Inadimplência
Uma preocupação das famílias curitibanas Profissão
Conheça o único paranaense que está na NASA (EUA) e trabalha em projeto para 2014
Cidades
Feira do Largo é alvo de polêmica: pode-se ou não vender produtos industrializados?
Gastronomia
Veja que a MÊS descobriu os lugares mais comentados da “baixa gastronomia” em Cwb
circulação GRATUITA
IMPRESSO
PODE SER ABERTO PELA ECT
Editora Mês Ano 2 - nº 19 Agosto de 2012
Mais do que ver. Ser visto.
entrevista Gilberto Giacoia Como avalia o trabalho que vinha sendo feito pelo Ministério Público?
Roberto Dziura Jr.
Gilberto Giacoia (GG) - Nós vivemos em um momento de modernização do Ministério Público. As duas últimas gestões passadas promoveram um planejamento estratégico, portanto, a instituição passou a contar com um planejamento a longo prazo, até 2018. Qual é a expectativa em relação a esta gestão? É de prosseguir modernizando a instituição, no sentido de adequar seus órgãos de apoio, seus órgãos de execução às demandas sociais e, sobretudo, procurar dotar o Ministério Público de uma estrutura, se não ideal, ao menos básica para que ele possa desempenhar o seu papel constitucional de defensor da sociedade. É preciso ressaltar que essas demandas são crescentes, o que impõem permanentemente esforço de melhoras das estruturas institucionais. Por exemplo, nós atuamos na área criminal, é a nossa atividade primária, nesse aspecto, o Ministério Público experimenta uma dificuldade de atendimento às demandas por deficiências estruturais. Porque a violência cresce graças à criminalidade organizada e nós precisamos, se não superar, ao menos competir com o crime organizado em termos de possibilidade de atuação. Quais metas estarão à frente?
“Vetar o poder de investigação do MP, é proibir o direito da sociedade de investigar” Imponente e de grandes dimensões é a sala do novo procurador-geral do Ministério Público do Paraná e da mesma extensão são os desafios que Gilberto Giacoia terá de enfrentar em sua gestão. Homem de estatura mediana, com ar solene, Giacoia é integrante do MP-PR há 31 anos. Doutor em Direito Penal e pós-doutor em Coimbra e Barcelona. Nesta conversa, discorreu sobre debates que cercam o MP-PR. Arieta Arruda - arieta.arruda@revistames.com.br Colaborou Roberto Dziura Jr. - roberto.dizura@revistames.com.br
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GG - Nós temos uma meta a ser cumprida até o final do ano que é de dotar pelo menos cada promotoria de um assessor jurídico. Ou seja, um assessor jurídico por promotor. Nem isso nós temos hoje. O objetivo é que cada promotoria possa ter a sua assessoria jurídica própria, que é uma estrutura mínima necessária para o funcionamento. Trata-se do projeto encaminhado à Assembleia Legislativa da criação de 180 cargos comissionados? Para alguns especialistas da área do Direito foi considerada uma ação imoral. Como avalia isso? GG - Veja, eu até tenho um posicionamento pessoal que todos conhecem
internamente aqui e que não vem ao caso. Nesse momento, deve prevalecer sempre o interesse institucional. Em relação a essa questão, nós temos a indicação de uma proporcionalidade que é rigorosamente observada dentro do Ministério Público, mais que isso, da ocupação de um percentual dos cargos comissionados por efetivos. Estamos rigorosamente dentro dos padrões recomendáveis da legalidade. A adequação constitucional do cargo em comissão desse tipo de função aqui corresponde aos cargos recentemente criados, que estão rigorosamente dentro da excepcionalidade constitucional, ou seja, assessoramento superior. Imagine você, um promotor, um procurador de Justiça que esteja ao lado de um assessor com o qual não mantenha compatibilidades? O promotor não raras vezes, devido a uma demanda superior a suas forças, tem de trabalhar nos finais de semana. O cargo comissionado atende a esses tipos de especificidades. Cargo efetivo, além disso, tem uma estrutura remuneratória dentro do plano de cargos e salários que nós temos no Ministério Público e que inviabilizaria a criação dessa quantidade de cargos. Orçamentariamente se nós tivéssemos optado por cargos efetivos, quer dizer, entraria num padrão remuneratório que inviabilizaria a criação dessa quantidade de cargos. Poderia criar talvez 40, 50 cargos efetivos, quando eu criei 180 cargos em comissão. Portanto, eu não atenderia a demanda, a necessidade dessa estrutura mínima. Essa quantidade de cargos vai atender minimamente essa demanda? GG - É possível que com esse número eu possa dar um assessor jurídico por promotor, ou promotora se quiser, aí eu poderia dotar todas as promotorias de Justiça de assessoria jurídica. É uma opção que você tem de fazer. É evidente que a crítica viria. Esta é uma questão que eu estou falando como procurador-geral e devo
traduzir o interesse da instituição nesse momento. Nós temos debates internos, cada um tem o seu posicionamento. Sou crítico com relação ao desvirtuamento do cargo de comissão. O cargo de comissão é constitucional, existe, porém, ele tem que ser corretamente utilizado. O que desvirtua normalmente é você destinar o cargo em comissão a apadrinhados, loteamento de cargos, aparelhamento das instituições de pessoas incompetentes, que não ocupam o cargo por critérios de capacitação, no sentido de ser adequados àquele tipo de assessoramento superior que se quer. Aqui o senhor vai fazer diferente? GG - Nós estabelecemos até preferencialmente teste seletivo às promotorias fazerem esse processo de escolha. Nosso trabalho é interpretarmos a Lei, portanto, nós precisamos ter um conhecimento científico / técnico / jurídico para isso. Quem vai nos assessorar tem que ter este tipo de perfil.
Nós estamos sujeitos à legalidade, portanto, nós somos fiscais da legalidade Em relação à chamada PEC da Mordaça, em que se coloca em xeque o poder de investigação criminal do Ministério Público. Qual a posição do MP do Paraná? GG - É muito clara. Na verdade nunca se teve dúvida em respeito disso. É função jurisdicional do Estado [ser] incumbido da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais individuais indisponíveis. Ora, não sou eu quem defini o Ministério Público, é a Constituição que definiu. Como é que eu vou defender a sociedade contra um agente que pratica improbidades se eu não puder investigar o agente? A constituição me incube do controle externo da atividade policial. Às vezes, o investigado é
o próprio policial! Eu não estou aqui querendo competir com a instituição policial, que eu acho importantíssima do ponto de vista republicano. Agora, haverá situação em que o Ministério Público terá que investigar numa atividade complementar. Não é uma atividade primária dele. Às vezes, até durante um inquérito civil público, por exemplo, para apurar a prática de improbidade administrativa, de violação ao princípio da moralidade ou da impessoalidade que são constitucionais. Surgem notícias da prática de crime ou do reflexo na área criminal dessa conduta, então o Ministério Público vai ter que parar a investigação porque tem que entrar a polícia aqui, a partir disso a polícia que investiga... Não tem sentido lógico. Qual a principal consequência que teria para o MP a longo prazo? GG - Vetar o poder de investigação do Ministério Público é proibir o direito da sociedade de investigar. Você diminui a possibilidade da própria sociedade investigar os seus agentes. O delegado de polícia que está investigando um poderoso qualquer, eventualmente pode ser removido, o Ministério Público tem a garantia da inamovibilidade. Então, eu só vejo que este debate conspira contra os interesses da própria sociedade. Acho, inclusive, que os segmentos das instituições policiais sérios, que são engajados na construção de uma sociedade melhor e mais justa, têm consciência da importância do papel do Ministério Público em algumas investigações. A atuação do Gaeco, por exemplo, que atua em conjunto com forças policiais para fazer frente à criminalidade organizada. Aqui no Paraná tem alguma relação estremecida com a polícia por conta desse debate? GG – Absolutamente. É muito boa a relação, sem problema nenhum. A tendência é de melhorar cada vez REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 5
mais esta relação. É uma relação republicana, de parceria, em algumas situações, e de não sobreposição de estruturas públicas. Não é isso que eu defendo, eu até academicamente sou contra a sobreposição de estruturas públicas, porque acho que isso é um desperdício para a sociedade. Porque se já tem uma instituição que investigou bem aqui, eu não preciso por uma outra estrutura pública cara para fazer o papel que ela fez. Combato, por exemplo, o inquérito policial. Acho uma instituição arcaica em termos. O que mais precisaria ser revisto? GG - Muita coisa. A Justiça Eleitoral [por exemplo]. A construção dos fóruns eleitorais do interior fica às moscas a maior parte do tempo. Quer dizer, se você analisar bem, claro que eu não estou diminuindo a importância da Justiça Eleitoral. Mas se com uma democracia consolidada como a nossa, com uma estrutura democrática fechada, você pode cronologicamente coincidir eleições de 5 em 5 anos, por exemplo, que é o que se dá em qualquer país. Justifica ter uma estrutura física cara só para este tipo de atividade? De maneira geral, eu combato a sobreposição de estruturas públicas neste País. Este ano, com eleições municipais, como o MP irá atuar no caso da Ficha Limpa? GG - Nós estamos sujeitos à legalidade, portanto, nós somos fiscais da legalidade. A legislação é, na minha opinião, aberta ainda. Acho que ela deve evoluir para um fechamento cada vez maior para o saneamento dos quadros da política nacional em definitivo. Já evoluímos muito. Se nós formos lá na lei de improbidade administrativa há 20 anos, depois a lei dos crimes econômicos, a lei da lavagem de dinheiro, a lei da responsabilidade fiscal, a lei da ficha limpa agora, é um processo evolutivo, depende de uma mudança cultural, que não se proces8 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
Roberto Dziura Jr.
entrevista Gilberto Giacoia
sa tão rapidamente. É, digamos, endêmico na História da nossa formação cultural. Mas isso tende a mudar, está mudando. A lei está aí, não fecha tanto as situações, então o sujeito pode muito bem ser condenado, tem uma dívida inclusive, muitas vezes, por força de uma condenação, que não seja de improbidade administrativa com o poder público e mesmo assim ser candidato. A lei não fecha o direito dele ser elegível. Então, o controle de legalidade vai ser feito pelo Ministério Público rigorosamente.
Sou contra a sobreposição de estruturas públicas Em relação à Lei de Acesso. O MP está cumprindo e disponibilizando as informações à população? GG - Nós temos problemas, não vou dizer que não temos. Primeiro, associar essa segurança pessoal daqueles expostos a esta informação e também gerar aquela sensação contraposta da sociedade, que não é a média remuneratória da sociedade em relação ao agente que tem uma incumbência mais importante dentro da República. Poderia chegar num estágio intermediário: divulgar a remuneração bruta
e os salários, descontos obrigatórios. Porque se dependendo do mês você vai divulgar que o sujeito recebeu lá tanto naquele mês pode, sem uma explicação razoável do que é [causar] distorções. O que dificulta, às vezes, ter uma relação nominal, na frente dela, a remuneração daquele mês. Qual é a remuneração, na minha opinião, é aquela remuneração que é invariável, que o sujeito vai receber e aquele é o custo social do servidor, que a sociedade tem o direito de saber quanto está pagando por seu promotor. Isso eu acho que é ínsito a nossa opção pela vida pública. Uma outra coisa que vai acontecer, eu acho, que é o judiciário ir interpretando o alcance da Lei de Acesso. Órgãos públicos normalmente são acusados de ser morosos, isso inclui também o Ministério Público, como é que se pode melhorar? GG – A nossa estrutura é deficitária, nós temos uma estrutura muito aquém das nossas necessidades, não é, e está muito longe de ser, a estrutura ideal. Nós estamos à caça de uma estrutura básica. Tenho promotores que vêm aí [no MP] todos os dias de comarcas da Região Metropolitana, dizendo: “o serviço do Ministério Público não está chegando à população como deveria, nós estamos limitados a estar nos fóruns, nas audiências, nos júris, etc.” Não tem estrutura para tanto. É evidente que isso vai afetar essa questão da eficiência, no aspecto de que não se chega à plenitude. Segundo aspecto, que nem tudo depende do Ministério Público. Então, nossa atividade é complexa, às vezes, dependemos de uma perícia, que quem realiza é um perito do Instituto de Criminalística, às vezes, dependemos do Judiciário para fins de realizar uma investigação que dependa de sigilo ou de quebra de sigilo. Tem vários fatores conjugados ao Ministério Público, que determinarão a eficiência do serviço do resultado final da atuação do Ministério Público.
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mensagens do(a) leitor(a)
Gratuita
Uma revista muito boa, e ainda grátis? Só mesmo vocês para inventar essa. Estão de parabéns e espero que continuem com essas reportagens incríveis, a informação para nós é essencial. Espero não perder mais os volumes a partir deste mês. Alexandre Wolff, no e-mail
e-mail Crianças de mouse na mão Parabéns pela qualidade das reportagens e abrangência que a revista está tendo! Cleiton Luiz Saviski
Novo homem Tive acesso à revista MÊS (distribuição gratuita) à matéria do “Homo sensiti-
/MÊS Paraná
Enquete
Revista MÊS está fazendo uma matéria sobre baixa gastronomia e conta com a sua participação. Para você, qual lugar em Curitiba (citar o prato) mais conhecido pela sua baixa gastronomia? Os lugares mais indicados sairão na próxima edição da Mês!
Samanta Lobato - Ah, sem dúvida o Bar Palácio tem que encabeçar essa lista!
Maurício Simões - Lanchonete
vos”, gostaria muito de divulgar aqui na empresa. Gostei muito da matéria e a achei bem abrangente e, claro, atualíssima! Seria possível repassar um link para publicação? Resposta: Alana, é possível acessar de qualquer lugar o site da MÊS: www. revistames.com.br, lá você confere todas as edições já publicadas.
Marcelo Petschow - Stuart André Fort - Pizza Itália André Nishizaki - X-montanha
deve estar alimentando a terceira ou quarta geração de “cefetianos” e afins...
Maurício Simões - Frequento o
Álvaro (Lanchonete Montesquieu) há exatos 26 anos. Muito X-Montanha já passou por este corpitcho! :)
Juliana Beatriz - A empadinha do
Torto Bar!! :)
Cristian Moraes - O risolis de queijo e o bolinho de carne do Bar do Pudim...
Christiano Möntiani - Lasanha Nonna Giovanna, no Nonna Giovanna.
Andressa Cordoni Savi - Armazém Sant’ana e sua carne de onça fantástica!
Fernando Ribeiro - Lasanha Nonna Giovanna, no Nonna Giovanna.
Danielle Ferreira - PF do Box
Regis Oliveira - Montesquieu, o X-Montanha é o ícone máximo da BG. Eu achava que era o frequentador mais antigo, desde 1988, mas aqui mesmo tem gente que vai há mais tempo que eu!
Gustavo Guimarães - Sra Chung,
sem dúvida!
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Feedback Parabéns mais uma vez. Eu recebo lá na Assembleia. A revista inteira é legal. Victor Almeida
Alana Maria Santos Jordao
Montesquieu - X-Montanha - é clássico e tem uma história muito curiosa.
do Eliseu.
Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo leitor.mes@revistames.com.br | Twitter @mes_ pr | Facebook MÊS Paraná. Participe!
Conteúdo Parabéns a toda equipe pelos conteúdos abordados e por conduzir de forma homogênea as matérias. Ulisses Camargo
André Furtado - Montesquieu ou o Stuart.
@meS_Pr
Doralice Araujo - Interessantes
as reportagens na edição de julho, @mes_pr ; solicitarei a minha assinatura gratuita, imediatamente! Resposta: É fácil, basta enviar um pedido no e-mail: leitor.mes@ revistames.com.br que enviaremos um formulário de informações para efetivar sua assinatura.
Tem sugestões de pauta? Uma ideia para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para leitor.mes@revistames.com.br
FOTOGRAMA
Cilene Martins Prando
Paisagem da Colônia Witmarsum, em Palmeira (PR). É aberta à visitação. Para mais informações, acesse: www.acmpw.com.br Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o leitor.mes@revistames.com.br
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4
entrevista
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Mensagens dos leitores
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FOTOGRAMA
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MIRANTE
23
COLUNA
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5 perguntas para: Fernando Jaeger
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DICAS DO MÊS
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OPINIÃO
política 20
Planos de Governo que não planejam
cidades 24
Artesanato esquecido
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Em direção à morte
27 Mudanças na legislação economia 30
Negócio bom de garfo
agropecuária 34
Mais dinheiro para o campo
Banco de imagens
sumário
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MATÉRIA DE CAPA
Fuja do saldo negativo
educação
saúde 38
Prevenir está em suas mãos
tecnologia 40
De dentro dos hospitais
meio ambiente 42
Cresce número de empregos verdes
comportamento 44
Nova face religiosa do Brasil
comportamento 46
turismo 52
Viaje legal e sem estresse
esporte 54
A saga do futebol da Capital
automóvel 56
Grande por dentro e por fora
moda&beleza 58
A tendência do sustentável
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Comida que caiu no gosto popular
internacional
cultura&lazer
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04
culinária&gastronomia
Tecnologia na liderança
Sai Paraguai de cena, entra Venezuela
Roberto Dziura Jr.
Brincando com o conteúdo
Preservando o passado, garantindo o futuro
49
Arquivo pessoal
36
editorial
Guardar para ter
A
palavra de ordem desta edição é: guardar. Assim como na famosa fábula infantil de Jean de La Fontaine, “A Cigarra e a Formiga”, a formiga num primeiro momento aparentava ser a menos esperta. Mas a mensagem final é mais ou menos a que a matéria de capa desta edição se propõe a mostrar. Guardar para ter. A formiga soube se planejar para o inverno. Em tempos de endividamento das famílias, em uma fase de menor crescimento da macroeconomia, as finanças domésticas ficam, por vezes, comprometidas. Por isso, dicas de especialistas e experiências de outras pessoas podem enriquecer seu modo de lidar com o dinheiro para tornar-se uma formiga (como na fábula). Também é tempo de guardar as propostas dos candidatos à Prefeitura de Curitiba. A MÊS analisou, junto com um cientista político, os planos de governo dos candidatos. Leia e tire suas conclusões para um voto mais consciente. Mudando do futuro (eleições) para o passado, este mês servirá para reavivar o sentimento de guardar as memórias e a cultura no Dia do Patrimônio Histórico (17). Assim como é hora de comemorar o Dia dos Pais (12). Tem artigo especial sobre este tema. Outro destaque desta edição é Fernando Jaeger, o único paranaense a estar na NASA (Estados Unidos). Por lá, já acumulou experiências de vida e viagens. Aliás, sob essa perspectiva, a cigarra também nos ensina na fábula. É preciso saber aproveitar, se divertir, desfrutar dos resultados de seu esforço. Por isso, para viajar, curtir uma experiência diferente e tranquila, é necessário estar bem informado. Saiba seus direitos durante a viagem na editoria de Turismo deste mês. E se não quer sair daqui, é possível ainda “degustar” da baixa gastronomia, em Curitiba. Mais um ponto destacado em agosto é a preservação (guardar) da vida. Levantamos a informação de que pouco está sendo feito para cumprir a Lei Seca. Após 04 anos desde a criação da lei, se multiplicam histórias fatais no trânsito. E qual sua opinião sobre esses temas? Mais do que viver em um “conto de fábulas” é preciso conhecer (informar-se, trabalhar) a realidade para guardar sua essência, mas da mesma forma saber resguardar-se ao direito de mudar de direção quando preciso for. Boa leitura!
expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor.mes@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Bianca Nascimento e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Distribuição: Sandro Alves e Agência Focar (distribuição nos semáforos) agenciafocar.blog.com; Publicidade: Lucile Jonhson - atendimentocomercial@revistames.com.br – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Cilene Martins Prando e Gilberto Gnoato.
