COMPLEXO MULTIFUNCIONAL
coliving coworking
GUSTAVO ZERRENNER CLEMENTE
COMPLEXO MULTIFUNCIONAL COLIVING - COWORKING
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac – Campus Santo Amaro, como exigência para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Artur Katchborian
São Paulo 2020
AGRADECIMENTOS Agradeço à minha família, minha mãe, Roseli C. Zerrenner e meu irmão, Thiago Zerrenner pelo incentivo e apoio durante todo esse período de estudos. Ao meu orientador, Artur Katchborian, que me acompanhou durante todo o processo deste trabalho, dando todo o auxílio necessário para a elaboração do projeto e sendo sempre paciente e compreensivo em relação à tudo. Aos meus outros professores do curso que através de seus ensinamentos, permitiram que eu pudesse ter base e fundamentos necessários para concluir este trabalho. Em especial à professora Myrna Nascimento que me recebeu de braços abertos em suas aulas, proporcionando não só seus conhecimentos mas também momentos de descontração durante o processo deste trabalho.
Aos meus amigos que ganhei durante esse período, em especial Iandra Rocha, Letícia Costa, Victória Arruda e Vyctória Gonçalves, pelas nossas conversas, risadas e até mesmo brigas, só foi possível passar por tudo isso devido a cada momento que estive com vocês. Sem vocês nada teria feito sentido. Aos meus amigos de infância, Alexandre Nagy, Fernanda Manzoni, Guilherme Rivas, Isabela Penteriche e Vinicius Rivas, que sempre estiveram ao meu lado e me apoiando durante todo esse processo, que sempre se voluntariavam para ajudar em algum trabalho mesmo sem saber sobre o que se tratava, de maquetes á pesquisas, sempre pude contar a ajudava deles.
ABSTRACT The project is a proposal of a multifunctional complex located at Avenida Doctor Chucri Zaidan, in the Berrini region, using the integration provider of workspaces, housing and living and leisure areas, preserving sustainability, the environment and social life and collective. Engenheiro LuĂs Carlos Berrini Avenue was under heavy pressure from urbanization in the metropolis of SĂŁo Paulo. An economic consequence of the Berrini region is present in the paradigm of the relationship between economic development and the environment that results in a loss of environmental quality, resulting in increased congestion, air and noise pollution, or an increase in the number of editions, reduced afforestation and little leisure space. Through this environmental analysis of the region, the project also promotes urban use in order to preserve sustainability and technological development, generating greater social coexistence not only in the project area itself, but in the city as a whole.
RESUMO O projeto é a proposta de um conjunto multifuncional localizado na Avenida Doutor Chucri Zaidan, na região da Berrini, visando promover a integração de espaços de trabalho, moradias e áreas de convivência e lazer, preservando a sustentabilidade, o meio ambiente e o convívio social e coletivo. A Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini sofreu uma forte pressão provocada pela urbanização na metrópole de São Paulo. A consequência econômica da região da Berrini está presente no paradigma da relação entre o desenvolvimento econômico e o meio ambiente que resulta na perda da qualidade ambiental, refletindo no aumento dos congestionamentos, poluição atmosférica e sonora, o aumento no número de edificações, arborização reduzida e pouco espaço de lazer. Através dessa análise ambiental da região, o projeto pretende promover também um adensamento urbano de modo a preservar a sustentabilidade e o desenvolvimento tecnológico, gerando uma maior convivência social não só na área do projeto em si, mas na cidade como um todo. Palavras Chave: complexo; multifuncional; Berrini; coworking; coliving; sustentabilidade; meio ambiente.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO
11 13 14
PROJETO - Localização - Desenvolvimento do plano de massas - Volumetria
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REGIÃO DA BERRINI - Quota ambiental - Análise ambiental da Avenida Luís Carlos Berrini
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PROPOSTA
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CONCEITOS ABORDADOS - Sustentabilidade e meio ambiente - Multifuncionalidade - Coliving - Coworking
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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LISTA DE FIGURAS
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS - MINI Living - The Collective Old Oak - ECO Berrini - Drenagem Urbana Sustentável
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INTRODUÇÃO Através de uma pesquisa realizada na matéria de P.I. no oitavo semestre, onde foi realizado um estudo das variantes ambientais ocasionadas pelo desenvolvimento econômico na região da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, e tendo como princípio o conceito de arquitetura sustentável, pretendo desenvolver um projeto arquitetônico, que visa promover a integração de espaços de trabalho, moradias e áreas de convivência e lazer, preservando a sustentabilidade, o meio ambiente e o convívio social e coletivo.
