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A IMPORTÂNCIA DA NEUROPEDIATRIA NA SAÚDE DAS CRIANÇAS

Angolanas

Os distúrbios mentais infantis mais comuns podem ser divididos nas seguintes categorias:

• Transtornos da ansiedade;

• Transtornos relacionados com o stresse;

• Transtornos do humor;

• Obsessivo compulsivo;

• Comportamentos disruptivos (TDAH, desafiador);

• Perturbação do espectro do autismo.

Todos têm em comum o facto de serem transtornos da idade pediátrica, motivo pelo qual devem ser abordados nesta fase da vida e encarados com a responsabilidade que merecem, com o risco de poderem reflectir-se na fase adulta, fazendo com que haja uma maior dificuldade no seu manejo e levando, consequentemente, a um pior prognóstico. Hoje, fala-se muito da saúde mental e, cada vez mais, na área pediátrica, este grupo de doenças é diagnosticado quando ocorre qualquer tipo de transtorno de conduta que afecta o comportamento da criança. Muitas vezes, podem ter dificuldades para se expressarem e cuidarem adequadamente das suas emoções, justamente por estarem a vivenciar uma fase de desenvolvimento única, dificultando o seu diagnóstico comparativamente aos adultos. Motivo pelo qual pensa-se que muitas destas patologias estejam subdiagnosticadas.

A neuropediatria é uma especialidade relativamente nova, se comparada com as outras que já existem há milhares de anos, e tem cada vez mais razão de ser pelo aumento exponencial de crianças com necessidades não só nesta área, como noutras que também lidam com a saúde mental, tais como a pedopsiquiatria, os pediatras de neurodesenvolvimento e a psicologia infantil.

A neuropediatria tem dado os primeiros passos em Angola ainda com a necessidade de formação de mais profissionais em todas as subespecialidades, porque a demanda de crianças nesta área é muito grande, com patologias muito diversificadas e com uma gravidade, em alguns casos, de extrema complexidade.

Actualmente, da grande diversidade de doenças do foro da saúde mental, o autismo tem uma incidência muito maior, embora fique por esclarecer a causa deste grande aumento em todo o mundo. Fala-se muito da relação com a Covid-19, devido à falta de socialização, ao isolamento, à mudança brusca do nosso modus vivendi, ao melhor conhecimento, por parte dos profissionais, das “guidelines” de diagnóstico e de toda a sociedade civil dos sinais de preocupação no desenvolvimento das crianças (sinais de alarme). Estudos recentes demonstram a grande relação desta perturbação ao exagerado número de horas de exposição a ecrãs (telefones, tablets, televisão). Algumas academias de pediatria passaram a definir menos de uma hora por dia de visualização em ecrãs para todas as crianças com menos de 5 a 6 anos de idade, sendo a fase mais perigosa entre o nascimento e os 2 anos de idade.

A nossa equipa do hospital pediátrico é hoje composta por três neuropediatras e vemos, em média, 3.500 a 4.000 crianças por ano com distúrbios neurológicos. Um dos nossos maiores desafios é assegurar a cura das patologias possíveis de serem curadas e melhorar a qualidade de vida das crianças com perturbações não tratáveis.

A maior parte destas crianças tem de ter uma abordagem multidisciplinar com terapeutas, fisioterapeutas, otorrinolaringologistas, ortopedistas, entre outros, havendo um grande investimento financeiro para cada criança com distúrbio mental, bem como a grande carga emocional a que estão sujeitas as famílias destes pacientes.

A melhoria da qualidade de vida das crianças com necessidades passa pelo aumento de profissionais envolventes, principalmente terapeutas da fala e ocupacionais (não se formam no país), pela melhor capacitação dos profissionais existentes, tanto profissionais de saúde como todos aqueles que lidam com estas crianças (empregadas domésticas, infantários, escolas e até os próprios pais) e também pela envolvência de toda a sociedade civil.

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