sutil #37 [ revisado ]

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SUTIL É UM MAGAZINE DIGITAL MENSAL E SEM FORMATO PRÉ-DEFINIDO SOBRE AMOR, ARTE, CULTURA, TECNOLOGIA, MODA & ESTILO E TENDÊNCIAS EDITADO PELA PURI PRODUÇÕES NÚMERO 37

SUTIL IS A DIGITAL MAGAZINE RELEASED MONTHLY WITHOUT ANY PRE-FORMAT DEFINED ABOUT LOVE, ART, CULTURE, TECHNOLOGY, FASHION & STYLE, TRENDS PUBLISHED BY PURI PRODUCTIONS #37



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} editorial

_“PECADO” É UM SUBSTANTIVO QUE NÃO CONVÉM SER VERBALIZADO NO FUTURO


TATT } reportagem

ÁS VÉSPERAS DO CENTENÁRIO DA SEMANA DE ARTE MODERNA A @SUTIL


TOO por m.i.k.a.


2019

A massa global ainda nem prevê que uma pandemia está prestes a ser deflagrada, mas eu, que raramente choro,

derramo algumas lágrimas inexplicáveis enquanto debruçado sobre a pia da cozinha após uma refeição pela notícia do falecimento do mestre da tattoo @InáciodoAmaral, que colaborava em nossas publicações. Aprendi muito com o Inácio. E, sem nenhuma intenção de homenageá-lo ou sequer com a sua memória tão presente no meu dia-a-dia, meses depois, motivado também pela vontade de remover uma mancha insistente, entrei na @MastersofTattoo para tatuar o rosto. Levava inclusive umas ideias como propostas mas, da recepção ao @Beicinho [responsável pelo estúdio], todos recomendaram que eu aguardasse o desaparecimento do dano na pele. Todavia, a partir daquela longa tarde e durante os próximos 8 meses só deixaria o local quando o coronavírus já causava as primeiras vítimas na #China, pois recebera um convite para co-produzir com a #_graf o projeto editoral e transmidia “@Tropicaos ─ Tatuagem, Arte & Cultura”. Dentre tudo o que foi ou não foi realizado tanto devido ao covid-19 quanto pela turbulência interna inerente a qualquer projeto e aos problemas particulares do nosso, filtrei uma máxima registrada no editorial da @sutil #20: “se há algo ainda a acrescentar ao centenário da Semana de 22 no #Brasil é que, de lá para cá, a tatuagem tornou-se a 8ª Arte”. Como nem todos os estudos, portfolios, expos, magazines e profissionais conseguiram ainda contradizer tal conclusão ─ agora já tão definitiva em plena véspera da efeméride a ser assinalada em 2022 ─, é com todo o prazer que voltamos a nos debruçar sobre o tema para sugerir, seja pela partilha do know-


how adquirido ou pela apreciação das tendências que mais despertaram a nossa atenção no tratamento da arte na pele, a sua presença no rol das Artes quando a Semana de Arte Moderna for revisitada. A artista plástica paulista #TarsiladoAmaral, por exemplo, não participou presencialmente da Semana de 22 porque estava em #Paris na data do evento. Entretanto, dada a relevância de sua obra e o seu nível de envolvimento com os modernistas, mesmo considerando-se que as deslocações intercontinentais àquela época fossem bastante mais demoradas, essa ausência sugere algo muito mais proposital do que um infortuno contratempo. Talvez, a estadia de Tarsila na capital francesa justamente naquela temporada faça parte da sua intervenção na Semana, com um indissociável toque de encenação que compõe o seu auto-retrato, nem que tal apreciação só se tornasse possível… 100 anos depois? Essa elucubração sobre a pintora serve aqui para ajudar a contextualizarmos o quão ousada e avant-garde era o movimento Modernista. Em meio à decalagem entre os nobres e colonos abastados e indisponíveis, o baixo clero acessível, e a hierarquia atarracada dos trabalhadores, os intelectuais e artistas requisitaram anunciar uma outra Cultura, realmente independente da portuguesa e das demais influências europeias, da africana, da índica e até das nativas, sem almejar com isto rupturas ou críticas contra-culturais como justificativa para as nossas peculiaridades. Uma arte latente de uma terra continental com quase tudo ainda por fazer, mas já com altos picos de desenvolvimento, releituras e com novas propostas, aspectos que, atualmente e igualmente, é a tatuagem que apresenta com tamanho impacto perante as vertentes e expressões, gritando pela sua inclusão no preâmbulo a seguir.