Pela região do Brooklin ser um dos principais polos econômicos da cidade de São Paulo e uma área de grande visibilidade, demonstrar como é possível manter o desenvolvimento tecnológico ligado a preservação do meio ambiente é fundamental atualmente.
Com a crescente conscientização das pessoas a respeito do ambiente em que vivemos e de como nossas ações afetam o futuro, a humanidade tem cada vez mais o dever de encontrar uma forma de desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das próximas gerações de suprir as próprias necessidades, preservando seu padrão de vida e mantendo o desenvolvimento tecnológico sem exaurir os recursos naturais do planeta.
Desde o processo construtivo o meio ambiente será zelado, criando soluções para reaproveitamento de água da chuva, economia de energia, descarte correto de materiais e lixo devidamente reciclado. O desenvolvimento do projeto terá como base pesquisas sobre referências de projetos, análise das variantes ambientais para onde o edifício será implantado, pesquisas sobre sistemas estruturais e meios de fontes de energia renováveis.
A arquitetura sustentável busca o máximo de sustentabilidade e eficiência em todo o ciclo de vida da edificação, ou seja, construção, uso, manutenção e demolição.
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REGIÃO DA BERRINI O ritmo acelerado da urbanização da cidade de São Paulo causou ocupações desprovidas de planejamento apropriado, as quais influenciam substancialmente a instabilidade de muitas áreas, provocando uma série de impactos sociais e ambientais. O aumento da verticalização e a expansão da cidade tem com consequência a impermeabilização do solo, ocasionando sérios distúrbios ambientais, como por exemplo: o escoamento superficial da água, o rebaixamento do lençol freático e as mudanças microclimáticas com alterações nas temperaturas dos sistemas urbanos e criação de microclimas diversos. A Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini sofreu uma forte pressão provocada pela urbanização na metrópole de São Paulo. Os terrenos foram ocupados por novos edifícios resultados da compra de lotes múltiplos e a sua construção foi financiada por capitais privados para posterior locação que acabou se tornando uma das mais caras da cidade por m² de área útil.
O segmento corporativo foi o maior responsável pelo desenvolvimento da região, uma parte considerável desses edifícios foi projetada pelo arquiteto Carlos Bratke e sua companhia Bratke e Collet Ltda, que definiram a arquitetura dos prédios entendendo a flexibilidade de seus usos. A consequência econômica da região da Berrini está presente no paradigma da relação entre o desenvolvimento econômico e o meio ambiente que resulta na perda da qualidade ambiental, refletindo no aumento dos congestionamentos, poluição atmosférica e sonora, o aumento no número de edificações, arborização reduzida e pouco espaço de lazer.
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Quota ambiental O Município de São Paulo apresenta diversos problemas ambientais, tais como poluição atmosférica e das águas, ineficiência da drenagem devido à extensa impermeabilização do solo, elevadas temperaturas devido à reduzida cobertura vegetal e padrões de urbanização pouco sustentáveis, dentre outros. Em dezembro de 2016, foi aprovado pela Prefeitura o Decreto Nº 57.565 que regulamenta a aplicação da Quota Ambiental como novo parâmetro urbanístico de uso e ocupação do solo previsto no Plano Diretor Estratégico da Cidade de São Paulo (PDE 2014).
Diversas empresas, porém, não recebem a nova lei como algo benéfico do ponto de vista econômico. Já que acabam de certa forma perdendo em suas taxas de ocupações e com isso há perdas financeiras com relação ao aproveitamento construtivo de um terreno. À vista disso, ainda há muito empenho em burlar as diretrizes previstas na QA.
Na concepção da quota ambiental se optou por adotar parâmetros relacionados à drenagem, microclima e biodiversidade, com intuito de promover melhoria da drenagem e redução das ilhas de calor com atenção à biodiversidade, ainda que tais parâmetros não abranjam a totalidade dos problemas ambientais existentes na cidade.
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Análise ambiental da Avenida Luís Carlos Berrini O Monóxido de Carbono um gás inodoro e incolor, formado no processo de queima incompleta de combustíveis. Sua principal fonte de emissão está, portanto, nos processos de combustão que ocorrem em condições não ideais. A maior parte das emissões em áreas urbanas são decorrentes dos veículos automotores. Em baixa concentração causa fadiga e dor no peito, em alta concentração pode levar a asfixia e morte.
