sutil #30

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MAGAZINE DE AMOR, ARTE, CULTURA, MODA & ESTILO, TECH E TENDÊNCIAS


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SUTIL É UM MAGAZINE DIGITAL MENSAL E SEM FORMATO PRÉ-DEFINIDO SOBRE AMOR, ARTE, CULTURA, TECNOLOGIA, MODA & ESTILO E TENDÊNCIAS EDITADO PELA PURI PRODUÇÕES NÚMERO 30


} editorial

ANO X Estamos completando 10 anos de existência. Lançada em 2011, porém foi só a partir da edição #14 publicada em 2018 é que tornamos a sutil uma publicação mensal. Um passo decisivo que contou com a condição básica de termos leitores assíduos e numericamente representativos que justificassem a intenção de fazer do magazine um produto editorial cada vez mais presente em suas vidas. Eram quase 30 mil, comemorávamos logo ao título do editorial daquela edição. Hoje, 27 meses depois, saímos com este #30 com mais de 45 mil. São números animadores, mas convém partilharmos melhor o que tais computações significam de fato em nosso perfil: A @sutildigitalmagazine está cada vez menos circunscrita ao formato de caderno porque a cada edição fica mais atual. Entre o último número e este, por exemplo, os governos federal e da cidade do #RiodeJaneiro engavetaram o projeto para um novo autódromo porque este continha como uma das premissas derrubar mais de 180 mil árvores autóctones de #MataAtlântica em #Deodoro segundo relatórios oficiais de impacto ambiental ─ a matéria foi capa da edição 17; talvez numa intervenção inédita, o #SuperiorTribunaldoTrabalho antecipou-se aos sindicatos, ordenou a recontratação de todos os funcionários das fábricas em #Camaçari e #Taubaté pertencentes à @FordBrasil e bloqueou todos os bens da companhia enquanto esta não arcasse


com os custos trabalhistas do desmonte que anunciou em Janeiro; e na sequência #Bolsonaro anunciou que vai substituir o presidente da @Petrobras devido à escalada de preços finais dos combustíveis ─ ambos os assuntos constam no editorial passado… Mas reconhecemos que foi precisamente a insistência na perseguição pela atualidade que transformou alguns grandes veículos de comunicação em compilações de notícias de última hora, um erro grasso na competição com as TVs, rádios, demais audiovisuais e Internet. Portanto, não é este o nosso objetivo apesar de tal caráter noticioso deflagrado em nossas pautas fazer da revista algo ainda mais gratificante enquanto publicação também jornalística. Entretanto sobre aquele número 00 temos mais um presente: o fac-símile da série literária “Sorria, Você É a TV” que estreou a publicação foi finalmente recebido por uma editora e será impresso e distribuído em breve num único volume. Um projeto da @EditoraViseu que reconheceu o valor da obra cujo original de 9 volumes contém cerca de 1000 páginas, e que já está recebendo um tratamento de excelência pelo seu conselho editorial e staff. Saúde!







DO NADA AO INFINITO A DESCOBERTA DE UM METAL EM MARTE PRESENTE TAMBÉM NA ANTÁRTIDA REPÔS A IDEIA DE UNIVERSO QUÍMICO COMO UM DOS CAMINHOS DISPONÍVEIS MAIS URGENTES PARA A INTERPRETAÇÃO DO COSMOS E NAS APLICAÇÕES PRÁTICAS DOS AVANÇOS CIENTÍFICOS: SE NO INABITÁVEL PLANETA DE CO2 OCORREU A OXIDAÇÃO NECESSÁRIA PARA O SURGIMENTO DA JAROSITA, TALVEZ POR LÁ A VIDA ESTEJA MESMO APENAS COMEÇANDO

_por m.i.k.a.


