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su número oito
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MAGAZINE DIGITAL DE AMOR.ARTE.CULTURA. TECNOLOGIA.MODA. TENDÊNCIAS.ETC.
não faça o que eu fiz. / a história da produtora pose & effect é um filme / uma auto-biografia sobre os bastidores e as curiosidades da etiqueta dedicada à divulgação e intercâmbio da música moderna dos países lusófonos / capítulo 4
PURI PRODUÇÕES
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É UM MAGAZINE DIGITAL NÃO-PERIÓDICO, SEM FORMATO OU SUPORTE DEFINIDOS, DEDICADO À ARTE, CULTURA, TECNOLO
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OGIA, MODA E TENDÊNCIAS, EDITADO E PUBLICADO PELA PURI PRODUÇÕES. NÚMERO OITO. JUNHO DE 2013. VERSÃO EM PORTUGUÊS.
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Ó Seu André? Onde é que andam tu e o Seu Zé
porque, como é o costume, ele não me atende o raio do telefone?!” - esse do outro lado do telefone é o Seu Miguel, jornalista e colega de redação também. Assim descrito parece imperativo mas isso era invariavelmente perguntado aos risos. “Tá aqui ao lado com umas italianas” - respondi-lhe assim desta vez e isto muito antes do Midan, da festa etc. “(risos) Que italianas ó Seu André?!” “Não sei, Seu Miguel! Saí do jornal e vim encontrar com ele na Praça da Batalha após o show que veio cobrir e já estava ele no meio de umas atletas italianas que vão amanhã para Lisboa disputar uma prova de ciclismo e fomos todos parar na Casa do Adão, mas agora estamos indo para o Franklim”. Confusão. Eu sei. É difícil explicar mas vamos lá - foi por essas e outras que o Seu Zé, quando estivemos em Barcelona também com o Miguel, ganhou dos meus amigos o apelido de “Professor Colisáuã”: 6
Seu Miguel era colega nosso da área de cultura como o Seu Zé, talvez na época mais afeto aos temas ligados a cinema, e aparecia ocasionalmente quando saíamos. Tinha uma fascinação engraçada com o asterisco e acho que o caractere representa muito bem graficamente a sua personalidade. Curtiria ter ido ao restaurante do Seu Adão novamente, mas havia perdido essa por causa do horário. A Casa do Adão era um lugar especial e estratégico para o Seu Zé. Fica do seu lado da margem do Rio Douro, à Sul, mesmo junto das caves de vinho do Porto e do mítico HardClub, por onde passavam várias bandas quando atuavam em Portugal e das quais deveria cobrir. Foi lá que levou algumas delas para conhecerem uma típica cantina e comida portuguesa durante ou após uma entrevista. O Seu Adão é um homem de meia idade com feições que lembram o meu avô paterno e o pai do Seu Zé ao mesmo tempo, e atende aos clientes enquanto esposa e filha cozinham, comunicando-se por uma janela por onde também escorregam as travessas. Falam entre si a uma distância de 2 metros como se estivessem a 50 e com grandes alterações de humor, mas se a discordância não for extraordinária, come-se fartamente ótimos filés de polvo grelhados e vinho verde da casa fresco por uns 7
tostões se compararmos com os gourmets. Mike Patton que o diga. Já o Franklim... cara... O Franklim merece um livro, mas não serei eu a escrevêlo por reconhecida incapacidade e ausência de memória e informações. Sócio de um dos bares mais característicos e frequentados da Ribeira do Porto, era lá que parávamos quando descíamos para a zona mais antiga da cidade, e o Seu Zé vinha retornando com o cortejo desde o Seu Adão tentando convencer-nos à ir até ao bar para virar uns copos de ginja ou jurupiga antes de dormir - como se isto fosse possível. A justificativa muitas vezes era o próprio Franklim: uma figura que paira entre a de um gaulês dos gibis do Asterix ao de um rústico marinheiro cigano, rabo-de-cavalo escorreito e fartíssimo bigode, e transmite a fortaleza de ser capaz de pescar bacalhau à tapa apesar do corpanzil esguio. Mas tudo isto para quê? Por causa do Camisas. O Camisas seria um homem-chave na história da Pose & Effect a partir daquela noite. 8
As italianas evitaram o convite do Seu Zé e foram descansar para suas provas, mas aguardávamos o Seu Miguel. O polvo já havia descido há horas largas e lá veio o Franklim deslizando uma porção de pata negra com uma barra de haxixe espetada num dos palitos. E ginjas. Seu Miguel chegava, dava um aceno antes de se aproximar e ficava agarrado ao telefone ainda um tempo antes de asteristicar o ambiente. Gostava de ficar numa mesa perto da porta para ver o movimento na rua, e naquela noite não quebrávamos a regra até quando passou um grupo de alunos do Seu Zé. “Esse aqui é o Seu André, brasileiro...” - apresentava o Seu Zé, cordialmente. “E este é o Carlos, meu aluno na escola”. Era o Camisas. Não foi muito mais do que isso porque o Seu Zé tinha tique de vereação e por onde andava cumprimentava e acenava para todo mundo, o que, dentre alunos e ex-alunos, fazia multiplicar os rostos e os nomes a guardar. Mas o Camisas, no caso, pouco mais de uma semana depois estava estagiando no mesmo jornal em que nós três trabalhávamos. 9
[ continuação no capítulo 5 ]
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