A partir da expansão do território e da implantação de diversos edifícios corporativos um novo fluxo foi gerado na região da Berrini. Congestionamentos cresceram e se intensificaram, em especial nos horários de pico. Com isso, a alta emissão de poluentes na atmosfera é largamente identificada.
Figura 1: Instituto de Energia e Meio Ambiente 15
Os dados apresentados nos gráficos a seguir representam o comportamento da chuva e da temperatura ao longo do ano. As médias climatológicas são valores calculados a partir de uma série de dados de 30 anos observados. É possível identificar as épocas mais chuvosas/secas e quentes/frias de uma região.
Com relação ao clima da região da Cidade Monções, onde é localizada a Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini, há uma diferença visível entre o da cidade de São Paulo como um todo. Analisando um período dentro ano é identificado que chove menos apesar da temperatura média ser maior do que o resto da cidade. Este fenômeno pode ser associado com as ilhas de calor, que são as regiões que apresentam a temperatura média acima do comum, comparada ao seu entorno. Os fatores que favorecem a criação de ilhas de calor vão desde a pouca quantidade de áreas verdes até alto índice de poluição atmosférica, liberada principalmente por veículos à combustão, que favorece a elevação da temperatura e agravam a qualidade do ar, que tende a piorar nestas regiões.
Figura 2: Climatempo, gráfico tempo/precipitação, cidade de São Paulo
É importante ainda salientar que a elevada capacidade de absorção de calor de superfícies urbanas como o asfalto e paredes de tijolo ou concreto é um dos fatores determinantes para o aumento da temperatura. E ainda, a alta concentração de edifícios pode interferir na circulação dos ventos, impedindo que as partículas danosas de poluição sejam dispersadas.
Figura 3: Climatempo, gráfico tempo/precipitação, bairro Cidades Monções 16
Em contrapartida, mesmo apresentando índices ligeiramente menores com relação as chuvas é uma região com incidência de alagamentos. O território é geograficamente propício à cheias, devido a proximidade com o Rio Pinheiros entre outros fatores até mesmo históricos. A impermeabilização do solo pelo calçamento, asfaltos das vias e os próprios lotes que foram ocupados antes da criação de leis mais rígidas sobre taxas de permeabilidade podem ser a raiz do problema na região, que sempre alaga nos meses de chuvas mais intensas. Figura 4: Geosampa, mapa sobre riscos de alagamento
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CONCEITOS ABORDADOS A partir dos fatores apresentados no capítulo anterior, meu projeto pretende abordar esses problemas ambientais por meio de alguns conceitos que sejam capazes de amenizar ações de degradação do meio ambiente. Promovendo também um adensamento urbano de modo a preservar a sustentabilidade e o desenvolvimento tecnológico, gerando uma maior convivência social não só na área do projeto em si, mas na cidade como um todo.
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Sustentabilidade e meio ambiente O conceito de sustentabilidade teve origem em Estocolmo, na Suécia, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que aconteceu em junho de 1972. Essa conferência chamou atenção internacional principalmente para as questões relacionadas à degradação ambiental e à poluição. Em 1992, na Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu no Rio de Janeiro, foi consolidado o conceito de desenvolvimento sustentável – que passou a ser entendido como o desenvolvimento a longo prazo, de
maneira que não sejam exauridos os recursos naturais utilizados pela humanidade. Essa conferência também trouxe reflexões sobre o planejamento participativo e sua meta era estimular a criação de uma nova organização econômica e civilizatória com ações de inclusão social e desenvolvimento sustentável. Essas ações foram reforçadas em 2002, na Cúpula da Terra sobre Desenvolvimento Sustentável de Johanesburgo, que surgiu a maior integração entre as dimensões econômica, social e ambiental.
Figura 5: tripé da sustentabilidade 20
Multifuncionalidade A multifuncionalidade tem como significado a existência de várias funções, e na aplicação do espaço urbano traz a capacidade de juntar pessoas, funções, vivências, experiências, ofertas e procuras. A multifuncionalidade pode ser vista isoladamente num determinado território ou em rede, permitindo que as funções interajam entre si, criando competitividade e colaboração entre setores e possibilitando o desenvolvimento de toda a área.