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mirante
Pesquisa DataFolha
A mágoa está grande I A mágoa está grande II
Um número pouco divulgado na pesquisa DataFolha, mas publicado pela Folha de S. Paulo e pela Gazeta do Povo, é sobre o grau de importância que os entrevistados declaram ter a respeito das eleições para prefeito de Curitiba. Para 79% dos entrevistados, a escolha do novo prefeito é muito importante para a cidade e, para 59%, muito importante para sua vida pessoal. Apenas 6% declarou que a escolha do novo prefeito não é importante para a cidade.
Quem esteve recentemente com o deputado Fernando Francischini, que acabara de deixar o PSDB para ingressar no Partido Ecológico Nacional, o PEN, pode notar que ainda não estão curadas as feridas causadas pela puxada de tapete para ser o vice de Luciano Ducci (PSB). Ele, para quem Beto Richa (PSDB) havia prometido a vaga, anda não só flertando com o outro lado. Preocupado com seu futuro político, já faz conversas de alianças e dobradas para as próximas eleições nacionais.
O mesmo vale para o deputado Ney Leprevost (PSD). A decisão inusitada de seu partido de liberar os filiados a apoiarem quem bem entenderem, apesar de entregarem o tempo de TV para Ducci (PSB), não foi suficiente para acalmar Leprevost. Assim como Francischini, também está preocupado com seu futuro político e realiza conversas sobre 2014. Quer construir dobradas fortes para a disputa, aumentando suas possibilidades para manter sua vaga na Assembleia Legislativa.
Seria cômico se não fosse trágico descobrir que o secretário de Trânsito de Curitiba, Marcelo Araújo, tinha mais de 200 pontos em sua carteira de habilitação. Ele deveria ter entregue sua CNH ao Detran por má conduta ao volante e ter se submetido ao curso de reciclagem, o que aconteceria com todos os mortais ao acumular 20 pontos na carteira. Mas não, aproveitando-se de sua função no órgão que analisa os recursos das multas optou por recorrer em todas. Já caiu de sua função depois do mau exemplo.
Números que não batem
Processo de Barros
Na declaração de bens apresentados pelos candidatos no registro de suas candidaturas, um número chamou atenção. O patrimônio declarado pelo atual prefeito Luciano Ducci(PSB). A declaração oficial indica que ele tem um patrimônio de R$312 mil. Contudo, recentemente, ao responder à Revista Veja, Ducci afirmou que seu patrimônio era de mais de R$30 milhões, incluindo fazendas e apartamentos de luxo. Na ocasião, falou ainda que não morava no imóvel indicado pela Revista. O que é verdade?
Ricardo Barros (PP), secretário de Estado de Indústria e Comércio, teve seu pedido de habeas corpus negado em processo que responde na Justiça. E virou notícia quente na imprensa local. Ele é acusado de tentar manipular, convenientemente, mais de uma licitação da Prefeitura de Maringá, que é administrada por seu irmão, Silvio Barros. Com essas denúncias, corre nos bastidores que sua cadeira na secretaria do Governo Richa pode ficar vaga logo, logo. Até o fechamento desta edição, isso não havia ocorrido.
Aliados Cesar Brustolin / SMCS
Derosso e Luciano Ducci
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O ex-presidente da Câmara Municipal e também ex-vereador tucano João Cláudio Derosso continua ativo na política e esbravejando na imprensa. Ele apoia a aliança do candidato a prefeito Luciano Ducci (PSB). Está também participando ativamente da campanha para vereadora de sua irmã, a tucana Mary Derosso.
Jonas Oliveira / SECS
Cesar Brustolin / SMCS
Mau exemplo
“Ontem, na feira livre Bacacheri, de novo, Dona Rejeição não apareceu. Onde está que não responde? Em que bairro se esconde?”
Roberto Dziura Jr.
Bate Pronto
Leonardo Prado / SEFOT-SECOM
Rafael Greca (PMDB), candidato a prefeito
“O ponto fraco de Greca, porém, seria sua alta rejeição – acima dos 30% – provavelmente em virtude dos insucessos eleitorais e da troca de grupo político operada nos últimos anos” Fernando Francischini (PEN), deputado federal
Obras do PAC2
Telecomunicações que se ajustem
Balanço do Governo Federal sobre obras do PAC2 mostra que já foi investido mais de R$320 bilhões (1 ano e meio). Isso significa cerca de 30% do previsto até 2014. O PAC2 está realizando obras de infraestrutura, como a Usina de Belo Monte, no Pará, e o Complexo Petroquímico, no Rio de Janeiro. Os números de execução são 84% superiores aos do trimestre anterior. Um crescimento importante que permite ao governo afirmar que o cronograma das obras será cumprido.
O ministério das Comunicações e a Anatel deram um “freio de arrumação”, nas palavras do ministro Paulo Bernardo e do presidente da Anatel, João Rezende, na operação das telefônicas. Resolução da agência proibiu a comercialização de novos chips até que as operadoras estruturem melhor as suas operações e ofereçam serviços de qualidade aos usuários. Os milhões de usuários agradecem a atitude corajosa do governo de enfrentar essa situação, pois a paciência já havia acabado. Agora vamos aguardar para ver.
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matéria de capa
Os noivos Barbosa e Bruna contrataram um consultor para ajudar a planejar o casamento
Fuja do saldo negativo Em tempos do aumento do endividamento das famílias brasileiras é preciso frear e organizar as contas; especialistas dão dicas de como fazer isso
O
Iris Alessi iris.alessi@revistames.com.br
endividamento das famílias nas capitais brasileiras saltou de 58,58% em 2010 para 62,5% em 2011, um aumento de 6,39% no período e Curitiba possui o maior percentual de famílias endividadas em 2011. Os dados são da Radiografia do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras, pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). Dentre outros números, o levantamento aponta um aumento real de 11,57% no volume de dívidas mensais chegando a R$13,5 bilhões. Para o presidente do Instituto Meus Tostões de Educação Financeira
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(Imtef), Emerson Rici, o grau de endividamento elevado é, em parte, sintoma da fase atual do Brasil, uma economia mais estável. Antes, quando a inflação era demasiadamente elevada, as famílias não conseguiam fazer um projeto de longo prazo. “Passada a primeira década de implantação do Plano [Real], as pessoas passaram a perceber – e outros fatores, como aumento de poder aquisitivo do salário mínimo –, redução de preços de produtos importados, acesso maior aos produtos de consumo, a dita ascensão de uma faixa da população, a classe C, passando a demandar consumo de bens duráveis”, afirma Rici. Se por um lado o endividamento cresceu nas capitais brasileiras, a inadimplência caiu para 22,9% das famílias em 2011, enquanto a taxa
era de 24,92% em 2010. Apresar do endividamento do brasileiro, Rici salienta que o número ainda é baixo se comparado a países da Europa ou dos Estados Unidos.
Maior endividamento Em Curitiba, 90,27% das famílias curitibanas se declararam endividadas, acumulando um aumento de 35,62%. Já em junho de 2012, o percentual de endividados foi de 88%, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC). Dessas, 25,7% tinham contas em atraso e 7,5% não terão condições de pagar as dívidas. Em Curitiba, a principal dívida está nos cartões de crédito (43,4%), depois em financiamento de carro (27,2%) e no financiamento de casa (12,1%).
A Capital paranaense tem o maior percentual de famílias endividadas em 2011
Roberto Dziura Jr.
Dívidas Se você está nessa situação que os números trazem ou quer se manter no azul, fique atento às orientações de especialistas e veja o exemplo de quem conseguiu se organizar. Antes de tudo, é preciso saber onde está sendo gasto esse dinheiro e aprender a cortar as despesas. “Senão, você vai estar financiando banco, a financeira, os agiotas e daí tua vida está nas mãos deles e você não faz mais nada”, pondera o fundador do Instituto de Educação em Gestão Familiar, Emerson Fabris.
Organização das contas Foi a realização do casamento dos sonhos que levou o casal de advogados Eduardo Vieira de Souza Barbosa (29) e Bruna Muggiati Borges (24) a contratar uma consultoria para planejar o casamento. A preocupação de fazer de forma organizada veio quando os dois começaram a procurar um apartamento para comprar e perceberam que ainda não seria a hora. Nesse ano, quando o assunto da festa de casamento voltou a ser discutido pelos dois, Bruna encontrou na internet um consultor que ajudava a planejar o casamento. O trabalho do profissional “envolve não só a festa em si do casamento [...], também envolve os outros aspectos, que é você planejar não só a compra do imóvel, como também a organização das finanças do casal”, diz Barbosa. “A gente tinha a ideia da festa e do apartamento, mas junto com isso ele
Para Fabris, o controle deve começar desde cedo com a mesada
trouxe muitas outras coisas que vão vir depois e ele está colocando no papel desde já para a gente ir planejando, [com] a nova rotina depois do casamento”, afirma Bruna. Para o noivo, o planejamento deu a noção exata do que estão realizando, o que evita desperdícios e formas de buscar recursos para viabilizar outros projetos.
Planejamento A chegada da filha do publicitário Djalma Dissenha (25) também mudou seus costumes financeiros. Antes ele não pensava muito na hora da compra. “Olhando por esse lado, eu acho que tinha uma vida até que boa. Como eu morava com os meus pais, tinha o meu carro, os gastos eram mínimos em comparação a hoje”, conta o publicitário que aprendeu a cuidar do dinheiro com o pai.
É importante também ter disciplina. “A virada [nas dívidas] não acontece de uma forma tão simples, porque ela exige algo que o brasileiro não gosta que é disciplina. Ele tem de ser extremamente disciplinado”, afirma Rici. Para fazer cortes no orçamento, o especialista indica começar pelos menores itens, porque representam cerca de 30% das despesas da população de classe média. “O que pesa [no orçamento] é despesa que você não vê.”
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Segundo Rici, hoje os bancos “tutelam” os empréstimos para o consumidor para que ele não se endivide mais. No entanto, há outra questão que os bancos não podem controlar: o endividamento por outros meios, como cartões de crédito, cheque especial ou por agiotagem. “Esse endividamento é o mais nocivo e o mais danoso à população”, ressalta Rici.
Dissenha revela que todas as contas são controladas numa planilha
Agora, com a vinda da filha suas prioridades mudaram. O carro que pretendia trocar vai vender para investir num apartamento para a família. “A gente
1 0 pa s s o s pa r a m e l h o r a r s u a s c o n ta s 1 2
Liste todas as despesas durante o mês Poupe 10% da receita líquida para a aposentadoria
3 Tenha um fundo de até seis meses dos gastos mensais para eventuais emergências ou perda de emprego REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 17
matéria de capa 4 5
Valorize seu dinheiro Imagine o que no dia a dia é possível fazer com menos
dado numa planilha. E é a partir daí que eu vou me planejando”, comenta Dissenha, que sentiu a diferença quando passou a controlar as contas.
está indo com calma. Estamos priorizando as coisas, se planejando muito melhor”, diz. Atualmente, os gastos são controlados numa planilha, o que não acontecia antes. “Agora está planejado tudo na planilha, eu tenho conta de tudo. Tudo o que eu gasto, tudo que está sendo cobrado, tenho tudo agen-
Assim, como ele aprendeu com o pai, o planejamento do orçamento deve ser feito desde cedo. Se as pessoas ti-
Como se livrar do impulso
Use a regra dos três “SIMs”
SIM Preciso?
SIM tenho dinheiro?
NÃO
6 Se o saldo mensal é negativo, com a ajuda de uma planilha de despesas verifique onde é possível fazer cortes
SIM tem que ser hoje?
NÃO
compre
NÃO
verem a consciência que este controle dos gastos mensais é importante, dificilmente, chegariam num ponto de inadimplência. “Se você está solteiro hoje e ganha tanto, ou ganha uma mesada, vá anotando tudo o que você gasta”, sugere Fabris. É possível encontrar essas planilhas em diversos sites na Internet ou até programas para smartphones. Isso porque, as finanças quase sempre serão menores que as suas vontades, considera o professor de Marketing da UniCurtiba, Isaak Soares, que trabalha com finanças pessoais e qualidade de vida. “Se as finanças são menores que as tuas vontades, você vai ter de trabalhar prioridades”. Ou seja, escolher entre as coisas que quer fazer ou comprar primeiro.
Educação Financeira nÃO COMPRE
Por isso, assim como o publicitário, as pessoas devem aprender a lidar com o
Pa l a v r a d e e s p e c i a l i s ta O espanhol Santiago Simón del Burgo é professor do Departamento de Controle e Direção Financeira da ESADE e doutor em Administração e Direção de Empresas (ESADE) O que os microempreendedores individuais precisam fazer para não misturar suas contas pessoais às empresariais? Devem ter muito claro o projeto que querem realizar, para isso devem ter um “business plan” muito pormenorizado, da forma que saibam o dinheiro que vão precisar, e assim ver se é possível ou não fazer o empreendimento. Precisam fazer uma escrita separada, para saber os resultados do novo projeto e não misturar os rendimentos que posam tirar de outras atividades. 18 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
Quais as consequências dessa mistura? Deve-se ter muito cuidado ao separar as contas e as responsabilidades, de forma que se o projeto for mal sucedido, não leve consigo o resto do patrimônio do empreendedor. Se necessário, o empresário pode recorrer às reservas pessoais para sanar as dívidas da empresa? Deve-se tentar manter as duas coisas o mais independentes possível, se você mistura tudo, ao fim, pode ser
uma bagunça que ninguém sabe se o projeto está dando certo ou não. Isso não quer dizer que dadas as circunstâncias adequadas, o empreendedor não possa por suprimentos na firma ou retirar alguns lucros, mas tem que ter sempre um controle muito forte pra saber o rendimento real do investimento e não se enganar . Um empresário bem sucedido financeiramente também precisa ser bem sucedido nas finanças pessoais? Uma coisa leva a outra, se um empresário faz bem as coisas, possivelmente, as faça bem quer seja o nível pessoal ou empresarial.
Roberto Dziura Jr.
Celia quer ensinar para a filha Luiza o que teve de aprender sozinha: educação financeira
dinheiro em casa. Os pais podem ensinar os filhos desde pequenos. É preciso ensiná-los a dar o valor devido ao dinheiro. Uma forma simples para fazer isso é ir ao supermercado. É lá que as crianças costumam pedir para os pais itens supérfluos e é a oportunidade perfeita para ensiná-los que é preciso fazer escolhas, ter prioridades. Assim, a criança aprende a poupar também. “Uma das coisas mais importantes é o pai e a mãe falarem que dá ou não dá [para comprar]”, completa Fabris. Outra forma de educar financeiramente as crianças é disponibilizar um recurso para que elas possam fazer as compras, com a famosa mesada. “Mesada é superimportante quando a criança, que já entrando na fase de adolescência, começa a gastar seu próprio dinheiro”, completa Fabris.
Mesada A filha da advogada Celia Regina Santos (51), a estudante Luiza Helena Santos da Rocha (12), passou a receber a mesada há pouco mais de um ano a pedido da própria adolescente. Celia espera dar para Luiza a mesma educação que deu para o filho mais velho que
Hora de pensar no futuro A palavra aposentadoria ronda a vida de todas as pessoas, das mais jovens até as mais velhas. Mas para chegar à terceira idade com condições financeiras saudáveis é preciso se planejar. “A ideia de vida do teu dinheiro não pode ser pensado em curto prazo. O que você gasta hoje vai influir em toda a tua vida. Então, o dinheiro que está ganhando hoje vai ter uma repercussão em toda a tua vida. Essa é a ideia de pensar em longo e não em curto prazo”, afirma Soares. Pensar em longo prazo também é a orientação de Rici. “A vida financeira profícua que vai te dar um futuro seguro [...] é feita de escolhas geralmente abrindo mão de algo bom hoje para ter algo melhor amanhã”. O presidente do Imtef avalia que a previdência privada é uma opção para quem não tem disciplina e não consegue poupar, mas que as pessoas podem gerir sozinhas as suas aposentadorias, depositando mensalmente valores numa poupança que servirão para garantir o futuro.
7 Pergunte-se se aquilo que você está comprando é necessário 8 Se necessário, diminua o padrão de vida para colocar as contas em dia
tem a cultura de poupar. “Ela ganha a mesadinha dela todos os meses. Dessa mesada, a única coisa que eu faço é fazê-la pagar o celular dela”, diz Celia. Com o restante do dinheiro da mesada, Luiza gasta em diversas coisas. O que sobra, ela guarda para eventuais gastos. “Eu não estava guardando o dinheiro para comprar um celular. De repente, eu vi o celular e eu queria. Eu pedi dinheiro para todo mundo, fui guardando, faltava R$ 50, daí eu esperei minha outra mesada para poder juntar para comprar o celular. Quando sobra alguma coisa, eu vou guardando, mas quando eu acho alguma coisa cara que eu queira comprar, eu pego aquele dinheiro e compro”, conta a estudante. A educação que deu para o filho mais velho e que agora está dando para Luiza, Celia teve de aprender sozinha. “Porque meu pai era um pai à antiga [...] Eu não sabia quanto custava nada, porque tudo ele me dava”, lembra Celia.
Poupar Também faz parte da educação financeira aprender a poupar. “A propensão a poupar é uma coisa que tem de ser explicada para as crianças”, ressalta Soares. A poupança é uma forma fácil de guardar dinheiro. Rici explica que o brasileiro gosta da poupança, já que é um povo conservador, mas ele não consegue fazer isso como uma obrigação. Para conseguir poupar de uma maneira mais disciplinada, deve-se encarar este investimento na poupança como uma conta, uma dívida. Assim, em todo começo de mês este valor é retirado de seu orçamento para ser investido no futuro.
9 Não faça as compras por impulso 10 Procure ajuda de especialistas, caso não consiga se organizar sozinho REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 19
política
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Planos de Governo que não planejam Especialista diz que documentos entregues pelos quatro principais candidatos à prefeitura de Curitiba decepcionaram Roberto Dziura Jr.
O
Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br Colaborou Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br
s planos de governo dos quatro principais candidatos à Prefeitura de Curitiba são bastante diferentes. A começar pelo número de páginas. Enquanto o do candidato Ratinho Jr. (PSC) tem apenas 12 linhas em uma página, o de Gustavo Fruet (PDT) tem 53 páginas. Do candidato Rafael Greca (PMDB) tem quatro páginas e o atual prefeito Luciano Ducci (PSB) conta com 14 páginas. Apesar de não considerar um plano de governo algo tão relevante para o eleitor, o cientista político Luiz Domingos Costa, professor da Facinter, afirma que faltou bom senso.
Roberto Dziura Jr.
“Um plano de governo de 12 linhas e de quatro páginas me parece feito de madrugada, na frente da televisão. Mas o do Fruet que tem 53 páginas tem muita ‘lenga-lenga’ também. O número de páginas é um sintoma de como esses prefeitos têm perspectivas diferentes de como ele pretende persuadir o seu eleitor. Aqueles que têm um plano de campanha mais elaborado pretendem estabelecer um diálogo um pouco mais franco. Os outros que têm muito enxuto ou parcialmente inexistente têm outra perspectiva de convencer o eleitor”, explica Costa. Para ele, todos os quatro planos têm mais defeitos do que qualidades. “Fiquei decepcionadíssimo com esses planos, porque são vagos e não esclarecem qual é o foco de cada campanha”, diz.