Q

uem não gostaria de saber qual é afinal a origem de tudo? Da natureza, dos seres, do Mundo… O aspecto mais atualizado desta nossa ânsia quase nata é que estamos bem mais próximos da resposta do que da crença nas próprias

evidências. Isto porque a Ciência, de modo geral, já dirimiu mais dúvidas do que as que foram amplamente reconhecidas e divulgadas, e se encontrou mais vezes com interpretações ancestrais oriundas das religiões e da Fé do que foi possível entendermos até ao momento. Perante tantas explicações que contraditoriamente ou não aumentaram a distância entre o Saber e o desconhecimento ─ ou mera negação, mas neste enquadramento não haverá descoberta ou manifestação transcendental que nos resgate… ─, os experts têm trabalhado numa inclusão gradual que requer melhoria da comunicação com o público e com os estudiosos, paciência e controle das variáveis decorrentes do crescimento do número de pessoas ou grupos que passam a perceber as coisas de uma forma mais convencionada e menos antagônica. Um exemplo disso é a convicção global de que é preciso combater o covid-19,


porque o vírus existe e é não apenas altamente contagioso como também letal. E justamente por estarmos vivendo um momento de tanto apelo à concentração em prioridades e na união de esforços que a @sutil conseguiu reunir uma série de informações e disciplinas que convergiram para uma ideia graficamente explicitável do comportamento da matéria que culmina com o surgimento de tudo que seja natural e elementar. Muito mais do que autoral, esta reportagem abrange os objetivos e a operacionalização da missão #RoverPerseverance, da @Nasa, que pousou em #Marte no passado dia 18 de Fevereiro; a recente descoberta por um grupo de pesquisadores da @UniversidadeMilanoBiccoca da presença de jarosita no subsolo da Antártida; e a tal busca pela compreensão do surgimento do Universo que norteia essas ações. Para início de conversa temos de pontuar que em Física, antes da matéria precedem-a as chamadas “grandezas físicas” e as “forças da Natureza”.


Há pouco tempo atrás comentamos que a Massa [ uma das grandezas ], é um conceito ainda pouco compreendido apesar de constar nos currículos escolares desde o Fundamental, acrescentando que, de certa maneira, face ao grau de peliculosidade e a sua abrangência, que tal lacuna nem seria uma realidade a lamentar… Ironicamente, acabamos por esbarrar com elucidações mais do que esclarecedoras sobre ela nesta edição. E a primeira chave para entendermos o por quê é que a Física, por mais fundamental que seja no estudo da matéria não esgota em si mesma a capacidade de a compreendermos: para perceber o que é Massa é preciso saltar do seu conceito definido por tal disciplina para a Química, onde é aprofundado e onde está representado. Ok. Existem as Física I, II, III… assim como as químicas e a FísicoQuímica. Mas a nossa discussão não é sobre a extensão das disciplinas para além da escola. O que agregamos ao entendimento é uma percepção espoletada pela descoberta da jarosita no planeta vermelho em 2004 [ graças à missão anterior #Opportunity ], e à investigação que


detectou o mesmo mineral no Pólo Sul, pois foram os traços comuns entre as composições geológicas e atmosféricas da #Terra e de Marte que impulsionaram as pesquisas sobre o aparecimento da raríssima rocha naquele ponto do globo: encontrada numa camada profunda de uma região de altíssima atividade do campo eletromagnético terrestre, a jarosita denunciou que a sua formação encontra-se num nível bem próximo dos elementos mais primordiais [ entendendo-se por primordial a proximidade com o H, com o He e demais não-metais ]. Ou seja, nalgum momento das atividades que extrapolam as geofísicas, as moléculas de Hidrogênio e de Hélio que combinam-se com outras ao invés de permanecerem em seu estado puro, não apenas geram novas substâncias como originam os outros elementos. Dito assim, ainda é bastante complexo e vago ─ o esquema que ilustra a abertura demonstra esse comportamento de uma molécula diatômica na estrutura química R-O-O-R [ perióxidos ], até com timming e movimento como numa animação, mas está longe de ser exaustiva.


O “O” DA QUESTÃO.