“Multifunctional land use can generally be defined as the combination of different socio-economic functions in the same area. This is also the main feature of the planning approach of ‘Multifunctional Land Use’, as it has developed over the last years” (PRIEMUS, Hugo, 2000)
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Coworking Em uma breve análise dos ambientes comerciais nas últimas décadas, diversas transformações físicas e conceituais vem acontecendo cada vez mais rápidas devido a grande evolução tecnológica que estamos passando. Dentro dessa evolução, surgiu um novo conceito para espaços de trabalho. A partir da insatisfação de um programador com seu home office, Brad Neuberg resolveu convidar alguns amigos para trabalharem juntos e dividir os custos, além do espaço, criando assim o conceito de coworking. Coworking significa trabalho compartilhado, porém o conceito vai muito além disso, uma vez que depende das pessoas e suas atividades no espaço. É um estilo de trabalho onde o foco está no relacionamento entre as pessoas, de forma que acabam dividindo experiências, aprendizados, trabalhos e criando laços de amizade mais fortes do que as relações profissionais. Por isso, o principal elemento do coworking são as pessoas.
O coworking tem como princípio a organização de agrupamentos de atividades que são executadas durante o dia a dia. Há momentos em que é preciso ter uma maior concentração e ficar sozinho, outros onde o compartilhamento de ideias é indispensável e outros onde uma conversa informal acontece para renovar as energias e retornar ao trabalho. Quem define qual área é melhor para cada dia de trabalho são as pessoas, que são livres para escolher o que for melhor para cada atividade que precisam realizar. Por fim, o que este conceito apresenta é o planejamento dos espaços a partir das pessoas e o que elas fazem.
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Coliving O coliving engloba muitos fatores como um senso de comunidade, sustentabilidade e economia colaborativa. O conceito surgiu na Dinamarca nos anos 70 – originalmente com o nome de cohousing (casa colaborativa). No projeto Saettedammen, viviam 35 famílias que mantinham moradias privadas e compartilhavam espaços de convivência e atividades, como refeições e limpeza dos ambientes, grupos de interesse, festas e eventos. Hoje o coliving abrange uma infinidade de possibilidades, que vão desde pessoas que simplesmente vivem juntas – compartilhando o espaço físico –, até comunidades que compartilham valores, interesses e filosofia de vida.
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS Mini Living A MINI Living escolheu Xangai como o local deste projeto de convivência, uma cidade familiarizada com os desafios de acomodar uma crescente população urbana. O projeto é inteiramente adequado à filosofia MINI de "uso criativo do espaço" e ao complexo de vida multifuncional no distrito de Jing'an. O projeto consiste em transformar um conjunto de seis edifícios de uma fábrica de tintas, em Xangai, em um edifício residencial de uso misto, abrigando serviços, escritórios e áreas de uso coletivo. “Estamos oferecendo um espaço flexível aos seus moradores, dinâmico que funcionará como um respiro em meio a realidade urbana do bairro.” (Esther Bahne, diretora da MINI Brand Strategy e Business Innovation.)
Figura 6: modelo esquemático realizado pelo grupo. 25
Desenvolvido pela empresa chinesa NOVA Property Investment Company, seis prédios serão conectados para criar um novo bairro inovador com uma abordagem de arquitetura de mente aberta que resultará em transições flexíveis entre espaços públicos e privados. Espaços públicos, áreas expositivas, jardins, áreas de lazer, lojas, restaurantes e um mercado estarão acessíveis a todos, incentivando a interação entre os moradores e os visitantes. Figura 7: modelo 3D realizado pelo grupo.
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The Collective Old Oak Nossa abordagem para o edifício tem sido a laminação de espaços sociais e residenciais dentro de uma tipologia híbrida, em que usos complementares e espaços colaborativos complementam um arranjo compactado de alojamentos particulares. Trabalhar, viver, criar, trocar, socializar e divertir, tudo ocorre dentro de um arranjo formal que opera mais como um bairro vertical do que como um edifício individual. Em uma escala micro, o edifício foi concebido para proteger a privacidade e o espaço individual, mas também para permitir que pequenos grupos íntimos de pessoas se formem espontaneamente em torno de espaços compartilhados, cozinhas comunitárias e salas de jantar. Esses grupos, baseados nas pessoas que se sentem à vontade na presença um do outro, são fundamentais para a formação da comunidade. Em grande escala, o edifício tenta reunir em si os efeitos, o humor e a atmosfera da cidade para permitir encontros inesperados e, às vezes, contra intuitivos entre seus habitantes.