Para o professor, os planos de governo são vagos e não esclarecem o foco de cada campanha
Pontos de destaque Apesar disso, o cientista aponta alguns pontos importantes dos planos. No caso do Fruet, é a proposta de erradicação do analfabetismo. “Uma das metas dele é chegar até 100% de pessoas alfabetizadas”, afirma. No plano de Ducci, ele destaca a visão mais técnica da gestão da cidade, de empreendedorismo, “que é caracte-
rística do grupo ao qual ele pertence, que tem uma visão mais gerencial da gestão da cidade”, completa. No plano do Greca, para o professor, a parte mais importante é a preocupação com as construções das creches. Já no plano do Ratinho Jr., Costa diz não ter encontrado algo de destaque. Em relação à falta de metas numéricas observadas nos planos de REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 21
política governo, ele não considera como principal problema, pois isso pode ser uma estratégia dos candidatos para não serem cobrados no futuro. “Tem um sentido eleitoral estratégico. De falar pouco, simplificadamente, mas bonito, com propostas genéricas.” O que falta mesmo são as discussões dos reais problemas da cidade e a apresentação de ideias inovadoras. “O grande problema da cidade hoje, que ninguém vai falar adequadamente, é como organizar o subúrbio, a margem da cidade? Como vai desafogar o centro e fazer com que a qualidade de vida melhore para os bairros pobres? Acho que se houvesse uma ideia mais eloquente, audaciosa, teria vasto potencial de pegar vento e render uma eleição vitoriosa.”
Corrida eleitoral A disputa possivelmente ficará pautada em nomes e posturas dos candi-
datos do que propriamente nas ideias. “Para uma candidatura competitiva, como é o caso do Ratinho e do Fruet, a dificuldade é muito grande. Tem de pensar em algo novo. Isso que eu fiquei decepcionado, por que eles não propuseram nada novo? Vão concorrer apenas com os seus nomes, sem uma ideia nova, uma plataforma de uma grande proposta para mudar o foco da política local”, diz Costa.
caso da “responsabilidade e transparência na utilização dos recursos”, destacada no documento. “Acho que o que o Ducci tem feito pela transparência é muito pouco. Eu sou um eleitor que a ciência política classifica como informado, eu não sei o quanto a prefeitura arrecada, destina para a educação, para o transporte público. Onde está essa transparência?”, questiona.
Já no plano de Ducci, o professor observa alguns pontos que podem ser “um tiro no pé”. “Mostra defasagem daquilo que a prefeitura acredita e afirma que está fazendo aquilo que está sendo feito de fato”. Como é o
Mais que analisar os planos de governo, para as eleições em 07 de outubro, os eleitores devem pesquisar sobre o histórico dos candidatos em entidades independentes e idôneas. No Estado, orienta o cientista político, algumas das entidades que procuram trabalhar pela conscientização e/ou fiscalização da política são o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Associação Comercial do Paraná (ACP), OAB-PR, a Fiep e o Ministério Público.
Prefeita: Alzimara Bacellar Vice-prefeito: Cláudio Fajardo Coragem para mudar PPL São apontadas propostas em diferentes áreas. Como melhorias, a candidata propõe, entre as diversas propostas, a criação de mais quatro secretarias, a construção de 50 unidades de saúde, mais 04 hospitais, construção de 125 equipamentos de educação infantil e defende a educação integral. No trânsito, quer priorizar os pedestres e bicicletas. Também coloca como proposta a melhoraria do transporte coletivo. Nos bairros, o objetivo é criar 31 CRAS e ampliar atendimento e ainda criar 20 centros especializados contra as drogas. Além disso, a candidata promete recuperar rios e construir 40 mil casas.
Prefeito: Avanilson Araújo Vice-prefeita: Beatriz de Campos Uma Curitiba para os Trabalhadores PSTU O candidato é advogado de movimentos populares. Araújo critica a concentração de renda. Ataca outras candidaturas, principalmente, a administração atual. Entre algumas das propostas estão: ampla reforma urbana, legalização e regulamentação do aborto e a erradicação do analfabetismo. Pretende acabar com as UPS, construir 150 creches e abrir 23 mil vagas. Propõe abrir as contas da URBS, reduzir a tarifa de ônibus e fazer o metrô estatal. O candidato afirma também que quer trabalhar pela redução de salários dos vereadores e prefeito e pelo fim do financiamento privado das campanhas.
Os planos de governo dos quatro principais candidatos têm de 12 linhas a 53 páginas
Os Nanicos Prefeito: Bruno Meirinho Vice-Prefeita: Sueli Fernandes Frente de Esquerda Curitiba PSOL e PCB O candidato é o advogado Bruno Meirinho. Com mestrado em Geografia pela UFPR, aposta em seu plano de governo na defesa das minorias. Já disputou a eleição anterior (2008) e mantém como símbolo de sua campanha a “catraca”, que se refere a “dinâmica urbana de Curitiba que, historicamente, criou obstáculos”, conforme traz o documento. Apesar do plano de governo trazer poucas proposições e mais críticas, o candidato Meirinho traz como eixo estruturante a socialização das riquezas, propõe a aplicação do IPTU progressivo e a valorização da participação popular na Prefeitura.
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sobre a política
As campanhas e os pitaqueiros
Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br
Neste mês, começam os momentos mais emocionantes na atuação dessas personagens Começou a temporada de reprodução dos pitaqueiros em campanhas eleitorais. São os especialistas que aparecem a cada eleição. Sim, nós temos 200 milhões de brasileiros técnicos de futebol e temos uns tantos milhões que também são marqueteiros políticos de ocasião. É o paraíso para os profissionais. Esses pitaqueiros são pessoas que, invariavelmente, não estudaram para isso, nunca estiveram em qualquer posição de destaque em uma campanha, não sabem ler pesquisas, mas que por conta da proximidade com as campanhas e pela insistência em repetir suas avaliações fundadas em seu feeling, acabam criando grandes confusões no período eleitoral. O grau de interferência buscado por esses pitaqueiros pode variar. Começa pela foto do candidato. Está sorrindo de mais ou sorrindo de menos. A cor da camisa não está boa. Esse aí não é fulano, afirmam alguns dizendo que a foto não reproduz o candidato. Mas o conhecimento dos pitaqueiros vai além, é claro. A marca não está boa. Não gostei dessa cor. São mantras repetidos por essas personagens presentes em todas as campanhas. De nada adianta dizer que tudo foi objeto de estudo. Que os elementos foram testados. Que a marca carrega em si uma personalidade que será dada à campanha. Eu não gostei e pronto, dizem os pitaqueiros. E como ele não gostou fica repetindo ad nauseam sua avaliação. Afinal de contas, ele existe para isso. Mas, neste mês, começam os momentos mais emocionantes na atuação dessas personagens.
Os programas de rádio e TV. Neste momento da campanha, os pitaqueiros se autopromovem a especialistas em design gráfico e fotografia para diretores e redatores de rádio e TV. Ah! Mas antes é importante destacar que essas personagens também são músicos e, é claro, sempre acham o jingle da campanha muito ruim. Com o começo dos programas de televisão (e rádio em menor escala), toda a atenção desses “especialistas” se voltam para o programa. Aí as críticas ganham caráter cinematográfico. O povo não entende o que o candidato fala. A roupa está ruim. O cenário é feio. Fulano está parecendo falso. “Se fosse eu faria diferente”. E a base de consulta para esses “especialistas”, claro, é sua esposa ou marido e a “empregada lá de casa”. O importante é que quando o resultado é positivo, esses pitaqueiros sempre se apresentam como autores de uma solução mágica e que foram responsáveis pela vitória. Mas quando a derrota acontece, a culpa foi do profissional que não soube ouvi-los. Como dizem que comunicador político em campanha eleitoral ganha bem, já deve estar previsto dentro de sua remuneração um adicional de insalubridade. Boa sorte a todos. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 23
cidades
Artesanato esquecido Na tradicional Feira do Largo da Ordem em Curitiba, cada vez mais produtos industrializados invadem o espaço que antes era somente para o artesanato Fotos: Roberto Dziura Jr.
Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br
A
Feira do Largo da Ordem, em Curitiba, existe desde 1973 e já é tradicional entre os curitibanos e turistas. Atualmente, a Feira conta com mais de mil barracas. Dados da Prefeitura de Curitiba mostram que cerca de 25 mil pessoas frequentam a Feira todo domingo. Nela, além de comidas, são expostos produtos artesanais como objetos decorativos, vestuário, bolsas, acessórios e arte em geral. Porém, ao longo do tempo, os produtos comercializados na Feira vêm sendo questionados. Isso porque a Secretaria de Turismo institui, por meio do decreto n°112/2010, que não seria permitida a venda de objetos industrializados em feiras que tenham como objetivo
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a promoção do artesanato local. No entanto, o que ocorre no Largo da Ordem nos domingos tem sido uma “invasão” de produtos industrializados, tomando o lugar da produção local. Muitos artesãos estão indignados com essa situação, outros defendem a venda de produtos não artesanais.
Contra a venda
Para o artesão Luis Fernando Erthal, a imagem da feira está se perdendo com essa venda de produtos industrializados
Luiz Fernando Erthal é um dos que não concorda com essa mudança no conceito da Feira. Produzindo objetos de decoração há sete anos, ele conta que percebe essa venda de produtos industrializados há algum tempo na Feirinha. “Eu já fazia feiras de bairros e sempre percebi essa perda do artesanato. Quando vim para esta, tinha já tantos bloqueios para entrar e mesmo assim pessoas revendendo produtos”, revela Erthal, que acre-
Roberto Dziura Jr.
dita que são os antigos artesãos que mais revendem produtos na Feira. “Essa questão prejudica a imagem da Feira, que deveria ser a maior de artesanato no Brasil. As pessoas chegam aqui e encontram produtos que encontram na [Rua] 25 de março, em São Paulo”. Outros feirantes observam que essa venda do não artesanal atrapalha o comércio de quem é artesão. “Eu passo a semana toda produzindo e chego aqui e me deparo com gente comprando e colocando produtos para revender. É uma competição muito injusta com quem produz”, revela Wilson Bueno, que há quase dez anos revende fontes artesanais. Para produzir uma peça leva o dia todo. “Antigamente, a fiscalização era mais forte e eles iam até as casas dos artesãos ver se era a pessoa mesmo quem produzia”, lembra Bueno.
Questão de sobrevivência Mas há quem defenda a revenda de produtos industrializados na Feira do Largo. É o caso de Marcos José. Artesão com barraquinha desde 1979 na Feira do Largo, ele só vendia artesanato no início. Mas há dez anos, diz que se viu obrigado a revender produtos por questão de sobrevivência. “Quando o mercado da China invadiu nosso País, as coisas começaram a complicar e ficou difícil manter a família só com artesanato”, conta José, que produz chaveiros de madeiras, gravação em canecas e bijuterias. O restante dos acessórios vendidos em sua barraca é industrializado, como anéis e colares. “Creio que isso não prejudica quem faz só artesanato aqui, porque o consumidor que quer só artesanato vai encontrar. Agora, o pessoal evoluiu na produção. Se for fazer uma fiscalização grande aqui, 70% da Feira cai porque mesmo quando alguém não revende um produto, pode utilizar algum tipo de máquina na produção de seu material”, observa.
Para Marcos José, mesclar produtos industrializados aos artesanais é uma forma de sobrevivência
Outra expositora da Feira que não quis se identificar vende há 15 anos travesseiros aromatizados que sua família produz. Para ela, o objetivo do lugar tem sido preservado até pelo perfil do público que o frequenta. “O curitibano é um público rigoroso e que aderiu bem a Feira. Quem vem aqui para buscar artesanato vai encontrar. Tem pessoas que andam e até mesmo percebem que os produtos artesanais têm qualidade muito superior aos que não são”, defende.
Há quem defenda a revenda de produtos industrializados na Feira do Largo
Fiscalização Todo domingo, existem diversos fiscais na Feira do Largo da Ordem para controlar a venda de produtos não artesanais. Mas, então por que mesmo assim, é possível encontrar produtos industrializados a cada edição? “Não estamos alheios a isso, mas tem sido difícil de controlar, pois o pessoal encontra sempre uma maneira de burlar a fiscalização”, revela Marili Pires Lessnau, coordenadora de Feiras de Arte e Artesanato de Curitiba. Segundo Marili, muitas vezes, os fiscais passam nas barracas que possui este tipo de produto não artesanal e
orienta o expositor a retirar o produto. Quando “dá as costas”, o expositor volta a colocar seus produtos e continua as vendas. No momento em que casos como estes acontecem, o Instituto de Turismo aplica até duas notificações para o expositor irregular. Se não mudar a situação, leva uma advertência. Com a reincidência, aplica-se uma penalidade que será a suspensão de dois a quatro domingos sem expor na Feira. Se persistir, é convidado a se retirar definitivamente. Em relação às vistorias na casa dos artesãos, só este ano, já foram realizadas mais de 100. “Eles têm os maquinários em suas casas e fazem o artesanato na nossa frente, mas depois vão à Feira e mesclam seus produtos com outros materiais industrializados”. E o que poderia ser feito para mudar esta situação? “Agora o decreto n°112/2010 virou lei e isso nos dá mais segurança e condição de agir de forma mais taxativa. Essa lei dá segurança para nós e para o artesão também. Mas isso só será mudado em longo prazo”, garante Marili.
Sua opinião Qual sua posição sobre a venda de produtos industrializados na Feira do Largo da Ordem? ( ) Sou a favor
( ) Sou contra
Mande sua participação para leitor.mes@revistames.com.br REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 25
cidades
Em direção à morte Lei Seca completa quatro anos, mas casos de acidentes no trânsito, principalmente quando combinados com ingestão de álcool, continuam gerando vítimas fatais
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Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br
ra véspera de Natal de 2008, quando o filho de um policial civil estava na direção e se envolveu em um acidente. Na carona, estava o filho de Rosimari Carriel de Lima, Robson Eduardo Carriel de Lima, na época com 21 anos. Robson morreu, o motorista teve ferimentos leves. A maior causa para o acidente fatal? A combinação de álcool, direção e imprudência. Agora o que ficou foi a dor da mãe e dos familiares e um processo judicial que se arrasta por mais de três anos,
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sem que Rosimari tenha esperanças de uma conclusão favorável. Segundo ela, o agente do acidente já foi visto por ela bebendo e dirigindo novamente pelas ruas de Curitiba e ao ser questionado, o rapaz disse não se importar com as consequências, pois teria parentes influentes dentro da Polícia que poderiam “livrar a cara” dele. O ano do acidente fatal foi o da promulgação da Lei Seca (n.º 11.705). Há quatro anos, acidentes fatais no trânsito como esse deveriam ter diminuído drasticamente com a lei e garantido mais rigor na fiscalização, porém, as mortes continuam. O Mi-
nistério da Saúde divulgou recentemente que o Brasil registra 18,9 fatalidades no trânsito por grupo de 100 mil habitantes, uma das maiores causas é a ingestão de álcool combinada à direção. Quando se observa as ruas curitibanas nos finais de semana, por exemplo – período de maior incidência de motoristas alcoolizados – a sensação ainda é de impunidade e imprudência ao volante.
Consequências “A certeza da impunidade vai fazer com que a pessoa tenda a se arriscar mais, a fazer coisas que ela até sabe que não são corretas, mas que optam por fazer”, exemplifica a psicóloga
guez. “Não adianta a gente ter uma legislação eficiente, como nós temos, a fiscalização funcionar, se não houver o bom senso da sociedade, que bebida e direção não combinam”, afirma Veiga. “Ele [motorista] tem o papel fundamental de fiscalizar a si mesmo”, diz.
Comunga dessa afirmação, Christiane Yared, presidente do Instituto Paz no Trânsito, que fundou o Instituto após a perda do seu filho, Gilmar Rafael Souza Yared, morto no acidente envolvendo o ex-deputado Carli Filho, em 2009. “A cultura do País é o beber e dirigir que não vai dar nada. O que precisa são três pilares: educação, fiscalização e a punição. É o exemplo.” No Instituto, eles atendem infratores, “na faixa de 98% homens. Mais homens na faixa dos 32 aos 45 anos. São os que bebem e acham que podem dirigir”, diz a presidente. “Mas tem aumentado a incidência entre as mulheres”, aponta o Tenente Ismael Veiga, do BPTran.
Outro fator é a falta de equipamentos para o BPTran trabalhar, segundo Christiane Yared, que estabeleceu uma parceria do Instituto Paz no
Trânsito, o Ministério Público e o Batalhão da Polícia. “O Instituto da Paz comprou máquinas fotográficas e lanternas de led. Agora estamos providenciando os coletes refletivos e os etilômetros, que são os bafômetros”, conta Christiane. “Nós não temos dificuldades com equipamentos. Nós temos 26 etilômetros por dia. Essa questão de equipamentos não nos preocupa”, responde o tenente. (“Mudanças na legislação”, continue lendo abaixo.)
Fiscalização De acordo com o Batalhão de Polícia de Trânsito de Curitiba (BPTran), foram realizadas cerca de 210 operações de fiscalização nos últimos três meses. Nestas blitz, foram abordados em torno de 10 mil condutores e 82 motoristas foram presos por embria-
Campanha A partir deste mês, o Instituto Paz no Trânsito vai lançar uma campanha de conscientização no trânsito direcionada aos jovens e adolescentes. Chamada “Curta a vida”, a ação que vai até o fim do ano terá palestras, mesas-redondas, fóruns, teatro, orientação nas escolas e empresas de Curitiba. “Queremos que a população entenda que o trânsito não é só na semana do trânsito”, afirma Christiane Yared, presidente do Instituto. Mais informações: www.iptran.org.br
Banco de imagens
Banco de imagens
especialista em trânsito, Adriane Picchetto Machado. Para as vítimas, sobra a dor, os prejuízos financeiros e o medo de acontecer com outras pessoas. “A gente tem uma sociedade que é muito permissiva. O trânsito é fruto dessa sociedade”, completa Adriane.
Mudanças na legislação Projeto do novo Código Penal prevê, entre outras mudanças, alteração no conceito e penas diferentes para crimes de homicídios, incluindo os do trânsito
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Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br
lém da possível falta de equipamentos e de fiscalização não confirmadas pelo BPTran, a pouca consciência de muitos motoristas e a sensação coletiva de impunidade pela má aplicação da Lei Seca, há outro fator que deve vir à tona em breve. É a possível alteração no Código Penal brasileiro para o ano que vem. Essa
mudança poderá alterar a forma com que os crimes de homicídios no trânsito são encarados pela Justiça. A mudança está contida no anteprojeto do novo Código Penal entregue pelas mãos do ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao Senado Federal no final de junho. No documento, que foi elaborado por um grupo de juristas do País, contém certo esvaziamento do conceito de REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 27
Bebel Ritzmann
cidades te tem diante do resultado a partir de dados objetivos e isso é muito difícil fazer”, diz Adriano Bretas, criminalista, vice-presidente do Grupo Brasileiro da Associação Internacional de Direito Penal (AIDP-Brasil). Essa diferenciação, aliás, é considerada um dos maiores debates do Direito Penal. Mas se a distinção do conceito entre dolo eventual e culpa consciente é tênue, no processo, as consequências são bem distintas, incluindo penas diferentes. Dolo eventual está no artigo 121, §2º, do Código Penal e a culpa consciente consta no artigo 302, do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Para alguns juristas ouvidos pela reportagem, a inclusão da culpa gravíssima será um avanço para a legislação. “É uma figura intermediária entre o dolo e a culpa, onde aumenta-se a pena, mas ele [acusado] não vai a júri popular. [A mudança] é para ser mais drástica. A culpa gravíssima é uma culpa qualificada, aumentou a pena”, diz Dipp. De acordo com o criminalista Aury Lopes Júnior, o novo Código vem corrigir essa distorção
dolo eventual, permanecendo o dolo direto (quando o agente tem vontade e consciência do crime) e incluirá a culpa gravíssima, uma categoria com pena maior à culpa consciente que também continuará valendo para crimes em que não houve a intenção de matar. “Hoje a Lei [Seca] não tem mais nenhum valor, porque ninguém mais se submete ao bafômetro e ninguém precisa produzir prova contra si mesmo”, afirma o ministro Dipp. “Caso aprovado sem veto os artigos 18, I; artigo 20; artigo 121, parágrafos 5º e 6º (que ferem conceitos clássicos), processos criminais como este [...] serão revistos e considerados meramente culposos, sem julgamento pelo júri e sem pena com regime fechado, em caso de condenação. Mesmo aqueles já julgados definitivamente. Enfim, a repercussão é de tal modo que me permito chamar essa mudança 28 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
pretendida de ‘Emenda Carli Filho’”, diz o documento que a Revista MÊS teve acesso referente às considerações do advogado Elias Mattar Assad, sobre as consequências na causa que advoga contra o ex-deputado citado. “É uma vergonha, gente”, diz Christiane, mãe da vítima no processo.