Retomando mais um pouco de Física para dosar

melhor a compreensão da nossa proposta de visualização teremos de repor algo muito em voga atualmente, apesar do mistério do qual ainda é envolto: a Gravidade. Sendo outra força natural, além das propriedades que fazem dela aquela que cria as órbitas de todos os astros e as suas rotas e rotações, a Gravidade também é entendida como o Espaço-Tempo onde a luz ainda não chegou, um tecido que separa as dimensões. Entretanto, este conceito à princípio igualmente abstrato também vem ganhando cada vez mais contornos com os avanços científicos, e é essencial para falarmos sobre matéria. Imagine um lugar onde não há luz. Sem luz não é possível observarmos nada. O que os astrônomos comprovaram recentemente é que em tal evento também não existe matéria, o que estabeleceu definitivamente a relação entre a origem das coisas e a luz. Porque quando a luz avança no seu trajeto de expansão pelo Universo cria um atrito com o campo



gravitacional oposto e, como num filtro, parte dessa irradiação prossegue viagem e, a outra, fica retida pelo manto da Gravidade. Esse “resíduo” é a matéria-prima do Universo [ o H, o He… ]. Certamente você já viu uma mandala. Como pode confirmar na da página anterior, o esquema geral das mandalas representa esse comportamento inicial no surgimento de algo e os seus movimentos subsequentes e consequentes, sem restrições de ordens cronológica ou hierárquica, tornando-se uma das melhores formas de expressar tais gênesis… Focando a mandala no ponto central e considerando-o como o de origem, todas as formas e cores a partir do vértice representam uma matéria ou substância em nascimento. Este conjunto de fenômenos é a Massa. Daqui repescamos a estrutura química “R-O-O-R” sob a nossa proposição: seu próprio desenho tipográfico representa, ainda que de forma simplificada, o que visualizamos anteriormente na mandala, e não


apenas ilustrativamente, até porque é primeiramente científica [ os “O's” na estrutura são o símbolo do Oxigênio, e os “R's”, são radicais orgânicos que interagem com a ligação Oxigênio-Oxigênio ─ O2 ─, durante o processo de oxidação ]. Repare que, assim como acontece com a molécula de O da ilustração 3D da abertura, em R-O-O-R o O2 é retido pelos radicais, sugerido num movimento de aproximação em direção ao leitor que é impedido pelos “R's”. Curiosamente, ao depararmos com essas bases teóricas nos estudos sobre a formação da jarosita, a oxidação requisitou ser mais primordial do que se imagina, pois o próprio Oxigênio oxida. Isto é, o que R-O-O-R está também expressando é que uma vez saído de sua fonte original em meio a forças e grandezas em estados extremos, o Oxigênio resulta em inúmeros outros compostos químicos mesmo no contato entre os seus próprios átomos, como a passagem do Ozônio [O3], para o gás de Oxigênio [O2] ─ que é vital em nosso planeta ─, após a perda do átomo mais instável, e na jarosita, ao oxidar com o C e o S até virar o metal.


} entrevista

ZÉ LUÍS OLIVEIRA COMPOSITOR, INSTRUMENTISTA E PRODUTOR

ACADÊMICOS DE MANHATTAN FEVEREIRO SEM CARNAVAL, @BENJOR . A PANDEMIA CAUSOU MUITOS OUTROS ESTRAGOS MAIS LAMENTÁVEIS DO QUE O CANCELAMENTO DAQUELA QUE É CONSIDERADA A MAIOR FESTA DO MUNDO, MAS À ÉPOCA AGENDADA É QUE PERCEBEU­SE DE FATO O QUE É A SUA AUSÊNCIA. AS ESCOLAS DE SAMBA, O COMÉRCIO E O TURISMO QUE GIRA EM TORNO DA DATA SIMPLESMENTE DISPERSARAM. NA TV, UMA TENTATIVA DE RETRANSMISSÃO DE DESFILES DE ANOS ANTERIORES PARECIAM AGRAVAR A NOSTALGIA. FOI UM CARNAVAL INTEIRO DE CINZAS MAS, COMO NOS CONTA O MÚSICO DESDE #NY , O SAMBA SEGUE EM ALTA


DESDE O SEU ATELIER MUSIC STUDIO, ZÉ LUÍS OLIVEIRA COMPÕE, PRODUZ E GRAVA ÁLBUNS E TRILHAS­ SONORAS ONDE IMPRIME O SAMBA E O JAZZ COMO ASSINATURA FOTO: FELIPE V OLIVEIRA


