sutil #27

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@sutildigitalmagazine #27 de amor, arte, cultura, tecnologia, moda & estilo e tendências @puriprod

0={x E R/0 <(x)<10} X (P.A. r=10/ r=1 X 10e) onde “x” é o fator de conversão igual a 1,02749125170

O VALOR DE ZERO EM MARTE Missões espaciais ao planeta vermelho como a que partiu no dia 30 estão revolucionando a nossa visão do Universo e o modo como vivemos aqui na Terra


SUTIL É UM MAGAZINE DIGITAL MENSAL E SEM FORMATO PRÉ-DEFINIDO SOBRE AMOR, ARTE, CULTURA, TECNOLOGIA, MODA & ESTILO E TENDÊNCIAS EDITADO PELA PURI PRODUÇÕES NÚMERO 27


SUTIL IS A DIGITAL MAGAZINE RELEASED MONTHLY WITHOUT ANY PRE-FORMAT DEFINED ABOUT LOVE, ART, CULTURE, TECHNOLOGY, FASHION & STYLE, TRENDS PUBLISHED BY PURI PRODUCTIONS #27


TO DO S O S DI REI TO S RES E RV ADO S À P URI P RO D 20 20

TE X TO S, E DI ÇÃO E DES I G N

M.I.K.A.

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ISSUU [ ht t p s:/ / issu u. co m/ su ti lma ga zin e ]

DI S TRI B UI ÇÃ O

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} editorial

Faz parte da cura o retorno à nossa vida normal antes da quarentena. Mas, o Mundo mudou.


3e:A DIMENSÃO ALÉM DO ESPAÇO REDIMENSIONANDO E ATUALIZANDO A REALIDADE. A @sutil RESOLVEU REUNIR ALGUMAS IDEIAS DE PAUTAS, FOLLOW-UPS E AVANÇOS CIENTÍFICOS PARA ATENDER ÀQUELA QUE ATUALMENTE É A DEMANDA MAIS URGENTE EM TODO O MUNDO: AGORA QUE A PANDEMIA COMEÇOU A DAR SINAIS DE QUE NÃO CAUSARÁ O FIM DA HUMANIDADE, AFINAL, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? POR M.I.K.A. COM ILUSTRAÇÃO DE ELEANOR LUTZ PARTILHADO PELA REVISTA @Wired



D

emorei muito para apreender essa premissa, mesmo sendo algo essencial para a Ciência, pois é constantemente refutada pelos próprios

estudiosos: o empirismo é fundamental no entendimento e à aprovação das teorias sobre tudo. Tida como somente aquilo que pode ser verificado, inúmeras vezes esquecemos dos inícios nada previstos ou planejados dos estudos, como nos conta, por exemplo, a história do físico britânico #IsaacNewton e da maçã que, ao despencar sobre a sua cabeça enquanto descansava debaixo da árvore inspirou a sua Teoria da Gravidade. É até um certo desleixo científico o abandono do empirismo ao longo do avanço das pesquisas e, principalmente, quando surgem as aplicações das teorias e o desenvolvimento torna-se controlável e produtivo… É que, relembrando que “empirismo” é como chamamos o amálgama de conhecimentos, impressões, suspeições e ensinamentos que nos dão suporte para investigarmos e aprofundarmos qualquer assunto e que provém das mais variadas motivações, este estado é a mola impulsionadora dos estudos e, aliás, o que nos leva por caminhos mais adequados numa investigação porque contempla a nossa personalidade e suas aspirações. Tal elocubração de modo nenhum descarta as investigações motivadas por necessidades básicas ou de vida ou morte. Atualmente, a Medicina está globalmente em busca da vacina mais eficiente contra o novo coronavírus, agente causador da doença que gerou a