A possível alteração no Código Penal brasileiro pode mudar a forma com que os homicídios no trânsito são encarados pela Justiça “A simples equação ‘bebida + direção’ não é suficiente para configurar nem o dolo eventual, nem a culpa consciente, porque a diferença é subjetiva. É preciso verificar a postura intelectual e emocional que o agen-
“Isso é sintoma de um problema que a gente já vem enfrentando há muito tempo. Tem duas categorias: crime doloso e o crime culposo. O grande problema é que o acidente de trânsito por essência é algo que você não quer, ele é um acidente. Portanto, é da natureza do acidente de trânsito ser culposo. Só que a pena do crime culposo era tida como muito baixa. O que se fez? Fez uma alquimia, que é transformar o que era culposo na essência em doloso, porque no fundo você queria era a pena do crime doloso [que é maior]”, defende Aury Lopes Júnior, advogado criminalista, doutor em Processo Penal. Para ele, o novo Código vem de certa forma corrigir essa distorção. O projeto passará por ampla discussão no Senado e irá para votação na Câmara Federal antes de seguir para sanção da presidente Dilma Rousseff, o que se estima ocorrer com otimismo em 2013.
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economia
Negócio bom de garfo O número de empreendimentos gastronômicos, que cresce de 5 a 7% ao ano, atrai cada vez mais investidores; veja exemplo de empresários e dicas de como montar
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Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br
om um crescimento de 5 a 7% ao ano, segundo a Abrasel-PR, o mercado de gastronomia está em franca expansão e, com isso, tem atraído os olhos apetitosos de novos empresários. No Brasil, são aproximadamente um milhão de estabelecimentos, que geram seis milhões de empregos. Cerca de 50 mil empresas e a geração de 300 mil empregos é o cenário no Paraná. Já em Curitiba e Região Metropolitana, o número de empreendimentos que oferecem alimentação fora do lar chega a 18 mil. “Cada vez mais as pessoas estão comendo fora de casa. Tempo, custo e comodidade, esses três fatores são fundamentais para a decisão da sociedade comer mais
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fora de casa”, diz o diretor-executivo da Abrasel-PR, Luciano Bartolomeu. Apesar de o ramo gastronômico ser o projeto de vida de muitas pessoas, o trabalho é pesado e os lucros não são dos melhores, de 5 a 15% é a margem de lucro entre as empresas viáveis, aponta Bartolomeu. “[As pessoas têm] o sonho de ter um bar, de ter um restaurante, mas acabam esquecendo que têm de abrir todos os dias, véspera de feriado, de final de semana [...] Acaba sendo uma prisão de porta aberta.” A Food Service Company é uma empresa especializada em colocar ordem e prestar assessoria para os empreendimentos em gastronomia e arquitetura. Para o diretor Adri Vicente Junior, o negócio na área de gastronomia tem muitas especificidades diferentes de outros setores. “É o único negócio que você usa os sentidos de um ser humano com perfeição.” Justamente por essa complexidade, o planejamento é fundamental. “O planejamento para quem quer abrir e
quem está com o seu negócio é fundamental, porque senão a pessoa perde dinheiro”, diz Bartolomeu. Júnior considera que não cumprir as metas iniciais é um dos principais pecados dos empresários. “O pecado que comete é que não mantém o padrão dele”, argumenta. Dentre os erros mais cometidos também estão a falta de cuidado na “gestão, em primeiro lugar; depois serviço, depois alimentação”, afirma o diretor da Abrasel-PR. “Você tendo uma boa gestão, você pode ter oportunidade de arrumar seu serviço e sua gastronomia. Se você vai a um restaurante e a comida é maravilhosa, mas você é mal atendido, não volta nunca mais. Se é muito bem servido e a comida não estava tão boa, você dá mais uma chance.” Há exemplos de empresários intuitivos, empreendimentos bem planejados e outros que precisaram se reestruturar para continuar a sobreviver. São as experiências de alguns empresários, em Curitiba.
Vila Roti
Em funcionamento há pouco mais de um ano, o restaurante Vila Roti é mais do que um desejo dos sócios, é o resultado de um intenso trabalho de planejamento. O restaurante atual foi fruto de um projeto no curso de MBA do administrador de empresas Augusto Costa. Já com a ideia de montar um estabelecimento gastronômico com um amigo chefe, Costa aproveitou o curso e formatou o modelo de negócios. “A gente fez um projeto de uma nhoqueria. Mas todo o projeto de implantação é o mesmo, só mudou a gastronomia, acabamos montando um bistrô [...] Era limitado demais. A gente acha que em um shopping daria muito certo, mas não em um restaurante”, conta. Depois de todo o planejamento e mais oito meses de obras do estabelecimento, os donos
não precisaram mais que dois meses para colocar a casa para funcionar. Alguns detalhes sofreram alterações, como a ideia de fazer uma carta apenas com vinhos brasileiros, o que eles perceberam ser inviável. Para Costa, a sorte é importante, mas o planejamento foi fundamental. “Se você não está preparado para quando a sorte vier, você não consegue fazer.” Com um faturamento bruto de cerca de R$30 mil mensais, apenas com atendimento para jantar de terça a sexta-feira e almoço nos sábados e feriados, para Costa ainda tem muito a se fazer. “A implantação não está terminada. Temos só um ano [de funcionamento]. Para um restaurante, você consegue avaliar realmente depois de 2, 3 anos. Principalmente, no nosso conceito. A estratégia, tudo foi muito bem pensado.”
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Banco de imagens
Augusto Costa, empresário
Bar do Pachá Zico Garcez, empresário O Bar do Pachá é um exemplo de empreendimento que deu certo na prática, sem um planejamento maior. Seu dono, o administrador de empresas Zico Garcez, afirma que a única coisa que tinha era um conceito: fazer um bar com comida de restaurante. Após dois anos de funcionamento, o bar já foi um dos indicados da Veja Curitiba Comer & Beber e indicado pelo Bom Gourmet como melhor petisco da Capital, com o bolinho de arroz. A clientela, que no começo era formada por amigos, hoje é diversa e atende desde jovens até adultos. Com uma média diária de 40 pessoas, nas noites de segunda a sexta-feira e no almoço aos sábados, Garcez consegue ganhar cerca de R$35 mil por mês bruto.
Hoje, o proprietário está satisfeito com o negócio e disse que não pretende ampliar o bar, muito menos abrir outro empreendimento. “Eu faço com prazer, com divertimento. É um relax”. Mas nem sempre foi assim. Garcez já trabalhou como secretário de Justiça do Governo Jaime Lerner, teve uma construtora, transportadora de cavalos de corrida, corretora e um bistrô. Com a atuação em tantos ramos já descobriu que o setor da gastronomia não é tão simples. Em 15 dias decidiu abrir um bistrô francês com mais dois sócios. “A gente faturava R$90 mil por mês [em alguns meses]”, lembra. Mas em sete meses já estava fora do negócio, apesar dos grandes resultados, por conta de problemas com a sociedade.
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economia Kharina Rachid Cury, empresário
Essa necessidade de adaptação surgiu devido à grande concorrência no setor. “Abriu muita coisa na
cidade. Bares, baladas, que antigamente não tinha alimentação. Além disso, a loja já estava com quase 20 anos no mesmo formato. Estava bem desgastada”, explica o dono. No início do próximo ano, a empresa vai abrir uma nova loja no Cabral e remodelar as lojas do Capanema e Água Verde, consecutivamente. Para essa nova mudança foi contratada uma empresa especializada de São Paulo que reformulou o conceito, principalmente, da cozinha. “Antes não tínhamos fogão, era só chapa para fritar hambúrguer. Fizemos uma pesquisa para saber que tipo de prato servir”, conta. A rede tem um faturamento bruto de aproximadamente R$1,2 milhão ao mês. A loja do Batel corresponde a 40% da receita. A projeção é que aumente em 30% as vendas com as modificações.
Roberto Dziura Jr.
Há quase 37 anos no mercado curitibano, a lanchonete Kharina mostra que é possível crescer e se estabilizar no meio da gastronomia. Criada e comandada pelo administrador de empresas Rachid Cury, o negócio começou como um serv-car. “Eu acredito que o Kharina tenha se mantido, porque a gente está sempre em constante renovação. Começou como serv-car, depois atendimento nas mesas, sanduíche no prato, depois saladas, prato executivo para o almoço”, diz Cury. Agora a principal loja, localizada no Batel, foi reestruturada e mudou de conceito. “Mais para o casual-food. [...] Queremos que seja uma extensão do prazer.”
Veja 10 dicas para montar seu empreendimento gastronômico: Custos: procure o melhor ponto para o estabelecimento, com características de aproveitamento arquitetônico. Avaliar um ponto de maior sucesso comercial é importante.
Respeito ao meio ambiente: É fundamental avaliar onde serão dispensados lixos e gases, por exemplo. A construção já pode respeitar pontos de sustentabilidade.
Profissionalização: Todas as etapas da montagem do restaurante devem ser dirigidas por profissionais, mas o proprietário também precisa saber fazer as funções de cada um.
Consciência: É preciso criar um time. Deve-se pensar na qualidade do dia a dia e no respeito pelos trabalhadores.
Dever: É preciso estar atento à legislação vigente, às normas de higiene e segurança alimentar e também às áreas específicas de portadores de necessidades especiais. Investimento: Antes de gastar, o empreendedor precisa calcular o quanto terá de retorno financeiro e em quanto tempo. A partir do lucro pretendido calcula-se o quanto pode ser investido. Economia: Todo planejamento deve ter como diferencial a economia, seja de espaço físico ou de investimento. Construir um negócio com áreas de dupla utilização, evita desperdícios e reduz o custo.
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Diferencial: Ganhar o cliente hoje em dia vai além do bom atendimento. Por isso, preocupar-se com a procedência dos insumos dos pratos, garantindo produtos frescos e de qualidade, cuidar do bom atendimento e suprir as expectativas pretendidas de cada cliente agrega valor. Humanização: Além de atender cordialmente, é necessário humanizar o contato entre funcionários e clientes. A máxima “o cliente em primeiro lugar” deve ser o norte da empresa. Inteligência: Se o negócio entra em uma área nova, em meses terá um concorrente. É importante pensar no produto ofertado tendo como parâmetro sua concorrência e sempre aprimorar o cardápio para que não fique defasado em relação ao mercado.
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agropecuária
Dário planta desde 1972 em Palotina e começou seu negócio por meio do crédito rural
Mais dinheiro para o campo Governo irá disponibilizar R$ 115,2 bilhões em crédito para a agricultura empresarial, deste valor, 20% será destinado ao Paraná Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br
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ário José Wustro é agricultor em Palotina (PR). Desde a década de 70, planta soja e milho, no verão, e trigo e aveia, na safra de inverno. Hoje, possui uma grande propriedade (mais de 100 alqueires de terra). Já no início de sua vida no campo, viu no crédito rural uma oportunidade de impulsionar os seus negócios. “Na época, não tínhamos dinheiro para começar e o custeio ajudou e ainda ajuda no investimento de máquinas e insumos agrícolas”, relem-
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bra Wustro. Para ele, o aumento de crédito é bom para os produtores e toda a economia brasileira. Wustro se refere ao maior volume de crédito rural de todos os tempos, anunciado pelo Governo Federal para a próxima safra. O Plano Safra 2012/2013 irá disponibilizar aos produtores e suas cooperativas R$115,2 bilhões em crédito para custeio, comercialização e investimentos da agricultura empresarial e mais R$18 bilhões para a agricultura familiar. No total, os R$133 bilhões representam o maior volume de crédito já disponibilizado para o setor agropecuá-
rio. São R$10 bilhões a mais que no ano passado. O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) receberá linhas de crédito de R$11,15 bilhões, valor 34% superior ao programado para a safra passada. Segundo estimativa da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), deste montante de R$115 bi, cerca de 20% será destinado ao Paraná. Os bancos que oferecem os créditos para os produtores também já estão preparados para acompanhar este au-
mento. Exemplo é o sistema de cooperativas de crédito Sicredi, que projeta a liberação de R$6,2 bilhões com o Plano Safra 2012/2013 para a sua plataforma nacional de associados. Para o Paraná, está previsto a destinação de R$1,6 bilhão pelo banco.
Segundo o banco Sicredi, deste dinheiro, cerca de R$340 milhões estão reservados para o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural) e R$376 milhões ao Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar).
Período promissor Esse recorde de crédito rural na agropecuária acompanha a economia brasileira que está em crescimento. De acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), este aumento é também resultado de uma antiga reivindicação dos próprios agricultores. “É reflexo de uma reivindicação de todo o setor, que pede juros mais baixos e mais acesso ao crédito”, analisa o Francisco Carlos Simioni, chefe do Departamento de Economia Rural da Seab.
É este custeio que vai garantir ao agricultor a possibilidade dele ter uma boa safra e se capitalizar. “Além do custeio, o produtor vai ter a oportunidade de recursos mais baratos para investimentos na propriedade como máquinas, equipamentos e melhorias da conservação de solo”, ressalta Simioni. Já para Maroan Tohmé, Superintendente de Desenvolvimento do Sicredi, esta questão vai além. Segundo Tohmé, é também uma forma de ir contra a alta da inflação. “É uma preocupação dele [Governo] garantir que não tenha pressão inflacionária muito alta por conta de alimentos”, explica. “A expansão no crédito rural é para proporcionar que os produtores possam continuar plantando ou aumentar uma área plantada para que não haja uma escassez de alimentos. Com isso, ele não tem uma pressão inflacionária.”
Juros Estes diminuíram. No Plano Safra 2012/2013, as linhas de crédito ficaram mais baratas com redução de 6,75% para 5,5%. “Como a taxa de juros dos recursos destinados à agricultura estão relacionados à taxa Selic [taxa básica de juros], e esta tem mostrado uma tendência de queda ao longo dos últimos dez anos, é natural que estes juros sigam essa mesma tendência para o plantio de safra”, explica Simioni. Para os produtores que adotam práticas sustentáveis em seus negócios, os juros podem cair ainda mais.
Divulgação
Claudia Bonatti
Os R$133 bilhões representam o maior volume de crédito de todos os tempos
Já a maior parte, ou seja, R$884 milhões será direcionada aos demais produtores rurais. O Banco do Brasil aplicou R$12,4 bilhões em operações de investimento, 49% acima do volume aplicado na safra anterior.
Para Maron Tohmé, o aumento do crédito rural é uma forma de o governo ir contra a inflação
A agricultura é uma atividade que envolve riscos para o produtor, principalmente, por conta das condições climáticas. Por isso, o Governo também se propôs a melhorar no Plano Safra o seguro aos produtores, por meio do Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária). Assim, o produtor tem garantias nos pagamentos de seus empréstimos. Já para os médios produtores, foi dobrado o valor de cobertura, o que vai permitir a eles um seguro de até R$300 mil por safra. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 35
educação
Brincando com o conteúdo Com a ajuda das novas tecnologias, professores conseguem trabalhar o conteúdo por meio de brincadeiras lúdicas e de aulas mais descontraídas
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Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br
studar é uma atividade que exige disciplina e atenção. Alunos do Ensino Médio e, principalmente, os vestibulandos, precisam ainda mais de dedicação. Afinal, mesmo prestando atenção nas aulas e estudando em casa, guardar todo o conteúdo na memória não é uma tarefa fácil. Nesse momento, as tecnologias e também alguns métodos
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criados em sala de aula podem ajudar o aluno a fixar e lembrar-se de matérias de maneira criativa e divertida. Aprender com o lúdico é importante e necessário dentro de uma sala de aula. “Esses métodos facilitam a fixação do conteúdo e isso é válido enquanto didática. O cursinho é a fase em que o aluno mais aprende na vida porque existe um ambiente de motivação através de bons professores”, explica
o psicopedagogo e vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares (SINEPE/PR), Jacir José Venturi. Hoje, é comum os adolescentes estarem mais conectados às novas tecnologias e à internet. São inúmeros os atrativos que esta ferramenta traz aos estudantes. Foi pensando neste aluno moderno, que a doutora em Educação, Gladyz Mariotto, elaboradora de material didático do Ensino Médio, adequou as matérias à internet. Com a intenção de tornar a rotina de estudos mais atrativa, ela criou o site “Já Entendi”, que oferece vídeo aulas de até cinco minutos com conteúdos escolares apresentados de formas divertidas, dinâmicas e descontraídas. Segundo Gladys, por meio de uma pesquisa feita por ela, percebeu que já existia muitos vídeos na internet com aulas normais, como se fosse em uma
Roberto Dziura Jr.
Dicas para estudantes Na hora de manter uma rotina de estudos sadia, lembre-se de: Durma no mínimo 7 horas por dia. Estudos mostram que fixamos o que aprendemos em nosso cérebro durante o sono REM (sono profundo e de qualidade) Após as aulas normais, revise o conteúdo aprendido em casa ainda no mesmo dia
O professor João Amálio Ribas canta para seus alunos nas aulas de cursinho pré-vestibular
Alimente-se bem e faça exercícios
Roberto Dziura Jr.
Fonte: Jacir José Venturi
sala de aula. “Por isso, criei algo diferente, onde os vídeos são elaborados a partir de mapas mentais e as imagens são em forma de scrapbooks”. Segundo a educadora, pesquisas já mostram que a memória visual do ser humano é muito mais importante que a auditiva, pois capta 70% de tudo que vê. Os temas do site vão dos mais sérios até os descontraídos, com piadas e brincadeiras por meio do espaço “Nada a Ver”, onde aparecem conteúdos sobre moda, show e beleza.
Música para o cérebro Uma aula no Ensino Médio dura, em média, 50 minutos. São cerca de seis aulas por dia. Além disso, os alunos enfrentam outras aulas de revisão e reforço. Para gravar todo esse conteúdo, alguns colégios e professores criam seus próprios métodos para ajudar os alunos na hora de reforçar a matéria. O professor João Amálio Ribas leciona a disciplina de Literatura no Acesso, cursinho pré-vestibular de Curitiba. Há dez anos, ele usa a música como sua aliada no ensino. Frequentemente cria paródias de canções conhecidas com os conteúdos lecionados em sala de aula. “Houve uma mudança na recepção e na interação dos alunos”, avalia. Geralmente, cada
aula em que um novo conteúdo é apresentado, nos cinco minutos finais da aula, é cantada uma paródia com a matéria do dia. E para compor as letras, há toda uma preocupação do professor em dosar diversão com aprendizado. “Tenho uma paródia para cada conteúdo. Em cada verso, em cada palavra, o aluno canta conteúdo e informações importantes. As letras são compostas para se assemelharem sonoramente às letras originais, o que ajuda o aluno na memorização e identificação imediata com a música”, explica Ribas.