} sutil Nesta edição nos debruçamos à questão do Samba em si, da Música em si, do ritmo e da sua natureza primeira que é a expressão cultural e artística do brasileiro. Existe Samba em meio à tanta dor e tristeza? Como é que fica sem o Carnaval e atravessando uma pandemia dessas na visão de um músico carioca residente nos #EUA que atualmente dedica bastante do seu saxofone e do tempo de estúdio ao estilo? } ZÉ LUÍS OLIVEIRA O Carnaval é sem dúvida alguma a festa maior do Samba, um momento em que essa expressão mostra toda a sua força artística e democrática, o povo junto cantando e sambando temas da atualidade que são representados por esse estilo que é o samba-enredo. Pela sua natureza, o Samba é uma arte de encontros, de conversas, debates, provocações e nesses tempos de pandemia isso se tornou um desafio que impossibilita essa interação natural. De qualquer modo, o Samba está vivo e pulsando nas veias do povo brasileiro e vai emergir dessa situação com toda a sua força e mostrar para o Mundo que é a arte genuinamente brasileira.


} sutil Dentre o seus trabalhos, um dos que nos chamou atenção foi o #Sambismo, onde recebe vozes nacionais para dar uma roupagem de intérpretes às suas canções. Ainda que não seja algo inédito soa diferenciado não apenas pelo local onde produz mas pelo perfil dos músicos envolvidos. Pode falar um pouco sobre este projeto? } ZÉ LUÍS OLIVEIRA Interessante o fato desse projeto ter chamado a sua atenção… À princípio o produtor @BécoDranoff e eu idealizamos e produzimos o Sambismo com a intenção de licenciarmos as nossas músicas para sincronização [ Cinema, TV e propaganda ]. Fui o compositor do projeto e tivemos algumas parcerias com letristas e cantoras, como @BernardoVilhena, @SabinaSciubba [ @BrazilianGirls ] e @BebelGilberto. Também atuaram cantando a @NinaMiranda [ @SmokeCity e @Zeep ], @MarianadeMoraes e @LilianVieira [ @Zuco103 ]. Tivemos a participação de vários músicos da cena novaiorquina, como o @JesseMurphy no baixo acústico e elétrico, a @MasaShimizu no violão, @SimoneGiuliani nos teclados e prog, @DavidFinck também no baixo


acústico, os violonistas @GuilhermeMonteiro e @RichardPadrón, @ToddLowe na viola, @MagrusBorges na bateria, @DendêMacedo na percussão, dentre outros. De #Londres tivemos o @ChrisFrank na guitarra elétrica e acústica, @TristanBanks na bateria e @SimonKatz [ @Jamiroquai ], na guitarra elétrica. E, do #RiodeJaneiro, o @CelsoFonseca no violão. O Sambismo foi maioritariamente gravado no meu estúdio ─ @TheAtelierMusicStudio, na sua 'encarnação' original em #Manhattan ─, aqui em Nova Iorque, e trabalhei como produtor, arranjador e multiinstrumentista tocando as flautas e saxofones ─ que são os meus instrumentos principais ─, assim como o violão, a percussão, programando baterias eletrônicas e teclados… o Béco fez a parte de A&R, curadoria, direção artística e prod no estúdio junto comigo. Fizemos parte do #MIDEM, dentre outros festivais. Fomos mencionados no jornal especializado @MusicWeek, tocamos ao vivo aqui no @NUBLU e em


outros night-clubs, e também participamos de algumas compilações graças ao Béco. Creio que a diferenciação maior veio muito do grupo de pessoas envolvidas, do cuidado que tivemos com a qualidade da produção, da maneira que gravamos e do aspecto musical que retrata um lado tradicional da música brasileira acoplado a uma concepção atual sem comprometer nenhum dos 2. NA DISCOGRAFIA DE ZÉ LUÍS, ENTRE ARTISTAS RENOMADOS E REVELAÇÕES CONSTAM AS COMPILAÇÕES DO SAMBISMO E O INDICADO AO GRAMMY DE 2020 “JUST PLAY PERU”, COM CANTORAS DA MÚSICA AFRO­PERUANA. ABAIXO, O BRAZILIAN GROUP NO THE NEW YORK TIMES IMAGENS:ARQUIVO