pandemia, o que faz com que os cientistas tenham um foco muito maior na sobrevivência do que noutras possibilidades de desdobramentos que as descobertas vão proporcionando. E, mesmo assim, vimos como algum empirismo não pôde ser ignorado para que o excesso de microscopismo e urgência não bloqueasse as soluções através das polêmicas em torno dos remédios disponíveis que surtem algum efeito no tratamento dos contaminados. Em alguma medida, o conhecimento humano depende do dilema, do anseio, da incerteza inicial, da questão e dos problemas que embarreram o entendimento. E, aceitando essa condição, até quando a conclusão sobre um objeto estudado é rigorosamente igual às outras, as trajetórias podem ser muito diversificadas… Talvez até infinitas. Pelo menos nos últimos 5 anos a @sutil adquiriu um reconhecimento e respaldo científico que nunca esperávamos angariar apesar de toda a responsabilidade editorial com a qual nos lançamos. Há anos que as nossas proposições são justificadas a seguir até por prêmios #Nobel, quando na altura em que iniciamos um texto nem sempre chegamos a encontrar tanto material acessível na rede para sustê-lo quanto após a sua publicação. Durante algum tempo isto nos intrigou. A falta de pretensão de nos sobrepormos aos acadêmicos, especialistas e doutores entra em conflito com o fato de que nalguns momentos simplesmente entendemos um tema por uma ótica que sobressai em meio aos estudos


dedicados a ele, e isto, ao término, não é um demérito para ninguém se a Ciência sair ganhando. Essa estranha dificuldade tem mais a ver com o cerne da profissão de jornalista e com o meu desempenho bastante mediano nas Exatas durante o ensino secundário do que com uma crise de estima. Faz parte do exercício de redigir partir de uma ideia genérica, ir atrás das informações e, depois de completar todo um ciclo de aprofundamento e compreensão, retornar ao generalista para comunicar. Já quanto à escola, como se diz comumente, conseguia apenas passar, porque para além de outras disciplinas interessantes achava que a linguagem científica era quase uma opção: ou o aluno “falava” uma Língua ou, a linguagem da Matemática, da Física e da Química, por exemplo. Diante de alguns problemas nas provas, inúmeras vezes fui capaz de desenrolar a resposta, mas por não assimilar devidamente todo o enunciado, me equivocar nalgum momento e ir parar num resultado considerado completamente errado. Hoje, concordo mais com as notas baixas ou médias que tirava, mas sei também que, por algum outro lado, não foram inúteis. A razão é simples: a maioria dos problemas apresentados em salas de aulas têm uma única solução esperada, e esta obrigatoriedade talvez devesse ser cobrada dos experts e não de alunos básicos e multidisciplinares, mas isto é uma outra discussão… O mais importante referir aqui é que para entender uma fórmula como “E=mc2” de #AlbertEinstein para a


equivalência da energia e da massa, não basta saber que “E” é “energia”, “m” é

“massa” e “c” é a velocidade da

luz no vácuo. No nosso caso, acabamos por nos dedicar mais a estudar a energia, a massa e a luz no vácuo ainda que não saibamos a linguagem própria da Física para descrever o que Einstein, afinal, descobriu do que a aprender todas as demais fórmulas, equações, símbolos, siglas ou medidas para entender. Essa situação particular poderia parecer algo caricata, mas nem o é, e tampouco é ímpar. Principalmente devido ao avanço vertiginoso da Ciência nos últimos séculos tornou-se comum especialistas dominarem mais a linguagem do que os conceitos, o que faz ser mais raro encontrar os que têm excelente desenvoltura em ambos. Ou seja, assim como há jornalistas que não são exímios escritores ou oradores, há cientistas mais pragmáticos do que compreensíveis mentes brilhantes.


COMO CHEGUEI À EQUAÇÃO DO SOL ANTES DE A LER Esta edição que você leitor está folheando digitalmente é mais uma comprovação do histórico introdutório nas páginas anteriores. É que, por conta desta pauta, chegamos ao entendimento de uma das questões que a norteiam e, quando fomos comprovar a resposta, descobrimos que ela já havia sido formulada: MSD = (JDTT −2405522.0028779)/1.0274912517. Sim, lemos a fórmula de equiparação do calendário terrestre com o de Marte porque, antes, tiramos a mesma conclusão por outros caminhos, e não ao contrário. Se tivéssemos partido da chamada 'fórmula do Sol' [que é como se denomina o dia marciano], para buscar a tal solução, no máximo, ─ e talvez mesmo que estivesse inscrito num curso específico sobre o assunto ─, conseguiria calcular que dia é hoje tanto aqui quanto lá… Mas a intenção não é descrevermos uma façanha. Ao explicarmos a seguir como isto ocorreu estaremos não apenas demonstrando o nosso passo-a-passo no estudo da razão entre o tempo na Terra e em Marte, como trazendo você para o tema desta edição em si de uma forma mais editorializada. Estamos imersos num cenário singular da Astrofísica e da Cosmologia nem que seja porque é o nosso presente.


