RockBrasil' vivia uma dicotomia entre a consolidação de bandas e artistas no topo das tabelas de vendas de discos e de arrecadação de bilheteria em shows - com aparições constantes em programas de TV e altíssimos índices de execução de temas nas rádios -, sob alguma decadência criativa, estética e, para alguns, também de faturamento, o underground
fervilhava. Vindo desde os anos 80 e proliferando nas garagens e pequenas salas de ensaio, vários grupos iam surgindo sem que público e mídia tivessem qualquer conhecimento de suas existências.
Contraditoriamente, a inspiração partia da própria indústria fonográfica, que trazia até aos ouvintes interessados álbuns estrangeiros e nacionais que nunca tocavam nos veículos de difusão nem em grandes eventos e, na maioria dos casos, que sequer haviam atuado no Brasil. Assim, ao apagar das luzes da década de 80, havia uma classe heterogênea de apreciadores de música no país, que realmente consumia e buscava informações sobre grupos tão díspares quanto o inglês @EchoAndTheBunnymen e o gaúcho @OsReplicantes, e que frequentava, sempre que podia, espaços que trouxessem estes tipos de shows menos populares para cidade, consumindo mídias alternativas nas bancas e no dial. Era já a nossa cena alternativa.
METAL,METAL, E ANARQUIA _TEXTOS DE @ MIKA _FRAMES CAPTADOS DO VIDEOCLIPE DE 'PAINKILLER' DO @JUDASPRIEST
O CLÁSSICO 'PAINKILLER' EM 4 FRAMES
O ambiente na Rua Ceará havia parado no tempo. Nos primeiros anos da década de 90 ainda se vivia resquícios de um bairro próximo do Centro empresarial e comercial da cidade, mas, principalmente da estação ferroviária Leopoldina e da rodoviária interestadual e intermunicipal Novo Rio, a maior do Rio de Janeiro.
Curiosamente, e talvez devido à presença das garagens de trens e oficinas de manutenção de vagões e trilhos, a rua concentrava um número considerável de profissionais ligados à mecânica e tornearia. Inclusive, muitos sobreviviam graças aos pequenos negócios do ramo que ocupavam algumas das lojas. Este era o caso do Motoclube do Brasil. O clube de motociclistas estava no casario da Ceará desde a sua fundação, em 1927. Por ser esta uma data oficial e reconhecida - e como não há nenhum outro registro anterior em todo o Mundo -, o moto clube carioca é considerado o mais antigo da história [ o 2o. seria fundado 5 anos depois em Campos dos Goytacazes, interior nordeste do Estado do Rio de Janeiro ].
@PauloHansJr viu ali uma oportunidade quando conheceu o Motoclube do Brasil. Como a casa só funcionava durante os dias de semana e ocupava praticamente apenas o subsolo para os serviços de oficina, propôs transformar o andar de cima numa sala de ensaios para bandas e alguns encontros de exibição de videos de rock - a exemplo do @CavernaII em Botafogo -, pagando um aluguel. Isto em 1988. TEMPOS CEGOS
Naquela época, construções como o Teleporto não tinham chegado sequer ao papel. Tampouco estava em voga a lógica de concentração de empresas e instituições administrativas do município na Cidade Nova. Porém, a área esteve anteriormente sob
constantes transformações, como a inauguração da linha do 'Trem de Prata' [ que ligava as capitais Rio e São Paulo ], e as obras do Metrô [ que abriu ali as linhas e estações Praça 11 e São Cristóvão ], o que colaborou para que o clube conquistasse frequentadores de outras paragens, pois não havia ainda a telefonia celular, a Internet e os DVDs, e nem todos possuíam os chamados videocassetes, que dirá acesso às gravações de shows de bandas ao vivo e documentários que Hans descolava para exibir. ACIMA, OS NORTEAMERICANOS O INGRESSO NUMERADO DA BANDA @EXODUS PARA OS SHOWS DO SOBRE O PALCO DURANTE @KREATOR, @KORZUS, E O SHOW NO CLUBE EM 98. @DORSALATLÂNTICA FAZ JUS AO LADO E NA PÁGINA SEGUINTE, A AO PÚBLICO QUE ESTIMASE RUA CEARÁ EM 2 TURNOS: TER ESTADO NA QUADRA DA SEU INÍCIO É POR BAIXO DAS LINHAS ESTÁCIO EM 92: QUASE 3000 PARALELAS DO TREM PAGANTES E DO METRÔ SUSPENSAS POR VIADUTOS
