Centro Cultural Pedra Lisa - Pedro Venilson Dias Santana

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CAPA




Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a). Santana, Pedro Venilson Dias Santana CCPL - CENTRO CULTURAL PEDRA LISA. Lazer, cultura e memória em Itapecerica da Serra. / Pedro Venilson Dias Santana Santana - São Paulo (SP), 2020. 127 f.: il. color. Orientador(a): Maurício Miguel Petrosino Petrosino Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Centro Universitário Senac, São Paulo, 2020. Centro cultural, identidade cultural, memória de um povo, espaço público, espaço de lazer. I. Petrosino, Maurício Miguel Petrosino (Orient.) II. Título


PEDRO VENILSON DIAS SANTANA

CCPL - CENTRO CULTURAL PEDRA LISA LAZER, CULTURA E MEMÓRIA EM ITAPECERICA DA SERRA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Ms. Maurício Miguel Petrosino.

SÃO PAULO 2020



Pedro Venilson Dias Santana

CCPL - CENTRO CULTURAL PEDRA LISA LAZER, CULTURA E MEMÓRIA EM ITAPECERICA DA SERRA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Ms. Maurício Miguel Petrosino.

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão, em sessão pública realizada em ___________/_____/________, considerou o(a) candidato(a):

1) Examinador(a) 2) Examinador(a) 3) Presidente


“Eu acredito que o jeito que as pessoas vivem pode ser direcionado um pouco pela arquitetura� (Tadao Ando)


“Aos artistas... Para todos vós, agora, artistas, que sois prisioneiros da beleza e que trabalhais para ela: poetas e letrados, pintores, escultores, arquitectos, músicos, homens do teatro, cineastas[...] O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração. E isto por vossas mãos.” (Mensagem do Papa Paulo VI na conclusão do Concílio Vaticano II, 1965)


“A gente tem que sonhar, se não as coisas não acontecem” (Oscar Niemeyer)


AGRADECIMENTOS...

Em primeiro lugar, ao meu grande, velho e melhor amigo: Deus. Esse incomparável arquiteto no qual jamais me igualarei. Com traços tão suaves, belos, mas igualmente marcantes, me ensinou a abandonar o projeto da minha vida nas mãos do maior especialista... Ele mesmo. Obrigado! A um outro grande amigo, esse que me ensinou muita da “arquitetura dos homens” e tantas outras vezes me apresentou o “arquiteto do céu”. Fabio Christe, muito obrigado!! Aos meus pais e irmãos, por tanto me amarem e me ensinarem a honestidade, o respeito, a dedicação e todos os bons valores que levo hoje comigo e que levarei para sempre. Aos amigos, velhos e novos, e a Comunidade Católica Shalom. Obrigado por acreditarem em mim!


AGRADECIMENTOS...

Aos colegas de curso, os mais e os menos próximos. Aos professores que tanto nos ensinaram. Prof. Mauricio Petrosino, obrigado pela paciência e dedicação como meu orientador, sobre tudo no contexto historico de distanciamento social em que esse trabalho foi desenvolvido. Obrigado pela amizade e comprometimento com a nossa formação!



RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de um Centro Cultural no município de Itapecerica da Serra - SP que possua 3 características principais: Ser um espaço de lazer e encontro comunitário, ser um abrigo dos movimentos artísticos e culturais da região (incluindo a transferência e ampliação da EMAC, Escola Municipal de Arte e Cultura) e ser também o museu memorial da história da cidade. Na primeira parte do trabalho, realizamos uma pesquisa sobre o conceito e a relação do lazer, da cultura e da memória/identidade dentro de qualquer sociedade. Na segunda parte, apresentamos esses 3 tópicos dentro da realidade da cidade de Itapecerica da Serra e os estudos de caso. E por fim, na terceira parte, apresentamos o projeto propriamente dito do Centro Cultural e o seu programa. Palavras chaves: Centro cultural, identidade cultural, memória de um povo, espaço público, espaço de lazer. Nota: Esse trabalho de conclusão de curso foi elaborado durante o período de distanciamento social causado pela pandemia do Covid-19 (Sars-Cov-2), o coronavírus. Para a prevenção dos contágios, as atividades presenciais do Centro Universitário Senac foram interrompidas em 17 de Março de 2020. A maior parte dos atendimentos com o professor orientador, assim como a apresentação para banca examinadora, foram feitas pela plataforma de web conferência da instituição.


ABSTRACT This work aims to present the project of a Cultural Center in the city of Itapecerica da Serra - SP that has 3 main characteristics: To be a leisure space and community meeting, to be a shelter of the artistic and cultural movements of the region (including the transfer and expansion of EMAC, Municipal School of Art and Culture) and also be the memorial museum of the history of the city. In the first part of our work, we researched the concept and relationship of leisure, culture and memory/identity within any society. In the second part, we present these 3 topics within the reality of the city of Itapecerica da Serra and the case studies. And finally, in the third part, we present the Cultural Center project itself and its program. Keywords: Cultural Centre, cultural identity, the memory of a people, public space, leisure space. Note: This course completion work was developed during the period of social isolation caused by the global pandemic of Covid-19 (Sars-Cov-2), the coronavirus. In order to prevent contagion, the face-to-face activities of the Senac University Center were interrupted on March 17, 2020. Most of the sessions with the advisor professor as well as the presentation to the examining board were made by the institution’s web conference platform.



SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO - pg. 19 2. CONCEITOS - pg. 21 2.1. O LAZER - pg. 22 2.2. A CULTURA - pg. 24

2.3 A MEMÓRIA E A IDENTIDADE - pg. 26

3. JUSTIFICATIVA - pg. 29

3.1 PANORAMA GERAL - pg. 30 3.2. ITAPECERICA E O LAZER - pg. 34 3.3 ITAPECERICA E A CULTURA - pg. 38 3.4. ITAPECERICA E A MEMÓRIA - pg. 42

4. LOCAL DO PROJETO - pg. 49 5. ESTUDO DE CASOS - pg. 55

5.1 CHILE - MUSEU DA MEMÓRIA DO CHILE - pg. 56 5.2. - PORTUGAL - CENTRO DE ARTES DE AGUEDA - pg. 60 5.3. ÍNDIA - HOTEL KUMAON - pg. 64 5.4. BRASIL - UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI CAMPUS JOSÉ DOS CAMPOS - pg. 68 5.5. - CHINA - MUSEU JINGJIAN FOLKLORE - pg. 72 5.6. - BRASIL - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS - pg. 72

6. PROPOSTA - pg. 83

6.1. A QUADRA, O PARTIDO E O PROGRAMA - pg. 84 6.2. O PROJETO - pg. 91

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS - pg. 125 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - pg. 126



1. INTRODUÇÃO A escolha do tema não se deu meramente pela vontade da realização de mais um Equipamento Cultural. Surgiu do desejo de apresentar a cultura, não entendendo como a única, mas como uma via para unidade, ou ao menos de aproximação, de grupos, sim com realidades socioeconômicas diferentes, mas que se abrigam em um mesmo território, dividem a mesma história local e buscam a realização de suas mesmas necessidades humanas naturais: O lazer, a expressão e o sentimento de pertença. Para tanto, é necessário que a população compreenda e absorva o espaço público como não somente para os que não possuem condições de buscarem os grandes centros de serviços, comércios e cultura, e por isso necessitam de uma assistência do poder público, mas o entendimento de que esses espaçoVs são de pertença de todos, assim como a sua criação, manutenção e utilização são direitos de todo cidadão. Para isso ser possível é necessário a identificação com esses espaços.

O segredo é dar aos espaços públicos uma forma tal que a comunidade se sinta pessoalmente responsável por eles, fazendo com que cada membro [...] contribua à sua maneira para um ambiente com o qual possa se relacionar e se identificar. (HERTZBERGER. 2015, p.45)

A definição da própria identidade cultural implica em distinguir os princípios, os valores e os traços que a marcam, não apenas em relação a si própria, mas frente a outras culturas, povos ou comunidades. Memória e identidade estão interligadas, desse cruzamento, múltiplas possibilidades poderão se abrir [...]. (SANTOS, 2004, p. 59).

Buscamos com a criação do CCPL (Centro Cultural Pedra Lisa), em Itapecerica da Serra, a oportunidade da criação de um espaço onde a memória da cidade possa despertar na população a consciência da sua participação nessa história, o acolhimento desta como bela, importante e relevante no contexto regional, e o despertar do senso de preservação e zelo. Esse espaço da memória atrelado com as contribuições da cultura local atual (dos inúmeros movimentos e grupos artísticos existentes na cidade) consolidaria uma oportunidade de reconhecimento de uma identidade cultural itapecericana e com isso, a absorção como um espaço de lazer comunitário, local de encontro e de expressão, valorizado pela população, ícone da cultura local e memorial da cidade.

Neste processo, a memória (como elemento de reconhecimento do “fazer parte de uma história” e/ou do pertencer a ela) e a identidade cultural (como ferramenta que insere o indivíduo no contexto, pela participação ativa, na criação, ou passiva, na proximidade com o tema) se apresentam como as vias para a identificação da população com esses espaços e assim o uso do mesmo.

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2. CONCEITOS

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2.1. O LAZER

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2.1. O LAZER O lazer, palavra advinda do latim “licere”, significa “algo lícito” ou “algo permitido”. Contudo há no senso popular um entendimento limitado quanto a essa “permissão”. Quase que como um direito exclusivo de quem tem mais poder aquisitivo. A diferença socioeconômica entre as classes faz com que determinados grupos tenham uma escassa possibilidade de frequentarem os espaços de lazer, seja pela falta de tempo, pelo alto custo ou pela pouca opção de atividades.

sem nunca terem visitado ou, então, os vê como sinônimos de perigosos e arriscados para, por exemplo, levarem os filhos. Contudo, até onde essa preocupação se origina em uma realidade concreta e até onde não se resume a um puro preconceito com o que é público e com os indivíduos de classes mais baixas?