The Collective maximiza os espaços comunitários compartilhados por meio de um design que provoca socialização. A natureza desses espaços sociais, seu layout e distribuição por todo o edifício, é talvez a consideração mais importante do projeto. O componente residencial do edifício também é acompanhado por um espaço de trabalho conjunto: uma incubadora para jovens startups, que acrescenta sua própria energia à comunidade e às possibilidades criativas do edifício. 27
Figura 9: modelo 3D com fotos de cada local.
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ECO Berrini O edifício Eco Berrini, localizado na Av. Eng. Luiz Carlos Berrini, importante centro empresarial de São Paulo, é a segunda etapa de projeto elaborado por nosso escritório na década de 80. Constituído por uma torre corporativa de 32 pavimentos (entre pavimentos-tipo, térreo, intermediário e ático), cinco subsolos e um edifício-garagem anexo, este existente foi acrescido de dois novos pavimentos, distribuídos em aproximadamente 95.000 m² de área construída.
O empreendimento buscou conceitos sustentáveis desde a sua concepção até a construção, no intuito de minimizar tanto os danos ambientais como aumentar o conforto dos usuários e diminuir o consumo energético.
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O projeto recebeu a certificação LEED Gold, estabelecendo uma série de objetivos, intenções e soluções de tecnologias sustentáveis, que foram desenvolvidas e implantadas no empreendimento. Dentre elas, a criação de um espaço sustentável, com boa acessibilidade e circulação de pedestres, o uso racional da água, como tratamento e reaproveitamento de águas cinzas, eficiência energética, com fachadas envidraçadas para o aproveitamento de luz natural, gestão de resíduos e consumo racional de materiais na obra.
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Figura 13: sistema de รกgua e esgoto.
Figura 14: sistema de ar-condicionado.
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Drenagem Urbana Sustentável Os sistemas de drenagem urbana sustentável são dispositivos e técnicas desenvolvidos acerca do seguinte tripé: quantidade, qualidade e amenidade/biodiversidade, as quais devem ser definidos um conjunto planejado de ações implementadas na bacia, com o objetivo de atenuar os impactos da urbanização, considerando não somente preocupações com a quantidade de água, mas também aspectos de qualidade das águas.
O Desenho Urbano influencia diretamente na drenagem urbana, ou seja, o controle e gerenciamento dos projetos urbanísticos impacta no desempenho final da rede de infraestrutura, especificamente de águas urbanas. A obra de recuperação do leito natural do rio Cheonggyecheon em Seul – Coréia do Sul e a revitalização urbanística de seu entorno caracterizam um ótimo exemplo de Drenagem Urbana Sustentável.
Figura 15: Renaturalização do rio Cheonggyecheon em Seul – Coréia do Sul
A desconstrução baseia-se na premissa da renaturalização, a qual, objetiva retornar ao balanço hídrico pré-urbanização (aumento do tempo de concentração e diminuição do pico de vazão), com alta permeabilidade.
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PROJETO Localização
O terreno escolhido para a implantação do projeto foi escolhido por pertencer à área de estudo realizado, descrito no capítulo 1. Localizado na Avenida Doutor Chucri Zaidan, uma importante via da Zona Sul de São Paulo. Pela região ser um dos principais polos econômicos da cidade e fortemente visada, a escolhe deu-se com o intuito de trazer uma maior visibilidade aos projetos de sustentabilidade e preocupação com o meio ambiente, além de proporcionar uma aproximação e adensamento da moradia com o trabalho junto de desenvolvimentos tecnológicos e preservação do meio.
Figura 16: geosampa, mapa de uso e ocupação do solo
ZC (Zona de Centralidade): Destinada para localização de atividades típicas de áreas centrais ou centros de bairro, coexistindo usos residenciais e não residenciais.
Figura 17: Google Earth, foto aérea do terreno escolhido 34
Desenvolvimento do plano de massas
Umas das premissas do projeto foi criar novas conexões à Av. Dr. Chucri Zaidan, não necessariamente através de veículos, mas sim vias de pedestres, que pudesse criar uma maior permeabilidade e vivência de pessoas.
Através dessas duas conexões, ligando ruas sem saída para a Avenida, foi pensado na importância de uma via de serviços para o complexo.
