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DESIGUALDADES CONTINUAM A AFECTAR O DIAGNÓSTICO E O TRATAMENTO DA ASMA

A ASMA É UMA DAS PRINCIPAIS DOENÇAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DNTS), AFECTANDO CRIANÇAS E ADULTOS. A INFLAMAÇÃO E O ESTREITAMENTO DAS VIAS AÉREAS FINAS NOS PULMÕES CAUSAM SINTOMAS DE ASMA, QUE PODEM APRESENTAR-SE SOB A FORMA DE TOSSE, PIEIRA, FALTA DE AR E APERTO NO PEITO. OS DADOS MAIS RECENTES DISPONÍVEIS, RELATIVOS A 2019, INDICAM QUE ESTA CONDIÇÃO AFECTOU CERCA DE 262 MILHÕES DE PESSOAS E CAUSOU 461 MIL MORTES EM TODO O MUNDO. MAS A MAIORIA DAS MORTES RELACIONADAS COM A ASMA OCORRE EM PAÍSES DE RENDIMENTO BAIXO E MÉDIO-BAIXO, ONDE A FALTA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO É UM PROBLEMA. A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE ESTÁ, ASSIM, EMPENHADA EM MELHORAR O DIAGNÓSTICO, O TRATAMENTO E A VIGILÂNCIA DA ASMA, PARA REDUZIR A CARGA GLOBAL DAS DNTS E AVANÇAR PARA UMA COBERTURA UNIVERSAL DE SAÚDE.

Aasma é uma doença crónica que afecta crianças e adultos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se mesmo da doença crónica que mais afecta as crianças. As estimativas mais recentes apontam que 339 milhões de pessoas, em todo o mundo, sofram desta condição, caracterizada pelo facto das vias que transportam o ar para os pulmões se estreitarem, devido à inflamação e compressão dos músculos que rodeiam as vias aéreas finas, o que causa os seus sintomas, como tosse, pieira, falta de ar e aperto no peito. Estes sintomas são intermitentes e, geralmente, agravam-se durante a noite ou o exercício. Mas outros gatilhos comuns podem agravar os sintomas da asma. Estes

Dia Mundial da Asma

O Dia Mundial da Asma é uma iniciativa organizada pela Global Initiative for Asthma (GINA), uma organização parceira da OMS fundada em 1993. Este dia assinala-se anualmente em Maio, na primeira Terça-Feira, para elevar a consciencialização para a problemática da asma, a nível mundial.

Este ano, o tema escolhido para assinalar o Dia Mundial da Asma foi “Cuidado para Todos”, de modo promover o desenvolvimento e implementação de programas de gestão da asma eficazes em todos os países, não obstante serem de rendimento baixo, médio ou elevado.

Esta doença caracteriza-se por crises recorrentes relacionadas com dificuldades respiratórias e, tal como as doenças alérgicas, o seu diagnóstico tem vindo a aumentar com o aquecimento global e os picos de poluição. Estimase que 339 milhões de pessoas em todo o mundo sejam afectadas.

A ASMA É UMA DOENÇA CRÓNICA QUE AFECTA CRIANÇAS E ADULTOS. DE ACORDO COM A ORGANIZAÇÃO

MUNDIAL DA SAÚDE, TRATA-SE MESMO DA DOENÇA CRÓNICA QUE MAIS

AFECTA AS CRIANÇAS. AS ESTIMATIVAS MAIS RECENTES APONTAM QUE 339 MILHÕES DE PESSOAS, EM TODO O MUNDO, SOFRAM DESTA CONDIÇÃO, CARACTERIZADA PELO FACTO DAS VIAS QUE TRANSPORTAM O AR PARA OS PULMÕES SE ESTREITAREM, DEVIDO À INFLAMAÇÃO E COMPRESSÃO DOS

MÚSCULOS QUE RODEIAM AS VIAS

AÉREAS FINAS variam de pessoa para pessoa e incluem infecções virais (resfriados), poeira, fumo, gases, mudanças climáticas, pólens, pele e penas de animais, sabonetes fortes e perfumes.

O grande desafio actualmente relacionado com a asma é que se trata de uma doença que é diagnosticada e tratada menos do que deveria, particularmente em países de rendimento baixo e médio-baixo. As pessoas que não recebem tratamento adequado podem sofrer de distúrbios do sono, cansaço durante o dia e problemas de concentração. Pacientes com asma e seus familiares podem ter de se ausentar da escola e do trabalho, o que tem repercussões económicas para a família e para a comunidade em geral. Quando os sintomas são graves, as pessoas com asma podem necessitar de cuidados urgentes e podem ter de ser internadas num hospital para tratamento e monitorização. Nos casos mais graves, a asma pode ser letal.

