Filhos da insegurança Cuidado! Pais superprotetores podem comprometer a formação de seus filhos e a capacidade de sonhar
Política
Família Richa se fortalece no Governo do Estado com a criação de supersecretarias
Tecnologia
Paranaenses criam serviço inédito no País para acompanhar ações na Bolsa deValores
Economia
Imóveis em Curitiba estão em alta; veja as causas e consequências dessa valorização
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PODE SER ABERTO PELA ECT
Editora Mês Ano 1 - nº 6 Julho de 2011
entrevista Denis Dubourdieu
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“A vida tem pavor da guerra e o vinho também”
Denis Dubourdieu é considerado um dos maiores especialistas de vinho do mundo. Tem em sua essência o jeitão do bon vivant, mas é um sério cientista na arte de obter o líquido mágico de Baco. Filho da terceira geração de produtores da região de Bourdeaux, na França, processou uma revolução nos métodos de produzir vinhos. Possui diversos rótulos sob sua administração. É casado com Florence Dubourdieu, pai de Jean-Jacques Dubourdieu e Fabrice Dubourdieu, todos trabalhando na marca que leva o nome do patriarca. Segundo o enólogo, diferentemente de outras bebidas, o vinho não é fabricado, mas resultado de um processo natural e de uma ideia. Precisa ser apreciado sem rigor, mas num exercício constante de aguçar a emoção. O resultado são vinhos que conseguem resgatar sentimentos, evocar lembranças e trazer à tona sabores e cores “sensíveis”, como gosta de denominar. Em visita à Curitiba para participar de um evento do setor, Dubourdieu conversou com a Revista MÊS. Leia ao lado: 4 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
O senhor é filho da terceira geração de produtores de vinho na França, já pensou em trabalhar em outro segmento que não o de vinhos? Denis Dubourdieu (DD) - Sim. Se eu tivesse nascido em outras circunstâncias, eu teria sido fabricante de barcos, porque eu gosto de barcos e também muito do mar. Eu seria um fabricante. (risos)
Já que as circunstâncias o levaram a isso, produzir vinhos é sua vida. Como é concebida a fabricação de um vinho? DD - O vinho não é o resultado de um processo. O vinho é o resultado de uma ideia. É a busca do gosto local. O local, mas bom. Se é local e não é bom, não é interessante. Bom não somente para os amadores. Bom também para as pessoas que estão descobrindo o vinho. Bom, mas também não cansativo, porque o problema
não é agradar. O desafio é agradar a longo prazo. Se uso dentro do procedimento, do método, alguns fatores para que seja agradável, porém a curto prazo virar uma coisa mais entediante, então não é um bom processo. Por exemplo, como usar açúcar ou extrato de madeira [na produção do vinho]. O vinho existe na cabeça de quem o faz, antes de existir na garrafa. Isso para mim é a definição da vinificação que passo para os meus alunos, que não é transformar uva em vinho, porque no fundo, isso se faz naturalmente sozinho.
tação. A fermentação é a transformação do suco em álcool. Esse álcool vai se transformar para dissolver os componentes da pele da uva. É o álcool que tá extraindo. O produtor de vinho vai usar os parâmetros para controlar essa extração. A temperatura – quanto mais quente, a extração é mais forte –, a duração e a mudança do líquido que está em contato com a pele. Tem dois métodos para fazer isso, a “pigage” que consiste em empurrar as peles [da uva] dentro desse suco na fermentação. Porque para ter a extração tem de ter uma mudança desse líquido que fica embaixo. É como antes fazíamos para lavar as meias, se não elas ficavam boiando. O segundo método é o “lessivage”. Tem de ter uma bomba que extrai o suco e joga em cima das peles. O suco extraído de baixo vai atravessar esse chapéu de pele, assim como [funcionam] as cafeteiras francesas. A terceira fase é a separação entre a parte sólida e a parte líquida, chamada de “decouvage”. A partir desse momento, a vinificação é encerrada e começa a “l’élevage”, a criação. É como a educação de uma criança, se consiste em acompanhar o crescimento, cuidar até virar adulto. A vida adulta para o vinho é a garrafa.
Como isso se dá? DD - Vamos comparar o trabalho de produtor de vinho com um pizzaolo. Só jogar a uva, naturalmente, sozinho vai fazer vinho. Vai ser um bom vinho, vai ser um vinho ruim, não importa, mas sozinho isso vai virar vinho. No trabalho de um pizzaolo, o tomate, a farinha – é tudo uma fabricação. Diferente da pizza, a vinificação é uma transformação natural da uva ao vinho. [O trabalho de] vinificar é guiar a transformação da uva em vinho para obter o gosto local. Guiar com o mínimo de intervenção possível. Essa é a vinificação elegante, para um vinho elegante. Uma comparação: se observar um dançarino, um bailarino, você olha e tem a impressão de que é tudo natural. Você não percebe o esforço. Mas quanto trabalho, quanto conhecimento para que ele [dançarino] possa ter atingido esse resultado. Também é como provar um prato da boa gastronomia, não é uma coisa complicada. É uma cozinha que tem o mínimo de intervenção para resultar em um sabor inimitável.
O senhor é considerado um revolucionário dos métodos para se produzir vinhos. Por quê? DD - Entendendo os fenômenos, entendo o que se passa. Não é uma receita, é uma compreensão desde a maturação à extração, que são as etapas. Tem duas categorias de produtores de vinho, aqueles que querem extrair tudo e a outra categoria, que é a minha, que você extrai parcialmente a uva, a melhor parte. Não é muito sério, você ter o máximo, se você só quer o bom.
DD - É a maturação da uva, isso é para todas as frutas. Mesmo o passarinho ele já sabe, antes de ser madura, ele não vai explorar [a fruta]. Aliás, nós e os passarinhos, somos os adversários. Já na indústria das frutas eles colhem as frutas verdes e só vão amadurecer já nos mercados. Mas a fruta precisa ser madura, nem verde e nem madura demais, somente madura. A segunda etapa, se a gente está falando aqui de vinho tinto, é a extração. O vinho não é toda a uva, é a melhor parte da uva. A melhor parte da uva para atender seu objetivo. Se não tem objetivo, não existe nem a melhor parte da uva. A vinificação de vinho tinto é o tempo durante o qual a pele da uva vai ficar em contato com a polpa. No vinho tinto, a extração é feita ao mesmo tempo da fermen-
DD - É muito importante. Só de ter a parreira isso já demanda um tempo, depois ter de crescer e isso já demanda outro grande tempo. E a marca também precisa de muito tempo para se firmar. São várias gerações. Fico feliz de não ser a primeira geração. Como se dá as diferentes idades para a vida adulta do vinho? DD - Certamente, tem vinhos que são criados com o tempo muito curto e outros com muito mais tempo. É o tipo de uva e se quer obter o tipo de vinho, se é um vinho tinto, um vinho branco ou rosé. Para a elaboração dos vinhos são três momentos para produção de um vinho, é a maturação, extração e, em seguida, a criação já na garrafa. Na garrafa, o vinho já escapou do seu autor. É que nem filho, você prepara para a vida, depois escapa, você não pode mais nada. Essa é a magia do vinho. Um vinho desde 1990, por exemplo, depois que está na garrafa, não posso fazer nada com esse vinho, já está fora das minhas possibilidades de intervir. Mas ele chegou ao que ele é agora, pelos preparativos dele antes. Os vinhos produzidos por sua marca são caros. Como mensurar o preço dentro desse mercado de luxo? DD - O preço surge conforme o consumidor. É feito para a demanda que tem de ser superior a oferta. Precisa ser muito cauteloso, pois você precisa encontrar um equilíbrio para quando você é um produtor em razão da oferta. Você não pode produzir muito. Uma constante da
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Quais as etapas para produzir um bom vinho?
Qual a relação do tempo e do vinho?
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Robson Chaves
entrevista Denis Dubourdieu O vinho existe na cabeça de quem o faz, antes de existir na garrafa Como se faz uma boa harmonização do vinho com o prato? DD - Essa não é minha praia. Mas eu gosto, então eu pratico. Tem coisas que tem de tentar, provar. Por exemplo, vinho branco com queijos. Sauvignon com queijo de cabra. Acho que se toma muito tinto com queijos e não brancos o suficiente. Como vê o mercado brasileiro para os vinhos importados?
indústria de vinhos do mundo é que eles produzem milhões e milhões de garrafas. Então não é uma surpresa que depois esse produto esteja com um preço mais baixo. Como o senhor descreve seus vinhos? DD - São sensíveis. Se você faz uma festa, o que conta é o que está esperando dessa festa. A expectativa. É para te agradar? É para uma representação social? É para mostrar sua casa a seus amigos? Então, você vai fazer uma festa assim. Eu acho que essa festa é egoísta. Geralmente, será uma festa ruim, um fracasso. Estou falando de grandes vinhos, vinhos caros. A maioria dos vinhos é feito pela gratificação do ego das pessoas que fazem esses vinhos e de quem bebe esses vinhos. No fundo, eles querem mostrar só que eles podem tomar vinhos caros e nada mais. É o que eu chamo de vinhos de orgulho, então têm vinhos de orgulho, festas de orgulho, o que é muito entediante. Essa é a grande diferença, os vinhos sensíveis obviamente são bem diferentes. Se você faz um vinho sensível, o ponto de partida você não pensa em si mesmo, não pensa nas vendas, nos artigos que vai sair nas revistas, no reconhecimento social que vai ter em sua cidade, só pensa na emoção, no prazer que vai proporcionar ao amador. É o que eu chamo 8 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
de vinhos sensíveis. Eu acho que eu sou um produtor de vinhos sensíveis e um consultor de vinhos sensíveis. O que acha de ser o mago dos vinhos brancos? DD - Essa é uma definição da mídia para me apresentar, claro que eu trabalhei muito com os vinhos brancos, mas eu não sou um mágico. Não gosto muito disso, porque os mágicos sempre têm uma forma de enganar. (risos) Quais outros vinhos em torno do mundo o senhor considera serem sensíveis? DD - Tem muitos, eu acho que tem muitas regiões tradicionais em torno do mundo, mas tem uma que é tradicional que é na Europa. O vinho de Piemonte italiano, por exemplo; os da Borgonha, os brancos e mesmo os tintos; o vinho da Espanha; os de Champagne... todos são bons vinhos. A questão da sensibilidade não está na região, eu acho que é o domínio do produtor de vinho e da tradição [em produzir vinhos]. Você veja só que é a mesma coisa da culinária, têm alguns pratos extremamente orgulhosos, complicados, que querem impressionar o cliente. Mas impressionar não é emocionar.
DD - Para começar eu não conheço muito do Brasil, mas o contato que tive com o Brasil, o país é muito grande, tem muitos climas diferentes, é difícil imaginar um Brasil, são vários ‘brasis’, é um país continental. Eu penso que o Brasil está com uma situação econômica favorável hoje em dia, o que é extremamente importante para o mercado do vinho. Para que o mercado do vinho possa se desenvolver, falando historicamente, é preciso de algumas condições. A paz. Quando se tem paz, o vinho se desenvolve. A vida tem pavor da guerra e o vinho também. A paz que considero são todas as formas de paz, pode ser a paz interior, a paz dentro de um país, pois as tensões sociais não são coisas favoráveis para o mercado do vinho. A riqueza, porque quando a economia do país está melhor, o comércio de vinho vai melhor, como todos os produtos de luxo. O comércio de vinho precisa também de novos ricos, porque os novos ricos têm muito apetite pela descoberta, apetite de vida, de coisas que lhes eram antes privadas. O vinho precisa desse apetite. Finalmente, se é dada boas condições das atividades dos novos ricos. O Brasil tem muito trabalho, uma produção grande, uma economia muito quente. Essas são as condições do Brasil atual e não é o que está acontecendo na Europa. A quarta condição é boa gastronomia. E aí vocês têm, cada vez mais. Tem a popular, a gula latina, que contrasta com o puritanismo anglo-saxão. É como a China que está saindo de vários séculos de tragédia e a culinária mais antiga do mundo. O Brasil tem todas as condições, as frutas são deliciosas, os peixes extraordinários, tudo muito bem preparado. Assim, o vinho só tem de ser. É isso que eu sinto.
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REQUINTE Francisco Rocha, 1809 Rua Recife, 34 Champagnat / Curitiba Cabral / Curitiba
PRESTINARIA BABILÔNIA Rua Euclides da Cunha, 699 Al. Dom Pedro II, 541 Bigorrilho / Curitiba REVISTA MÊS Batel / Curitiba | JULHO DE 2011 | 9
sumário
4
ENTREVISTA
12
MIRANTE
20
COLUNA
21
Mensagens dos leitores
29
5 perguntas para: Camilo Benke
64
LIVROS
65
ÁLBUNS
66
OPINIÃO
67
FOTOGRAMA
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Editora Mês Ano I – nº 6 Julho de 2011
POLÍTICA 18 a SUPER família
CIDADES 22 Tinha um buraco no caminho 24 Sobram reclamações e justificativas 26 Inclusão Digital gratuita em Curitiba
TECNOLOGIA 30 Investimentos em apenas um clique 32 Os dados nas nuvens
EDUCAÇÃO 34 É hora das férias de inverno
MATÉRIA DE CAPA 14
Sem asas para voar COMPORTAMENTO 44 Alma gêmea: tão difícil assim?
MEIO AMBIENTE 46 A mudança que vem do hábito
TURISMO 48 Rota dos tropeiros (antes) e dos turistas (hoje)
CULINÁRIA E GASTRONOMIA
SAÚDE
52 Deu sopa
36 Alternativas ao tratamento
ESPORTE
ECONOMIA
54 Motores menos poluentes brigam no Rally dos Sertões
38 A vez dos imóveis
CULTURA E LAZER
AQUICULTURA
58 Refúgios no meio urbano
40 Paraná se lança no cultivo de ostras
MODA E BELEZA
INTERNACIONAL 42 Fora da mira dos Estados Unidos 10 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
60 O inverno dos complementos
AUTOMÓVEL 62 A vez das pequenas marcas
editorial
Progresso ou retrocesso T
em momentos que é preciso parar e pensar nas transformações que o mundo está vivendo. Definitivamente a sociedade não é a mesma que há menos de um século. Freud explica – como diria a célebre frase. Será? O comportamento humano tem se modificado de tal forma expressiva que, talvez, nem Freud conseguisse explicar! O pai da psicanálise, Sigmund Freud, ficaria de cabelo em pé ao ver a forma com que pais superprotetores estão criando seus filhos. Extremismos de cá, liberdades de lá. Sem parâmetros coerentes e exemplos saudáveis, os filhos dessa nova “geração do estresse” têm demonstrado que adultos vem por aí. Esse é o tema da reportagem de capa: Sem asas para voar. Freud, como cidadão, talvez também não entendesse como o comportamento de nossa economia está se transformando em sua raiz, com as novas tecnologias e o jeito que o mundo tem exigido para se organizar. Uma das tendências é apresentada nessa edição, ao mostrar o portal de serviços, criado por paranaenses, para acompanhar em tempo real as ações em Bolsa de Valores. E, também, as alternativas de trabalho para os pescadores artesanais do nosso Litoral. O psicanalista – criador do conceito Ego, Superego e Id – possivelmente tivesse de estudar uma nova forma de interpretar os desejos e sonhos dos novos casais e famílias que a sociedade tem formado. Homens e mulheres estão em descompasso? Veja mais na reportagem de Comportamento, sobre a cara metade. Já para a política – que nada ou quase nada muda há séculos – Freud parece que já sabia interpretar o conceito dominante nessa prática. “O estado proíbe ao indivíduo a prática de atos infratores, não porque deseja aboli-los, mas sim porque quer monopolizá-los”. É isso que se apresenta, com a criação recente das “supersecretarias” por parte do Governo do Estado. Como diria Freud: “a renúncia progressiva dos instintos parece ser um dos fundamentos do desenvolvimento da civilização humana”. Essa evolução propõe novas saídas e caminhos, mas ao observar ao nosso redor, alguns fogem dessa meta e caminham para o lado oposto: fomentar os instintos mais tacanhos. É a indicação de que o Id de Freud está vencendo? Vamos parar e pensar. Boa leitura!
expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da redação: Rua Comendador Araújo, 565, Centro – Curitiba (PR) Fone/Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Departamento comercial: Sandro Alves / comercial@revistames.com.br – Fone: 41. 3223-5648; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Wallace Nunes, Eduardo Bentivoglio, Renato Sordi e Robson Chaves REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 11
mirante
Fruet candidato
PT com Fruet
Ainda o helicóptero
O ex-deputado Gustavo Fruet (PSDB) será mesmo candidato a prefeito de Curitiba e ele já percebeu que a partir do ninho tucano essa candidatura não baterá asas. As conversas para que ele pouse em outras legendas partidárias já estão bastante adiantadas e incluem muitas conversas em Brasília. As alternativas mais prováveis são o PDT do ex-senador Osmar Dias e o PMDB de Orlando Pessuti, partido de onde Fruet saiu ao brigar com Roberto Requião.
Cresce com força dentro do PT do Paraná a tese de que o melhor caminho para o partido nas eleições municipais em Curitiba no próximo ano seja apoiar Gustavo Fruet, indicando o candidato ou a candidata a vice. As defesas se sustentam no argumento de que seria o caminho mais curto e seguro para acumular forças para a disputa contra os tucanos em 2014. As posições contrárias a essa aliança ainda existem, mas já foram mais fortes.
Quando sofreu o acidente de helicóptero em São Paulo, constava na agenda do Governo, que depois de uma consulta médica, o governador Beto Richa (PSDB) se deslocaria para a sede do Banco BTG Pactual. Uma possibilidade para a pauta da reunião poderia ser a provável futura contratação de uma instituição financeira para administrar os investimentos com os recursos do Paraná Previdência, o fundo de Previdência do Estado. Comenta-se no mercado em São Paulo de que 15%, algo em torno de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão, ficariam a cargo dessa instituição administrar. Mas, claro, isso só se eles ganharem a licitação.
Ducci de cara nova
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O prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), deve estar seguindo as orientações de seus marqueteiros e das pesquisas qualitativas que sua equipe vem realizando. Em inserções do seu partido na TV, o alcaide está buscando se mostrar com uma cara nova. Mais arrojado, homem que faz, pragmático e de ação. Aparece na telinha em meio a obras na cidade e com um discurso de quem faz acontecer. Em alguns momentos busca se comparar com o seu padrinho, Beto Richa (PSDB). É a pré-campanha eleitoral do ano que vem já acontecendo.
Vamos votar
Muito estranha a situação na qual o carro do presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB), teria sido alvejado com um tiro no interior do Estado. Algumas dúvidas persistem: por que o carro oficial estava percorrendo aquele trajeto se o parlamentar não estava no veículo? Onde estava o deputado? Qual agenda ele estaria cumprindo? O que poderia motivar tal atitude? Esse fato lembra muito as histórias de vereadores de cidades do interior, que sempre durante os processos eleitorais, pousam em frente à parede de suas casas cravejadas de balas.
Está causando desconforto em alguns deputados estaduais o fato de a Assembleia Legislativa insistir na transformação das sessões plenárias em comissão-geral. Essa mudança que deveria ser extraordinária – somente para matérias relevantes ou de projetos de iniciativa popular – tem sido recorrente na agenda dos deputados. A última vez foi quando a redação final dos projetos das duas “supersecretarias” passaram por votação em comissão-geral, sem precisar da análise das comissões temáticas.
Roberto Dziura Jr.
Atentado?
Governo Federal A Ministra Gleisi Hoffmann (PT) tem demonstrado que vai implementar seu próprio estilo na Casa Civil. Sua formação teórica e suas experiências na prefeitura de Londrina e no governo do Mato Grosso do Sul e, principalmente, sua gestão como diretora-financeira de Itaipu Binacional são a base para quem quer descobrir qual é esse estilo. Discrição e elevado conhecimento técnico sobre os temas tratados são sua marca. 12 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
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Padrão Gleisi
Bate Pronto “Beto mentia sobre a Copel na campanha e agora quer privatizá-la. (Agência Reguladora)”
Roberto Dziura Jr.
Afirma Roberto Requião (PMDB), senador pelo Paraná
Maurilio Cheli
“Vamos fortalecer as empresas paranaenses. A história de privatização é pura balela” Diz Beto Richa (PSDB), governador do Paraná
Feridas em aberto
Plano Safra
No último mês, Curitiba teve duas grandes surpresas pelas ruas, que tem assustado os moradores. Indícios de irregularidades em obras próximas às ruas Padre Anchieta, no bairro Bigorrilho, e na avenida João Gualberto, no Juvevê, causaram grandes estragos. Eram crateras, que puseram em xeque a capacidade do crescimento vertical desenfreado e a fiscalização da Prefeitura nas obras da cidade. Muitos transtornos para os moradores no entorno e também para o trânsito, que foi bastante prejudicado nesses locais.