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Portanto, foi configurado que a via superior (amarela) seria destinada à serviços – abastecimento, entrada e saída de veículos, etc. – enquanto a outra (verde) seria uma via de pedestres ao longo do terreno.
Após a definição das vias, foi escolhida a área de implantação do edifício residencial – coliving. A proximidade com a área residencial existente foi uma contribuição para a escolha da implantação, além de se afastar um pouco da Av. Dr. Doutor Chucri Zaidan, afim de diminuir o contato com a poluição sonora e atmosférica da região.
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Com a área do residencial definida, a via de pedestres ganhou uma nova extensão. O intuito da via não é só uma travessia, mas sim uma penetração em todos os térreos dos edifícios.
No mesmo sentido do residencial, o edifício corporativo – coworking – se deu devido a proximidade da área comercial existente porém mantendo uma proximidade ao residencial e tendo um fácil acesso tanto por veículos quanto por pedestres.
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Outra ligação foi pensada mesmo antes de ter conhecimento de qual seria o uso desta área, promovendo ainda mais a permeabilidade urbana.
Após uma análise sobre a quantidade de edifícios corporativos, número de residências e quantidade de diversificações de serviços existentes, foi pensado em um centro gastronômico para o complexo. Contendo um mercado, restaurantes e uma escola de gastronomia, o centro pretende promover uma maior circulação de pessoas durante todo o dia, oferecendo serviços tanto para a área corporativa quanto para a residencial – não só do complexo mas de todo entorno da área. 38
Por fim, a implantação de uma grande área verde afim de proporcionar áreas de convivência, permanência, lazer e promover a preocupação e cuidado com o meio ambiente.
Os fluxos pretendidos foram traçados de forma a prevalecer o pedestre (setas verdes) ao longo de todo o projeto. O acesso de veículos (setas vermelhas) foi mantido ao máximo tentando evitar o choque entre veículos e pedestres, por isso localizados nas extremidades do terreno.
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Volumetria O programa básico se resume em um edifício residencial, um edifício corporativos com o conceito de coworking, um centro gastronômico com comércios e serviços, um parque e uma via de pedestres que servirá de conexão entre todo o complexo.
Após realizar os estudos de implantação dos edifícios, a questão dos volumes, gabaritos de altura e programas internos começaram a ser desenvolvidos. A princípio, o edifício corporativo ficou sendo o maior entre os outros. A flexibilidade de usos foi uma importante premissa para a definição de suas lajes, que vão diminuindo ao longo que o prédio cresce, podendo ter variados usos em cada andar do edifício. Para os andares onde o prédio abre para a cobertura dos blocos menores, o objetivo é fazer um andar de convívio e lazer, contando com alguma área de alimentação, descanso e uma abertura para um terraço verde. O bloco de circulação central, tanto quanto a estrutura externa, ajuda no maior aproveitamento do espaço das lajes, podendo assim ter uma maior variedade de layouts.
Figura 28: croqui autoral.
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Outra premissa importante adotada, não só neste edifício como nos outros, foi a transparência interna e externa, mantendo sempre uma fluidez visual e física.
Como dito anteriormente sobre a fluidez visual, a estrutura que envolve o centro gastronômico é pensada totalmente de vidro com uma estrutura vazada permitindo uma grande transparência entre o interno e o externo.
Figura 29: croqui autoral.
O centro gastronômico foi pensado tendo uma estrutura interna separada da externa, que traz o conceito de geodésicas. O térreo totalmente livre e permeável pretende conter áreas de alimentação, um mercado e áreas verdes. Nos andares superiores da estrutura central foram pensados para uma área gastronômica contendo restaurantes e bares e, no último andar, uma escola de gastronomia.
Figura 30: croqui autoral.
Como a via de pedestres é a principal conexão de todo o complexo, áreas de permanência, aberturas para espaços verdes, iluminação ao longo de todo o percurso e uma identidade visual através de pórticos foram pensados para promover sempre uma caminhada segura e aconchegante para todos os usuários que transitarem e/ou utilizarem a via. 41
Por fim, o residencial teve alguns critérios adotados como o gabarito de altura, pretendendo manter-se não muito distante do centro gastronômico mantendo um padrão visual entre eles e respeitando o entorno que consiste de residências baixas. Outro critério é estabelecer uma conexão entre os três blocos tendo uma maior interatividade entre os moradores
Figura 31: modelo 3D autoral.