Missões espaciais das quais atualmente ninguém mais consegue contabilizar sem um grande esforço; adventos astronômicos de várias procedências e distâncias que ultimamente são encabeçados pelos eclipses solares e suas consequências; as mudanças climáticas e os fenômenos terrestres; revoluções tecnológicas e digitais constantes e que tornaram-se difíceis de classificar por ondas distintas… E, em meio a tudo isso, partimos mais uma vez para o planeta vermelho citado com objetivos bastante divulgados e possíveis graças às viagens pioneiras. Trata-se da #RoverPerseverance e do helicóptero #Ingenuity que faz parte dos equipamentos da nave construído para realizar um vôo e um pouso de testes logo após o comboio aterrizar em Marte, em 18 de Fevereiro do ano que vem. Acerca da missão em si precisaremos nos ater ao Ingenuity e à sua primeira função prevista em território marciano. O aparato semelhante a um drone de movimentação helicoidal deverá sair de uma escotilha na parte inferior do 'jipe' Rover Perseverance que, depois de se afastar do objeto, retransmitirá um sinal de comando dado desde a base da @NASA aqui na Terra para que o acessório alce um vôo entre 3 a 10 metros de altura em relação ao solo, percorra uma distância de uns 300 metros, retorne, pare no ar e volte a pousar sem danos. Tal experimento envolve uma gama de preocupações quanto aos materiais envolvidos, à capacidade de locomoção naquele planeta, aos equipamentos embutidos que farão análises da superfície


e recolha de imagens e, pelo noticiado, isto chamou mais atenção da maioria dos interessados que repercutem a missão do que o sistema de transmissão do sinal daqui para o Perseverance e do Perseverance para o Ingenuity ─ o que foi o nosso caso… Apesar do desenvolvimento das telecomunicações e das transmissões via satélites, mesmo para quem hoje em dia trafega dados facilmente usando, por exemplo, o #bluetooth, é fácil aceitar o alto grau de dificuldade do envio de um sinal de comando entre aparelhos daqui para Marte e distribuindo o mesmo sinal na sequência para um outro objeto. Porém, nem bem havia entrado no assunto e deparamos com uma informação o suficientemente preciosa para virarmos as buscas em sua direção, e que logo mostrou ter sido uma decisão empírica e intuitiva acertada: quando todos os elementos estiverem devidamente posicionados e prontos para que o Ingenuity empreenda o seu primeiro vôo em Marte, a base finalmente dará o comando de decolagem, e este demorará 20 minutos para ser recebido e atendido pelo helicóptero. Ora, tal tempo cronometrado não é um acaso. Além dele estar previamente mensurado tem de haver algum motivo principal para que haja um delay entre o comando da base e a resposta do drone, e não tem a ver com a espera, pois se formos razoáveis, caso a demora fosse de 20 horas e não minutos, para nós, terráqueos, continuaria sendo uma proeza que um robô em Marte