} sutil Aí nos EUA, você compõe para Cinema regularmente. Como iniciou neste segmento tão internacional mas restrito que é o das produções norte-americanas? Está trabalhando em algum filme no momento? } ZÉ LUÍS OLIVEIRA Esse tem sido um dos meus trabalhos principais atualmente, mas quando ainda vivia no #Brasil fiz parte com o @GilbertoGil ─ com quem gravei 3 álbuns como instrumentista e arranjador ─, da trilha-sonora de “Um Trem Para as Estrelas”, de @CarlosDiegues, que foi indicado para a Palm d'Or no @FestivaldeCannes em 1987 e foi o filme brasileiro que participou do #Oscar naquele ano na categoria de “Filmes Internacionais”. Já aqui em Nova Iorque, logo que cheguei comecei a trabalhar como instrumentista. Naturalmente fui conhecendo vários músicos que trabalhavam em casas de jingles e trilhas e comecei a ser chamado pelos mesmos para participar de gravações como instrumentista, até que um dia um desses amigos que costumava me convidar disse que eu tinha que compor um Tango. Disse ele que sabia que era música argentina e


não brasileira, mas acreditava que eu teria mais tarimba em compor esse gênero do que ele mesmo. Então, compus o Tango que acabou entrando para uma propaganda de um banco e a partir daí começaram a me chamar para fazer trabalhos como compositor freelancer. Esse foi o primeiro passo. Depois disso recebi uma solicitação de uma editora de música para compor um tema para a novela “One Life to Live”, da emissora @ABC. A música entrou na trilha e fiquei trabalhando nessa novela de 2005 a 2007, o que me deu uma certa visibilidade no mundo das trilhas-sonoras e, consequentemente, fui criando relações com outras editoras musicais, chegando gradativamente às produções de grande calibre, como os chamados 'blockbusters'. No momento inicial da pandemia a indústria sofreu uma queda muito grande, mas durante 2020 e agora no início de 2021 tenho trabalhado para o Teatro off-#Broadway como produtor e arranjador, com as peças “A Burning Church”, “Jazz Singer” e “Triple Threats”, sendo que as 2 últimas acabaram de ser escolhidas para participarem do renomado


NUMA IMAGEM CLÁSSICA NO RIO DOS ANOS 80 LADEADO POR CAZUZA, LOBÃO E MARINA LIMA FOTO:CRISTINA GRANATO


@LincolnCenterAmericanSongbook. Apenas 6 peças foram selecionadas, e tive o privilégio de fazer parte com 2 delas.

} sutil Já foi nomeado 5 vezes para o @Grammy [3 com a @BebelGilberto, 1 com o @JairOliveira e 1 com o argentino @DiegoTorres ]. Localmente, o seu trabalho está conotado diretamente com a música latina? } ZÉ LUÍS OLIVEIRA Quando você sai do Brasil, de certa forma, você se torna mais brasileiro. Dito isso, ao chegar aqui, trabalhando como instrumentista fiz parte de bandas de música americana [ Jazz, Funk, Rhythm N'Blues e Pop/Rock ], e ainda trabalho muito como instrumentista para várias entidades daqui, como é o caso da @Go:Organic Orchestra. Mas, o meu trabalho solo e no de certos artistas com os quais tenho uma relação longeva são de descendência brasileira e/ou latina, como a Bebel Gilberto de quem fui diretor musical durante a turnê que a lançou internacionalmente e com quem colaborei durante muitos anos,


