TFG l TEAR - Zona de Baixo Impacto Ambiental

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Pontifícia Universidade Católica de Campinas - SP Centro de Ciências Exatas e de Tecnologias Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Trabalho Final de Graduação 2019 Victoria Oliveira Furlan Orientadora Prof. Dra. Monica Manso Moreno

ZONA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL Pré-TFG: TEAR MONTE MOR (Trabalho de Estruturação, Articulação e Recuperação)



Agradecimentos Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, que permitiu que todas as oportunidades, escolhas e caminhos me trouxessem até aqui, e ainda mais importante, que permitiu meu encontro com todos aqueles que conquistaram meu afeto e que são parte dessa trajetória. Aos professores e funcionários da Faculdade de Arquitetura & Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas que fazem de seus trabalhos de vida construir um mundo melhor, obrigada por toda a dedicação e generosidade, sentidas em cada contato. Ao meu time de tfg, por fazerem desse último ano uma experiência ainda mais especial, e ao meu querido grupo desses cinco anos, que me ensinaram a importância e o significado de fazer parte de uma equipe. Que honra ter trabalhado e aprendido tanto com vocês! Agradeço aos amigos queridos que todos os dias me acompanharam pelas rampas e ateliês da faculdade e pelos caminhos que, juntos, passamos a trilhar fora dela. Obrigada por enriquecerem ainda mais todos os meus dias! Agradeço, especialmente, à minha orientadora Monica Manso Moreno por ser pra mim uma referência por sua visão de mundo, generosidade e integridade, que tive tanto prazer em conhecer e conviver. Acima de tudo, agradeço à minha família, luz na minha vida, pelo amor e apoio incondicionais e por sempre instigarem os meus sonhos. À minha mãe Kellen por todos os detalhes, que nunca passam despercebidos, e por me ensinar mais do que ninguém a força da expressão do amor frente a todas as adversidades. Ao meu pai Alex, por me ensinar a olhar com atenção para todas as coisas. Minha irmã Giovanna, minha maior companheira, por todos os passos que demos juntas, desde os primeiros. Minha avó Matilde pela força e coração contagiantes. E em memória ao meu avô Pedro, por seu amor e confiança em mim que continuam a ser presentes na minha vida. Minha admiração e agradecimentos superam palavras. Cada passo aqui só faz sentido porque é com vocês, e em direção a vocês.


INTRODUÇÃO

CONTEXTO URBANO

ZONA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

.................................................. 7

Monte Mor ................................. 8 Plano de Intervenção Urbana TEAR ......................................... 8 Motivações Projetuais...............10

ZBIA ....................................................12 Análise Urbana ...................................14 Reconhecimento da Paisagem ..........16 Conceitos e Partidos ..........................18 Projeto Implantação Geral ..................20 Corte Geral .............................22


A PRAÇA, O MERCADO E A COOPERATIVA

AS VILAS

REFERÊNCIAS

................................................................. 24 Programa de Necessidades .................... 25 Visitas de Campo..................................... 26 Conceitos e Partidos................................ 28 Projeto Planta de Cobertura ..................... 31 Planta nível 587,5 ......................... 32 Planta nível 583,5 ......................... 33 Corte e Elevação.......................... 34 Planta ambientada 587,5 ............. 36 Planta ambientada 583,5.............. 37 Técnicas Construtivas ................. 38

............................................................... 40 Conceitos e Partidos.............................. 40 Núcleo desenvolvido ............................. 41 Projeto Planta de Cobertura ................... 42 Planta ......................................... 43 Cortes ........................................ 44 A Unidade Habitacional ......................... 46 Técnicas Construtivas................ 47