A visita da presidenta Dilma Rousseff (PT) ao Paraná no início do mês foi adiada por causa do mau tempo. Ela estaria no Estado no dia 1º de julho para apresentar o Plano Safra 2011/2012 para a agricultura familiar. A cidade escolhida era Francisco Beltrão (PR), da região Sudoeste, considerada o berço das pequenas propriedades. A nova data ainda será fechada. Para esta safra o governo federal reservou R$ 16 bilhões que já estão disponíveis para operações de custeio e investimentos por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
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matéria de capa
Sem asas para voar Pais superprotetores estão se tornando comuns na sociedade; criam filhos inseguros, tornando-os presas fáceis de bullying; uma das causas está em avós alcoólatras
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Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
V
ocê já ouviu falar do filme de animação em 3D chamado Rio? A história escrita e dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha foi lançado, este ano, e fez um sucesso danado por todo o mundo. O en-
redo mostrou as belezas do Rio de Janeiro, da típica música do Brasil – o samba –, as cores e cenários da cidade maravilhosa; assim como destacou a crueldade do tráfico de animais. No entanto, quase sem querer, o filme retrata algo mais sutil: a insegurança da simpática arara azul, o Blu – protagonista da animação – e os prejuí-
zos que isso pode acarretar. Bem-vindo ao mundo dos filhos superprotegidos! Blu viveu sob a tutela de uma mãe superprotetora, que tipicamente não o deixava se sujar, tinha muito receio de que seu “filhinho” se machucasse, não deixava que corresse riscos, entre outros medos impostos por essa tutela exageradamente cuidadosa. Isso transformou Blu em um bicho inseguro, sem autonomia. Em consequência dessa criação, ele não sabia nem voar, uma habilidade instintiva de sua espécie. Asas ele tinha, mas sua insegurança o impedia de arriscar. Instintivo também é o senso dos pais em proteger sua prole. “Dentro da psicologia do apego, tem o apego seguro e o apego inseguro. Todos os pais têm um instinto de proteção. Quando isso se torna exagero? Quando nesses cuidados, a criança deixa de ter experiências de enfrentamentos, conflitos”, aponta a psicóloga Luciane Borghi Chuquer.
Características
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Pais superprotetores criam seus filhos em um ambiente familiar de muita insegurança psicológica, um controle ansioso, e transferem expectativas de até três gerações aos pequeninos, transformando-os em indivíduos com pouca capacidade de se relacionar em situações de conflito ou frustrações. Não tem espaço para experimentar a vida. Brincar fora de casa, sujar a roupa, trocar experiências com os amiguinhos longe da sala de aula, enfrentar medos, dúvidas, são itens essenciais para a formação de qualquer indivíduo, segundo a psicóloga. “Tentativa, erro e acerto. É só assim que você aprende.” É muito comum, atualmente, ver “as pessoas, quando têm um filho, estão mais centradas em cumprir as expectativas da criança, antes mesmo que elas surjam. Isso hoje está muito evidente. A criança não tem expectativas, não tem objetivos; vem da família”, analisa Luciane. Pode até parecer estranho, mas a raiz desse tipo de comportamento dos pais vem, em muitos casos, por conta da criação que receberam de pai ou mãe alcoólatras. A afirmação é da psicóloga Luciane, que trabalha com a linha de estudos Cognitiva Comportamental e atende frequentemente esse tipo de caso. “Geralmente, os pais superprotetores, em sua maioria, são filhos de alcoólatras [...] São crianças que
As mães brasileiras foram apontadas como uma das mais superprotetoras, em pesquisa foram criadas em um ambiente assim: não sei como o papai ou a mamãe vai estar amanhã. Tem muita oscilação de humor, por conta da bebida”. Por isso, quando esses indivíduos tornam-se pais colocam uma medida exagerada de proteção nos filhos. “Vai gerando mecanismos de ansiedade e calmaria, que refletem depois na criação de seus filhos”, alerta Luciane. Não raras são as situações em que crianças se apresentam como superprotegidas. São casos de indivíduos que não conseguem se soltar na hora de brincar, têm medo de ficar doentes, não conseguem saber do que gostam e do que não gostam, não têm liberdade para escolher sua própria profissão.
Pesquisa: mães superprotetoras Esse temor foi mostrado em pesquisa realizada em 2007 por Dr. Jerome Singer e Dra. Dorothy Singer, especialistas na área da Universidade de Yale(Estados Unidos), e encomendada pela Unilever. O estudo “Dar aos nossos filhos o direito de serem crianças” verificou dados sobre o crescimento de crianças menores de 12 anos de idade, em 10 países, incluindo o Brasil. A pesquisa trouxe à tona um importante item que é a aprendizagem experiencial. Viver, deixa viver... Para explorar, criar, descobrir, se relacionar e interagir com o mundo e os sentidos. É a importância do brincar. “Desenvolvimento do autoconhecimento, elevando a autoestima, propiciando o desenvolvimento físico-motor, bem como o do raciocínio e o da inteli-
gência, sensibilizando, sociabilizando e ensinando a respeitar as regras. Enfim, o brincar diverte, traz alegria e faz sonhar”, informa o estudo. Foram ouvidas 1.500 mães e apesar das diferenças culturais, pode ser observado que todas entendem que é valiosa a brincadeira não estruturada e importante esse tipo de aprendizagem para o desenvolvimento do seu filho. São brincadeiras sem regras, teatro, o famoso faz-de-conta. No entanto, cerca de 80% das mães de todo o mundo acredita que as pessoas em seus países esqueceram-se da importância do aprender por meio do brincar; por outro lado, 56% dessas mães gostariam de se sentir mais à vontade para deixar que seus filhos se sujem. As mães brasileiras foram apontadas como uma das mais superprotetoras. Depois da Turquia, com 65%, as mães brasileiras dizem que sua preocupação deixa as crianças dentro de casa. Isso se torna um empecilho para que seus filhos possam experimentar coisas novas. Em seguida, vem a Argentina e a Índia com a mesma preocupação.
Bullying Para Alessandra Caruso, mãe das crescidas Gabriela (13), Luciana (15) e Tatiana (19), é preciso ter muito diálogo na criação das crianças. “A gente conversa muito. Quando tem frustração, precisa jogar aberto”, afirma a mãe. Ela trabalha na linha da empatia: “se ponham no meu lugar”, diz Alessandra para suas filhas, quando questionada sobre determinada posição. Apesar disso, Luciana, a filha do meio da família Caruso, não escapou de ser vítima de bullying. “Uma menina me batia. Eu não revidava”, comenta Luciana. Para resolver a situação, os pais conversaram
Perfil Quem são os pais superprotetores? Cada indivíduo possui suas características e histórico de vida, mas a forma mais comum de apresentar pais que exageram na medida da proteção são pessoas que podem conter um ou mais desses traços de personalidade: insegurança, perfeccionismo, extremismo, fatalismo e até traços de depressão. Também fazem uma monitoria exagerada de seus filhos. “Não pode e
pronto”, é o que dizem esses pais, como comenta Luciane. Tudo isso causa insegurança na criança, o que a torna desprotegida emocionalmente. Ou seja, cuidado, pois o veneno pode se voltar contra o feiticeiro. Muita proteção, causa (des)proteção. “Qual atitude do pai e da mãe para criança ficar insegura: o ar que ela respira”, brinca a psicóloga. Por isso, o diálogo é fundamental para reverter essa história. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 15
matéria de capa com a escola que tomou medidas para repreender a menina agressora. No final de tudo, “ela virou minha amiga”, diz Luciana. A mãe Sônia Fogiato Rodrigues, que tem Juliana (11), também se queixa de que sua filha já sofreu agressões psicólogas na escola há 2 anos. “Já teve dificuldades por ela se destacar [nas notas] e começaram a renegar”, comenta Sônia. Sônia conta que é daquelas mães que busca e leva, com horários determinados, sua filha. “Desde que conheça o ambiente, eu deixo”. Na hora dos estudos acompanha e toma nota. “Sofro mais que ela até saber o resultado [da prova]”, afirma. E é na escola que pode estar uma boa saída para amenizar os hábitos de cada família. “A escola é um ótimo lugar para isso. O parâmetro da escola é muito diferente de casa. Tem muitos modelos diferentes”, observa a pedagoga e diretora do Colégio Novo Ateneu, Vera Izabel Pugsley Julião.
Na popular rede social Orkut, alguns internautas se manifestaram sobre o tema. São 14 comunidades que registraram a opinião de jovens e adultos sobre esse tipo de comportamento. A maior
1
Você gosta dessa proteção constante?
nº de votos Às vezes, enche o saco! 57 (23%) Cansa 42 (17%) Claro, me traz segurança 33 (13%) De vez em quando 32 (13%) Me deixa muito dependente 32 (13%) Gosto! Não viveria sem ela 21 (8%) Gosto 17 (6%) Outros 11 (4%) Total: 245 escola – uso de banheiros, servir-se do lanche – e apresentam autoestima rebaixada. “Não acreditam que podem conseguir vencer desafios, que podem ter uma nota melhor em determinada matéria, apresentam dificuldades para fazer amigos”, explica. Essas referências vão sendo levadas para a vida adulta, fase em que vão precisar dar respostas rápidas em situações de conflito Roberto Dziura Jr.
Segundo Vera, as atitudes das crianças superprotegidas vão desde o choro por permanecer na escola até a constante solicitação da intervenção de um adulto para a solução de problemas de relacionamento. São crianças que demoram para conquistar autonomia no espaço da
Na internet delas intitulada Meus Pais são Protetores possui 2.670 pessoas cadastradas, que trocam experiências e conflitos em comum. Veja o resultado das enquetes dessa comunidade:
2
Do que eles te protegem?
De TUDO! Do perigo
Sei lá, só sei que tô cansado(a) disso! Do namorado(a) De amigos
Tudo começa com um simples insetinho Total:
nº de votos 56 (32%) 34 (19%) 30 (17%) 21 (12%) 17 (9%) 15 (8%) 173
e precisam tomar atitudes coerentes e seguras para ter sucesso na vida profissional e pessoal. “A superproteção pode atrapalhar muito isso”, confirma a pedagoga.
Família Para que isso não ocorra, a saúde emocional da família é fundamental. Vai “depender dos mecanismos e ferramentas que ela utiliza nos momentos de ‘crise’, ou seja, o que ela faz, onde busca auxílio. No caso das crianças, o que os pais vão fazer com o que aconteceu”. Essa leitura posterior da situação servirá de repertório, de bagagem, para que esse indivíduo possa lidar bem ou não da próxima vez que se deparar com uma circunstância negativa. De acordo com Jacir J. Venturi, em seu artigo: “Educar um filho: trabalho de Hércules?”: “nós, pais, educamos pouco através de cromossomos e muito através de ‘como somos’”. Por isso, cuide com os exemplos que dá a seu filho. No tratamento, a psicóloga explica que é preciso trabalhar a criança para que ela promova a transformação dentro de casa. E, por consequência, os pais passam a dar maior autonomia a seus filhos, conforme a idade. Diferentemente de como aconteceu com Blu, no filme Rio, as mães pássaros em determinado momento da vida de seu fiLuciana, filha de Alessandra Caruso, conta já ter sofrido bullying na escola
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Roberto Dziura Jr.
Luciane aponta como uma das causas de pais superprotetores esses indivíduos terem tido pais alcoólatras
Bullying Crianças superprotegidas são presas fáceis Assunto em pauta na sociedade, o tema se caracteriza pela repetição doentia de determinada circunstância. Agredir fisicamente o colega em sala de aula toda semana, inventar apelidos pejorativos e isso tornar-se chacota em toda a escola; são simples exemplos de situações que deixam marcas psicológicas e, às vezes, físicas na vítima e podem ser encaradas como bullying. Sem repertório necessário para responder a determinadas situações de conflito, a criança ou o adolescente de pais superprotetores apresentam-se como presas fáceis desse tipo de violência. “É quase uma doença social”, afirma a pedagoga, Vera Izabel Pugsley Julião. Mas a psicóloga acredita que não se pode banalizar essa questão. Os pais não podem achar que sempre o problema está no colega de turma de seu filho e faz um alerta: “pais preocupem-se com a ansiedade de suas crianças. Fator ansiedade gera várias consequências sérias no pensamento, comportamento e fisiologia. Além de outros desdobramentos: fobias, pânico, TOC”. Ela conta que depois da tragédia no Rio de Janeiro, em abril deste ano, atende em média cinco queixas semanais com esse problema. Por isso, é preciso haver uma análise séria sobre a situação antes de diagnosticar qualquer situação como sendo bullying. São necessários três elementos, segundo Vera Julião. 1 - Uma criança que não tenha repertório de reação. Não consegue dar o BASTA;
É preciso trabalhar a criança para que promova a transformação dentro de casa, orienta a psicóloga lho percebem que é preciso “empurrar o pequeno pássaro do ninho para que ele aprenda a voar, a mãe nega a amamentação para que o cãozinho aprenda a comer. Difícil mesmo para nós, ‘mamães-gente’, é descobrir qual é a hora certa de fazer
isso”, completa a pedagoga. Mas é necessário chegar essa hora. Blu descobriu o prazer de voar, mas já na vida adulta e sob uma situação em que colocou sua vida em risco. É chegada a hora de enfrentar os medos e ser feliz. Fim!
2 - Aquele que agride sistematicamente seja de forma psicológica ou física; 3 - Os espectadores que se alimentam dessa situação. Para acabar, é preciso desarticular um desses elementos. “A gente tem de investir [nas crianças] a capacidade de se relacionar”, conclui Vera. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 17
política
a SUPER família Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
M
udanças administrativas aprovadas recentemente pela Assembleia Legislativa do Paraná (Alep-PR) fizeram, sem dúvida, da família Richa uma das mais (senão a mais) influente no cenário político paranaense. A aprovação dos projetos número 384 e 461 (mensagem 021/11) mudou a estrutura do Governo do Estado, com a criação de duas “supersecretarias” que, juntas, comandarão a maior parte dos recursos vindos do Governo Federal (PAC e projetos sociais). Segundo a Oposição,
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Com a aprovação da Alep-PR, Beto Richa terá mais força no Executivo; duas “supersecretarias” criadas ficarão sob responsabilidade da esposa e do irmão do governador
ambas as pastas controlarão 80% dos investimentos do Estado.
cargo da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Promoção Social.
Coincidentemente ou não, os “donos” dessas pastas são a esposa e o irmão do governador Beto Richa (PSDB). O primeiro projeto extinguiu as Secretarias dos Transportes e de Obras Públicas e criou uma nova pasta, a de Infraestrutura e Logística (SEIL), que acumulará os serviços. O segundo transforma a Secretaria de Estado da Criança e da Juventude em Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social (SEDS), que ficará responsável pela promoção social, antes a
Críticas Apesar de aprovado por ampla maioria na Alep-PR – apenas os deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) votaram contra os projetos – o assunto gerou bastante polêmica. Para a Oposição, a concentração da família é uma medida extremamente ultrapassada e medieval. “Tamanha concentração de poder encontra paralelo, com as devidas proporções, no final da Idade Média, quando alguns reis (e suas famílias)
Nani Goes / Alep
Com as mudanças para as supersecretarias, 295 cargos comissionados foram criados detinham todo o poder de decisão sobre a organização do Estado”, acusa o deputado Enio Verri (PT), líder da Oposição. “Tirando o que é rotineiro – Educação, Saúde e Segurança – que acabam utilizando grande parte do recurso orçamentário do Estado, são aquelas [secretarias] que dão um grau diferencial. O que significa é que o governador quer personalizar o efeito dessas duas políticas: intervenções e obras e atuação social. É ‘despartidalizar’ e personalizar o resultado dessas duas políticas”, afirma o cientista político e professor do Departamento de Direito Público da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fabrício Tomio.
Para defender a tese de que os secretários-parentes não serão responsáveis por grande parte do Governo, o deputado estadual Ademar Traiano (PSDB) disse que ambas as secretarias são responsáveis por menos de 3% do orçamento do Estado. “O que nós temos de orçamento previsto para as duas pastas são recursos na ordem de R$ 560 milhões, aproximadamente. Isso significa dizer que vão ocupar os recursos equivalentes a 2,39% do orçamento”. Ficou faltando nessa soma contabilizar os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal,
que normalmente representam altas quantias – estima-se em R$ 5 bilhões para os próximos anos. “Nós temos de trabalhar com aquilo que está desenhado. Não podemos trabalhar com projeções futuras do que possa vir para as secretarias, dos recursos oriundos do PAC. O que vier, será bem-vindo, mas o que nós temos hoje é apenas 2,39% de recurso do orçamento do Estado para serem comandados pelo José Richa Filho e pela Fernanda Richa”, defende-se Traiano. Procurados pela reportagem da MÊS, nem o governador Beto Richa, nem o secretário-chefe da Casa Civil, Durval Amaral, quiseram se pronunciar sobre o caso.
Gastos Além das discussões políticas sobre as mudanças, os dois projetos também preveem alterações no quadro de funcionários. Ao todo, 295 cargos comissionados (de livre nomeação) foram criados. Dessa Nani Goes / Alep
Ricardo Almeida
Defesa
Traiano- Ademar Traiano defende o Executivo dizendo que as novas secretarias vão ocupar somente 2,39% do orçamento
Verri acredita que a concentração da família é uma medida extremamente ultrapassada e medieval
quantia, 127 ficarão na pasta da secretária, Fernanda Richa. Os demais serão distribuídos entre a Procuradoria Geral do Estado (118), Secretaria da Justiça (28) e do Trabalho (22). Outros cargos também serão realocados. Dessa forma, a primeira-dama do Estado terá 212 comissionados à sua disposição. Esse aumento no quadro de funcionários representará uma boa quantia mensal aos cofres públicos. “Esse projeto amplia o número de vagas, amplia os gastos. É um gasto em torno de R$ 8 milhões por mês”, afirma Verri. Para o líder do governo, Ademar Traiano, os cargos são essenciais. “Nós vamos criar 22 estruturas regionais no Estado que vão atender a Secretaria da Família e da Promoção Social. Portanto há necessidade sim, porque essa secretaria vai tratar diretamente das questões dos jovens infratores. Não é nenhuma exorbitância”.