assim como com os outros artistas que mencionei. Na verdade já tenho agora 7 indicações para o Grammy, pois na edição de 2020 um trabalho que produzi no #Peru ─ o “The Warrior Women of Afro-Peruvian Music” ─, foi indicado para o 21º Grammy Latino na categoria “Best Long Form Video”, e atualmente estou concorrendo com o guitarrista brasileiro @ChicoPinheiro ao prêmio na categoria “Best Latin Jazz Album” com o “City of Dreams”, do qual participo como engenheiro de pós-produção. } sutil Sendo um saxofonista e residente em Nova Iorque tornou-se frequentador dos clubes de Jazz da cidade? Como enquadraria hoje a música brasileira no contexto das tendências do Jazz que têm um longa trajetória de influências mútuas e parcerias? } ZÉ LUÍS OLIVEIRA Certamente. Tornei-me um frequentador assíduo dos clubes de Jazz aqui em Nova Iorque. Se você quiser saber o que e quem está acontecendo na cena esses são os lugares que você tem que frequentar. Esses clubes eram onde eu trabalhava como instrumentista a maior parte do tempo ao chegar aqui…


NO CINEMA, O COMEÇO FAZENDO O DEVER EM CASA EM “UM TREM PARA AS ESTRELAS” [1987], PARA JÁ RESIDINDO EM NY CHEGAR AOS BLOCKBUSTERS ─ COMO “GHOSTS OF GIRLFRIENDS PAST” [ 2009 ], E “RIO” [2011]. NO ANO PASSADO, ZÉ LUÍS VOLTOU A SER PREMIADO COMO MÚSICO ATUANDO NO CURTA “MAMA DON'T MAKE ME” IMAGENS:REPRODUÇÃO

O Jazz é uma arte mutante, sempre influenciada por outras culturas, e hoje em dia ele está bem diferente de sua forma original, oriunda da cultura negra. Várias culturas influenciaram o Jazz, como é o caso do Bebop, que surgiu da fusão da música Afro-Cubana com o Jazz quando @DizzyGillespie e @CharliePaker tocavam nos cassinos de #Cuba... Outro caso que exemplifica bem isso é o famoso álbum “Time Out”, do @DaveBrubeck, influenciado por suas viagens à #Turquia e a outros países do Oriente Médio enquanto embaixador do Jazz. A música brasileira é também uma grande influência no Jazz, desde


@CarmenMiranda. Charlie Parker gravou “Tico-Tico no Fubá”, passando obviamente pela Bossa Nova. Depois, @SergioMendes, ao final dos anos 60, e vários outros, como o @EumirDeodato, @LuizEça, @IvanLins, @MiltonNascimento, @BandaBlackRio, @Djavan, tantos... E com o advento do Jazz contemporâneo, com Gil e @CaetanoVeloso, assim como @LuizGonzaga com seu Forró e outros artistas da MPB também influenciam o Jazz atualmente. Uma curiosidade: até ao final dos anos 90 e início de 2000, a música brasileira em Nova Iorque se dividia em 2 gêneros: Samba-Jazz ou sambão [ tipo Carnaval, com mulheres fantasiadas e batucadas ]. Nessa época, um clube famoso desde a década de 60, o @CaféWha?, onde se apresentaram @JimmyHendrix, @JanisJoplin e @BobDylan, dentre outros, criou uma noite brasileira às segundas-feiras que se tornaria um grande sucesso. Essa tal noite dedicada à música brasileira foi uma enorme influência, mudando o repertório da nossa música na cidade e também influenciando vários músicos de Jazz integrantes da primeira


formação da banda, que consistia de músicos tarimbados, em sua maioria brasileiros: @CarlosDarcy, diretor musical e trombone [ com quem toquei na banda do Caetano no início da década de 80 ]; eu no sax tenor, soprano e flautas formava com ele o naipe de metais; nos teclados tinha o @DidiGutman [ Brazilian Girls ]; o @MauroRefosco [ Forró in the Dark ], na percussão; o @RenatoBrasa [ @Diana Warwick ], na bateria; @JoshWeinstein na guitarra; @ZéGrey [ Forró in the Dark ], no baixo elétrico; e as cantoras @VanessaFalabella, @BarbaraMendes e @MarianneEbert. A partir desse evento, a música brasileira em Nova Iorque se tornou muito mais orientada à MPB. } sutil Mesmo fora do Brasil desde 1990 continua próximo o suficiente das produções nacionais? } ZÉ LUÍS OLIVEIRA Continuo conectado com Gilberto Gil, Caetano Veloso, @Liminha, @CarlosPontual, @TomasImprota, @RicardoCristaldi, @MarceloCosta, @ToniCosta e uma galera mais jovem também tipo o @PedroMartins, @FelipeViegas [ pessoal de Brasília ]… e tem o