“Esses métodos facilitam a fixação do conteúdo e isso é válido enquanto didática”, diz Venturi
O cinema no aprendizado Além da música, o cinema também tem sido um elemento muito utilizado dentro da sala de aula. Neste mesmo cursinho pré-vestibular, a disciplina de História utiliza da mídia cinematográfica para ensinar os alunos. O professor de História, Júlio César, reúne alguns alunos convida-
dos a participar das aulas Cineacesso, uma vez por semana. César mostra, por meio de um telão, cenas de filmes relacionadas aos assuntos que ministra em sala de aula. “Primeiro eu dou uma explanação geral sobre o tema e contextualizo o aluno. Depois, mostro trechos de filme e faço as comparações com o que é acerto no filme e o que não é”, explica César, que também ressalta a importância dos debates gerados neste encontro. “Não fica somente um monólogo do professor. Os alunos debatem também. E isso os ajuda tanto na disciplina de História como também na redação”. Os alunos gostam muito dessas formas de aprendizado. Audry Espinosa Gonçalves, vestibulanda, acredita que essas técnicas ajudam na hora de fixar e lembrar o conteúdo. “Tanto a música, como os filmes nos ajudam a assimilar melhor a matéria. Já teve provas em que me lembrei das músicas e que me ajudaram a lembrar de todo o resto do conteúdo”, revela. Jacqueline Wahbeh, colega de classe de Audry, também avalia o método como muito produtivo para os alunos. “A gente discute os filmes, debate sobre o conteúdo e aprende a ter até mesmo um olhar diferenciado e crítico”, diz. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 37
saúde
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Prevenir está em suas mãos Não deixe de se prevenir contra a gripe A; mais vacinas chegam ao PR, informe-se para se imunizar também
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Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br
gripe e as síndromes respiratórias entraram no mês passado para o rol de doenças mais importantes do Paraná, segundo a Comissão Estadual de Infectologia. Neste inverno, diferentemente do ano passado, as gripes vieram com mais força ao que tudo indica pelo aumento do número de casos. A gripe H1N1 ainda preocupa a população paranaense e deixou as autoridades em alerta, principalmente, em Curitiba, nos primeiros meses de frio deste ano. Um dos motivos apontados para a nova epidemia é o descuido da prevenção. Em 2009, quando surgiram os primeiros casos reconhecidos do vírus da gripe A (H1N1), era fácil ver nos locais públicos o álcool em gel (70%) para higienizar as mãos, as pessoas adquiriam e estavam sempre utilizando. Era comum também ver as janelas abertas, mesmo no frio, em ambientes como ônibus, nas salas de aula e no trabalho para evitar a contaminação de um vírus, que até então era desconhecido e temido.
Fotos: Banco de imagens
unhas, extremidades dos dedos
Este ano, já se sabe como tratar e a imunização tem sido eficiente. Foi grande o número de vacinas aplicadas em grupos considerados de maior risco e até mesmo foi estendido para outras pessoas, atingindo mais de 2,2 milhões de paranaenses. No final do mês passado, o Ministério da Saúde divulgou o envio de mais 400 mil doses para imunizar o Paraná, o que aumentaria ainda mais a porção de prevenção. “Se tiver a oportunidade de vacinar, a recomendação é que faça a
articulações e dorso das mãos Palma
punhos
espaço entre os dedos
polegar vacinação”, comenta Bernardo Montesanti Machado de Almeida, médico residente de infectologia do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele explica que a vacina precisa de um prazo mínimo de 10 a 15 dias para criar a imunidade aos vírus Influenza A (H1N1), Influenza A (H3N2) e Influenza B. O efeito é por um ano. Por isso, se ainda não tomou a vacina ou se tomou e está neste período em que ela não fez efeito no organismo e apresentar sintomas da gripe, vá ao médico. Para identificar, a gripe é marcada por: quadro clínico súbito, febre alta, dor de garganta, tosse, falta de ar e vias aéreas trancadas. A medicação receitada para todos os casos é o Oseltamivir, conhecido como Tamiflu. O medicamento não pode ser encontrado nas redes de farmácias, somente nos postos de saúde e
em hospitais. “A gripe pode ser causada por vários tipos de vírus. O fato de ser H1N1, a manifestação não vai ser diferente de outros vírus e o tratamento é o mesmo. É para fins epidemiológicos [a identificação]. Para saber qual é o vírus que mais está circulando na comunidade”, explica a médica Célia Ines Burgart do HC. Caso necessite tomar o remédio, o médico irá orientar onde conseguir, mediante apresentação de receita médica. Mas é sempre melhor se prevenir do que tomar o remédio. Por isso, as dicas básicas mesmo quando passar o frio são: abrir as janelas nos ambientes, deixar bem arejado, evitar o contato de pessoas que estejam doentes, manter o ambiente sempre limpo, não colocar a boca nos bebedouros, ao tossir, tapar a boca no braço e não colocar a mão na frente. Com esses tipos de medidas também é possível evitar outras doenças, como meningite e diarreia. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 39
tecnologia
De dentro dos hospitais O desenvolvimento de tecnologias locais tem ajudado médicos e pacientes, além de contribuir com a inovação na área da Saúde do PR
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Iris Alessi iris.alessi@revistames.com.br
uso de um dispositivo criado especialmente para jogos de videogame parecia um tanto quanto inusitado em um hospital. Apesar de algumas áreas usarem jogos e ferramentas do mundo dos games para reabilitação, a presença de um dispositivo desse numa sala cirúrgica parecia distante. Até que no Hospital Evangélico de Londrina, a equipe do Departamento de Tecnologia da Informação, depois de uma solicitação de um médico, desenvolveu um software que possibilitou aos médicos trocarem o negatoscópio – aquela caixa de luz para ver filmes – por uma televisão e um Kinect. O “Intera – Centro Cirúrgico” possibilita aos médicos consultarem
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os exames na sala cirúrgica sem a necessidade de tocarem em nenhum material e também sem precisar se aproximar para ver os exames, utilizando apenas o movimento do corpo para ampliar ou trocar uma imagem na tela. A ideia surgiu por uma necessidade do neurocirurgião e diretor do Hospital, Luiz Soares Koury. A primeira ideia foi o uso de um computador, depois surgiu a possibilidade de um tablet. “Aí a gente acabou num brainstorm, o pessoal sempre antenado com as coisas, e surgiu a possibilidade de usar o sensor de movimentos”, explica o gerente do Departamento de Tecnologia da Informação do Hospital, Cezar Martinelli. “Hoje nós temos um sistema que o cirurgião ao chegar à sala cirúrgica habilita o movimento no Kinect e a par-
tir daí, ele mesmo, com o movimento de mão, sem tocar em nada, troca as imagens, escolhe qual imagem, de qual exame ele quer ver, amplia essa imagem, descarta se não precisar mais dela e chama outra. Então, hoje é mais versátil”, enfatiza Koury. Martinelli explica que os médicos chegam com o material em pen-drive ou em discos como CDs e DVDs e o programa já recebe as informações e disponibiliza na TV. Os médicos têm aprendido facilmente o uso da ferramenta.
Infecção hospitalar Outro fator importante é a diminuição de uma possível infecção hospitalar. “A gente focou nessa parte de infecção hospitalar, mas eu estou vendo que vários outros benefícios estão surgindo”, completa Martinelli.
Já no Hospital Erasto Gaertner foi desenvolvido um cateter e um imobilizador chamado “Imobeg” para ser utilizado em cirurgias. O Hospital incentiva o desenvolvimento da inovação e da tecnologia dentro do próprio Hospital, no Instituto de Bioengenharia Erasto Gaertner (Ibeg) (veja foto principal). O cateter foi produzido localmente há mais de 25 anos, apesar de já existirem outras versões fora do Brasil, conta Giovanni Targa, médico oncologista do Hospital. Em 2004, o ca-
Além do cateter, o “Imobeg” também é um produto desenvolvido em Curitiba. Serve para imobilizar os pacientes durante uma cirurgia, radioterapia, ressonância entre outros tratamentos que precisem desse mecanismo. É fabricado em vinil e possui uma espécie de fechamento a vácuo. Os dois produtos são vendidos no mercado brasileiro e o lucro é revertido para o Hospital. Para a administradora do Ibeg, Andréa Victor, a saúde é um campo vasto a ser explorado pela tecnologia. “Empresas de tecnologia que focarem na área de saúde, com certeza, vão trazer inovações fantásticas.”
O Intera funciona com o movimento das mãos e do corpo possibilitando que o médico acesse exames na sala cirúrgica sem precisar tocar em nada. Utiliza uma televisão de 51 polegadas, um minicomputador e um sensor de movimento de videogame
CATETER O cateter é colocado embaixo da pele, próximo ao coração. É por ele que é feita a medicação da quimioterapia. Como fica numa veia de grande fluxo sanguíneo é possível introduzir quaisquer medicamentos sem causar danos às veias
Design e tecnologia para mais acessibilidade Exemplo que vem de fora dos hospitais. Foi no curso de Design de Produtos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) que os alunos Lucas Armstrong e César Zardo elaboraram o projeto de um carro adaptado e uma cadeira de rodas acoplada para melhorar a vida das pessoas portadoras de deficiência. O design inovador apresentado por Armstrong e Zardo já recebeu o Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio. Para chegar ao modelo final, os dois contaram com ajuda da Associação de Deficientes Físicos do Paraná (ADFP) e também sentiram na pele o que os cadeirantes vivem todos os dias.
“A gente viu que é bem complicado. E uma coisa que a gente percebeu e que até falaram pra a gente é que você só vai conseguir progredir quando aceitar que está numa cadeira de rodas. E essa frase ajudou muito a gente em nosso projeto”, recorda Zardo. “São dois produtos que a gente desenvolveu: uma cadeira que é totalmente diferente do modelo tradicional” e um carro onde essa cadeira se acopla podendo atingir até uma velocidade de 60km/h, explica Armstrong. Um dos maiores benefícios que este projeto traria seria a independência para os cadeirantes. O plano agora é desenvolver um protótipo junto com parceiros para tornar o projeto uma realidade.
CADEIRA A cadeira e o carro projetados pelos alunos da UFPR possibilitam mais independência aos cadeirantes. Ainda sem protótipo, a cadeira elétrica tem um joystick por onde são dadas as coordenadas, sem a necessidade do uso das duas mãos. O mesmo joystick dirigiria o carro adaptado Roberto Dziura Jr.
Comunicação Aebel
Outros produtos
Este produto é usado, principalmente, no tratamento de pacientes com câncer, pois garante a eles que o medicamento seja introduzido pelo dispositivo e não por uma veia. Isso faz com que as veias não sequem devido ao medicamento.
INTERA
Comunicação Aebel
A maioria das tecnologias desenvolvidas nos hospitais surge pela necessidade médica
teter paranaense passou por uma remodelação e começou a ser fabricado em titânio, o que garantia mais qualidade, sem a necessidade de importar o material.
Roberto Dziura Jr.
Entre os benefícios elencados por ele está a precisão da cirurgia, como salienta Koury. “Melhora a segurança para o paciente, principalmente, porque o fato de o médico operar um paciente com os exames de imagem na sala é um fator de segurança.”
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meio ambiente
Cresce número de empregos verdes No Brasil, existem 2,6 milhões destes postos de trabalho; mas, no mundo, estima-se que aumente entre 15 e 60 milhões nos próximos 20 anos Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br
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tualmente, o desenvolvimento sustentável tem sido uma questão entre as mais discutidas na sociedade, seja no âmbito econômico, do mercado de trabalho ou da sociedade civil. O grande desafio apresentado às empresas é caminhar para uma economia mais verde. Uma alternativa é incentivar e movimentar os “green jobs”, que estão sendo cada vez mais importantes neste cenário.
A tradução em português para green job se resume a “emprego verde”, mas seu conceito é bastante extenso e amplo. Segundo o estudo global, “Empregos verdes: rumo ao trabalho decente em um mundo sustentável, com baixas emissões de carbono”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), os empregos verdes são “postos de trabalho nos setores da agricultura, indústria, construção civil, instalação e manutenção, bem como em atividades científicas, técnicas, administrativas e de serviços que contribuem substancialmente para a preservação ou restauração da qualidade ambiental”. O potencial da economia verde em gerar empregos com essa proposta é grande. Estima-se que entre 15 e 60 42 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
A paranaense Terezinha Vareschi vive numa área preservada de 36.000 m²
Exemplo
O potencial da economia verde em gerar empregos com esse cunho é grande
Empregos verdes no Brasil Inseridos em empresas públicas e privadas ou de forma autônoma, os empregos verdes incluem aqueles, que direta ou indiretamente, ajudam a proteger e restaurar ecossistemas e a biodiversidade, ajudam a reduzir o consumo de energia, materiais e água, minimizam ou evitam por completo a geração de resíduos e a poluição. Ou seja, é o trabalho que não prejudica ou tem como resultado final a preservação do meio ambiente.
Roberto Dziura Jr.
Segundo relatório da OIT, no Brasil, já existem 2,6 milhões de empregos verdes. Com a preocupação em tornar a economia atual mais sustentável, a tendência é de aumento desses postos de trabalho no País. “Hoje estamos discutindo emprego verde em uma atividade muito mais ampla. Eles se aplicam a todas as carreiras. Precisamos ter conscientização que hoje trabalhamos para uma economia verde, que exige de nós um repensar da nossa atuação profissional”, explica a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Leyla Nascimento. Seja um médico, um engenheiro, um nutricionista, qualquer que seja a carreira: esse repensar diz respeito às ações voltadas para ajudar no desenvolvimento sustentável. Um engenheiro civil, por exemplo, pode estimular a utilização de produtos com a certifica-
Empregos verdes estão com tudo!
fins lucrativos que atualmente congrega 44 empresas da cadeia produtiva de base florestal. As empresas da Associação, por exemplo, têm como uma das diretrizes ter a cada 100 hectares de floresta plantada, 80 reservados para floresta conservada.
A paranaense Terezinha Vareschi, formada em Letras, buscou um novo sentido de vida há pelo menos 30 anos. Após dar aula por muito tempo, resolveu mudar totalmente seu estilo de vida e, hoje, trabalha com sustentabilidade. Ela vive em 36.000 m² de área nativa bem conservada em plena Capital paranaense. É neste lugar que realiza diversas atividades para a comunidade e, como autônoma, consegue aliar sua vida profissional à sustentabilidade.
Segundo o engenheiro florestal e diretor-executivo da Apre, Carlos José Mendes, as empresas estão cada vez mais procurando pessoas que “pensem verde”. “Independentemente do cargo que ocupam, as empresas estão contratando mais pessoas especializadas na questão da sustentabilidade. Elas não nasceram assim, mas com o tempo, foram tendo uma visão diferente e sendo treinadas dentro das empresas para essa questão”, avalia Mendes.
As atividades da Airumã, nome de sua Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM), atuam nas vertentes da Ecoeducação, Ecoterapia e Ecoarte. “Hoje, eu busco outros recursos para incentivar e fazer parcerias, de forma que essas atividades e outras sejam implementadas aqui”, revela Terezinha.
Governos e a economia verde Além das empresas privadas, a questão da economia verde tem sido sustentada também pelos governos. O Brasil é um país com grande potencial para a economia verde e a criação de políticas públicas tem grande interferência neste processo. Um exemplo disso é o Programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, que é baseado em alguns critérios que exigem tecnologias limpas. Este programa gera diversos cargos verdes.
ção de preservação do meio ambiente, o uso de madeiras que não sejam derrubadas, entre outros exemplos. No Paraná, diversas empresas estão atentas a essa questão. A Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre) é uma entidade sem Divulgação
milhões de novos empregos possam ser criados em todo o mundo nas próximas duas décadas e possam tirar dezenas de milhões de trabalhadores da pobreza, de acordo com outro recente relatório produzido pela “Iniciativa Empregos Verdes”, da OIT.
“O emprego verde se aplica a todas as carreiras”, diz Leyla Nascimento
Os empregos verdes foram bastante discutidos também na Rio+20, que ocorreu em junho deste ano. Nos debates apresentados, a preocupação da Organização das Nações Unidas (ONU) é que cada país implante as carreiras verdes dentro de políticas normatizadas, plano de carreira reconhecido e que as ocupações sejam também nomeadas com esses novos atributos. “Outra discussão na Rio+20 foi ligada aos jovens: quais são as profissões do futuro? O que estes jovens podem esperar com a economia verde?”, lembra Leyla, que participou do evento como porta-voz da ABRH, à convite da ONU. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 43
comportamento
Em Curitiba, 33 mil pessoas são da Assembleia de Deus
Igreja Católica perdeu 28,5% de fiéis em todo o Brasil
Nova face religiosa do Brasil Número de católicos cai no País, enquanto o de evangélicos e das demais religiões cresce; pessoas que dizem não ter religião somam 8% da população
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Iris Alessi iris.alessi@revistames.com.br
s mudanças no perfil da população são apresentadas com números do último Censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A mais recente divulgação do instituto mostrou uma mudança religiosa no País. Nos últimos 30 anos, o número de evangélicos passou de 6,6% da população para 22,2% em
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2010. Já o número de católicos caiu de 93,1% da população para 64,6%. “Esta é uma mudança que já era, de certo modo, esperada, pois estamos passando por uma mudança de época, estamos num outro tempo, em que a religião ganhou novas roupagens e apresenta novas configurações e perspectivas”, avalia Cesar Kuzma, doutor em Teologia, professor e coordenador do curso de Teologia da PUC-PR. Para o pós-doutor em Sociologia das Religiões, Jorge Claudio Ribeiro, essas mudanças ainda estão sendo observadas e são objetos de estudo de especialistas. “Nesse campo, o que eu tenho visto é que o catolicismo deixou de atrair as mulheres que são as grandes aliadas de todas as outras religiões.”
Os números do IBGE mostram realmente que os homens são maioria entre os católicos numa diferença de proporção de pouco menos de 2% (65,5% homens e 63,8% mulheres). Além de católicos, os homens são maioria quando declaram não ter religião: 9,7% contra 6,4% das mulheres. Em todos os outros grupos, segundo o IBGE, as mulheres são maioria.
Novas gerações A juventude também tem um papel importante nessa mudança de perfil. Entre os evangélicos, as crianças e os adolescentes apresentaram os maiores percentuais: 25,8% entre crianças de 5 a 9 anos de idade e 25,4% dos 10 aos 14 anos. “O jovem é aquele ser lei-
Roberto Dziura Jr.
go por excelência. Ele ainda não tem idade para assumir nenhum papel, ele está em preparação”, opina Ribeiro. Ribeiro salienta ainda que o catolicismo – religião que teve a mudança mais significativa – envelheceu em relação à aderência de seus fiéis. “Quando a religião é muito majoritária, ela se torna uma espécie de ‘ambiente natural’. Então, as pessoas nascem naquela circunstância”, afirma. No entanto, conforme a pessoa vai se desenvolvendo nesse “ambiente natural” não é capaz de responder a algumas questões que acabam destoando do que é praticado pela sociedade.
Roberto Dziura Jr.
Regiões As disparidades entre as religiões não estão apenas nas faixas etárias e no gênero das pessoas, mas também evidenciam características regionais. No Paraná, por exemplo, o número de católicos é maior que a média nacional, chegando a 70,3% da população. No entanto, em Curitiba, a proporção fica
brasil
abaixo da média. O estado do Rio de Janeiro tem o menor número de católicos (46%) e o maior número de pessoas que declararam não ter nenhuma religião (16%). Já Rondônia apresenta maior porcentagem de evangélicos
O número de evangélicos passou de 6,6% em 1980 para 22,2% em 2010 (34%). “O motivo de um Estado ter um maior número de católicos e não ter em outro estado não está relacionado aos aspectos socioculturais, mas está relacionado ao histórico de cada região”, explica o filosofo, teólogo e professor do programa de Mestrado em Desenvolvimento e Organizações da FAE Centro Universitário, Osmar Ponchirolli.