Embate Para o cientista político, o maior embate dessa questão é a mistura da vida pública com a privada. “Supõe-se que a gestão pública, política, tenha como meio mais privilegiado a vida partidária e não familiar. Quando essas duas coisas se confundem, a gente está sempre em uma fronteira de violar algumas instituições”. Tomio ainda levanta alguns questionamentos ao analisar o tema. “Se as políticas tiverem sucesso, o governador vai personalizar esse sucesso, não vai transferir para o partido, o grupo que governa. Por outro lado, os fracassos dessa política vão ser atribuídos diretamente ao governador. É muito difícil você ter de exonerar um membro familiar, porque literalmente a responsabilidade do processo não pode ser transferida. Como ele vai exonerar a esposa?”. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 19
sobre a política
A necessária e inadiável feminilização da política Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br
É necessário o trabalho cooperativo em vez da manutenção permanente da disputa
Ao eleger a primeira mulher como presidenta da República, o Brasil deu passos largos na direção da mudança de perfil da política nacional. O povo brasileiro deu – ao votar em Dilma Rousseff (PT)- uma indicação clara sobre o que quer de seus representantes na política. Os milhões de votos digitados no 13 disseram: mudem a forma de fazer política, mudem suas atitudes e seus discursos, ou seja, feminilize a política. A presidenta Dilma parece ter compreendido e interpretado positivamente este recado. Na composição inicial de seu ministério reservou espaços importantes às mulheres. Movimento que foi reforçado mais recentemente durante a primeira mudança ocorrida em sua equipe com a saída do ex-ministro Antonio Palocci. Dilma ampliou a posição das mulheres no ministério convidando a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR) para assumir a Casa Civil e alçando, a então ministra da Pesca, Ideli Salvatti (PT/SC), para a importante função de articuladora junto ao Congresso Nacional, governos dos estados e prefeituras na Secretaria de Relações Institucionais. São essas mulheres que, juntamente com as ministras Iriny Lopes, Secretaria das Mulheres, Helena Chagas, Comunicação, Izabella Teixeira, Meio Ambiente, Luiza Helena de Barros, Igualdade Racial, Maria do Rosário, Direitos Humanos, Ana de Hollanda, Cultura, Teresa Campelo, Desenvolvimento Social e Miriam Belchior do Planejamento, têm a responsabilidade de levar para a liturgia do poder em Brasília as outras formas e conteúdos nos discursos e fazeres políticos. Mas é apenas um passo. O primeiro e singelo andar dos pés no caminho da real feminilização da política. Pois, este processo não se conclui com a política feita por mulheres. Elas, assim como os homens, precisam fazer a política a partir de valores e discursos femininos. Não basta e não precisa ser 20 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
mulher para feminilizar a política. É necessário se pensar e agir como uma. Trocar os discursos bélicos - tradicionais na “guerra política” - pelo diálogo e construção de consensos, mesmo que, algumas vezes, sejam passivos. Em vez da permanente disputa, é necessário o trabalho cooperativo. Às vezes, isso ocorre pela disputa e pelo cacoete de assim se viver. Trocar o fazer pelo fazer, os números pelos números para cuidar das pessoas. Assim como crianças, nós, eleitores e cidadãos, queremos nos sentir protegidos. E essa é a tarefa dos governantes e, por consequência, dos políticos. Compreendo que o movimento iniciado pela presidenta Dilma aponta, em alguns anos, valores arraigados na política brasileira que talvez demorássemos décadas para vivenciar. Ao colocar em pé de igualdade a preocupação com a geração de energia para o desenvolvimento do Brasil e o combate às drogas, como o crack que corrói milhares de famílias País afora, isso se demonstra. É aguardar e torcer. Que o rosa e o lilás sejam as novas cores da política brasileira.
mensagens dos leitores
Mensagens do(a) Leitor(a) As cartas da Revista MÊS são de mensagens enviadas à redação por correspondência ou de recados deixados em nosso perfil no Twitter: @mes_pr ou no Facebook: MÊS Paraná. Participe! O álcool mata
Aproveito para elogiar o excelente trabalho de vcs e dizer que a reportagem “O álcool mata”, nos auxiliou muito na discussão que tivemos em sala de aula sobre alcoolismo. Agliane
Leitura
Achei a publicação muito interessante e com certeza uma ótima leitura.
Gabriela Willig UNILA - Universidade Federal da Integração Latino-americana
Inovar além da porteira
Turismo
A edição de março da revista chegou às minhas mãos através de uma doação de revistas feitas por um pai para o CMEI onde trabalho. Adorei a revista, é ótima! Parabéns pelo trabalho. Utilizei a reportagem “Inovar além da porteira” com meus alunos do 5º ano, pois sinto muita falta de textos assim para trabalhar os temas do nosso estado presentes no currículo escolar. Gostaria de saber como posso obter a revista. Obrigada.
Li a Revista Mes pela primeira vez e posso dizer que É linda a reportagem “Nos trilhos da Serra do Mar” (edicao de maio) e de grande importância para todos a reportagem “Fuja dos vícios”. Parabéns a todos!!!!
Cristina Pereira de Azevedo São José dos Pinhais.
Josileia Posonski da Silva
Política Vocês estão agradando a gregos e troianos. Uma publicação com conteúdo; um texto leve, claro e objetivo – como deve ser qualquer
bom texto. Costumo dizer que como jornalista sou um contador histórias. As matérias publicadas contam histórias. Um detalhe que observei e parabenizo é a independência em termos de opinião. Como conhecemos bem a imprensa verde amarela – eu já tenho 35 anos de estrada – é muito difícil uma publicação em estágio inicial ter a coragem de tecer críticas ou fazer mesmo cobranças políticas aos que estão no poder. Desejo uma caminhada de muito futuro a revista. Parabéns a toda equipe. René Ruschel, Jornalista
Assinatura Marcos Vinicius Silva - Olá, só hoje conheci a revista Mês. Tomei conhecimento por um link compartilhado por um amigo meu no Facebook (edição 04). Gostei do conteúdo (em que pese uma tendência política clara e unilateral). Parabéns pela iniciativa.
Uma amiga de serviço ganhou a edição nº 4 da revista e me emprestou pra uma leitura. Achei muito interessante. Gostaria de saber como faço pra ter acesso às futuras edições. Obrigado Rosicleia Hanke RESPOSTA: É só mandar um e-mail para o assinatura@revistames.com.br com seus dados para envio de correspondência.
Rony - @marquitossilva amigo, a @mes_pr é nova no PR e tem matérias ótimas, super #recomendo Na pani ao lado da nossa casa tem =] Irisbel - Muito boa a matéria de capa “Do Social ao Trágico” da Revista @mes_pr Parabéns! REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 21
cidades
Tinha um buraco no caminho
Chuvas, má execução do serviço, baixa qualidade do material e grande fluxo de veículos são fatores que podem explicar os buracos nas ruas de Curitiba 22 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
A
capital paranaense possui 4.530 km de ruas. Dessas, 1,5 mil km é de antipó; 1,4 mil km tem asfalto definitivo, 457 km ainda está com saibro e o restante é pavimentação alternativa como
recape e concreto. É ao longo dessa extensão que muitos buracos aparecem todos os dias, fazendo com que os moradores de Curitiba tenham de conviver com esse visitante indesejável. São poucas equipes trabalhando na operação constante de tapar os buracos na cidade. É o que admite Ubirajara Schreiber, superintendente de Manutenção Urbana da Secretaria Municipal de Governo. “Hoje precisaríamos ter o dobro de equipes tapando os buracos de Curitiba”, afirma. Para cuidar da lisura das ruas curitibanas, a prefeitura dispõe de 24 equipes para realizar o famoso “tapa buraco”. As equipes são distribuídas em nove regionais, além de outras quatro equipes menores denominadas kits. “Curitiba realiza dois tipos de operação tapa buraco. O primeiro consiste em fazer a manutenção no asfalto que não é definitivo. Essa conta com equipe maior de pessoas e máquinas. Já os kits atuam em locais de grande fluxo
Fotos: Roberto Dziura Jr.
“Hoje precisaríamos ter o dobro de equipes tapando os buracos de Curitiba”, diz o superintendente da Prefeitura onde o trânsito não pode ficar muito tempo paralisado”, explica Ubirajara. O processo começa com a varrição do buraco, seguido de recorte, aplicação da emulsão e da massa asfáltica. “Depois que acomodou, fez a compactação com os equipamentos, o tráfico está liberado. O importante é que atinja o grau ideal de compactação, pois a massa asfáltica tem vazios que precisam ser diminuídos”, explica o engenheiro civil, Luiz Henrique Teixeira, gerente técnico da CBB Asfaltos.
Além de poucas equipes para atender tamanha demanda na cidade, outro fator tem atrapalhado a qualidade dos tapas buracos na cidade. Este vem dos céus. Para maior durabilidade, Ubirajara considera o ideal ter três dias de sol para a aplicação dos produtos. “O grande problema é que nos últimos cinco meses nós tivemos apenas duas semanas sem chuva”, justifica.
sa asfáltica possui ligantes e outras misturas, como pedra. Uma dosagem incorreta, má qualidade da pedra e execução ruim podem comprometer na qualidade e na durabilidade do serviço. Só é possível saber se a operação foi realizada dentro das normas, analisando um pedaço do asfalto em laboratório”, explica o engenheiro. De acordo com a Prefeitura de Curitiba, a fiscalização para verificar a qualidade do serviço é realizada diariamente em todos os serviços executados.
Mas não somente a chuva compromete a vida útil do serviço. A dosagem errada dos componentes e vias com muitos tapas buracos são outros pontos responsáveis pela baixa qualidade do serviço. “A mas-
Porém o que se vê nas ruas curitibanas são enormes “panelas” no meio do caminho, como diria no jargão popular. O motorista de táxi, Carlos Creveloni, atua há 12 anos nas ruas da Capital e roda uma
Durabilidade
Roberto Dziura Jr.
O taxista Carlos Creveloni reclama dos buracos nas ruas secundárias
média diária de 230 km. Segundo ele, as vias principais de acesso aos bairros, “os chamados linhões”, estão em boas condições, no entanto, o problema se vê nas ruas secundárias: “principalmente, naquelas com antipó que estão muito ruins. E isso é em qualquer bairro”. Na opinião do motorista, o serviço não chega a durar dois meses, porque a camada de asfalto é muito fina e, “quando querem fazem ‘engrossada’ e daí dura mais”. Para o engenheiro, se o material for bem aplicado, um tapa buraco duraria, no mínimo, oito meses. “O serviço tem de ser realizado sem infiltração de água, caso contrário o problema vai ressurgir”. Ele lembra ainda outros fatores que podem influenciar para que os buracos surjam mais cedo do que o previsto. “Existe um bom senso no número de tapas buracos em uma via. Mais de 20% significa que a estrutura da rua precisa ser melhorada. Muitas vezes, uma operação dessa já não resolve, pois o volume de veículos que circula pela rua já superou a sua capacidade”. O representante da Prefeitura justifica que um dos problemas atuais está no grande número de vias com antipó, locais que mais precisam de manutenção. “Este pavimento surgiu na década de 1970 somente para acabar com o pó nas vilas, porém a qualidade do asfalto é questionável. Por isso, Curitiba não mais utiliza esse tipo de piso há oito anos. Hoje, temos o asfalto cidadão, uma pavimentação intermediária para as vias secundárias e que tem vida útil de, no mínimo, 10 anos”. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 23
cidades
Sobram reclamações e jus O serviço de táxi de Curitiba vive uma polêmica: enquanto usuários reclamam do serviço, categoria afirma que número de carros é suficiente Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
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e um lado os clientes e do outro quem oferece o serviço. Ao mesmo tempo em que os usuários afirmam que sofrem com constantes atrasos e a falta de táxis em Curitiba, os motoristas e o Sinditáxi-PR garantem que o número de carros é suficiente. Essas opiniões distintas trazem
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à tona a discussão sobre o sistema de táxi da Capital. Segundo informações da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), a frota da cidade é igual desde 1976, com 2.252 veículos. Na época, esse número correspondia a um táxi para cada 358 habitantes. Hoje, equivale a um para cada 776, mais que o dobro. Dados publicados no Portal iG, mostram que
em outras capitais brasileiras esse número é bem inferior. No Rio de Janeiro, por exemplo, são 198 pessoas para cada táxi e, em São Paulo, é possível ter um táxi para cada grupo de 345 pessoas.
Para o presidente do Sinditáxi-PR, Pedro Chalus, a estagnação de licenças para táxis há 35 anos se justifica pelo aumento de outros meios de transporte. “Em 1975, nós tínhamos 14 pessoas da família pra um carro, hoje temos um carro a cada duas pessoas. Todo esse pessoal que utilizava táxi, tem veículo próprio. Curitiba é a capital do Brasil com o melhor trans-
Frota de táxi de Curitiba é igual desde 1976, com 2.252 veículos sempre usam. Claro, tem situação que o trânsito colabora. Mas normalmente falta carro. [...] Teve situações de eu estar no táxi e, mesmo assim, ele aceitar outra chamada”, conta.
Explicações As principais reclamações dos usuários são quanto aos dias de chuva e horários de pico. “Quando chove já aconteceu de ficar uma hora e meia esperando. Sexta-feira também é muito complicado, principalmente, às 18h”, afirma Mônica. Emerson Jorge Pinto, taxista há 29 anos em Curitiba, diz acreditar que essa falta em horários específicos é normal. “Em dias de chuva todo mundo quer no mesmo horário. Isso falta mesmo. Pode ter cinco mil táxis que vai faltar”.
Impasse entre taxistas e população deve continuar ainda por algum tempo
stificativas
Uma dos problemas apontados pelos profissionais da categoria é o tempo ocioso do carro, que prejudica o atendimento ao público. Dos 210 km rodados por dia, 85 km são com o veículo vazio procurando ponto, explica o presidente do Sindicato. O taxista Airton Berghan trabalha no ramo há 11 anos e faz, em média, 12 corridas por dia de forma autônoma, apenas nos pontos. Berghan afirma que o tempo que fica em trânsito com os passageiros é curto. “A maior parte é no ponto aguardando. Existe um fluxo de carros na fila e isso faz que a gente demore até que saia a próxima corrida”, conta.
RádiosTáxis
porte coletivo. Entrou também mil vans no fretamento do transporte escolar. O taxista fazia transporte de escolares, entrega de encomenda, compra em farmácia, compra em restaurante e hoje não faz mais isso. Está sendo feito pelos motoboys”, relembra Chalus.
Outra questão que afeta o serviço, segundo o Sinditáxi-PR, é a busca dos usuários por apenas centrais de táxi da cidade. “As empresas não estão mais suportando a demanda. Enquanto isso, tem táxi na praça, no ponto da igreja, do hospital e no shopping. Tem táxi à vontade. Mas ele [o cidadão] liga na central e quer que atenda imediatamente”, diz o presidente. De acordo com a Urbs, dos 2.252 carros, aproximadamente, 1.500 são ligados a uma central.
No entanto, usuários se queixam. Como a estudante Mônica Melo, que diariamente, recorre a esse tipo de transporte para ir ao trabalho e voltar da faculdade para casa. A estudante, que gasta mais de R$ 50 por dia, afirma que os problemas são constantes. “O trânsito é a desculpa que eles
A falta de interesse dos taxistas em se associar está no fator financeiro. “Tem central que cobra R$ 110 mil em uma cota para você ingressar, outra cobra R$ 50 mil, outra R$ 30 mil, outra R$ 20 mil e uma não cobra nada. Em geral, todas elas cobram R$ 600 por mês”, esclarece Chalus.
“Tá faltando táxi, porque o pessoal se acomodou em telefonar da sua residência. As rádios táxis tomaram todos os passageiros”, garante o taxista Emerson Jorge Pinto. Apesar de ser associado a uma das cinco empresas da cidade, ele afirma estar pensando em se desfiliar, pois o investimento é muito alto – R$ 700 por mês.
Estudos A polêmica chegou aos órgãos públicos da Capital, que estão estudando o tema. A Câmara Municipal de Curitiba aprovou uma Comissão Especial para analisar o serviço de táxi na cidade. Segundo o vereador Jair Cézar (PSDB), que fez o pedido de abertura da Comissão, o estudo servirá para medir o serviço da Capital paranaense. “Como está? Está suprindo a necessidade da população? Tem uma demanda maior? Teremos de ampliar o número de táxis rodando em Curitiba, ou é suficiente?”, questiona Cézar. De acordo com o vereador, o estudo ainda não tem prazo para ser concluído. Outra Comissão que está analisando o tema é da Urbs, órgão responsável pela regularização do serviço. “Há uma comissão técnica com a atribuição de, a partir de levantamentos e estudos, traçar um quadro completo. Esta comissão está avaliando as diferentes variáveis – demanda, número de táxis, trânsito e pontos de parada – para chegar a um quadro claro da situação para, a partir daí, sugerir soluções”, diz a empresa em nota oficial.
Para Mônica Melo, que utiliza os serviços de táxi diariamente, os problemas com atrasos são constantes
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Divulgação
cidades
Inclusão Digital gratuita em Curitiba Com o projeto Uberaba Digital, a Capital paranaense passa a ter seu primeiro bairro conectado gratuitamente
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
uitas cidades brasileiras já têm cobertura de Internet gratuita, algumas dessas estão no Paraná. Agora Curitiba está dando seu primeiro passo em direção ao conceito de cidade digital. Uberaba é o primeiro bairro a fazer parte desse projeto, que visa o acesso gratuito da rede para toda a cidade. Com a instalação de uma antena, que transmite o sinal via rádio em um raio de 2 km de onde está locali-
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zada, os moradores da região do Uberaba podem ter acesso gratuitamente à Internet. Segundo a articuladora da Rede de Participação Política da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Fernanda Favoratto Martins, com o objetivo de transformar Curitiba numa cidade totalmente conectada é que começaram os estudos e planejamento para a implantação. O Uberaba se tornou o primeiro “laboratório” para depois ampliar a experiência por toda a cidade. “O bairro Uberaba foi escolhido como projeto piloto, pelos próprios voluntários, devido ao fácil acesso aos empresários, comerciantes e moradores da região”, avalia Fernanda. De acordo com a arti-
culadora, o projeto foi possível porque muitas pessoas se envolveram no trabalho como voluntárias.
Metrópole Digital A inclusão não deve parar por aí. O grupo de empresários e voluntários que trabalhou para que o projeto piloto saísse do papel agora se esmera para que Curitiba seja uma Metrópole Digital. Segundo o advogado e voluntário Rômulo Augusto Bronzel, já foram organizados grupos de estudo para esboçar projetos para a ampliação dessa rede para toda a Capital. Para o advogado, é preciso “criar um mecanismo para fomentar que a sociedade organizada crie seus próprios pontos de
Roberto Dziura Jr.
O Uberaba Digital A estudante Ana Caroline utiliza a rede do Uberaba Digital para complementar os estudos
O bairro do Uberaba tem atualmente 78 mil habitantes A implantação da 1ª antena do projeto piloto tem alcance para atender 10 mil pessoas A velocidade, em média, fica em 256 kbps A cobertura de sinal a partir da antena é de um raio de 2 km Até 150 m da antena, é possível usar um notebook ou celular que possuam a tecnologia WI-FI A partir de 150 m até 2 km de distância, quem possui um computador, notebook ou celular é necessário adquirir uma antena amplificadora para acessar Para a instalação da antena foram investidos R$ 15 mil Manutenção ficará em torno de R$ 2,5 mil
acesso gratuito”. Segundo o advogado e voluntário, em cada lugar é preciso avaliar qual a melhor forma para dar acessibilidade aos moradores. A ampliação dessa rede “depende apenas da vontade das pessoas e articulação! Acredito que cada bairro pode se mobilizar e procurar ter o sinal gratuito”, afirma Fernanda.
Uberaba Digital Com um pouco mais de um mês em funcionamento, os moradores do Uberaba já puderam ter as primeiras impressões sobre o acesso gratuito no bairro. Há poucos dias utilizando a rede, a administradora Sandra Quadros diz estar satisfeita com a conexão oferecida gratuitamente no bairro. A moradora compara o acesso à Internet que já teve por assinatura há algum tempo. “Ela é bem rápida. Lógico que se você for ficar fazendo download de vídeo ela não vai ter essa agilidade, mas para o que se propõem o projeto em si, que é a inclusão digital, para se utilizar e-mails, navegar na Internet, esses sites de relacionamento... Perfeito!”, observa Sandra. Apesar de ainda não ter conseguido acesso de sua residência, a estudante Ana Caroline Ribas, tem utilizado a rede na faculdade desde o lançamento, no dia 18 de maio. O acesso “ajudou [nos estudos],
A ampliação dessa rede “depende apenas da vontade das pessoas e articulação”, diz Fernanda principalmente, na sala quando a gente precisa baixar alguma coisa do sistema que os professores publicam ou fazer uma pesquisa na hora”, diz Ana. A estudante ressalta a importância que o acesso à rede mundial tem para os estudantes. “Hoje em dia, a Internet é um meio de comunicação, então é uma melhoria e tanto.”
Todos voluntários Mas para que o acesso seja positivo é preciso o envolvimento de todos. O voluntário Bronzel pondera que é preciso que os moradores que já estão utilizando a rede dividam o conhecimento com os vizinhos. “É uma responsabilidade deles como usuários também dividir o conhecimento”, diz. De acordo com Fernanda, a participação dos moradores está superando as expectativas do projeto. “Além da grande repercussão que o projeto teve, e que não esperávamos, os moradores demonstram grande interesse em participarem dessa inclusão digital”, completa a articuladora da Fiep.
Serviço Mais informações de como ter acesso ao projeto Uberaba Digital podem ser adquiridas em contato com a Associação Comercial e Industrial do Uberaba e Região (Aciur) pelo telefone: (41) 3344-2423 ou pessoalmente na R. Padre Júlio Saavedra, 55, Uberaba.