[...] a capacidade de convivência com diversos aspectos do lazer, as vezes não faz parte da realidade das pessoas, pois as barreiras socioculturais que podem vir a existir entre as diversas classes sociais, sejam elas condições econômicas, falta de políticas públicas de lazer, deficiência no planejamento de uma política sociocultural para os espaços, ou qualquer outra, impossibilitam o acesso aos equipamentos de lazer. Além destas barreiras, outros fatores impedem a aproximação aos equipamentos, como por exemplo, as mulheres com suas jornadas duplas de trabalho, as crianças e os idosos, na qual são esquecidos no planejamento das políticas públicas de lazer”. (PINTO; PAULO; SILVA, 2012, p.90)

O lazer não se trata somente do descanso, mas do lugar onde a vida humana ganha sentido e valor. Pinto, Paulo e Silva (2012) diziam que nas sociedades tradicionais, as pessoas não podiam decidir o que iriam fazer em seu tempo livre, simplesmente porque não havia esse tempo, devido as longas horas de trabalho que gerava a privação do direito de escolha e liberdade das pessoas. “Afinal, ele (o lazer) foi criado

Porém, o lazer é de suma importância para a vivência humana, pois a sua prática relacionasse diretamente com o reconhecimento da identidade do indivíduo, a sua percepção de si e da sua vida que passa, mas com ele mesmo como o protagonista.

a partir de uma tensão entre classes sociais e sempre foi marcado pelo abuso das classes do-

Além disso, como dizia Rolnik (2000), a cidade se constrói quando o homem, além de sua vida privada, constitui um vínculo de convívio com outros seres ou grupos. A cultura entra nesse cenário como válvula de aproximação desses grupos, pela identificação com uma realidade comum. minantes” (PINTO; PAULO; SILVA, 2012, p.83).

Para Pinto, Paulo e Silva (2012), no entanto, nem sempre indivíduos de poder aquisitivo maior usufruem desses espaços. Não é o fato de serem ricos que faz com que eles estejam ativos, abertos e conscientes das manifestações de lazeres que os cercam. Percebe se então que além da desigualdade socioeconômica, a desinformação e/ ou a desvalorização dos espaços de lazer também limitam o seu uso. O preconceito entre as classes é um outro fator a se levar em conta, uma vez que muitos grupos consideram os espaços de lazer comunitários (muitas vezes públicos) como de má qualidade (o que de fato muitas vezes o são, em termos de infraestrutura) mesmo 23


2.2. A CULTURA

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2.2. A CULTURA Cultura vem do latim “cultura” ou de outra palavra em latim “colere” que significa É importante entender que no processo de formação de uma cultura é essencialmente vital o papel do homem como aquele que transforma, cria ou aprende algo em “cultivar”. Nesse sentido, o que é “cultivado” pode ter várias conotações. decorrência de uma necessidade ou realidade. A cultura não se trata de algo Segundo Gomes (2004), no senso comum, se entende cultura como todo tipo de natural, mas provém de uma exigência do ambiente (físico ou social) que necessitou manifestação artística em geral, seja o consumo ou a produção: Música, dança, de uma intervenção humana. Afinal: “Para que a vida exista e persevere, ela exige. É das teatro, literatura, artes plásticas e visuais, arquiteturas, eventos, etc. Outra in- respostas que damos às exigências da vida que nasce a cultura. Cultura é o fazer, como faterpretação muitas vezes usada é a da cultura como sinônimo de inteligências, apti- zer, para que e para quem se faz.” (GOMES, 2004, p. 55). dões e conhecimentos adquiridos. Quem nunca ouviu a frase: “fulano de tal não tem Nesse sentido, o acesso à cultura, ou seja, o acesso a esses conhecimentos adquiricultura”? Essa, muitas vezes é empregada com cunho discriminatório contra classes dos pelo homem ou pelos povos como respostas as exigências da vida, muitas vezes sociais, etnias, raças, idade, sexo, etc. Por fim, para Gomes (2004), a cultura de outra época, mas muitas vezes ainda atuais, tem um inestimável valor para o também pode ser lida como a forma de viver de um determinado povo ou grupo: homem, seja ele consumidor ou produtor, uma vez que esse contato (de consumo ou costumes, crenças, hábitos, língua, valores, comportamentos. Muitas vezes, essa ou produção) auxilia no concretizar em seu intelecto a consciência de sua identidade e aquela cultura diferente nos causa espanto ou estranheza e nos perguntamos, até potencialidades humanas. Aí entra o papel da “memória da história” de comunicar mesmo, como que esses povos conseguem, ou conseguiram, viver de tal maneira ou as próximas gerações os valores conquistados, de onde saímos e talvez encontrar como conseguem não viver de tal maneira. Nesse movimento, ainda segundo Gomes a resposta, ou pelo menos pistas, de para onde iremos. (2004), podemos achar que a nossa forma de viver é melhor ou pior que a dos outros grupos.

É comum considerarmos o nosso modo de viver melhor e mais interessante do que o de outros povos e, do mesmo modo, valorizarmos a cultura de determinados lugares em detrimento de outras e, até, da nossa própria. Afirmamos, por exemplo, que os índios de hoje estão usando calça jeans e relógio, por isso, perderam sua cultura, não são mais índios. (GOMES, 2004, p. 55)

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2.3. A MEMÓRIA E A IDENTIDADE

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2.3. A MEMÓRIA E IDENTIDADE Ultimamente muito tem se falado sobre “crise de identidade”, e de fato esse encontro de quem se é, da “sua essência”, é uma das grandes buscas da humanidade. Muito nos interessa saber quem somos, de onde viemos. Para alguns, se trata de uma questão de escolha, “eu escolho quem quero ser”. A questão é que antes de tomarmos a nossa decisão de o que queremos ser, ou então de o que não queremos ser, já somos alguma coisa e isso é “identidade”. Se essa identidade pode ser transformada pela nossa decisão e ação não é o objetivo desse trabalho, mas é fato que uma grande parte daquilo que somos é construído pelo que vivemos ao longo dos anos. Isso como indivíduos, mas também como grupos. Nesse contexto, a memória entra como a luz que revela essa construção em nós.

Filosoficamente (Memória) significa a capacidade de reter um dado da experiência ou conhecimento adquirido e de traze-lo à mente; e esta é necessária para constituição das experiências e do conhecimento científico. Toda produção do conhecimento se dá a partir de memórias de um passado que é consolidado no presente. (BATISTA, 2005, p. 28)

A memória tem em nós esse poder de marcar épocas, experiências, sentimentos vividos e gerar aprendizado. “Fazer memória” é o movimento de invocar o passado no presente. Revive-lo de maneira nova. De fato, o passado é o único elemento que o homem realmente possui de maneira concreta em sua mente. Nogueira e Lemos (2013) diz que o passado, o presente e o futuro são igualmente um mistério para nós. O futuro ainda não chegou, ainda não o possuímos a não ser em nossa imaginação, mas que mesmo assim se baseia em passado e em memórias de experiências já vividas ou expectativas não sanadas. O presente também se torna passado no exato

momento em que se vive (inclusive essa frase ao terminar de ser lida). Com isso, passado e memória é tudo o que temos. “[...] o futuro ainda não aconteceu e, quando acontece, é imediatamente presente, que é imediatamente passado.” (NOGUEIRA; LEMOS, 2013, p. 60)

A forma com que uma memória é contada faz toda a diferença para o entendimento do valor dela, uma vez que uma história contada por um terceiro não irá conter a mesma carga de expressividade, e com certeza a mesma quantidade de detalhes, do que essa mesma história contada por quem a viveu. A história de um povo comunicada por esse mesmo povo tem mais poder. Essa força gera identidade.

Se eu for ao hospital em que nasci, vou encontrar lá o registro do meu parto: a hora, o tamanho, o peso, a temperatura, a circunferência craniana, o nome dos pais. É o registro frio que conta a minha história. Se, por outro lado, minha mãe me contar a mesma história ela vai dizer: “Você nasceu bem de madrugadinha. Cheguei ao hospital louca para você nascer logo. Quando você nasceu, era a coisa mais linda. Vermelho. Gorducho. Enorme. Chorava o tempo todo. Vi logo que era sadio, porque gritava daquele jeito...” Minha mãe, além de contar minha história, está fazendo memória, porque, no fundo no fundo, está dizendo o quanto me ama. Isso, para mim, é garantia que, se ela me amou, continuará a me amar. Creio no seu amor por causa do seu jeito de contar minha história e, nos momentos difíceis, de forma nenhuma me lembrarei dos dados do registro do hospital, mas, certamente, me recordarei o quanto minha mãe me ama desde que nasci. Você entendeu? (NOGUEIRA; LEMOS, 2013, p.58)

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3. JUSTIFICATIVA

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3.1. ITAPECERICA DA SERRA PANORAMA GERAL

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3.1. ITAPECERICA DA SERRA – PANORAMA GERAL Figura 1 - Itapecerica na região metropolitana de São Paulo

(Fonte: Emplasa, 2019)

Itapecerica da Serra é um município da Região Metropolitana de São Paulo que fica localizado na Zona Sudoeste. De acordo com dados do IBGE de 2019 a população é de 175.693 habitantes e a área é de 151,458 km². Está inserida na zona fisiográfica da serra de Paranapiacaba, faz parte da bacia do alto Tietê e da sub bacia do rio Cotia e Guarapiranga, que são contribuintes diretos no abastecimento da represa. Por essa razão, de acordo com a Lei Estadual de 1976, que delimita as áreas de proteção relativas aos mananciais, 100% do território itapecericano está contido nessa área e passa a ter o seu padrão urbanístico gerido por essa lei. Contudo, a partir de 1990 o município começou a erguer esforços para aprovar o seu plano diretor estratégico próprio e as suas regras de ocupação.