Brasil Ano de 1980
Católicos 89,9% Evangélicos 6,6% Sem religião 1,9% Demais religiões 1,6% Ano de 2010
Para Ponchirolli, o Paraná mantém o grande número de católicos por sua origem de imigrantes europeus
Católicos 64,6% Evangélicos 22,2% Sem religião 8,0%
Demais religiões 5,2%
Ponchirolli avalia que o caso do Paraná é curioso devido à vinda de imigrantes europeus. Para ele, este é um aspecto significativo principalmente se for levado em conta que estes imigrantes saíram de países predominantemente católicos. “Sem dúvida, a manutenção da tradição é algo notório em várias cidades do Estado do Paraná”, completa. Ribeiro considera que as grandes capitais, por serem metrópoles, são mais abertas. Essa é a mesma visão de Pon-
chirolli. “Curitiba é uma cidade que comporta não só católicos, como várias denominações religiosas. Fenômeno presente em várias capitais do Brasil e do mundo”, completa. Mesmo assim, a média de pessoas sem religião ainda é menor que a média nacional: 6,8%, enquanto no Brasil o número subiu para 8%. “Tratam-se de pessoas que acreditam em Deus, que têm uma fé, mas que optaram por viver esta fé a seu modo, na sua vida e história, sem vínculo com uma instituição religiosa. Acredita-se que fazendo isso se tem mais liberdade no modo de crer e nos compromissos que impõe este crer”, observa Kuzma. “A urbanização, a escolaridade, a renda maior são fatores que intervêm na condição da pessoa sem religião”, afirma o pós-doutor. Isso faz parte de uma cultura que valoriza a escolha.
Mudança de religião Já os motivos que levam a mudança de religião são os mais variados possíveis. “Insatisfação com o líder religioso. Às vezes, é uma questão de antipatia contra testemunho por parte dos líderes religiosos, baixo nível intelectual por parte dos líderes, falta de motivação, o discurso distante da realidade da vida dos fiéis, a falta de preparação intelectual das pessoas que se deixam levar por oportunismos”, são alguns dos motivos levantados por Ponchirolli. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 45
comportamento
Alcedino Meireles de Lima Júnior é engenheiro de software. Mantém currículo atualizado
Tecnologia na liderança Pesquisa revela que os engenheiros de software têm a melhor profissão do mundo, conheça esse mercado e algumas dicas para ter sucesso na carreira Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br
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ual seria a profissão dos seus sonhos? Aquela que exige menor esforço físico, a que viaja mais ou a que o esforço mental é necessário? Depende do talento e vocação de cada um. Mas nos Estados Unidos, uma pesquisa revela que a área de tecnologia abriga as profissões mais promissoras da atualidade.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo site americano de empregos CareerCast.com, entre as 200 melhores e piores profissões em 2012, os engenheiros de software lideram o ranking como a profissão 46 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
mais promissora do mercado (veja Box). O profissional engenheiro de software é o termo que passou a ser usado como sinônimo do graduado em Ciência da Computação. Para elaborar o ranking com as 200 profissões, foram levados em consideração fatores como demanda física, ambiente de trabalho, salário, estresse e contratação. Depois dos engenheiros, estão as profissões de atuário (um profissional que trabalha para mensurar e administrar riscos), gerente de recursos humanos, dentista e planejador financeiro, ocupando as cinco primeiras posições do ranking. Entre as piores elencadas estão: jornalista (de jornal impresso), trabalhador em pla-
taforma de petróleo, soldado alistado, produtor de leite e lenhador.
Mercado de trabalho No Brasil, a área tecnológica tem crescido apesar de ser um fenômeno recente, se comparada a outros países. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o mercado de TI cresceu 61% nos últimos três anos. Ano passado, o setor representou 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Com este crescimento, aumenta-se a demanda de profissionais na área, que sejam altamente qualificados. “Um exemplo é o nosso cotidiano com os bancos. Hoje, todas as movimentações são feitas pela internet ou autoatendimento. E são estes profissionais que criam um sistema confiável e robusto para que 200 milhões de habitan-
tes brasileiros usem”, avalia o diretor de Recursos Humanos, Cristian Kim.
Roberto Dziura Jr.
Já para Cecília Lerco, gerente de RH da Opus Software, empresa de TI brasileira que está entre as melhores empresas para se trabalhar, de acordo com o Great Place to Work, a formação deste profissional é essencial. “A gente vê muitos profissionais também que possuem experiência, mas não formação. A formação é essencial para a contratação para que ele venha também com um preparo teórico”, explica. “Este mercado está aquecido para contratações, principalmente, de pessoas que se formaram em boas faculdades.” Em Curitiba, por exemplo, são poucas as faculdades que formam este tipo de profissional. Geralmente, as empresas que disponibilizam estas vagas fecham convênios com essas universidades e os estudantes, em geral, quando se formam são logo efetivados.
Profissional de tecnologia Quem trabalha nesta área não tem ou tem muito pouco do que reclamar, se comparado a outras profissões. Hoje, as empresas de TI têm diversos tipos de profissionais atuando e em diferentes faixas etárias. A única coisa em comum é a formação continuada. Além da faculdade, esses profissio-
Diego Pisante
Para Kim, outro fator que contribui para que profissões como as do engenheiro de software estejam mais requisitadas é a pouca oferta de cursos na área diante da crescente demanda do mercado por estes profissionais já qualificados. Aqueles que estão preparados conseguem boas colocações. “Temos poucos cursos que formam engenheiros de software. São ainda recentes no Brasil. Por isso, as empresas não oferecem apenas um bom salário, mas sim um pacote de benefícios muito atrativo, pois hoje este profissional escolhe onde vai trabalhar”, ressalta.
Para Cristian Kim, o profissional de engenharia de software escolhe onde quer trabalhar
nais possuem especialização e precisam estar sempre se atualizando. Alcedino Meireles de Lima Júnior é um desses. Começou nesta área como técnico, mas depois se formou em Ciências da Computação, especializando-se na área de desenvolvimento de software com MBA em Gestão de Software. “É raríssimo encontrar pessoas que não tenham capacitação nesta área. E para conseguir bons salários e posições, este profissional deve ter em mente que vai passar o resto da vida estudando e se atualizando, senão vai ficar para trás”, revela Júnior. Em relação aos critérios adotados pela pesquisa da CareerCast.com, Júnior acredita que os salários na área de TI são atrativos, mas para ele ainda há uma defasagem em relação ao de outras engenharias. “Um profissional nesta área com 20 anos pode começar ganhando de R$2 mil a R$4 mil. A média do mercado é de R$2 mil a R$7 mil, deixando de fora cargos como gerência em que se ganha mais”, explica. “O esforço físico é praticamente nulo”, diz.
Treinando líderes Marcia Belmiro está entre as 10 maiores trainers de líderes do Brasil. Em suas palestras e treinamentos, ela defende que treinar líderes nas organizações ajuda a aumentar os lucros, a manter uma equipe mais comprometida e melhorar o desempenho da empresa no mercado de trabalho. O mesmo deve ocorrer nas empresas da área de tecnologia, nas quais os profissionais que atuam nesta área ainda precisam melhorar suas relações interpessoais dentro da empresa. “Eu dou curso para muito destes profissionais e são pessoas com grande desenvolvimento técnico, mas dificuldades de relações ainda muito grandes, até mesmo de fazer com que as pessoas compreendam suas ideias e deles entenderem as necessidades de seus clientes”, explica. “Eu trabalho na sensibilização deles para compreenderem o comportamento humano e que tudo que existe de tecnologia, existe para uma pessoa”, ressalta.
Confira as melhores e piores profissões: As cinco melhores
As cinco piores
Engenheiro de Software
Jornalista (de jornal impresso)
Atuário
Trabalhador em plataforma de petróleo
Dentista
Produtor de leite
Gerente de Recursos Humanos Planejador financeiro
Soldado alistado Lenhador
Fonte: Pesquisa CarrerCast.com
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5 perguntas para: Fernando Jaeger
Fernando Jaeger, natural de Guarapuava(PR), quando criança já sonhava em ser astronauta e engenheiro. Este ano, conseguiu chegar bem perto disso: faz estágio em um dos centros tecnológicos mais aclamados do mundo, a NASA (EUA). E está prestes a concluir outro sonho: a graduação em Engenharia Mecânica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 2013. O único paranaense na NASA conta os caminhos para um início de carreira bem sucedido Arieta Arruda arieta.arruda@revistames.com.br
Quando criança sonhava em trabalhar com o quê? Quando eu era criança, eu já sonhei, por exemplo, em trabalhar na NASA. Mas nunca imaginei que fosse possível. E as pessoas diziam: “ah, que bonitinho!” Era uma coisa muito distante. Mas eu sempre imaginei que pelo menos na Engenharia, eu chegaria. Só não imaginei que eu conseguiria chegar até aqui [na NASA]. Como foi realizar esse sonho? Chegar até aqui foi uma mistura de sorte e de trabalho. Foi meio que o resultado de todo o esforço que fiz até chegar à faculdade e durante a faculdade. Entrei lá e sempre me esforcei muito. No ano passado, surgiu uma oportunidade de vir para cá [Estados Unidos], no “Ciências sem Fronteiras”. E, aí com isso, veio um pouco de sorte. Uma cientista da NASA, que é brasileira, Duília de Mello, é professora de uma faculdade aqui em Washington. Ela queria colabo-
rar com o “Ciências sem fronteiras”, trazendo alunos brasileiros. [Hoje] estou no Centro que fica perto de Washington, chamado Greenbelt. Lá é muito grande, tem coisas importantes, como a área de desenvolvimento de tecnologias de foguetes e o desenvolvimento do telescópio Hubble. No dia que eu cheguei, a primeira coisa que teve foi uma palestra com todos os estagiários apresentando a NASA. Uma coisa que eu gostei muito, é que eles incentivam a curiosidade. Cada um trabalha no seu prédio, mas eles falaram assim: “Tire um dia livre, escolha algum dos prédios da NASA, entra lá e pergunta: O que vocês fazem aqui? Qual a importância disso?” Todo mundo é sempre muito disposto a ensinar. Qual o projeto que está envolvido na NASA? Em um projeto chamado: Magnetospheric Multiscale Mission. É um projeto de 04 satélites que serão lançados em 2014. O objetivo é estudar a interação do campo magnético da Terra com o campo magnético do Sol. Essa interação tem vários efeitos, como em telecomunicações, no GPS. Estou mexendo com a parte hidráulica das espaçonaves. Temos passado dias fazendo testes, construindo alguns sistemas hidráulicos e testando para ver se vão funcionar. Já sabe o que pretende fazer quando se formar? E quais as dicas para se destacar ainda na faculdade? Tenho vontade de continuar no Brasil. Estou gostando muito dos Estados Unidos, uma experiência muito boa. Mas a casa da gente é a casa da gente! Pretendo também deixar as portas abertas aqui. Não descarto essa possibilidade, mas a princípio eu gostaria de estar no Brasil. [Dicas], acho im-
Arquivo pessoal
Sonho realizado e futuro promissor
portante se dedicar bastante, mas não só isso. É importante conseguir contatos, saber o que as pessoas estão fazendo, conhecer a história dos outros, com quem já conseguiu alguma coisa e tentar aprender com eles. Não só a matéria em si, mas aprender com os outros. Acho importante manter uma rede. Vejo muita gente conseguindo boas oportunidades assim. Como avalia o mercado de trabalho para a Engenharia? No Brasil, na área de Engenharia, existem várias lacunas de vagas especializadas. Realmente está faltando engenheiro qualificado. Então, vejo que a pessoa que se dedicar em sua própria formação em Engenharia, tem boas chances de conseguir boas vagas. Na minha área de Engenharia Mecânica, por exemplo, está com muita vaga de petróleo, por causa do Pré-sal e existem bons empregos na área de aviação. Engenheiro, apesar de ganhar menos do que o pessoal gostaria, me parece ser uma das profissões mais bem pagas no Brasil. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 49
internacional
Sai Paraguai de cena, entraVenezuela Com o impeachment de Fernando Lugo, o Paraguai foi suspenso das decisões do Mercosul, sugerindo caminho livre para a entrada da Venezuela Arieta Arruda - arieta.arruda@revistames.com.br, com Agência Brasil
N
o final de junho, o presidente Fernando Lugo foi deposto de seu cargo no Paraguai após pouco mais de 30 horas de ter iniciado esse processo no Congresso; o que uns chamaram de golpe de Estado, outros denominaram como legítima possibilidade prevista na Constituição. “No plano doméstico, foi dentro da legislação constitucional. O que o Con-
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gresso alegou é que ele exerceu mal suas funções”, resume Janiffer Zarpelon, professora de Política Internacional do Centro Universitário Uninter. Sob o ponto de vista externo, a professora entende que o que “Lugo estava fazendo era ir contra a maioria da elite política, uma elite de direita e que sempre foi aliada aos grandes empresários, do próprio Estados Unidos e dos grandes latifundiários”. Muitos protestos foram realizados em favor de Lugo, incluindo um em Curitiba. O Ato organizado pelo Comitê Paranaense contra o Golpe no Paraguai foi realizado na Boca Maldita e contou com a distribuição de uma carta-aberta que defende a restituição de Lugo ao cargo.
A carta também foi protocolada na sede do Consulado do Paraguai na Capital paranaense. “O processo de impeachment foi aprovado de forma acelerada, sem qualquer legitimidade popular. Isso deixa claro que se trata de um golpe de Estado”, diz parte do documento. O fato é que com o impeachment de Lugo, os outros países do Mercosul (Argentina, Brasil e Uruguai) decidiram por suspender a participação dos paraguaios nas decisões do bloco econômico. O Comunicado Conjunto dos Presidentes dos Estados Partes do Mercosul, divulgado após a reunião entre as lideranças desses países, apresenta como motivo para essa suspensão o não cumprimento do artigo 7° do Protocolo de Ushuaia, ao qual o Mercosul faz parte e que destaca como sendo
Agência Brasil
Em resposta a isso, Federico Franco, que era vice-presidente e está no lugar de Lugo, já anunciou novas eleições, previstas para abril de 2013. Caso ocorra de forma democrática esse novo processo eleitoral, o Paraguai poderá “resgatar” as condições necessárias para que o país volte a integrar as decisões do Mercosul.
O bloco, sem a participação do Paraguai que era contra, decidiu por incluir a Venezuela no Mercosul Mas aproveitando-se do momento de fragilidade política do Paraguai, já na mesma reunião do dia 29 de junho, em Mendonza, na Argentina, em que definiu pela suspensão do Paraguai, também ficou decidida a aprovação prévia da polêmica entrada da Venezuela no Mercosul que se arrasta por anos. Esse fato causou crise política no Uruguai e pedido de revisão da suspensão do Paraguai para vetar a entrada da Venezuela. O que muitos estudiosos passaram a questionar é a validade da democracia no governo venezuelano. “Será que o presidente Hugo Chávez da Venezuela respeita isso [a democracia]?”, põe em xeque o advogado especialista em Direito Internacional da Andersen Ballão Advocacia, Augusto Dergint. Alguns trabalham sob a condição de que o Mercosul é um bloco econômico e não político, por isso, o quesito “democracia” não entraria na conta. Por outro lado, também se trabalha com a hipótese de que o estado venezuelano seja sim uma democracia. Do ponto de vista de Dergint, a Venezuela de Chávez não apresenta todos
os requisitos de um estado democrático de direito atualmente. Por isso, ele coloca em questionamento: “Se estou afastando o Paraguai porque está violando princípios democráticos, como é que eu estou admitindo a Venezuela? Será que a Venezuela é democrática? É a questão que aqui se coloca. Eu tenho sérias dúvidas a respeito”, complementa. É preciso observar o Direito Internacional neste processo de adesão da Venezuela, diz. O país caribenho pode apresentar uma solução para essa questão, no dia 07 de outubro, quando realizará novas eleições presidenciais. Esse fato pode dar espaço para outro cenário político para a Venezuela. Outra iniciativa para a resolução dessa questão é a pressão dos países que fazem parte do Mercosul para que a Venezuela cumpra ou pelo menos programe a longo prazo o cumprimento dos requisitos democráticos e econômicos para ingressar de fato no bloco. A aprovação do ingresso ocorreu no último dia 31 de julho, em Brasília, com a presença dos presidentes Dilma Rousseff (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela), Cristina Kirchner (Argentina) e José Pepe Mujica (Uruguai). A incorporação na prática só
Alguns fatos importantes 22 de junho inicia o processo de deposição do presidente do Paraguai, Fernando Lugo 29 de junho reunião na Argentina em que foi decidida a suspensão do Paraguai e sinalizou-se a entrada da Venezuela 31 de julho reunião no Brasil que aprovou a entrada da Venezuela no Mercosul 13 de agosto incorporação da Venezuela ao Mercosul
Roberto Dziura Jr.
imprescindível o estabelecimento da democracia para que o Paraguai volte a ser parte integrante do Mercosul.
“Será que o presidente Hugo Chávez da Venezuela respeita isso [a democracia]?”, diz Dergint
ocorrerá juridicamente a partir de meados deste mês, quando todos os prazos tiverem sido cumpridos, segundo as normas do Mercosul.
Ao Brasil O governo brasileiro sinalizou como positiva a entrada da Venezuela, principalmente sob o prisma econômico. O petróleo deve ser a maior causa de interesse da relação comercial com a Venezuela, já que o país detém uma das maiores reservas de petróleo cru do mundo e também se caracteriza como importante parceiro comercial do Brasil, com a compra expressiva de manufaturados. “Eu fico muito contente com o processo. Venezuela é um mercado muito importante, nosso terceiro maior mercado na América Latina. Tem dinheiro advindo do petróleo e estrutura que demanda muito, porque eles não têm indústria. Eles importam muito, então temos possibilidade de crescer muito para lá”, declarou o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, à Agência Brasil. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 51
turismo
Viaje legal e sem estresse Ministério do Turismo lança cartilha com dicas para informar deveres e direitos aos viajantes; conheça as dicas e faça da sua viagem só diversão
Para viajar, basta existir”, já dizia o poeta e escritor português Fernando Pessoa. Nem sempre essa realidade foi possível. Mas com o aumento da renda média do brasileiro e a emergência da nova classe C, o mercado de turismo se fortaleceu e ampliou. “No momento em que novos produtos entram a cada dia na pauta de consumo dos brasileiros, as viagens podem e devem ser incluídas neste rol, potencializando o consumo doméstico e aquecendo a economia”, afirma o relatório Turismo no Brasil 2011/2014, elaborado pelo Ministério do Turismo. Só em relação às viagens domésticas, o crescimento foi de 12,5% de 2005 a 2007, num total de 156 milhões de viagens. O gasto diário chegou a R$58,60; totalizando um montante de R$9,14 bilhões ao ano. “Cada vez mais, a gente tem no turismo pessoas viajando pela primeira vez e concomitantemente a isso a gente tem a situação do mercado aéreo. Muitas vezes, é mais barato [viajar de avião] e as condições de pagamento são mais fáceis. A gente faz um acompanhamento estatístico e de 2010 para cá é a primeira vez que o modal avião superou o modal ônibus para transporte de passa-
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Banco de imagens
“
Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br
geiros”, conta Italo Oliveira Mendes, diretor do Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico do Ministério do Turismo. Com tantos novos turistas entrando no mercado, alguns nem sequer sabem seus deveres e direitos. Por isso, para tentar resolver essa situação, o Ministério do Turismo relançou recentemente a cartilha “Viaje Legal”. “O material foi elaborado com base nas principais dúvidas e reclamações recebidas pelo Ministério”, explica Mendes. Saber dessas informações é essencial para que sua viagem seja mais tranquila e agradável. “A informação é a principal arma do turista. Para ele saber fazer a melhor escolha e saber que
o lugar que está indo atende a expectativa e para não ter aborrecimento, incômodo durante a viagem”. É bom também ficar atento em relação à qualidade do serviço. “Existem, inclusive, parâmetros de qualidade que devem ser observados. Esse exemplo do voo é o mais emblemático: se atrasou mais de duas horas tem de dar alimentação adequada”, exemplifica. Caso o turista não consiga o entendimento com a empresa prestadora do serviço, pode recorrer ao órgão de Defesa do Consumidor. “Toda relação de consumo que o turista não se sentir satisfeito ou lesado com o serviço prestado, ele pode levar a reclamação junto ao Procon”, diz.