@Bernardo Vilhena que é meu amigo há anos e que me chamou para participar como 'band leader' da @BandaMagnética no @CopaFest [ Festival de Música Instrumental no Copacabana Palace ], em 2009 e 2010. Mas, acima de tudo mantenho contato com os meus amigos do início da minha jornada musical: @CláudioNucci, @MarioAdnet, @ClaudioInfante, @MúCarvalho e @MarcioResende. Fiz participações e/ou arranjos nos álbuns do Mario quando ele gravou aqui o “Para Gershwin e Jobim” [2005]; no “Relógio de Dali”, do Mú [2010]; no “Tempo”, do Cláudio Infante [2006]; no “Viva o Letrista Vol. 1”, Cláudio Nucci [2016], e agora estou gravando remotamente uma participação no seu novo trabalho com o @JaquesMorelenbaum. Fiz trilhas para o filme nacional “Os Lados da Rua”, do diretor @DiegoZon, que recebeu indicações em 2 festivais de Cinema, e também fomos com ele a Cannes em 2012. Atuei também no álbum “Café com Leite”, da @Simone [1998], e em 2006 fui ao Brasil para fazer uma participação especial no show de lançamento do álbum “Veneno AntiMonotonia”, da @CássiaEller, uma homenagem ao @Cazuza que traz uma canção minha e dele chamada “Obrigado (Por Ter Se Mandado)”…


Depois, a convite do Liminha fui participei de uma homenagem ao Cazuza no @RockinRio de 2013. O meu primeiro álbum chamado “Guarani Banana” foi lançado no Brasil em 2000 pela gravadora @TRAMA e se tornou o 2o. CD de música instrumental mais vendido no país, abaixo apenas do álbum do @MarcosSuzano. E sigo fazendo trabalhos para o Brasil desde aqui, às vezes daí, então sinto que continuo conectado com as produções nacionais.

} sutil Seu estúdio já foi até premiado pelo @BrooklynAwards pela qualidade das suas produções. Atualmente, vivemos um proliferação de home studios e uma crise dos grandes estúdios devido ao escasseamento dos investimentos das gravadoras se compararmos com o que ocorria até aos anos 80, 90… Além das suas habilidades como músico e produtor, o Atelier Music Studio tem algum diferencial que possa destacar [ set, workflow… ]? } ZÉ LUÍS OLIVEIRA O meu estúdio foi premiado em 2015 quando estávamos localizados em #Dumbo, no #Brooklyn [ foi a 2a. locação ], por isso


EM LONG ISLAND CITY HÁ APENAS 4 ANOS, A NOVA SALA DO THE ATELIER MUSIC STUDIO FOI CO­PROJETADA PELO ENGENHEIRO DE SOM BRAD LEIGH. F O T O : D I V U L G A Ç Ã O

recebemos o prêmio do Brooklyn Awards. E você está correto quanto à facilidade que temos atualmente. Qualquer músico pode ter um computador com uma interface mais alguns elementos e gravar de casa com uma qualidade bem razoável. São raros os grandes estúdios de gravadoras, e os grandes estúdios independentes aqui de Nova Iorque que você aluga por hora estão se extinguindo não só pela competição


com os 'project studios' e 'home studios', mas também pelo fato de que um imóvel do tamanho necessário para acomodar um estúdio desse porte está com custos caríssimos nos dias de hoje, e não há demanda que pague as despesas dessa empreitada. Consequentemente sobraram poucos e em geral estão relacionados à educação ─ como é o caso do @Avatar, que agora se tornou o @PowerStationAtBrekleeNYC [ patrocinado pela @BrekleeSchoolofMusic ] ─, ou tem que ter uma reputação e clientela classe A que ainda viabiliza a sua existência, como no @SoundOnSound. A nova encarnação do meu estúdio já desde 2016 é em #LongIslandCity, no #Queens, a uma estação de Metrô de #Manhattan, o que é bem atraente para os clientes. Temos sido classificados entre os melhores estúdios da nossa vizinhança no @Google. Fora isso tem algumas coisas que criam um diferencial no meu estúdio… Sendo o proprietário da sala, contratei um super engenheiro de som que também desenha e constrói estúdios, o @BradLeigh, mas antes de desenhar ele me fez um questionário muito específico para saber que tipos de instrumentos, sons, produções etc eu iria usar para gravar e trabalhar lá. Depois de tudo especificado,