Figura 2 – Foto aérea Itapecerica da Serra

(Fonte: Autor, 2019)

Itapecerica é uma “cidade dormitório” que tem crescido nos últimos anos. Muitos residentes da cidade trabalham em outras zonas da região metropolitana de São Paulo e todos os dias se locomovem em direção aos seus empregos, gerando forte congestionamento na rodovia Régis Bittencourt e na rodovia Armando Salles, principais eixos de entrada e saída da cidade. O comércio local é sustentado pela parcela da população que trabalha no próprio município, nas “lojinhas de 1,99”, perfumarias, lojas de roupas, padaria, mercado, banco, serviços públicos e etc... Os jovens são, na maioria das vezes, os que costumam ocupar essas vagas (como primeiro emprego) e são eles mesmos os que mais usufruem desses serviços diariamente. 31


A população está crescendo (aproximadamente 23 mil habitantes de 2010 para 2019, segundo IBGE) porém a cidade não está acompanhando esse avanço. Isso se dá devido as estruturas físicas de “cidade histórica do interior” que Itapecerica ainda possui em alguns aspectos. Esse crescimento desenfreado da cidade atrelado com a pouca participação, e presença, dos moradores (devido a realidade “dormitório”) foi gerando em boa parte da população um sentimento de desvalorização e menosprezo pelo espaço urbano da cidade, uma vez que o aumento de pessoas, carros e caminhões (devido a tentativa de contornar as restrições de circulação em São Paulo) foram causando uma deterioração desses espaços, além do crescimento de ocupações irregulares, sobre tudo nas regiões mais afastadas do centro. Figura 3- Notícia 2010

(Fonte: MACEDO, Leticia. 2010)

Essa desvalorização da cidade, principalmente no que se diz respeito a cultura e ao lazer, de parte da população é o que alavanca a desigualdade entre as classes. Segundo o IBGE, o índice GINI* de Itapecerica da Serra em 2010 era de 0,47. Os grupos de maior poder aquisitivo se retiram da cidade para buscar, geralmente na metrópole, outras atrações de lazer e cultura. As classes com menos poder, por outro lado, se veem sem essa oportunidade. Essa separação também se resulta pela não mistura dos grupos mais tradicionais (famílias mais antigas, geralmente nos bairros ou regiões mais estruturadas) com os grupos chegados mais recentemente (geralmente, mais pobres), tidos, muitas vezes preconceituosamente, como os agentes destrutores da cidade. A criação de um espaço qualificado de cultura e lazer em Itapecerica da Serra seria um meio de aproximar esses grupos e despertar um maior interesse da população como um todo nos aspectos gerais da cidade, falando se de desenvolvimento, manutenção, mas também de preservação da história da cidade.

* “É um instrumento usado para medir o grau de concentração de renda. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de 0 a 1, sendo que 0 representa a situação de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, e o valor 1 significa completa desigualdade de renda, ou seja, se uma só pessoa detém toda a renda do lugar.” Disponível em: http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/2437

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3.2. ITAPECERICA E O LAZER

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3.2. ITAPECERICA E O LAZER

parte da população pela dificuldade em transporte público, sendo mais acessível e atrativo para quem possui automóvel próprio. O parque do povo se encontra ao lado do Condomínio Delfim Verde, um dos mais conhecidos e tradicionais da cidade, com casas que vão de 500 mil a 2 milhões de reais. Essa localização acaba por Uma das frases mais ditas e ouvidas pelos moradores de Itapecerica da Serra é: privilegiar uma parte restrita da população. “Essa cidade não possui nada de legal para se fazer”. E de fato, ela carece de espaços qualificados de lazer, de encontro, principalmente para o público jovem (de 12 a 25 anos), nos períodos que não se encontram nas escolas ou trabalhando, até Figura 4- Parque do Povo Itapecerica da Serra mesmo aos finais de semana para toda a população. Atualmente, é comum encontrar aglomerados de jovens estudantes que se encontram depois das aulas nas praças da cidade, mas que não possuem a menor infraestrutura para se qualificar como espaço de lazer. Muitas vezes esses encontros acontecem permeados pelo consumo de drogas, bebidas alcoólicas, realidade preocupante e que intimida outros moradores da cidade a vagarem por esses espaços públicos, principalmente no período da noite. A prefeitura da cidade tem se esforçado nos últimos anos em melhorar esse quadro e oferecer novos equipamentos para a população e tem alcançado êxito em alguns aspectos. As atividades de lazeres oferecidas pela prefeitura se resumem basicamente a ações voltadas a práticas esportivas nas quadras, campos e ginásios da cidade, como academias de musculação públicas, artes marciais, futebol, zumba, etc, além de eventos em ruas públicas por bairros. Porém, devido à baixa infraestrutura da maioria desses espaços muitos habitantes optam por não usufruírem destes, sobretudo os de maior poder aquisitivo, aumentando a não interação desses grupos. As atividades de “lazer contemplativo” se resumem a alguns poucos parques que não se apresentam atrativos para parte da população pela estrutura ou por não serem acessíveis para todos devido a localização. Em maio de 2019 foi inaugurado o Parque do Povo que contempla quadras esportivas, espaço kids, brinquedoteca, biblioteca, salas de jogos, arena de cultura e entretenimento, canchas de bocha, Oca indígena, viveiro de plantas, entre outras atrações, num ambiente agradável junto à natureza. Contudo, está localizado em uma área da cidade de difícil acesso de boa

(Fonte: “Site prefeitura de Itapecerica da Serra, 2019)

O templo Kinkaku-ji do Brasil, inaugurado em 1986 na zona rural de Itapecerica da Serra, é uma réplica idêntica do templo Kinkaku-ji do Japão que foi construído em meados do século XIV. Diferente do seu irmão japonês, que é de fato um templo das atividades e crenças budistas, o Kinkaku-ji do Brasil é um centro ecumênico onde acontecem cerimônias fúnebres pós cremação, mas também missas, casamentos, batismos, etc. Se configura na cidade como um local de lazer para o silêncio e a 35


contemplação. Porém o seu acesso só é possível de carro devido a sua inserção na mata, o que limita o seu uso pela população. Atualmente, o templo é mais frequentado por turistas, geralmente de descendência oriental.

Figura 5 - Áreas mais densas, parque do povo e Kinkaku-ji

(Fonte: Autor, 2019)

Nesse contexto, a criação de um espaço voltado para o lazer, o encontro, a reflexão e a produção no centro da cidade favoreceriam o convívio dos diferentes grupos socioeconômicos.

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3.3. ITAPECERICA E A CULTURA

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3.3. ITAPECERICA E A CULTURA Itapecerica da Serra possui muitos movimentos artísticos e culturais espalhados por toda a extensão do município. Além dos mais de 1000 artistas e grupos registrados na secretaria de cultura (isso sem contar os não registrados) a cidade tem avançado nos últimos anos na oferta de oportunidades de expressão e consumo de cultura e arte. Segundo o atual secretário da cultura Luiz Farias de Oliveira, em 2017 a cidade possuía 3 do que ele chamou de “células de cultura”, ou seja, atividades voltadas para a cultura em 3 bairros da cidade. Hoje, 2020, essas células já acontecem em 17 bairros (o que ainda é pouco considerando os 109 bairros da cidade e a sua extensão geográfica) sendo atividades como palestras, oficinas, gincanas, espaços para apresentações de artistas locais (dança, música, teatro, artes plásticas, etc.), cursos e eventos como “Sábado cultural”, “Sexta da Lua”, “Virada Cultural”, etc. Também são realizadas atividades nas escolas, porém a aderência da população, e mesmo dos professores, ainda é um desafio. Outro embate é a falta de unidade entre os artistas de regiões diferentes da cidade ou estilos diferentes. Essa falta de unidade dispersa as atrações pelos bairros e enfraquece o potencial cultural artístico que o município teria se os artistas se unissem em prol de defender e representar a identidade da cidade. A existência de um ponto de referência, como sede dos movimentos artísticos, no centro, ou seja, no local mais acessado por todos, ajudaria na construção dessa unidade.

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 9

(Fonte: “Site prefeitura de Itapecerica da Serra, 2019.”)

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Em maio de 2019 o município deu um grande passo no incentivo à cultura com a inauguração da EMAC (Escola Municipal de Arte e Cultura de Itapecerica da Serra). Segundo o secretário da Cultura Luiz Farias, no Brasil existiam apenas 6 escolas municipais de artes, e a de Itapecerica veio ser a 7ª, porém hoje ela se configuraria a “número 1” por ter 23 modalidades de cursos (maior quantidade do Brasil) e a única no país que oferece o curso de Cinema. São aulas de violão, violino, viola erudita, violoncelo, contrabaixo elétrico, guitarra, trompete, trombone, clarinete, flauta transversal, flauta doce, saxofone soprano, alto e tenor, percussão popular, piano erudito, dança contemporânea, teatro, ballet, canto coral, artes plásticas, artesanato e cinema. Hoje estão matriculados 420 alunos e 560 aguardam na lista de espera devido a não capacidade física de atender a todos. A escola funciona de segunda a sábado das 8 horas às 17 horas. O Cineteatro Dr. Bento era um antigo teatro da cidade que a anos encontra se abandonado devido a questões administrativas e financeiras da prefeitura, hoje é utilizado raramente para eventos particulares, geralmente internos da prefeitura. Atualmente, os grupos artísticos teatrais da cidade, como a “Cia Experimental de Teatro”, ensaiam e se apresentam em espaços improvisados, sem a menor infraestrutura necessária para um teatro. Anualmente, na sexta-feira santa, a equipe de teatro da Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres (igreja da praça central da cidade, a mais antiga e no qual o município se desenvolveu ao redor dela) apresenta, na frente do Santuário, a encenação da “Paixão de Cristo”, evento que reúne aproximadamente 3 mil pessoas todos os anos. Além disso, outros eventos tradicionais da paróquia marcam o centro da cidade, como a festa junina de 3 dias, a missa campal da padroeira (Nossa Senhora dos Prazeres), Missa campal de ramos, a festa de Corpus Christe (com os maiores e mais tradicionais “tapetes” da região, atraindo muitas pessoas de outros locais da RMSP) e a Missa campal sertaneja. O padre pároco, Padre Alberto Gambarine, famoso nacionalmente pela evangelização via seu programa de TV “Programa En40

contro com Cristo”, apresentado no canal “Século XXI” e “Rede Vida” assim como também famoso pelos seus inúmeros livros de espiritualidade, atrai centenas de pessoas o ano todo para a cidade com o objetivo de conhecê lo, principalmente no “Louvor Encontro com Cristo”, evento que acontece duas vezes no ano no Ginásio de Esportes de Itapecerica e que reúne mais de 8 mil pessoas, muitas delas vindas de várias regiões do Brasil. A festa do Rodeio de Itapecerica (que já está em sua 41ª edição) também atrai milhares de pessoas todo o ano (cerca de 45 mil pessoas por dia), sendo uma das maiores festas desse seguimento da região.


