Revista MÊS 08

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Editora Mês Ano 1 - nº 8 Setembro de 2011




entrevista Wanderson Castilho

Roberto Dziura Jr.

“A próxima guerra [mundial] vai começar no mundo virtual”

Como desvenda um crime virtual? Wanderson Castilho (WC) - Eu nunca me meti em algum delito, mas o que eu sempre faço? Eu me coloco como aquele que tá cometendo o crime, para que eu entenda as dificuldades. Então, eu faço todos os passos. Acredite, nós temos a mesma estrutura cerebral. Nós podemos pensar de forma diferente, mas a criação de aprendizado é a mesma. Então, quando eu começo a fazer o mesmo passo que o criminoso fez, eu aprendo da mesma forma e cometo os mesmo 4 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

O mundo do crime já invadiu o mundo virtual. Foi por curiosidade e pensando como os criminosos, que o paranaense Wanderson Castilho – formado em Física (UFPR) e mestre em Química Quântica (USP) – começou a usar todo seu conhecimento do mundo físico para o mundo virtual e fazer disso uma profissão do bem. Ele se tornou detetive virtual e uma das maiores autoridades do tema no País. “Fui aprendendo, porque eu mexia com muito computador. Se eu aprendi física, aprender isso aqui é a coisa mais simples”, diz Castilho rindo ao olhar para seu objeto de estudo: o computador. Depois disso, foi em busca de mais conhecimento. Com autoridades da polícia dos Estados Unidos, como a CIA, e de outros países, fez treinamentos constantes para entender as novas artimanhas dos crimes virtuais e desenvolveu um grande talento para pegar a mentira no virtual e no mundo físico. Já são mais de 800 casos resolvidos entre mentirosos e hackers profissionais. Aprenda como se defender dos criminosos virtuais Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

erros que ele. Aí eu tenho onde eu possa procurar, por exemplo, num IP, uma informação. Quais são as diferenças entre hackers? WC - Isso é uma pergunta bem interessante que, o que nós hoje – o Brasil – estamos fazendo? Estamos deixando de lado essas perguntas. Crimes que ocorrem dentro de seu País, você precisa saber o perfil primeiramente. Inclusive no mundo, eles não estão com essa preocupação. Nós não temos nem leis específicas para isso. Mas é fácil

identificar na metodologia. Da mesma forma como eu falo: “olha, eu tava andando na rua, passou um rapaz enfiou a mão no meu bolso correndo e saiu fora”. Você vai falar: “é um batedor de carteiras”. Esse é o perfil dele, porque ele está indo por essa linha. A mesma coisa para um crime virtual. Um rapazinho começa a tentar, vai na internet, aprende a invadir aqui e vai usando. Normalmente, esses rapazes são de classe média, até alta. Por eles terem acesso rápido [de internet], ao conhecimento, até compra de informações pra fora do País com cartão de crédito.


Quando derrubaram o site do Governo Federal pegaram também informações? WC - Alguns sites, eles realmente obtiveram algumas informações. Houve alguns [dados] da Petrobras, que a Petrobras afirmou que não saiu, mas algumas pessoas que trabalhavam falaram que sim, que eram informações confidenciais. Mas pela técnica, como se fosse um trombadinha, o pichador normalmente ele só picha, não pega essas informações. Quando temos uma invasão no nível avançado acredite, ninguém quer aparecer. Não há publicidade. No Brasil, é comum hackers de nível avançado? WC - Tem gente muito boa aqui. E tem criminosos que foram presos descobrindo a vulnerabilidade em sites de e-commerce. Para você ter uma ideia, um rapaz tinha na casa dele mais de 70 objetos, duas máquinas de lavar roupa, três televisores, quatro geladeiras, ele distribuía esses objetos. Depois, foram perceber que tinha sido mais de um milhão [de reais em desfalque]. Em relação às informações confidenciais de uma empresa, como se proteger? WC - Existem três pontos básicos. A segurança em si é medida pelo ponto mais fraco. Não adianta você comprar o cofre mais potente do mundo se você deixa a senha do cofre embaixo do teclado. Ele não é seguro dessa forma. As empresas precisam notar três pontos: a proteção em si, o monitoramento e os avisos, os alarmes disso daqui. Aí eu maximizo a minha segurança, porque não existe segurança 100% em qualquer parte do mundo. Quais os crimes mais comuns no meio virtual? WC - O ponto básico é o seguinte: crime é crime. Eu aposto com você ou com qualquer pessoa que você não consegue criar um crime novo. Crime

“O prejuízo que eles [hackers] fazem é praticamente imensurável” já está tipificado na nossa legislação. A forma de cometer o crime é uma forma nova, que usa a internet, mas sempre vai acarretar num crime que é um dano a terceiros, seja físico, ou seja, material ou moral. O que diferencia, então? A pena, que não é equiparada a uma pena justa. Apesar de ter alternativas várias, a eficácia está cada vez menor. As pessoas estão ficando cada vez mais velhas na internet. Por ano, entram quase dez milhões de pessoas novas no Brasil. Nós estamos com 74 milhões. Algumas coisas não existem mesmo dentro da nossa lei por causa da tecnologia. Então, para eles [juízes] não existem vírus. Quem cria vírus hoje, qual crime está cometendo? Nenhum. Não tem. Isso é um crime novo? WC - Ah! Aí é que tá. Não, porque isso já existiu, mas eu simplesmente peguei uma senha eletrônica. O que é isso? Que prejuízo eu trouxe para você? Nada. Mas se eu entro na conta, aí é invasão de privacidade. Algumas coisas são novas. É, podemos até colocar como novos crimes, então. E aí a nossa lei não tem isso. O crime tá ali, mas aí ele usou outro meio para cometer o crime e foi mudando. Quais prejuízos os hackers causam à sociedade? WC - A gente pode dizer que o prejuízo que eles fazem é praticamente imensurável. Você sabe como ficou a reputação de um Governo em que os hackers invadiram a nossa página? Isso pega muito mal. A próxima guerra vai começar no mundo virtual, tenha a certeza disso. A próxima guerra mundial vai ter computadores acessando o país, tentando derrubar o sistema, a comunicação e tudo. E aí sim, vai entrar o exército. Primeiro [o colapso dos sistemas] aca-

bo com a luz, com a água. Em três dias, você rende o país inteiro. Sabe o que é três dias sem luz? E você tenta subir e cai. Tenta subir e cai... Conte um caso interessante de crime virtual que atendeu? WC - A cada caso que eu vou é uma aventura. Estou com 98% [casos] solucionados. Eu peguei muitos criminosos jornalistas. Eles sabiam manipular a informação, criavam blogs e ali trabalhavam em cima. Eu voltei de um agora exatamente disso daí. Só está faltando a busca e apreensão. Tá tudo armado. Fazia de dentro da cadeia. Estava dentro da cela pelo computador conectado ao celular. Já tinha sido preso por um homicídio. Ele tinha uma impressora a laser, uma máquina fotográfica digital, ele tinha três celulares, dois modems, um laptop, gravador, fone. Uma loucura. Você também solucionou o caso da paranaense Rose Leonel, que ficou conhecido nacionalmente. Como desvendou o crime? WC - Era o namorado e ele foi condenado. Ele criou um blog e colocou telefone, telefone do jornal, a rua onde ela morava, os nomes dos filhos, ele criou mais de 180 blogs, em redes sociais. Ela recebia 500 ligações por dia para fazer programa [de prostituição]. Você não trabalha, o seu celular não para. Tinha 7 milhões e 500 mil links com o nome dela só de sacanagem. Ficou fazendo isso por três anos. Ele fez um site na Alemanha e abriu um blog lá. E de lá eu peguei esse IP, rastreei e cheguei num shopping [em Maringá]. Ele é ainda hoje o diretor de Comunicação. Aí eu cheguei com a polícia lá, peguei o computador e comprovamos que ele fazia a manipulação. Ele contratou um cara por outros lugares, mas ele acessou o blog uma única vez com a senha e consegui comprovar. Ele foi condenado há dois anos. Não pegou cadeia, porque não tem lei específica, não tem pena. Mas ficou por difamação, REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 5




Roberto Dziura Jr.

entrevista Wanderson Castilho

Castilho já solucionou mais de 800 casos virtuais

atentado contra a honra e calúnia também. Ele tem de pagar R$ 1.200 reais durante a pena inteira, ele não pode ir mais em barzinho, tem que ser recluso. Ele fazia oito horas de serviço comunitário. Dê dicas de segurança para uma pessoa não cair nisso? WC - Quanto ao crime de difamação, pouco nós podemos nos precaver disso. Se uma pessoa tá com raiva de você, com ciúmes, e essa pessoa for vingativa ou tiver a audácia de fazer isso, ela vai fazer independente do que você fizer ou não. Mas colocar fotos sóbrias de baixa resolução na internet é muito interessante. Não colocar informações confidenciais e nem pessoais na internet é muito interessante e recomendável. Então, se você quiser colocar seus contatos, coloque seu contato profissional. Você quer entrar numa rede social, trate aquilo como uma forma profissional. “Ah, mas eu quero ter minhas amizades”. Então, entre nas configurações de privacidade de segurança, que só algumas pessoas possam ver as suas postagens. O ciberespaço favorece a mentira? WC - A mentira é contada a todo momento. Em média, mentimos a cada 8 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

dez minutos. Isso é uma pesquisa. Eu estou falando aqui com uma definição extremamente científica. Mentira é tudo aquilo que altera, pode ser uma fração, da verdade. Então, essas mentirinhas sociais que ocorrem, elas estão englobadas. Seja no mundo real ou no mundo físico, eu acho que nós mentimos o mesmo tanto. É que no mundo virtual nós contamos mentiras e não temos a noção das consequências que podem vir a ter. Tudo que você põe dentro deste mundo virtual, você nunca vai ter a real certeza das consequências. Então, de repente a quantidade de mentiras é a mesma, mas as consequências são muito maiores no mundo virtual. A mentira por telefone, e-mail é possível pegar? WC - É um grande desafio, você descobrir a mentira pelo telefone. É um fato: mentir pelo computador, pelo telefone, é muito mais fácil do que mentir pessoalmente. Porque quando eu estou falando com você aqui, estou passando mais do que informações verbais. Estou passando a corporal, a facial. Pelo computador, isso acaba cortando um pouco. Quando você tá escrevendo no computador, a tela não fica te pré-julgando. Todo mundo analisa e pré-julga. No computador, você tem uma tela em que escrevo umas letrinhas e aí vêm umas letrinhas de volta. Eu só posso analisar isso. Eu não sei se aquilo que ele escreveu: “ah eu gosto de você” ou “estou ocupado” – é realmente verdade. Não tem como, porque só me veio aquelas informações. Mas descobrir crimes virtuais é mais fácil do que os do mundo real? WC - Sem dúvida. Porque quando um computador conversa com outro, ele não mente. Porque senão o pacote não volta. Então, quando tá registrado isso daqui, eu sei exatamente de onde saiu. Eu consigo fazer o caminho de volta. É possível, hoje, uma pessoa

entrar numa casa com luva, abrir, cometer um assassinato, fechar a porta e não ser detectado. Mas dentro de um computador não. Os dois precisam se comunicar e saber de onde é que estão, necessariamente. Mesmo que se o cara apagar ainda ficam [vestígios]. Está mais fácil de haver punição também? WC - Agora, os juízes estão começando a perceber, graças à internet, (ela mesmo que ocasionou o problema, mas ela mesma demonstra pra você), que hoje a sua imagem, ela é muito mais valiosa e importante que antigamente. Você pode recorrer ao Estado, à própria Justiça. Mas é bem pouco provável que isso seja solucionado. Infelizmente, hoje, o Estado ainda não está preparado. Porque nem tem leis específicas para isso, mesmo que você vá numa delegacia de crimes cibernéticos. Tem essas limitações, não só de leis, no quesito de treinamento, ferramentas. Isso é um problema. Mas não é específico só da internet, como das estruturas das delegacias. Se tiver um homicídio e o seu de difamação, o que você acha que o delegado vai dar mais atenção? Mas eu acredito que todo cidadão tem esse dever de se ele é vítima, deve ir à delegacia. Pode não dar em nada, mas é [importante] para que o Estado saiba. Quem mente mais o homem ou a mulher? WC - Os dois mentem a mesma coisa. Só que a mulher tende a mentir melhor que o homem. E ela tende a identificar melhor a mentira que o homem também. Porque, na verdade, as mulheres são o primeiro ponto da nossa perpetuação. A mãe amamenta o filho, o filho não sabe nada. Ele não sabe nem das emoções. Mas uma mãe sabe o que o filho quer. Então, você [mulher] tem que ser melhor para pegar mais informações ainda do que nós [homens]. Vocês [mulheres], naturalmente, precisam fazer isso para nossa perpetuação.


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sumário Editora Mês Ano I – nº 8 Setembro de 2011 Roberto Dziura Jr.