O ENSAIO GERAL DO 'SAMBA-METAL' _TEXTOS DE @ MIKA _REPRODUÇÃO DO INGRESSO DE @NEONEON E DA CARÁTULA DO KREATOR DE @COVERALIA
Durante 3 anos a ideia de Hans só deu certo. Conseguira reunir desde os amigos que curtiam primordialmente heavy metal como receber novos adeptos da crescente tribo dos metaleiros na cidade, e ainda, alguns grupos do gênero para ensaiar. Com o número de participantes aumentando a cada mês e sendo cada vez mais comentado no underground como um lugar onde se podia passar uma noite
vendo bons shows até na TV, falando e trocando LPs, fitas e camisetas de bandas gringas ou demo-tapes nacionais, conhecendo ou formando projetos novos, inclusive, encontrando músicos mais experientes, Hans precisou reforçar o staff e convidou @FábioCosta para ser o seu sócio quando se conheceram numa reunião de um partido socialista. A decisão mudaria os rumos do Garage. Fábio já andava atuando com um soundsystem e produzindo alguns shows nos Caverna, e a sua integração na sociedade fez com que o clube caminhasse mais nesta direção, marcando 1990 como o ano em que o Garage passou a apresentar esta nova proposta. Até que já perto de somarem 4 anos de experiência na casa dos motociclistas da Rua Ceará e de uma
aproximação à influente banda carioca @DorsalAtlântica, a equipe resolveu investir de modo definitivo no negócio e começaram a préproduzir um evento onde viabilizariam a passagem pelo Rio da 1a. turnê da banda @Kreator no país. Tratava-se de um projeto de sonho de qualquer aficionado. O Dorsal já era considerado um expoente do thrash metal também fora do Brasil, e responsável por indicar rumos musicais de grupos como o @Sepultura e o @Korzus [ os convidados para fazerem os shows de abertura ]. 'TÔ FORA!'
Após as primeiras conversas internas, o salão do clube rapidamente se tornara pequeno, e aí começaram os famosos 'problemas do Garage'. As
condições agradavam os assíduos, mas lá a arrecadação com ingressos seria muito baixa para tal empreendimento; por outro lado, os equipamentos de PA e backline que tinham à mão para o evento não davam para um local muito maior. Foi então que ao saírem atrás de outro lugar surgiu uma oportunidade que atendia tanto à proximidade com o clube quanto tinha espaço com capacidade suficiente para um público maior, que até o justificou, comparecendo cerca de 3000 pessoas: a quadra da @GRESEstáciodeSá. A 'tática de guerrilha' adotada pela produção em parte funcionou bem, sendo que numa produção, um 'em parte' pode custar todo o trabalho… O fato é que em 92, a equipe Garage realizava um dos mais emblemáticos eventos de
metal do Rio até hoje, com 2 renomadas bandas nacionais atuando no auge de suas trajetórias para uma plateia cada mais informada e ávida pelo estilo, e aquela que é considerada a criadora do 'speed metal'. Segundo depoimentos tanto de presentes quanto de músicos que tocaram naquela noite foi um festival inesquecível. O palco deixou algo a desejar na sua proporção com o tamanho da quadra da escola de samba, mas a empolgação geral e o ineditismo compensaram tudo. O grande percalço recaiu mesmo sobre o próprio Garage: com uma planilha de custo apertada para o que deveriam encaixar na bilheteria para equilibrar as contas rolou até suspeita de desfalque na contagem de ingressos. Entretanto, o show marcou para sempre o panorama rock da cidade e abriu caminhos para que vários outros do
gênero ocorressem, mas a equipe da Rua Ceará ficou com tantos prejuízos que o próprio Hans deixou a sociedade nas mãos do Fábio após aquela data. Este episódio seria exaustivamente debatido no meio durante anos. A versão divulgada de que os custos superaram o faturamento e os boatos de que houve má-fé na contagem nunca foi totalmente aceite. O CARA DO GARAGE
Apesar de desgastado e frustrado, o cara que ficaria conhecido como o homem de frente do clube associou o seu braço-direito @Ozzy e seguiu adiante, mantendo a programação anterior, até voltarem a ter dificuldades financeiras no ano seguinte e proporem ao moto clube uma relação mais societária.