ele chegou às suas conclusões, me apresentou 3 desenhos diferentes e escolhi um de acordo com ele. Pusemos as mãos à obra e terminamos a construção em aproximadamente 12 semanas. Daí vem uma outra área que é um diferencial muito importante para o estúdio: ao longo da carreira tenho trabalhado em muitos estúdios, modernos, e eu venho colecionando equipamentos, microfones, pedais, teclados, sons etc… há muito tempo. Criei um misto de equipamento análogo da melhor qualidade com o melhor do mundo digital. Mandei construir um super console sob encomenda para acomodar esses equipamentos e inventei um workflow prático, que até parece simples, mas que é um poderoso e eficiente “state of the art”. Desde Janeiro o estúdio também está equipado para podcasts e vídeos com 3 ou 4 câmeras em 4K com switcher, luz e todos os elementos necessários para produções também em vid. } sutil Sente falta de dividir palcos e estúdios como músico de gente como @CaetanoVeloso, @GalCosta ou @Cazuza?


} ZÉ LUÍS OLIVEIRA Digo do fundo do meu coração que tive o privilégio de tocar e gravar com vários artistas que antes de serem meus companheiros de trabalho eram meus ídolos, como o Gilberto Gil, o Caetano Veloso, o @LuizMelodia, Gal Costa, @ZezéMotta, @TimMaia e muitos outros, assim como vários amigos com quem toquei e gravei que se tornaram a seguir grandes artistas, o que é o caso do Cazuza, do @Lobão, do @ZéRenato, @MarioAdnet, Cláudio Nucci… Sinto falta de dividir os palcos e estúdios com todos eles, pois foram parte essencial da minha formação e da maturação da minha carreira musical. Alguns já se foram, e outros, felizmente a maior parte, continua por aí atuando. Mas, nesse momento, creio que todos os artistas relacionados ao mundo da música estão sentido falta de poder dividir os palcos, os estúdios, um abraço ou qualquer tipo de criação coletiva devido a essa pandemia que nos assola. Mas tenho a certeza que vamos passar por isso e sairemos do outro lado mais fortes e dando ainda mais valor à vida e às artes em geral, pois o Mundo precisa disso mais do que nunca!


: A IMAGEM E A VIDA DE AUNG SANG SUU KYN DESABOU ENTRE O IN ÍCIO DO ANO E O CARNAVAL. TIDA COMO UMA DAS MULHERES DE DESTAQUE NO PANORAMA POL ÍTICO INTERNACIONAL POR OCUPAR O CARGO DE CONSELHEIRA DE ESTADO EM MYANMAR, A NOBEL DA PAZ DE 1991 FOI DERRUBADA PELO PR ÓPRIO EXÉRCITO APÓS WIN MYINT SER REELEITO. SEGUNDO AS ALEGA ÇÕES OFICIAIS, AS ELEI ÇÕES DE NOVEMBRO FORAM FRAUDULENTAS E, ANTES DO GOLPE, O GOVERNO TER Á SIDO ALERTADO INÚMERAS VEZES QUANTO AO PROCESSO SEM DAR NENHUMA RESPOSTA AO CASO. A SITUA ÇÃO DO PAÍS EXTRAVAZOU PARA AS RUAS. AT É A ESTA EDIÇÃO MYINT CONTINUA PRESO E AINDA H Á PROTESTOS E CONFRONTO COM A POLÍCIA LOCAL. O SEU VICE ASSUMIU A FUN ÇÃO. FOTO:EPA/THE IRISH TIMES/REPRODUÇÃO


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