Causas da asma

Embora muitos factores diferentes tenham sido associados ao aumento do risco de asma, muitas vezes, é difícil encontrar uma única causa directa. A probabilidade de desenvolver asma é maior se outros membros da família também forem asmáticos, particularmente familiares próximos, como pais ou irmãos. Se um dos progenitores sofrer de asma, o risco do filho ter a doença é de 25%. Se ambos os progenitores sofrerem da doença, o risco sobe

O ÚLTIMO INQUÉRITO DA OMS

SOBRE A CAPACIDADE DAS DNTS POR PAÍS CONCLUIU QUE, NOS PAÍSES DE RENDIMENTO BAIXO E MÉDIO-BAIXO, OS INALADORES BRONCODILATADORES ESTÃO DISPONÍVEIS EM 60% DOS MESMOS E OS INALADORES DE ESTEROIDES ESTÃO DISPONÍVEIS EM 40%. PARA REDUZIR O NÚMERO DE MORTES

PREMATURAS EVITÁVEIS POR ASMA QUE OCORREM TODOS OS ANOS EM PAÍSES DE BAIXO E MÉDIO

RENDIMENTO – CERCA DE 185 MIL PESSOAS COM MENOS DE 70 ANOS -, É NECESSÁRIO RESOLVER ESTA DESIGUALDADE GLOBAL para 50%. A asma é também mais comum em pessoas que têm outras alergias, como eczema ou rinite.

A urbanização também tem sido associada a um aumento na prevalência de asma, provavelmente, devido a vários factores de estilo de vida. Certos acontecimentos no início da vida podem afectar o desenvolvimento dos pulmões e aumentar o risco de asma. Esses factores incluem baixo peso ao nascer, prematuridade, exposição ao fumo do tabaco e outras fontes de poluição do ar, bem como infecções respiratórias virais.

Acredita-se também que a exposição a uma série de alérgenos e irritantes ambientais pode aumentar o risco de asma, como a poluição do ar interior e exterior, ácaros do pó doméstico, bolores e exposição ocupacional a produtos químicos, fumos ou poeiras. Crianças e adultos com excesso de peso ou obesos têm também um risco aumentado de asma.

Reduzir a carga Embora não haja cura para a asma, o tratamento adequado com medicamentos inalados pode ajudar a controlar a doença e tornar mais fácil para as pessoas asmáticas levarem uma vida normal e activa.

Existem dois tipos principais de inaladores: broncodilatadores (como o salbutamol), que libertam as vias aéreas e aliviam os sintomas, e esteroides (como a beclometasona), que reduzem a inflamação nas vias respiratórias, melhorando os sintomas da asma e reduzindo o risco de ataques graves e de morte. As pessoas com asma podem ter de utilizar um inalador diariamente. O seu tratamento dependerá da frequência dos sintomas e dos diferentes tipos de inaladores disponíveis. Mas, em muitos países, o acesso aos inaladores continua a ser um problema. De acordo com a OMS, em 2019, em países de baixa renda, apenas metade das pessoas com asma tinha acesso a um broncodilatador e menos de uma em cada cinco tinha acesso a um inalador de esteroides em unidades básicas de saúde. As pessoas com asma e as suas famílias precisam de formação para compreender melhor a sua condição, o seu tratamento, os gatilhos a evitar e como tratar os seus sintomas em casa. Também é importante sensibilizar a comunidade para desfazer os mitos e estigmas associados à asma em alguns contextos.

Estratégia da OMS

A asma está listada no Plano de Acção Global da OMS para a Prevenção e Controlo das DNTs e na Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

A OMS está a tomar medidas para melhorar o diagnóstico e o tratamento da asma. Por exemplo, o Conjunto de Intervenções Essenciais da OMS para Doenças Não Transmissíveis (NCSPs) foi desenvolvido para melhorar o tratamento de DNTs na atenção primária à saúde em ambientes com poucos recursos. Este pacote de intervenções inclui protocolos de avaliação, diagnóstico e tratamento de doenças respiratórias crónicas (como a asma e a doença pulmonar

5 Dicas Para Manter A Asma Sob Controlo

Por ocasião do Dia Mundial da Asma, a OMS partilhou cinco dicas para ajudar a melhor gerir esta doença crónica.