........................................ 48


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INTRODUÇÃO

Este memorial refere-se ao projeto que se desenvolve a partir do Plano de Intervenção Urbana: TEAR - Trabalho de Estruturação, Articulação e Recuperação de Monte Mor. O Plano foi elaborado em equipe como base para o trabalho final de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Campinas no primeiro semestre de 2019. A equipe do plano é formada por Ana Stela Vianna Paoli, Bruno Marchetti Fernandes, Júlia Barbosa Gurgel, Leticia Barbosa Moretti, Lucas Garcia Calixto, Sérgio Fernando Borsai Jr., Victoria Oliveria Furlan e Vitória Ribeiro. O projeto para a ZBIA (Zona de Baixo Impacto Ambiental) deriva de um Plano de Intervenção que ensaia a possibilidade de uma nova forma de urbanização no contexto do município de Monte Mor, possuidor de uma extensa área rural, e que se urbaniza de modo disperso sem valorizar a identidade do território. O projeto surgiu como fruto da proposta de área de transição entre a urbanização consolidada e a extensa área verde que envolve a cidade. A partir dessa situação, no Plano, é formulada a proposta de um Parque Ecológico Regional, estruturado pelo Rio Capivari, Parques Municipais e “tentáculos verdes” para a proteção de corpos d’água no perímetro urbano e, entre as zonas criadas, a Zona de Baixo Impacto Ambiental. O projeto busca a reflexão crítica e propositiva em relação ao padrão de urbanização nas áreas de expansão periféricas, valorizando os potenciais específicos das áreas abordadas. Assim, o projeto contempla as vilas habitacionais associadas a áreas comuns, os lotes de produção agrícola, o mercado e a sede da cooperativa agrícola. “... uma coisa é o lugar físico, outra coisa é o lugar para o projeto. E o lugar não é nenhum ponto de partida, mas é um ponto de chegada. Perceber o que é o lugar é já fazer o projeto.” Álvaro Siza

7


contexto urbano

8

MONTE MOR

tear

Inserido na Região Metropolitana de Campinas – SP, o município de Monte Mor teve seu desenvolvimento historicamente condicionado às forças e dinâmicas metropolitanas da região. A configuração do território manifesta esse processo: a Rodovia Jorn. Francisco Aguirre Proença que atravessa e segrega o município é o principal e mais forte articulador com a RMC se ligando à Rodovia dos Bandeirantes. Assume um caráter simultâneo de avenida municipal e rodovia regional dentro da cidade, fragmentando o território. Os dois centros existentes se articulam principalmente pela mesma rodovia. Pelo baixo preço da terra em relação aos municípios da região, em Monte Mor os bairros se desenvolveram e ainda hoje se desenvolvem como lugares dormitórios, se caracterizando pela ausência de espaços sociais e de oportunidades, levando a maior parte da população a se deslocar diariamente em direção às cidades vizinhas, o que reforça o despertencimento característico da cidade. O Rio Capivari, existente em toda a extensão do município, não está presente na vida urbana e seu potencial não é aproveitado pela população, apenas através de alguns pequenos pesqueiros particulares, que não alcançam a demanda por áreas de lazer e convívio. A cidade, às margens da Região Metropolitana, busca se desenvolver em função dela e vira as costas para o potencial hídrico e ambiental que possui.

O Plano de Intervenção Urbana desenvolvido pela equipe possui como um de seus partidos, o de explorar o interior do território, os vazios e suas possibilidades, e dar sentido aos fragmentos esquecidos e ignorados superando as fissuras no território, ao invés de impulsionar expansões desordenadas que pouco levam em conta questões de urbanidade. Identificando também o papel dos recursos hídricos e ambientais existentes para valorização da identidade do lugar. O instrumento tear é empregado com fins de tecer, costurar, e assim criar tecidos e redes. Aqui, a costura dos tecidos e a criação e fortalecimento da malha são desenvolvidas através de estratégias de:

Pré-TFG 2019

ESTRUTURAÇÃO ARTICULAÇÃO e RECUPERAÇÃO Isso ocorre a partir dos principais focos do Plano de Intervenção desenvolvidos: redução do perímetro urbano / reurbanização de bairros precários / reestruturação viária / recuperação ambiental. Entre as Zonas criadas no Plano está a Zona de Baixo Impaco Ambiental, que tem uma de suas áreas demarcadas desenvolvida neste trabalho.


inserção urbana sentido Sumaré

Hortolândia

Perímetro Urbano proposto Principais eixos viários Rio Capivari Zonas de Baixo Impacto Ambiental Área de projeto