O QUE FAZER?
AÉREO
RODOVIÁRIO
MARÍTIMO
Direitos/Deveres No caso de cancelamento, overbooking ou atraso do voo você tem direito a: 1 hora: acesso a telefone ou internet; 2 horas: alimentação adequada ao tempo de espera; 4 horas: acomodação em local adequado (no aeroporto ou ambiente externo, com condições satisfatórias), hospedagem (caso necessário), inclusive o transporte entre o aeroporto e o local da acomodação.
Direitos/Deveres Ao viajar de ônibus, você está automaticamente coberto pelo Seguro Obrigatório Contra Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) e pelo Seguro de Responsabilidade Civil.
Direitos/Deveres Estar com a saúde e a vacinação em dia deve ser prioridade de quem vai embarcar em uma viagem náutica ou fazer um cruzeiro marítimo.
Dicas Procurar entendimento com a companhia aérea. Se se sentir lesado, o turista deve procurar o Procon. Direitos/Deveres Sua bagagem poderá permanecer em condição de extraviada por um período máximo de 30 dias. Após esse período, a empresa aérea deverá lhe indenizar. Dicas É necessário apresentar o comprovante de despacho da bagagem, que é a prova do contrato de transporte; Caso ocorra avaria, dano ou furto preencha ainda na sala de embarque o Registro de Irregularidade de Bagagem (RIB). Em até sete dias após a entrega da bagagem, você também pode encaminhar o protesto à empresa aérea, por qualquer comunicação escrita.
Dicas É aconselhável que você faça um seguro pessoal e de bagagem. Confira com a agência de turismo os vários tipos de seguro disponíveis para cada caso. Direitos/Deveres Dentre as principais reclamações estão o atraso, no caso de transporte regular de passageiro, ou no caso de fretamento, em relação à qualidade do veículo. Dicas Sempre guardar o bilhete da passagem e também o tíquete da bagagem, porque isso é o comprovante de prestação de serviço que ele tem, para pedir indenização em algum caso. Com relação aos veículos, o passageiro pode consultar o cadastro de prestadores de serviço turístico, que pode ser consultado pelo próprio site do Ministério.
HOSPEDAGEM
Diretos/Deveres Na reserva, informar todos os dados em relação à reserva, como por exemplo, se irá viajar com criança, se o quarto será duplo ou cama de casal e o horário de chegada, no caso de ser de madrugada.
hospedagem. O documento deve conter informações sobre o tipo de unidade habitacional ou acomodação, os serviços oferecidos durante a estadia, horário de check-in, formas de pagamento e de cancelamento.
Dicas Antes de viajar, peça a confirmação, por escrito, de sua reserva no meio de
Diretos/Deveres Caso você chegue ao local e, mesmo confirmada a reserva, não exista a
Dicas O Guia de Saúde – Viagens de Navio, do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante – oferece informações valiosas sobre como prevenir diversos problemas de saúde até doenças graves que podem acometer os passageiros, além de orientação sobre medicamentos que devem ser levados, documentação necessária, bagagem, entre outros. Direitos/Deveres A tripulação da embarcação deve orientar os passageiros antes da partida sobre a correta utilização de boias, sinalizadores, coletes salvavidas e outros itens de segurança usados em casos de emergência. Dicas Confira se a embarcação está em boas condições de uso e, se possível, com a documentação regularizada. Qualquer ocorrência ou dúvida contate as autoridades náuticas, como Capitania, Delegacia ou Agência do estado em que está inscrita.
vaga – o que configura overbooking: venda de reserva acima da capacidade de hospedagem do estabelecimento – a empresa é obrigada a acomodá-lo em uma unidade habitacional de categoria superior a que foi contratada, no mesmo estabelecimento, ou em outro de qualidade equivalente ou superior.
Mais informações do Viaje Legal: 0800-606-8484 | www.viajelegal.turismo.gov.br REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 53
esporte
A saga do futebol da Capital Times de Curitiba têm vitórias pontuais em campeonatos nacionais e internacionais
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Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br
as duas últimas finais da Copa do Brasil, parte dos paranaenses certamente estava com os olhos grudados na TV, ouvidos no rádio ou mesmo enfrentando o frio para estar pessoalmente no estádio. Uns para torcer pela vitória do representante paranaense, o Coritiba Foot Ball Club, outros para torcer pela derrota. Independentemente de qual lado era a torcida, a verdade é que esse fato movimentou o futebol do Estado.
Há tempos, os times da Capital não eram representados com um nome de destaque no cenário nacional e internacional. Com exceção dessas duas últimas Copas do Brasil, o título mais recente havia sido o vice-campeonato do Atlético pela Libertadores de 2005 54 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
e o título da série B do Brasileirão, em 2007, pelo Coxa.
Coritiba Foot Ball Club “O Coritiba é o que guarda mais tradição”, afirma o radialista e comentarista esportivo da TV Educativa, Silvio de Tarso. Para ele, o time, fundado pelos germânicos do Alto da Glória, veio se consolidando ao longo dos anos. Em 1968, após uma vitória significativa sobre o Atlético, tornou-se o representante do Paraná no Campeonato Brasileiro. “É nesse período que estabelece uma ousadia, fazendo uma excursão [na Europa] e vem com um título que é concedido aos times com trajetória invicta, que é a Fita Azul”, diz. Depois de anos bem sucedidos, o time teve suas “escorregadas” e caiu por duas vezes para a segunda divisão
do Brasileirão. “Para se reerguer e ser hoje o que ele é, melhor organizado, acumulando dois vice-campeonatos na Copa do Brasil, tricampeonato, um deles invicto, e tendo a marca de ser o time mais vencedor do mundo, a sequência de jogos invicta maior de toda a história do futebol mundial”, enaltece o comentarista. Embora tenha resultados, Tarso diz acreditar que é preciso mudar. “Aquele time está terminando um ciclo. Antes que esse ciclo se acabe é preciso que a diretoria faça alguma coisa.” Para o técnico do Coxa, Marcelo Oliveira, o time está se reestruturando. “Nosso presidente está liderando um projeto bacana de médio e longo prazo.” Apesar dos bons resultados, ele não considera satisfatório. “Não é satisfatório, mas é razoável e é necessário melhorar. Mas só se melhora, quando melhora o todo, o conjunto das coisas do clube.”
Fotos: Roberto Dziura Jr.
O Atlético, fruto de uma fusão do Internacional e do América, já teve também seus momentos de glória. O primeiro deles foi com o ex-presidente Jofre Cabral e Silva, que além de empolgar a plateia, fez o time se transformar em um time do povo, conta Tarso. “Apesar disso tudo, o Atlético amargava um jejum de campeonatos paranaenses desde 1958, que só vai quebrar em 1970”, e perdido em 1992 para o Paraná, relembra. Apesar da perda nos anos 90, o clube tem uma virada diretiva novamente quando Mário Celso Petrália assume o time. “Que se tornou campeão da segunda divisão em 95 e preparou a trajetória, que junto com a construção do CT do Caju e da moderníssima arena da baixada, abriu caminho para ser campeão em 2001 e quase foi em 2004, quando foi disputar a Libertadores da América, e tornou-se vice-campeão”, diz. Hoje, a situação do time é bastante ruim. “Caiu pela segunda vez para segunda divisão. Está com um time muito pobre tecnicamente. Existem muitas críticas ao mesmo presidente que levou o Atlético a essa glória, de que hoje ele pensa muito mais na preparação da sua sede como subsede da Copa do Mundo e se esqueceu do time. Está num momento de sair das cinzas e tentar novamente voar”, afirma o especialista em futebol. O Atlético é o único time brasileiro com dinheiro em caixa, por isso, segundo Tarso, é possível reverter essa situação.
Paraná Clube Já “o Paraná é resultado da fusão do Pinheiros com o Colorado. Esse time do Pinheiros trouxe uma inovação, que foi conquistar muitos títulos nos anos 80. E além de se tornar uma força no futebol, tornou-se um clube muito forte”, conta o comentarista.
Ele lembra ainda que a ideia dos dirigentes da época (1989) era fazer um time que começasse a ganhar títulos a partir dos anos 2000. “Já em 1991, torna-se campeão paranaense. Deixa de ser campeão em 1992, e de 93 até 97, ele foi hegemônico no futebol paranaense. É pentacampeão paranaense”, diz.
Roberto Dziura Jr.
Atlético Paranaense
O problema, segundo Tarso, foi que o time foi vítima de desmandos das diretorias iniciais, que fizeram gastos
principais títulos PARANÁ CLUBE Nacional • Campeão Brasileiro (série B) 1992 • Copa João Havelange (série B) 2000 CORITIBA Nacional • Vice da Copa do Brasil 2011/12 • Brasileiro (série B) 2007 • Festival Brasileiro de Futebol 1997 • Brasileiro 1985 • Torneio do Povo 1973 Internacional • Fita Azul Internacional 1972 • Taça Akwaba 1983 ATLÉTICO PARANAENSE Nacional • Campeão Brasileiro 2001 • Torneio Interest. Couto Pereira 1977 • Torneio Triangular (PR/SP) 1969 • Torneio Jofre Cabral e Silva 1968 Internacional • Vice da Taça Libertadores 2005 • Torneio de Winterthur, Suíça (Schützi Cup) 1991 • Torneio Afro-Brasil 1974.
Nossos dirigentes se contentam com conquistas efêmeras, pontuais”, diz Tarso
exorbitantes. “Passou por um período miserável do ponto de vista da relação do clube com o seu torcedor, que culminou ano passado na queda para a segunda divisão do Campeonato Paranaense, quando já tinha caído também para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Agora tenta se reorganizar, fazer um novo projeto”.
Os times da Capital têm poucos resultados
Caminho Para o comentarista, dois fatores podem melhorar o rumo dos times paranaenses. “Houve um tempo que os dirigentes dos clubes atuavam mais em harmonia. Hoje, brigam muito, são separatistas. O que nós temos de entender é que essa trinca do futebol de Curitiba tem de ser adversário dentro do campo. Na hora de defender o interesse local, os dirigentes têm de fazer uma frente”, diz. Além disso, é preciso dar sequência ao trabalho, com foco também nas categorias de base. “Não há time no mundo que consiga viver da receita somente de patrocínio e bilheteria de estádio. Quem não tiver reserva técnica para vender no final da temporada, vai fechar no vermelho”, conclui. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 55
Roberto Dziura Jr.
automóvel
Grande por dentro e por fora O Gran Livina da Nissan se consolida como uma das poucas opções de minivans, que comportam até sete pessoas
O
Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br
Gran Livina, da Nissan, não é exatamente um carro bonito e chamativo. Mas para as famílias brasileiras que tem mais de três filhos é uma excelente opção. O carro, que comporta até sete pessoas, é uma das poucas opções de minivans oferecidas
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no Brasil. O preço também é bastante chamativo. A partir de R$42.590, nas concessionárias de Curitiba. Pode-se dizer que o custo-benefício oferecido pelo carro da Nissan é seu maior diferencial. Comporta facilmente sete pessoas. A terceira fileira de bancos não admite adultos grandes, mas no caso de crianças é bastante confortável.
Nessa configuração, o carro ainda disponibiliza 123 litros de porta-malas. Caso não sejam necessárias essas duas poltronas extras, é só puxar uma alça que o banco da terceira fileira reclina aumentando a capacidade para 589 litros. Há, ainda, a possibilidade de reclinar as duas fileiras de bancos traseiros e contar com 946 litros de espaço. Esse tamanho todo explica o design alongado do carro, que mede 4420
Conforto O carro (1.8 SL AT Flex), dirigido pela equipe da Revista MÊS, custa R$ 51.190 e é o top de linha do modelo. O conforto fica por conta do volante e bancos revestidos em couro. Este modelo conta com câmbio automático de quatro marchas com função overdrive (que ajuda a diminuir os ruídos e economizar combustível na estrada). Apesar do número pequeno de marchas não é possível dizer que falta potência ao carro, que respondeu bem à estrada e às ultrapassagens.
vamento das portas e porta-malas e o acionamento do alarme. Além disso, é preciso apenas estar com a chave próxima para ligar e desligar o carro, em uma espécie de botão giratório que fica no lugar das chaves comuns. Outros detalhes, como ar condicionado automático e digital, acelerador eletrônico do motor (drive by wire), direção elétrica com assistência va-
riável, freios ABS com EBD e BA (sistema antibloqueio de frenagem / sistema de distribuição eletrônica de frenagem / auxílio à frenagem de urgência) também trazem conforto e segurança ao dirigir. Os detalhes ficam completos com o descansa braço para o banco do motorista, porta-copo dianteiro e traseiro no console central e volante de três raios com regulagem de altura. Fotos: Roberto Dziura Jr.
mm de comprimento, 1917 mm de largura, considerando os espelhos e 1620 mm de altura, já contando com o rack de teto, que suporta até 50 kg.
A chave inteligente (I-Key) também traz todo um charme ao carro. Com ela é possível fazer o travamento e destra-
GRAN LIVINA 1.8L 16V Flex Manual Transmissão Manual de 6 marchas
1.8L 16V Flex Automático Transmissão Automática de 4 marchas com função overdrive
Cilindrada e Cilindros 1798 cm³, 4 cilindros
O porta-malas de 123 litros (acima) chega até 589 litros (abaixo), com os bancos da terceira fileira reclinados
Válvulas 16 CVVTCS* Bloco Alumínio
Sistema de injeção Eletrônica, multiponto, sequencial e acelerador eletrônico Combustível bi-combustível (etanol/gasolina) Potência Máxima 126 cv @ 5.200 rpm (etanol) 125 cv @ 5.200 rpm (gasolina)
Torque Máximo 17,5 kgf.m @ 4.800 rpm (etanol) 17,5 kgf.m @ 4.800 rpm (gasolina) Tração Tração dianteira
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moda&beleza
A coleção “Catalisando Moda”, do estilista Jefferson Kulig
A tendência do sustentável Estilistas e marcas utilizam a tecnologia e apostam em tecidos sustentáveis
stilistas e empresas paranaenses despontam na Moda ao apresentar produtos sustentáveis e com muito estilo, como uma empresa em Maringá (PR), que desenvolveu um jeans a partir da seda, é a nova coleção do renomado estilista Jefferson Kulig, que fez do sustentável uma tendência, ao apresentar no São Paulo Fashion Week 2012 (SPFW) e no 6° Paraná Bussiness Colletion (PBC), em junho deste ano, sua mais nova criação. Chamada de “Catalisando Moda”, a coleção de Kulig é feita com tecido
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que mistura tecnologia e sustentabilidade. É produzido a partir de soluções com enzimas, por isso, o estilista deu o nome de “tecido tecnológico”. “O objetivo é que a mulher seja sustentável e bonita. Usar tecidos deste tipo permite que as mulheres possam viver normalmente sem precisar mudar seu estilo e, mesmo assim, absorvam um produto sustentável”, explica.
Com enzimas “São tecidos que ajudam o planeta a viver”, afirma o Kulig, pois o processo de produção é natural. “A enzima é uma proteína e atua como um catalisador e, por isso, tem a capacidade
Divulgação
E
Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br
O jeans de seda além de ser um produto socioambiental, é mais macio e com maior durabilidade
Fernanda Calfat
de substituir toneladas de produtos químicos como soda e ácido”, esclarece Viviane Pereira de Souza, gerente da área têxtil da Novozymes, empresa que fornece o tecido para o estilista paranaense. A produção a partir de enzimas é considerada sustentável, pois reduz a quantidade de água consumida, as emissões de CO2 e também o uso de produtos químicos. O custo desse tecido não é necessariamente mais caro que o convencional. Esse valor irá depender do tipo de processo e material solicitado.
Acessórios Fernanda Calfat
Carregando sustentabilidade no pescoço Outros designers paranaenses também estão apostando no sustentável e lançando Moda. Diversos produtos ecológicos foram expostos no 6° PBC, como bolsas com reaproveitamento de banners, mangueiras de incêndio e cordas de raquetes e acessórios utilizando lã merino.
Roberto Dziura Jr.
Tatyanna Bruzadelli fez um dos trabalhos utilizando garrafas pet. Com elas, criou colares de maneira artesanal e sustentável. “Esta coleção tem um conceito em que o artesanal tem um design mais inovador e descolado”, explica Tatyanna. “Eu desestigmatizei aquela opinião que as pessoas têm em relação ao pet como um material sem valor e feio. Não é porque é lixo que não pode ser bonito”.
Para Jefferson Kulig, o objetivo do estilista é tornar a mulher atual sustentável e bonita
As peças da coleção, que agradou o público nos eventos de Moda em que foram apresentadas, possuem acabamentos assimétricos, diversos recortes, pregas e fendas, além de aplicações, mostrando a versatilidade do tecido. O “tecido tecnológico” também garante boa durabilidade e qualidade. Outro detalhe é que por ser feito com fibras naturais e não utilizar produtos químicos, é mais macio ao toque, maleável e pode receber qualquer tipo de aplicação e tingimento.
“São tecidos que ajudam o planeta a viver”, diz Jefferson Kulig
O elegante e casual Outro exemplo de matéria-prima para a moda sustentável é o tecido produzido por uma empresa do Noroeste do Paraná. É um jeans confeccionado a partir da seda. O “jeans de seda” é um produto totalmente sustentável a partir de casulos reaproveitáveis. É produzido em teares manuais com emprego de mão de obra de cooperativas.
O Urdume (que é o conjunto de fios da qual a trama é tecida) é composto de 50% algodão e 50% pet. Já a trama (que são os fios que compõem o tecido em si), é feita de 100% seda, obtida a partir de casulos descartados das indústrias têxteis tradicionais. O “jeans de seda” é produzido sem a necessidade dos processos tradicionais e efeitos de lavanderia. “Esse jeans não precisa de lavagem e mesmo assim conta com um efeito visual muito atrativo”, explica Glicinia Setenareski, designer da empresa Casulo Feliz, que criou o produto. “O ‘jeans de seda’ quebra o rótulo de que os produtos artesanais não podem ser modernos.” O produto tem boa durabilidade e sua produção tem o uso de água e energia reduzido. Além disso, é um material atóxico, que não propaga chamas e aceita, por exemplo, estamparia digital e pedrarias. A cor tradicional do ‘jeans de seda’ é azul prateado, mas pode ser encontrado em cores mais naturais, como silvestre (cinza escuro), cebola, erva mate, café, manga, eucalipto e carvão. REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 59
culinária&gastronomia
Maurício Guimarães e o X-Montanha, lanche é ícone da baixa gastronomia
Comida que caiu no gosto popular Desde os sabores mais caseiros aos lugares mais irreverentes, a Baixa Gastronomia atrai pessoas de todas as classes sociais Bianca Nascimento bianca.nascimento@revistames.com.br
A
mbiente simples, mas aconchegante. Comida saborosa e popular. Não vira capa de revista, mas vários amigos e pessoas conhecem. Nestes lugares não existem chefs famosos, mas cozinheiros com experiência. Você pode ir de terno ou de chinelo e será recebido da mesma forma. Se você já provou ou frequentou algum lugar com essas características, então já conhece a baixa gastronomia. É impossível não se render, pelo menos uma vez, à baixa gastronomia. É um bolinho de carne daqui, um fei60 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
jãozinho da vovó de lá, sucesso de alguma iguaria que passa de boca em boca. O termo “baixa gastronomia” pode soar como algo sem valor, mas é justamente a valorização do simples. A expressão nada mais é do que o antônimo de “alta gastronomia”, já muito explorada pela mídia. Na baixa gastronomia, os personagens não são necessariamente chefs renomados, restaurantes estrelados, mas abriga aquelas comidinhas saborosas, bem servidas, com um custo/benefício vantajoso e em lugares sem luxo. A alta gastronomia é mais elaborada e agrega mais valor. Porém, para
o diretor-executivo da Abrasel-PR, Luciano Bartolomeu, em Curitiba há muito mais mercado para a baixa do que para a alta gastronomia “O paladar da população prefere uma comida mais simples, que fique pronta mais rápido, com preço justo e não deixe de ser saborosa”, explica. “Estas combinações são o que as pessoas procuram no mercado. A alta gastronomia fica apenas para momentos especiais”, completa Bartolomeu.