…E O TEMPLO DO METAL VIROU O ALBERGUE DA GERAÇÃO 90 _TEXTOS DE @ MIKA _REPRODUÇÃO DE @ VEJARIO COM @POINDEXTER, @CHILDRENSEX, @SOUTIENXIITA @WILDSEXMACHINE E @FÁBIOCOSTA
Em 92, o sobrevivente clube do número 154 já não era o único ponto noturno da Rua Ceará, onde o movimento aumentara consideravelmente. Aos poucos, os botecos, a sinuca e os ambulantes passaram a compor um ambiente onde não apenas metaleiros apareciam aos fins-de-semana, mas também gente sem rótulos tidas como 'alternativas', estudantes atrás de novidades, boêmios… Noites como a da inauguração que contou com os ícones underground @TubarõesVoadores e @DeFalla no cartaz iam angariando notoriedade à programação do Garage na base do boca-a-boca, e a rua dantes quase que estritamente residencial passara a ser chamada simplesmente de 'Praça da Bandeira' de tão referencial na área e, mais tarde, foi apelidada de 'Baixo Metal'.
@DEFALLA HÁ POUCOS MESES ANTES DE VIR AO RIO PARA A INAUGURAÇÃO DO GARAGE. ORIUNDA DOS ANOS 80, A BANDA MAIS METAMORFA DO PAÍS CURIOSAMENTE FOI A MAIS APONTADA PELAS SEGUINTES COMO A PRINCIPAL INFLUÊNCIA DO ROCK NACIONAL
NO ENCARTE DO ÁLBUM 'USUÁRIO', 1o. LANÇADO PELA BANDA @PLANETHEMP, @MARCELOD2, @RAFAELCRESPO, E @CARLOSRASTA SOBRE UMA CARCAÇA DE VEÍCULO ESTACIONADA NA PRAÇA DA BANDEIRA, EM 1994. É UM DOS POUCOS REGISTROS DE IMAGEM DISPONÍVEIS DA CENA, E FOI CAPTADA PELA FOTÓGRAFA @DANIELADACORSO PARA O TRABALHO GRÁFICO DE @SANDRAMENDES. O 1o. SHOW DO GRUPO FOI NO GARAGE APÓS 3 MESES DE FORMAÇÃO
'COMO A MINHA VÓ JÁ DIZIA'
A sala de ensaios deixava de ser o foco principal da equipe, mas as bandas interessadas em se apresentar
na casa de shows começaram a bater à porta. Após recuperarem dos prejuízos com o festival na quadra da Estácio, Fábio e Ozzy priorizaram renovar os equipamentos de sonorização para terem melhores condições de produzir os seus shows semanalmente. Do 'lado de fora' o burburinho só aumentava. Últimos tempos sem que todos os cidadãos portassem um celular ou tivessem fácil acesso à Internet, a área virou ponto de troca de informações onde se podia falar na mesma língua sobre os novos e velhos discos, bandas, indicar um amigo músico para um grupo ou especular sobre os meandros das produções de eventos e das gravadoras e que ainda não aparecera na mídia. Portanto, dependendo de quem subia ao palco do Garage, na maioria dos dias, a noite se pagava.