Conteúdo Todo o conteúdo da grande rede pode ser acessado por quem utiliza o sinal do Uberaba Digital, com exceção do conteúdo adulto que é bloqueado diretamente no servidor. Bronzel lembra que como o objetivo do projeto é a inclusão digital e facilitar a comunicação, educação e integração da comunidade essa limitação é para sites de conteúdo que tenham questões mais ofensivas ou que possam conter algum crime de pedofilia. O bloqueio, segundo a moradora Sandra, é benéfico. Ela tem três filhos “grandes clientes” do uso da Internet. “Coloquei um localizar e uma busca e não entra. Realmente é bloqueado”, aprova Sandra. Agora é só o morador da região que já tem um computador em casa se conectar! Para os interessados em outras localidades de Curitiba, basta procurar os voluntários do projeto para passar para a Era Digital. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 27
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5 perguntas para: Camilo Benke
O médico Camilo Benke resolveu superar os limites para além da profissão e buscou um novo desafio: ser triatleta. Para isso, treina exaustivamente e marca presença por onde passa, levando em punho uma bandeira com os dizeres You Can (Você Pode, em inglês). Aquecendo o corpo para competir em provas de Ironman e escaladas de fôlego, ele tem uma alimentação regrada e muita disciplina. Recentemente, Benke foi para uma nova aventura. Em Genebra (Suiça), participou de um curso de gerenciamento de áreas de conflitos e desastres e foi direto para o alto do pico do Mont Blanc, na França Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
Quando iniciou no esporte? Camilo Benke (CB) - Sempre tive o sonho de fazer a prova do Ironman. Era o primeiro desafio que eu queria fazer. Tinha visto que tem 3,8 km de natação; 180 km de ciclismo e 42 km correndo. Como na época tava fazendo medicina – sabia que precisava de muito tempo para o treinamento – eu deixei engavetado esse sonho. Depois que me formei, comecei a trabalhar e treinar, em 2006. E, em 2007, já fiz o meu primeiro Ironman. Busquei orientação profissional, até porque não sabia nada de treinamentos, equipamentos, provas, alimentação. Lá para o terceiro ano de treinamento, comecei a treinar sozinho. A que atribui sua resistência física? CB - É você ter um sonho, uma vontade de fazer aquilo. A gente sabe que o ser humano tem uma capacidade enorme de re-
Fotos: Arquivo pessoal
Profissão Aventura
alização. Quando você tem clareza, você consegue focar com mais facilidade e não dispensa energia em outras atividades. Antes de tudo, a força vem da mente. Depois é trabalhar o treinamento, nutrição, descanso, periodização de treinamento correta. Às vezes, você treina muito mais e o rendimento é menor. É a somatória de todos esses elementos, que permite com que você realize com sucesso o que está se propondo. Isso independe da área, não é só no esporte, é na área profissional, na sentimental. Acho que o caminho é sempre o mesmo. Como trabalha o psicológico? CB - Tem de estar equilibrado, sólido, no que está almejando e no próprio treinamento está fortalecendo isso. Tem de buscar estar bem consigo mesmo, bem com a atividade que está realizando, equilibrado. Isso, acho, que te dá força. Para fazer
esse treinamento é preciso estar muito focado, muito determinado, muito disciplinado. E acaba abrindo mão de muita coisa também. Não dá pra fazer tudo. Tem um momento que você tem de optar, saber que tem um objetivo, porque não é todo dia que você está disposto a treinar. Como é a alimentação? CB - Acho difícil a gente fazer uma coisa muito planejada, porque todo mundo está na correria, come na rua. É fundamental ter equilíbrio na ingestão de carboidrato e proteína. Evitar gordura e fritura. Evitar doces e refrigerantes. Outra coisa importante é comer fracionadamente, várias vezes por dia. Depois de três horas, comer alguma coisinha. O que significa a frase: You Can? CB - Comecei a usar, logo que eu fui fazer o Ironman da África do Sul e escalar o Kilimanjaro [Tanzânia], resolvi levar a bandeira. Até esse ponto é interessante, que ninguém no mundo associou essas duas atividades: Ironman e, em seguida, escalar montanhas de alta altitude. Depois repeti o feito na América, fiz o Ironman do Arizona [EUA], em seguida, fui para a Argentina, escalei o Cerro Plata, na Cordeira dos Andes, uma montanha de 6 mil metros e depois escalei o Aconcagua, que é a montanha maior das Américas, com 7 mil metros, numa sequência de 29 dias. O que mais se escuta que é impossível, que não dá. [A frase] era pra mim e incentivando os outros de que é possível, é só você ter realmente vontade, planejar e se determinar para chegar no seu objetivo. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 29
tecnologia
Investimentos em
apenas um clique
I
Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
nvestir na bolsa de valores não é tarefa das mais fáceis. Mas se você gosta, entende um pouquinho do assunto, e pensa em arriscar-se, saiba que um serviço via web, que surgiu no Paraná, chega para inovar e auxiliar os mais experientes até aos leigos na busca pelo melhor caminho nesse tipo de investimento. O portal “Bolsa Financeira” foi criado pelos jovens Rui Felipe David (25) e Felipe Boiera de Medeiros (22), moradores de Maringá, município do Noroeste do Paraná. O portal surgiu quando David percebeu a dificuldade que tinha para poder investir em bolsa de valores. De uma necessidade pessoal, os jovens perceberam uma oportunidade de negócios profissional. Em 2007, David resolveu criar um serviço que facilitasse a própria vida e a dos demais investidores de forma personalizada e em tempo real pela Internet. A ideia rendeu o trabalho de mais de três anos até o serviço ser lançado em junho de 2010.
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A proposta só começou a operar este ano, quando foi implantado todos os serviços de análises de investimentos, cotações, busca de índices e todos os subsídios para fazer um investimento com menos riscos e mais rapidez. O maior diferencial do produto, segundo David e Medeiros, é a possibilidade de utilizar um rastreador capaz de procurar nas cerca de 600 ações da BM&FBovespa uma oportunidade de bom negócio, em apenas um clique e alguns segundos.
Paranaenses criam programa que consegue rastrear, aproximadamente, 600 ações da Bolsa de Valores Bovespa em segundos; tecnologia é inédita no Brasil mulher e os filhos, tinha de ficar na frente do computador operando. Hoje não. Ele configura as operações e com um clique já encontra as que queria. Por outro lado, pessoas que trabalham o dia inteiro e não tinha tempo para operar na Bolsa, agora tem essa chance”, explica.
Aprovado
“A ideia surgiu de fazer uma ferramenta para poder analisar automaticamente, só que de acordo com a estratégia de cada um. Você monta uma [estratégia], o sistema mesmo vai encontrar as ações que estão batendo. Esse produto que a gente desenvolveu é o único do Brasil. Não tem nenhuma outra empresa que fornece uma tecnologia assim”, garante David.
O agente autônomo de investimentos, Guilherme Andreatta Soares, é um dos que aprovou o sistema. “Tenho um algoritmo próprio e gastava muito tempo. Antes de abrir o mercado, ficava uma hora só para configurar o rastreamento de 50 ativos. Eu ficava configurando todos os alarmes na minha plataforma. Hoje, consigo rastrear 500 ativos em 1 segundo. Então, além de me economizar todo esse tempo, me dá uma capacidade de poder rastrear mais ativos”, conta.
O sócio Felipe Medeiros afirma que os clientes do serviço on line têm elogiado bastante essa facilidade. “Alguns inclusive falam que ganharam conforto. Aquele tempo que ele podia estar com a
E não é só a ele que a nova proposta agradou. Atualmente, o portal recebe de 1,5 mil a 2 mil acessos por dia, sendo mil visitantes únicos. Além disso, já contam com 280 assinantes de pacotes oferecidos
Essa projeção levou os sócios a considerar o “Bolsa Financeira” uma startup, que são empresas – geralmente de internet – que possuem um alto potencial de crescimento. “É legal a gente ver o cenário da Bovespa. Hoje, tem 600 mil investidores e estão com uma meta de chegar a cinco milhões até 2014. Ainda tem um mercado muito grande a ser explorado”, lembra David.
Divulgação
Em tempo real Outra ferramenta do portal é redistribuir em tempo real as cotações da BM&FBovespa. No Brasil, apenas 30 empresas são autorizadas a fazer esse tipo de operação e o “Bolsa Financeira” é a única com sede no Paraná a obter essa licença. O processo de autorização da Bovespa demorou cerca de cinco meses para ser aprovado. Mas valeu a pena. “A Bovespa é bem rigorosa com a redistribuição de cotações.
Serviço facilitado: Guilherme Soares diminuiu o tempo de busca de 1 hora para 1 segundo. Ganho na rapidez e abrangência
Não é qualquer um que pode pegar uma cotação e redistribuir. Tem todo um processo de seleção para ver se você tem a tecnologia. Você tem de ser um vendor Bovespa autorizado para poder distribuir a cotação em tempo real”, diz David explicando o processo. As cotações são distribuídas em tempo real para os assinantes do “Bolsa Financeira”. No entanto, quem não paga o plano também tem acesso aos números, só que com um atraso de 15 minutos.
Saber investir Qualquer pessoa pode investir no mercado financeiro e utilizar o “Bolsa Financeira”. É o que afirmam os sócios. “Hoje está muito fácil o acesso para investidores. Antigamente, era difícil, porque era mais burocrático o processo. E agora com a internet, com o Home Broker [sistema oferecido pela BM&FBovespa para investimentos online], o acesso ficou muito mais fácil”, afirma Rui Felipe David.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
pelo portal. O objetivo agora é que até o final deste ano, a empresa consiga alcançar a marca de 5 a 10 mil visitas e entre mil e 2 mil assinantes.
Quem tiver o interesse deve procurar uma corretora ou um agente autônomo e abrir um cadastro. “O investimento mínimo seria a compra de uma ação, que é a menor fração de o capital de uma empresa. Pode custar de R$ 0,01 a R$ 100, R$ 1.000”, explica o agente autônomo Guilherme Andreatta Soares. Apesar da facilidade Felipe Medeiros lembra que é importante a pessoa ter algum conhecimento do mercado antes de se lançar nesse mercado de investimentos de alto risco e grande liquidez. “Se você entra sem conhecimento, a maioria das pessoas vai perder dinheiro, porque você vai comprar uma empresa sem saber a situação dela atual ou até o momento do mercado, o que pode ser prejudicial. Se não tiver educação financeira a gente até nem recomenda que entre. É muita chance de perder dinheiro”, alerta. Hoje em dia, muitas empresas – especialmente as corretoras – oferecem cursos aos novos investidores. Essa é uma boa maneira de aprender e perceber se os investimentos combinam com o seu perfil.
O portal oferece serviços gratuitos e planos mensais que variam de R$ 9,90 a R$ 119,90 por mês. Cada um deles apresenta um tipo de serviço e se adequa ao perfil do consumidor. O suporte é feito por meio de e-mail e um chat. Para mais informações, acesse:
www.bolsafinanceira.com.br
O portal desenvolvido pelos sócios Rui Felipe David e Felipe Medeiros foi lançado há um ano e já tem quase 2 mil acessos diários REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 31
tecnologia
Os dados nas nuvens
Tecnologia de armazenamento de dados está em constante evolução; já estamos na casa dos terabytes, uma viagem astronômica quase sem fim
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
amos voltar a 12 anos. Lembra como era transferir um arquivo de um computador para outro? Era preciso levar um disquete. Sim, um disquete! Um disco removível, que em sua versão mais comum, cabia o incrível tamanho de 1,44 megabytes (MB). Parece pouco tempo, em termos de História, mas muito grande já é a evolução nesse quesito. Hoje, no mercado, já é possível encontrar um pen drive com capacidade de armazenamento de até 256 MB. O desenvolvimento das tecnologias de armazenamento de dados se deu junto a outras tecnologias, como a qualidade de imagens: gráficas e de som. O investidor Aivan Toledo Gomes, que trabalhou por duas décadas – de 1982 até 2005 –, com mainframe e equipamentos de médio
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Do mega ao tera
O primeiro HD (sigla para disco rígido, proveniente do termo em inglês: hard disk) foi lançado pela IBM, em 1957, e tinha a capacidade de armazenamento de 5 MB. O que seria possível armazenar com esse espaço atualmente? Um arquivo de música de MP3 ou poucas fotos em alta qualidade. No mercado, para os computadores domésticos já é possível encontrar HDs com 1 terabyte (TB) de capacidade.
porte, relata que o primeiro disquete que ele viu tinha 160 quilobytes (KB), unidade menor que o megabyte, citado acima. “Os 160 KB davam no passado, porque também ninguém guardava foto, ninguém guardava filme, ninguém guardava essas coisas. Quer dizer, era basicamente texto que se guardava, antigamente”, relembra Gomes.
Para ele, com a evolução das imagens e filmes é que surgiu a necessidade de ter grandes espaços para arquivar os dados. De acordo com Gomes, hoje seria impossível imaginar os equipamentos sem capacidades astronômicas. Ele inclui nessa lista não apenas o computador, mas também os celulares, que hoje tem um bom espaço para guardar arquivos.
Nenhuma saudade do disquete
Roberto Dziura Jr.
Ele era bem útil enquanto foi a única opção para armazenamento móvel de arquivo e perdurou por bons anos. Foram quase 30 anos de história. O disquete se tornou comercial em 1971 e na época podia armazenar até 80 KB. O disquete é um disco magnético, no qual as informações são gravadas e, muitas vezes, perdidas, pois sempre tinha aquele que dava problema! Um dos inconvenientes dos disquetes se comparado com as tecnologias existentes era a velocidade com que os dados eram gravados nos discos. Podemos dizer que esse disco já se tornou obsoleto já que muitas fábricas de computadores não incluem mais o drive de disquete em seus equipamentos.
Apenas 12 cm de diâmetro, mas muito espaço
Um passo mais à frente, os CDs e depois os DVDs-ROM trouxeram mais capacidade para o armazenamento de dados num disco de apenas 12 centímetros de diâmetro. Os CD-ROM foram desenvolvidos, em 1985, pela Philips e pela Sony. Os CDs mais comuns cabem 700 MB, em dados, ou 80 minutos em música. Já o DVD-ROM foi desenvolvido, em 1995, pela Philips, Sony, Toshiba e Panasonic. Este tipo de disco oferece maior capacidade de armazenamento – 4,7 GB. Com muito mais espaço que o CD e o DVD somados – 25 GB –, o Blu-ray Disc surgiu como alternativa ao DVD trazendo dentro da capacidade de armazenamento mais qualidade de imagem. O lançamento do Blu-ray Disc foi em 2006 e já no seu início a tecnologia teve de desbancar um forte concorrente: o HD-DVD, já quase em extinção.
Em todos os cantos, os pen drives
Quem não se recorda quando os primeiros pen drives começaram a aparecer? As pessoas que tinham um o carregavam pendurado no pescoço. Os pen drives são pequenos dispositivos de armazenamento que têm capacidade para salvar até 256 MB. A facilidade do uso está em sua conexão USB. Os primeiros dispositivos começaram a ser vendidos comercialmente em 2000 pela Trek Technologies. Hoje se popularizaram e se espalharam pelos escritórios e escolas.
O desenvolvimento das tecnologias de armazenamento de dados se deu junto a outras tecnologias, como a qualidade de imagens: gráficas e de som
Mobilidade Com o aumento da tecnologia, os arquivos não precisam mais ficar “presos” a apenas um computador. Transportar e transferir dados de uma máquina para outra pode ser feito de diversas formas, com o auxílio de um e-mail, em pen drives e também têm os HDs externos um dos hardwares de armazenamento que está ficando cada vez mais barato para o consumidor. Já é possível encontrar no mercado brasileiro equipamentos desse tipo com capacidade de 500 MB por menos de R$ 250. Com cada vez mais opções, os consumidores podem ter mobilidade em seus arquivos e o fluxo de informações também vai aumentando. Segundo o gerente de desenvolvimento da Sofhar Gestão & Tecnologia, Marcelo Cestari, o desenvolvimento de tecnologias e o barateamento delas incentivaram o desejo do consumidor de ter mais mobilidade, de ter também mais necessidades em relação ao tamanho de armazenamento e não ter apenas os arquivos presos a uma máquina. Isso modificou o modo das pessoas compartilharem conhecimento. Há também o ciclo de desenvolvimento de softwares e hardwares, que acabou por impulsionar o consumo de novas tecnologias. “Antigamente, a memória e o espaço eram muito caros, porém, com o barateamento desses componentes, a restrição de valor está sendo sempre revista e não é mais um impeditivo para desenvolvedores de aplicativos”, avalia Cestari. A mobilidade do usuário de computadores não deve parar por aí. A computação em nuvem (do termo em inglês Cloud Computing) é a possibilidade de acessar seus arquivos de qualquer local que você esteja. E não apenas os arquivos poderão ser acessados, mas também aplicativos que não estarão instalados num computador e, sim, nesse espaço chamado de nuvem. Por isso, se você ouvir que vamos parar nas nuvens, não se espante. É só a tecnologia apontando seus novos caminhos. O fim? Ninguém sabe. Nem o céu é o limite. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 33
educação
É hora das férias de inverno Esse segundo recesso escolar nem sempre coincide com o período de descanso dos pais; uma saída são as colônias de férias s férias escolares no meio do ano já estão aí e para muitos pais agora começa a preocupação: onde deixar os filhos? Já que a grande maioria dos pais não tem descanso do trabalho nessa época do ano. Uma alternativa para esse impasse são as colônias de férias. Cada vez mais comuns, esses lugares oferecem segurança e muitas atividades recreativas e até pedagógicas para os pequenos.
julho. Com mais de 30 anos de tradição, o local não atende somente alunos da instituição, esclarece a coordenadora Liliane Cecilia Nadolny. Destinada para crianças entre 4 e 11 anos de idade, a colônia possui atividades de entretenimento, atividades ecológicas como caminhadas por trilhas, cavalgada, passeios de carroça e trator, além de visitações externas, como no zoológico. O espaço fica localizado em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O custo é de R$ 120 a semana.
Entre as opções mais utilizadas são as chácaras especializadas em recreação infantil. E nesse aspecto opções é o que não faltam. Entre elas está a colônia de férias mantida pela Associação de Pais e Mestres do Colégio Marista Santa Maria, que deve ocorrer entre os dias 05 e 22 de
“Lá as crianças têm a oportunidade de visitarem a horta, comerem frutas da estação e participar de gincanas”, conta Liliane. “Temos ainda opções mais radicais como falsa baiana [travessia por duas cordas], rapel e pêndulo”. Ela explica que todos os dias existem atividades diferentes e
Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
A
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temáticas. O transporte para a Colônia sai do Colégio Marista Santa Maria do bairro São Lourenço, às 13h30 e retorna às 18h30, de segunda a sexta-feira. Segundo a coordenadora, já no caminho, dentro do ônibus, as brincadeiras começam.
Alternativas Além das colônias promovidas por instituições de ensino, os clubes sociais também promovem atividades neste período de férias. Uma das mais antigas é organizada pelo Santa Mônica Clube de Campo, que nessas férias chega a sua 88ª edição. Destinada a crianças a partir dos 3 e para adolescentes até os 14 anos de idade, esta colônia oferece atividades recreativas, esportivas e ecológicas. Exclusivo para sócios e convidados, o projeto é realizado na sede do Clube, em Colombo, também na RMC. Com linhas de ônibus saindo de alguns pontos de Curitiba, as atividades esporti-
Divulgação
vas são adaptadas em função da idade dos participantes, explica o Marco Aurélio de Avila Carneiro, gerente cultural e de Marketing do Clube. Além de aproveitar a estrutura, as atividades de férias compreendem ainda passeios ecológicos, caça ao tesouro e teatro. Nas duas semanas de funcionamento – entre os dias 19 e 29 de julho – as atrações ocorrem de terça a sexta-feira, das 14h às 17h30.
Atividades Gratuitas
Outra opção é a programação de julho desenvolvida pela Biblioteca Pública do Paraná, como a Oficina Permanente de Poesia. No período, são promovidas aulas sobre poesia e declamação de poemas. A biblioteca também programou sessões gratuitas de clássicos do cinema e diversos cursos (veja box). Atualmente, os shoppings centers também oferecerem atividades para atrair as crianças nessa época do ano.
As Colônias de Férias oferecem atrações recreativas, esportivas e ecológicas para a criançada
Quem sempre utiliza de colônia de férias assegura que é uma preocupação a menos. É o caso de Ana Paula Quaresma, mãe de Ana Claudia (11) e Daniel (7). Vinda do Rio de Janeiro e morando em Curitiba há 15 anos, Ana sempre deixa seus filhos em uma colônia de férias. Segundo ela, a opção é ótima, pois não precisa se preocupar com as atividades dos filhos durante o recesso escolar. “Deixamos nossos filhos em um lugar com segurança, monitoramento e muita recreação. Não precisamos nos preocupar com as crianças em casa.” A mãe da pequena Ana Claudia lembra que nesse período, quando a filha chega em casa, está tão cansada das atividades que realizou ao longo do dia, que só quer ir para a cama, garantindo também o sossego e descanso da mamãe. Cesar Brustolin / SMCS
Michel Willian / SMCS
Existem ainda várias alternativas de recreação, atividades esportivas e intelectuais no recesso escolar deste inverno. Uma delas é o Festival de Férias promovido pela Prefeitura de Curitiba, no qual as atividades são realizadas em nove regionais da capital paranaense em espaços públicos. Durante os 15 dias de funcionamento, atletas são convidados para falar sobre os benefícios do esporte. Além disso, são realizadas aulas de pintura, aprendizado de xadrez e atividades esportivas e recreativas.