3

5

6

Projetos Estratégicos desenvolvidos pela equipe

8

2 4

1 2 3 4 5 6 7 8

7 1

Parque Memória Zona de Articulação de Centralidade Parque Metamorfose Parque Movimento Centro de Apoio Feminino Magnólias Terminal Rodoviário e Praça da Cidadania Zona de Baixo Impacto Ambiental Parque Manifesto

sentido Indaiatuba sentido Campinas (Aeroporto de Viracopos)

1 km

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motivações projetuais A zona se apresenta como uma alternativa para atender a necessidade de áreas de contenção para a urbanização desordenada, ao mesmo tempo em que possibilita um novo tipo de urbanização que se aproxima da ocupação rural. A partir dessa premissa e do entendimento de cidade, propõe-se a pensar a partir da questão habitacional e da presença de equipamentos de uso coletivo. Frente à outra realidade do município de que há poucas oportunidades de trabalho, e com intenso fluxo diário para as cidades vizinhas em busca de emprego, pretende-se suprir parte dessa demanda de procura de oportunidades de geração de renda através do parcelamento do território em lotes produtivos agrícolas, associados e organizados por uma cooperativa.

cenários do município

A agricultura em Monte Mor Segundo o Censo Agropecuário 2017, IBGE, dos 24056,6 ha totais de Monte Mor, 11547,490 ha (correspondente a 48%) são áreas de estabelecimentos agropecuários. Referente à utilização de terras, desse total de áreas agropecuárias 374,3 ha são destinados a Lavouras Permanentes em que a maior produção se destina a grãos de café; e 5230,7 ha se destinam a Lavouras Temporárias em que as maiores produções são de cana de açúcar, seguida por milho e soja. Mercados e feiras livres O município não possui um Mercado Municipal, apenas feiras livres que acontecem pela cidade: duas na região do Centro Antigo em dois dias da semana; e uma no bairro Jardim Paulista (região do Centro Novo) aos domingos.

AGRICULTURA FAMILIAR

A semente de uma nova sociedade

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A agricultura familiar com perspectiva ecológica permite que a terra cumpra sua função social associada ao fortalecimento de sistemas produtivos mais saudáveis ambientalmente. Através da organização de cooperativas, as famílias (muitas vezes em situação de vulnerabilidade) ganham instrumentos e condições técnicas e sociais para produzir de maneira consciente. As associações também permitem a possibilidade de aproximação entre os atores envolvidos na cadeia de produção-consumo. O processo histórico da propriedade de terras no Brasil é de concentração, e isso se mantém até os dias de hoje, em que a modernização tecnológica no campo expressa seu caráter conservador em relação ao uso da terra. Mostra-se necessária uma reforma que altere não apenas a estrutura fundiária mas o modelo atual de produção.


ZONA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL


Zbia A Zona de Baixo Impacto Ambiental se estabelece como transição entre áreas destinadas à preservação e recuperação ambiental e áreas passíveis de urbanização como proposta de integração territorial no contexto de Monte Mor. O projeto tem como proposta a criação de espaços para habitação e atividades coletivas associadas à produção, e assim integrar as pessoas com o lugar ao mesmo tempo em que visa proteger os recursos naturais do município, através da diminuição de seu impacto ambiental. A criação das ZBIAs garante porções de terras urbanas destinadas à implantação de vilas habitacionais, lotes institucionais e áreas de plantio local com espaços para galpões agrícolas de uso comunitário. Desta forma, o uso e ocupação do solo urbano nessas áreas delimitadas visam um adensamento controlado, e um uso coletivo não-agressivo em áreas periféricas do município, sem reproduzir o padrão dos bairros já implantados, caracterizados por seu despertencimento. O desenvolvimento do desenho para essa nova zona nos coloca diante do desafio de criar oportunidades de encontro, vivência e trocas em um espaço urbano remoto, no limite com o rural. Além de repensar a relação do público/privado/ coletivo e seu papel na conformação da cidade.