Os boatos também pautavam a rua. Histórias envolvendo as bandas e polêmicas como a intenção da prefeitura de remover a Vila Mimosa da Cidade Nova para lá causavam alvoroços suficientes para
ACIMA, UM DOS CARTAZES DO GARAGE, A MARCA DO CLUBE, FEITOS PELA EQUIPE USANDO PAPEL MELIMETRADO COMO BASE. AO LADO, A @PHITS NO CAMARIM, EM 91. E NA OUTRA PÁGINA, O @POINDEXTER
muitos retornarem no dia ou semana seguinte para acompanhar a resenha. No caso do bairro meretrício, a situação era encarada como antiga e repetitiva, mas o fato é que em 93 a ameaça se consolidava e
começou um grande alarde de que toda a zona seria transladada para o trecho final da Rua Ceará. E, extra-oficialmente, foi o que aconteceu. A partir de 94 e após 90 anos de existência no Rio de Janeiro como a área com a maior concentração de prostitutas do Mundo, que teve início com a chegada de mulheres europeias solteiras ou viúvas fugitivas da 1a. Guerra Mundial para alguns cabaret em Laranjeiras e outros bairros da Zona Sul, o governo do município local liderado por @CésarMaia retomou o terreno de mangue compreendido entre a Avenida Presidente Vargas, a Leopoldina, a Praça da Bandeira e o bairro Estácio para implantar o atual centro administrativo, que hoje inclui, também, a sede da prefeitura.
FLAGRANTE NOSSO DA @PIUPIUESUABANDA PEGANDO LEVE NUMA DE SUAS APRESENTAÇÕES NO CLUBE, EM 93. APESAR DE TER SIDO INÚMERAS VEZES ELOGIADA PELA QUALIDADE DOS SEUS MÚSICOS E COMPARADA COM GRUPOS POP DOS ANOS 80, NUNCA CONSEGUIU TRILHAR UMA CARREIRA FORA DO UNDERGROUND
_depoimento(1)
'Inauguramos!' @SérgioEspíritoSanto TubarõesVoadores VOCALISTA
“Nós inauguramos o Garage trazendo o De Falla para
tocar.
'Anonimato'
Temos que
foi
até
um
feito
videoclipe lá.
Fizemos
de uns
1000 cartazes e saíamos colando eles pelo Rio inteiro. hospedados
Os na
caras casa
do de
De um
Falla tio
ficaram
paraense
do
@Ronaldo [ baixista do grupo ]. Tinham vários amplificadores
Marshall
JCM
900…
A
maior
barulheira! Deu uns pagantes… Uns 100 numa noite
e
uns
150
na
outra.
Depois
disso,
quando estávamos meio perdidos com o segundo disco,
o
De
Falla
-
ao
lado
@HollywoodRock
que
tinha
do
tocado
@Nirvana
e
no do
@RedHotChilliPeppers -, voltou com o 'Kingz O'Bullshit…' e f*#%* a cabeça de geral! Fomos todos tocar em Itaboraí e em Caxias. Queriam matar
o
Edu
K
lá
porque
ele
mudou
o
repertório e começou a tocar miami bass. Mas o
nosso
show
@djBikujones
foi
cantando
sensacional! 'Inner
Sepultura e o Edu na guitarra!”.
Com
Self'
o do
NOTA DO EDITOR O
incidente
envolvendo
compreensível,
mesmo
Edu
que
K
não
em
Caxias
é
justificável,
pela fase que se vivia na época, a chamada 'crossover', seus
quando
estilos,
várias
estéticas
e
tribos
cruzaram
comportamentos.
Apesar de o fanzine ainda nem existir em 90, fundadores do @TraficantedaLiberdade estavam no
@YellowBar,
que
era
localizado
na
zona
nobre da cidade, onde os punks dividiam as calçadas junto à @Unigranrio com os carros e motos
dos
alunos.
frequentadores
Havia
um
clima
da
área
tenso,
boêmia ainda
e
que
amistoso. O público local do De Falla e do Tubarões Voadores nunca entrava naquele bar e
o evento foi motivo de muito burburinho nos dias anteriores. Quem afinal comprou ingresso o
fez
porque
estava
muito
interessado
em
assistir aos shows das bandas, pois enquanto os 'da casa' ficaram reticentes pelo tipo de programação que o bar tentava implementar, o público-alvo estava ressabiado. Por isso a estranheza
quando
apresentou
um
margem
para
Edu
set
K
de
subiu
funk
milhares
de
ao
palco
carioca,
e
dando
interpretações
equivocadas, desde que aquilo se tratava de um
protesto
Yellow
do
quanto
De se
Falla tal
contra set
o
próprio
era
uma
surpreendente revelação de que o vocalista, afinal, era contra os punks da região.