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ENTREVISTA

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MIRANTE

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COLUNA

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Mensagens dos leitores

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5 perguntas para: Estrela Leminski

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LIVROS

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ÁLBUNS

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OPINIÃO

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FOTOGRAMA

POLÍTICA 20 Minoria ecoante

CIDADES 24 Olho digital para a segurança 26 Mais conforto no transporte urbano

EDUCAÇÃO 28 Procuram-se vagas para os filhos de Curitiba 30 Valores que se aprende jogando

MATÉRIA DE CAPA 14

Alta de calorias e baixa de nutrientes COMPORTAMENTO 44 Sou incomum, mas não sou HIPSTER

SAÚDE

MEIO AMBIENTE

32 POR Uma Medicina mais humana

46 Nem todo lixo pode ser jogado no lixo

34 Uma doença democrática

ECONOMIA 36 Pequeno investimento, grande negócio

TURISMO 50 Com um único bilhete, viaje mais

CULINÁRIA E GASTRONOMIA 52 Pausa para um cafezinho

TECNOLOGIA

ESPORTE

38 Banda larga: inclusão social e econômica

54 Nas cartas, o jogo da mente

AGRICULTURA 40 Produzir mais que a terra dá

INTERNACIONAL 42 Líbia: Ponto final em mais um regime ditatorial 10 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

CULTURA E LAZER 56 Bienal invade Curitiba com muita arte

MODA E BELEZA 60 Brasil “à porter”

AUTOMÓVEL 62 Novo ou Usado?


editorial

Verdades mentirosas, mentiras verdadeiras

H

á alguns dias, ouvi dizer que “a gente acorda contando mentiras e no resto do dia, a gente conta umas verdades no meio”. Será? Por outro lado, as pessoas estão mesmo interessadas em saber a verdade? De certa forma, as relações humanas atuais estão produzindo ambientes de mentira, que repetidas à exaustão tornam-se verdades, como dizia o ministro Joseph Goebbels, na época de Hitler. A cultura do parecer em detrimento do ser, talvez, também seja indício desse ambiente autofágico. Assim como a nova mania das pessoas evitarem o olho no olho e priorizarem o intermédio midiático, tornando a comunicação e as relações sociais mais superficiais e lugares férteis para a mentira. Essa é uma das tônicas das páginas vermelhas desta edição. A capacidade humana de emitir sinais dissimulados, principalmente, por meio do computador. O paranaense Wanderson Castilho, detetive virtual e detector de mentiras, treinado pela CIA, é quem fala a respeito. Entretanto, esse debate é vasto. Já foi alvo de muitos filósofos, como Kant e Aristóteles, que não tratavam a mentira como permitida. Já Platão e Sartre relativizavam as situações. Mas uma das nuances da relação verdade/ mentira é bem íntima. Em muitos momentos, mentimos para nós mesmos. Mentimos tanto, que acreditamos! Isso pode ser expresso nos relacionamentos amorosos, na profissão, na vida e até na alimentação. A Matéria de Capa, desta edição, debate a questão da dieta do brasileiro. O que você tem consumido: alimentos que trazem a verdadeira saúde ou guloseimas que te enganam, prejudicando seu organismo? A dieta média no País tem indicado que o cardápio é uma mentira repetida várias vezes. A política é outro campo fecundo de mentiras. Nesta edição, vamos abordar sobre o caso Derosso, da Câmara dos Vereadores, e também sobre a questão da Agência Reguladora do Paraná. E nesse vaivém de verdades e mentiras do cotidiano é que a arte ajuda a resgatar parte de nossa essência, com questionamentos e traços sobre nós e sobre os outros. Por isso, na reportagem de Cultura, antecipamos o que a 6ª VentoSul Bienal de Curitiba traz “além da crise”, tema do evento de arte contemporânea. Mas além da arte, a sociedade está produzindo seres de aparência, de vaidades e de mentiras. É o jogo de verdades mentirosas e de mentiras verdadeiras. Boa leitura!

expediente A Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, nº 97, 2º andar, sala 4 – Batel – CEP: 80420-060 – Curitiba (PR) Fone/Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: leitor@revistames.com.br REDAÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr. e Iris Alessi; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Departamento comercial: comercial@revistames.com.br – Fone: 41. 3223-5648; Assinatura: assinatura@revistames.com.br. Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Wallace Nunes, Gustavo Dezan, Andressa Besseler, Cristina Ribas, Emerson Gonçalves, Sara Fachini Gomes, Centro Europeu, Diogo Cavazotti e Cleandro Carnieri; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica. Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.

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mirante

Explicações de Derosso Durante a primeira reunião fechada do Conselho de Ética da Câmara, o vereador João Claudio Derosso (PSDB) teria afirmado que sabia que sua esposa era funcionária da Casa quando a empresa dela venceu a licitação de publicidade daquela instituição. Para justificar o fato, proibido pela Lei de Licitações, afirmou que a Lei Orgânica do município não proíbe tal ato. Este, contudo, não é o entendimento do Tribunal de Contas. Vale a Lei Federal.

E agora, a CPI

Plantações e fofocas

A expectativa de todos é que a CPI na Câmara de Vereadores para investigar o seu presidente seja pra valer, e não apenas um jogo de cena, para fingir dar satisfação à opinião pública. Sabe-se que a CPI só recebeu a assinatura de quase todos os vereadores devido à pressão da sociedade. O receio é de que artifícios regimentais sejam utilizados para barrar ou, pelo menos, dificultar as investigações e a indicação de punição a possíveis culpados.

Fernando Delazari, chefe de gabinete do senador Roberto Requião (PMDB/PR), tem dito reiteradas vezes a amigos, que o gabinete do peemedebista não é responsável pelas plantações na imprensa de denúncias contra paranaenses que ocupam cargos no ministério da Presidenta Dilma. Partindo da premissa de ser verdade, resta creditar as fofocas a disputas políticas nacionais. Que, aliás, não são poucas, mas não tão difíceis de identificar a origem.

Aliança bastante próxima

E o jornal sumiu

Alvaro Dias governador

A vereadora Professora Josete (PT) enviou pedido de informações ao Conselho de Ética da Câmara de Vereadores sobre o suposto sumiço do jornal Câmara em Ação. O jornal, que teria tido uma edição de 200 mil exemplares, foi pouco visto e sua distribuição até agora é um caso mal explicado. A maioria dos vereadores alega que nunca viu a publicação e nem mesmo na biblioteca da Casa ele pode ser encontrado. A vereadora petista quer saber onde a publicação foi distribuída e quanto foi pago para a sua produção.

Crescem as especulações em torno da possível candidatura a governador do então senador Álvaro Dias (PSDB/ PR) nas eleições de 2014. Mas calma, professores do Paraná. Dias deve ser candidato tucano ao governo do Distrito Federal e não aqui em nosso distrito eleitoral. Quem anda espalhando essas notícias, em Brasília, são os membros do PSDB do Distrito Federal. O que não deixa de ter certa lógica. Afinal de contas, o senador paranaense mora lá mesmo e só vem ao Paraná a passeio.

Divulgação

Divulgação

As resistências internas de parte a parte para que se concretize a aliança entre Gustavo Fruet e o PT começam a ser quebradas. Analistas que acompanham a política curitibana avaliam que, apesar de posicionamentos contrários que ainda devam ser feitos, em especial por interessados em disputar a prefeitura de Curitiba no ano que vem, a aliança deve se concretizar construindo uma chapa competitiva. A ideia que aparece com mais intensidade é a dobradinha Fruet, prefeito, e Vanhoni, vice. Os articuladores desta aliança acreditam que assim conseguirão sair vitoriosos no ano que vem.

Exoneração Scalco

Divulgação

A bola da vez

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Circula por Curitiba e Brasília que as mesmas pessoas que fizeram a denúncia contra a ministra Gleisi Hoffmann agora miram para o ex-ministro e ex-deputado Euclides Scalco (PSDB/PR). Estão buscando informações de como teria sido a saída do tucano de Itaipu, em 2002, para coordenar a campanha do PSDB. Há relatos de que a demissão teria sido republicada no Diário Oficial, mudando o pedido para exoneração pura e simples.


“Quem militava por esta obra em Maringá era o Ricardo Barros. Era ele quem pilotava a obra da Tripoloni lá, inclusive dentro da bancada do Paraná”

Assessoria

Bate Pronto

Deputado federal André Vargas (PT)

“Comemoramos e temos muito orgulho dessa obra do contorno viário de Maringá, conquistada com insistência e competência, graças à boa parceria que sempre tivemos com o governo federal” Divulgação

Secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul e ex-deputado federal Ricardo Barros (PP)

Trânsito

Mulheres poderosas

Os motoristas portadores de deficiência e idosos de Curitiba devem renovar a credencial, emitidas em 2009, para o uso de vagas exclusivas na Capital. O recadastramento começou em meados de agosto e vai até o final do ano. As credenciais são válidas por dois anos e a renovação pode ser feita com até 30 dias de antecedência do vencimento. Até o final de 2011, a Urbs estima que 2.275 credenciais sejam renovadas. O processo pode ser agendado pela internet pelo site da instituição (www.urbs.curitiba.pr.gov.br).

Segundo a revista norte-americana Forbes, a presidente Dilma Rousseff é a terceira mulher mais poderosa do mundo. Ela vem logo depois de Angela Merkel, primeira ministra da Alemanha, e Hillary Clinton, secretaria de estado dos Estados Unidos. O ranking leva em consideração a influência no mundo. A Forbes descreve a presidente brasileira como sendo destaque ao se eleger como primeira presidente da maior economia da América Latina. Na lista geral, entre homens e mulheres, Dilma está na décima sexta colocação.

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matéria de capa

Alta de calorias e baixa de nutrientes “Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil” mostra como comem os brasileiros: dieta à base de arroz e feijão com muitas gorduras saturadas e açúcar. São poucos os nutrientes

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

ingredientes que completam as refeições diárias são alimentos que faltam nutrientes e sobram calorias. As informações são do estudo “Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil”, da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em conjunto com o Ministério da Saúde.

o cardápio do brasileiro médio, a combinação tradicional arroz e feijão continua sendo a base da alimentação, no entanto, os demais

De acordo com o estudo, 90% dos brasileiros não consomem diariamente a quantidade de frutas, verduras e legumes indicada pelo Ministério da Saúde e divulgada pela Organização Mundial

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de Saúde (OMS) – 400 g desses alimentos por dia. Assim, as fibras também são pouco consumidas: 68% da população não ingerem a quantidade necessária por dia. Por outro lado, o brasileiro tem consumido em excesso alimentos com gorduras saturadas e açúcar, vilões da dieta saudável. De acordo com o POF, os adolescentes são os maiores consumidores de bebidas com adição de açúcar, como sucos industrializados, refrescos e refrigerantes. Eles ingerem o dobro da quantidade consumida por idosos e adultos.


Barboza sabe da importância de uma dieta saudável, mas confessa que é difícil

Roberto Dziura Jr.

A nutricionista do Hospital Vitória, Lizangela Cavassin, explica como é o prato do brasileiro médio. “Hoje em dia, eles estão optando por comer mais lanches. Então, acaba tendo lá batata-frita, hambúrguer, sanduíche [...] e acabam deixando de lado o arroz, o feijão, a carne, um legume cozido ou uma carne grelhada. As carnes estão muito fritas, e ao invés da opção de um legume cozido, refogado, tem lá batata-frita”, analisa Lizangela. Para o chef do Restaurante Donadoni, Jairo Susyn, a alimentação do brasileiro varia de dentro para fora de casa. Na mesa de antepastos do restaurante, o chef evita colocar muitas folhas, porque têm alguns clientes que falam que se for para comer alface, rúcula e outras folhas, comem em casa, pois quando se alimentam fora, eles procuram algo diferente. Exemplo deste consumo é o funcionário da Copel, Jurandir Pimentel Barboza Júnior (34). Feijão e arroz estão sempre no prato, mas as verduras e legumes não costumam fazer parte da sua alimentação diária. Ele afirma comer de tudo, no entanto, quando pode pagar, a história muda de figura. “Estou escolhendo o que comer”. Em casa, a esposa de Barboza procura sempre fazer uma comida balanceada. “Fora de casa, eu como tudo quanto é porcaria que existe”, confessa Barboza.

Opções Barboza tem duas opções de restaurantes dentro da empresa em que trabalha, no entanto, não é sempre que as refeições são feitas lá. “O que nós temos aqui perto são só lanchonetes, não são restaurantes, então a gente vai na coxinha, vai no salgadinho, vai no pão, vai na bolacha... Tá mais perto.” Os salgados fritos e assados (53,2%), salgadinhos industrializados (56,5%),

além da cerveja (63,6%), são, segundo o POF, alguns dos alimentos mais consumidos fora de casa. A infinidade de opções acaba sendo o ponto crucial no momento da escolha da alimentação. Entre escolher o que é mais saudável e o que é mais gostoso, ele acaba ficando com as coisas de que mais gosta. “Eu prefiro comer massa [...] Tá bem difícil comer salada”, conta Barboza que afirma também estar sendo cobrado pelo médico para que volte a incluir verduras e legumes em suas refeições. Ele sabe da importância da alimentação saudável e diz que se ficar atento é possível comer bem, mas com essa gama de opções ele é enfático: “é difícil” e acaba indo sempre no mais fácil e gorduroso. Além das facilidades de lanches nas proximidades do trabalho, ele ainda tem os doces no caixa do restaurante, que acabam sendo uma tentação. Outra cobrança médica que ele vem sofrendo é quanto ao consumo de refrigerantes. Mas esta recomendação Barboza está seguindo e tem evitado o consumo durante as refeições. Fotos: Roberto Dziura Jr.

Muita fritura

Mudança na alimentação Há pouco mais de um mês, Barboza está “brigando” consigo mesmo para mudar a maneira como se alimenta. Aos poucos, ele está mudando alguns hábitos alimentares. As porções durante as refeições já são menores, mas ainda tem dificuldades em variar os alimentos. “Estou cortando refrigerante. Estou indo devagarzinho, mas é difícil.” Para a nutricionista, o prato ideal deveria ter “arroz, feijão, uma carne grelhada, uma carne branca, sempre ter um peixe pelo menos uma vez na semana, legume e verdura. Você pode até ter a opção do carboidrato, um macarrão, mas sempre colocar no prato bastante salada”. Diferentemente de Barboza, a psicóloga Cilmara Paoline (46), sempre inclui verduras e legumes durante as refeições. “Alface e tomate, principalmente, jamais vão deixar de entrar no meu prato”, afirma. Ela procura incluir A alimentação do brasileiro é uma questão de cultura, ressalta o chef Jairo REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 15


matéria de capa na refeição, além das frutas e verduras, alimentos que sejam fontes de carboidratos e proteínas. Cilmara não deixa de ser um exemplo da pesquisa do IBGE. Segundo o estudo, as mulheres consomem mais saladas, verduras e também grande parte das frutas, do que os homens. Entretanto, os doces também são mais consumidos por elas.

Saúde Um dos alimentos consumidos pelos brasileiros fora de casa, a batata-frita (35,88%), não entra na dieta da psicóloga. “Se eu falar para você que eu não gosto, eu vou mentir. Porque é gostoso, mas minha alimentação mudou muito quando eu comecei a ler o livro ‘A semente da vitória, do Nuno Cobra’, que fala de diversas coisas e fala também sobre alimentação, qualidade de vida. Na alimentação, ele fala assim que a batata, ela é um veneno por si só. Frita é muito pior”, relata a psicóloga que também não ingere outros tipos de frituras como pastéis e milanesas. As massas também são iguarias que, dificilmente, serão vistas na dieta de Cilmara, a não ser que esta massa seja pizza. A alimentação dela mudou em 1984. Na época, pesava cerca de 65 kg, quando uma conhecida disse: “Nossa, a Cilmara é tão bonita, pena que ela é gordinha”. Aquilo passou a ser um estímulo para ela, que começou a fazer uma dieta na qual comia de tudo, com exceção do açúcar. Em um ano ela perdeu 12 kg. 16 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

A médica nutróloga, Marcella Garcez Duarte, ressalta a importância que os alimentos têm para a saúde humana. “Nós sabemos que uma alimentação equilibrada e colorida nos traz, além de tudo, algumas substâncias que nos protegem e melhoram a nossa qualidade de vida, não só hoje, como previnem doenças e melhoram a função intestinal”, explica.

Aumento da renda Roberto Dziura Jr.

Nem todos os dias é possível escolher no buffet os alimentos mais saudáveis para as refeições. Quando a correria do dia a dia impossibilita, Cilmara procura lanches que não sejam gordurosos. Assim, procura comer um “sanduíche natural ou um sanduíche que tenha uma fonte de proteína e as verduras como alface, tomate e rúcula – sempre vai ter no meu sanduíche. Então, eu tento manter isso”, relata a psicóloga.