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3.4. ITAPECERICA E A A MEMÓRIA

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3.4. ITAPECERICA E A MEMÓRIA

Teve sua origem no ano de 1562, com um aldeamento fundado por padres Jesuítas sobre a invocação de Nossa Senhora dos Prazeres (que segundo uma outra antiga Itapecerica provém do tupi guarani “itapycyryca”, que significa “pedra lisa” ou história, ela mesma escolheu o lugar da construção da antiga capela, onde hoje “pedra escorregadia” (ita = pedra; pecerica = escorregadia). Uma antiga lenda está o Santuário de NSP, em diversas aparições nesse lugar). Em 1689 a população conta a história de dois índios que andando sobre uma pedra do centro da cidade cresceu com a chegada dos índios trazidos de Carapicuíba, e depois ainda mais com um deles escorregou e gritou “ita” e o outro “pecerica”, daí o local ficou conheci- a vinda dos Alemães a partir de 1828, que influenciaram muito na arquitetura, culido por esse nome. (Parte dessa suposta pedra ainda é possível ser vista até hoje na nária, músicas, técnicas de produção, assim como também na miscigenação da popuRua Henrique Sóter Fernandes, sendo que parte das edificações próximas ao largo lação itapecericana. Nessa época implantaram, pela Estrada de Ferro Sorocabana, da matriz foram erguidos sobre essa rocha). Desse fato surgiu o desejo de batizar o ramal Mairinque- Santos, atravessando a região e possibilitando o escoamento esse projeto de CCPL (Centro Cultural Pedra Lisa). da produção local. O sucesso conseguido pela produção alemã juntamente com a Figura 10 - Parte da “pedra Lisa” ainda visível

facilidade de acesso atraiu outros povoamentos para região e possibilitou que em 1877 a cidade fosse elevada ao título de município, e em 1944 o complemento “da Serra” para se diferenciar da cidade mineira que possui o mesmo nome. Até a década de 50, o território de Itapecerica da Serra era composto pelos municípios hoje chamados de Taboão da Serra, Embu das Artes, Embu Guaçu, São Lourenço da Serra e Juquitiba (ver Figura 2). Porém, devido problemas de repasse de verbas para toda a extensão do município, e com a criação do Rodovia Régis Bittencourt, esses distritos começaram a buscar a sua emancipação, a começar por Embu das Artes em 1959 e terminando por São Lourenço da Serra em 1991 (esse e Taboão adotaram o “da Serra” em homenagem a cidade mãe). Por essa razão a história de Itapecerica tem um papel importantíssimo no processo de formação não só do povo itapecericano, mas de toda essa região desses antigos distritos que hoje são municípios independentes.

(Fonte: Google Street View, 2019)

Muitas etnias compõem a população de Itapecerica, como espanhóis, italianos, libaneses, japoneses, assim como migrantes de outras regiões do país (Sulistas, Mineiros e nordestinos) que encontraram na cidade de Itapecerica uma alternativa de terras mais baratas atrelada com a proximidade à grande metrópole que era 43


São Paulo no início do seu processo de industrialização. A influência dessas etnias é facilmente perceptível pelas tradições culturais trazidas por eles, como o C.T.G. (centro de tradições gaúchas situada na Rodovia Régis Bittencourt), tradições culinárias, musicais, vestimentas, hábitos, etc. A descendência desses povos é facilmente identificada não somente pela fisionomia, mas também, e principalmente, pelos sobrenomes das famílias ainda muito presentes na cidade (Spena, Marchetti, Travisan, Smeniotto, Hayashi, Torihara, Simoama, Ayub, Malouf, Waishaupt, Fischer, Zillig, Hengles, Camargo, Silva, dentre outros inúmeros sobrenomes de famílias tradicionais itapecericana.)

Figura 12–Bar dos Abdo (libanêses)

Figura 11 – Escola japonesa

(Fonte: Fotos tiradas no museu de Itapecerica, 2019)

A chegada desses povos marcou uma nova era para a economia de Itapecerica da Serra devido a sua atuação nas atividades de extração de carvão vegetal, madeira nobre, lenha (o que impulsionou os investimentos para alargamento dos antigos caminhos dos tropeiros, melhorando o escoamento da produção) hortifrutis, além de serem mão de obra (principalmente nordestinos e mineiros) nas obras civis da crescente São Paulo. (Fonte: Fotos tiradas no museu de Itapecerica, 2019)

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Figura 13 – Exploração madeira

(Fonte: Fotos tiradas no museu de Itapecerica, 2019)

Itapecerica possui também um “Museu Histórico e da Memória” do município, localizado no centro, na Rua Boa Vista, (ao lado do local do projeto.) Um espaço muito rico em informações sobre a cidade, porém desconhecido e desprestigiado pela população. Isso se dá pela estrutura do espaço que além de não se apresentar convidativa para o passeio, a expografia adotada não favorece a compreensão da história ali contada, sendo inúmeras bancadas, em um salão pequeno, mas amontoadas de itens diversos: Objetos indígenas antigos, documentos, fotografias, peças como o primeiro piano da igreja metodista fundada pelos alemães no século XIX e trazido por eles da Alemanha, máquina de projeção do antigo cine teatro, etc. Muita história acumulada em um espaço pequeno e contada de maneira precária.

Figura 15 - Atual museu de Itapecerica da Serra

Figura 14–Depósito Carvão Av. Xv de Novembro

(Fonte: Autor, 2019) (Fonte: Fotos tiradas no museu de Itapecerica, 2019)

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Figura 16 - Projetor Cine Teatro

(Fonte: Autor, 2019)

Figura 17 - Museu objetos 1

(Fonte: Autor, 2019)

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Figura 18 - Piano igreja Metodista

(Fonte: Autor, 2019)

Figura 19 - Museu objetos 2

(Fonte: Autor, 2019)


Figura 20 – Museu Itapecerica Interno

(Fonte: Autor, 2019)

Esse museu também traz informações sobre a formação histórica da cidade e de construções antigas e importantes no contexto municipal e regional, como por exemplo o próprio prédio do museu, que no passado já foi prefeitura, Santa Casa de misericórdia, escola e secretaria de educação, cultura, esporte e turismo. Muitas dessas informações, dados e histórias são desconhecidas de grande parte da população, principalmente as descendências étnicas e a sua importância singular no município. A criação de um espaço que evidencie para toda a cidade essa história favoreceria a formação de um senso de preservação atrelado com um sentimento de pertencimento a mesma. Um “Museu Memorial” que ajude o povo itapecericano a se identificar com a sua própria cidade, além de se tornar ponto de atração de outros grupos da região, até mesmo metropolitana de São Paulo, para conhecer a história.

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4. LOCAL DO PROJETO

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4. LOCAL DO PROJETO O local escolhido para a realização do projeto fica no centro de Itapecerica da Serra. As 6 vias mais estruturantes da cidade convergem para esse ponto, local onde ocorre as principais manifestações sociais, culturais e econômicas.

Figura 21 - Vias estruturadoras

Em 2013 inaugurou o “Itapecerica Shopping”, um empreendimento que gerou grande expectativa em toda a população por se apresentar como uma possibilidade de lazer e entretenimento que estaria surgindo na cidade. Bem localizado, (no imediato centro), próximo dos principais equipamentos (bancos, igreja matriz, mercados, etc.) e com boa acessibilidade tanto de carro quando via transporte coletivo. Contudo, hoje, na estrutura de cerca de 60 lojas, os únicos espaços que de fato são prestigiados pela população é o Cinema, a praça de alimentação (pela presença do Burguer King e, mais recentemente, Mc Donald’s) e algumas lojas como a Americanas e C&A. As demais se encontram a maior parte do tempo sem grande movimento, e alguns pontos se encontram hoje fechados devido ao pouco lucro. Outro aspecto negativo do Shopping é o seu projeto arquitetônico e a forma com que ele não soube aproveitar as potencialidades de sua implantação, uma vez que, situado em uma quadra inserida em 4 vias importantes do centro da cidade, poderia favorecer a fruição pública para os pedestres, porém, o acesso se dá unicamente por uma das frentes (da Av. XV de Novembro) e as outras faces são fechadas para o acesso do público, sendo uma delas empena cega.

(Fonte: Autor, 2019)

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Figura 22 – Centro de Itapecerica

Foto 1

(Fonte: Autor, 2019)

Foto 3

Foto 2

(Fonte: Autor, 2019)

Foto 4

(Fonte: Autor, 2019)

Figura 23 – Shopping de Itapecerica

(Fonte: Autor, 2019)

Foto 5

(Fonte: Autor, 2019)

Foto 6

(Fonte: Autor, 2019) (Fonte: Autor, 2019)

(Fonte: Autor, 2019)

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Figura 24 – Igreja em 2019 Na Rua São João, a menos de 50m do shopping, existem 3 escolas infantis e de ensino fundamental. Nos horários de entrada e saída os alunos se amontoam na calçada estreita da empena do Shopping (onde está situado o ponto de ônibus) aguardando as suas vãs, ônibus escolares ou mesmo o carro de seus pais (como é possível ver nas fotos 3 e 4), gerando uma situação de caos, congestionamento e perigo para as crianças. O plano diretor municipal de 2001 (em processo de atualização em trânsito na prefeitura) define essa área na “Macrozona Urbana” como ZDL – Zona diversificada local, que tem como características lotes com usos comerciais, de serviços e institucionais, situados junto a vias importantes (no caso, a Av. XV de Novembro), concentradoras de transporte coletivo, que visa preservar a tranquilidade nas zonas residenciais circundantes. Está marcada também dentro da ZEPU Centro (Zona Especial de Planejamento Urbanístico – Centro) que tem como finalidade a realização de transformações urbanas na região central que resgatem o valor histórico, paisagístico e turístico da cidade, assim como a criação de oportunidades de lazer e cultura com interesse metropolitano e atraindo investimentos e iniciativas de porte.