_depoimento(2)
'Era romântico' @VitalCavalcante Poindexter VOCALISTA
“O
meu
primeiro
contato
com
o
Garage
foi
através dos shows do De Falla e do Tubarões Voadores. Acho que foi o 2o. show da casa, e aí já tive um contato com eles… Fui garotão, cara.
Cheguei
super
cedo
no
local
pelo
horário marcado no cartaz [ acho que o show do De Falla só começou às 02h, ou até às 03… ]. Ali já comecei a ter uma noção do perrengue que eu iria passar no underground durante tantos anos consecutivos... Na época eu morava na Baixada etc e tal… Mas o meu 1 o. show lá foi logo no ano seguinte, em 92. O guitarrista da banda @MarcosLopes era muito ligado
neste
lance
de
rock
extremo,
e
o
Garage era muito isso naquela altura, e ele frequentava lá e tenho quase a certeza que foi
o
próprio
Marcos
quem
fez
essa
ponte
entre nós. Ele tinha se tornado muito amigo do Fábio, que teve a ideia de fazer um 'skate rock festival', não apenas por ter um nome
pomposo
para
mais
uma
noite
de
sábado
no
clube, mas porque queria juntar aquela galera que
levava
este
@ChildrenSex,
a
tipo
de
som,
@WildSexMachine,
como
a
ou
a
@SoutienXiita Foi o 1o. show de todas estas bandas lá no Garage. Ele chamou a galera, fez uma
reunião,
saiu
matéria
na
'Vejinha'…
Curiosamente foi o primeiro e único evento em que o Fábio propôs a gente o esquema de venda antecipada de ingressos. Depois deste evento, e por uma questão ideológica, eu nunca mais topei fazer qualquer apresentação sob este esquema
em
que
a
banda
teria
que
vender
ingressos para tocar. A Children Sex levou um ônibus cheio de amigos e encheu a casa. Na
verdade, as outras bandas nem precisaram se preocupar
com
isto
porque
eles
pediram
os
nossos ingressos para fazerem esta vendagem. O
Poindexter
fechou
a
noite
e
acabamos
tocando para um público menor, nem foi um bom show nosso no final das contas, mas, foi a nossa estreia no Garage. Representou muito para a banda tocar lá. Um mês depois, por exemplo,
o
@Rolinha
do
@CircoVoador
[
que
trabalha lá até hoje! ], ligou para o Fábio pedindo
sugestões
de
bandas
que
pudessem
abrir uma noite com shows do De Falla e do @PinUps, e ele indicou a gente, a Children Sex [ 2 bandas que atuaram naquele festival no Garage ], e a @BeachLizards. Eu devo a
eles a nossa 1a. apresentação no Circo! Foi uma noite clássica não só para nós mas até para o Circo Voador, pois foi quando os caras tocaram o 'Kingz O'Bullshit…' pela 1a. vez lá.
O
Fábio
realmente
foi
um
grande
fomentador de bandas novas. Ele dava espaço para todo mundo, esse era o grande lance do Garage.
Abriu
funko'metal,
espaço
para
para
rapcore,
o
rap,
para
misturava
o
estas
vertentes nas noites de metal com hardcore, sei lá... Tinha aquela loucura de funcionar semanalmente, 2 a 3 vezes aos fins-de-semana, o que às vezes dava prejuízo para os sócios porque nem sempre tinha público, e depois ele ficava explicando os problemas do clube… Às
vezes eu pensava 'pôxa, o Fábio não oferece nem um copo dágua…', mas entendo o romantismo dele
quanto
à
forma
de
produzir.
A
gente
sempre tocou de graça lá. Provavelmente não dava dinheiro para ele, ou só dava para a sua subsistência, e não teria mesmo como dar para as
bandas…
Mas,
fazendo
o
retrospecto
só
aquela indicação para o Circo já valeu. Lá apareceram várias pessoas da Zona Sul também e começamos a vender muitas demotapes através da Rock-It, da Spider, em lojas da Tijuca… e o Poindexter teve assim uma boa fase inicial, por
volta
de
1993,
quando
a
gente
vendia
fitas k7 pra caramba e fazia muitos shows. Então o Fábio tem todos esses méritos.”.