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A zona se caracteriza por quadras extensas que são parceladas em lotes de caráter produtivo (os módulos rurais), habitacional (as vilas) e institucional. O sistema viário é reduzido de forma a se tornar o necessário para a articulação das vilas, equipamentos e as demais zonas da cidade. A rede de vias aqui dá uma relevância ainda maior para os deslocamentos por bicicleta e veículos leves, que assim como os pedestres, podem acessar as vias compartilhadas propostas nas vilas. Parâmetros construtivos para Zona de expansão urbana de Baixo Impacto Ambiental, definidos no Plano de Intervenção:

Coeficiente de Aproveitamento máximo (C.A.) Taxa de Ocupação máxima (T.O.) Taxa de Permeabilidade máxima Extensão máxima da quadra Lote mínimo Lote máximo Gabarito máximo

= 0,2 = 0,2 = 0,6 = 800 m = 2.500 m² = 20.000 m² = 6 m*

*quando em transição com a ZAC – Zona de Articulação de Centralidades e em lotes de uso institucional o gabarito máximo se transforma em 12 m

Afluente do Rio Capivari. Monte Mor, 2019

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ANÁLISE Da SITUAÇÃO URBANA mapa síntese

SE

ORFO

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UE M PARQ

PARQ U

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NIFES

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PARQUE MOV

IMENTO

Nova Avenida sentido Centro

1

2

PIVARI

14

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área de proteção ambiental

Ro do

via

RIO CA


A área desenvolvida está localizada próxima à Nova Centralidade, na região do Jardim Nova Alvorada, entre o novo Arco Rodoviário que redefine a área urbana do município e a Nova Avenida que atravessa o município. A área se encontra a 1,3 km do Parque Manifesto, 730 m do Novo Terminal Rodoviário Mercúrio, 250 m do Parque Movimento e 250 m da Zona de Articulação de Centralidade mais próxima. Os principais eixos de mobilidade são as Vias Parques, que contornam a área demarcada do “tentáculo verde”. O núcleo também se articula com o tecido urbano através de percursos propostos para pedestres e ciclovia. Seu desenho abrange os bairros existentes Jardim São Domingos e Jardim São Gabriel, predominantemente residenciais e com a presença de chácaras particulares. O único equipamento existente ali é a Escola Municipal Leopoldo Paviotti. Com o novo parcelamento, foi proposta uma Unidade Básica de Saúde, e uma Praça Pública que se articula no Sistema de Espaços Livres proposto. Perímetro Urbano Principais vias de articulação Percursos de pedestres Ciclovias Tecido urbano existente Tecido urbano proposto Zona de Articulação de Centralidade Equipamentos propostos de Lazer e Cultura Equipamentos propostos de Saúde Equipamentos propostos de Educação Bicicletário Terminal Rodoviário Mercúrio 1

Jardim São Domingos

2

Jardim São Gabriel

“A obra de arquitetura se produz no texto inacabado que é a cidade” Rafael Moneo; “Arquitetura em Diálogo”, 2015

0,5 0

1 km

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reconhecimento da PAISAGEM

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Fotos tiradas na รกrea de projeto. Monte Mor / SP Out. de 2019


“Aprender a ver, que é fundamental, para um arquiteto e para todas as pessoas. Não só a olhar, mas a ver em profundidade, em detalhe, na globalidade.” Álvaro Siza

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conceitos e partidos

A DIMENSÃO URBANA NA ARQUITETURA Entende-se aqui a importância do caráter da arquitetura como elemento criador da paisagem urbana com a capacidade de fortalecer a criação da identidade do lugar. Os sistemas de circulação e de espaços livres possuem um papel fundamental no desenvolvimento do projeto em todas as escalas.

CORRESPONDÊNCIA DA ARQUITETURA COM O AMBIENTE A implantação, os materiais e técnicas propostos têm a intenção de adequar todo o projeto ao território físico. Acompanhando a terra, a intenção é a de que os projetos se expressem em sua horizontalidade seguindo a linha do terreno, com os espaços se desenvolvendo em patamares.