Divulgação Como os estabelecimentos da baixa gastronomia geralmente não investem em mídia, a divulgação fica por conta
Um almoço bem servido Almoçar na Nonna Giovanna é como ir à casa da vovó. Desde 1985, o lugar foi aberto pela própria italiana Giovanna. Mesmo depois de vendido, o ambiente continua aconchegante e as massas são servidas com muita “fartura”. O prato mais conhecido é a lasanha “Nonna Giovanna”, que leva molho quatro queijos e bolonhesa. “As pessoas vêm aqui, porque o preço e atendimento são bons, com um ambiente mais caseiro. Nunca fizemos uma publicidade em qualquer lugar”, conta Márcio Cunha Lengler, proprietário do lugar. Mesmo assim, o restaurante chega a servir mais de 100 refeições por dia. Cada prato é feito entre 10 a 15 minutos.
Bar Stuart
Lanchonete Montesquieu Um lanche mata-fome
Roberto Dziura Jr. Roberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr.
Um boteco descontraído Já imaginou um bar que existe há 108 anos? É o Stuart, no centro da cidade. E mesmo depois de todo este tempo, sendo um dos bares mais antigos do Brasil, continua com um cardápio exótico que vai de testículo de touro ao sanduíche “Pernil com verde”, em que os ingredientes principais são a carne de porco, queijo quente e cebolinha verde. Mas o bolinho de carne seca também faz sucesso entre os frequentadores. Aliás, com clientes ilustres. Por lá já passaram figuras de Curitiba como o apresentador Ratinho e o governador Beto Richa para apreciar as iguarias. Nelson Ferri, um dos sócios do bar, diz que de “cem pessoas, trinta estão comendo o bolinho de carne seca todos os dias”.
A revista MÊS fez um levantamento com os integrantes desta comunidade. Três lugares e comidas foram os mais indicados, confira a lasanha, do restaurante Nonna Giovanna, o sanduíche X- Montanha, da lanchonete Montesquieu e o bolinho de carne seca, do Bar Stuart. É de dar água na boca.
Nonna Giovanna
Um desses amigos, Guilherme Caldas, acabou também criando uma comunidade bastante ativa sobre o assunto na rede social Facebook. No espaço, membros discutem e indicam lugares. “Normalmente, os membros do grupo procuram indicar locais com preços acessíveis. Mas claro que este não é o único critério utilizado”, diz Caldas. Os participantes já chegaram a se reunir diversas vezes em diferentes pontos da cidade.
A lanchonete Montesquieu abriu em 1978. Mas foi alguns anos mais tarde, que a lanchonete inovou ao apresentar o X-Montanha. O lanche surgiu pela necessidade. “A carne estava cara, mas eu ainda tinha pastéis. Então, colocamos eles no pão ao invés de carne. Um comeu, depois outro e devagarzinho, caiu no gosto”, diz seu Zé, dono do estabelecimento. Maurício Guimarães era um dos clientes na época que se rendeu ao X-Montanha. Guimarães é freguês da lanchonete desde 1986. “Costumo dizer que o X-Montanha é um batismo da baixa gastronomia curitibana”. O sanduíche é feito com pão, alface, queijo, presunto, um pastel a milanesa e um bolinho de carne. Fica pronto em menos de 05 minutos. Roberto Dziura Jr.
de seus frequentadores. São pessoas que acabam comentando para amigos e familiares seus pratos e restaurantes favoritos. Pensando nisso, um grupo de entusiastas da baixa gastronomia, em uma conversa no Bar do Palácio, resolveram criar um mapa no site de buscas Google, onde indicam em bairros de Curitiba lugares da baixa gastronomia. (Veja Box)
Opções Confira outros lugares para se deliciar com a boa baixa gastronomia • Bar do Palácio • Bar Cana Benta • Box do Eliseu
• Pizza Itália • Obzrut • Bar do Martelo
• Torto Bar • Armazén Sant’ana
Mais lugares: digite “Curitiba - Guia Baixa Gastronomia” no site de buscas Google e encontre mais opções na Capital.
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cultura&lazer
Preservando o passado, garantindo o futuro A preservação cultural ainda é pouco lembrada pela população; instituições paranaenses dão o exemplo o dia 17 deste mês resgata-se o tema ao comemorar o Dia do Patrimônio Histórico. Casos de pessoas que se desfazem de documentos, objetos ou até mesmo de construções antigas não é coisa rara. “Têm pessoas que doam, têm pessoas que não sabem se as coisas têm valor [...] As Câmaras Municipais jogam fora metade dos documentos, porque não tem mais lugar para guardar. Aí a gente sai correndo atrás [para recuperar]”, diz Rosina Parchen, coordenadora de Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC). Essas atitudes demonstram em parte a falta de consciência das pessoas e até de instituições públicas em relação à importância histórica e cultural de artefatos, edificações ou características culturais de uma população. Para a historiadora da SEEC, Cristina Carla Klüppel, a importância da preservação do patrimônio cultural vai além da simples manutenção de alguns bens. “É trabalhar com a história de um povo, que possa ser reconhecido na sua cidadania e no seu governo democrático. As pessoas se 62 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
Conta-me o teu passado ‘ e‘ saberei o teu futuro.” (Confúcio, filósofo chinês)
que não se ‘ ‘ Aqueles lembram do passado estão condenados a repeti-lo.” (George Santayana, filósofo americano)
passado só se deixa ‘ ‘ Ocomo fixar imagem que
relampeja irreversivelmente, no momento em que é reconhecido.” (Walter Benjamin, filósofo alemão)
sentem mais seguras, partícipes. E vão ter a busca de uma melhor qualidade de vida.” “Seja isso um edifício, um modo de fazer alguma coisa, de celebrar algum evento, seja uma cidade, um livro, documentos. O que é patrimônio? Tudo aquilo que você herda. Que é deixado de alguém para alguém. Então, o que nos cabe? Guardar isso, cuidar disso
Banco de imagem
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Mariane Maio mariane.maio@revistames.com.br
e deixar para as gerações futuras. E esse bem, não necessariamente, precisa ser antigo. Pode ter relação com a cultura hoje”, diz Rosina. Todos podem contribuir com essa “herança”. “Saí de uma casa que tinha coisas antiquíssimas, que eram da minha família, que veio da Lapa no final do século XIX, começo dos XX. Eu disse: ‘gente isso tem mais valor para
Roberto Dziura Jr.
a comunidade do que guardado na minha casa, dentro de um armário”, conta Rosina, que doou os objetos ao Museu Paranaense. Para ela, o objetivo da Secretaria é trabalhar pela preservação e mostrar que “o patrimônio vai muito além da responsabilidade do governo, a responsabilidade é de cada um”.
Bom exemplo A Associação Pró-Memória da Imigração Germânica (Amig) de Curitiba trabalha para manter viva sua história e dá o exemplo. A entidade está digitalizando 1924 páginas do jornal alemão “Der Kompass”, editado e impresso em Curitiba, com foco na comunidade germânica que morava na cidade. Os exemplares são de 03 de julho de 1902 a 31 de dezembro de 1938, tendo ainda uma edição especial feita em 1941.
“O que é patrimônio? Tudo aquilo que você herda”, diz Rosina
Digitalizar este material é uma forma de assegurar o futuro e o produto não se perder, afirma Fabry
em português de forma germanizada, que no alemão não existe. Só o imigrante que entende”, exemplifica.
Facilitando o trabalho
“A viúva de um neto do editor chefe desse jornal que cedeu esse material na íntegra para Amig para assegurar o futuro e o produto não se perder. Os originais já estão em fase de deteriorização, já está difícil de guardar e proteger”, conta Rainer Fabry, gerente de projetos da Associação. Ele explica que a digitalização já está em fase de encerramento e a próxima etapa será a indexação do material.
Outra instituição que percebeu a importância da preservação de documentos históricos foi a Itaipu Binacional. Há quase cinco meses, eles estão digitalizando todo o arquivo impresso da empresa, que é composto de 420 mil folhas de desenhos e cinco milhões de textos e documentos, desde antes da construção, em 1973, até hoje. O material precioso está passando por um processo de digitalização, que deve demorar três anos.
O objetivo deste projeto é fornecer o material para pesquisadores poderem analisar a conjuntura vivida e a forma de comunicação na época. “Fornecer para a pesquisa interessada assuntos como a linguística, o desenvolvimento do linguajar. É lógico que um jornal alemão, escreve em alemão no início. A gente percebe depois de poucos anos que já estão misturando as palavras, estão colocando palavras
“Além da fase de geologia, sondagem, estudos de viabilidade do Rio Paraná, tem a fase propriamente da obra, que é a instalação do canteiro, construção civil, fase de montagem e depois o comissionamento dos equipamentos e agora a fase atual que é a manutenção e operação da usina. Quer dizer, é a documentação técnica de toda a história da Itaipu, desde antes dela começar até hoje”, conta
Henrique Guerra Vianna, coordenador do projeto de preservação. Além do trabalho de backup e arquivamento dos documentos originais, esse processo também ajuda no dia a dia dos funcionários. “O técnico tem toda a história, por exemplo, de um determinado painel que ele esteja mexendo. Se ele quiser saber o que foi acontecendo com esse painel à medida que ele foi evoluindo nos anos, troca de equipamentos, ferramentas, ele pode examinar cada um dos documentos a um clique do computador”, esclarece Vianna.
Preservar Tem algo para doar e não sabe como fazer? Informe-se na Secretaria de Estado da Cultura, no setor de Patrimônio Cultural, que eles farão uma análise do objeto ou patrimônio a ser doado e irão informar a destinação mais adequada. Secretaria de Estado da Cultura: (41) 3321-4700 ou 3321-4708 REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012 | 63
dicas do mês
Bianca Nascimento - bianca.nascimento@revistames.com.br
Comportamento Autor: Talal Husseini Editora: TH Editora
Policial
Autor: John Verdon Editora: Arqueiro
A Arte da Convivência
Feche Bem os Olhos
As relações humanas são um dos maiores desafios da sociedade. Seja no trabalho, em casa, na rua: a compreensão e harmonia entre as pessoas nem sempre é uma tarefa fácil. “Os atritos sempre fizeram parte do processo. A tristeza faz parte do processo. A superação de problemas também”. Este é um trecho do livro “A Arte da Convivência”, que serve como um manual para aprender a lidar com os diferentes tipos de pessoas e superar essas diferenças. A obra apresenta pensamentos e histórias tiradas de nossos cotidianos que mostram os sucessos e insucessos nas relações, apontando dicas de como melhorar.
A obra conta a história de David Gurney. Ele trocou a agitada carreira policial pela pacata vida no campo. Mas David ainda não consegue deixar de lado seu vício em resolver enigmas. Na morte brutal de uma jovem assassinada no dia do próprio casamento, foi convidado a desvendar o mistério. Mas ajudar neste caso poderia prejudicar o seu próprio casamento, já que sua esposa, Madeleine, é contra sua retomada na carreira policial. Mesmo assim, David vai em frente no caso. O principal suspeito é um jardineiro, mas a trama traz surpresas e uma narrativa instigante sobre este crime.
Técnico
Autor: Gary Chapman – Paul White Editora: Mundo Cristão
As cinco linguagens da valorização pessoal no ambiente de trabalho Em um ambiente de trabalho é raro encontrar a valorização de colaboradores que se mostrem com coragem, perseverança, humildade, honestidade, entre outras. No entanto, quando estas palavras viram atitudes e são aplicadas no cotidiano do trabalho, e ainda recebem seu devido valor dentro das corporações, tudo pode ficar muito melhor. A obra se propõe a dar dicas e ações, que são apresentadas ao empresário, para que ele possa lidar com o potencial de seus colaboradores e para que estes também possam melhorar sua atuação dentro das empresas. 64 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
Infantil
Autor: Irmãos Grimm Editora: Geração Editorial
Branca de neve A maioria das pessoas se lembra da personagem Branca de Neve como uma adolescente frágil, doce e à espera do príncipe encantado. Mas a nova versão deste clássico dos Irmãos Grimm traz uma linguagem e uma ilustração mais gótica, com uma princesa que também é uma heroína. Na nova trama, muitos pontos são remodelados: a rainha perversa é um monstro de quatro olhos. Os animais da floresta não são esquilinhos e coelhos amorosos, mas bichos assustadores. O príncipe encantado não chega a ser tão encantado. E, no final, a princesa prepara para a rainha um desfecho inédito.
dicas do mês
Arieta Arruda - arieta.arruda@revistames.com.br
MPB
Gilberto Gil Gravadora: Warner Music
Gilberto Gil canta Luiz Gonzaga
Este consagrado músico já foi ministro, ganhou prêmios Grammy, foi exilado pela Ditadura e protagonista da Tropicália. No momento em que se acredita que Gilberto Gil não tem mais nada para inventar, ele apresenta um novo frescor. Ao completar 70 anos de idade e mais de cinco décadas de pura sonoridade, Gil mostra a coletânea: “Gilberto Gil canta Luiz Gonzaga”, na qual celebra as canções mais conhecidas do mestre Gonzaga, com muito baião e forró no compasso de músicas como “Juazeiro” e “Asa branca”.
POP
Ed Sheeran Gravadora: Warner Music
+
Liderando as paradas de sucesso nos Estados Unidos, o jovem britânico Ed Sheeran já coleciona prêmios com o primeiro CD “+”, que chega também ao Brasil. A música de lançamento é “The A Team” e já alcançou mais de 38 milhões de views no Youtube. Suas canções têm uma batida que prioriza o pop acústico numa levada surf music, mas que está bem longe das praias. Tem toques de folk e hip-hop. Ele tem apenas 21 anos de idade e este é o primeiro trabalho não independente. É assim que o ruivo Ed tem agradado e sido odiado com sua música autoral. Ouça e tire suas conclusões.
Samba
Mart’nália Gravadora: Biscoito Fino
Não tente compreender
No mês passado, a versátil e experimental Mart’nália lançou-se em novos ares e colocou na roda musical o seu mais novo CD. Sob o título “Não tente compreender”, a cantora mostra uma nova marca. Conduzida pelo genial Djavan, as canções mostram notas de groove e até rock, com canções de consagrados compositores, como Marisa Monte e Caetano Veloso. Nessa ousadia, a filha de Martinho da Vila vem conquistando mais ouvintes, com um estilo musical que transita entre samba, pop e MPB, mostrando mais maturidade a cada CD.
Acústico
Juanes Gravadora: Universal Music
MTV Unplugged
O cantor colombiano Juanes esteve no Brasil divulgando seu último trabalho acústico. Ao lado da cantora brasileira Paula Fernandes, ele trabalhou a música “Hoy Me Voy“ em versão bilíngue. Em canções inéditas como “Todo en mi Vida Eres tu” e “La Señal”, ele imprime um ritmo latino acelerado e em outras uma levada bem romântica e lenta. Falar de amor é sua marca. Seu trabalho já está sendo tocado nos Estados Unidos, Porto Rico, Brasil e em mais de 11 países da América Latina.
Divulgação
opinião
Gilberto Gnoato
Psicólogo, psicoterapeuta há 20 anos, escritor e palestrante
O que é igual não tem autoridade
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em tudo que é moderno é bom. No entanto, a escola e a família tendem a aceitar o que a mídia e o senso comum adotam como critérios para uma educação “moderna”. Atualmente, o discurso de que tudo deve ser decidido “democraticamente”, de igual para igual, produziu algumas distorções no campo das relações pais e filhos, em especial, no que diz respeito à figura paterna. Na Europa e Estados Unidos, só para citar dois exemplos, a noção de igualdade ordena-se pela seguinte lógica: todas as crianças são iguais entre elas e todos os adultos são iguais entre eles. No entanto, a categoria filhos e a categoria pais são diferentes, pois não pertencem ao mesmo universo de igualdade.
No entanto, educação não se faz por leis, por racionalidade e muito menos por ideologias sociologizantes. Educação se faz com a firmeza da palavra e com o exemplo dos pais. As crianças estão perdendo o discernimento de onde termina o eu, onde começa o outro, já que a noção de autoridade está esfacelada, num Brasil cujos políticos são autoritários, mas não possuem “autoridade simbólica” para governar. Num Brasil, onde crianças e adultos estão a cada dia ficando mais iguais. Elas, mais “adultecidas” e eles cada vez mais infantilizados. Pais “adultescentes”, que não conseguem crescer. Sem diferença, não haveria vida psíquica.
A autoridade, é o corte, a fronteira que marca o limite de onde termina o eu, onde começa o outro. A criança precisa perceber que existe algo que fala acima No Brasil, há quem diga que os pais dela e que é superior a ela. O símA criança precisa perceber de hoje são a última geração de filhos bolo paterno/materno deve fazer o que obedecem aos pais e a primeira seguinte corte: “você não pode faque existe algo que geração de pais que obedecem aos fizer tudo quer”. No início da vida, fala acima dela e que é lhos. A abertura democrática, o avana mãe tem a função primordial de superior a ela ço da mulher no mercado e a noção de acolher o bebê, dando-lhe proteção igualdade “sociologizaram” a família e afeto. Mais tarde, ele descobre esgotando-lhe um pouco da afetividade e preenchendo-a com que a mãe não é tudo. Esta deixa de ser a fonte única das uma cota de racionalidade e juridicidade. Famílias modernas identificações da criança. Caberá ao pai descolar o filho da adquiriram mais direitos do que afetos e mais ideologias que mãe, colocando-se entre os dois, para inaugurar a árdua tarefa relacionamento e se impôs equivocadamente a noção de que desta criança em lidar, daqui para frente, com a presença do crianças e adultos são iguais, como forma de abolir o autori- que é diferente da mãe. tarismo dos pais. O enfraquecimento da “autoridade simbólica” do pai tem proA noção de autoritarismo está confundida com a noção de duzido, especificamente nos adolescentes do sexo masculino, autoridade. O autoritarismo advém historicamente do patriar- a falta do reconhecimento da existência do outro, a favor da cado coronelista. Um modelo de família em que o pai man- satisfação do eu. Se no passado, as relações entre pais e fidava, sem racionalidade ou afetividade, e a esposa e filhos lhos estiveram demasiadamente verticalizadas, hoje elas estão obedeciam. Este modelo vem se dissolvendo desde o século equivocadamente horizontalizadas. Os pais estão perdendo a passado, por isso a busca de um novo modelo que não fique capacidade de imprimir sentido e significado na vida dos fiapenas sob a tutela do pai, nem uma família que fique sob lhos, pois temem se apresentar como uma geração que veio a tutela do Estado que, com a Constituição, o Estatuto da antes e que está acima deles. As leis psíquicas de reconheciCriança e do Adolescente, promovem formas burocráticas de mento da existência do outro se instauram pela diferença e não interação pais e filhos. pela igualdade, pois o que é igual, não tem autoridade! 66 | REVISTA MÊS | AGOSTO DE 2012
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