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DIA MUNDIAL DA SAÚDE OCULAR

O DIA MUNDIAL DA SAÚDE OCULAR É CELEBRADO A 10 DE JULHO E TEM O INTUITO DE ALERTAR PROFISSIONAIS DE SAÚDE E PACIENTES SOBRE A IMPORTÂNCIA DOS CUIDADOS COM OS OLHOS. O OBJECTIVO É AINDA CHAMAR ATENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E DIAGNÓSTICO PRECOCE DE DOENÇAS OCULARES. ASSIM SENDO, TRATA-SE DE UM DIA QUE DEVE SER TRANSVERSAL A TODOS OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, VISTO TODOS PODEREM DESEMPENHAR UM PAPEL FUNDAMENTAL PARA TRAVAR A PROGRESSÃO ALARMANTE DE CASOS DE CEGUEIRA.

Dr. Djalme Fonseca

Licenciado em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Portugal. Pósgraduado em Avaliação Optométrica Pré e Pós Cirúrgica pela Universidade de Valência, Espanha. Founder & CEO da Óptica Optioptika

Amelhor forma para podermos tratar esta epidemia da diminuição da saúde ocular passa primordialmente pela prevenção e por permitir a todos os cidadãos o fácil acesso aos cuidados de saúde ocular e eliminar todas as barreiras e obstáculos a esse acesso. O recurso aos serviços de atendimento de saúde ocular é desigual e é determinado pela disponibilidade, acessibilidade, capacidade financeira e aceitabilidade desses serviços. A prevalência de doenças oculares e de deficiência visual é influenciada pelo recurso a serviços de atendimento de saúde ocular que previnem a deficiência visual, mantêm ou restauram a visão. As variações significativas existentes no recurso ao atendimento entre as populações contribuem para as variações na distribuição das doenças oculares e da deficiência visual.

Várias pesquisas nacionais e regionais relataram que o recurso aos serviços de oftalmologia é geralmente mais comum em países de rendimento alto do que em países de rendimento médio ou baixo. As taxas de cobertura da cirurgia da catarata (um indicador da prestação de serviços de atendimento oftalmológico nas populações) também mostram variações acentuadas por nível de rendimento. Normalmente, quanto mais baixo o nível de rendimento, menor é a taxa de cobertura. Infelizmente, Angola encontra-se nesta classificação, com uma taxa de cobertura muito reduzida, o que impacta directamente na qualidade de vida das populações e na respectiva economia do país. Mas, mais importante do que identificar dificuldades, barreiras ou outros entraves ao avanço e melhoramento da saúde ocular, são necessárias soluções eficazes. Dentro dessas alterações podemos abordar as seguintes:

• Integrar o atendimento oftalmológico na cobertura universal de saúde: para eliminar as desigualdades no acesso e na prestação de serviços de atendimento oftalmológico em toda a população, é essencial planear esses serviços com cuidado e de acordo com as melhores informações disponíveis sobre as necessidades da população, garantindo a qualidade. As acções recomendadas seriam do seguinte domínio:

1. Recolher e relatar informações sobre as necessidades atendidas e não atendidas da população nacional;

AS TAXAS DE COBERTURA DE CIRURGIA DA CATARATA MOSTRAM VARIAÇÕES ACENTUADAS POR NÍVEL DE RENDIMENTO. NORMALMENTE, QUANTO MAIS BAIXO O NÍVEL DE RENDIMENTO, MENOR É A TAXA DE COBERTURA. INFELIZMENTE, ANGOLA ENCONTRA-SE NESTA CLASSIFICAÇÃO, COM UMA TAXA DE COBERTURA MUITO REDUZIDA, O QUE IMPACTA DIRECTAMENTE NA QUALIDADE DE VIDA DAS POPULAÇÕES E NA RESPECTIVA ECONOMIA DO PAÍS

• Implementar um plano de saúde ocular em sistemas de saúde: o plano de saúde ocular pode ajudar a superar os desafios da disponibilização de serviços prioritários de oftalmologia (como a falta de pessoal de saúde capacitado, serviços fragmentados e, por vezes, resultados de qualidade abaixo do ideal), assim como garantir o acesso equitativo a todas as pessoas. É necessária uma perspectiva dos sistemas de saúde e o reconhecimento da necessidade de integrar os serviços e responder às necessidades e preferências das pessoas.