esteja sendo controlado desde um local nos EUA. O que despertou a curiosidade foi o quão rápida será a reação da máquina mesmo havendo ainda uma retransmissão do sinal pelo meio. E daí veio a pergunta: desses tais 20 minutos entre o comando, a recepção do Rover Perseverance, a retransmissão para o Ingenuity e a sua reação, quanto tempo tardará cada etapa? Serão tempos iguais? Para contextualizar melhor e atualizar a quantas anda a relação da Terra com Marte é preciso saber que, com exceção da Lua, este é o astro onde estamos mais presentes dentre todos os outros. Desde 1964 que exploramos o 4° planeta do sistema solar em relação à distância para o próprio Sol. Em 65, o norte-americano #Marine4 atingiu a sua órbita; em 71, uma nave russa tocou o solo marciano, mas poucos minutos depois perdeu contato com a base; em 76, os americanos voltaram e conseguiram o primeiro pouso em Marte com o foguete #Viking1; as missões só retornaram ao planeta em 97 depois de várias incursões para outros destinos e muito trabalho resultante das incursões iniciais, mas a partir dali já somamos outras dezenas de partidas para lá. Partimos então para pesquisar sobre o tempo em Marte e com bastante facilidade encontramos a definição para a cronometragem marciana, que possui um 'erro' denominado “tilt axial” [ ou, “tilt de eixo” ], em relação ao cronômetro da Terra. O tal tilt se revelaria também de


altíssima importância nesta matéria: com 4 estações como o nosso planeta e um dia que dura quase as mesmas 24 horas, durante muitos anos os cientistas não conseguiram entender o motivo da imprecisão e desigualdade, já que, no final do calendário quando ambos totalizamos 1 ano sideral, ela dobra. Veja bem: as estações também têm as mesmas durações dividindo o ano marciano em 4, como na Terra; e um dia lá dura apenas mais 2,7%, o que dá aproximadamente entre 37 a 39 minutos a mais do que um dia inteiro aqui. Mas quando espelhamos os calendários eles mantêm a mesma sincronia de ano para ano, sendo que, cronologicamente falando, o ano marciano com as suas 4 estações deveriam ir descoincidindo com o da Terra cada vez mais devido à diferença diária.

NESTA REPRESENTAÇÃO EM 2D DA DURAÇÃO DO ANO MARCIANO SOBREPOSTO COMPARATIVAMENTE AO DA TERRA VISUALIZAMOS QUE, APESAR DE OS DIAS TEREM QUASE O MESMO TEMPO DE DURAÇÃO EM AMBOS OS PLANETAS E AS MESMAS 4 ESTAÇÕES, EM MARTE 1 ANO DURA QUASE O DOBRO DO TEMPO QUE NA TERRA IMAGEM:REPRODUÇÃO /WIKIPEDIA/AREONG


Daí em diante o assunto ficou tão instigante que deixei de lado esse segundo dado peculiar e fui verificar mais papers sobre a Rover Perseverance, quando o número 20 voltou a chamar atenção já que, além de ser o tempo que o Ingenuity demorará para atender a um comando da base, é o algaritmo que representa o atual ano terrestre ─ 2020. Mera coincidência, talvez… Mas o ano em que regressamos à Marte também passou a requisitar uma leitura mais atenta, e tomei 1997 como um dado aleatório para fazer uma simulação livre: sendo 20 minutos o total de tempo entre o comando da base da missão Perseverance na Terra, a chegada do sinal em Marte

captado pelo Rover, a retransmissão para o

Ingenuity e o início do vôo do drone, por mais rápida que seja a natureza desse sinal dá para afirmar que o tempo que ele precisará para chegar à Marte é bem maior do que o que gastará do Rover até ao Ingenuity, que estará a poucos metros de distância… Assim, pegamos o total de 20 minutos e convertemos 1997 para tempo cronometrado para fazer a tal simulação, obtendo 00:20 [o total]; e 00:19:97 [um suposto tempo que seria gasto no trajeto entre a Terra e Marte]. Mas já neste rascunho surgiu um erro que, quando fui reconsiderar para corrigir, percebi que havia encontrado uma possível razão para o tilt axial: é que 00:19:97 não existe cronometricamente porque as frações são sobre 60 e não sobre 100, portanto, no máximo, poderia simular usando tempos até 00:19:59… Só que este número tanto contradiz o cronômetro quanto reflete exatamente o que um dia em Marte tem a mais em relação ao da Terra: 37m.