(Fonte: Autor, 2019)

Figura 25- igreja na década de 40

Nessa quadra está localizada uma igreja metodista fundada pelos alemães na década de 40, uma das construções mais antigas do centro e que marcou a chegada desses povos (de religião luterana) nas terras itapecericanas. Apesar de não ser tombada oficialmente, a prefeitura a demarca como “local de interesse de preservação de patrimônio histórico”.

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(Fonte: Foto tirada no museu de Itapecerica, 2019)


O entorno dessa quadra se caracteriza por um uso predominantemente comercial e de serviços, além de alguns lotes com uso misto (comércio no térreo e residencial no primeiro andar.) Por essa razão um equipamento de cultura e lazer nessa zona atenderia não somente os moradores da região, mas também funcionaria como local de frequência e desopilação dos funcionários dos comércios e serviços no horário de almoço, como já acontece hoje na praça de alimentação do Shopping, porém o centro cultural ofereceria junto cultura e informação nesses intervalos. O local tem boa acessibilidade por transporte coletivo, uma vez que se encontra no cruzamento da Av. XV de Novembro e a Av. Eduardo Roberto Daher, duas avenidas com circulação de ônibus.

Figura 27 – Uso real do solo

(Fonte: Emplasa, 2019)

Figura 26- Shopping de Itapecerica em construção

(Fonte: Pinterest, 2019)

Figura 28 – Pontos de ônibus

(Fonte: Autor, 2019)

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5. ESTUDOS DE CASOS

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5.1. CHILE - MUSEU DA MEMÓRIA DO CHILE

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Figura 29 – Museu da Memória do Chile numa narrativa sobre a singularidade do “memorar”. Além disso, o bloco se destaca na paisagem pela sua volumetria (figura 28). O programa se organiza basicamente em um arranjo de “barra sobre base”, onde todos os usos administrativos, biblioteca, arquivos e toda a parte de pesquisas ficam na “base”, e apoiada sobre ela, a barra, onde estão as exposições do museu propriamente. Como que dizendo que toda a memória exposta “se apoia” no amplo trabalho de pesquisa para levantamento dos dados. A estrutura da base é em concreto armado, e um conjunto de duas grandes vigas vierendeel sustentam a barra do museu. O uso do cobre, material típico e de importância na economia chilena, como elemento de fachada, destaca também o interesse de falar da identidade da nação por meio dos materiais. O projeto se dividiu em duas etapas, a primeira, já concluída, da construção do museu, e a segunda parte a sede do ministério da educação, ainda não executado. (Fonte: Archdaily, 2011)

País: Chile Ano: 2009 Arquitetos: Escritório Estúdio América Área: 10900m²

O museu da memória do Chile, projeto do escritório brasileiro Estúdio América, é um exemplo de arquitetura que auxilia no processo de contar a história de um povo. Após 17 anos de ditadura, no regime de Augusto Pinochet, o Chile decide juntar o arcabouço histórico da nação e contar as memórias dos anos de chumbo. Os arquitetos decidiram dar esse lugar de destaque, importância e “elevação” à memória por meio de uma barra elevada que “flutua” sobre uma praça, como que

Uma vez que Itapecerica significa “pedra lisa/escorregadia” surge por meio dessa referência o desejo de representar no espaço essa “pedra”, mas não somente representar, também trazer todo o uso do museu (parte de exposições) de Itapecerica para esse volume flutuante e apoiado em um ou mais elementos. Surge também o desejo de destacar esse bloco/pedra/volume dos demais na paisagem, sendo um marco visual e identitário para o município (como o Masp para São Paulo). Como muitos eventos públicos acontecem nas ruas do centro de Itapecerica da Serra (até mesmo na R. Boa Vista, incluída no projeto, é comum a prefeitura fechá-la para a montagem de palcos para shows) seria pertinente a existência de uma praça pública de evento sob esse “volume” para acolher a população, como neste museu do Chile. A diversidade de culturas que constituem a base da população da cidade também expressa o convite para, através da materialidade, representar essas etnias na arquitetura.

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Figura 30

Figura 31

Figura 32

(Fonte das imagens: Archdaily, 2011)

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Figura 33

Figura 34

Figura 35


Figura 36

Figura 37

(Fonte das imagens: Archdaily, 2011)

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5.2. PORTUGAL - CENTRO DE ARTES DE ÁGUEDA

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Figura 38 – Centro de Artes de Águeda

em um edifício com grande relevância pública mas que não perde em nada no que se diz respeito a qualidade que tal obra mereceria. Por essa razão, esse Centro de Artes é tido por muitos como um “pequeno grande milagre”. Externamente o edifício se apresenta como um volume de concreto elevado do chão, “flutuando”. Esse efeito se dá pelo fechamento envidraçado do embasamento com os pilares recuados para dentro da caixa de vidro. Internamente o programa principal se divide em 3 (o que resultou nas “3 pernas” do edifício na implantação): Auditório para 600 pessoas, salas de exposições e o café concerto. Os 3 espaços se irradiam de um mesmo hall central de recepção. Todo o corpo do edifício é desenhado de maneira a abraçar uma praça rebaixada que se adequa ao declive do terreno. Nessa praça foi preservada uma antiga torre de chaminé de uma indústria de cerâmica existente no local no passado, dando um caráter icônico e representativo do conjunto na paisagem.

(Fonte: Archdaily, 2018)

País: Portugal Ano: 2017 Arquitetos: AND - RÉ Área: 4500 m²

O CAA é um equipamento cultural municipal que visa oferecer programação artísticas e culturais regulares para a população. Construído em uma época de crise financeira em Portugal, exigiu dos arquitetos um esforço redobrado para apresentarem uma solução criativa para atender as necessidades com a melhor solução possível dentro de um orçamento limitado, o que foi alcançado com êxito, resultando

A volumetria “pedra flutuante”, também presente nesse projeto, se relaciona com a “pedra lisa e flutuante” de Itapecerica, como já falado anteriormente. Ambos são projetos municipais com o mesmo intuito: promover atrações culturais regulares para a população. A presença da chaminé da antiga indústria de cerâmica relaciona se com a presença da torre de telefonia que existe na quadra do projeto em Itapecerica, nos fundos do prédio da antiga Telesp (companhia telefônica no passado). Hoje o prédio pertence a empresa Vivo, não tendo mais função a não ser de abrigo de equipamentos da torre de telefonia que ainda tem serventia para a cidade. Com o objetivo de favorecer o programa do CCPL pretendemos transferir essa torre para outro local, mas afim de fazer memória da antiga ocupação desse território, pretendemos instalar a torre da caixa d`água no exato lugar onde hoje se encontra a torre telefônica, de maneira a não só demarcar a antiga presença como também funcionar como ícone de identificação visual do complexo na paisagem.

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(Fonte das imagens: Archdaily, 2018)

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Figura 39

Figura 42

Figura 40

Figura 43

Figura 41

Figura 44


Figura 45 - PREDIO TELESP

Figura 46 - TORRE TELEFÔNICA

(Fonte das imagens: Autor, 2019)

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5.3. ÍNDIA - HOTEL KUMAON

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Figura 47 – Hotel Kumaon a administração, lounge, banheiros e uma biblioteca. No primeiro andar, fica uma sala de jantar em balanço com vista para as montanhas. Ainda nesse andar, projetado com 2 treliças metálicas, toda a fachada é envolta por bambus, barrando a entrada de luz e trazendo para o projeto esse material característico da cultura da região. Todos os chalés possuem esse material nas suas fachadas. Além disso, todos os acabamentos de piso, portas, janelas, tijolos, assim como todos os tecidos são de origem e fabricação local.

(Fonte: Archdaily, 2018)

Apesar de ter um programa e uma metragem quadrada muito diferente do CCPL, o hotel Kumaon é uma referência de uso de materiais da cultura local. Além de uma volumetria que remete à “barra sobre base”, o fechamento de fachada em bambu remete a uma arquitetura indígena também presente na história de Itapecerica, assim como o tijolo artesanal das olarias itapecericanas da década de 60.