Cilmara procura sempre se alimentar com saladas e também de proteínas

“Mas foi bom, porque eu fui vendo a questão de saúde e não só de estética. Hoje, eu priorizo muito mais a saúde do que a estética.”

Fibras Para Cilmara, é mais fácil comer de forma balanceada fora de casa. Em casa é “tudo pelo mais prático”. “Eu não gosto de cozinhar e cozinhar só para mim também não tem graça”, afirma. As fibras, que Cilmara se obrigou a incluir na alimentação, como o arroz integral, não são consumidas por 68% dos brasileiros na quantidade ideal. Mas à medida que a idade aumenta, segundo o POF, há o aumento do consumo de fibras. As crianças e adolescentes – crianças de 10 a 13 anos – são os que mais têm escassez de fibras na alimentação (80%), com o passar da idade esse número reduz. Para os idosos (acima de 60 anos), a escassez de ingestão de fibras é de pouco mais de 60%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão diária de 30 g de fibras. Presentes nos cereais, frutas, verduras e leguminosas, elas são de grande importância para o bom funcionamento do organismo humano.

De acordo com a médica, quando a pessoa se alimenta basicamente de frituras e proteínas e ingere poucas fontes de fibras e vitaminas, ela pode ter o sistema imunológico afetado, além do mau funcionamento do intestino, falhas de minerelização óssea e carências nutricionais. Outros dados do estudo do IBGE apontam que, à medida que há o aumento da renda, crescem o consumo de alimentos como pizzas, salgados fritos, doces e refrigerantes, enquanto a ingestão de elementos de uma dieta saudável como arroz, feijão, peixe fresco e farinha de mandioca, diminui. Já nas classes de baixa renda, há um maior consumo de itens que fazem parte de uma dieta saudável como batata-doce, farinha de mandioca, peixe fresco, peixe salgado e carne salgada. Para a médica, com o aumento da classe C, as pessoas têm mais poder aquisitivo e passam a consumir produtos que antes não podiam consumir como, por exemplo, os fast-foods. Essas pessoas passaram a comer pior, “porque daí passaram a ter acesso a estes alimentos industrializados, a ter a possibilidade de comer fora, de vez em quando, e quando fazem isso, a escolha é sempre pelo mais fácil e, infelizmente, pelo menos saudável [...] nota-se o maior crescimento nessa classe social


Fibras

90% dos brasileiros não consomem diariamente a quantidade indicada de frutas, verduras e legumes de obesidade, de problemas sérios”, aponta a médica listando doenças como dislipidemia, diabetes e hipertensão. Com o aumento da renda, “eles vão experimentar as coisas que eles nunca comeram”, comenta o chef. “Nas capitais menores, como Curitiba, onde você tem a possibilidade de almoçar em casa [...] aí você pode comer bem melhor. Você pode se alimentar melhor. Agora, como São Paulo, você sai correndo e tem que comer não interessa o quê”, ressalta Susyn. Mas ele avalia ser possível manter uma alimentação saudável mesmo se alimentando fora de casa, basta se educar e tentar não cair nas tentações.

guiças, salsichas, mortadelas, sanduíches e salgados. No caso dos biscoitos doces, os adolescentes consomem em média 8 g por dia, já os idosos, 3,1 g.

Você come? A reportagem da Revista MÊS foi às ruas para perguntar se os paranaenses comem ou não fibras, conforme a pesquisa nacional. Segundo a enquete, 85% das pessoas (45% homens e 40% mulheres) afirmaram comer fibras durante as refeições.

A diversidade brasileira também se mostra na alimentação. A “Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil” mostra a diferença de consumo entre as regiões de Norte a Sul do País. Na região Norte, por exemplo, destaca-se o consumo de peixe fresco e preparações feitas com farinha de mandioca.

Os alimentos mais citados foram: granola, cereais em geral, frutas, verduras, pães integrais e arroz integral. Já para os 15% que disseram não consumir, os motivos alegados foram não se importar em consumir este tipo de alimento e não gostar de fibras.

De Norte a Sul

Com o avanço da idade, os brasileiros têm demonstrado mais sabedoria na hora de comer, ao diminuir o consumo de alimentos como biscoitos, lin-

Outro produto que também é do Norte é o açaí. Souza conta que o açaí é consumido lá de forma diferente, comparado a outras regiões do BraRoberto Dziura Jr.

Terceira idade

A farinha de mandioca é uma das diferenças regionais que o ilustrador Lucas Parolin de Souza, 25, nascido em Belém (PA), mais sente quando se mudou para Curitiba (PR). De acordo com o ilustrador, a farinha de mandioca que tem aqui no Sul é diferente da fabricada no Pará que é uma farinha amarela. A farinha “é a base da alimentação” dessa região. Como aqui não é muito comum, a farinha é trazida por familiares.

E você, consome fibras diariamente? Envie seu comentário ou opinião sobre a reportagem para os canais de comunicação da MÊS. Participe: @mes_pr Mês Paraná Ler: http://issuu.com/revistames

sil. “O paraense se orgulha muito do seu açaí, do açaí grosso. Não do açaí que parece mais um suco. A gente não costumava ver o açaí misturado com granola, com banana”, comenta. Outros produtos não tão comuns aqui no Sul são algumas frutas como cupuaçu, graviola, bacuri, taperebá. “Não é uma coisa comum, essas frutas acabam sendo mais difíceis. Agora já globalizou também. Dá para encontrar a polpa”, diz Souza. De acordo com o estudo, os produtos mais consumidos diariamente pelos brasileiros são: café (215,1 g), feijão (182,9 g), arroz (160,3 g), sucos (145 g), refrigerantes (94,7 g) e a carne bovina (63,2 g). Com exceção dos sucos (152,7 g) e refrigerantes (115,8 g), os demais produtos consumidos pela população do Sul fica abaixo da média nacional. O ilustrador Souza conhece bem as diferenças regionais do Brasil; o que faz falta, para ele, é a farinha de mandioca e o açaí

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política

Oposição e população organizada conseguiram fazer com que o Governo do Estado retirasse de pauta o projeto que ampliava funções da Agência Reguladora

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

N

em sempre ter a maioria a seu lado é sinal de que seus desejos e vontades serão realizados. Foi isso que percebeu o Governo do Estado, quando colocou em pauta a votação do Projeto de Lei Complementar nº 36/11, que trata da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados

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Nani Gois

Minoria ecoante do Paraná (Agepar). Apesar de afirmar ter como aliada a maioria dos deputados para a aprovação do projeto na Assembleia Legislativa (Alep-PR), a votação não foi calma, como de costume. Deputados da oposição levantaram o debate e conseguiram mobilizar setores da sociedade, que por sua vez, cobraram explicações. O suficiente para o Governo retirar o assunto da pauta por cinco sessões e, mais tarde, retirá-lo de votação por tempo indeterminado. Para o deputado Elton Welter (PT), essa situação pode ser considerada “O Estado regulando o próprio Estado. É um absurdo isso”, comenta Elton Welter


uma vitória da oposição. “Quando a gente ficava sozinho falando aqui, não tinha ressonância. Tão logo perceberam que tinha uma mobilização popular articulada, o Governo acabou retirando o projeto”, diz. O Governo, no entanto, preferiu não comentar sobre a retirada do projeto. Os secretários Durval Amaral, da Casa Civil, e Cássio Taniguchi, do Planejamento, foram procurados pela reportagem da Revista MÊS, mas informaram por meio de suas assessorias que não iriam se manifestar sobre o assunto.

certo. “Não temos prazo para que isso volte, e se voltar, a mensagem será totalmente revista e qualquer iniciativa dessa natureza [privatização], a nossa ideia é que passe pelo crivo das entidades afins, se discuta isso politicamente de uma forma democrática, sem nenhuma imposição”, garante.

O problema A Lei que cria a agência já existe desde 2002 (Lei Complementar nº 94), mas não foi colocada em prática por decisão do ex-governador Roberto Requião (PMDB). O que o atual Governo queria era fazer algumas mudanças no funcionamento, ampliando a regulação de alguns serviços, incluindo, por exemplo, a Copel e a Renata Duda

Quem falou sobre o tema foi o deputado Ademar Traiano (PSDB), líder do Governo na Alep. De acordo com ele, a retirada foi estratégica. “Em um governo democrático, como é o nosso, que não impõe nada goela abaixo da população, que discute tudo, preferiu recuar. Mas isso não significa uma derrota. Apenas retiramos para que, de uma forma mais aberta, se discuta isso”. Apesar do discurso, Traiano confirma que o futuro do projeto é in-

Sanepar. E foi justamente esse ponto que gerou toda a discussão. Para a oposição, essa mudança abriria possibilidade de privatização das empresas públicas em questão.

“Uma agência reguladora por si só não privatiza nada, mas cria condições para tal”, diz Verri

“O Estado regulando o próprio Estado. É um absurdo isso. Tanto que o governo retirou a proposta. As agências foram criadas na época do FHC [Fernando Henrique Cardoso], no período que foi vendido o patrimônio público. Então, só se a Copel e a Sanepar tivessem sido vendidas tinha sentido colocar a água e a energia aqui no Estado”, contextualiza Welter. Segundo Traiano, o projeto não cria nenhuma possibilidade de privatização. “O que nós queremos é a proteção das empresas públicas. A função da agência era regular os serviços. Um novo instrumento em defesa da sociedade. O governador tem registrado em cartório, como proposta de campanha, que as empresas públicas serão fortalecidas, então jamais ia cometer algo que colocasse isso em dúvida”, afirma. Apesar da promessa, a oposição lembra que Beto Richa (PSDB) já havia feito compromissos em cartório anteriormente que foram descumpridos, como quando prometeu que não iria se candidatar para o Governo do Estado enquanto fosse prefeito da Capital. Para o líder da oposição, Enio Verri (PT), uma agência reguladora por si só não privatiza nada, mas cria condições para tal. “Ou seja, agência reguladora é para qualquer tipo de concessão privada. Se essas concessões são públicas, não precisa da agência. Mas poderão precisar se um dia vier a ser privatizada”, explica.

“Isso não significa uma derrota. Apenas retiramos para que se discuta isso”, garante Traiano

Com o assunto retirado de pauta, não se sabe ainda se voltará ou não a ser discutido. Uma coisa apenas é certa, a população parece estar de olho e disposta a se manifestar a favor de seus interesses. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 21


sobre a política

Mídia e política Por Tiago Oliveira tiago@revistames.com.br

É moralmente aceitável que um conglomerado de comunicação vire suas baterias bélicas contra um agente público? Vários cursos de pós-graduação e até de mestrado e doutorado, nas áreas de Comunicação ou Ciências Políticas e Sociais, têm se debruçado para estudar as relações entre os campos da política e da mídia. Muitos dos conteúdos exploram como a comunicação, por meio da mídia em especial, é trabalhada pelo campo da política. Como a política é uma área de atuação em que os símbolos valem muito, este tema tem se caracterizado como um campo de estudos bastante fecundo, o que tem gerado bons frutos.

Vou tentar apresentar uma provocação que caminha no sentido inverso. Qual seja: podem as empresas de mídia se ocupar da política para defender os seus interesses econômicos e para isso usar de concessões que lhes são dadas e espaços que lhes são garantidos para defender seus interesses que nada têm de liberdade de expressão? Penso que seja muito importante a sociedade brasileira não fugir desse debate, sob pena de cairmos em uma ditadura das opiniões publicadas. A título de exercício e, em tese: é ético e moralmente aceitável que um conglomerado de comunicação vire suas baterias bélicas contra um agente público que, cumprindo a sua função de defender o melhor para o conjunto da sociedade, mexa com interesses econômicos desse conglomerado? E, para isso, usar dos espaços 22 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

Banco de imagens

Mas não é sobre esse viés que vou tratar neste artigo. Não é sobre a ocupação de espaços na mídia para o debate político e suas implicações nos cenários. Não é sobre o conteúdo do discurso no campo político reproduzido e amplificado pelas ondas, páginas e imagens da mídia, que vou me ocupar. públicos que lhes são garantidos pela própria sociedade? Penso que não. Penso que fazer isso contra um agente público (seja ele político ou não), além de uma covardia, é um desvio da função da mídia. Se ela quer agir como o quarto poder, ela deve se comportar como um agente público e não como uma matilha de lobos, que sorrateiramente e com artifícios espúrios tenta manter ou até mesmo ampliar suas vantagens. Não pode um veículo ou um grupo de comunicação usar a sua função de informar como cortina de fumaça para desconstruir um ator político pelo simples fato de que este mexe com seus interesses econômicos. Esse tipo de prática só desvirtua a relação mídia e política.


mensagens do(a) leitor(a)

Edição do mês de agosto As cartas da Revista MÊS são de mensagens enviadas à redação por correspondência ou de recados deixados em nosso perfil no Twitter: @mes_pr ou no Facebook: MÊS Paraná. Participe!

Turismo A matéria ficou bem bacana!! A revista está ótima!! Parabéns!!

Fernanda Ferraz, Diretora - Vintage Turismo & Eventos

Cultivar A edição do mês, agosto, está muito boa. Será que teria como enviar a edição deste mês à minha mãe? Aponto, pois a reportagem sobre como cultivar e cuidar das plantas em casa é de seu interesse. Ana Paula

Distribuição Gostei do conteúdo que li, que foi apenas a do Mês de Fevereiro/2011. Em especial a Matéria sobre o Sonho de Ser Mãe e sobre a Aids. Percebi que ela é uma Distribuição Gratuita. Há alguns pontos de distribuição?

Restaurante Donadoni Hoje, tivemos o prazer de receber a equipe da revista @mes_pr em almoço muito bom! Aguardem nosso chef Jairo na próxima edição, em setembro! Jimi Vargas @mes_pr pra sair do sedentarismo levo meu filho todos os dias de bicicleta, depois vou para o trabalho de ônibus. João Vitor Besabe @mes_pr Obrigado, a edição deste mês está muito boa. Interessante pros pais de 1ª viagem!

Juliana de O. Picanço Ribeiro, São José dos Pinhais – Pr

Resposta: São distribuídos exemplares nas principais bancas de Revista de Curitiba, em cafés, restaurantes e prédios comerciais. Caso queira receber em sua casa, envie seu endereço pelo contato: leitor@revistames.com.br Assinatura

Sandra Borçoi Sensacional a matéria sobre pães artesanais!!! Fiquei com água na boca! Rômulo Cardoso A revista inteira está show de bola, leitura leve, porém para sempre informar! Jefferson Guimarães Parabéns pela Revista. Tive conhecimento de seu conteúdo ontem, pois foram deixados diversos exemplares na Portaria de um Condomínio o qual eu fiz um trabalho, e de imediato, me prontifiquei a distribuir os exemplares entre as correspondências dos moradores. Após isso, me sobrou alguns exemplares, do qual fiquei com um e gostei da diversidade dos temas que ali foram abordados. Parabéns. abraços.

