9- 12 FEV UMCOLETIVO
A PARTIR DE MARIA DA GRAÇA VARELLA CID
9- 12 FEV UMCOLETIVO
A PARTIR DE MARIA DA GRAÇA VARELLA CID
“Armada”, enquanto substantivo, feminino, entenda-se, é o conjunto dos navios e tropas de mar de uma nação. Enquanto adjetivo, feminino, entenda-se, é aquela que tem arma ou está munida de arma. Somos uma armada de pele sem rostos que convoca tempos e cheiros da amável Lisboa de outra década. Cidade ainda pequena e marcada pelo salazarismo. Invencível vitória é chegarmos aqui, a este século intempestivo, impessoal, despersonalizado. Somos onze mulheres que se desmultiplicam num espaço que trespassa paredes. Não há teatro, não há representação. Antes de tudo (e sobretudo): o desejo de dizer na boca e no corpo as palavras que sobram do quotidiano. Tomamo-las à Invencível Armada, livro de poemas da autora Maria da Graça Varella Cid.
É curioso que estas palavras que nos servem de título, tão imperialista e belicista, associado à nossa história enquanto nação, estejam inscritas naquela que é a história dos homens (com “h” pequeno, entenda-se) do nosso país. Aquilo que fazemos neste projeto – a nossa Invencível Armada – tem precisamente a ver com isso: potenciar uma outra perspetiva histórica que não a de relegar o papel feminino na construção coletiva para um lugar de sombra. O que seria das Armadas se, de coração na boca, fossem feitas de escuta, de intimidades, de amor?
Queremos trazer para a luz o trabalho poético de uma mulher em concreto, a Maria da Graça Varella Cid – as palavras dela crescem nas nossas bocas – bocas bala, bocas flor – e instalam sonhos. São
coisas do mundo novo por vir, coisas de quem quis fazer do chão um lugar de justiças e plenitudes, com riso e amor. Coisas de quem, entre papéis e canetas, também soube olhar as estrelas, arar a terra, fazer amor, erguer o punho. Coisas de pele, carne, osso-osso, carne, pele, palavra, voz, corpo - corpo, voz, palavra. De dentro para fora – de fora para dentro. Do direito e do avesso. Coisas de corpo manso que se desmorona e reconstrói a cada eco. Organismo vivo que se transmuta com a força do coletivo.
Convocamos, por isso, a multiplicidade de vozes, de corpos, de energias, de identidades que compõem este grupo de invencíveis. E somos invencíveis porque estamos armadas de cumplicidade – assim queremos expandir o nosso império. Um império onde cabem todas as cidades, todas as pequenas aldeias. Onde as fronteiras servem como propósito para o elogio da multiplicidade, para o espectro de luzes, em profunda intimidade. Um império que seja um corpo inextenso, comum e astronáutico, que come, dorme, e tem sentidos como nós. Um império que também sonha, anda e fala.
Aceita, então, o convite para a descolagem. Toma este copo de chá invisível e plana entre estrelas a bordo da nossa pele. Vem ao encontro do corpo, dos olhares, e das nossas consciências.
Teceremos calmamente os fios que nos unem. Os olhares tornar-se-ão mais fortes e reais. A armada imaginada é agora real?
Respiramos o mesmo ar banhado em esperança e construímos com as mãos de todos o que é nosso também.
Ouve-nos. shhhh…
Não nos vejas.
Não nos olhes até sentires.
Até nos sentirmos.
Até existirmos sem matéria.
Até não sermos. ___ . ___ .
Shhhh
Começar pela raiz.
Mulheres Avós
Mães
Irmãs
Filhas
Tias
Que por nascerem São o portal Da criação E revolução.
Bruno Caracol estudou Design e Artes Plásticas na FBAUL em Lisboa, vive em Montemor. Tem trabalhado como artista plástico, participando em Festivais na Europa e na América do Sul. Colabora com o UMCOLETIVO, como cenógrafo, desde 2018.
Bruno Huca é nascido e criado em Moçambique e fez a licenciatura em Teatro – Formação de Atores na Escola Superior de Teatro e Cinema. Iniciou a atividade profissional em 2005, em projetos com vários encenadores e encenadoras, criativos e criativas, e trabalhou em vários países. É ator, cantor e compositor.
Cátia Terrinca nasceu em Lisboa, em 1990. É portuguesa e cabo-verdiana, vive em Portalegre. Fundou em 2013 a estrutura UMCOLETIVO, à qual se dedica enquanto criadora e atriz. Interessa-lhe procurar um lugar humana, artistica e civicamente no mundo. É mãe do Jacinto e do Delfim.
Cheila Lima. Mãe da Beatriz e do Gabriel. Atriz. Atriz que canta, atriz que é mãe e trabalha, filha da Dona Fernanda e do Dino, tia da Michy, neta postiça da Avó Ivone.
David Costa é formado em Design pela Universidade de Aveiro e tem trabalhado em áreas diversas do design de produto e comunicação. O seu percurso inclui também a participação voluntária em projetos de criação gráfica, desenho livre e pintura mural.
Elizabeth Pinard nasceu na província do Huambo, em Angola. Iniciou o seu percurso musical como cantora de Gospel no coral Cem Vozes. Participou em diversos projetos musicais. Atualmente,
além de fundadora, é cantora no grupo Soul Gospel.
Inês Sousa tem 21 anos, é filha de Cabo-Verdianos e vive na Apelação. É atriz no Teatro Ibisco, associação à qual preside. Atualmente, frequenta o 2º ano do Curso Técnico Superior Profissional de Apoio a Crianças e Jovens no ISCE.