RELAÇÃO DE ESCALAS Por se localizar em uma área mais remota, mostram-se necessárias estratégias que levem em conta a adequação dos espaços criados às hierarquias de uso e intimidade. São propostas áreas de transição que apropriam os espaços em relação à escala humana.

CHEIOS E VAZIOS Os ritmos entre cheios e vazios refletem os parâmetros urbanísticos adotados para a zona. Se expressam tanto no desenho urbano como no desenho da arquitetura. 18


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“Tentáculo Verde”

afluente do Rio Capivari

Parque Movimento

maciços arbóreos existentes

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IMPLANTAÇÃO GERAL


Entre dois afluentes do Rio Capivari, o desenho da área é conformado pelos cursos hídricos do território: nos afluentes são criados os “tentáculos verdes”, que preservam seu entorno até a cota de nível 10 m acima do curso do afluente e que delimitam as possibilidades de crescimento da expansão da malha. As vilas, núcleos de concentração habitacional, são implantadas nas cotas mais altas do terreno em áreas que permitem a articulação dos eixos de circulação propostos. O lote destinado aos equipamentos é implantado no ponto de confluência dos fluxos viários principais das Vias Parques presentes: uma que se liga à Avenida Alça/Nova Rodovia em direção ao Parque Manifesto; e outra que se conecta à Nova Avenida principal. A área possui um total de 80 ha, com 8 ha destinados às vilas (habitação e áreas de convívio); 3 ha de uso institucional; 42 ha de lotes destinados à produção agrícola orgânica, e 27 ha destinados à transição entre as zonas, onde se localizam a Unidade Básica de Saúde e a praça pública propostas. Ao todo são 120 unidades habitacionais, e 48 lotes produtivos parcelados, que possuem acesso por vias que contornam as vilas, e que variam entre 1000 e 20000 m², com uso proposto para hortas e pomares. Os lotes produtivos possuem ligação aos galpões comunitários que podem ser utilizados através da cooperativa até a produção ser transferida para o espaço do mercado. UNIDADES DE PROJETO DESENVOLIDAS Vias existentes Vias modificadas Ciclovias Percursos de bicicleta Tecido Urbano Existente Tecido Urbano Proposto Lotes Produtivos Galpões comunitários Equipamento existente: Escola Municipal Leopoldo Paviotti. UBS proposta Praça pública proposta

VILA HABITACIONAL

PRAÇA + MERCADO + COOPERATIVA

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VILA HABITACIONAL 595

Via Local

CORTE GERAL

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Via Local

PRAÇA + MERCADO + COOPERATIVA 587,5

583,5

5 0

20 m 10

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a praça, o mercado, e a cooperativa

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O lote de projeto encontra-se como um ponto de confluência de fluxos: a Via Parque que vem da Nova Avenida, e a Via Parque que se liga à Avenida Alça, conectada à Nova Rodovia. Com um total de 3 ha, a área possui um desnível de quase 20 m entre o ponto mais alto e o mais baixo. Diante da situação topográfica são criados patamares articulados por rampas e escadarias: os espaços livres criados são conectados e convergem até o centro do lote, onde o mercado e a feira livre ocorrem. O projeto é composto por programas distintos mas complementares, e busca o incentivo das relações através do espaço, em que o mercado se torna uma extensão da praça, se contrapondo aos volumes fechados que guardam os demais programas. A proposta tem a intenção de criar um espaço de possibilidades para apropriação coletiva unindo os programas de projeto no espaço da praça, assim os processos relacionados à identidade da nova zona (capacitação e organização, compra e venda do que é produzido no município, e encontro) se encontram associados no mesmo espaço. Os equipamentos e espaços que são comuns e necessários a todos os programas inseridos no lote são projetados e racionalizados para serem utilizados de forma compartilhada.


programa de necessidades MERCADO

COOPERATIVA

Área de Comércio

Recepção + Foyer..............................................200 m² Auditório..............................................................280 m² Salas de administração/reuniões .......................240 m² Área de funcionários........................................... 70 m² Depósito de material de limpeza........................ 15 m²