Olá! A revista é distribuída onde? Tenho interesse em recebê-la. Obrigada!

Marlene Pagoto

Eu quero uma Mês Paraná!!! Já li a versão online, está maravilhosa, mas quero uma impressa também rsrsrs.

Karina Trzeciak

Resposta: Solicitamos o envio de seu endereço, que vamos encaminhar os exemplares mensalmente! Envie os dados para: leitor@revistames.com.br . Obrigado pela preferência. Aviso: Se você também quer ler a edição on line, visite o link: http://issuu.com/revistames e encontre todas as edições da MÊS Paraná. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 23


cidades

Olho

digital para a segurança Câmeras de segurança têm auxiliado os órgãos competentes a diminuir o número de crimes em áreas monitoradas Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

Medo com fundamento. Classificada pelo Ministério da Justiça como sendo a sexta capital mais violenta do País, Curitiba fica atrás apenas de Maceió (1ª), Recife (2ª), Vitória (3ª), Salvador (4ª) e João Pessoa (5ª). E para contrapor a esse quadro negativo, a Prefeitura de Curitiba, por meio da Guarda Municipal, tem utilizado artifícios tecnológicos, como as câmeras de segurança. 24 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

Roberto Dziura Jr.

C

onsiderada como o maior problema para os paranaenses, a segurança pública é ainda mais temida pelos curitibanos. Enquanto 56% dos moradores do Estado apontam esse item como o mais preocupante (inclusive à frente de saúde e educação), para os que residem na Capital, o índice é maior, 62%. Além disso, 70% dizem acreditar estar menos seguros do que há cinco anos. Esses dados fazem parte de um levantamento realizado, recentemente, pelo Instituto Paraná Pesquisas e mostram uma realidade de medo contínuo.

A cidade, que conta atualmente com 88 aparelhos (sendo 45 na região central), tem certa a instalação de mais oito câmeras; duas na região central, e seis próximas ao Cemitério Água Verde, no bairro Água Verde. Mas, em longo prazo, a previsão é mais animadora. “Existe um projeto para a Copa do Mundo. Com a previsão de

instalação, até 2014, de 500 câmeras em Curitiba”, afirma Marlon Oliveira, coordenador do Sistema de Monitoramento da Prefeitura de Curitiba. A justificativa para a instalação de novos aparelhos se dá pela avaliação dos resultados obtidos. “A partir do momento que a gente começou a


Intimidação A diminuição desse número se dá justamente pelo fato da câmera intimidar o bandido. “Os marginais acabam, com o passar do tempo, sabendo que estão sendo monitorados. E, com o número de prisões efetuadas, eles percebem que ali tem uma ação mais efetiva da área de segurança. Por isso, acabam desistindo para não serem pegos”, explica Oliveira. O especialista no assunto e presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado do Paraná (Sindesp/PR), Maurício Smaniotto, também concorda. “Umas das principais vantagens é que ela [a câmera] inibe uma ação criminosa. Ele vai evitar praticar o delito nesse local. E mesmo que pratique, você vai ter as imagens, para tentar reconhecer, identificar e prender.” Marlon Oliveira diz acreditar que esse aparato tecnológico é uma ferramenta muito importante para o bom desempenho da Guarda Municipal. “Uma câmera substitui o trabalho de, aproximadamente, 10 a 15 homens, dependendo da localização que ela está. Não é que ela substitui. Ela auxilia, ela maximiza os recursos humanos para que a gente possa atuar dentro da área de segurança”, assegura. Para Smaniotto, é uma ajuda muito válida. “Segurança, a gente não conse-

gue otimizar, mas cada ferramenta que você inclui, tudo que puder agregar para ajudar na segurança pública, com certeza é muito bem-vindo”, afirma. Apesar do grande auxílio, o trabalho tem de ser feito em conjunto. “A câmera por si só não traz segurança. Ela é apenas uma ferramenta de trabalho que auxilia para que o serviço efetivo seja realmente executado na ponta. Para que o homem possa efetivar o seu trabalho”, esclarece Oliveira.

Na prática Dados da Guarda Municipal mostram que, aproximadamente, 70% dos crimes flagrados pelas câmeras de segurança são relacionados ao uso indevido de drogas. Atos de vandalismo, danos ao patrimônio e pequenos furtos também são rotineiros. Para a gerente de uma loja de calçados e malas na Rua XV de Novembro, Odete Nunes, o resultado após a instalação das câmeras foi visível, apesar de ainda existirem crimes na região. “Alguns anos atrás, antes das câmeras, eles [bandidos] agiam de uma forma que um chegava e empurrava o turista e outro vinha e colocava a mão no bol-

Para os comerciantes, a redução dos crimes foi visível

Roberto Dziura Jr.

fazer o monitoramento das imagens, percebemos que diminuiu sensivelmente o número de flagrantes. Então, a gente tem de 2010 para 2011 a diminuição em torno de 43,8%”, afirma Oliveira. Até meados de agosto, o número de flagrantes era de 69, das 351 ocorrências registradas.

“A câmera por si só não traz segurança. É apenas uma ferramenta de trabalho que auxilia”, diz Oliveira

Roberto Dziura Jr.

70% dos crimes flagrados são relacionados ao uso indevido de drogas

so e tirava a carteira. Isso na frente da loja, a gente via. Realmente, as câmeras ajudam bastante”, garante. O garçom Junkemar Monteiro, que há 21 anos trabalha em um restaurante na mesma rua, também percebeu a diferença. “Intimidou muito os ladrões, pessoas que frequentam com maldade. No geral, eles estão evitando ficar na área central. O ladrão tem tempo para pensar em tudo. Então, se tem câmera, ele vai procurar um lugar mais fácil”, conta. Para Odete e Monteiro, o ideal é que mais locais da cidade pudessem ter esse auxílio na proteção. “Se tivesse, não só na área central, mas em todos os pontos de Curitiba seria importantíssimo”, comenta Monteiro. Já para a população que transita no local, a sensação de segurança ainda é falsa. “Tem muita câmera, mas a polícia não vai atrás. ‘Saidinha de banco’ tem direto”, conta Amir de Andrade, morador da cidade. “Só a câmera não funciona. Tem de ter acompanhamento”, afirma Franklin Costa, outro morador. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 25


cidades

Mais conforto no transport Empresas fabricantes de carrocerias investem em veículos com aumento de capacidade para competir com sistema sob trilhos 26 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br

A

rede de transporte público de Curitiba, que há muito privilegiou o transporte sob rodas, pode ficar mais

confortável. Isso é o que as empresas produtoras de carrocerias prometem para 2012, com os lançamentos de ônibus, em que é possível ver inovações tecnológicas e mais conforto, como bancos reclináveis e mais macios.


Divulgação / NTU

A infraestrutura de transporte passa por uma grande transformação e outras cidades da América Latina, e as empresas produtoras desse sistema querem ampliar seus negócios e, consequentemente, suas respectivas parceiras com os municípios ao oferecer qualidade em transporte. “Ônibus mais confortáveis é o primeiro grande passo para a evolução do sistema”, resume o diretor-geral da Marcopolo, Marcos Paulo Zini. As empresas Marcopolo, Irizar e Comil pretendem lançar no ano que vem veículos biarticulados maiores, em espaço e conforto para abocanhar uma fatia maior de pessoas, a começar por cidades do Sul que implementaram o sistema BRT, como Curitiba. Utilizado em mais de 80 países, o BRT é um método no qual os ônibus circulam em uma rede de caneletas exclusivas com atributos especiais, com múltiplas posições de paradas nas estações e acessibilidade universal. Resumindo: é quase um metrô de superfície.

No Seminário Nacional, em São Paulo, a NTU lançou publicação contendo projetos de 12 cidades, incluindo Curitiba, Maringá e Cascavel, no Paraná

te urbano Num momento em que muitas prefeituras discutem a criação ou mesmo a ampliação do transporte sob trilhos – metrô e monotrilho – o sistema Bus Rapid Transit (BRT, na sigla em inglês), que faz sucesso nos estados do Sul do País

No Brasil, a infraestrutura de transporte passa por uma grande trans-formação. Nos próximos cinco anos, o País vai abrigar dois dos maiores eventos esportivos mundiais – a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016) – e o transporte urbano precisará passar por avanços para atender à demanda exigida. É basicamente por causa desse importante fato, que as empresas construtoras de veículos BRT pretendem “correr” para lançar produtos de qualidade. “O segmento empresarial do setor de transporte está entrando numa nova fase a partir da remodelação do transporte urbano sob rodas e, isso, vai representar um grande ganho para a sociedade”, ressalta o presidente da diretoria-executiva da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Vieira Cunha.

Evolução As companhias destacam ter esperança na ampliação do sistema por causa dos investimentos em infraestrutura realizados pelo Governo Federal, a partir do PAC 1 e o PAC da Mobilidade Urbana. Serão R$ 30 bilhões nas cidades que vão sediar a Copa do Mundo. Do total, R$ 18 bilhões serão aplicados nas 24 cidades brasileiras. Em cidades paranaenses, como a Capital, Maringá e Cascavel a intenção é diminuir o número de veículos particulares, a partir do conforto, segurança e maior rapidez no transporte urbano e, assim, atrair milhares de pessoas para o sistema público de transporte. Outro ponto do BRT é ser ambientalmente sustentável em relação ao combustível. O sistema permite uma redução em mais de 40% na emissão de gases poluentes, tanto pela redução da frota, quanto pelo perfil do próprio combustível.

Novos negócios Por conta deste modelo de transporte também surgem novas oportunidades comerciais para movimentar ainda mais o setor. Atualmente, são cerca de 60 milhões de viagens por BRT, sendo que a maior parte é por meio do bilhete eletrônico. A tecnologia empregada já está preparada para integração com outros sistemas como cartão de crédito, vale alimentação e cartão de frequência escolar. Todo o sistema pode ser implementado a partir da tecnologia embarcada, pois a oportunidade de exploração desses negócios começa nos terminais, com lojas e serviços para os usuários. “É importante destacar que tudo isso pode ser feito sem qualquer aumento de tarifas e os benefícios serão não apenas para o usuário do transporte coletivo, mas para motoristas ao perceberem um melhor nível de serviços no sistema”, avalia o presidente da NTU. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 27


educação

Procuram-se vagas para os filhos de Curitiba Faltam vagas em creches da Capital paranaense; MP-PR informa déficit de 54 mil, Prefeitura alega que são 9 mil e muitas crianças continuam sem lugar para ficar Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

C

aroline Cordeiro Salturi, mãe de Vinícius, um bebê de 1 ano e 2 meses, está em busca de um direito cerceado. A adolescente de 16 anos, que deve voltar a estudar no ano que

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vem, procura uma vaga em creche para deixar seu filho enquanto trabalha e estuda. Moradora do bairro Santa Felicidade, em Curitiba (PR), faz algum tempo que está nessa procura. “Está difícil, já fui até ao Conselho Tutelar”. Mãe solteira, morando com seus pais, avó e duas irmãs, tem de ajudar com o dinheiro em casa, mas está impossibilitada de trabalhar. Deixou o emprego que tinha em uma panificadora há alguns dias para se dedicar a seu filho. Para ela, que sente na pele, a urgência de vagas em creches é latente.

Para Adelaide de Fátima Nequel, essa necessidade também é evidente. Mãe de Gustavo de 4 anos de idade, ela sobrevive com R$ 300 que o ex-marido paga de pensão para sustentar a casa e mais duas filhas, a Suzana (12) e a Camila (19). “Estou precisando muito. Mas é cada um por si e Deus por todos”, lamenta Adelaide. A angústia de mães como Caroline e Adelaide se repete em milhares de lares na Capital paranaense. Dados do Ministério da Educação (MEC) e de outras entidades federais, recen-


Brunno Covello / SMCS

A Prefeitura de Curitiba informa que esses dados não conferem com a realidade da Secretaria de Educação do município. “A demanda manifesta, que são os pais que nos procuram e não encontram vagas; existem 9.285 vagas, as quais até o final de 2012 estarão atendidas”, informa Daniele Regina dos Santos, superintendente executiva da Secretaria Municipal de Educação.

Obras Foram construídas 18 unidades, em 2010, mais 18 devem estar prontas até o fim do ano, com o investimento de R$ 26,4 milhões. E, para o ano que vem, estão previstas mais 10 novas creches, caso seja aprovada no final do mês a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Câmara de Vereadores. Assim, a promessa é de que todas as necessidades das mães, que já procuraram a Prefeitura, sejam sanadas até o ano que vem.

do Estado. Assim, as necessidades se renovam e as dificuldades também.

Nos bairros “É difícil vir uma resposta com vaga. Geralmente, é uma briga”, analisa Heitor Cavalcanti de Olveira Antunes, conselheiro do Conselho Tutelar da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), um dos bairros mais carentes da cidade. Antunes informa que muitas mães procuram pelo Conselho já em situação crítica para que a instituição possa intermediar essa relação. O caminho normal são as mães cadastrarem sua necessidade na Prefeitura. Porém, quando o Conselho Tutelar entra em cena, o pedido é feito novamente para a Secretaria Municipal

“A questão do déficit é crônico mesmo, a gente está trabalhando no sentido de diminuir isso”, argumenta Daniele. De fato, não é pouca coisa, se comparado à gestão anterior que teve foco na educação do ensino fundamental, como comenta a superintendente. “A prioridade do município era a construção de escola”. No entanto, o problema não termina aí. O déficit de vagas não fica estacionado nas nove mil vagas. Por ano, nascem cerca de 25 mil crianças na cidade. Parte delas vai precisar de assistência

de Educação, que avisa se há vagas ou não naquela localidade. Caso não haja, o Conselho encaminha o pedido para o Ministério Público do Paraná (MP-PR), que analisa a situação.

Roberto Dziura Jr.

temente divulgados pelo Ministério Público do Paraná, mostram números que dão a dimensão dessa problemática. O número da população de crianças (de 0 a 3 anos) projetada em 2010, na cidade, ultrapassa os 84 mil. As matrículas efetuadas em creches no mesmo ano é de pouco mais de 30 mil. Colocando na balança dá em torno de 54 mil crianças fora das creches, cerca de 63% sem atendimento da educação infantil.

O déficit de vagas não fica estacionado nas nove mil vagas. Por ano, nascem cerca de 25 mil crianças na cidade

Mãe Caroline deixou o emprego para cuidar de seu filho, Vinícius (01), por não ter vagas em creches no São Braz

Maurília Silva Martins, presidente do Conselho Tutelar do CIC, observa que a procura por vagas nas creches do CIC é bastante grande. “Todo dia temos pais buscando vagas. A procura é permanente.”