Biblioteca Pública do Paraná Confira as principais atividades gratuitas que serão realizadas pela instituição: P oe s i a Dia: Quintas-feiras 14 - “Algumas poetisas do Paraná”, com Adélia Maria Woellner 21 – “A trova no Paraná IV”, com Rose Mari Assumpção 28 – “Índia: poesia ceciliana”, com Lilia Souza Horário: das 18h às 19h45 C i n ec l u be Dia: Sextas-feiras 15 – “O Selvagem” 22 – “Marcelino - Pão e Vinho” 29 - “O Gavião e a Flecha” Horário: às 17h30 H ora do C o n to Dia: Segunda aos sábados Horário: às 11h e às 15h e aos sábados, às 11h Oficinas e Cursos Dia: 11 e 30/07 - Oficina de sucata Horário: de segunda a sexta, às 11h30 e às 15h30; aos sábados, às 11h30. Dia: 11 e 30/07 – Curso de Mangá Horário: terças, quintas-feiras, das 9h às 10h e das 16h às 17h Dia: 25 e 29/07 – Curso de Xadrez Horário: das 14h às 18h
Atividades gratuitas são ofertadas em 9 regionais e na Biblioteca Pública do Paraná
Todas as atividades são gratuitas. Localização: A Biblioteca Pública do Paraná está localizada na Rua Cândido Lopes, 133, Centro de Curitiba (PR). REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 35
saúde
Alternativas ao tratamento Mesmo sem comprovação científica, formas alternativas ao tratamento de saúde contribuem na melhora dos pacientes
Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br
L
uiz Speber tem 10 anos de idade e todos os seus dias são cheios de atividades culturais, recreativas, educacionais e muitas oficinas. Não é raro ter atividades até o período da noite. É assim todos os dias, mesmo nos finais de semana. Paralelo às atividades prazerosas, sua rotina é preenchida com remédios e procedimentos médicos, isso porque há três meses seus pais descobriram que Luiz é cardíaco. Ele está internado há um mês no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, onde espera receber um aparelho, que viverá com ele, o resto de sua vida. Ir para casa sem isso pode ser fatal. Mas é só na hora de dormir, que ele pensa
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no problema e sente a falta de seus familiares que estão em Florianópolis (SC).
A história do pequeno Luiz é um exemplo dos tratamentos alternativos realizados no Pequeno Príncipe, o único especializado em pediatria de alta complexidade. Sem descuidar dos procedimentos médicos, o Hospital apostou em três ações para ajudar no tratamento dos pequenos enfermos: Família Participante, Educação/Cultura e Voluntariado. Mesmo sem comprovação científica, a prática demonstra muitos benefícios, como maior aceitação do tratamento e a diminuição no tempo do internamento. O programa Família Participante permite, há mais de 20 anos, que um membro da família permaneça todo o tempo ao lado do interno. A coordenadora de psicologia do Hospital, Daniella Carla Prestes, lembra que antes do programa, após o término das visitas, os problemas aumentavam. “Era o
momento em que a criança se sentia insegura, abandonada. E ao contrário do que imaginavam, não aumentou o número de infecção hospitalar”. A abordagem educacional/cultural também contribui no tratamento, além de minimizar a perda da educação formal, pois muitos permanecem meses, e até mesmo anos internados. Com reconhecimento formal pelas instituições de ensino, “o programa utiliza o método tradicional de ensino, ajuda no desenvolvimento lógico e incentiva o hábito da leitura”, explica o coordenador, Cláudio Teixeira.
E é por causa do programa de Voluntários que o pequeno Luiz não fica sem atividades. De acordo com Rita de Cássia Lous, coordenadora do programa, “é natural a criança se sentir excluída em um Hospital. As atividades preenchem o tempo dos pacientes, fazem eles pararem de pensar na doença”.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
As atividades preenchem o tempo dos pacientes, fazem eles pararem de pensar na doença, analisa Rita
Trupe da Alegria Outra ação voluntária que ajuda no tratamento de saúde são os palhaços da Trupe da Alegria. São oito atores profissionais remunerados, especializados em Clow (técnica de palhaço) que levam energias positivas a cinco hospitais de Curitiba: Pequeno Príncipe, de Clínicas, Cruz Vermelha, Evangélico e Erasto Gaertner. Segundo o idealizador do projeto, Ricardo Trento, o projeto nasceu em 2000 após presenciar a tristeza existente no hospital. “Os palhaços conseguem quebrar a rotina médico-paciente e, de maneira divertida, ajudam no tratamento. O físico dos internos está doente, mas não o psíquico. Atingir o emocional ajuda na cura”, observa Trento.
Hospital Pequeno Príncipe oferece atividades extras ao tratamento de saúde
Roberto Dziura Jr.
Arteterapia Outra forma alternativa de tratamento de saúde é a Arteterapia, profissão assistencial ao ser humano “que oferece oportunidades de exploração de problemas e de potencialidades pessoais por meio de recursos físicos, cognitivos e emocionais, bem como a aprendizagem de habilidades, por meio de experiências terapêuticas com linguagens artísticas variadas”, explica a psicóloga Fabiola Gaspar. Seu processo utiliza diferentes recursos artísticos, como desenho, pintura, colagem e modelagem, assim como o diálogo com outras linguagens artísticas como música, teatro e expressão corporal. “Na arteteapia a pessoa, independente do sexo e idade, dá forma e cor aos seus desejos, medos, sonhos e angústias”, explica Gaspar. Segundo Gaspar, o “arteterapeuta pode contribuir na estruturação psíquica do indivíduo, desenvolvendo as potencialidades, a socialização e a criatividade, como pode ajudar nas dificuldades estabelecidas às vítimas de violência ou portadores de deficiência física ou mental”. Em Curitiba, iniciou em março a primeira turma de pós-graduação Lato Sensu em Arteterapia. Em agosto inicia a segunda turma.
Equoterapia A equoterapia, também um tratamento alternativo, auxilia os fisioterapeutas na
Ao lado da fisioterapeuta Viviane, e de sua mãe, Bianca faz equoterapia há mais de dois anos
recuperação de seus pacientes. Essa terapia utiliza o cavalo, principalmente, para a reabilitação de problemas motores. Com formação em equoterapia, a fisioterapeuta Viviane Miara Tracz explica que existem três modalidades: “a hipnoterapia, é indicada às pessoas com necessidades especiais. Seu tratamento utiliza os estímulos dados pelo cavalo em conjunto com técnicas específicas da fisioterapia e equitação. Já a equitação terapêutica é mais utilizada antiestresse e o pré-esportivo é destinado ao aprendizado da equitação”.
O objetivo da equoterapia é a melhoria da coordenação motora, estruturação espacial, tônus da postura, equilíbrio e ajuda ainda no convívio social, comunicação, atenção, memória e concentração. Nesses últimos aspectos é o que esta terapia ajudou no tratamento de Bianca Gonçalves Ribas (17), segundo a sua mãe, Luciana Marcia Gonçalves. Com paralisia cerebral, Bianca faz a equoterapia há mais de dois anos e diz “amar a prática”. Segundo a sua mãe, até a autoestima da adolescente aumentou depois que iniciou a terapia. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 37
economia
A vez dos imóveis A venda de empreendimentos imobiliários continua aquecida, as construções a todo vapor; mas não deve haver risco de bolha, segundo analistas do setor
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Iris Alessi - iris@revistames.com.br
sonho da casa própria sempre esteve presente no imaginário do brasileiro. Ter o próprio imóvel, deixar de pagar aluguel, realizar um investimento para o futuro são alguns dos motivos que levam as pessoas a adquirirem um imóvel. Hoje, esse sonho está muito mais perto. E os curitibanos têm demonstrado apetite em aplicar as suas economias em um empreendimento imobiliário, fazendo a roda girar com mais velocidade que em anos anteriores. Essa grande procura por imóveis e o aquecimento deste mercado têm feito com que os valores tenham se elevado ao longo dos
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anos. Segundo dados da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PR), o valor médio do metro de área privada, em 2010, foi de R$ 4.353,57, em Curitiba. Uma valorização de 17% frente a 2009, quando o valor era de R$ 3.393,44 e 44% maior que em 2008, ano em que contabilizava R$ 3.014,16 o metro quadrado.
Setor em expansão No entanto, a valorização dos imóveis na capital paranaense – que deve fechar o ano em 18% – não fez com que o número de unidades vendidas caísse. Ao contrário. No último Feirão da Casa Própria, realizado pela Caixa Econômica Federal, em Curitiba, foram fechados 8.736 negó-
cios, muito acima do resultado do ano anterior que foi de 5.686. “A gente superou um bilhão de reais em 2011”, salienta o gerente da Caixa, João Antonio Devita. Segundo Devita, em 2010, no Feirão foram pouco mais R$ 535 milhões. Para o diretor-presidente da Habitec, Luis Fernando Koehler de Camargo, o mercado curitibano de imóveis se recuperou de um período de estagnação que vivia até 2005. “Começou a ter uma recuperação do mercado nacional e, consequentemente, Curitiba também. Se todo o mercado nacional de 2004 e 2005 teve uma mudança de performance do mercado pra melhor, Curitiba também entrou dentro de todo esse processo, só que com uma característica diferen-
Roberto Dziura Jr.
Para Camargo, ainda existe um espaço e uma tendência de aumento de preços em Curitiba ciada”, afirma Camargo. Segundo o presidente da Habitec, essa característica se deve ao fato da fuga de muitas construtoras em meados da década de 1990 e início do século XXI. Isso levou a uma grande queda na construção de novos imóveis na Capital.
Roberto Dziura Jr.
Mas a estagnação ficou para trás e a boa fase está no ar. A melhoria do mercado se deu, entre outros fatores, pela maior procura de pessoas de fora querendo morar na Capital, de acordo com Camargo. Esse ponto levou a uma recuperação do valor do m² em Curitiba. Para Camargo, o mercado respondeu aos investimentos feitos pelas construtoras. Retorno e bons negócios para os proprietários. Desde março atuando em Curitiba, a imobiliária Fernandez Mera também confirma o potencial de crescimento do mercado local. “As oportunidades imobiliárias que existem dentro de Curitiba são inúmeras. Todo mundo [desse mercado] está voltando os olhos pra cá”, afirma o diretor regional da imobiliária, Rodrigo Santos.
Imóvel certo Por causa dessa expansão, encontrar um imóvel ideal não foi tarefa simples para a profissional de Relações Públicas, Letícia Zettel de Oliveira. Ela teve de pesquisar por algum tempo para encontrar o imóvel com todas as características que sonhava. “A maior dificuldade é você encontrar um imóvel que seja de um tamanho razoável, num lugar bom”, relata Letícia. Em cerca de um ano e meio de procura, Letícia encontrou alguns imóveis com valores considerados por ela absurdos. Localização, segurança e um imóvel que atendesse as necessidades de sua família – composta pelo casal e um filho –, foram os fatores determinantes para a aquisição. “Nos assustamos, porque [o preço] subiu muito.” De acordo com Letícia, no período de procura foi preciso aumentar o teto estipulado por ela para a compra do imóvel. Já com as chaves na mão, a relações públicas avalia ter feito um bom negócio e também um investimento apropriado, já que o apartamento que adquiriu teve uma valorização de R$ 35 mil nesse meio tempo.
Letícia com as chaves do apartamento que adquiriu recentemente; um ano e meio de procura
Valorização A grande demanda por imóveis tem feito com que toda a cadeia da construção civil fique aquecida. Reflexos bons e ruins. Ao que parece, a estrutura local não está preparada para atender o aumento de demanda, já que há falta de mão de obra e de material de construção, assim como a escassez dos terrenos, elementos essenciais para que um projeto saia do papel. “Tem uma corrente que está empurrando esses preços para cima, que é justamente a falta de mão de obra e a falta de material”, observa Santos. De acordo com Camargo, a expansão da construção civil não gera empregos apenas na ponta, mas em toda a cadeia produtiva. Desde a produção dos materiais de construção, o acabamento, profissionais liberais, fábricas de móveis e decoração, todos saem lucrando. A tendência de aumento dos preços não deve ser tão elevada quanto no início da recuperação do setor em Curitiba. Mesmo em compasso mais lento, a valorização vai continuar devido a outros fatores que influenciam a cadeia produtiva. Assim, fica no ar uma pergunta: se a valorização mostra que deve continuar, ainda que em velocidade menor, isso não poderia criar uma bolha no setor? Tanto para Camargo quanto para Santos a resposta é: não. Hoje, a possibilidade de compra de imóveis está em todas as classes sociais. Ainda há, conforme constata Santos, espaço de compra de imóveis pelos curitibanos. “Tem espaço. [...] O que não pode acontecer é falta de crédito”.
O crescimento do setor imobiliário também deve continuar, comenta Devita. O gerente da Caixa – banco responsável por 70% dos financiamentos imobiliários no Brasil – salienta que as pessoas estão podendo assumir compromissos de longo prazo.
Imóveis na planta Com o notável aumento na construção de novos empreendimentos e a forte demanda, é possível observar que muitos deles são vendidos, na cidade, ainda na planta. “Nós tivemos o privilégio de vender exclusivamente planta, papel”, avalia Camargo. Esse tipo de negócio ainda é o mais procurado pelos consumidores. Segundo Devita, no último Feirão da Caixa, a procura foi pelos mais diversos tamanhos de empreendimentos, mas “a maior procura foi por imóveis novos já prontos ou na planta”. De acordo com Santos, hoje, numa condição normal, cerca de 40% dos imóveis são vendidos no lançamento do empreendimento com o imóvel ainda no papel e, em até um ano, alcança 85% dos imóveis comercializados. Para Rodrigo, esse grande volume de vendas, muitas vezes antes do início da obra, é devido à qualificação das vendas. Vendidos na planta ou durante a construção, prontos ou usados, a compra do imóvel próprio continua sendo o sonho de muitas famílias brasileiras e hoje as diversas possibilidades de financiamento, mais crédito na praça, deixaram esse sonho mais perto da realidade. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 39
aquicultura
Paraná se lança no
cultivo de ostras Pescadores artesanais buscam na ostreicultura uma alternativa de renda para melhorar a vida no Litoral do Estado
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Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
magine um pescador artesanal, usando uma pequena embarcação para tirar o sustento, que não chega, às vezes, a um salário mínimo (R$ 545). Esse é o perfil médio do pescador paranaense. Contabilizados entre seis mil pescadores no Litoral do Estado, muitos se viram sem condições de sustentar a família só com a pesca. Em busca de alternativas, mas sem muita representação política e sem conhecimento técnico para reivindicar uma saída, os pescadores tive-
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ram apoio de diversas entidades ligadas à Aquicultura para remanejar essa questão. “Se buscou alternativas dentro daquele meio em que eles estão habituados”, ressalta Luiz Danilo Muehlmann, coordenador estadual do projeto Aquicultura e Pesca do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Emater). Trata-se de um projeto piloto no Paraná para o cultivo de ostras (Ostreicultura). O Estado tem potencial. É o que julga o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que indicou o Paraná como sendo um produtor poten-
cial desse produto. Como vizinhança tem o acesso ao know hall de Santa Catarina, que é o maior produtor de ostras do País e o fornecedor de sementes para a produção local. Essa opção veio em boa hora para muitos pescadores, como renda complementar ao ganha-pão em tempos de escassez no mar. “Estamos animados”, comenta Edineia Pereira de Souza, presidente da Associação de Pescadores de Ponta Oeste, localizada na Ilha do Mel (PR).
Renda A expectativa é de que o projeto traga maior conforto financeiro para a popula-
Divulgação / Emater
ção ribeirinha do Estado. A ideia é de “aumentar entre 1 e 2 salários para nós”, observa entusiasmada Edineia. Para tanto, o projeto passou por um processo longo até chegar à cessão de parte do território marinho para os pescadores locais. “Existe toda uma questão legal a ser cumprida. Agora nós conseguimos vencer toda a tramitação, as licenças e aprovações essenciais para poder instalar o projeto na água”, aponta o coordenador da Emater. Esse andamento do projeto demorou cerca de cinco anos para ser concluído, com a aprovação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), da Marinha, da Agência Nacional das Águas (ANA), da Secretaria de Patrimônio da União e, por fim, do Ministério da Pesca que emitiu um termo de cessão onerosa da área. Os pescadores paranaenses só receberam a permissão de cultivar ostras no fim de maio deste ano. “As áreas foram identificadas pelos técnicos da Emater, como potencialmente adequadas, em termos de condições da água”, diz Muehlmann. Antes uma atividade praticada de forma irregular, a ostreicultura no Paraná agora possui licenças legais para ampliar a atividade e a renda do trabalhador do mar. Os pescadores já estão recebendo instruções técnicas para saber lidar com essa nova cultura, que requer muitos cuidados para garantir a qualidade do produto e o período entre 12 e 18 meses para o crescimento completo do molusco. As ostras que serão produzidas no Paraná são as nativas, diferentemente de Santa Catarina, que são exóticas. Aqui serão cultivadas por dois sistemas: em long line (ou espinhel) – cordas longas que terão presas em sua extremidade as gaiolas – contendo as ostras em diferentes níveis de crescimento e o sistema de cultivo fixo (em mesas) – que são suportes, onde são colocados travesseiros para abrigar o molusco. Terão cultivo escalonado e a primeira produção será obtida no início do ano que vem.
Roberto Dziura Jr.
A expectativa é de que o projeto traga maior conforto financeiro para a população ribeirinha do Estado
Muehlmann está confiante na capacidade dos produtores paranaenses para o cultivo de ostras
Qualidade Para garantir a qualidade do produto, os pescadores fazem análises e relatórios diários para os técnicos da Emater, que também estão acompanhando a cada 15 dias o trabalho dos ostreicultores. “O nosso técnico tem o compromisso de fazer quinzenalmente a avaliação da biometria, fazer as anotações de salinidade, oxigênio dissolvido e PH da água”, ressalta o coordenador. Além da Emater, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) desenvolve o projeto Cultimar, que desde 2005, trabalha para auxiliar os pescadores locais no manejo e na qualificação do cultivo de ostras. Com diversas medidas de segurança, orientadas por esses parceiros, o objetivo é produzir ostras de qualidade e dar condições ao produtor paranaense de agregar valor ao produto e, em consequência, ter maior rentabilidade na hora da venda. O mercado de atuação desses produtores deve ser o local, entre o Litoral e Curitiba, mas depois deve se expandir para outros lugares. “Com isso, os produtores vendem direto para o consumidor e conseguem entre 50 e 100% a mais [no valor do produto]”, conta Marcus Vinicius Fier Girotto, coordenador técnico do Cultimar. “O consumidor já consegue perceber o cuidado”. Em média, o valor da dúzia no Paraná sai a R$ 7. Atualmente, estão envolvidas 101 famílias espalhadas pelo Litoral paranaense, sob a orientação da Emater e outras entidades. São quatro sendo desenvolvidos em Guaratuba; um em Pontal do Paraná, dois em Paranaguá e quatro em Guaraqueçaba. Pretende-se chegar a desenvolver 26 projetos para atender 216 famílias de pescadores. Mercado pelo jeito já tem. “Há alguns anos a Bélgica queria levar para lá, mas por problemas da falta de legislação específica, já teve oportunidade e não conseguimos”, diz Girotto. E outro fator limitante para exportação, apontado pelo coordenador do Cultimar, é que a produção local ainda é pequena para atender vendas em outros mercados consumidores. “Por não ter uma produção grande, o produtor não pode se comprometer com uma venda externa”. Por isso, ainda os produtores paranaenses terão de focar no mercado local para depois alçar outros mares.