1. Estar atento aos sintomas

Tosse, pieira e dificuldade em respirar são sinais de que a asma não está bem controlada. Se sentir que os sintomas estão a piorar, deve seguir as instruções do seu médico. Deve utilizar um inalador (por exemplo, salbutamol) com um espaçador para abrir as suas vias respiratórias.

2. Identificar e evitar os factores desencadeantes

Os gatilhos comuns incluem fumo, infecções virais, pólen, mudanças no clima, peles e penas de animais e fragrâncias fortes. Cada paciente deve procurar saber o que o afecta e tentar evitar, se possível. Se não for possível, deve certificar-se de que tem o seu inalador prontamente disponível.

3. Conhecer os inaladores

Um inalador de alívio, também chamado de broncodilatador, abre as pequenas vias aéreas e melhora o fluxo de ar para dentro e para fora dos pulmões. Deve ser utilizado quando tiver sintomas. Já um inalador esteroide ou preventivo reduz a inflamação nos pulmões e é parte essencial do tratamento da asma, a longo prazo. Usar um inalador de esteroides, conforme indicado pelo médico, irá melhorar os sintomas e reduzir o risco de um ataque grave. Os inaladores são o tratamento mais seguro e eficaz para a asma e permitem que as pessoas com asma tenham uma vida normal e activa.

4. Usar um espaçador obstrutiva crónica), bem como módulos de aconselhamento sobre estilos de vida saudáveis, como a cessação tabágica. A redução da exposição ao fumo do tabaco é importante tanto para a prevenção primária da asma, como para o tratamento da doença. A Convenção-Quadro para a Luta Anti-tabaco permite progressos neste domínio, bem como várias iniciativas da OMS, como o plano de acção MPOWER ou o programa mTobacco Cessation. A Aliança Global contra as Doenças Respiratórias Crónicas (GARD) contribui para o trabalho da OMS na prevenção e controlo das doenças respiratórias crónicas. É uma aliança voluntária de organizações e agências nacionais e internacionais de muitos países, comprometidas com a visão de um mundo em que todas as pessoas possam respirar livremente. “A asma não controlada tem consequências importantes para as pessoas que vivem com asma, para as suas famílias e comunidades, para os sistemas de saúde e para as economias nacionais. É chocante que, todos os dias, crianças e adultos sofram desnecessariamente de sintomas que poderiam ser evitados com medicamentos inalatórios essenciais”, diz o Dr. Bente Mikkelsen, director do Departamento de Doenças Não Transmissíveis da Organização Mundial da Saúde. “É necessário um enorme esforço para acelerar a cobertura universal de saúde e cumprir os compromissos assumidos no âmbito dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável” O último inquérito da OMS sobre a capacidade das DNTs por país concluiu que, nos países de rendimento baixo e médio-baixo, os inaladores broncodilatadores estão disponíveis em 60% dos mesmos e os inaladores de esteroides estão disponíveis em 40%. Para reduzir o número de mortes prematuras evitáveis por asma que ocorrem todos os anos em países de baixo e médio rendimento – cerca de 185 mil pessoas com menos de 70 anos -, é necessário resolver esta desigualdade global.

Um espaçador é uma câmara de plástico que liga o inalador numa extremidade à boca, através de um aplicador bucal, ou máscara na outra extremidade. Pode ajudar os medicamentos inalados a alcançarem as pequenas vias respiratórias dos pulmões e a funcionar melhor. O espaçador permite mais tempo para o medicamento ser inalado e significa que é necessária menos coordenação. Sem um espaçador, tem de se inspirar profundamente e pressionar o inalador ao mesmo tempo – o medicamento inalado acaba frequentemente na boca ou na garganta e é ineficaz. Alguns tipos de inalador (por exemplo, inaladores de pó seco) não necessitam de espaçador. A OMS aconselha a falar com o médico assistente em caso de dúvidas.

O conhecimento é poder. Os pacientes com asma devem pedir ao médico assistente que lhes explique como funcionam os seus medicamentos inalados e como os devem utilizar. E devem certificar-se de que os seus amigos e familiares também sabem o que fazer. Usar os inaladores precocemente, quando se nota que os sintomas estão a piorar, pode evitar um ataque grave.

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