Preocupação Quem tem filho sabe do “problemão” que isso acarreta na vida da família, principalmente, daquelas que mais precisam de ajuda dos órgãos competentes, por não terem condições financeiras de pagar por uma creche particular ou mesmo por alguém para ficar em casa e cuidar da criança. A maior responsabilidade fica por conta das mães. Segundo Elaine Bueno Silva, pedagoga e consultora de berçaristas, é um papel delegado, quase que exclusivamente, para elas. Entretanto, as mães de hoje em dia não têm mais a possibilidade de ficar em casa para cumprir este papel, como antes. “Antigamente não existe mais. Nós vivemos no dia de hoje. E a realidade hoje é muito diferente do contexto histórico deste antigamente. A mulher não está em casa para passar todo o dia que lhe cabe com esse filho, como antigamente essas mães faziam”. Por isso, a necessidade em se ter um lugar que acolha de forma adequada seu filho para trabalhar aspectos físicos, psicológicos e sociais dos primeiros anos de vida. “A gente tem de entender essa criança, apesar de ser pequeninha, como um ser integral”, afirma Elaine. Apesar dessa fase da vida ser uma das mais importantes na formação do ser humano, conforme analisa a pedagoga, o serviço de creches da rede pública não tem conseguido atender de forma integral toda a complexidade dessa demanda da sociedade. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 29


educação

Valores que se aprende jogando O computador tornou-se aliado na educação de valores para as crianças; as mudanças de comportamento já são notadas por pais e professores

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

ode soar estranho ouvir dizer que muitas crianças estão aprendendo, na escola, com a ajuda de um jogo de computador, valores como: honestidade, responsabilidade e respeito. Essa “matéria” não é uma tarefa fácil. Muitas vezes, a responsabilidade é divida entre a família e a escola. Ainda assim, nem sempre esse esforço provoca nas crianças uma reflexão concreta sobre as condutas diárias. Mas um game inédito no País está chamando a atenção até de especia-

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listas da Organização das Nações Unidas (ONU) por conseguir o feito de repassar valores e condutas morais às crianças da rede pública de ensino, com consequências reais no cotidiano e na formação desses estudantes. O “Turma de Valor”, criado e desenvolvido pelo psicólogo paranaense Celso Garcia, tornou-se um aliado de pais e professores em dois municípios do Paraná – Araucária e Lapa – no aprendizado de valores. Em formato de história em quadrinhos, voltado para crianças entre 9 e 11 anos de idade, que frequentam

o 5º ano escolar (a antiga 4ª série), o jogo está dividido em oito temas: honestidade, responsabilidade, respeito, determinação, amizade, educação, organização e autoestima. Para começar o jogo, o aluno precisa escolher um, entre seis personagens. De acordo com o psicólogo, a criança escolhe os personagens “não só pelo avatar, não só pela imagem, mas também pelo perfil psicológico que ela recebe do personagem”. Depois de escolhido o perfil, as crianças vão lendo a história até que chegam em um ponto no qual precisam escolher uma solução para o problema apresentado. “Só a partir do ponto que ela responde é que o jogo continua. E, assim, uma história atrás da outra, trabalhando com os valores”, completa Garcia.

Municípios Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), foi a primeira cidade a receber o projeto quando ainda era piloto. “A gente começou com duas escolas com perfis completamen-


te diferentes, com realidades sociais completamente diferentes. Justamente para que, como era um piloto, a gente pudesse enxergar o funcionamento do jogo em duas realidades sociais diferentes”, afirma o psicólogo.

As atividades não ficam só por conta do jogo em frente ao computador. Durante cada semana, um dos temas é debatido e trabalhado de forma didática e reflexiva. No final de cada semana, de cada tema, as crianças fazem cartazes sobre os assuntos trabalhados. De acordo com Garcia, são vários os relatos de professores contando as experiências positivas que o jogo tem propiciado à melhoria do convívio das crianças. “A resposta que a gente tem é muito positiva, os relatos dos professores com diminuição de violência no recreio, com diminuição de violência espontânea, gratuita”, gratifica-se o criador do game.

Mudanças Essa transformação na conduta das crianças pode ser constatada depois do trabalho em sala de aula, conforme ressalta a educadora da Escola MuFotos: Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

Em Araucária, segundo Garcia, são ao todo 24 escolas que aderiram voluntariamente ao projeto. Já na Lapa, são 17 escolas municipais participantes. De acordo com a secretária de Educação, Esportes e Lazer, Vilma Luzia Piovezan Wille, algumas turmas, cujas escolas ainda não têm acesso à Internet, são levadas para o Polo da Universidade Aberta do Brasil, onde elas têm toda a estrutura para jogar.

Os estudantes Christian e André, com seus pais; motivação na participação da escola no ensino de valores

nicipal Professora Egipciana Swain Paraná Carrano, Sueli Terezinha Kioteka. A professora afirma também que os alunos passaram a corrigir-se mutuamente. “Entre eles quando acontece um deslize, uma falta de respeito, uma palavrinha que o outro não disse, não agradeceu, eles corrigem um ao outro. E isso é bem legal”, exemplifica Sueli. Essas mudanças não foram notadas apenas dentro das escolas, os pais dos alunos André Pereira Celestino (10) e Christyan Vieira dos Santos (10), Jadir Ferreira dos Santos e Lucimara Nunes Pereira, sentiram a diferença em casa. “Você para para analisar lá atrás quando começou o projeto, você vê uma mudança grande”, avalia o pai dos meninos. Para Santos, o projeto vem ao encontro do que os pais buscam ensinar para os filhos, mas que muitas vezes por falta de tempo não conseguem fazer. Para ele, ensinar em casa, sozinho é mais difícil e ter a escola ajudando nesse processo com a participação de todos os alunos é “bem mais motivante”.

Aprendizados O jogo no computador aliado ao trabalho em sala de aula levou André, Christyan e seus coleguinhas a aprenderem muitas lições da vida. Algumas das lições aprendidas, segundo André Anderson Macedo, Oliveira e Garcia; o projeto paranaense vai sair das fronteiras do Estado e segue para o Pará

e Chrystian, foram “ser honesto, respeitar os outros e fazer amizades”. O interesse despertado pelo projeto nos alunos também chamou a atenção da Organização das Nações Unidas (ONU). O “Turma de Valor” é um dos projetos citados no último Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). De acordo com o economista para Relatório do Pnud, Rogério Carlos Borges de Oliveira, parte do relatório fala sobre a importância do aprendizado de valores na prática. “A gente verificou que ele [o jogo] tava criando um cenário para a criança vivenciar esses valores”, comenta Oliveira. Junto com mais dois outros projetos, o “Turma de Valor” será levado como sugestão para a Secretaria de Educação do município de Abaetetuba, do outro lado do País, no Pará, para o ensino de valores às crianças. “A gente vai apresentar para eles e se eles acharem que é coerente, que é conveniente naquela realidade, a gente vai desenvolver com eles”, pondera Oliveira. “É fundamental que o estudante adquira uma compreensão e uma percepção nítida dos valores. Tem de aprender a ter um sentido bem definido do belo e do moralmente bom”, disse certa vez o genial Albert Einstein. O jogo, assim, se apresenta como uma ferramenta para promover essa transformação. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 31


saúde

Por uma Medicina mais humana Quatro novas áreas foram criadas na Medicina; as mudanças agregam mais humanismo ao lidar com os pacientes Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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m meados de julho deste ano, foram criadas quatro novas áreas da Medicina que dão um rumo mais humano no trato com os pacientes. São mudanças estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), que visam a criar novas regulamentações, acompanhando o avanço da atividade médica e a demanda da sociedade. Foram criadas as seguintes áreas:

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Dor, Medicina do Sono, Medicina Tropical e Medicina Paliativa. À primeira vista, pode parecer que nada de novo ocorreu e que os médicos já estavam trabalhando nessas áreas. Correto, alguns já estavam. No entanto, a partir do reconhecimento dessas entidades, cria-se um novo norte para os médicos e mais segurança para a sociedade, com o avanço dos estudos e a fiscalização dos profissionais do setor. A tendência é se voltar à qualidade de vida do paciente, proporcionando um caráter mais humano à Medicina

no País. Por isso, a partir de agora, para que os médicos possam trabalhar nessas áreas, algumas prerrogativas deverão ser levadas em consideração. As novas áreas terão formação específica de um ano e os médicos precisarão de pré-requisitos em outras especialidades para buscar incorporar em seu currículo essas novas áreas. “O que a gente quer é que isso tem de ser bom para as pessoas. Melhorar a qualidade de vida, melhorar a sobrevida, mas principalmente, acho que talvez a medicina tenha de evoluir é a educação, a comunicação”, relata o médico Miguel Ibraim Abboud Hanna Sobrinho, conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). Nessa linha humanista, por exemplo, podem-se observar casos de doenças que geram muitas dores. Antes, os tratamentos eram voltados mais para a doença e menos para os efei-


Roberto Dziura Jr.

Um dos grandes problemas é que as pessoas não lidam bem com a morte, diz o geriatra tos. Hoje, já se sabe que “ficar com dor é muito ruim. O que o organismo libera de hormônios e substâncias é tão ruim quanto, eventualmente, você fazer o tratamento”.

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Paliativa A área que chama mais atenção é a Medicina Paliativa, por trazer à tona temas delicados, como a eutanásia, a ética médica e os cuidados com a chamada “boa morte”. É uma área que trabalha doenças como o câncer em estágio final, demência, doença de Alzheimer, Parkinson. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 65% dos portadores de doenças crônicas, que têm risco de morte, precisam de cuidados paliativos. Segundo o médico Ibraim, em certos quadros clínicos, o paciente não precisa mais de intervenções agressivas, pois a doença não é curável ou já está em fase terminal. Por isso, o paciente precisaria receber outros elementos no tratamento. “Existem doenças que vão evoluindo naturalmente, que apesar do conhecimento que a gente tem, não consegue curar. Essa fase final de algumas doenças crônico-degenerativas demanda de um suporte [...] Um suporte emocional, de conforto”. Não se trata de reconhecer a eutanásia, uma prática proibida no Brasil. A medicina paliativa trabalha com outra perspectiva. Pretende-se dar qualidade de vida ou uma sobrevida confortável ao paciente. “Doenças incuráveis, bem estabelecidas, trazem a possibilidade, agora, de serem conduzidas de forma paliativa. É maximizar a vida e minimizar o sofrimento”, analisa o médico geriatra José Mário Tupina Machado. Dessa forma, a regulamentação dessa área faz com que haja “a democrati-

“O que se quer é a melhora da qualidade de vida”, observa Ibraim do CRM-PR

zação da informação, o compartilhamento das decisões e do não emprego de ações agressivas sem que haja um resultado altamente positivo”, observa Machado. Para ele, é preciso que isso seja feito respeitando a escala de valores do paciente. “O paciente participa ativamente das tomadas de decisão”. No entanto, como cada pessoa lida de forma diferente com a morte é preciso resguardar a liberdade do paciente em não querer saber o que está ocorrendo. Segundo os especialistas, essa

decisão pode ser transferida para o próprio médico, se assim o paciente quiser, ou para a família, que vai Fiscalização Em caso de erro médico ou denúncia de abusos, procure o Conselho Regional de Medicina: Rua Victório Viezzer, 84 - Curitiba-PR Tel: 41.3240.4000 E-mail: protocolo@crmpr.org.br Horário de atendimento: de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

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saúde determinar o melhor caminho nesse momento terminal. A cada caso uma nova maneira de abordar o assunto é estabelecida, conforme o perfil do paciente. “A forma de você abordar isso é diferente, mas não posso mentir. Não posso jamais, em nome de tentar lhe dar um consolo, dizer para você algo que não seja a verdade”, diz Ibraim.

Dificuldades Um dos grandes problemas, conforme aponta o médico geriatra, é que as pessoas não lidam bem com a morte. “É preciso aprender a morrer. Aceitar a morte como parte da vida”. Por isso, em alguns casos, é mais importante cuidar do que curar o paciente. “Nós temos de ter coerência e ser honestos”, comenta Machado.

As pessoas, de modo geral, que não aceitam a medicina paliativa no tratamento do paciente terminal são de famílias com problemas de relacionamento e que, por isso, ao encarar a morte de um parente, se sentem culpadas e querem oferecer todos os recursos em busca da cura do familiar. Mas “se tem uma boa relação, quer o cuidar”, conta o geriatra. “Cuidado paliativo é isso: você oferecer o tratamento e os exames, mantendo para o paciente a melhor qualidade de vida possível dentro da realidade de cada momento”, esclarece Machado. 34 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

Pintura a óleo do homem deprimido com base em uma pintura de Van Gogh

Banco de imagens

Ele conta que muitas famílias relatam – depois que seu ente querido se foi –, que se arrependem por terem induzido a um tratamento agressivo, na ânsia de curá-lo, deveriam, no entanto, ter dado mais conforto aos momentos finais. “Se pudessem voltar atrás, gostariam de deixar o paciente voltar para a casa”, em vez de passar seus últimos momentos de vida em uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), por exemplo.

Uma doença democrática

Pesquisa aponta que a prevalência de depressão varia entre 14,6% e 11,1% no mundo, mostrando que este é um problema de saúde pública

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

studo realizado em 18 países e publicado na revista BMC Medice aponta que o Episódio Depressivo Maior é um problema de saúde pública significativo. Para chegar à conclusão, os países foram divididos em dois grupos, um de países de alta renda e outro de nações com média e baixa rendas. De acordo com a pesquisa feita em con-

junto com a Organização Mundial de Saúde (OMS) em mais de 89 mil adultos, em média, 14,6% dos entrevistados já tiveram o Episódio durante a vida. Já nos países de média e baixa rendas, foram registrados 11,1%. Outros números do mesmo levantamento mostram que nos países de alta renda, a prevalência de depressão nos últimos 12 meses foi de 5,5% e de 5,9% naqueles de média e baixa rendas. O Brasil


Para o gerente médico da Unidade Intermediária de Crise e Apoio à Vida (UNIICA), Élio Luiz Mauer, a diferença de prevalência (0,4%) entre os países de média e baixa rendas para os de alta renda não é significativa. “Eu costumo dizer que a depressão é uma doença extremamente democrática e extremamente sem preconceitos. Todo mundo tem direito a ela”, afirma Mauer. O médico ressalta a importância dada pela pesquisa aos transtornos que a depressão causa na vida das pessoas, como redução da qualidade de vida, outras doenças, e também mortalidade.

“Eu costumo dizer que a depressão é uma doença extremamente democrática”, afirma Mauer Já Astete comenta que ainda há um mito de que a depressão depende do ambiente para se manifestar

Sintomas

pressão aguda”, explica o médico. Segundo Astete, alguns dos sintomas são humor deprimido, desânimo, perda do prazer e sintomas que envolvem o sono, o apetite, a concentração e a energia física. “A pessoa ainda pode ter a sua mobilidade afetada, a sua psicomotricidade, como a gente se refere. Isso costuma vir de uma maneira relativamente rápida, em questão de algumas semanas, ela está se sentindo realmente mal”, completa o psiquiatra.