FILIPINAS, TRIBAL

NO DOCUMENTÁRIO “WHANG-OD: THE LAST TRUE TATTOO ARTIST”, A ARTE TÍPICA DOS KALINGA REVELA O COMPORTAMENTO E AS TÉCNICAS UTILIZADAS PELOS ANTIGOS TATUADORES FOTO:DIVULGAÇÃO

Os primórdios da tattoo é algo tão controverso quanto especulado. Remete ao primitivismo e aos hieroglifos e cuneiformes e segue eternizado pela preservação e homenagem às culturas tribais que pintam a pele desde suas origens. Mas, em tempos de interesse crescente, a revisita à história é previsível e em boa parte está resumida e explicada pela vida desta ansiã filipina. Aos 104 anos, a remanescente dos povos Butbut [ um dentre os da etnia Kalinga ], reside e tatua na mesma aldeia desde os 15 anos, e é tida como a mais idosa mambabatok viva [ tatuadora típica kalinga ]. A sua casa é um sítio antropológico. Pessoas de várias partes do Mundo fazem a rota rumo à #Buscalan para serem tatuadas por ela ou por uma dentre as suas discípulas com os mesmos instrumentos e condições rústicas que aprenderam a utilizar, de geração em geração: paus, pontas e tinta artesanal. Ao invés de pequenos desenhos, os trabalhos ocupam membros inteiros, dorsos, rostos e onde mais for possível e desejado ser tatuado com simples mas intrincadas formas. A ancestralidade da sua arte é tão evidente que é fácil ler até referências da Antiguidade, como dos egípcios, dos árabes, dos persas, dos babilônicos ou dos próprios orientais.





POLÔNIA, PINTURA A ÓLEO

CONSIDERADA A OBRA-PRIMA DE #DAVINCI, “LA GIOCONDA” É A PINTURA ONDE O AUTOR MOSTROU QUE O ESFUMINHO PERMITE RETRATAR LUZ-E-SOMBRA DE FORMA MAIS REAL IMAGEM: MUSEU D O # LO U V R E , PAR I S

O mais curioso aspecto do trabalho de Agnieszka para a tatuagem é que os seus quadros, ao final, resultam num projeto, mas vamos por partes… A polonesa natural e radical em seu país desenvolveu suas habilidades e técnicas de luz, sombreamento e esfuminho que a equipara aos maiores pintores da Idade Média, auge do óleo sobre tela. Como Da Vinci em “Monalisa”. Seu portal de entrada no universo da arte na pele apresenta-se só após a concepção de retratos hiperrealistas dos modelos, daqueles que nem mesmo uma aproximação do admirador consegue a certeza de que não se trata de uma fotografia. Esse resgate renascentista explica como a artista mescla sem preponderar entre o modelo em si, o ambiente ─ ou fundo ─, e a tattoo. Felizmente, o êxito dela não pára por aí… As tatuagens são reproduções idênticas de algumas das maiores obras da história da Arte, sempre posicionadas e localizadas nos “corpos” com a mesma mestria dos tatuadores mais conceituados do mercado. Uma de suas preferidas são as costas, talvez por permitir uma área maior para reproduzir os quadros, o que eleva bastante a dificuldade em segregarmos o seu trabalho por elemento disposto. Uma ode das artes plásticas à tatuagem.