País: Índia Ano: 2017 Arquitetos: Zowa Architects Área: 1160 m²

O Hotel Kumaon, localizado em Uttarakhand na Índia, tem o seu acesso por meio de uma íngreme trilha na floresta montanhosa. A cerca de 300 km do Himalaia Indiano, o qual é possível deslumbra-lo pela vista, o projeto se assenta no terreno íngreme em níveis, onde no ponto mais alto está a sede do hotel, e os quartos ficam espalhados pelo terreno, como chalés em pares (um sobre o outro). O prédio principal, no topo, também foi dividido em dois andares, sendo o acesso pelo nível térreo com 65


Figura 48

Figura 49

Figura 50

(Fonte das imagens: Archdaily, 2018)

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Figura 51

Figura 52

Figura 53


Figura 54 - PLANTA TÉRREO RECEPÇÃO

Figura 55- PRIMEIRO ANDAR RECEPÇÃO

Figura 56 - CORTE RECEPÇÃO

Figura 57 - CORTE CHALÉS

(Fonte das imagens: Archdaily, 2018)

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5.4. BRASIL - UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI CAMPUS SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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Figura 58 – Universidade Anhembi Morumbi Com um projeto muito semelhante ao da sua irmã gêmea em Piracicaba, a Universidade Anhembi Morumbi de São José dos Campos, projetada pelo escritório Kaan Architecten, tem a sua concepção baseada em princípios da sustentabilidade e flexibilidade. Com o seu programa dividido em 3 pavimentos e um subsolo de estacionamento, os arquitetos decidiram criar uma estrutura vertical fina de concreto, como pórticos, funcionando como brises em todas as orientações, com espaçamentos calculados de acordo com as necessidades de cada fachada, além de constituírem a nova identidade visual da instituição (replicada em Piracicaba mais tarde). As salas de aulas foram colocadas junto as fachadas, aproveitando a iluminação natural fornecida pelos painéis de vidro (piso a teto) e controlada pelos brises. Os ambientes sociais e a circulação horizontal e vertical acontecem em um grande vão central no edifício com abundante ventilação e iluminação proveniente das aberturas zenitais na cobertura. (Fonte: Archdaily, 2018)

País: Brasil, SP Ano: 2017 Arquitetos: KAAN Architecten Área: 5300 m²

Para o CCPL este projeto se apresenta como uma referência para a organização do programa de uma escola, no caso, para a EMAC. As salas de aulas colocadas nas fachadas, além de aproveitar a iluminação, reduzindo o consumo de energia elétrica, liberaria o centro para a construção de um espaço comum de circulação e convivências, criando assim oportunidades de encontros e socialização entre alunos de diferentes cursos da escola de artes. A ventilação e iluminação zenital desse centro proporcionaria um espaço agradável visualmente e termicamente. Essa configuração do pavimento permite também uma planta mais adaptável e flexível de acordo com as necessidades de cada tempo, podendo aumentar ou redividir as salas de acordo com novas demandas, tendo somente os núcleos de circulação vertical e as prumadas de sanitários como eixos fixos. 69


Figura 59

Figura 60

Figura 61

(Fonte das imagens: Archdaily, 2018)

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Figura 62


Figura 63- PLANTA Tร RREO

Figura 65- CORTE LONGITUDENAL

Figura 64- PLANTA 1ยบ ANDAR

Figura 65- CORTE TRANSVERSAL

(Fonte das imagens: Archdaily, 2018)

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5.5. CHINA - MUSEU JINGJIANG FOLKLORE

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Figura 66 – Museu Jingjiang Folklore Localizado em Jiangsu, China, o projeto baseia se em 3 volumes: O museu, a sala de exposições e o salão de chá, e tem como partido arquitetônico o uso da própria arquitetura para construir uma relação com o ambiente natural e mostrar, de maneira abstrata, a natureza. O salão de exposição acontece em dois elementos sobrepostos. O embasamento, feito de concreto e com uma espécie de revestimento de bambu nas paredes externas, recebe, apoiado sobre ele, o segundo pavimento, “torcido” em seu eixo, criando volumetrias distintas que auxiliam na transição do olhar ao ler o conjunto todo. Esses volumes superiores possuem brises de bambu, o que proporciona uma atmosfera de referência às matas e bambuzais naturais da China, além da tradição do uso desse material na arquitetura chinesa.

(Fonte: Archdaily, 2016)

Assim como no Hotel Kumaon, a forma volumétrica e a materialidade desse projeto se apresentam para o CCPL como uma referência. A criação de volumes que usufruem da mesma estrutura, mas que se apresentam, externamente, como dois elementos distintos, com materiais e funções diferentes, auxiliam na compreensão visual dos programas. Além disso, assim como o bambu faz parte da cultura e arquitetura chinesa, também faz parte da indígena brasileira, podendo então ser adotada como forma de referenciar essa etnia tão importante na história de Itapecerica da Serra.

País: China Ano: 2016 Arquitetos: Zhaohui Rong Studio Área: 4468 m²

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Figura 67

Figura 69

Figura 70

Figura 68

Figura 71

(Fonte das imagens: Archdaily, 2016)

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Figura 72 - ELEVAÇÃO NORTE E LESTE

Figura 74 - PLANTA TÉRREO

Figura 73 - ELEVAÇÃO SUL E CORTE

Figura 75 - PLANTA 1º ANDAR

(Fonte das imagens: Archdaily, 2016)

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5.6. BRASIL - CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS

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Figura 76 – Confederação nacional dos municípios

O projeto da Confederação nacional dos municípios buscou desde o seu início a criação de um espaço metropolitano que se articulasse com o contexto urbano no qual estava inserido. Teve como premissa: - Uma ocupação de solo que favorecesse a integração do usuário com a paisagem construída. - Consolidação da praça/térreo como principal local de convergência de pessoas. - Um sistema construtivo claro/evidente. Cada volume possui função distinta: O embasamento de concreto abriga todo o uso coletivo de acolhimento do público, foyer, cafés e espaços de convívio. Na lâmina, que se apoia sobre a base, os usos administrativos e na cobertura as salas de reunião e uma praça elevada. Esse volume suave apoiado se estrutura por meio de treliças metálicas com travamentos que permitiram a criação de 2 andares no espaço compreendido entre elas. Fechamentos de vidro e brises metálicos auxiliam no controle de iluminação e ventilação natural. Se configura para o CCPL como uma referência de estruturação do volume “pedra lisa” (uso de treliças), elevado do chão, criando a “elevação da memória” itapecericana e ainda permitindo a criação de uma praça sob esse volume, se tornando um local de convergência de pessoas.

País: Brasil, Brasília. Ano: 2016 Arquitetos: Mira Arquitetos Área: 10488 m²

A autonomia de funcionamento e acessos dos blocos da Confederação permite a realização de eventos separados e simultâneos sem comprometer o fluxo de pessoas e de serviços. Essa é uma qualidade desejada para o CCPL, uma vez que se tratará de 3 programas distintos (Museu, escola e centro multifunção) que precisam funcionar independentes, apesar de estarem relacionados. O espelho d`água da Confederação, que faz o papel de condutor do pedestre em direção a recepção do conjunto, é também uma referência de uma forma agradável de conduzir as pessoas da praça de eventos até a recepção do Museu.

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Figura 77

Figura 78

Figura 79

(Fonte das imagens: Archdaily, 2016)

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Figura 80

Figura 81

Figura 82


Figura 83 - PLANTA TÉRREO

Figura 83 - CORTE TRANSVERSAL PERSPECTIVADO

Figura 84 - PLANTA COBERTURA JARDIM

Figura 83 - CORTE LONGITUDENAL

(Fonte das imagens: Archdaily, 2016)

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RESUMO DAS REFERÊNCIAS

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6. PROPOSTA

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6.1. QUADRA, PARTIDO E PROGRAMA.

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6.1. QUADRA, PARTIDO E PROGRAMA. Figura 84 - QUADRA, REMOÇÕES E PRESERVAÇOES Sendo mais de 80% do terreno ocupado pelo Shopping de Itapecerica, propomos uma intervenção na quadra, não em um gratuito “arrasa quarteirão”, mas numa pesquisa de viabilidade de redesenho urbano da mesma, partindo da compreensão do programa, da metragem quadrada necessária para a acomodação do mesmo, dos fluxos dessa região da cidade e principalmente da importância municipal e regional desse equipamento.

Propomos a retirada de algumas construções escolhidas como estratégicas para a melhor inserção do complexo no tecido urbano do centro. Conforme o mapa acima (Figura 52), em “1” o shopping de Itapecerica removido por completo dado a sua arquitetura incompatível com a proposta e com o programa. Em “2”, o antigo prédio da Telesp, hoje sem uso, e o seu estacionamento. A torre de telefonia no fundo desta edificação ainda possui funcionalidade para a cidade, por essa razão propomos a transferência dela para outro terreno, ainda no centro, mas para fazer memória a ela, colocamos a torre de caixa d`água do conjunto na sua exata localização atual, servindo de marco visual na paisagem da cidade. Em “4” a igreja metodista fundada pelos alemães na década de 40. Apesar de não ser tombada oficialmente, a prefeitura a demarca como “local de interesse para preservação de patrimônio” e por essa razão decidimos manter no local como objeto histórico. Em “3” e “6” comércios locais de pequeno porte (um pavimento), em “5” um banco Bradesco removido e em “7” um conjunto de outros comércios de pequeno porte (um pavimento) não removidos dado o seu tamanho e a não necessidade de ocupação da sua área.

(Fonte: Autor 2020)

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Dadas as três premissas para o CCPL (ser um espaço de lazer municipal, espaço de cultura local e museu memorial da história) dividimos o programa de maneira a destacar esses 3 pilares do equipamento em 3 volumes distintos, mas relacionados. São basicamente 3 volumes sobrepostos e organizados de maneira a constituir cheios e vazios “entre” e “sob” cada bloco.