Segundo o psiquiatra André Astete, o episódio ou transtorno depressivo maior é a forma mais aguda das síndromes depressivas. “Ela é a de-

Há dez anos, Doraci Schroeder (51) teve um episódio de depressão. No começo, ela sentiu algumas tonturas que faziam-na perder o senso de direção e

Doença A depressão nas crianças A depressão não é um transtorno mental que ocorre apenas em adultos. Os pais precisam ficar atentos, pois até os bebês mais novos podem ter depressão. De acordo com a psicóloga, psicoterapeuta infantil e mestre em Saúde Mental Infantil, Fernanda Roche, a prevalência não é igual para os adultos. “As pessoas têm muito mais a noção que as crianças pensam, sentem e têm dificuldades como os adultos de forma diferente. Elas têm os pensamentos organizados de forma diferente, mas não imaturos no sentido de sofisticação. Os sentimentos das crianças pequenas são muito sofisticados, muito mais sofisticados do que as pessoas imaginavam.” De acordo com a psicóloga, hoje, as próprias famílias já estão identificando o problema nas crianças. “Eu tenho ouvido muitos pais chegarem ao consultório dizendo que já estavam percebendo que a coisa não estava bem com os filhos e que eles próprios comentaram isso com o pediatra”, afirma Fernanda, que lembra que antes o processo era o contrário: pediatras acabavam alertando os pais. Fernanda também pondera que, de forma geral, hoje há um reconhecimento e tratamento maior. “As pessoas hoje pedem mais ajuda.” Os pais podem ficar atentos a alguns sintomas da depressão das crianças, como bebês muito quietos e “bonzinhos”. Crianças que não brincam, que não exploram, que não têm curiosidade e interesse e, muitas vezes, com olhar “apagado” são alguns indícios de que podem estar com depressão, exemplifica Fernanda. Por isso, os pais precisam ficar vigilantes em relação aos comportamentos dos filhos para identificar o quanto antes o transtorno.

Roberto Dziura Jr.

teve a maior prevalência do episódio entre os países pesquisados: 10,4% e o Japão ficou em último lugar nessa lista, com 2,2% dos entrevistados.

também deixavam-na com a visão distorcida. “Falando assim dá a impressão que as pessoas não acreditam que você sente isso, mas era horrível. Eu não podia olhar para ninguém”, conta. Por algum tempo, Doraci ficou com medo de sair de casa por causa da tontura. Os sintomas apareceram de repente. “Foi uma coisa que aconteceu de um dia para outro. Um dia eu estava bem, no outro dia, eu estava desse jeito”, relembra. Ela fez tratamento por um ano com medicamentos que considera terem sido bastante efetivos e que levaram a resultados positivos, já que ela deixou de sentir os sintomas.

Causas Muitas ideias erradas e, até certo ponto, preconceituosas, já foram disseminadas em relação à doença. Alguns desses mitos estavam ligados à situação financeira e social das pessoas. “Há um mito muito grande em relação a isso de que a depressão tem que depender de questões ambientais para acontecer. A gente vê certo descolamento nas evidências”, salienta Astete. Além disso, as causas que desencadeiam a doença ainda são desconhecidas. “A ideia que a gente tem que a depressão não é, como muita gente gostaria de afirmar, uma doença com causa conhecida. Ela é, isso sim, uma doença com multiplicidade de fatores causantes”, pondera Mauer. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 35


economia

Pequeno investimento, grande negócio O modelo de microfranquias tem atraído cada vez mais os brasileiros; modalidade nova já representa 5% do mercado e deve terminar 2011 sendo responsável por 20%

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Fui executivo por anos de multinacional. Estava morando fora de Curitiba há sete anos. Tive uma filha e eu e minha esposa começamos a sentir a necessidade de voltar para casa. Pesquisei bastante e entrei no segmento de estética, comprei a franquia”, conta Magnus Guerios, administrador e dono de uma franquia de depilação. Sua relação com o setor de Franchising não para por aí. Guerios também é sócio da marca e futuro proprietário de uma unidade da microfranquia Dr. Resolve, que trabalha com consertos e reformas, completou um ano no mês passado com 250 unidades no País, sendo 15 só no Paraná. Sua inclusão no ramo das microfranquias surgiu devido a problemas com a instalação da franquia que tem atualmente. “Faz sete meses que comprei e tive de fazer uma reforma. O mesmo problema que o David [fundador da Dr. Resolve] teve, eu tive aqui. O pedreiro não vinha, o cara da escada não chegava. Falei ‘tem muita ineficiência nessa obra’. E pensei, ‘vou entrar nesse ramo’. Mergulhando nisso encontrei

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a Dr. Resolve, acabei virando sócio e trouxe para o Paraná”, conta Guerios. Ter um negócio próprio é o sonho de boa parte da população. O difícil, na maioria das vezes, é ter o dinheiro

para investimentos iniciais. “O alto custo é o principal impedimento para a entrada de empreendedores nesse mercado”, afirma Artur Hipólito, diretor adjunto de microfranquias da Associação Brasileira de Franchisings (ABF). Magnus Guerios deixou o emprego em uma multinacional para ingressar no setor de franquias

Roberto Dziura Jr.

Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

Microfranquias


Para amenizar esses altos custos, uma nova modalidade vem atraindo cada vez mais os brasileiros, as microfranquias. Neste caso, o investimento inicial chega até R$ 50 mil, incluindo o valor pago pela aquisição da franquia e pela instalação do ponto comercial. Segundo a ABF, “as microfranquias, que já eram destaque há muito tempo na Coreia, Japão, Estados Unidos e México, deram um salto espetacular no Brasil em 2010”. A modalidade, que já representa 5% das franquias brasileiras, deve terminar o ano de 2011 sendo responsável por 20% do mercado. A marca Dr. Resolve é umas das marcas que deve colaborar para essa expansão. A previsão é que terminem o ano com 400 lojas instaladas no País, 60% a mais que a realidade atual. O faturamento mensal da rede já chega aos R$ 3 milhões. Outro problema encontrado ao abrir uma empresa é ter a ideia para formatar o negócio e habilidade de pesquisa e planejamento. Em monitoramento feito em 2010, pelo Sebrae de São Paulo – um dos mercados mais aquecidos do País – mostra que 58% das empresas paulistas fecham suas portas nos cinco primeiros anos de trabalho. Em 2000, esse número era ainda maior: 71%. Para a instituição, não há apenas um motivo que justifique essa situação. A junção de alguns fatores, sim, é responsável por fazer alguns empresários perderem seus investimentos. “Seis foram os principais conjuntos de fatores identificados: ausência de comportamento empreendedor, ausência de um planejamento prévio adequado, deficiências no processo de gestão empresarial, insuficiência de políticas públicas de apoio aos pequenos negócios, dificuldades decorrentes da conjuntura econômica e impacto dos problemas pessoais sobre o negócio”.

Com a aquisição de uma franchising, parte desses problemas é eliminada, pois a rede oferece estrutura adequada e, muitas vezes, uma marca reconhecida, para que o investidor entre no mercado com menos riscos.

Custo X Benefício A relação custo/benefício das microfranquias é o fator mais atraente desse modelo de negócio. É o que garante quem conhece as duas realidades. “O custo de investimento é baixo. O fator de geração de receita é alto em relação ao valor inicial. Se você comparar com o segmento de franquia tradicional, na grande maioria, é próximo desse [rendimento] ou inferior. Nós dizemos que, em torno de seis meses, você já consegue pagar seu investimento inicial”, explica Guerios. Nesse caso, o investimento inicial foi de R$ 35 mil pelos direitos da marca, mais R$ 10 a R$ 15 mil para a estruturação do ponto comercial. Cada unidade atinge uma região com 70 a 100 mil habitantes. Os chamados diários de atendimento variam entre cinco a 10 serviços prestados, quando a empresa está saindo da fase inicial para uma fase madura. O faturamento líquido chega em torno de 40 a 50% do total, atingindo em média R$ 40 mil. “Os riscos e benefícios dos dois modelos são semelhantes. A grande vantagem da microfranquia é o seu baixo investimento, o que não significa baixo retorno. Esse modelo de negócio permite ao microfranqueado estabelecer a sua empresa/escritório em sua própria casa, diminuindo significativamente os custos”, afirma Eduardo Marçal, diretor de Marketing do Instituto Tomodati de Cooperação do Brasil, com sede em Maringá (PR). Marçal diz acreditar que o Estado tem um grande potencial no ramo das microfranquias, “se considerarmos que a grande maioria das empresas do Estado é constituída de micro e pequenos negócios”.

“A grande vantagem da microfranquia é o seu baixo investimento, o que não significa baixo retorno”, diz Marçal

Divulgação

O investimento inicial de uma microfranquia não pode ultrapassar os R$50 mil

Projeto paranaense Um instituto paranaense foi aprovado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por meio do Fundo Multilateral de Investimento (Fumin), para coordenar e desenvolver o modelo de microfranquia para o mercado brasileiro. O Instituto Tomodati de Cooperação do Brasil, com sede em Maringá (PR), recebeu aproximadamente US$ 1,2 bilhão do BID para “promover a expansão sustentável das micro e pequenas empresas, através da implantação e desenvolvimento do modelo de microfranquias”, afirma Eduardo Marçal, diretor de Marketing do Instituto. No momento, uma equipe de profissionais está sendo capacitada para atender e orientar os empresários. Todas as empresas que estiverem em atividade há mais de dois anos e conseguirem apresentar as demonstrações financeiras podem participar do projeto. “É importante também que a empresa tenha registro de marca e possua, pelo menos, uma filial ou unidade piloto. As empresas interessadas em expandir os negócios por meio do sistema de microfranquias passarão por uma triagem, onde serão avaliadas pelos consultores de acordo com os procedimentos do BID”, explica Marçal. Mais informações: www.microfranquia.com.br

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tecnologia

A cada 10% de aumento da penetração da banda larga há um acréscimo de 0,8% a 1,4% no PIB dos países da América Latina Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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aqui a três anos 90 milhões de brasileiros devem ter acesso à internet banda larga. É o que espera o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), do Ministério das Comunicações (MC). A ação já tem início este ano. “Isso representa alcançar um nível de teledensidade próximo de 50 aces-

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sos por 100 domicílios (em acessos fixos banda larga), ou 45 acessos por 100 habitantes (acessos fixos e móveis em banda larga) no total”, afirma o relatório “O Brasil em Alta Velocidade”. Criado em 2010, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio do decreto nº 7.175, o Programa tem como objetivo geral massificar o acesso à banda larga no Brasil.

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Banda larga: inclusão social e econômica Aumentar o número de brasileiros com acesso à internet rápida significa muito mais do que incluí-los digitalmente e socialmente. O retorno econômico para o País, com o cumprimento dessa meta, é altamente significante. A cada 10% de aumento da banda larga há um acréscimo de 0,8% a 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) dos países da América Latina. É o que afirma um estudo elaborado pela McKinsey2, em 2009, divulgado no Caderno de Alternativas de Políticas Públicas para a Banda Larga da Câmara dos Deputados.


“É uma bandeira que nós como entidade temos defendido há muito tempo. A gente entende que é fundamental. Todos os lugares do mundo onde se investiu em banda larga acabaram aumentando o PIB. Isso é muito relevante. É um instrumento de inclusão fantástico. Precisa ser massificado”, diz acreditar o presidente da Associação Nacional das Empresas de Soluções de Internet e Telecomunicações e presidente do Conselho Consultivo Anatel, Marcelo Siena.

Massificação Uma das formas de atingir essa popularização será por meio de um acordo realizado entre o Ministério das Comunicações e as concessionárias brasileiras, que a partir deste mês deverão oferecer planos de internet banda larga de 1 mega de velocidade por R$ 35. A maioria das primeiras 100 cidades que irá receber o serviço está localizada nas regiões Sudeste e Nordeste. Siena esclarece que esse acordo atinge apenas as concessionárias brasileiras. A Oi, Telemar, Sercontel de Londrina, e CTBC do Triângulo Mineiro. Apenas essas quatro empresas terão de atender ao combinado. “As outras vão fazer por força de mercado. Como essas quatro detêm uma parcela significativa do mercado, acaba influenciando. Eu penso que o maior ganho que esse acordo cria é estabelecer um padrão de mercado. Um balizamento de preço. Todo mundo gravou e esse é o preço que todo mundo tem agora”, afirma. Apesar de o preço estabelecido no acordo não ser extremamente atrativo para a maioria das cidades do Paraná, deverá ser comemorado por outras regiões do País. “O mercado do Sudeste e do Sul já tem preços muito parecidos com esses. Então, não é um grande avanço. Mas quando você fala em política nacional, aí você inclui o Norte e o Nordeste, é um preço que faz sentido. Porque lá é muito mais

O mercado deTelecom hoje movimenta R$ 140 bilhões por ano alto. A oferta é acima de R$ 70”, lembra Siena.