Zona Semiúmida e Seca* – ....................... 720 m² área livre coberta para 20 boxes ....................1100 m² área livre de praça para Feira Livre ......... 100 m2 Zona Úmida** – área de boxes fechados Área de Serviços e Gerais Bloco de banheiros ............................................35 m² Administração ....................................................90 m²

*frutas, legumes e verduras, ovos e laticínios, grãos, floricultura e artesanato **carnes e peixes

ÁREA DE LOGÍSTICA – CARGA/DESCARGA DE PRODUTOS Pátio de Caminhões ...........................................950 m² Plataforma de Carga e Descarga .......................400 m2 Controle de Produtos e Triagem......................... 18 m² Depósitos e Frigoríficos ......................................550 m²

RESTAURANTE Cozinha industrial .............................................200 m² Salão de refeições ............................................340 m² Bloco de banheiros........................................... 25 m² Administração ................................................... 35 m² Depósito de materiais....................................... 10 m² Área de funcionários ......................................... 70 m²

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Visitas de Campo

Mercado Municipal de Campinas, boxes externos Agosto de 2019

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Feira Orgânica - CEASA Campinas Agosto de 2019

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CONCEITOS E PARTIDOS

AV. PARQUE/“TENTÁCULO VERDE”

A implantação do equipamento nesse local se propõe a criar um marco na paisagem tirando partido dos desníveis através de patamares que organizam tanto o espaço livre da praça, como os espaços internos dos volumes. Os principais eixos de acesso são a partir da Av. Parque/”tentáculo verde” pela cota mais baixa e onde ocorre maior declividade do terreno; e a partir dos núcleos habitacionais vizinhos, pelas cotas mais altas do lote. A partir da Av. Parque, propõe-se a criação de um percurso associado a patamares contemplativos e recreativos que levam ao centro do lote, local principal de reunião e encontro da feira e do mercado. A partir das cotas mais altas se dá acesso aos volumes mais fechados que comportam os demais programas do restaurante e da sede da cooperativa. Também é pela cota mais alta que ocorre o acesso de caminhões e veículos que estão associados à área logística.

ESQUEMA DE ORGANIZAÇÃO ESPACIAL Principais eixos de chegada/acesso Fluxos/percursos dos espaços livres Espaço público organizado em patamares Mercado Restaurante Sede da Cooperativa Agrícola (salas e auditório) Área de Logística PRAÇA DA FEIRA LIVRE

MERCADO + RESTAURANTE O mercado é implantado na cota intermediária 583,5 e seu espaço é delimitado por uma cobertura leve de madeira, buscando a dissolução do edifício em relação à praça em que se insere e assumindo um caráter público. A transposição de níveis através de escadas para o patamar superior 587,5 ocorre também abaixo da cobertura, fazendo com que seja reforçada a relação entre percurso e os usos propostos. O mercado, por seu caráter social, possui um programa que possibilita e pede pela fluidez, permeabilidade e confluência de fluxos que o espaço da praça pode proporcionar. É um espaço que historicamente é associado a praças públicas, na maioria das vezes localizados nos principais centros das cidades. Inserido nesse lugar e associado a um restaurante, o projeto permite a aproximação entre produção/consumo, que contribui para a formação da consciência alimentar. O restaurante se coloca como um volume transparente inserido sob a estrutura de madeira na cota 587,5, como um mezanino, 4 m acima da área comercial, o que faz com que a partir do piso do restaurante seja possível a vista de cima do espaço do mercado e da feira livre. 28

VILA HABITACIONAL

VILA HABITACIONAL

A SEDE DA COOPERATIVA A Sede da Cooperativa que articula o sistema produtivo, consiste em um espaço com infraestrutura para atender à comunidade de moradores produtores, para fortalecer a identidade local e a economia de caráter rural. A cooperativa se encontra nos principais eixos de acesso a partir das Vilas Habitacionais vizinhas. O espaço destinado às reuniões, mais aberto ao público, também é proposto com estrutura de madeira, enquanto o espaço para o auditório e as áreas de funcionários são volumes fechados para a praça e com aberturas voltadas para o vazio proposto no interior do equipamento. Os espaços da cooperativa também acontecem em diferentes cotas de níveis.