Ostra Entenda os ciclos de crescimento pelo qual a ostra passa até chegar à mesa do consumidor: As ostras adultas começam na forma de espermatozóides, que depois se transformam em larva. Nesta fase, as ostras tornam-se sementes, com aproximadamente, 10 mm. Depois, já na fase juvenil, elas ganham corpo e passam a ter até 23 mm. Para alcançar a etapa adulta, o molusco bivalve engorda e chega ao período de terminação ao apresentar 60 a 80 mm, já próprio para consumo. O local para cultivo, que é próximo da costa, precisa ser adequado. Deve ser protegido da ação dos ventos, correntes e ondas, deve ter quantidade suficiente de nutrientes na água para suprir a “fome” desse molusco que se alimenta de microalgas. Também a salinidade, temperatura, tipo de fundo do mar devem ser analisados. Os inimigos das ostras são alguns animais que competem na água por espaço e comida, que são as planárias, caramujos lisos e peludos, estrelas do mar, alguns peixes, caranguejos e siris. Além disso, o processo de cultivo que dura entre 12 e 18 meses precisa sempre ser acrescido de limpeza para que nenhum parasita se instale e contamine a ostra. Outro fato importante é que as ostras são alimentos altamente perecíveis e, por isso, devem ser mantidas sob refrigeração para prolongar o tempo de validade. O manejo adequado desse alimento precisa ser rigoroso para não haver contaminação. A ostra pode ser servida de diversas formas, mas a mais comum ainda é o consumo dela crua, acompanhada de tempero a gosto.
internacional
Fora da m Circula a hipótese de os brasileiros e chilenos não serem mais alvo dos vistos; calcula-se que o turismo dos EUA teria incremento de US$ 10,3 bi e mais 95 mil empregos
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Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
or causa de grande influência cultural e econômica, por muitos anos – entre os brasileiros – predominou o sonho de ir para os Estados Unidos. Esse desejo de conhecer outro país vem se democratizando e outros destinos já fazem a cabeça dos turistas. Mas os Estados Unidos ainda é um dos lugares mais procurados pelos brasileiros que adquiriram nos últimos anos maior poder aquisitivo para incluir as viagens internacionais no orçamento familiar. No entanto, o processo para a obtenção do visto – uma espécie de permissão para visitar o país – tem sido um empecilho para que mais gente buscasse os EUA como destino turístico. “O visto é um dos maiores entraves”, afirma Raquel Panke Apolo, coordenadora do curso de Turismo da PUC-PR. Essa situação pode mudar, caso seja aceita a proposta de 104 CEO’s de empresas americanas e diversas organizações de viagens para liberar o visto para os brasileiros e também os chilenos que forem passar no máximo 90 dias nos Estados Unidos a passeio ou a negócios. Trinta e seis países já integram o programa Visa Wainer Program, que trata da não obrigatoriedade dos vistos para países parceiros. Para incentivar essa iniciativa, uma carta já foi entregue ao presidente norte-americano Barack Obama para mostrar as vantagens que essa decisão traria para o comércio daquele país, que não anda bem das pernas nos dias atuais. “Se nós dobrarmos de viagens do Brasil e do Chile geraria US $ 10,3 bilhões em gastos e suporte para mais de 95.000 empregos nos EUA”, afirmou Roger Dow, presidente e CEO da Travel Association EUA, que entregou a carta de intenções ao presidente. A pressão já começou.
Consequências
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No meio turístico brasileiro há posições diferentes sobre as consequências dessa liberação. Para a professora Raquel, essa medida traria um incremento de cerca de 20% de demanda reprimida e a possibilidade de outras classes sociais,
mira dos Estados Unidos “Outra situação que vai favorecer turisticamente é que o dólar está atrativo. Isso dará mais elementos para viajar para outros destinos”, que não Orlando e Miami – cidades das mais procuradas pelos brasileiros – comenta Raquel. Para alavancar a economia “eles [norte-americanos] estão percebendo no Turismo que estão precisando melhorar a autoestima. Nós podemos ironicamente ajudar”. A economia teria como frutos o aumento de milhares de empregos em áreas como o setor hoteleiro, de assistência à saúde, de gastronomia, entre outros. Isso porque os brasileiros têm se mostrado “bons” turistas. “Turista [brasileiro] quando viaja para os EUA é uma viagem dos sonhos. Não dá muito limite nos seus gastos. O dólar faz com que vá além de fazer o lazer, vai para usufruir das mercadorias locais”, afirma a coordenadora de Turismo. E completa: “brasileiro tem aquele hábito de ir com uma mala vazia e voltar com ela cheia”.
Turistas
Essa medida traria como consequência o incremento de cerca de 20% de demanda reprimida
Bom para quem gosta de visitar os Estados Unidos, como Antonio Nakazima Junior. “A primeira vez que fui aos Estados Unidos foi em maio de 2010. Visitei apenas a cidade de Nova York [...] Dessa vez fui à Nova York, mas aproveitar para conhecer outras cidades, como Washington D.C. e a Philadelphia.”
presa atende prioritariamente estudantes que querem fazer ensino médio em outro país, empresários e executivos. “Não tenho muitos vistos negados”.
Apesar de ter voltado este ano para os Estados Unidos, por conta do seu visto de 5 anos, Junior comenta que o processo pelo qual obteve o visto pode ser um limitante. “Conheço pessoas que já deixaram de ir para os EUA e programaram outra viagem, para outro destino, por causa da necessidade de ter visto.”
Mônica diz não acreditar que essa iniciativa seja levada à frente, pois, segundo ela, existem muitos brasileiros ilegais nos Estados Unidos e, ainda, é grande o número de pessoas que tentam ir para aquele país com documentos falsificados. Há uma saída, somente se interesses fortemente diplomáticos predominarem em uma futura negociação dos governos. Arquivo Pessoal
como a nova classe C, de terem acesso ao turismo nos EUA.
O funcionário público Antonio Nakazima Junior se enquadra no hall dos turistas que gostam de deixar alguns dólares por lá. “De fato, as compras são uma tentação. Roupas, eletrônicos, tudo lá é muito mais barato do que no Brasil. Fui com uma mala, voltei com três”, conta Junior que já esteve nos Estados Unidos por duas vezes.
Contraposição Já para Mônica Oliveira, proprietária da CI Intercâmbio, em Curitiba, o visto não deve mudar muita coisa. “Para o perfil do nosso cliente, não é um problema não“. Sua em-
Antonio Nakazima em sua 1ª visita aos Estados Unidos, no ano passado. Este ano, já fez sua 2ª viagem para lá
Ele conta que para obter o seu visto foi necessário passar por um processo burocrático, que se tornou chato e demorado. “Com o agravante de ficar com medo de ter feito ou preenchido algo de forma errada e ter o visto negado. Além disso, corre-se o risco de mesmo se você ter feito tudo absolutamente certo, ainda assim ter o visto negado”, comenta Junior. E se mais brasileiros poderiam conhecer a Estátua da Liberdade, o Central Park, o Empire State Building, a ponte do Brooklyn, também mais norte-americanos poderiam conhecer o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro; as Cataratas de Foz do Iguaçu; o Pantanal no Brasil. Pois, segundo a professora de Turismo o que vale é a regra da reciprocidade. “É uma via de mão dupla”. Segundo ela, se nos Estados Unidos for aceita a proposta, no Brasil, a regra também deve valer para quem vem de lá. Isso seria mais desenvolvimento do turismo no Brasil, envolvendo mais de 50 segmentos da economia direta e indiretamente. “É um ciclo”, finaliza Raquel.
Viagem Enquanto a regra não muda, os brasileiros que pretendem conhecer os Estados Unidos precisam obter o visto. Para isso, é necessário: Verifique qual tipo de visto será apropriado para sua viagem; Preencha o Formulário Online DS160 de solicitação eletrônica, antes de 10 dias de sua entrevista; Selecione fotos conforme as regras estabelecidas pelo Departamento de Estado;
Preencha todos os campos do formulário, incluindo a foto. Se falhar, isso pode resultar no cancelamento de sua entrevista no Consulado; Agende visita nos Consulados norte-americanos que possuem sede somente em Manaus, Recife, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo;
Imprima sua página de confirmação do formulário DS-160; Pague a taxa apropriada de solicitação de visto até cinco dias antes de sua entrevista; Para a entrevista, leve uma série de documentos (consultar o site: www.embaixada-americana.org.br)
Fonte: Embaixada dos Estados Unidos
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comportamento
Alma gêmea: tão difícil assim? por esse motivo que não deu certo”, ressalta. O tempo afastado foi importante para conhecer outras pessoas e perceber as dificuldades de encontrar a pessoa certa e ver se o relacionamento dos dois era bom.
Encontrar um(a) companheiro(a) pode não ser tão complexo, mesmo quando as estatísticas apontam para uma problemática: existem mais mulheres que homens no PR untos há mais de cinco anos, o casal de noivos Guilherme Wendler Alves (29) e Renata Ribas Maranhão Farias (27) já viveu as idas e vindas comuns em relacionamentos amorosos. O total de cinco anos e meio de relação é dividido em duas fases. A primeira quando os dois estavam no final da adolescência, perto dos 18 anos, que durou dois anos, e a mais recente, que foi a retomada do relacionamento depois de uma separação de quatro anos. Antes disso, já existia uma amizade iniciada há muito mais tempo. “A gente se conhece desde que a gente nasceu. Nossos pais são amigos. Só que na verdade a gente lembra que a gente se conhece desde os 12 [anos]”, conta Renata. Alves completa dizendo que mesmo antes deles nascerem, as famílias já se conheciam e eram amigas. 44 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
Os primos faziam, segundo o casal, pressão para os dois ficarem juntos. “A gente nem pôde escolher, na verdade”, brinca Alves. “A gente fala que foi tudo planejado. [...] Que nossos pais fizeram um acordo”, completa Renata. Para ele, o fato deles conhecerem a família e conviver com pessoas do mesmo círculo social facilitou muito a relação.
Para o noivo, o reencontro foi numa fase em que eles estavam procurando algo
Reencontro Mas mesmo com essa proximidade toda, nem tudo foi simples no namoro. “Na primeira fase a gente era muito novo. Eu tinha 18, ele tinha 19, na faculdade... Então a gente brigava muito. Porque um queria curtir. Aquela fase de faculdade. Até que chegou um dia e a gente terminou e foi ótimo pra gente”, diz Renata. Ele salienta que, na primeira fase de namoro, os dois precisavam adquirir novas experiências e amadurecer. “Acho que foi
Arquivo pessoal
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mais “sério”. O reencontro foi às vésperas de uma viagem internacional que a Renata já tinha marcado. Ela acabou viajando e durante o período fora, eles acabaram se envolvendo mais e “voltaram” namorando. A versão de Alves dá conta de que ela voltou porque sentiu muitas saudades dele, fala em tom bem-humorado.
Divulgação
“É difícil [encontrar a pessoa certa]. Eu não sei se porque eu já tinha tido a experiência com a Renata, mas as outras pessoas que eu conheci pareciam que não eram a tampa. [...] E eu acho que quando você conhece a pessoa que realmente você se dá bem, você sabe que é a pessoa”, afirma. Por outro lado, se “você começa a por defeito na pessoa. Você começa a implicar com tudo, [é] porque você não gosta”, completa a noiva. O casal que tem muitas coisas em comum, como gostar de viajar e ir a shows, tenta lidar bem com o outro lado, o lado das diferenças. Para as atividades que não são do gosto dos dois, segundo Alves, cada um tem seu espaço para fazer sozinho, sem que isso atrapalhe ou cause estresses na relação. Com o casamento marcado e a casa sendo decorada, os noivos vivem o momento de discutir a relação – no bom sentido – para escolher os detalhes do lar que vão viver a dois.
Números Mas nem sempre encontrar a pessoa certa está tão perto quanto no caso de Renata e Alves,. Muitas vezes, essa é uma questão matemática. A conta não fecha. É o caso do Paraná. Números do Censo do Instituto
O casal de noivos Renata e Alves; relacionamento que surgiu da amizade das famílias
A busca por um par não precisa e não deve ficar restrita apenas a baladas e barzinhos nas a baladas e barzinhos. Quem procura um relacionamento sério precisa ficar atento em todos os lugares que frequenta e naqueles de que mais gosta, procure por pessoas que praticam as mesmas atividades. Segundo Eloá, são nesses lugares que as pessoas “elas vão conhecer pessoas com afinidades parecidas que gostam das mesmas coisas”.
Segundo Sheila, é preciso que a pessoa tenha alta autoestima para encontrar alguém
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 apontam que no Paraná existem 182 mil mulheres a mais do que homens. Olhando para os números qualquer mulher heterossexual que está à procura de um parceiro pode ficar desanimada. No entanto, a psicoterapeuta e autora do livro “Amar é para Equilibristas”, Eloá Andreassa, afirma que as pessoas não devem ficar presas às estatísticas. “Têm muitas pessoas que conhecem um parceiro de outra cidade, de outro estado e até de outro país. Então, é se abrir para conhecer pessoas, novas oportunidades e esquecer as estatísticas”, avalia Eloá. Para ela, ficar preso aos números pode ser um fator limitante para encontrar um parceiro ou uma parceira. Se, às vezes, a vida não ajuda, existem instituições que tentam dar uma mãozinha ao destino e promover o encontro entre casais. Para isso, a diretora da agência de casamentos Par Ideal, Sheila Rigler, dá algumas dicas para as mulheres que ainda estão na desvantagem numérica. Os homens gostam de mulheres bem arrumadas, discretas, bem-humoradas, do mesmo nível social e de pessoas que gostam de si mesmas. “Eu sempre digo que se a pessoa não tiver uma boa autoestima, ela não vai conseguir encontrar ninguém”, salienta Sheila.
Afinidades Mas onde encontrar? A busca por um par não precisa e não deve ficar restrita ape-
Aliás, é por esse critério de afinidades que a Par Ideal identifica possíveis casais. Há 16 anos no mercado, a agência já realizou 1.642 uniões e apenas a relação de 36 casais resultou em separação. Atualmente, a agência atende cerca de mil pessoas entre 19 e 74 anos. Desses 40% são homens e 60% mulheres. As pessoas que se interessam por encontrar seu companheiro ou companheira por meio da agência preenchem um questionário com mais de 200 itens, além das entrevistas em que os candidatos mostram seus interesses e características. “Eu sempre digo, se um lê o questionário do outro e têm coisas que incomodam e eles não vão conseguir conviver com aquilo, nem saiam, porque é uma ilusão achar que um vai mudar o outro”, enfatiza Sheila, que completa dizendo que os casamentos dão certo pela agência, porque as pessoas já escolhem o que querem para elas. Depois que encontrar o seu outro pé de meia, a tampa da panela, a outra metade da laranja, o esforço não acabou. É preciso cultivar o relacionamento com muita paciência e tolerância. Eloá ressalta que cuidar do “amor e da relação dá trabalho”, por isso é preciso conhecer-se bem e conhecer a outra pessoa, conversar sobre a relação, falar para o parceiro ou parceira o que quer e buscar um ponto de equilíbrio no relacionamento.
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meio ambiente
A mudança que vem do hábito As sacolas plásticas já não fazem parte da rotina de todos; muitas pessoas já encontraram alternativas para substituir essa herança prejudicial ao meio ambiente
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las fazem parte do dia a dia de quase todas as pessoas. Estão nos supermercados, nas lojas, nas feiras, ou seja, em quase todo o comércio. Já foi considerada muito útil, hoje é vista como uma das grandes vilãs da poluição urbana. Demoram cerca de 400 anos para se decompor na natureza
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e, geralmente, são deixadas em qualquer lugar ao armazenar o lixo, fato que causa poluição de rios, obstrui bueiros e contribui para vários problemas nas cidades. Em alguns países da Europa, as sacolas plásticas já não são mais distribuídas no comércio. Para levar as compras para casa nesse tipo de sacola tem de pagar por elas. Aqui no Brasil, algumas cidades também
proibiram o uso. Entre os exemplos estão as cidades de Belo Horizonte e, mais recentemente, a maior cidade do Brasil, São Paulo, que está em fase de adaptação à nova lei que entra em vigor em janeiro de 2012. Em Curitiba, o assunto é também tema de política pública. Dois projetos diferentes em relação às sacolas plásticas estão em tramitação na Câmara Municipal.
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É necessária uma mudança cultural nos hábitos de consumo, diz Maria Alessandra Um deles, do vereador Odilon Volkmann (PSDB), prevê a proibição da distribuição das sacolas. Os consumidores que quiserem transportar as compras em sacolas plásticas precisarão, caso o projeto seja aprovado, pagar por elas.
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O outro projeto, do vereador Denilson Pires (DEM), obrigaria o comércio a dar descontos para os consumidores que deixassem de utilizar as sacolas plásticas. Para o vereador, o incentivo seria positivo, já que o valor pago pelas sacolas está embutido no valor dos produtos adquiridos. “A ideia é fazer uma lei que obrigue todos os estabelecimentos comerciais a darem esse desconto para quem não utilizar as sacolas plásticas. Para quem ganha menos, cinco, dez, 15 ou 20 reais numa compra, vai fazer uma grande diferença”, avalia o vereador. Com esse incentivo, Pires pretende incentivar as pessoas a adquirir o hábito de transportar as compras em outras embalagens que não as sacolas plásticas.
Mudança de atitude Antes mesmo das leis, parte da população tem tomado para si a responsabilidade, como fez a família Savi, ao mudar de atitude em relação às sacolas plásticas. Segundo o contador Francisco Savi, a mudança começou com as filhas que incentivaram o uso de sacolas retornáveis dentro de casa. Hoje, todos têm o hábito de usar. De acordo com Savi, as bolsas retornáveis ficam sempre à mão e uma delas no carro para imprevistos. “Essa questão de consciência, aqui na nossa casa, a gente criou bem isso, tanto que a empregada nossa também usa”, diz Savi. A família que tem um escritório de contabilidade também espalhou o hábito no local do trabalho. “O pessoal todo do escritório, quando a gente vai buscar lanche para o escritório também, se alguém vai, vai primeiro pegar a bolsa. É uma coisa que a gente não esquece. Sabe, quando se torna um hábito?”, completa a esposa e também contadora, Márcia Regina Cordoni Savi.
Márcia e Francisco com algumas das sacolas retornáveis que a família se habituou a usar
Alternativas Já há nos mercados algumas alternativas às sacolas plásticas e outras em desenvolvimento. Segundo a pesquisadora do Departamento de Meio Ambiente do Lactec, Maria Alessandra Mendes, é o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo que tem as pesquisas mais avançadas nessa área. Para a pesquisadora, a melhor alternativa atualmente são as sacolas de algodão, pois tem uma rápida decomposição na natureza além de não ter um preço muito elevado. “Mas se a opção for manter o polímero, que seja de origem orgânica”, completa Maria Alessandra. Segundo Maria Alessandra, a opção pelas sacolas de papel e de algodão é uma volta há 20 anos. Ela avalia que é necessária uma mudança cultural nos hábitos de consumo. “O caminho é a redução do consumo que vai acarretar na redução do consumo de energia, de água e em toda a cadeia”, ressalta.
Supermercados Pensando no consumo consciente, muitas redes de varejo brasileiras já estão adotando e incentivando o consumo consciente. Uma dessas redes é a rede Wal-Mart, que estipulou para 2013, a redução de 50%
das sacolas plásticas nas lojas. De acordo com a assessoria de imprensa, o cronograma para a redução está dentro dos prazos e já reduziu em 41% o número de sacolas utilizadas nas lojas desde 2008. Dois projetos existentes no Wal-Mart são a oferta de sacolas retornáveis de algodão vendidas nas lojas e o desconto de R$ 0,03 a cada cinco itens por sacola não utilizada. No Paraná, a rede de supermercados já concedeu com esse programa cerca de R$ 241 mil em descontos e, segundo números da empresa, mais de oito milhões de sacolas – entre janeiro de 2009 e dezembro de 2010 – deixaram de circular. Segundo a assessoria de imprensa, os programas têm tido uma boa aceitação dos consumidores. Outra rede de supermercados, o Pão de Açúcar, também tem programas nesse sentido. Nas lojas da rede é possível encontrar oito diferentes opções de sacolas retornáveis. Segundo a empresa, já foram vendidas mais 1,2 milhão de unidade em cinco anos. É possível escolher entre algumas opções para diminuir o consumo desse material prejudicial ao meio ambiente. A perspectiva é que surjam mais em breve. No momento, é possível usar carrinhos de compras de uso pessoal, sacolas de algodão e de outros materiais retornáveis, como as caixas de papelão. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 47
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turismo
Rota dos tropeiros (antes) e dos turistas (hoje) Próximo à Curitiba, no segundo planalto, está São Luiz do Purunã, uma terra com encantos de encher os olhos
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uer tranquilidade? Não é preciso rodar muito para ter um dia sem o agito da cidade grande. A menos de 50 km de Curitiba está São Luiz do Purunã (PR). Distrito do município de Balsa Nova, a região fica nos Campos Gerais e no início do segundo planalto paranaense. Apesar de estar próxima à capital paranaense, o lugar é um ótimo roteiro para quem quer descansar e curtir um ou mais dias bem próximo da natureza. São Luiz do Purunã já foi ponto de passagem das tropas de tropeiros que seguiam
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para Sorocaba (SP) em meados do século XVIII. A região que fazia parte do Real Caminho do Viamão está a mais de 1.200 metros acima do nível do mar. Por isso, o vento, quase sempre presente por lá, também é um atrativo do lugar e deixa a temperatura, mesmo com sol, baixa.