Telebrás Outro ponto do Programa considerado positivo pelos especialistas foi a reativação da estatal Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebrás), que servirá como um agente de venda no atacado de banda larga. “Todo provedor de banda larga precisa se conectar com alguém maior do que ele. E essa conexão chama-se backbone. O backbone é como se fosse uma ‘autoestrada’ que liga uma cidade à outra. Eles sempre foram privados e isso acabava impedindo a massificação e o acesso à internet. A Telebrás ressurgiu com o intuito de fazer esse papel de venda no atacado, para criar concorrência. De fato isso começou a ocorrer”, observa Marcelo Siena. Para ele, antes dessa realidade, os pequenos provedores estavam tendo dificuldade em competir no varejo com quem os vendia no atacado. “Os provedores locais têm sob a sua responsabilidade 14% de todo acesso à internet do Brasil. Esses 14% estavam de certa forma prejudicados, porque precisavam comprar essa ‘autoestrada’ das grandes”, esclarece.

consulta pública sobre o assunto. O Regulamento de Qualidade previa, dentre outras coisas, que a velocidade entregue fosse de no mínimo 60% da contratada, sendo que nos meses seguintes esse percentual deveria subir para 70% e 80%. Até dia 31 de outubro, o regulamento deve tornar-se efetivo e, caso tenha sido aceito pela população, as empresas terão prazo para se adequarem. Para Marcelo Siena, essa discussão é apenas o começo de uma ainda maior que deverá vir em torno da internet. “O plano é uma das etapas. Obviamente, num País com as dimensões do Brasil não iríamos conseguir massificar a internet com uma ou duas ações apenas. Quando ele [PNBL] foi editado, nós tínhamos no País cerca de 30 milhões de pessoas utilizando a internet. O mercado de Telecom hoje movimenta R$ 140 bilhões por ano. Só por isso já é uma grande discussão”. “É um instrumento de inclusão fantástico. Precisa ser massificado”, diz Marcelo Siena

Velocidade A discussão em torno do PNBL acabou trazendo outros temas à tona. Um deles é em relação à velocidade entregue ao usuário. Na maioria dos casos, as empresas acabam disponibilizando ao cliente em torno de 10% da velocidade contratada. Não existe nenhuma regulamentação que as obriguem a fazer diferente. No último mês, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) disponibilizou em seu site uma REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 39


agricultura

Produzir mais que a terra dá Agroindústria familiar paranaense passa por dificuldades com escassez de técnicos, mas apresenta grande potencial de crescimento pela qualidade dos produtos Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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altam técnicos do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR) para o incentivo na agroindústria familiar no Paraná. Neste, que é um dos setores estaduais de maior referência nacional, a queixa é geral: dos produtores, da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) e da própria Emater, que admite a defasagem de pessoal para a lida com o homem do campo. Sem técnicos para otimizar o trabalho, a agroindústria fica estacionada e perde força. Hoje, já são cerca de quatro mil

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agroindústrias no Paraná e mais espaço para crescer esse número. Em sua maioria, são produtos da área alimentar, mas também possuem exemplos no turismo rural, artesanato e outros negócios, que fazem agregar valor para essas famílias do campo, que precisam diversificar a renda para garantir o sustento. O grande carro-chefe no Estado são os queijos e as cracóvias (embutidos). Esse número poderia ser muito maior se houvesse mais gente capacitada para orientar de forma constante os agricultores familiares do Estado. “Quando se pensa em nível estadual, 70% das propriedades são de pequenos produtores. Nós temos 399

municípios, cada município tem uma média de mil pequenos produtores. Então, você imagina a quantidade! Poderíamos estar em torno de 400 mil. A gente ainda pode crescer muito”, afirma Eder Dalla Pria, coordenador do programa Fábrica do Agricultor, da Seab. Para quem está no campo, a quantidade de técnicos é um item relevante, quando se leva em conta que todo o processo tem início no momento em que esse técnico consegue identificar o potencial do produtor familiar em beneficiar os produtos primários. “O técnico vê se tem um tino comercial [no produtor]”, afirma João Nishi de


Roberto Dziura Jr.

Outro grande gargalo na agroindústria familiar é o fator comercialização Souza, coordenador do programa Fábrica do Agricultor da Emater.

Assistência técnica

Roberto Dziura Jr.

Não foi o caso do produtor Arnaldo Todesco, que possui uma agroindústria de conservas, geleias e sucos, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Ele conta que precisou ir atrás de ajuda. “No começo, a gente foi atrás”, comenta Todesco. Há 18 anos, a mulher dele, Weilanie Poli, produzia em casa conservas e vendia para conhecidos. Mas foi depois da orientação da Emater que a produção começou a aumentar. Atualmente, possuem 20 pessoas empregadas para dar conta das encomendas. “Produção hoje é bem grande”, diz o produtor da marca Poli. Dessa forma, a atividade acaba se tornando elitista. “Porque precisa ter um conhecimento um pouco maior. Não adianta arriscar. Demanda investimento, demanda conhecimento e transferência de tecnologia”, comenta Dalla Pria.

Estrutura De acordo com os dois órgãos públicos, atualmente, existem 20 técnicos especialistas em diversas áreas para atender os produtores no beneficiamento do produto da terra em todo o Estado. “Um técnico por regional para cada 20 municípios. Ainda é pouco. Ele está sobrecarregado [...] Equipe para fazer isso ainda é pequena dentro do Estado”, ressalta Eder Dalla Pria. São ao todo 1.300 funcionários na Emater e cerca de 950 pessoas que vão visitar os agricultores no campo dando as primeiras orientações. O Paraná possui uma extensa e produtiva área rural. “Todas as instituições do Governo, nunca vão trabalhar em seu modo ideal. Sempre vai ter aqueles pontos de estrangulamento”, argumenta João Nishi.

Maria de Lourdes é a fabricante dos produtos com as ervas terapêuticas em sua propriedade

Para tentar minimizar essa questão, 400 técnicos estão previstos para serem contratados na Emater nos próximos três anos para todas as áreas. Outra nova realidade que deve contribuir para alavancar a agroindústria familiar é o processo de unificar os sistemas de fiscalização dos produtos. O Paraná foi o primeiro estado no País a se habilitar nacionalmente para fazer essa melhoria. Ao estabelecer padrões únicos, facilita a vigilância do produto e ajuda na comercialização. Aumenta também a segurança e o poder de rastreabilidade da mercadoria.

Vender Outro grande gargalo na agroindústria familiar é o fator comercialização. Para isso, o programa do Governo Estadual, Fábrica do Agricultor, em atividade há 12 anos, já criou um espaço concreto de comercialização e de cultura de consumo entre os paranaenses. Todo ano, ocorre entre cinco e sete Feiras Sabores do Paraná, que contemplam um mix de dois mil produtos derivados de animal e vegetal, produzidos por pequenos agricultores paranaenses, que possuem isenção de ICMS quando entram nesse setor. Além disso, esses produtores têm espaço para comercializar em feiras livres, de agropecuárias e algumas gôndolas

em supermercados de todo o Estado. Mas ainda este item é o “calcanhar de aquiles” dos agricultores. “O produtor, como já diz o nome, ele sabe produzir, então, ele transforma o seu produto e na hora que chega na comercialização, ele tem uma grande dificuldade”, confirma o coordenador da Seab. Por outro lado, o sucesso dos produtos do Paraná na agroindústria familiar é garantido, segundo Nishi da Emater. “Não temos demanda reprimida [...] Todo o produto que é produzido no Paraná é escoado”. Com isso, os produtores conseguem ter um ganho significativo na renda familiar, chegando a aumentar até cinco salários mínimos. A atividade, que nasceu com as mulheres do campo, tinha a pretensão de ser a terceira em importância na propriedade, “hoje está tão bem aceita, que está se tornando, às vezes, a primeira atividade. Aquela atividade primária, plantar milho, soja, está deixando de ser a principal atividade pra dar lugar à transformação do produto”, atesta Pria. Para melhorar o setor no Estado, a receita pode estar na própria figura do produtor, de acordo com Pria. “Foco para o agricultor para retomar o crescimento das agroindústrias”. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 41


internacional

Líbia: Ponto final em mais um regime ditatorial OTAN, liderada pelos Estados Unidos e principais nações da Europa, bombardeia cidades estratégicas e ajuda rebeldes a derrubar Muamar Kaddafi, no poder há mais de 40 anos Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br

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O desafio agora é deixar as diferenças de lado e mostrar união, já que o país é composto de várias etnias africanas e beduínas, cujo controle era realizado pelo excêntrico Kaddafi. Diferentemente dos vizinhos Tunísia e Egito, a Líbia não tinha um exército forte, somente forças leais ao ditador para manter o status quo. Por isso, não participavam da sociedade na estrutura civil, muito menos em partidos políticos. Esses fatores, segundo especialistas, podem ser os motivos da continuidade da guerra civil, porque as milícias podem disputar poder. “Algumas das tribos têm tendências secularistas, outras nacionalistas e 42 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

Gianluigi Guercia / AFP

Líbia, país africano que predomina a língua árabe, é a mais nova nação do continente cuja população usou a força para derrubar um ditador. Ele se chama Muamar Kaddafi e detém o título de líder que está a mais tempo no poder, tanto na África, quanto no mundo árabe.


Mahmud Turkia / AFP

A Líbia é o maior exportador de petróleo do continente africano também fundamentalistas islâmicas”, explica o professor de assuntos do mundo árabe da Universidade de São Paulo, Mohamed Habib. Muamar Kaddafi faz questão de dizer que seu país era unido “a partir da pessoa dele e, por isso, tinha que liderar o crescimento e liderança dos países africanos”. Seus pensamentos caíram por terra quando os Estados Unidos e países da Europa, por meio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), tomaram à frente para derrubar o ditador. Assim, foi possível que rebeldes líbios, liderados por Mustafá Abu Jalawi, que criou o Conselho Nacional de Transição (CNT) e Marhmoud Jibril, que possui muitos contatos com o mundo exterior e será o eventual primeiro-ministro do governo pós-Kaddafi e Ali Tarhouni, homem ligado ao petróleo, tomassem o poder. A Líbia é o maior exportador de petróleo do continente africano e o principal fornecedor para os países da Europa, como Itália e França.

Próximos passos

tem nas Nações Unidas”, disse Marmoud Jibril, em coletiva de imprensa em Istambul, na Turquia. “Quando o regime cair, todas as atenções irão se voltar ao CNT para que forneça ao povo líbio os serviços dos quais eles foram desprovidos nos últimos seis meses, inclusive poder e salários”, afirmou. “Para podermos cumprir essas expectativas, precisamos de finanças. É importante que o povo líbio não se sinta desprovido de recursos.” Jibril também disse que o país árabe do norte africano precisava reconstruir sua polícia e as forças armadas para restaurar a segurança. “Precisamos estabelecer um Exército, uma força policial forte para conseguir cumprir com as necessidades do povo, e precisamos de capital e ativos. Todos os nossos amigos na comunidade internacional falam de estabilidade e segurança. Precisamos disso também.”

Buscar reconhecimento da comunidade internacional e recuperar os recursos financeiros que Muamar Kaddafi enviou para o exterior são as prioridades dos líderes rebeldes. Nos últimos dias, antes do fechamento desta edição, uma nação após a outra foi reconhecendo o Conselho Nacional de Transição (CNT), que depois de seis meses de guerra civil derrubou o regime de Kaddafi.

Novo componente

O líder político dos rebeldes líbios disse, no mês passado, que pediria agora, em setembro, um assento na Organização das Nações Unidas (ONU). “A Líbia estará ocupando o assento que ela

Graças aos bombardeios da OTAN, as forças do regime se enfraqueceram e não conseguiram chegar até a cidade de Benghasi, a segunda maior, depois da capital Trípoli. Com as armas con-

A chamada Primavera Árabe, nascida na Tunísia, que é o levante da população contra governos considerados vitalícios, tem um novo componente. É a ajuda das forças militares internacionais. A Líbia, que é um país pródigo e pouco aberto à democracia, viu na ajuda das forças internacionais a possibilidade de derrubar o presidente.

cedidas por essa aliança ocidental, os rebeldes foram capazes de lutar contra os soldados de Kaddafi. Sem esta ajuda, eles perderiam. Richard Pipes, professor de Harvard, disse em entrevista ao jornal Wall Street Journal, que se não fosse a OTAN, o presidente Líbio teria permanecido, “porque tem apoio das forças armadas e parte da população que gostaria de manter o status quo nesses anos de ditadura feroz.” O regime líbio caiu e, neste momento, a reconstrução e capacidade de colocar o fim à hostilidade é condição de primeira ordem para restabelecer a paz no país africano. A partir de agora será a vez dos olhos internacionais se voltarem à Síria de Bachar Al Assad. A família está há mais de 40 anos no poder. No entanto, uma eventual queda do regime sírio resultaria em conflitos, aumentando para graus sem precedentes, o clima de guerra da região. De imediato, os observadores internacionais seguem também o impacto da queda de Kaddafi sobre a crise na Síria. No final do mês de agosto, Nick Clegg, o vice-primeiro ministro britânico declarou que Bachar Al Assad, o ditador sírio, “está tão fora de cogitação para o futuro da Síria, quanto Kaddafi estava para o futuro da Líbia”. E o ministro francês das relações exteriores, Alain Juppé, completou dizendo que a queda de Kaddafi iria ter “consideráveis consequências sobre a Síria… nós vamos acentuar nossa pressão”. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 43


comportamento

Sou incomum,

mas não sou

HIPSTER Eles se negam ao título, mas traçam um comportamento ousado e inovador, indicando tendências no meio de uma sociedade mais “quadradinha” Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

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esponda rápido: você se sente “diferentão”, estiloso, gosta de coisas que são fora do comum? Então, provavelmente, você pode ser chamado de hipster. Sabe o que é Hipster? É um termo que surgiu nos Estados Unidos no início dos anos 2000 e serve para designar o comportamento de pessoas da contracultura, que gostam de ousar e quebrar padrões. Aliás, a característica de romper paradigmas é, para essas pessoas, onde mora a graça disso tudo. Quando algo no vestir ou mesmo na atitude já se tornou comum, um hipster irá dizer: “Tô fora! Isso não é mais para mim”. “Eu gosto de chocar as pessoas”, é como se sente o curitibano Pedro Mainardes (23), que faz sucesso com mais de 22 mil seguidores na rede social Twitter, com a definição: “polêmico por natureza, fashionista por indignação, publicitário, blogueiro, além de comentarista em blogs de amigos”.

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Pedro Mainardes disse gostar de chocar as pessoas

Roberto Dziura Jr.

“Se eu disser que é natural, ia ser hipocrisia”, afirma Mainardes. Ele usava óculos vermelho, quando ninguém usava, ele vestia coletes, quando esse item da indumentária ainda não era comum e confessa que já deixou de usar os coletes por estarem na moda. Ele é hipster? “Quase tudo que eu faço, as pessoas falam que é hipster. Eu não acho”, atesta o publicitário.


O termo “hip” indica ser moderno, inusitado, inovador

não é um cara que gosta desse título. “Eu não defino. Eu gosto de me sentir bem e gosto de me sentir diferente. Sempre tentar ousar e passar uma mensagem do que estou sentindo”.

O fato de não assumir ou de não se configurar como tal é outra característica desse movimento de contracultura. Por isso, você dificilmente vai encontrar pessoas dizendo: “Eu sou hipster”.

As amigas, Melina Valente (24) e Thaís Faria Abreu (22), também gostam de ousar. Para conseguir coisas exclusivas ou diferentes do usual vendidas nas lojas, recorrem à internet para comprar esses itens. “Não é a questão de estar na moda. Se quero fazer, vou lá e faço”, afirma Melina.

A estudante de Artes Cênicas gosta de mostrar que dá para ser diferente

Vários blogs, perfis das redes sociais tentam desvendar quem são os verdadeiros hipsters. Você tem algum palpite? O perfil no Twitter intitulado @ coisasdehipster elenca algumas coisas: barriga de chopp, não querer sua banda favorita no Rock in Rio, comprar vinil, ver VHS, tingir a barba. O importante para eles é não estar na “modinha”, no sentido pejorativo do termo. “Gosto de analisar o que as pessoas estão vestindo, até para não seguir”, disse Mainardes, que caracteriza o jeito hipster de escolher seu estilo. Mas ele

O lema dos hipsters é “I don’t care” (Eu não me importo). Por isso, estão livres de preconceitos e gostam de inovar. Escutam músicas que ninguém mais ouve, vestem o que ninguém mais veste e preferem estar fora do senso comum. Se você se identificou com essa matéria: “Hi, Hipster, bem-vindo ao clube”. Se não, “Olá, você está na normalidade!”. O que é bom ou ruim, é você também que vai definir. “As pessoas têm de ser elas mesmas, em qualquer lugar em que elas estiverem”, conclui Mainardes. Fotos: Roberto Dziura Jr.