Apesar do excesso de acaso nesse rascunho não dá para ignorarmos números de tamanha precisão. Tenho de repor em consideração que todos os algaritmos e dados ainda que inicialmente aleatórios foram coletados dentre as informações das recentes missões em Marte e com algum critério e rigor. A questão do tilt também está bem cotada numa ordem de grandeza dessas variáveis e, somando-se a uma pesquisa que já havia iniciado sobre o Tempo e o Espaço porque trazia alguns olhares renovados sobre o assunto devido ao uso do #cronotrigonômetro [vide cartilha], como ferramenta de estudos, e esta edição tornava-se viável de ser publicada. Há outros fatores a relevar: um é o eclipse solar anular que ocorreu em Junho passado. A experiência da observação está tão inédita em alguns aspectos que, ainda hoje, vivemos os reflexos daquele evento. Isto não tem a ver com o seu grau de raridade, ou, ao menos, se o virmos isoladamente… A conjunção em que está inserido trouxe a possibilidade de observarmos o chamado 'anel de fogo' [o ponto máximo de um eclipse anular quando ao redor da Lua mediante o Sol é possível ver uma auréola luminosa sobressalente do astro maior], não só de ângulos diferentes dependendo da região em que foi fotografado, mas em tomadas muito improváveis e díspares mesmo entre locais aparentemente próximos no mapa. E isso apenas superficialmente, pois com um pouco mais de dedicação está mais compreensível a formação das constelações espelhadas em mapas como os “astrais” usados na navegação e na Astrologia, as emissões de luz


do núcleo da Terra para “fora” ao invés do sentido SolTerra, o alinhamento de 5 planetas visíveis a olho nu daqui do Brasil há semanas etc… Tudo isto veio a tornar propícia uma materialização de ideias, conceitos e esquemas que para uma grande maioria de leigos são demasiado abstratas e, daí, termos o Mundo em verdadeira mudança também de consciência. Ainda antes de avançarmos é preciso pontuar uma outra referência inolvidável ─ que na verdade sempre o foi: como publicamos na edição #23, o sol #Alcyone é atualmente uma das maiores influências cósmicas exercidas sobre o nosso sistema solar por causa do longo trânsito que atravessaremos por sua faixa luminosa, iniciado em 2012. Considerado todo este contexto chegamos então aos preceitos e ideias que nos instigaram a pesquisar a transmissão do sinal entre a base da Nasa aqui na Terra, o Rover Perseverance e o Ingenuity. Em suma é uma conversão do excedente resultante do nosso sistema cronométrico quando usado em Marte ─ como descreve o tilt axial ─, em força motora. Isto torna possível locomover o helicóptero por comandos, mas implica numa operação não relativa a presente-futuro, e sim, presente-passado, pois na impossibilidade de progredir na contagem a partir de um determinado ponto do relógio, a crise gerada “empurra-o” para trás, e não adiante no tempo. Foi assim que chegamos à fórmula expressa na capa desta edição.


VIAGEM N


POSICIONADA NO EQUADOR DA DESÉRTICA MARTE, A CRATERA JEZERO SERÁ O LOCAL DE POUSO DA MISSÃO PERSEVERANCE. UM DOS OBJETIVOS É A BUSCA DE VESTÍGIOS DE VIDAS PASSADAS, JÁ QUE A ÁREA É FÉRTIL E COM TOPOGRAFIA MUITO SIMILIAR À DA TERRA IMAGEM:NASA

NO TEMPO


por m.i.k.a. As coisas quando expressas são mais fáceis de compreender, portanto, nestes assuntos, ainda que oscilante nos níveis de dificuldade fica assumido que o tema é tão complexo quanto de uma simplicidade desconcertante. Um dos elementos que nos ajudam a desenrolar todo este universo é a manjadíssima “regra de 3” que aprendemos cedo na escola para calcular porcentagens com rapidez e exatidão. Recordando, o que é este artifício matemático? Na necessidade de sabermos quantos porcento equivale um determinado valor em relação a outro maior, acrescentamos comparativamente o “100” que representa a totalidade e, pronto. E esse mesmo ensinamento básico serve para explicar o tilt axial e toda a lógica que cerceia esta edição: a regra não pode ser aplicada em horários porque estes são baseados em partes de '60' e não de '100'… Então, dá para afirmar que o nosso problema está compreendido. Apesar de dizermos que um dia em Marte dura 2,7% a mais do que o da Terra, esta sentença, ainda que popularmente perceptível como uma expressão, não corresponde cientificamente ao tanto que o dia lá tem a mais, pois 37 minutos não é 2,7% de 24 horas [1440 minutos], e, para início de conversa, porque a base não é sobre uma centena. Trata-se então de um problema antiquíssimo e que já teve diversas soluções até estabelecermos as praticadas