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croquis de concepção.


VIA PARQUE

575

576 577

578,5

579,5

579,5

581,5

580,5

582,5 583,5

585,5

587,5

586,5

586,5

589,5

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587

591

591

PLANTA DE COBERTURA 10

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VIA PARQUE ponto de ônibus 575

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bi

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7 8 9 10 11

Mercado (nível 583,5) Restaurante Cozinha Administração restaurante Área de funcionários restaurante Área de funcionários cooperativa Auditório Recepção/Foyer Salas administrativas cooperativa Depósitos Plataforma de carga/descarga

591

591

PLANTA NÍVEL 587,5 10

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VIA PARQUE ponto de ônibus 575

576

bi

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579,5

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582,5 583,5

PRAÇA DA FEIRA LIVRE

5

4

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1

1 2 3 4 5

Mercado Área de boxes fechados Bloco de banheiros Administração mercado Depósito

PLANTA NÍVEL 583,5 10 0

30 m 20

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587,5

583,5

5

CORTE A 0

PAISAGEM A intenção é a de criar paisagem ao mesmo tempo em que o projeto se mostre coerente com a vida local. A partir da elevação da Avenida Parque, a proposta é de que o edifício pareça acompanhar a linha do solo, e que os patamares seguem o movimento do terreno. A partir da Via Local nas cotas acimas, parte do edifício parece estar enterrado no terreno: assim é possível ter a vista por cima e através dele para todo o entorno - para a outra margem do afluente existente, onde a cidade se estende.

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20 m 10


ELEVAÇÃO VIA PARQUE

5 0

20 m 10

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DET.

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PLANTA AMBIENTADA NÍVEL 587,5

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PLANTA AMBIENTADA NÍVEL 583,5 10 0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Mercado (nível 583,5) Restaurante Cozinha Administração restaurante Área de funcionários restaurante Área de funcionários cooperativa Auditório Recepção/Foyer Salas administrativas cooperativa Depósitos Plataforma de carga/descarga

12 13 14 15 16

20 m

Boxes fechados Bloco de banheiros Administração mercado Depósito Feira Livre

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TÉCNICAS CONSTRUTIVAS detalhamento Para as áreas de uso coletivo do mercado e para as salas administrativas da cooperativa, assim como a recepção+foyer, foi adotado o uso de estrutura de madeira, com vãos de 6 a 12 m. Para os volumes que se fecham em si mesmos (auditório), que se voltam para o interior do equipamento (áreas de funcionários), e que são utilizados para equipamentos e infraestruturas pesadas (área logística de depósitos), foi adotado o uso de estrutura de concreto e fechamentos de alvenaria.

0,5 0

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1m



as vilas As vilas são compostas por casas geminadas associadas aos lotes produtivos. A proposta é de que elas sejam estruturadas por vias compartilhadas, para o convívio dos moradores e fazendo parte do sistema de circulação de pedestres e bicicletas.

conceitos e partidos VIAS COMPARTILHADAS ir e vir e permanecer A via compartilhada permite a permeabilidade urbana entre os extensos lotes destinados à produção agrícola priorizando o pedestre e o fluxo de bicicletas. Assumindo a coexistência com os automóveis, as vias que contornam as vilas são destinadas a veículos particulares e de uso agrícola, e dão acesso aos lotes produtivos das quadras.

ÁREAS COMUNS a rua como espaço de convívio As áreas de convívio são organizadas através de patamares que se adequam à topografia, demarcadas também pelo paisagismo e por coberturas leves. A criação desses espaços possibilita que a rua, além de um espaço de passagem, seja de encontro, atividades e permanência para essa nova área destinada à habitação. Resgatando assim, o espaço da rua como espaço do convívio.

NÚCLEO HABITACIONAL DESENVOLVIDO

UNIDADES HABITACIONAIS Os blocos das unidades são organizados através de dois eixos principais (longitudinal e transversal), e se articulam entre si de modo a criar áreas de transição entre plantação, via pública e moradia.