(Fonte: Autor 2020)

(Fonte: Autor 2020) 86


(Fonte: Autor 2020) 87 87


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(Fonte imagens: Autor 2020) 89


PROGRAMA

D AD O S TE R R E N O M AC R O Z O N A ZON A AR E A TO TAL D O TE R R E N O = 1 2 3 0 0 m ² C O E F I C I E N TE D E APR O V E I TAM E N TO TAX A D E O C U PAÇ ÃO TAX A D E PE R M E ABI L I D AD E

(Fonte: Autor 2020) BL O C O C U L TU RA L TEA TRO V E ST IÁ R IO S E SA N IT Á R IO S C A M A RIN S C O X IA E D E P Ó SIT O S A D M . T EA T RO E B IL HET ERIA F O Y ER TEA TRO C IN EM A 1 C IN EM A 2 C IN EM A 3 A D M . C IN EM A B IL HET ERIA E L A N C HO N ET E F O Y ER C IN EM A SA N IT Á R IO S T O T A L ( P O R A N D A R ) L OJA S D E P Ó SIT O S L O J A S L OCA ÇÃ O A D M. GERA L CA FÉ P R A Ç A D E C O N VIVÊ N C IA E E X P O SIÇ Õ E S SA L Ã O D E E N SA IO S E E VE N T O S MA N U TEN Ç Ã O SA L A D E SE G U R A N Ç A A L M O X ERIF A D O SA L A D E E L É T R IC A SA L A D E H ID R Á U L IC A L IX O REC IC L Á VEL L IX O O RG Â N IC O L IX O G ERA L T R A N SF O R M A D O R E S GERA D O RES D E P Ó SIT O S G E R A IS R E ST A U R A N T E S E D E P E N D Ê N C IA S P RA Ç A D E A L IM EN T A Ç Ã O SA L Ã O D E J O G O S SA C A D A P RA Ç A D E A C O L HIM EN T O T ÉRREO P O Ç O IN G L ÊS R E SF R IA M E N T O D E Á G U A A R C O N D IC IO N A D O

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442 lugares 83 m² 50 m² total (4 unidades) 350 m² 72 m² 320m² 136 lugares 144 lugares 306 lugares 15 m² 20m² 420m² 100m² 170 m² 120 m² 76 m² 83 m² 32 m² 500 m² 270 m² 55 m² 16 m² 40 m² 32 m² 32 m² 35 m² 35 m² 35 m² 40 m² 40 m² 113 m² 690 m² 455 m² 186 m² 113 m² 740 m² 180 m² 60 m²

M AC R O Z O N A U R BAN A ZDL - ZONA DIVERSIFICADA LOCAL ZEPU CENTRO - ZONA ESPECIAL DE PLANEJAMENTO URBANÍSTICO DO CENTRO

EXIG IDO 1 (100%) 0,7 (70%) 0,2 (20%)

AL C AN Ç AD O 0,98 (98%) - C.A. PROJETADO = 12.160 m² 0,4 (43% ) T.O. PROJETADO = 5320 m² 0,14 (14%) T.P. PROJETADO = 1802 m²

EMA C SA L A D E A U L A ( U N ID . M E N O R ) SA L A S D E A U L A T O R A L ( 1 4 U N ID A D E S E M D E SE N H O ) A U D IT Ó R IO ( 7 0 P E SSSO A S) SA L A A C Ú ST IC A M A IO R SA L A S A C Ú ST IC A S M E N O R E S ( 4 U N ID A D E S) REC EP Ç Ã O SE C R E T A R IA D IRET O RIA E SP E R A SA N IT Á R IO S ( P O R A N D A R ) D E P Ó SIT O S Á REA T ÉC N IC A

16 m² 465 m² 100 m² 58 m² 13 m²/unid. 18 m² 18 m² 18 m² 55 m² 60m² 90 m² total 51 m²

M U SE U M U N IC IP A L E X P O SIÇ Ã O A C E R VO H IST Ó R IC O D E IT A P E C E R IC A E X P O SIÇ Õ E S T E M P O R Á R IA REC EP Ç Ã O A P O IO SA L A D E A R Q U IVO S A L M O X ERIF A D O A D M IN IST R A Ç Ã O D E P Ó SIT O G E R A L Á REA T ÉC N IC A SA N IT Á R IO S P ISO T É R R E O SA N IT Á R IO S 1 º A N D A R M U SE U G R A F IA R E SE R VA T É C N IC A

555 m² 420 m² 13 m² 13 m² 13 m² 13 m² 30 m² 7 m² 36 m² 56 m² 56 m² 36 m² 36 m²

P R A Ç A B O A VIST A C O N VÍVIO E E ST A R P RA Ç A D E EVEN T O S B O SQ U E R A M P A S D E A C E SSO A N F I TEA TRO E SP E L H O D ' Á G U A T O R R E R E SE R VA T Ó R IA D E Á G U A Á REA TO TA L D A P RA Ç A

168 m² 343 m² 1146 m² 993 m² 329 m² 200 m² 32 m altura 27000L (270 m³) 5500 m²


6.2. O PROJETO

91


ENTORNO IMEDIATO

(Fonte imagens: Autor 2020) 92


INSERÇÃO URBANA

(Fonte imagens: Autor 2020) 93 93


PLANTA SUBSOLO COTA 893,5

(Fonte: Autor 2020) 94


PLANTA TÉRREO BLOCO CULTURAL COTA 897

(Fonte: Autor 2020)

95


PLANTA 1ยบ ANDAR BLOCO CULTURAL COTA 900,5

96

(Fonte: Autor 2020)


PLANTA 2ยบ ANDAR BLOCO CULTURAL COTA 904

(Fonte: Autor 2020) 97


COBERTURA BLOCO CULTURAL PRAÇA BOA VISTA TÉRREO EMAC E TERREO MUSEU COTA 908

98

(Fonte: Autor 2020)

98


PLANTA 1ยบ ANDAR EMAC E MUSEU

PLANTA COBERTURA EMAC E 2ยบ ANDAR MUSEU

(Fonte: Autor 2020) 99


PLANTA DE COBERTURA

100

(Fonte: Autor 2020)

100


CORTE CC

(Fonte: Autor 2020) 101


CORTE FF

(Fonte: Autor 2020) 102


CORTE EE

(Fonte: Autor 2020) 103


CORTE BB

(Fonte: Autor 2020) 104


CORTE AA

(Fonte: Autor 2020) 105


CORTE DD

(Fonte: Autor 2020) 106


DETALHE 1Fixação bambu fachada Bloco cultural

DETALHE 2Fixação bambu fachada Emac

(Fonte: Autor 2020) 107


PERSPECTIVA LATERAL 1

PERSPECTIVA LATERAL 2

PERSPECTIVA VISTA FRONTAL

(Fonte: Autor 2020) 108

A estrutura do museu e da escola se dá por meio de um sistema híbrido (pilares de concreto e vigas metálicas). O Volume do Museu municipal é estruturado por meio de duas treliças (com módulos de 10m x10m) que vencem o vão de 50m, dos dois pilares da recepção até os outros dois, já na praça de eventos, com formato que acompanha a diagonal do último módulo da treliça.


DETALHE 3 Apoio articulado das treliças sobre os pilares.

ORIENTAÇÃO DAS PEÇAS (EIXO X,Y E Z)

(Fonte: Autor 2020)

DETALHE 4 A lage misulada em balanço do térreo da escola é sustentada por meio de tirante (tubos circulares)

LAJES

109


1 TRELIÇAS APOIADAS SOBRE OS PILARES E TRAVADAS COM AS VIGAS PERFIL “I” (VIGAS QUE TAMBÉM FAZEM A SUSTENTAÇÃO DAS LAJES).

2 SUB ESTRUTURAS FIXADAS NAS FACES EXTERNAS DAS TRELIÇAS (COM MÓDULOS DE 1,25m X 1,25m) PARA A FIXAÇÃO DOS PAINÉIS CIMENTÍCIOS.

3 PAINÉS CIMENTÍCIOS (5m x 2,5m) PARAFUSADOS NA SUB ESTRUTURA.

(Fonte: Autor 2020) 110


PERSPECTIVA EXPLODIDA ESTRUTURA MUSEU SUB ESTRUTURA

PAINÉIS CIMENTÍCIOS

(Fonte: Autor 2020) 111


VISTA AÉREA CCPL

(Fonte: Autor 2020) 112 112


1

2

3

4

1 - Praça de acesso Bloco Cultural CCPL 2 - Painél para exposições rotativas de artistas grafiteiros da região. 3 - Vista de quem sobe a Av. Eduardo Roberto Daher em direção ao Bloco Cultural 4- Doca, saída do corredor da rota de fuga e entrada da rampa do estacionamento (respectivamente da esquerda para a direita)

(Fonte: Autor 2020) 113


5

6

7

8

5 - Acesso tĂŠrreo e escada externa 6 - Patamar da escada, olhando volume da EMAC 7 - Sacada com bares/restauranttes 8 - Sacada, olhando no outro sentido. 114

(Fonte: Autor 2020)


9

10

11

12

9 - Acesso praça de alimentação e teatro, e escada que sobe para a cobertura e praça boa vista. 10 - patamar da escada, olhando cobertura e acesso da Emac (praça boa vista ao fundo) 11 - Deck jardim de estar, com 4 urucunzeiros (árvore tipícas da cultura indígena), e jardineira contínua junto a fachada da Av. Xv de Novembro. 12 - Vista 2 deck de estar. (Fonte: Autor 2020) 115


13

14

15

16

13 - Emac, vista de quem sai da torre de circulação na fachada (volume amarelo, visto na imagem 17). 14 - Emac e museu apoiado sobre a sua recepção. 15 - Vista banco de concreto. 16 - Entrada da Emac, com portas pivotantes. 116

(Fonte: Autor 2020)


17

18

19

20

17 - Esquina Av. Xv de Novembro com Av. Eduardo Roberto Daher, com faixa de pitangeiras acompanhando a fachada atÊ a rampa na cota 904. 18 - Vista de quem desce a Av. Xv de Novembro 19 - Rampa Av. Xv de Novembre 20 - Museu do ângulo de quem sobe a rampa.

(Fonte: Autor 2020) 117


21

22

23

24

21 - Museu Municipal, ângulo da praça Boa Vista. 22 - Anfi teatro 23 - Espaço de convívio e estar, com mesinhas, piso de pedrinhas e cercado com Pau ferros. 24 - Espaço de convívio do ângulo de um pedestre sentado. 118

(Fonte: Autor 2020)


25

26

27

28

25 - Subida da escada do anfi teatro. 26 - Arborização do fundo da igreja metodistas histórica e torre reservatório de água.

(Fonte: Autor 2020)

27 - Vista saída da escada do anfi teatro. 28 - Espelho d`água marcando o percurso até o Museu, fazendo também referência a “água saindo debaixo da rocha”, da “pedra de Itapecerica”. (A cidade está contida na área de proteção aos mananciais da bacia do Alto Tietê e das sub bacias do rio Cotia e Guarapiranga.)