Joana Martins nasceu em Viseu, em 1994. É intérprete, criadora e formadora de teatro/expressão dramática. Mestre em Teatro – Encenação e Interpretação – pela ESMAE (Porto), trabalha sobretudo em teatro e por todo o país, em particular nas regiões norte e centro. Cofundou a estrutura colaborativa BANQUETE, de investigação e criação multidisciplinar em artes.
Júlia Zinga nasceu em Angola em 1967. Começa a dançar com 13 anos e integra o Ballet Nacional de Angola, onde também trabalha como professora primária. Em Portugal, é cuidadora e formadora na área da animação sociocultural, além de trabalhar em projetos de dança na comunidade.
João P. Nunes nasceu em Lisboa e licenciou-se em Cinema. Atualmente, trabalha sobretudo como desenhador de luz e faz a direção técnica e de produção no UMCOLETIVO.
Mariana Bragada é cantora, compositiva e produtora do projeto musical Meta_. É sonoplasta e intérprete de diversos projetos do UMCOLETIVO. Colabora recentemente com Xinobi no álbum Balsame e faz parte da banda ao vivo do mesmo. Participou no Festival da Canção 2019, como compositora e intérprete.
Mariana Correia nasceu em 1986 e é portimonense. Utiliza a voz e o violoncelo como meios de expressão artística, completando-a com a dança, improvisada ou de cariz tradicional, e o teatro. Encontra na improvisação e na junção destes elementos a sua matriz performática. É membro fundador, compositora e intérprete de O Lado de Dentro, Um, Dois, Trio e Orquestra do Bairro.
Patrícia Andrade nasceu em Lisboa. Estudou na Escola Superior de Teatro e Cinema. Entre o Teatro e a Música, procura aliar e fundir as duas no seu percurso artístico. Tem duas gatas: Santa e Jacinta.
Raquel Pedro nasceu numa aldeia à beira-mar, onde firmou a sua relação com a natureza e os animais. Especializou-se em Realização Plástica do Espetáculo na Escola Artística António Arroio, onde se politizou e acabou por seguir para a licenciatura de Estudos Comparatistas, passando a focar-se em análises literária a partir de uma perspetiva feminista e pós-colonial. Atualmente trabalha no UMCOLETIVO e escreve ilustrando na Gerador.
Ricardo Boléo é mestre em Teatro pela ESTC, licenciado em Estudos Artísticos pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequentou as Faculdades de Comunicação, História e Letras assim como a Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia no Brasil. Escreve diversos artigos sobre Teatro e Dramaturgia, trabalhando regularmente como encenador, dramaturgo e dramaturgista em diversos espetáculos. Fundou em 2013 a UMCOLETIVO.
Sara Afonso nasceu em Coimbra, em 1989. É licenciada em Dança pela Esco-
la Superior de Dança (2010) e certificada pela FOR Dance Theater – C.O.R. (2016). Trabalha com foco no movimento e na imagem. Promove e participa como coreógrafa, intérprete e criativa em eventos nas áreas da dança e dos audiovisuais, a par da sua atividade educativa. Em 2023, integra a equipa da Associação Cultural CHÃO FIRME.
Sara Brandão nasceu no Porto a 21 de dezembro de 1997. Licenciada (2019) em Design de Comunicação pela FBAUP e Mestre (2022) em Estudos Literários, Culturais e Interartes pela FLUP, frequentou também, em 2022, o curso de facilitadores em Práticas Artísticas Comunitárias da Pele Associação Social e Cultural. Integra projetos que cruzam várias áreas artísticas como o teatro, as artes plásticas e a literatura.
Teresa Machado nasceu em 1990 na Figueira da Foz. É licenciada pela ESTC desde 2011. Trabalhou profissionalmente com O Teatro da Garagem, António Mortágua, Nuno Nolasco, Bárbara Bruno, Silvestre Correia, Marco Lima. Entre 2015 e 2021 trabalhou consecutivamente com o encenador Tiago Vieira.
Poesia Incompleta, de Maria da Graça Varella Cid
10 fevereiro, sexta-feira, 18h
Sala Mário Viegas
Entrada livre, sujeita à lotação da sala
Poesia Incompleta, de Maria da Graça
Varella Cid, é o primeiro dos livros da coleção Ventriloquia, da UMCOLETIVO e da Tigre de Papel, que pretende dar a conhecer obras de mulheres que escreveram em língua portuguesa no século XX.
Sala Bernardo Sassetti
11 e 12 fevereiro
sábado, 15h e 17h30 e domingo, 15h e 20h
Duração: 1h15 (aprox.); M/12; Público-alvo: M/15
€7 adultos, €3 crianças
escolas
9 e 10 fevereiro
quinta, 13h30 e 15h30 e sexta, 10h30 e 14h30
Público-alvo: Ensino Secundário
Direção artística: Cátia Terrinca; Dramaturgia: Ricardo Boléo; Cenografia: Bruno Caracol; Luz: João P. Nunes; Voz: Bruno Huca; Movimento: Sara Afonso; Design: David Costa; Interpretação: Cátia Terrinca, Cheila Lima, Elizabeth Pinard, Inês Sousa, Joana Martins, Júlia Zinga, Mariana Bragada, Mariana Correia, Patrícia Andrade, Sara Brandão, Teresa Machado; Figurinos e Adereços: Raquel Pedro; Produção executiva: UMCOLETIVO; Agradecimentos: José Oliveira
Coprodução: UMCOLETIVO, CAEP – Centro de Artes e Espetáculos de Portalegre, RTP e São Luiz Teatro Municipal
Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Catarina Ferreira, João Romãozinho, Marta Azenha Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Cláudio Marto, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Rui Lopes Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Camareira Rita Talina Bilheteira Diana Bento, João Reis, Pedro Xavier
9 a 12 fevereiro 2023 teatro / estreia