atualmente: a da medição do tempo. O motivo que explicará o por quê de, afinal, não contarmos o tempo de 100/100 e sim de 60/60 é o mesmo que cria erros como o do eixo de Marte, e que são geridos porque também resultam em aplicações apesar de genericamente poderem ser considerados imprecisos. Pense que antes dos calendários havia o tempo natural, que é o da observação dos dias que sucedem as noites e por aí em adiante… A coincidência conceitual que o movimento do Ingenuity em Marte inspira com o da nossa pauta acabou fundamentando o que estávamos esboçando anteriormente sem a derrubar. Por exemplo: como o nosso foco é a explanação de uma visão sobre a relação entre o Tempo e o Espaço traduzindo-a para transtemporalidade e transespacialidade, tornou-se possível falar sobre dimensões de forma mais legível. O que ocorre em ambos os casos é simples: se compararmos um determinado cenário em diferentes versões de dimensão, um não anula o outro ainda que sejam simultaneamente distintos e complementares… Basta dar um googada pelo game #RiverRaid [2D], um filme qualquer de realidade virtual onde apareça um avião do tipo caça em combate sobre um rio em que haja embarcações inimigas e uma reportagem televisionada que transmita uma situação de combate idêntica. Por


enquanto, poderemos até nos dar ao luxo de ignorar um plano presencial e desconsiderar a interface da tela como um obstáculo para chegar à tal conclusão, já que, entre o que está sendo assistido tanto em 2D quanto em 3D, constatamos que um plano não substitui o outro. Em termos dimensionais eles apenas coexistem. Por alguma razão que desconhecemos esta percepção está mais desenvolvida em nós na relação com o Espaço do que com a do Tempo. E isto faz com que seja mais difícil percebermos situações como a incompatibilidade do timer terráqueo em Marte. Rascunhando, o que detectamos foi o seguinte: as diferenças temporais podem ser tão mínimas que, na verdade, acabam por contemplar o infinito entre o “algo” e o “nada”. Em Matemática, este fato é traduzido pelo complemento do caractér “e” após um número para representar o algaritmo quando este contém demasiadas casas decimais. O “e”, nesta proposta, está para o Tempo como o que o “D” simboliza na grafia de planos espaciais. E, felizmente, não há um exemplo mais adequado para o que é o 3e neste contexto do que o esquema divulgado de comando de vôo do Ingenuity, pois a base da missão em Terra dará um comando desde a nossa dimensão temporal e, tanto o retransmissor quanto o drone só responderão naquela outra dimensão porque o nosso cronômetro nem sequer funciona lá e, até por isso, o aparelho se moverá, ao invés de obedecer um padrão de progressão horária quando tudo deveria ocorrer. Na prática, nós


JEDDAH Arábia Saudita

ABU DHABI E. Árabes

BELA Paquistão

SIRSA índia

TAIPEI Taiwan

YUNLIN Taiwan

NO ECLIPSE DE JUNHO PUDEMOS VISUALIZAR O SEU CLÍMAX DE DIFERENTES ÂNGULOS MESMO QUANDO O PONTO DE OBSERVAÇÃO ERA PRÓXIMO. IMAGENS:TIME & DATE

sabemos que o Ingenuity demorará 20 minutos terráqueos para responder ao comando, mas a dimensão em que isto se dará é completamente outra. Nessa medição há uma 'dischavação' dos cientistas que contabilizam ali o tempo total gasto e não o ajuste mecânico que o aparato faz entre a recepção, a retransmissão e a locomoção…