INGLATERRA, GEOMÉTRICO E PONTILHISMO

REFERÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS À PARTE ENCONTRAMOS UMA OBRA A ANALISAR COMPARATIVAMENTE COM A MODELO FAVORITA DE GLENN ATUALIZADA NAS PÁGINAS SEGUINTES COM O FOTÓGRAFO @HARRISNUKEM I M A G E M : “ M U J E R E S D E A R G E L” , D E # PA B L O P I C A S S O

Britânico de #Reading, há 16 anos Glenn vem colecionando prêmios e menções com as suas criações no @TopGunStudio, dentre elas a exibida pela própria esposa @JadeCuzen. O esmero e a dedicação dispensados à modelo ao longo de anos rendeu-lhe um dos mais incríveis portfolios de tatuador da atualidade, onde suas habilidades em geometria e pontilhismo predominantemente talvez representem melhor o ápice de sua capacidade de realização, e a serviço do todo, e não de cada desenho em particular. A linguagem ornamental fez escola e adeptos, e alçou o público a um patamar muito além dos admiradores da tatuagem, e sim do life style do casal. Glenn é conhecido por curtir barbearia em geral, viagens turísticas para renovar as energias e reciclar ideias, colecionar automóveis etc. Mas, outro dos seus êxitos é conseguir personalizar cada fechamento de shape mantendo a excelência do seu trabalho, que também surpreendentemente agrega uma ampla paleta de cores sem perder um bom e refinado gosto, algo pouco ousado pelos tatuadores que lançam mão das formas geométricas em suas propostas. Pensou em @PabloPicasso? Eu também.





ESTADOS UNIDOS, BLACKOUT TATTOO

A PROBLEMATIZAÇÃO DA NUDEZ PERPASSA TODA A HISTÓRIA DA HUMANIDADE, DO FUNDAMENTO JUDAICO-CRISTÃO EM ADÃO E EVA A NELSON RODRIGUES EM “TODA A NUDEZ SERÁ CASTIGADA” I M A G E M : “O N A SC I ME N T O D E V Ê NU S” , D O P I NT O R I TA L I A N O @ S A N D R O B O T T I C E L L I

E se a sua pele entregasse os seus mais íntimos segredos? Tatuadora que virou celebridade de TV graças à exposição através de um programa sobre o assunto e por subir aos palcos de shows como artista, Kat Von D deixou os seguidores espantados meses atrás com as fotos de divulgação do seu álbum de estreia [ o “Love Made Me Do It” ]: utilizando a chamada tatuagem black out cobriu quase totalmente os braços deixando à mostra apenas algumas tattoos menos reveladoras. Tudo aconteceu durante a pandemia e depois dela conceber o seu primeiro filho, o que ressalta ainda mais a ideia de que a decisão ainda que estética passou por uma certa sensação incômoda de nudez. Sim, ela é tatuadora e a aplicação serve de várias maneiras aos clientes, como por exemplo para solucionar casos de quem deseja se livrar de alguma tatuagem sem que isto signifique descurtir tattoo ou recorrer a cirurgias. Porém, o resultado mesmo ainda estando francamente em progresso promoveu-a a si mesma a uma das mais referentes da arte na pele, algo inspirado nas luvas de couro negro coladas aos braços, com design de moda, e que fica ainda mais ressaltado pela cor dos cabelos, pela maquilagem e demais acessórios que costuma usar para se vestir.





UCRÂNIA, TÉCNICAS MISTAS

Com a Tatiana a história é outra: vocalista da aclamada banda de metal extremo @Jinjer, não tatua, é tatuada. E o que a faz constar neste elenco de tendências é justamente isto, que ela ostenta aquilo que sustenta o nosso argumento quanto ao valor da tattoo enquanto Arte, e já não apenas como uma de suas formas de expressão. O NATURALISMO É UMA DAS INFLUÊNCIAS MAIS PRESENTES NA ARTE E REPRESENTAÇÕES CULTURAIS. DEIDADE INDIANA, KARTIKEYA, A HERANÇA DOS DESTRUIDORES, CONTA COM UM PAVÃO E UMA NAJA

Oriunda de um país asiático mergulhado entre culturas seculares, como as do Oriente Médio, dos Balcãs, a russa e a indiana, a modelo deixou-se levar por suas influências naturalistas para compor harmonicamente suas tatuagens e piercings, o que vai de encontro tanto com os seus traços físicos quanto com a sua música extrapolando a afirmação de sua personalidade.