Clima No inverno, a estação que atrai mais visitantes para a localização, é possível conferir a neblina que se forma pela manhã e que deixa a paisagem ainda mais bonita. É um lugar para passeios ao ar livre, com um ar bucólico, onde o visitante pode usufruir de toda a calmaria do campo.
As belas tardes de sol revelam paisagens que vão além do que os olhos podem alcançar. Para o gerente da Pousada Cainã, Márcio Vecchi, um dos importantes destaques dessa região é “a beleza cênica. Você olha para qualquer lado e enxerga 100 km de distância. Se você subir numa árvore você enxerga Palmeira e Ponta Grossa. Curitiba você enxerga sem precisar subir em lugar nenhum”, comenta Vecchi. Foi para conhecer as maravilhas da região que a aposentada Sonia Casagrande Jourdani foi passar o dia. A primeira visita deixou boas impressões, por isso, ela pretende voltar com os netos para que eles conheçam e aproveitem o lugar.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Um lugar para passeios ao ar livre onde é possível usufruir de toda a tranquilidade do campo “Aqui é muito lindo. Uma comida gostosa. Adorei!” Os encantos de São Luiz do Purunã também foi um dos motivos que levou o engenheiro Agrônomo, Maurício Batista Rosas de Moraes, a costumeiramente visitar o local. Faz isso todos os finais de semana para cavalgar e aproveitar os restaurantes e pousadas da localidade. A paixão pelos cavalos também levou o casal Ivo Gobbato de Carvalho e Sabrina Silva de Carvalho até a região. Um dos animais da família Carvalho fica na Pousada Cainã. De acordo com Sabrina, o casal e os filhos começaram a visitar o local todo final de semana, ao longo do tempo fez amizades e o passeio do final de semana passou a ser um “refúgio do cansaço semanal e do estresse do dia-a-dia”.
As belezas saltam aos olhos em todos os momentos: do nascer ao pôr do sol
As andanças a cavalo tornaram-se rotina. “Nós temos uma turma de cavalgada de dez pessoas e, geralmente, todo sábado de manhã a gente sai por uma trilha diferente. Então têm cânions, paisagens naturais...”, comenta Carvalho. Eles arrendaram uma propriedade na região que virou uma casa de campo.
Acomodações Ter uma propriedade, opção feita pela família Carvalho, não é a única maneira para quem quer aproveitar todo o visual da região e ainda desligar-se do estresse da vida urbana. Em São Luiz do Purunã, há diversas pousadas e hotéis-fazenda que oferecem acomodações, normalmente, em forma de chalés para todos os gostos.
A família Carvalho: São Luiz do Purunã é lugar de descanso para os finais de semana
Na Pousada Cainã, os chalés vão dos mais rústicos, alguns com lareira para aquecer durante o inverno, até os mais modernos, que contam com banheiras de hidromassagem. Assim é possível fugir para o campo sem perder o conforto. Os valores das diárias para o casal variam entre R$ 300 e R$ 450 e incluem café da manhã, almoço e jantar. Mas para aproveitar as belezas naturais, saborear deliciosos pratos, sentir o cheiro de lenha queimando na lareira, entre muitas outras atividades, não é preciso
As cavalgadas são um dos atrativos da região, em que os turistas se sentem como vivendo no campo REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 49
turismo apenasestar hospedado na Pousada. É possível optar por aproveitar apenas o dia e curtir todas essas atrações. Na Pousada Cainã, há duas opções diferentes para passar o dia: a primeira no valor de R$ 50, que inclui o almoço, pesca e salas de jogos e outra por R$ 65, que abrange o café da manhã, almoço, sala de jogos, pesca e piscina. O passeio a cavalo sai por R$ 25 por pessoa.
Destaques O principal atrativo turístico são as belezas naturais, o contato com a terra, o cheiro de mato, o ambiente de paz. “A gente vende a natureza. Vendemos preservação. A ideia é justamente mostrar um pouco do clima do campo. É uma coisa meio saudosista. Fazer com que as pessoas se lembrem como era o interior. Tem bastante base na cultura que é a cultura do Sul, de cavalgadas em cavalos crioulos”, diz Vecchi. Para o gerente, a gastronomia local também chama a atenção. “A principal atração é o restaurante. [...] Comida típica de excelente qualidade, comida tropeira”, salienta Vecchi, que completa dizendo que as refeições têm “gostinho de quero mais”. Todos os dias o café da manhã é servido com mais de 15 opções e o almoço tem uma variedade grande de comidas com o sabor dos alimentos feitos no interior.
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Na pousada Cainã há chalés para todos os gostos: dos mais rústicos aos mais modernos
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Com essas opções, é só pegar a estrada e aproveitar todas as delícias e belas vistas que proporciona São Luiz do Purunã. Neste local é possível, desligar-se da vida corrida e propor uma volta ao tempo, o tempo das tropas.
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culinária&gastronomia
Deu
sopa
Na estação mais fria do ano, o prato aparece nos restaurantes e no cardápio dos paranaenses; veja como aproveitar para esquentar o corpo, sem deixar de ser saudável Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
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eita em casa ou elaborada com o requinte dos chef’s de cozinha, a sopa é quase unanimidade no inverno. Quando as temperaturas começam a baixar, encontrar locais que oferecem essa iguaria é tarefa fácil. O difícil é achar alguém que não goste do prato, já que pode ser preparado de diferentes formas e com os mais variados ingredientes. Se bem elaboradas, as sopas podem substituir uma refeição. A receita ideal precisa conter uma proteína magra (carne de músculo ou peito de frango), algum tipo de carboidrato (macarrão, arroz, batata ou mandioca), legumes (chuchu, abobrinha ou cenoura), folhas (couve, agrião) e água, analisa a nutricionista Stela Maris Sickta Pereira. “No inverno, as pessoas
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contrado no cardápio noturno de março a novembro. De acordo com a proprietária Clarice Domingues, a sopa de Legumes é a mais procurada. “Mas qualquer sopa no inverno vai que é uma beleza”, brinca Clarice. O restaurante oferece buffet com três tipos de sopas, mais acompanhamentos. Os sabores mudam todos os dias. O valor de uma cumbuca é R$ 5 e para o buffet livre o preço cobrado é R$ 9.
Mais pedidas
O restaurante Acrótona serve o prato durante o ano todo desde 1974, tornando-se a casa de sopas mais antiga da cidade. Segundo Gilmar Denez, dono do local há oito anos, nos dias frios há um aumento de 70% no movimento da casa em busca do buffet de sopas. Com oito opções diárias, sendo três fixas (Eslava, Milho Verde e Canjica Doce), o cliente pode ligar com 24 horas de antecedência e pedir a sopa que quer comer no dia seguinte. A Eslava, que é feita com carne, batata, cenoura e molho de estrogonofe, é a que mais sai no estabelecimento. “Três vezes mais que as outras”, diz Denez. O valor do buffet é R$ 14,60 e o restaurante também oferece a opção de entrega à domicílio.
Em Curitiba, centenas de restaurantes oferecem o prato. Alguns trabalham com o sistema de buffet e outros com porções individuais. No Le Buffet, o prato é en-
Outro restaurante da capital que serve o prato diariamente é A Pamphylia. Há 31 anos o restaurante oferece porções individuais de sopa e também trabalha com o
diminuem o consumo de água e a sopa pode ajudar a completar essa necessidade. É um alimento completo”, garante. Para o chef Chiquinho, da Trattoria Lugana, o segredo para o sabor da sopa ser agradável é a pessoa cozinhar com carinho e vontade. “Não adianta jogar tudo na panela”, afirma. O restaurante em que trabalha incluiu algumas opções de sopas no cardápio de inverno, devido aos constantes pedidos dos clientes. Uma delas é a Mediterrânea, que contém diversos tipos de frutos do mar. (ver box)
Toque de chef
E para você não ficar apenas com vontade, acompanhe o preparo da sopa Mediterrânea, feita pelo chef Chiquinho, da Lugana Trattoria. Segundo a nutricionista Stela Pereira, a receita é leve. Para quem gosta de frutos do mar, vale a pena experimentar. O sabor é forte e bem característico.
SOPA MEDITERRÂNEA DA LUGANA (frutos do mar) Ingredientes:
• 100 g de lulas • 100 g de mexilhões • 100 g de vôngoles • 100 g de camarões • 600 g de pescada amarela • 1 litro de caldo de legumes (brodo) • 1 cebola média • 4 dentes de alho • 200 ml de azeite de oliva
sistema delivery. O cardápio tem 60 tipos de sopas, mas apenas seis são oferecidas diariamente. A Canja, a Eslava e a de Milho Verde são fixas; as outras três variam de acordo com o dia. Conforme o proprietário João Ernesto, as mais pedidas são: Sopa do Mar, Grega, Eslava, Canja e Araucária, que é feita de pinhão. Os valores do prato ficam entre R$ 16 e R$ 21. O diferencial da casa é servir as sopas tanto no almoço, quanto no jantar.
Modo de preparar Primeiro, passe o peixe na farinha de trigo para ele não grudar na frigideira. Grelhe a pescada com um pouco de azeite e deixe reservada. Numa panela coloque azeite, o alho e a cebola picada. Refogue. Em seguida, acrescente os frutos do mar pré-cozidos e temperados e refogue até dar o ponto (de 5 a 10 minutos). Na sequência, coloque o vinho branco, o caldo de legumes, o molho de tomate e deixe ferver. Por último a pescada, o pesto e a rúcula. Deixe ferver por 5 minutos e sirva. Tempo total de preparo: 30 minutos Rendimento: 4 ou 5 pessoas Preço médio do prato: R$ 70
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr.
Para o sabor agradar o segredo é cozinhar com carinho e vontade, afirma o Chef Chiquinho
• 1 taça grande de vinho branco seco • 200 g de molho de tomate • 100 g de pesto • 1 maço de rúcula picado • Farinha de trigo suficiente para empanar o peixe (fina camada) • Sal a gosto • Pimenta a gosto
Aprecie com cuidado Apesar das sopas serem uma ótima opção e, inclusive, recomendadas pelos nutricionistas, na hora do preparo é preciso tomar alguns cuidados para que este alimento não se torne um incômodo para a digestão. “Normalmente, as pessoas tomam sopa à noite. Então, devem dar preferência para abobrinha, cenoura, outros tipos de batatas, como batata salsa, chuchu, que têm bastante água e fibras. As sopas de legumes são as menos calóricas”, esclarece a nutricionista Stela. Ela afirma que o ideal é não misturar em uma mesma sopa ingredientes que contêm carboidratos, como o macarrão, o arroz, a batata e a mandioca. Além disso, ela lembra que é preciso observar as armadilhas. “Geralmente utilizam pães, queijo ralado ou colocam linguiça, calabresa e bacon. Aí a coisa acaba ficando perigosa. Tem de tomar cuidado com os ingredientes e com o que adiciona nas sopas”. Se balancear esses ingredientes, o consumo pode ser diário e até mesmo substituir uma refeição, garante a profissional.
Veja os valores nutricionais ao consumir a sopa Mediterrânea:
Informação nutricional Valor energético*
379,2
Proteína
22,5 g
kcal
Carboidratos
13,2 g
Lipídios
17
g
Cálcio
114,8
mg
Ferro
3,33
mg
Sódio
153,3
mg
Fibras
1 g
*Porção de 250 ml - 1 prato fundo Fonte: Nutricionista Stela Maris Sickta Pereira
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esporte
Motores menos poluentes brigam U no Rally dos Sertões
Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br
Carros construídos para rali no Paraná querem provar que podem ser mais sustentáveis e muito competitivos na edição 2011 54 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
m esporte que mistura poeira, lama, velocidade e localização precisa; elementos controlados por um cronômetro implacável. Trata-se do rali de velocidade. Dos menores aos grandes eventos, a emoção e adrenalina que giram em torno dão o tom da competição. No próximo mês, o Rally Internacional dos Sertões – o maior evento do Brasil na categoria Cross Country – será realizado entre Goiânia (GO) e Fortaleza (CE) e colocará à prova a tecnologia inovadora de um paranaense.
Neves, que também é piloto, entende do riscado e confia no biocombustível. “O etanol é muito melhor que a gasolina para a competição. Ele [o combustível] gera mais potência. O rendimento é menor em termos de consumo, mas a potência que consegue é muito melhor. Os resíduos que ele gera são menores, o motor dura mais tempo”. Neves já competiu em grandes circuitos, como preparador, mecânico e piloto, como em 2010, que esteve na rota do Dacar, quando sofreu um acidente com o capotamento frontal de seu carro. Na ocasião, quebrou quatro costelas, teve o pulmão perfurado e, ainda, uma fratura. Hoje, já recuperado e animado, tem se tornado o grande incentivador do etanol como combustível para os ralis no Brasil. Por isso, levou a novidade em carros construídos em sua oficina para estreiar na edição dos Sertões do ano passado. Mudança nada fácil.
Alterações Para que o carro possa receber o biocombustível são necessárias várias modificações no veículo. “É uma alteração grande. Implicam em motor, câmbio e sistema de refrigeração. É difícil alterar de uma hora pra outra. A modificação é cara, precisa de alteração de periféricos”, comenta.
Sertões Este ano, no Rally Internacional dos Sertões, o renomado Klever Kolberg vai pilotar um dos carros feitos por Maurício Neves que utiliza o etanol. Kolberg vai acelerar para brigar pelas primeiras posições na competição que está marcada para começar na primeira quinzena de agosto. Além da consciência ambiental no uso do combustível, os carros da oficina paranaense levam esse conceito para outros componentes da construção do carro e na manutenção, a exemplo da utilização
Rally Internacional dos Sertões Data prevista 06/08 a 20/08 Percurso 10 etapas de Goiânia (GO) a Fortaleza (CE) Mais informações www.sertoes.com
Divulgação
Mas a ideia pegou no meio automobilístico e promete arrancar em alta velocidade. No ano passado, por conta do entusiasta
Neves, foi lançado no Campeonato Brasileiro a categoria Pro Etanol, que impulsiona outros competidores de rali a utilizar esse combustível. “É a grande sensação. Porque são carros mais confiáveis, mais prazerosos para pilotar, dão um espetáculo maior. Tem um som muito mais bonito e a questão da poluição, o impacto é muito menor”, completa o paranaense.
Maurício Neves, de 42 anos, natural do Paraná, é experiente na área de montar “naves” potentes sobre quatro rodas. Faz isso desde 1999. Em sua 12ª participação no Rally dos Sertões, ele vai gerenciar – por 12 dias de competição – carros com biocombustível. Apesar de conhecida nas ruas, a tecnologia não era utilizada em carros para rali, em que o motor precisa estar no auge de sua performance. “Os motores diesel reinavam absolutos no Cross Country”, lembra o proprietário da Promachina, oficina especializada na montagem e manutenção de carros para rali, situada em Campo Magro, município da Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Carros montados para competição que levam etanol como combustível REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 55
esporte PROVA DE REGULARIDADE
Corrida só para mulheres
Arieta Arruda
Uma prova um pouco diferente desse ambiente de velocidade, poeira e figuras masculinas, foi o 1º Rally do Batom no Paraná. Uma competição de regularidade exclusivamente para mulheres que ocorreu em Maringá, região Noroeste do Estado no fim de maio. “A cidade de Maringá a olho nu tem muito mais mulheres que homens”, argumenta Andrea Silva, organizadora do evento para justificar a escolha da cidade.
Juliana e Regiane, vencedoras no volante do 1º Rally do Batom do Paraná
de mais de 50% de peças reaproveitadas e o uso de fluidos e graxas biodegradáveis. “É possível fazer automobilismo com uma consciência ambiental muito forte”, observa Neves.
Custos
A verba é grande, mas quem compete garante: a emoção se mede em quilômetros. Esses carros preparados para rali chegam a atingir 188 km/h em competições como no Dacar, o maior rali do mundo. Detalhe: o piso acidentado e muitas surpresas no percurso conferem ao piloto e navegador – o fiel escudeiro e dono das coordenadas da prova – pura adrenalina e muita aventura. Roberto Dziura Jr.
Ficou curioso(a) para saber quanto custa toda essa brincadeira? Maurício Neves abre o jogo. Para construir o carro custa, em média, R$ 300 mil e mais R$ 200 mil de manutenção para uma competição nos moldes do Rally dos Sertões, fora outros
detalhes como R$ 1,5 mil em inscrição, por pessoa que integrar a equipe, e mais R$ 10 mil pela inscrição do carro.
O paranaense Maurício Neves que monta carros também é tri-Campeão Brasileiro de Rally Cross Country 56 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
Distante das características do rally cross country, nessa competição de cunho recreativo, o quesito mais avaliado era a regularidade. Com 23 equipes participantes, a velocidade não era o que contava, valia mesmo era a regularidade, ou seja, passar pelos pontos demarcados, em determinada quilometragem, no tempo exato. Tudo isso seguindo o road book (livro contendo as coordenadas). A equipe da Revista MÊS participou da corrida, dentro do carro das competidoras: Juliana Molina Reis (piloto) e Regiane Jacinto Zamarian (navegadora). O carro era um modelo 4X2 e não exigia tanto da potência do motor e nem da habilidade da pilota, mas sim uma cota extra de atenção para seguir as regras e perder menos pontos possíveis em atrasos ou avanços no tempo estipulado. “Tudo tem de ser nos mínimos detalhes”, comenta Juliana, que nos guiou à vitória. A equipe foi a vencedora dessa categoria, depois de quatro horas de prova, pela capacidade de manter a regularidade em todo o percurso. A competição passou por estradas de terra entre Maringá e Marialva, num total de 80 km. “Isso aqui é uma caixa de surpresas, pior que futebol”, comentou Regiane durante a prova. “A gente espera que esse seja o primeiro de muitos”, finaliza Juliana empolgada com a vitória.
REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 57 Não dê chance ao mosquito da dengue. Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo.
cultura&lazer
Refúgios no meio urbano Dezenas de parques em Curitiba guardam ótimas opções de lazer para quem quer aproveitar os finais de semana ao ar livre
A
Iris Alessi - iris@revistames.com.br
s áreas verdes da cidade são espaços que dão mais qualidade de vida à população, protegem rios e garantem o próprio desenvolvimento urbano. Os curitibanos sabem bem disso e aproveitam, sendo frequentadores assíduos desses es-
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paços, que servem como verdadeiros refúgios de fim de semana. Mas a Secretaria Municipal de Meio Ambiente alerta para os cuidados com o patrimônio público.
da cidade. Segundo a gerente de Parques e Bosques da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Walquiria Izatto Lima, muitas vezes, o trabalho de manutenção desses espaços acaba sendo sobrecarregado devido à falta de cuidado das pessoas que frequentam.
Em Curitiba, os parques estão espalhados por toda a cidade. Ao todo são 20 bosques, 15 parques e o Jardim Botânico, um dos principais pontos turísticos
Nos dias ensolarados, é fácil observar como os curitibanos gostam de aproveitar essas áreas verdes, já que a grande maioria fica lotada. Tudo em uma convivência
Nos dias ensolarados, é fácil observar como os curitibanos gostam de aproveitar as áreas verdes da cidade democrática. Alguns querem utilizar as academias ao ar livre, também as pistas de corrida e caminhada. Outros ficam nos lugares para piqueniques, nas churrasqueiras ou, ainda, curtem o lugar para praticar o ócio. Recém-chegado de Cascavel (PR), Altair Soares, aproveitou o primeiro sábado na capital paranaense para fazer exercícios físicos no Parque Barigui, um dos maiores parques e o mais visitado da cidade. A prática de exercícios diária, mesmo em Cascavel, era sempre nessas áreas verdes. “Eu não curto academia”, diz Soares, que mesmo com o frio sempre pratica exercícios ao ar livre. “Todo dia eu corro em média de oito a dez quilômetros”, afirma.