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N
Implantação do projeto
ESC 1:1000 44
Residencial Corporativo Área Comercial Centro Gastronômico Definição dos usos
N
ESC 1:1000 45
B
A
A
B N
Implantação Residencial e Área Comercial
ESC 1:250 46
B
A
A
B N
Planta Residencial Primeiro Pavimento
ESC 1:250 47
N
Planta Residencial Pavimento Tipo
ESC 1:250 48
Corte Residencial AA
ESC 1:250 49
Corte Residencial BB
ESC 1:250 50
A
A
N
Implantação Corporativo
ESC 1:250 51
A
A
N
Planta Tipo 1-10 andar
ESC 1:250 52
A
A
N
Planta Tipo 11-21 andar
ESC 1:250 53
A
A
N
Planta Tipo 22-33 andar
ESC 1:250 54
Corte Corporativo AA
ESC 1:500 55
B
A
A
B
Implantação Centro Gastronômico
N
ESC 1:250 56
Bloco de serviço – elevadores e WC Área do mercado
N
Usos Térreo Centro Gastronômico
ESC 1:250 57
B
A
A
B
Planta Primeiro Pavimento Centro GastronĂ´mico
N
ESC 1:250 58
Bloco de serviço – elevadores e WC Área de restaurante
N
Usos Primeiro Pavimento Centro Gastronômico
ESC 1:250 59
B
A
A
B
Planta Segundo e Terceiro Pavimento Centro GastronĂ´mico
N
ESC 1:250 60
Bloco de serviço – elevadores e WC Área de restaurante Escola de Gastronomia
N
Usos Segundo e Terceiro Pavimento Centro Gastronômico
ESC 1:250 61
Corte Centro GastronĂ´mico AA
ESC 1:250 62
Corte Centro GastronĂ´mico BB
ESC 1:250 63
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66
67
68
69
70
71
72
73
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CONSIDERAÇÕES FINAIS A principal intenção deste projeto é promover uma maior interação entre o individuo com o coletivo, afim de proporcionar uma convivência social diferente da qual estamos acostumados através da arquitetura e seus usos. O projeto resultou através da intenção de promover uma maior acessibilidade de pedestres em uma zona praticamente dominada por automóveis, afim de aproximar os indivíduos um dos outros e também com o meio em que vivem. A relação com o meio ambiente se mostrou importante após as análises realizadas nos primeiros capítulos, o que acabou gerando toda uma preocupação da integração da arquitetura tanto fisicamente como visualmente.
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REFERĂŠNCIAS BIBLIOGRĂ FICAS https://www.archdaily.com.br/br/tag/arquiteturasustentavel https://www.archdaily.com.br/br/803760/30esquemas-e-detalhes-construtivos-para-umaarquitetura-sutentavel https://www.arquitetobignotto.com.br/arquiteturasustentavel/projetos-sustentaveis-arquitetura/ https://www.archdaily.com.br/br/01-39533/ecoberrini-aflalo-e-gasperini-arquitetos https://www.archdaily.com.br/br/884706/projeto-damini-living-transformara-antiga-fabrica-em-edificioresidencial-de-uso-misto-na-china https://www.mini.co.uk/en_GB/home/mininews/mini-living-shanghai-press-release.html https://www.ufrgs.br/propar/dissertacoes/thc/fr_dziura .htm https://worldarchitecture.org/architecturenews/eezcv/italian-architecture-enters-the-50-s-mosticonic-skyscrapers-list-with-bosco-verticale.html http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/ _SBC.aspx# 78
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - retirada do Instituto de Energia e Meio Ambiente. Figuras 2 e 3 - retiradas do Climatempo. Figura 4 - retirada do GeoSampa. Figura 5 - retirada do site: https://studioestrategia.com.br/2018/02/22/sustentabili dade/. Figuras 6 e 7 - retiradas do ArchDaily. Figuras 8 e 9 - retiradas do site: http://www.plparchitecture.com/the-collective-oldoak.html . Figuras 10 a 14 - retiradas do ArchDaily. Figura 15 - retirada do site: https://www.koreapost.com.br/wpcontent/uploads/2016/01/Rio-CheonggyecheonSeul.jpg . Figura 16 - retirada do GeoSampa. Figuras 17 a 27 - retiradas do Google Earth com edição autoral. Figuras 28 a 30 - croquis autorais. Figura 31 - modelo 3D autoral. 80