_depoimento(3)
'Bio sepultada' @MarcosBragatto Rock Em Geral JORNALISTA
“No final dos anos 80/início dos 90, ao voltar da faculdade, de noite, reencontrei amigos da turma pós-punk com quem eu andava mais de 84 até 87, e falamos uns com os outros sobre um novo local que passava vídeos na Praça da Bandeira. Tinha sempre saudades
das tardes de domingo da '#TVPirata' [ não o programa humorístico ], que o Raul fazia numa sinuca lá no Catete, passando vídeos de shows que não tínhamos acesso na época. Decidi ir ao Garage e na primeira vez fiquei bem assustado com o ambiente decadente da região, cheio de cabeludos com cara de mau. Depois, com o tempo eu passei a ser um desses caras, e também logo vi que ali só tinha moradores e um moto clube, um dos lugares mais tranquilos da cidade, sem flanelinha ou assaltos. No início, era só exibição de vídeos, depois se realizaram os shows, mas o Garage virou point, ou seja, independente de quem fosse tocar, íamos para ficar na porta, ver qual é,
e em geral, entrávamos na curiosidade. Por mais que a atração fosse maior, ou de fora da cidade, o ingresso nunca era tão caro. E sempre valia a pena. Tudo tosco e a preço acessível, e bandas realmente novas. A partir de 1993, passei a atuar como repórter e cobri vários shows e festivais, de bandas nacionais e estrangeiras. Entrevistei o #Buzzcocks e o #Exodus, ali na rua mesmo, cobri e fotografei bandas como #Madball e muitas outras. Fiz várias matérias sobre o Garage em si, entrevistando o Fábio e outros sócios, para revistas independentes e fanzines. Vi o início do Plant Hemp (o sem teto Marcelo D2 morou lá) e o Los Hermanos tocar "Anna Julia"
pela primeira vez. Vi toda a geração thrash metal que nasceu a reboque do Sepultura tocar lá, bem como o primeiro show do #Angra no Rio. E toda a geração de bandas dos anos 90, sem ser necessariamente metal, e antológicos shows do #Cólera que acabavam de manhã sem ninguém se dar conta. Ao fim da década de 90 decidi fazer uma biografia do Garage, e fiz um acordo com o Fábio que só faríamos esse trabalho se o Garage não fechasse mais. Naquela época a casa fechava por períodos por falta de grana e depois voltava. Fiz umas três ou quatro entrevistas com ele, mas depois que fechou de vez, o projeto foi sepultado.”.
_SOS Garage
>O #Caverna de Botafogo que funcionava num endereço ao lado do @Canecão e do @ShoppingRioSul onde #FábioCosta atuava antes de se tornar sócio de #PauloHansJr. no #GarageArtCult é chamado de '#CavernaII' porque o 1o. clube dedicado ao metal é originário de São João de Meriti, na Baixada Fluminense. O @CavernaI e o #Caverna II estiveram abertos simultaneamente durante muitos anos quando eram os únicos a produzirem shows do gênero, tanto de bandas nacionais quanto de estrangeiras. O Garage não se tornou o Caverna III quando Fábio assumiu o comando do clube apenas por questões pessoais e de autonomia, já que em termos de funcionamento ambos seguiam a mesma linha. >O #MotoclubedoBrasil que albergou o Garage é o 1o. moto clube do Mundo segundo os registros disponíveis desde a sua fundação em 1927!
>Apesar de algumas datas desencontradas em matérias e relatos sobre aquela época é certo que o clube passou por 3 fases iniciais: a abertura em 88 como sala de exibição de videos de rock; a reinauguração em 90 com a entrada de Fábio Costa na sociedade que foi assinalada pela produção dos shows do #DeFalla e do #TubarõesVoadores; e a reestruturação após a falência da equipe com a produção dos shows do #Kreator, #DorsalAtlântica e #Korzus na quadra da Estácio, e que acarretou na saída de Paulo Hans Jr. e na oficialização do funcionário Ozzy e do próprio Motoclube do Brasil na sociedade. >Desde a abertura e até ao período tido como auge do Garage, que está compreendido entre 1988-95, nunca houve relatos de casos de violência ou de assaltos na Rua Ceará, mesmo após a Vila Mimosa se instalar nos seus últimos quarteirões.