Família
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Assim, de pedacinho em pedacinho, os parques e bosques de Curitiba se mostram como lugares para toda a família. Fazer um churrasco aos domingos, um piquenique ou apenas passar a tarde toda a observar as paisagens especiais da Capital são alguns dos atrativos. O piquenique foi a opção escolhida pela curitibana Heloisa Stelmachuk e seu filho Heitor. Heloisa costuma sempre caminhar no Jardim Botânico pela manhã e aos finais de semana aproveita para fazer um lanche, andar descalça na grama e se deliciar com as belas tardes de inverno, com seu filho. “O tempo fica mais seco e colabora para a gente poder sentar”, ressalta Heloisa. Outra curitibana que aproveitou um dia de sol para curtir o Jardim Botânico, foi Araceli Fátima Taborda. Ela apresentou o lugar para a mãe. “Minha mãe não conhecia. Daí eu vim para mostrar para ela. Porque é um lugar bom. Tem bastante coisa diferente aqui”, conta Araceli.
A prática de exercícios físicos atrai as pessoas para os parques curitibanos todos os dias
Um dos grandes atrativos do Jardim Botânico sem dúvidas é a estufa que chama a atenção de todos que visitam o local, mas essa não é a única atração. O Botânico também tem um Jardim das Sensações no qual os visitantes percorrem uma trilha de 200 metros com os olhos vendados podendo sentir o que estão tocando. Além
Araceli aproveitou o dia de sol para apresentar o Jardim Botânico para a família
disso, o Botânico ainda tem uma pista de ciclismo, o Museu Botânico e um espaço para exposições.
Espaço democrático A prática do ócio também é bastante aproveitada em espaços como esse. O turista paulista, Edson Lucchine, tirou a tarde de sol para ficar sentado nos jardins do Botânico. “É maravilhoso. Ficar sem fazer nada, só conversando aqui na grama”, diz o turista que estava acompanhado dos amigos para “jogar conversa fora”. Os parques são tão democráticos que os melhores amigos do homem também não poderiam ficar de fora. É por isso que Carlos Heinz Boehme está em todos os sábados e domingos no Barigui. “Mesmo nublado é a opção que a gente tem em Curitiba”, afirma Boehme.
Cuidados Além da diversão, um dever de todos é a conservação das áreas verdes. Todo mundo precisa ficar atento para manter esses espaços públicos limpos. No entanto, essa prática ainda deixa a desejar. Um dos maiores problemas encontrados nos parques da cidade ainda é o lixo, aponta Walquiria. Muitas pessoas acabam não recolhendo o lixo que produziram durante a estada no parque e acabam destruindo um bem de todos. Um dos exemplos está nos espaços para fazer churrasco. “Nas churrasqueiras, [...] as pessoas deixam o seu carvão ali e a maior causa de pichação nas churrasqueiras [...] é aquele carvão que fica depositado do pessoal que faz churrasco”, afirma. Afinal, os parques não são apenas locais de lazer, são também espaços de preservação ambiental, por isso, a servidora pública aconselha a ter respeito e contribuir para a manutenção desse patrimônio da cidade. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 59
moda&beleza
O inverno dos complementos Mariane Maio - mariane@revistames.com.br
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e você demora vários minutos em frente ao espelho escolhendo a roupa antes de sair de casa, prepare-se para reservar mais tempo. Neste inverno, a produção promete ser mais elaborada. Além de pensar na roupa que irá vestir, se quiser estar na moda, terá de ousar nos acessórios. Eles vieram para fazer a diferença, afirma a produtora de moda, Patrícia Sabatowitch. “Dá para brincar usando com acessórios e ser divertido”, explica ao comentar sobre as estampas, tecidos e imitação de couros de animais exóticos, como o crocodilo e cobras, que estão em alta nessa estação.
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Outra referencial é que essas peles são sintéticas, tudo para respeitar o meio ambiente. Além de empregadas em roupas, elas serão detalhes nas bolsas, sapatos e até mesmo em brincos e colares. “A pele fake [falsa] está muito em alta. Nada original. Em tempos de sustentabilidade é bacana a utilização de algodão orgânico e couro vegetal”, reforça a professora de Design de Moda do TECPUCPR, Camila Ferreira da Costa Teixeira. Segundo a empresária e dona de uma loja de Curitiba, Gica Oliveira, as bolsas carteiras, sapatos com pele sintética de bichos e aplicação de pelos em roupas são acessórios dos mais vendidos. Outro item
Os acessórios irão garantir o diferencial nestes dias frios de peças, em geral, mais sóbrias; o ideal é ousar e misturar, mas com estilo
que está com tudo é o cinto, mas com uma dimensão diferente. Saíram os cintos largos e entram em cena os finos. “[As clientes procuram] para complementar looks em cima de vestidos e blusas”, diz.
Feitos para o frio Acessórios típicos dessa estação também não podiam deixar de aparecer. Alguns deles vieram com uma releitura. É o caso das luvas. Antes curtas e com cores mais básicas, não estranhe se encontrar alguém nas ruas com “maxiluvas” coloridas. “Aquelas que vão até os cotovelos de cores fortes estão sendo cada vez mais aceitas”, diz Camila. De acordo com ela, uma ampla palheta de
Novidade: Luvas longas e coloridas até o cotovelo devem ser vistas pelas ruas nos dias frios cores também aparece nos cachecóis. “As cores estão com tudo. Através do cachecol, a pessoa pode ‘acender’ um look”, afirma. As meias também prometem fazer a diferença. Uma opção quente e diferente são as de fio 40. “Hoje existem meias que a estampa lembram rendas. Vêm desenhadas, pintadas, dão um ar de diversão no inverno rigoroso”, lembra a professora. Além das famosas meia-calças, as mais curtas também serão usadas. “Tem as 3X4 ou as 7X8 para usar com sobreposição de meias, ou botas”, conta Patrícia.
Mistura com estilo A mistura também está em alta. “O bacana é brincar com estilos diferentes. Você está mais delicada e coloca um acessório mais pesado”, explica a produtora de moda Patrícia. Camila também concorda que essa combinação pode fazer a diferença e destacar o estilo de uma pessoa. “A mistura do barato com o caro é personalidade. A mistura do sofisticado com o inusitado faz realmente uma pessoa ser única”. No entanto, as profissionais concordam que esta nem sempre é uma tarefa fácil e, para fugir do ridículo, é preciso bom senso. “Sou contra regras. Nada é proibido. Tem de colocar, olhar no espelho e se sentir bem”, observa Patrícia. Para saber misturar sem ficar exagerado, “é ousar se conhecendo, sem tentar parecer o que não é. Tendo noção de suas proporções, conhecendo seu corpo, sabendo quem você é. Tem que buscar o conforto sempre. Se está se sentindo bem consigo mesma vai passar beleza, seja como for”, orienta Camila. E para o resultado agradar, a dica da produtora de moda é experimentar. “Tem de começar aos poucos. Primeiro coloca uma mistura. Uma corrente pesada e uma pulseira delicada. Isso é um exercício, vai melhorar com o tempo. Mas não pode ter medo”, garante.
“Nada é proibido. Tem de colocar, olhar no espelho e se sentir bem”, afirma a produtora de moda Patrícia
Fotos: Roberto Dziura Jr.
Roberto Dziura Jr.
A produtora também indica o chapéu como grande ícone deste inverno. “Desde o modelo menor até com abas maiores. Tem gente usando, mas as pessoas ainda têm receio. No Sul, temos de aproveitar, porque é mais frio”. A dica é usar os menores à noite e os com abas maiores para o dia.
As imitações de couro de bichos exóticos, como o crocodilo, estão em alta nos acessórios de Inverno 2011 REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 61
automóvel
Jinbei AUTO
Kia Oval Logo 4/C - Large
A vez das pequenas marcas Montadoras com pequena participação no mercado registram aumento acima dos 100% nas vendas; destaque para as chinesas com veículos mais baratos Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br
O
Brasil se tornou a coqueluche do mercado de automóveis. Atualmente, são 47 montadoras presentes no País e a tendência nos próximos anos é a
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chegada de mais quatro e ainda o reforço das que já estão no Brasil. No entanto, o que mais chama a atenção no último ano foi o crescimento das empresas com pouco mercado no País. São marcas desconhecidas do grande público,
outras são grife do mundo do automóvel, mas em comum elas têm o pequeno volume de venda e um crescimento percentual espantoso. Isso mostra a disposição do consumidor brasileiro em conhecer novas marcas e apostar nas novidades e, por outro lado, investir no luxo quando tem aumento do poder aquisitivo. Os números de vendas de carros e veículos comerciais leves, este ano, mostram que essas pequenas marcas duplicaram, tripli-
Avanço das pequenas Marca Jinbei
Chery Hafei Jeep
2010* 2011* Var.% 39
2.220 7.449 235%
Changan Porsche Nissan Kia
Ssangyong Míni Effa
Suzuki
Volvo
272
870 220%
346
641
85%
21.378 37.750
76%
307
712 132%
13.601 24.021 1.294 2.281
717 1.186
Iveco
273 600%
1.387 6.368 360%
271
448
1.781 2.873
1.413 2.220
1.188 1.781
77%
76%
65%
65%
61%
57%
50%
Brasileiro está disposto a conhecer novas marcas
* em unidades
Fotos: Divulgação
caram e até sextuplicaram as vendas na primeira metade de janeiro até a segunda metade de junho, período em que o mercado total teve um crescimento de 9,9%. Algumas marcas, como a chinesa Jinbei, que comercializa a van Topic têm um volume insignificante: apenas 39 unidades de janeiro a junho de 2010 e de 273 unidades vendidas este ano. Por isso, não é de admirar que ela tenha crescido 600% e ocupado a primeira posição no ranking de aumento de vendas. Mas montadoras com alguns milhares de carros vendidos, como a Chery (6.368 de janeiro até junho) e Hafei (7.449), cresceram mais de 200% no período: 235% e 220%, respectivamente (veja box). Das 14 marcas que mais cresceram acima de 50% este ano, apenas duas – Nissan (+ 77%) e Kia (+ 76%) – são de grande volume. A primeira vendeu 24.021 carros recentemente e a Kia 37.750. Também, tiveram aumento expressivo de vendas a Changan (132%), a Porsche (85%) e a Ssangyong (76%).
Queda dos preços O grande número de montadoras presentes no Brasil abriu espaço para uma nova situação de mercado. A queda dos preços. Pelo terceiro mês seguido caiu o “preço de verdade” do carro zero, isto é, o preço realmente praticado no mer-
Queda nos preços, animam consumidores
cado. A queda foi insignificante, apenas 0,02%, mas mantém a tendência iniciada em fevereiro. A razão dessa queda não é outra senão a concorrência acirrada que muitas marcas estão travando no varejo. Principalmente nos segmentos de entrada, do qual o consumidor é mais sensível ao preço,
qualquer mudança no valor do carro pode alterar as vendas, por isso as montadoras brigam muito. O curioso é que mesmo com o terceiro mês de baixa, os preços do carro zero continuam em alta no acumulado do ano. De janeiro, a maior teve um aumento de 0,32%. Essa aparente contradição é explicada pelo grande aumento registrado em fevereiro, de 0,62%. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 63
livros do mês
Eduardo Bentivoglio - eduardo@revistames.com.br
Biografia
Poema Clássico
Stacy Shiff Editora Zahar
Homero (ensaio de Ítalo Calvino) Editora 34
Cleópatra A interpretação de Cleópatra nas artes em geral é mais famosa que sua importância histórica. O perfil traçado por Stacy Schiff chega para tentar quebrar esse paradigma por meio de uma pesquisa detalhada da vida e dos feitos de uma das mulheres mais importantes de todos os tempos. Estão presentes na obra muitos detalhes dos 22 anos em que comandou o Egito, inclusive as alianças que deram autonomia à sua nação em pleno domínio do Império Romano. Em processo de adaptação para o cinema, com Angelina Jolie representando a célebre estadista, Cleópatra é leitura essencial para quem deseja saber sobre os fatos em lugar dos já clássicos mitos sobre a rainha.
Suspense
O Caso Laura André Vianco Editora Rocco A cada novo lançamento, o escritor natural de Osasco, André Vianco, aprimora o estilo utilizado nas histórias que retrata em suas obras. Se antes da mudança para a editora Rocco ele preferia a atmosfera vampiresca e obscura, agora, em seu primeiro trabalho na nova casa, o suspense e a tensão constantes parecem tomar conta das páginas do livro, que acompanham a protagonista em uma série de acontecimentos misteriosos e, claro, com o toque sobrenatural providencial. Uma reestreia em grande estilo de um dos escritores brasileiros mais populares da atualidade. 64 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
Odisseia
Homero é reverenciado, mesmo sem comprovação factual, como o autor que inaugurou a literatura ocidental com seus dois poemas clássicos, Ilíada e Odisseia, compostos por volta do século VII a.C. O segundo, lançado agora de forma primorosa pela Editora 34, nos traz o percurso do herói grego Odisseu em sua tentativa de retorno à Ítaca, sua terra natal, onde a esposa Penélope o aguarda após o fim da guerra. Para quem já está familiarizado com a obra, essa edição traz aperitivos que valem a pena, como o índice onomástico – que explica os nomes próprios de pessoas e lugares –, mapas, dados biográficos do autor e um ensaio do escritor italiano Ítalo Calvino. Indispensável.
História
Dresden –Terça-Feira, 13 de fevereiro de 1945 Frederick Taylor Editora Record Tido como um dos crimes de guerra mais hediondos já cometidos, o bombardeiro à cidade alemã pelos Aliados no fim da 2ª Guerra Mundial é desmistificado pelo historiador inglês por meio de documentos há pouco revelados e depoimentos de sobreviventes da tragédia. O motivo para que milhares de toneladas de explosivos e bombas incendiárias fossem despejadas sobre a cidade poucos meses antes do fim da guerra começa a ser desvendado, e o que antes era considerado um ato de crueldade, é enxergado, pelo autor, como uma operação planejada para por fim a um dos maiores conflitos da história.
álbuns do mês
Eduardo Bentivoglio - eduardo@revistames.com.br Colaborou: Renato Sordi
Grunge
Samba
Live at the Gorge Warner Music
O Samba Carioca de Wilson Batista Biscoito Fino
Os 20 anos de carreira de uma das bandas mais influentes da geração anos 90 merecem destaque. Tendo inventado um novo gênero no rock, em conjunto com bandas como Nirvana e Soundgarden, os “tios” do Pearl Jam celebram com a coletânea ao vivo Live at the Gorge, que traz as canções executadas nas apresentações em Gorge, Washington, em 2005 e 2006. São sete discos e mais de 100 músicas que privilegiam os hits de álbuns clássicos como Ten (1991) e Vs (1993). O show marcado no Brasil em novembro é o presente perfeito para os fãs semiórfãos do grunge.
Lançado em junho, o CD duplo “O Samba Carioca de Wilson Baptista” conta com vários artistas interpretando 20 canções do compositor. O encarte do disco traz uma montagem com fotos de todos os artistas que participaram do álbum em torno de uma mesa, e não são poucos aqueles que prestaram homenagem ao sambista: Zélia Duncan, Elza Soares, Wilson das Neves, Mart’nália, entre outros que interpretam as canções do compositor contemporâneo – em tempo e importância – de Noel Rosa e Herivelto Martins. Uma verdadeira celebração.
Pearl Jam
Indie
Arctic Monkeys Suck it and see Domino Records
A sensação que se tem quando Suck it and see é executado do início ao fim é de promessa cumprida. Estabelecidos no meio artístico com dois álbuns coerentes, o Arctic Monkeys revela sua face mais adulta até então. Não estão lá os jeitos da adolescência, tão marcantes nos primeiros trabalhos. Em lugar disso, hinos ao amor e à incompreensão da vida guiam as letras e as harmonias, mais centradas, digamos, calmas. Com participações especialíssimas, como Josh Homme, vocalista do Queens of the Stone Age, é considerado por muitos o passo final da transição para a fase adulta da banda mais adolescente dos últimos anos.
Wilson Batista
Samba
Rômulo Fróes Um Labirinto em Cada Pé
Um Labirinto Em Cada Pé é o quarto disco do paulistano Rômulo Fróes. O registro nasce da possibilidade do samba contemporâneo excepcional dos dois primeiros álbuns, Calado (2004) e Cão (2006), e da introspecção do terceiro, No Chão Sem Chão (2009). Um Labirinto Em Cada Pé mostra que Rômulo continua a fazer sambas herméticos, com pedaços de cavacos, violões, cuícas e metais. Mas o artista se encontra mesmo quanto equaliza a melancolia desse samba com guitarras, baixo e bateria, oferecendo ao público uma equação sonora particular, extraordinária. Destaque para as faixas Olhos Na Cara, em que a sambista Dona Inah entoa “Ninguém canta pra ninguém” e a sintomática Ditado. REVISTA MÊS | JULHO DE 2011 | 65
Divulgação
opinião
Dr. Gerson Köhler (CRO 3921 – PR)
Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial
Ronco pode ser alerta para problemas de saúde
O
ronco pode ser definido como um ruído produzido de forma involuntária pela vibração de alta frequência de estruturas da boca e outras que estão envolvidas na respiração. Uma causa frequente do ronco é a respiração bucal, que também pode estar associada a cessações com intervalo da respiração, a chamada apnéia do sono.
ou o uso do CPAP, uma espécie de máscara que injeta o ar positivamente pressurizado durante o sono do paciente. O problema é que nem todos conseguem se adaptar ao uso desses aparelhos ou da máscara e há restrições quanto ao uso destas técnicas em quem possui disfuncionalidades nas articulações temporomandibulares.
Tendo em vista as dificuldades de adaptação de vários pacientes ao uso dos aparelhos intra-bucais e do CPAP, pesquisadores alemães do Departamento Maxilofacial da Georg August University of Goettingen, em Kassel, região central da Alemanha, encontraram outra alternativa terapêutica para atender essas pessoas. É uma nova proposta, que tem como objetivo reposicionar a língua por meio de treinamentos diários e o uso de um aparelho duRespiração bucal pode causar rante à noite, que reposiciona o o incômodo barulho e traz órgão corretamente no interior consequências danosas ao organismo da boca, mantendo esta fechada e evitando a respiração bucal.
Nos estudos dos distúrbios respiratórios do sono o diagnóstico e o tratamento da respiração bucal é imprescindível. A respiração bucal tem consequências que podem prejudicar a qualidade de vida do indivíduo, provocar alterações incapacitantes com elevado risco do surgimento de doenças e até mortalidade. A respiração bucal mina progressivamente a saúde geral, já que causa alterações fisiológicas e efeitos bioquímicos nocivos no organismo. Em um passado recente a respiração bucal não costumava ser levada em consideração quanto aos potenciais danos que poderia causar a saúde. Em adultos essa respiração incorreta pode acarretar o avanço progressivo de doenças crônicas, como apnéias obstrutivas e o diabetes tipo 2. Para respirar pela boca durante o sono, a mandíbula tem que estar abaixada para que a boca fique aberta, obrigando a base da língua a se projetar para trás, reduzindo e até mesmo fechando o espaço da orofaringe. Isso causa uma passagem obstrutiva tanto para o ar que entra pelo nariz como o que entra pela boca, pois ambos terão um ponto de impedimento e não poderão passar, causando a apnéia, ou passarão com muita dificuldade, causando o ronco. As técnicas mais utilizadas para o tratamento do ronco são a utilização de aparelhos intra-bucais, utilizados para dormir e que tem como objetivo ampliar o espaço da orofaringe, 66 | REVISTA MÊS | JULHO DE 2011
A proposta foi publicada no International Journal of Odontostomatology, e aponta a importância da posição da língua nesse processo. São necessárias, no mínimo, quatro semanas de treinamento diário e cada sessão deve durar cerca de 30 minutos. O indivíduo começa a perceber a correta posição da língua por meio da pressão exercida durante a deglutição e, segundo os pesquisadores, é uma boa alternativa para a redução dos roncos. Essa proposta terapêutica está baseada na necessidade do treinamento concomitante da exercitação da respiração pelo nariz e exercícios para manter a boca fechada associado ao uso do aparelho indicado. É uma nova possibilidade para aqueles que, diante das dificuldades em não se acostumar aos demais tratamentos até então existentes, ficavam sem poder contar com ajuda terapêutica para seus sintomas. O tratamento é muldisciplinar e envolve especialistas de diferentes áreas, como a ortodontia, fonoaudiologia e a otorrinolaringologia.
Robson Chaves
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