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croquis de concepção.


O conjunto modelo da Vila desenvolvido é composto por 28 unidades habitacionais de casas térreas geminadas, organizadas em 4 blocos dispostos ao longo de uma via pública e compartilhada de aproximadamente 190 m de extensão e 40 m de largura. ESQUEMA DE ORGANIZAÇÃO ESPACIAL Fluxos principais de pedestres Fluxos secundários de pedestres Ciclovia Blocos de unidades habitacionais Áreas de encontro/convívio desenvolvidas em patamares Coberturas leves

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PLANTA DE COBERTURA


B

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bicicletário

ESPAÇO PARA EVENTOS/REUNIÕES

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ESPAÇO INFANTIL PERMANÊNCIA

bicicletário

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A

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PERMANÊNCIA

ACADEMIA AO AR LIVRE 591

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PLANTA

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CORTE A

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5

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0

593

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590

CORTE B 5

10 m

0

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A UNIDADE HABITACIONAL 1:75

5 1

4

6 2

7

3

1 2 3 4 5 6 7

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Pátio Jardim Sala de Estar e Jantar Cozinha Área de higienização Lavanderia Banheiro Área íntima - Quartos


Levando em consideração 5 hab./unidade, as tipologias habitacionais possuem 95 m², com três quartos, salas integradas, e a cozinha como centro da unidade. O banheiro em divisórias permite o uso simultâneo de mais de uma pessoa. A área de serviços e de higienização são adaptadas em relação ao modo de morar nessa área que se encontra no limite entre o urbano-rural. Desenvolvidas em “L”, as unidades geminadas são dispostas de modo a criar pátios jardins entre si permitindo uma maior privacidade em relação às vias compartilhadas onde estão implantadas. Uma cobertura leve cobre o volume de serviços/higienização de duas habitações, criando uma unidade entre as duas. As unidades também são espelhadas no outro sentido, se unindo a partir das faces cegas, permitindo que na parte da cobertura o volume destinado à caixa d’água também seja unificado. O acesso à unidade é possível tanto pela rua compartilhada como pelas ruas internas de veículos, criando assim a possibilidade de espelhar as unidades em todos os sentidos, criando variação de fachada pelos percursos.

TÉCNICAS CONSTRUTIVAS As unidades foram desenvolvidas a partir da técnica de alvenaria estrutural, utilizando blocos de 19 x 29 x 14. A técnica tradicional foi escolhida devido à facilidade de execução diante da quantidade de unidades implantadas, e por esse sistema não precisar de mão-de-obra específica para executá-lo.

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REFERÊNCIAS BARDI, Instituto. “Lina Bo Bardi”. São Paulo: Romano Guerra Editora, 1996. BARDI, Lina Bo. “Lina por Escrito. Textos escolhidos de Lina Bo Bardi”. Organizado por Silvana Rubino e Marina Grinover. São Paulo, Cosac Naify, 2009. CHING, Francis D. K. “Técnicas de Construção Ilustradas”. Editora Bookman, 4ª edição, 2010. TESTA, Peter “Álvaro Siza”. Martins Fontes, 1ª edição, 1998. ZAERA-POLO, Alejandro. “Arquitetura em Diálogo” Organização de Martin Corullon. São Paulo, Cosac Naify, 2016. ZUMTHOR, Peter. “Atmosferas”. Editora Gustavo Gili, 2009. Censo Agropecuário 2017 IBGE / Cidades / Monte Mor Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/monte-mor/ pesquisa/24/76693>. Acesso em jun. 2019. Detalhes construtivos de arquitetura em madeira. Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/br/800549/50-detalhes-construtivos-de-arquitetura-em-madeira?ad_medium=gallery>. Acesso em out. 2019. MST Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra Disponível em: <https://mst.org.br/>. Acesso em nov. 2019.

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Muito obrigada!


Pontifícia Universidade Católica de Campinas Faculdade de Arquitetura & Urbanismo Trabalho Final de Graduação 2019 Victoria Oliveira Furlan


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