A @SERIALKILLER NO CAMARIM: AINDA NA ATIVA, A BANDA CARIOCA DE HARDCORE FOI UMA DAS PRIMEIRAS BANDAS LOCAIS A TOCAR NO CLUBE
>Além das lendas em torno de alguns shows no clube há uma infinidade de histórias que ocorreram longe da Praça da Bandeira mas que fazem parte da sua mitologia: as bizarrices que o vocalista #PiuPiu aprontava no palco a
cada apresentação da banda e que afastavam o projeto do mercado apesar do fortíssimo apelo pop de suas canções circulam até hoje entre os ex-frequentadores do Garage, sobre o qual cada um terá uma diferente para contar; a notícia de que #Ronaldo, do #GangrenaGasosa, havia sofrido uma tentativa de assassinato ao ser misteriosamente empurrado para os trilhos dos trens em Campo Grande quando o grupo começava a ser conhecido por inventar o estilo 'saravá metal'; todo o êxodo da Vila Mimosa da Cidade Alta para a Rua Ceará; o falecimento do vocalista do #PlanetHemp #Skunk por complicações derivadas da AIDS; o aniversário do clube em 93 quando chamaram 20 bandas para atuarem num único sábado à noite, lotando a rua inteira como nas mais famosas feiras da cidade, e quando apenas 400 privilegiados de cada vez puderam entrar no salão para assistir aos shows… >O começo do Garage não só foi marcado pela renovação do Centro do Rio iniciado com a construção e inauguração do
Sambódromo na Praça 11 em 1984, como fez parte da dinamização de toda a área. Talvez tenha sido inclusive o seu protagonista ao lado do Circo Voador, pois como a Marquês de Sapucaí permanecia fechada durante todo o ano com exceção da época dos desfiles no Carnaval e o Maracanã abria apenas nos dias de jogos , ainda no início da década o único local com movimento noturno na cidade era a Cinelândia. Praça Mauá, a Avenida Rio Branco, Candelária, Praça XV e Lapa eram tidos como áreas de alta peliculosidade e não raramente ocupadas por sem-tetos. Até ao final da década esta tendência de ocupação da Ceará e seu entorno migraria para esses outros espaços, transformando-os para o que vemos atualmente. >Coincidentemente, um dos poucos endereços próximos à Rua Ceará naquela época era a @EscolaNacionaldeCirco única mantida pelo @MinC no Rio. >A 1a. reportagem do fanzine #TraficantedaLiberdade no local foi quando Piu-Piu & Sua Banda, Gangrena Gasosa e Sex Noise
estavam em cartaz, bandas que se consolidaram naquela noite junto ao público do clube e à mídia mais atenta como revelações do underground carioca.
>Dentre as centenas de bandas que fizeram a sua 1a. atuação na carreira no Garage Art Cult estão @LosHermanos [foto] e Planet Hemp. >Considerada uma das grandes noites do Garage após a falência da equipe devido aos custos com a turnê do Kreator e da saída do Hans, os shows do @Endoparasites + @Anschluss - em 92 -, revonou a intenção dos sócios em direcionar o clube para o público de metal. >A banda carioca @Cabeça foi a que mais tocou no clube [ umas 20 vezes ].
DESIGN, EDIÇÃO E TEXTOS M.I.K.A. COLABORAÇÕES DE TEXTOS E FOTOGRAFIAS MARCOS BRAGATTO, SÉRGIO ESPÍRITO SANTO, VITAL CAVALCANTE, HOME OF ROCK, JORGE SCHWEITZER, GOOGLE MAPS, CONVERSA DE BANHEIRO, NEON EON, COVERALIA, VIVIANE GOUVEIA, ANTÔNIO TERRA E DIVULGADORES AGRADECIMENTO À ALEX DUSKY 'LUNAR FILMES' PELA PARCERIA EM QUERER PRESERVAR E DIVULGAR A HISTÓRIA DO GARAGE TODOS OS DEMAIS DIREITOS RESERVADOS À PURI PRODUÇÕES.