Explicando-me: vamos simular a cena do dia em que a base dará o comando para o Ingenuity decolar. Suponhamos que o horário marcado é 10 horas e, como o previsto é que o helicóptero alce vôo 20 minutos depois, isto aconteceria às 10h20. O problema é que será 10h20 na base de comando… Mas, e em Marte? [sabendo-se que lá o dia dura mais 37 minutos]. Por cálculos, o horário marciano é obtido pela equação do Sol citada anteriormente, que informa que, cada 1 minuto terrestre corresponde a 1,02749125170 lá, e este dado sendo aplicado a cada um dos dias que já se passaram até ao dia do experimento desde que estabelecemos o calendário juliano ─ escolhido para a redação da fórmula. Ou seja… a crise do cálculo é tão grande que o cronômetro deixa de fazer sentido em Marte, mas a instabilidade e disfunção temporal são convertidas em força, um êxito dos cientistas que desenvolveram a missão. O movimento do Ingenuity então dar-se-á por defeito. Um dos motivos causais é o que chamamos de “lapso”, que, no caso de uma máquina, também tem a ver com a memória. Descomplicando um pouco mais usando a linguagem da Informática, os computadores operam obedecendo a uma rotina, que nada mais é do que a série de comandos que constam em sua programação para efetuar determinadas ações… O conceito é que diante do problema da contagem de tempo para prosseguir com o comando dado pela base conforme descrevemos os processadores do drone entram na tal crise e esta é captada para gerar a sua própria


força motora, mas como a seguir ainda não encontrará solução para a contagem cronológica, fará uma busca automática em sua memória para executar o que está previsto após o motor ser acionado. Daí conseguir decolar já independente do cronômetro. De fato, este plano que parece uma gambiarra tecnológica é um dos mais comemorados avanços das missões à Marte, pois foi a maneira encontrada e realizável para angariar este salto dimensional, ignorando a questão do cronômetro. E, sem dúvida, essa realidade é bem menos assimilável do que a da dimensão espacial o que deflagra um desequilíbrio só compreendido quando percebemos o quanto é igualmente estranho mover um bit tocando uma tela ou utilizando um controle remoto ou joystick. Há ainda uma consideração sobre 3e que esperaremos pela NASA para explicar: quando o Ingenuity levantar vôo devido ao excedente da incompatibilidade entre os calendários da Terra e de Marte, portanto alheio ao cronômetro, para onde ele se moverá? Para o passado ou para o futuro? Como a nossa elaboração gira em torno de excesso de tempo simultaneamente com impossibilidade de progressão, está bastante mais evidente que o que estamos prestes a ver é um aparelho recuando no tempo. E, matematicamente falando, para tirar aquela diferença entre o minuto daqui com o minuto de lá. Um experimento revolucionário, mas que, sendo mais exato ainda, ruma para algo próximo da tentativa de onisciência.


: A ESCOLHA DESTE MÊS FOI BEM DIFÍCIL… ENTRE TRUMP POR TER SIDO ACUSADO PELA MÍDIA DE COMPRAR TODO O 1° LOTE DE VACINAS CONTRA O COVID­19 QUE AJUDOU A FINANCIAR ENCOMENDANDO­AS À PFIZER E BIONTECH, AO ETERNO CANDIDATO OLAVO DE CARVALHO ─ PASSANDO POR AFIF DOMINGOS E A DEPUTADA PIAUIENSE REGIANE DIAS ─, PARAMOS NO AUGUSTO NUNES. O JORNALISTA DO PINGOS NOS IS NÃO DEU POUCOS MOTIVOS: COMENTARISTA MORDAZ DO PANORAMA NACIONAL J Á CRIOU POLÊMICAS INTERMINÁVEIS E SAIU NUM TAPA DESENCONTRADO AO VIVO COM O ADVERSÁRIO DE DEBATE GLENN GREENWALD, MAS COM O MESMO JEITO DE QUEM TÁ NO BAR, TAMBÉM TRANCOU­SE EM CASA DURANTE A QUARENTENA E, VIA LIVES, CONTINUOU 'AO BALCÃO'. ANTES DE RETORNAR AO EXPEDIENTE PRESENCIAL SACOU NO AR A FRASE 'P ÕE NA MINHA BOCA!…' QUE, SOLTA NUMA EDIÇÃO DE CHAMADA PARA O PROGRAMA NO YOUTUBE, ASSUSTOU. FOTO:REPRODUÇÃO



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