119


29

30

31

32

29 - Bosque. Vista das Quaresmeiras. 30- Bosque. Quaresmeiras floridas. 31- Bosque. Vista AcĂĄcias Imperiais. 32 - Vista parada de Ă´nibus das escolas infantis. 120

(Fonte: Autor 2020)


33

34

35

36

33- Rampa Rua Boa Vista. 34 - Embaixo do vão do Museu municipal. 35- Cobertura museu, com as placas fotovoltaicas. 36- Torre de escada de emergência do museu e laje técnica (laje da recepção)

(Fonte: Autor 2020) 121


37

38

39

40

37 - Vista aérea. Esquina da Av. Eduardo Roberto Daher com Rua São João. 38 - Cobertura zenital Bloco Cultural 39 - Praça de eventos demarcada com diferenciação de piso. 40 - Vista geral. 122

(Fonte: Autor 2020)


VEGETAÇÃO UTILIZADA QUARESMEIRA (Bosque)

(Fonte: Pinterest, 2019)

Árvore ornamental nativa da Mata Atlântica que impressiona com a sua floração roxa no período litúrgico da quaresma cristã católica, e por esse motivo foi batizada com esse nome. Sendo Itapecerica uma cidade com raízes profundas no catolicismo, e tendo até hoje uma população muito fiel, o evento da floração dessas árvores na quaresma certamente se transformará em um grande espetáculo emocionante que atrairá muitos visitantes. ACÁCIA IMPERIAL (Bosque) A quem diga que o cheiro lembra o de alcaçuz. De setembro a fevereiro a Acácia se enche de cachos amarelos, o que lhe rendeu outro nome popular: Cachos de ouro. Podendo chegar a 12m de altura, nos periodos em que não está com flores, perde quase todas as suas folhas, o que proporcionaria ao bosque do CCPL uma transformação constante da paisagem urbana.

(Fonte: Sementesorganicas, 2019)

(Fonte: Archdaily, 2020) PITANGUEIRA (Faixa junto a fachada do bloco cultural, na av. xv de novembro.) Árvore ornamental e frutífera nativa brasileira. Com altura de 2 a 5 metros exige pouca manutenção e suporta podas mais severas para desenhar a forma desejada. Os frutos dessa árvore se transformariam em um atrativo a parte para usuários do CCPL, mas tambem por pedestres passando pela avenida. Pitanga, fruto da pitangueira.

(Fonte: Pinterest, 2020 123


Urucunzeiro (4 unid. Deck jardim)

(Fonte: Firace, 2020)

Árvore nativa brasileira que produz o fruto “urucum”, com sementes vermelhas utilizadas pelos povos indígenas para a produção de tintas para o corpo. É também por meio dessa semente que se fabrica o “colorau”, pó avermelhado utilizado como corante em varias comidas das tradições culinárias do Brasil, sobretudo nordestinas. A utilização de 4 exemplares dessa árvore de pequeno porte faria uma referência a raiz indígena da história itapecericana no CCPL.

Fruto do urucunzeiro, o urucum. Na imagem, aberto, mostrando as sementes vermelhas.

(Fonte: Revisapegn, 2020)

Criança indígena com o rosto pintado com tinta vermelha. PAU FERRO (Praça Boa vista - Espaço de estar e convívio) Nativa da mata atlântica, pode chegar a 30m de altura e copa de 12 m de largura, mas por meio de podas é possível conter o crescimento. Possui tronco ereto, mas ramificado, o que lhe transforma em uma árvore amplamente ornamental. As raízes não são agressivas ao solo e proporcionaria uma boa área de sombra sobre o espaço de estar da Praça Boa vista do CCPL.

(Fonte: Archdaily, 2020) 124

(Fonte: Tricurioso, 2019)


7. Considerações finais O lazer, a identidade cultural e a memória são de muita importância para a preservação e manutenção de um espaço urbano, sobre tudo público. O Centro Cultural Pedra Lisa significaria para o povo itapecericano um lugar de concentração desses três aspectos.

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Obviamente que um projeto de arquitetura unicamente não detém o poder de transformar a realidade de uma sociedade por completo sozinha, sendo necessária a participação, o interesse e a conscientização de todos os envolvidos, assim como o trabalho e empenho de outros profissionais. Contudo, a arquitetura tem um papel importantíssimo nesse processo, sendo ela quem materializa os esforços em espaço. Lugar onde de fatos essas relações humanas sociais acontecem. O Centro Cultural Pedra Lisa é a materialização da consciência da necessidade de maior valorização do território e da história de Itapecerica da Serra por parte dos seus habitantes, mas também despertando regionalmente o interesse turístico. Essa valorização se dá pela oferta de um espaço de lazer e cultura com qualidade metropolitana. Um espaço que conta uma história ao mesmo tempo que participa dela. Mesclando história e tradição com tecnologia e funcionalidade, o CCPL se insere na história itapecericana como um espelho, sim, com design atual, moderno e tecnológico, mas que convida a “olhar para trás”, e ver, no seu reflexo, aquilo que Itapecerica da Serra já foi, rememorando o seu valor e fazendo crescer em seus habitantes o sentimento de gratidão em fazer parte deste lugar e dessa história. Lugar que “dá gosto” de passar, ficar, e ao ter que ir, desejar voltar, como já diz no texto do hino da cidade: “Quem aqui chega e toma essa água, aqui fica. Cria

OU COPIE E COLE O URL NO SEU NAVEGADOR: https://www.youtube.com/watch?v=umaB1YCWiSs&feature=youtu.be

raízes e como pedra aqui se enterra. Estou falando desta Itapecerica, que é tão minha, que é tão nossa e que é da Serra.”

125


8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Municipal nº 1.238, de 29 de maio de 2001. Itapecerica da Serra. Secretária de planejamento. Disponível em: <https://www.itapecerica.sp.gov.br/secretarias/planejamento_e_meio_ambiente>. Acesso em 15 de set. de 2019.

HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo. Ed. Martins Fontes, GOOGLE MAPAS, Disponível em: <http://www.google.com.br/maps>. Acesso 2018. em set. de 2019. SANTOS, Reinaldo Soares dos. O Encanto da Lagoa: O imaginário histórico- EMPLASA. Disponível em: <https://emplasa.sp.gov.br/>. Acesso em out. de 2019. -cultural como elemento propulsor para o turismo cultural na Lagoa Encantada. Dissertação (Mestrado em Cultura e Turismo) – Programa de Pós-Graduação em GEO EMPLASA. Disponível em: <https://geo.emplasa.sp.gov.br/Mapa?contexto=emplasageo> Acesso em out. de 2019. Cultura e Turismo, UESC/ UFBA, Ilhéus-Ba, 2004. IBGE. Disponível em: < https://www.ibge.gov.br/>. Acesso em out. de 2019. PINTO, Gabriela Baranowski. PAULO, Elizabeth. SILVA, Thaisa Cristina. Os centros culturais como espaço de lazer comunitário: o caso de belo horizonte. Cultur, Bahia, Nº 2, p. 86 a 108, jan. 2015. Disponível em: <http://periodicos. uesc.br/index.php/cultur/issue/view/35> ROLNIK, R. O lazer humaniza o espaço urbano. In: SESC SP. (Org.). Lazer numa sociedade globalizada. São Paulo: SESC São Paulo/World Leisure, 2000

ATLAS BRASIL. Disponível em: < http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_m/ sao-paulo_sp>. Acesso em out. de 2019. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE ITAPECERICA DA SERRA. Disponível em: <https://www.itapecerica.sp.gov.br/>. Acesso em set. e out. de 2019.

GOMES, Christianne Luce. Dicionário crítico do lazer. Belo Horizonte. Autentica 2004.

FERNANDES, Gica. Museu da Memória, Estúdio América. ArchDaily Brasil, 2011. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-715/museu-da-memoria-estudio-america> Acesso em nov. de 2019.

BATISTA, Cláudio Magalhães. Memória e Identidade: Aspectos relevantes para o desenvolvimento do turismo cultural. IVT. Rio de Janeiro, nº 3, p. 27 a 33, 2005. Disponível em: <http://www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno/index.php/caderno/issue/ view/17>

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, ArchDaily Brasil, 2011. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/795304/museu-da-memoria-e-dos-direitos-humanos-mario-figueroa-lucas-fehr-e-carlos-dias?ad_source=search&ad_medium=search_result_all>. Acesso em nov. de 2019.

NOGUEIRA, Maria Emmir Oquendo; LEMOS, Silvia Maria Lima. Tecendo o fio de ouro: Itinerário para o autoconhecimento e a liberdade interior. Aquiraz. Edições Shalom, 2013.

Centro de Artes de Águeda, ArchDaily Brasil, 2018. Disponível em: <https://www. archdaily.com.br/br/906089/centro-de-artes-de-agueda-and-re?ad_source=search&ad_medium=search_result_all> . Acesso em nov. de 2019.

MACEDO, LETICIA. Itapecerica já estuda restrições ao tráfego de caminhões. São Paulo. 30 de set. de 2010. Disponível em: < http://g1.globo.com/sao-paulo/ noticia/2010/09/itapecerica-da-serra-ja-estuda-restricoes-ao-trafego-de-caminhoes.html> Acesso em 02 de out. de 2019

DURÃES, Mariana. O Centro de Artes de Águeda é um “pequeno milagre”. Publico, 2018. Disponível em: < https://www.publico.pt/2018/12/17/p3/fotogaleria/o-centro-de-artes-de-agueda-e-um-pequeno-milagre-391408>. Acesso em nov. de 2019.

BRASIL, Lei municipal nº 1.771, de 26/12/2006. Dispõe sobre a revisão do Plano Diretor Estratégico do Município de Itapecerica da Serra, instituído pela Lei 126

Hotel Kumaon. ArchDaily Brasil, 2018. Disponível em: <https://www.archdaily. com.br/br/888741/hotel-kumaon-zowa-architects?ad_medium=widget&ad_name=recommendation>. Acesso em nov. de 2019.


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Rede de Bibliotecas. Guia de normalização de monografias, dissertações e teses. Centro Universitário Senac, 2014. Disponível em: <http://www3.sp.senac.br/hotsites/campus_santoamaro/cd/arquivos/biblioteca/guia_normatizacao.pdf>. Acesso em set. de 2019.

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