IMAGEM:REPRODUÇÃO

Conhecida por alternar diversos registros vocais que vão do soprano ao gutural, a última tatuagem que mostrou ao público é a imagem de uma cara de uma criatura semelhante a um cachorro saindo de uns arbustos selvagens feita na parte frontal do pescoço, logo abaixo da região do queixo. Para quem acompanha ou aprecia o estilo da cantora sabe que esta mensagem é bem mais direta. Se não, confira o video do tema “Sit Stay Roll Over“ e faça as suas próprias interpretações.





ALEMANHA, TRASH POLKA

A tatuagem já produziu verdadeiras estrelas reconhecidas mundialmente por seus trabalhos, estilos, etiquetas e imagem pública. Um dos estúdios mais aclamados no meio foi fundado por este casal de #Würzburg, região da #Bavaria, com uma propriedade que o tornou singular: é lá que conceberam um estilo próprio e cada vez mais difundido e respeitado, o trash polka. UM DOS FILMES QUE MELHOR EXEMPLIFICAM E RESSALTAM O CARÁTER MODERNO DO TRASH POLKA É O LONGA-METRAGEM INSPIRADO NA HQ DA DARK HORSE COMICS “SIN CITY”, DE FRANK MILLER IMAGEM:REPRODUÇÃO

Híbrido de inúmeros estilos de tattoo, o que faz das criações dos alemães Volker e Simone trabalhos inconfundíveis e de referência internacional são basicamente dois fatores: a linguagem visual dos storyboards e o uso apenas do preto e do vermelho. Obviamente, isto não basta para classificar uma tatuagem como sendo 'trash polka'… O que o estúdio produz em quem os procura para ser tatuado tem o mérito de modernizar a Arte com uma diagramação inspirada no design gráfico, nas colagens e nas animações. São tantos os resultados que nos impressionam que a dupla até começou a ensaiar a tinta amarela substituindo o vermelho em suas propostas, mas dificilmente será um elemento assimilado nos projetos. Apesar da falsa ideia de limitação, ao parece que o trash polka ainda tem muito o que surpreender com o mesmo conceito e dentre os mais celebrados estilos e movimentos do meio artístico.





: EM MEIO À P ANDE MIA E A U MA CRISE FA MILIAR ESCANDALOSA E B ASTAN TE IN ESP ERA DA, GAB RIEL ME DINA PROTAGONIZOU A A SCE NSÃ O D EFINITIV A DO SU RF P ROFIS SIONAL BRASILEIRO: CONQUIS TOU O S EU 2º T ÍTU LO MUN DIAL, SEGUIDO POR FILIPE TOLE DO E ITALO FE RRE IRA, UMA HE GEMONIA IMPENS Á VEL AT É HÁ P OUCOS A NOS A TR Á S. A NTE S AIN DA O SU RFISTA DEC EPC ION OU AO FICAR FORA DO QU ADRO DE MEDALH ISTAS OLÍMP ICOS QUA NDO O ES PORTE E STREA VA N OS JOGOS, MAS COM O SEU C ARA CTE R ÍSTICO 'S ANGU E FR IO' SOMOU NA ETAPA MEXICA NA E VE NCEU A “ME LH OR DE 3” DA FINAL NA CALIFA. FOTO:REPRODUÇÃO/INSTAGRAM


A sutil digital magazine está com campanha nova

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sutil, 10 anos: sabe que é, porque é.


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