As acções recomendadas são:

1. Integrar o tratamento oftalmológico nos planos estratégicos nacionais de saúde;

2. Fortalecer o atendimento oftalmológico nos cuidados de saúde primários para melhorar o acesso, adaptar-se e responder às mudanças rápidas das necessidades da população, incluindo o crescimento projectado do número de pessoas com doenças oculares não transmissíveis;

3. Aumentar a cobertura efectiva da correcção do erro refractivo e da cirurgia da catarata, as principais causas tratáveis de comprometimento da visão e de cegueira;

4. Gestão e prestação de serviços de oftalmologia para que as pessoas recebam um continuum de intervenções voltadas para promoção, prevenção, tratamento e reabilitação nos diversos níveis e locais de prestação de serviços;

2. Desenvolver um pacote de intervenções oftalmológicas para responder às necessidades da população de inclusão estratégica no orçamento do Ministério da Saúde;

3. Melhorar o acesso com protecção contra riscos financeiros para intervenções prioritárias de atendimento oftalmológico, especialmente para grupos de baixo rendimento e outros grupos desfavorecidos;

4. Definir os resultados desejados das intervenções oftalmológicas, para garantir a qualidade, e informar a cobertura efectiva;

5. Definir indicadores de entrada e de resultados para monitorizar a qualidade do tratamento oftalmológico, a nível nacional, e fazer comparações entre países;

6. Garantir que indivíduos com deficiências visuais ou cegueira que não possam ser tratadas tenham acesso à reabilitação visual de alta qualidade para optimizar o seu funcionamento.

5. Reforçar a coordenação dos serviços de atendimento oftalmológico em programas (por exemplo, diabetes, saúde maternoinfantil, envelhecimento) e sectores (por exemplo, social, educação e trabalho) relevantes;

6. Garantir que o planeamento da força de trabalho oftalmológica seja parte integrante do planeamento da força de trabalho em saúde;

7. Garantir que os sistemas de informação em saúde incluam informações abrangentes sobre cuidados oftalmológicos para identificar necessidades, planear a prestação de serviços e monitorizar o progresso na implementação do AOICP e o seu impacto ao nível da população.

Precisamos de tomar também consciência para as principais patologias a nível ocular que podem levar à cegueira:

• Catarata: trata-se do embaçamento (opacidade) do cristalino, que provoca perda progressiva e indolor da visão. A catarata é a principal causa de cegueira em todo o mundo;

• Glaucoma: um conjunto de distúrbios oculares caracterizados pela lesão progressiva do nervo óptico (frequentemente, mas nem sempre, associada à pressão ocular elevada) que podem levar à perda irreversível da visão;

• Conjuntivite aguda bacteriana: como o nome sugere, pode ser causada por várias bactérias e é contagiosa. Entre os sintomas estão irritação, vermelhidão e secreção;

• Conjuntivite aguda viral: doença contagiosa causada por vírus. Entre os sintomas estão secreção e vermelhidão;

• Tracoma: um tipo específico de infecção bacteriana da conjuntiva capaz de levar à cegueira. Os sintomas, em geral, são vermelhidão ocular, fotofobia, lacrimejamento e irritação.

Poderíamos enumerar muitas outras, especialmente aquelas que estão directamente ligadas à nossa saúde em geral. Diabetes e hipertensão arterial são duas das patologias que mais contribuem para a deterioração da nossa saúde ocular em geral.

Como proteger os olhos?

Para proteger os olhos, orienta-se uma série de medidas, como evitar coçar os olhos e visitar com regularidade o profissional de saúde ocular (seja o optometrista ou o oftalmologista). Além disso, é indicado higienizar, ao menos uma vez por dia, a área em volta dos olhos, como pálpebras, cílios e cantos. Os cuidados abrangem ainda:

• Caso cair nos olhos qualquer substância, lavar com bastante água limpa;

• Remover os produtos de beleza dos olhos antes de dormir;

• Não usar maquilhagem fora do prazo de validade;

• Verificar o nível de glicose no sangue para evitar problemas oculares provocados pela diabetes;

• Usar óculos ou lentes de contacto somente quando o profissional de saúde ocular o prescrever;

• Piscar com mais frequência lubrifica as córneas e evita o ressecamento dos olhos;

• Práticas saudáveis como não fumar, ter boa alimentação e praticar exercícios físicos também contribuem para a saúde ocular.

No âmbito da contribuição da melhoria da saúde ocular em Angola, a Optica Optioptika desenvolveu o programa + VISÃO + EDUCAÇÃO, que visa a prevenção através da educação e instituições de ensino. Contempla a formação de professores e auxiliares de acção educativa sobre as doenças e patologias oculares mais comuns e como observar os sinais e sintomas, palestras para alunos sobre as patologias oculares mais comuns e sobre prevenção ocular e para os encarregados de educação sobre saúde ocular.

Para todos aqueles que desejem participar e contribuir neste programa, ficam os respectivos contactos:

E-mail: dfonseca@optioptika.com

Djalme Fonseca: 930030011

Conforme a minha análise, Angola ainda tem um longo caminho a percorrer para atingir os objectivos mínimos de saúde ocular de que a população necessita. Porém, com o esforço de todos, caminhando na mesma direcção, podemos chegar à excelência na prestação de cuidados de saúde ocular.

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