Mas eles estão à solta, colocando à mostra todo seu estilo e atitudes incomuns. São geralmente jovens que gostam de ousar e não se preocupam com o que as pessoas vão achar desse estilo de vida e do modo de se vestir. “Já acostumei”, comenta Daiane Rafaela Domingues (21), estudante de Artes Cênicas, com seu cabelo laranja ardente e seu piercing na boca. Ela pinta o cabelo desde os 16 anos de idade, agora está laranja, mas já foi roxo, e vai continuar a ousar nas cores. Usa roupas “transadas” e prefere fugir do padrão. “Sou artista e gosto de mostrar que dá para ser diferente para se expressar”.

Por trás desse lado diferente, está um indicativo de comportamento importante. O nome hipster, vem da palavra “hip”, que sugerem os termos moderno, inusitado, inovador. São pessoas que não se intitulam como tal e, por isso, é mais difícil de identificar quem é quem na sociedade. Mas eles – os hipsters – estão por aí, antecipando tendências na moda, na música e são formadores de opinião. “Eu gosto da variação, da novidade, de antecipar tendências”, afirma o publicitário curitibano.

TESTE Responda as perguntas para ver se você tem ou não traços de hipster: Não se importa com que os outros vão dizer sobre sua roupa ou cabelo? Escuta música que ninguém mais ouve?

sim não sim não

Gosta de ser alternativo, fora do comum?

sim não

As amigas Thaís e Melina encontram na internet itens do vestuário fora do comum para ousar

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O NÃO te tira da mira desse movimento de contracultura

O SIM indica atitudes de hipster


meio ambiente

Nem todo lixo pode ser jogado no lixo

O descarte incorreto de medicamentos domésticos gera danos ao meio ambiente; estima-se que 20% dos medicamentos sejam eliminados de forma inadequada Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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maioria das pessoas pode até não praticar, mas já tem consciência que o lixo reciclável deve ser separado do orgânico e que pilhas e óleo de cozinha devem ser descartados separadamente. No entanto, nessa lista de condutas ambientalmente

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corretas quase nunca está o item: descarte adequado de medicamentos. Quantas vezes, ao fazer uma faxina na caixa de medicamentos, você não encontrou alguns remédios vencidos e, logo em seguida, jogou no lixo ou no vaso sanitário para que ninguém pudesse reutilizar o produto? A atitude, de retirar o produto de circulação,

pode até estar correta, mas a maneira de fazer isso não. Isso se agrava ainda mais quando se leva em conta que, no País, há o alto índice de automedicação e o não cumprimento da venda de remédios fracionados. “Na falta de uma política de medicamentos fracionados, que não foi implantada no Brasil, as pessoas normalmente compram medicamentos em uma quantidade acima do seu tratamento, aí sempre vai vencer em casa. Outra coisa é a automedicação. As pessoas compram sem orientação médica. Muitas vezes, tomam e não faz efeito e a pessoa abandona e fica acumulado na residência”, afirma Paulo Costa Santana, chefe do departamento de Vigilância Sanitária do Paraná. Com o acúmulo de medicamentos estocados em casa, “uma grande porcentagem da população não tem


Roberto Dziura Jr.

É o que ocorre com a administradora Karen Tomasi. “Tenho bastante dúvida. Não sei como deve ser feito. Me informaram de colocar na descarga para que não tenha nenhum tipo de utilização. Já fiz isso. Gostaria de saber [onde descartar]?”. A curitibana Carolina Brait é outro exemplo de desconhecimento da forma correta de descarte de medicamentos e admite que em sua casa os remédios vão para a lixeira. “Eu acho que não [é correto]. Mas como a gente não é muito informado acaba jogando no lixo normal. É tanta correria do dia a dia que acabamos achando que é uma coisa tão insignificante e acabamos não procurando saber”.

Prejuízos Apesar da sensação de que jogar um medicamento é uma ação inofensiva ao meio ambiente, é preciso levar em conta a soma de todos os remédios descartados da população em geral. “Os cálculos e a avaliação são

Locais de entrega em Curitiba Panvel Farmácias Droga Raia Terminais de Ônibus

Obs.: Não são todas as unidades que recebem os medicamentos. Procure se informar qual a unidade mais perto de você.

“Me informaram de colocar na descarga para que não tenha nenhum tipo de utilização. Já fiz isso”, admite Karen

No Brasil, não existe política pública sobre o descarte de medicamentos domésticos imprecisos, mas estima-se que 20% dos medicamentos adquiridos sejam descartados de forma inadequada no ambiente doméstico”, calcula a farmacêutica. Esse número é suficiente para interferir, significativamente, o meio ambiente. “Temos neste caso, [nos aterros sanitários], problemas de ordem ambiental, pela contaminação do solo e o risco de uso indevido por pessoas que frequentam estas áreas em busca de alimentos ou outros produtos. Nas duas condições, temos elevado risco de intoxicações. Outra forma de descarte é jogá-los em vasos sanitários. O problema é que como o saneamento não tem uma eficácia máxima, estes medicamentos alcançam as águas de distribuição à população, podendo trazer, a médio e longo prazos, riscos reais à nossa saúde”, explica Marisa.

Destinação correta Após um ano e sete meses recolhendo medicamentos da população, em Porto Alegre (RS) e Curitiba, as unidades da Panvel já arrecadaram quatro toneladas de remédios vencidos e incinerados. “O ideal mesmo é levá-los a locais que façam seu recolhimento e os encaminhe para incineração, que é a conduta mais correta. De qualquer forma, alguns procedimentos são básicos. Todos os medicamentos devem ser descartados de sua embalagem original. As caixas de embalagem e bulas podem ser utilizadas para reciclagem, pois não entram em contato com o medicamento (não as deixe íntegras, mesmo encaminhando para a reciclagem)”, esclarece Marisa Veiga.

Fotos: Roberto Dziura Jr.

ideia do procedimento correto a ser seguido com seus medicamentos vencidos ou que restaram após o término de um tratamento”, comenta a farmacêutica Marisa Veiga, da Faculdade Oswaldo Cruz.

Segundo a farmacêutica responsável pelo Programa Destino Certo, da farmácia Panvel, é importante a destinação correta, pois os resultados da má educação ambiental já estão aparecendo na prática. “Já teve estudo sobre a feminilização dos peixes. Existia uma quantidade enorme de hormônio na água que fez com que o peixe, que era homem, se feminilizou. Teve mutação do peixe”. Atualmente, não existe, no Brasil, nenhuma política pública de destinação de medicamentos domésticos. De qualquer forma, ações isoladas e voluntárias, na maioria das vezes, recebem esses remédios. Em Curitiba, segundo a Vigilância Sanitária, o descarte pode ser feito em algumas farmácias e nos terminais de ônibus, que disponibilizam a coleta seletiva de resíduos líquidos.

Alternativas Projetos de leis municipais, estaduais e federais discorrem sobre a questão. Um deles (Projeto de Lei 595/11), do deputado Dr. Aluizio (PV-RJ), propõe que as farmácias e postos de saúde sejam obrigados a receber os medicamentos da população e encaminhem ao laboratório que produziu, para que este faça o descarte correto. Mas, enquanto não se aprovam as leis e essa logística reversa ainda não funciona na prática, a população deve se mobilizar individualmente, com a parceria dessas instituições e órgãos públicos. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 47


turismo

Com um único bilhete, Viajantes aproveitam as opções oferecidas pelas companhias aéreas para conhecer outros lugares, pagando apenas uma vez Mariane Maio - mariane@revistames.com.br

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costumado a viajar, o empresário Rodrigo Brazzach sai do País pelo menos a cada 45 dias. Sócio de uma trading, Brazzach faz constantemente viagens a negócio. Um dos destinos bastante frequentado por ele, no mínimo quatro vezes ao ano, é a China, onde a empresa possui um escritório. Para driblar o cansaço da longa viagem, no mínimo 33 horas, saindo de Curitiba, o empresário aproveita para parar no caminho e conhecer novos lugares.

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viaje mais

“A gente sempre faz parada na ida ou na volta. Depende da agenda. Algumas vezes para negócios, outras para relaxar. Em outubro, resolvi parar em Dubai para fazer uma reunião com um fornecedor lá. Em março, parei na Austrália para diversão. Não conhecia lá e era um dos meus desejos”, conta Brazzach, que ficou três dias no país.

gem deve pesquisar muito bem antes de comprar. “Cada tarifa tem uma regra, não tem regra geral. A tarifa mais cara te permite fazer stopover. As promocionais não te permitem nada”, lembra, dizendo ainda que apenas algumas companhias aéreas e tarifas oferecem esse benefício sem taxa adicional.

Essa modalidade, na qual o viajante desce em uma cidade, em que o voo escolhido faz escala ou conexão, para ficar de 24 horas ou até um mês, e depois continua a viagem – tudo com apenas um bilhete aéreo – é chamada, na aviação, de stopover.

Mas, mesmo pagando um pouco mais, ele aconselha a prática. “Em viagens de longa distância como Ásia, a gente sempre aconselha para o passageiro, ainda mais com finalidade de negócios, que se faça um stopover, seja na Europa, na África ou na América do Norte. Até para dar uma descansada, uma quebrada no jet lag, que é a questão do fuso horário, para poder se recompor para o dia seguinte, conti-

André Luiz Macias, dono da Meridiano Viagens e Turismo, alerta que quem quiser aproveitar essa vanta-


Roberto Dziura Jr.

nuar a viagem e chegar o melhor possível no destino final”, diz Macias. Rodrigo Brazzach, acostumado com a prática, concorda com Macias. “Há quatro anos, eu descobri conversando com o agente de viagens. Agora, se tornou um hábito. Às vezes, eu não consigo, tenho de fazer direto. O fuso é muito grande. Quem não está acostumado, sofre”, afirma. No mês que vem, ele e um dos sócios estão programando fazer a parada em Londres. Nova Zelândia também está na lista dos próximos stopovers. “Eu acho interessante para você poder conhecer cada vez mais lugares [...] Quem gosta de viajar é legal, porque quanto mais lugar que conhecer, melhor”, alega Brazzach.

Volta ao Mundo Uma opção mais abrangente para voar a diversos lugares, pagando apenas um bilhete é a tarifa “Volta ao Mundo”. “São tarifas praticadas através de grandes alianças de companhias aéreas mundiais. Nós temos com a Star Alliance uma tarifa a partir de U$$ 4,6 mil e é uma passagem que te dá direito a ter 16 pernas, ou seja, 16 passes, voos com origem e destino podendo ser usados em até um ano, a partir da data de emissão do bilhete. Permite um mínimo de três stopover e “Quem gosta de viajar é legal, porque quanto mais lugar que conhecer, melhor”, alega Brazzach

jar?”, sugere Macias. Apesar de não ser um serviço vendido todos os dias por sua empresa, ele afirma que a tarifa “Volta ao Mundo” tem uma aceitação boa entre os paranaenses. “São clientes diferenciados, que acabam fazendo esse tipo de viajem”.

Um bilhete “Volta ao Mundo”, com validade de um ano custa no mínimo US$ 4,6 mil máximo de 15, com somente uma parada em cada cidade e máximo de três paradas em cada país, com exceção dos Estados Unidos que permite cinco paradas”, esclarece o dono da agência Meridiano Viagens e Turismo.

No Brasil

Para ele, é uma ótima opção para quem tem a possibilidade de dispensar um ano da vida apenas para viajar e pretende conhecer lugares diferentes. “É uma baita de uma coisa. Sugiro para qualquer ser humano. Por que não tirar um ano da vida para viaRoberto Dziura Jr.

Várias rotas são possíveis quando sai do Brasil e vai até a China, por exemplo

Uma opção para aproveitar as paradas nos destinos nacionais é o “Giro TAM”, lançado em setembro do ano passado. A companhia é a única, entre as maiores do País, a oferecer este tipo de serviço, conforme pesquisa da Reportagem da MÊS. Em uma só viagem, o passageiro pode fazer até três paradas, além do destino final, desde que estejam na rota escolhida. Se um passageiro escolher viajar de São Paulo a Fortaleza, ele poderá parar em cidades como Salvador, Recife e Natal, pagando apenas o trecho total escolhido. “Acreditamos que estamos oferecendo às pessoas uma oportunidade para percorrer o País com conforto e economia”, diz Manoela Amaro, diretora de Marketing da companhia. No momento, a TAM disponibiliza voos desta categoria saindo apenas das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. No site específico para informações do “Giro TAM” (www.girotam.com.br), a pessoa escolhe o destino inicial e final e fica sabendo quais são as possibilidades de parada dentro deste percurso. A venda dos bilhetes é feita apenas pelas agências de viagem, lojas da TAM, na TAM Viagens e no Call Center. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 49


culinária&gastronomia

Muita história numa xícara

Pausa para um

cafezinho Uma das bebidas mais consumidas no Sul do País, o café, possui combinações curiosas e saborosas; aproveite para ir além do “pretinho básico” Iris Alessi - iris@revistames.com.br

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ão é raro ele estar presente em diversos momentos do dia do brasileiro. Seja no café da manhã, após o almoço ou no final da tarde. Não é à toa que o café é a bebida preparada, não natural, mais consumida em todo o mundo. Na região Sul do País, por pessoa, são consumidos, em média, 220 gramas/dia, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

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Estatística (IBGE). Os sulistas são um dos que mais consomem o produto em todo o Brasil. Por causa dessa paixão e alto consumo da bebida, a Capital paranaense dispõe de uma infinidade de opções de estabelecimentos que comercializam o produto. Vai desde uma degustação clássica: os espressos ou os coados no famoso e cansado bule ou até bebidas geladas feitas à base dessa iguaria, com combinações inusitadas.

O café é um produto originário da região da Etiópia, na África, e espalhou-se pelo mundo por meio do Egito e da Europa. No Brasil, as primeiras plantas chegaram ao Pará no século XVIII. Em 1830, o café já era o principal produto de exportação no País. Uma das primeiras grandes crises econômicas brasileiras foi em decorrência da quebra da bolsa de Nova York em 1929. Grande parte da produção brasileira era vendida para os Estados Unidos, com a crise econômica americana, o Brasil deixou de exportar o produto, o que culminou com a queda dos preços. Passada essa fase em queda, o produto ganhou força no mercado nacional e internacional. Atualmente, o Brasil é o maior produtor de café do mundo. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, são 14 estados produtores e 2,3 milhões de hectares plantados. O que resulta em cerca de 6,3 bilhões de pés. As principais espécies cultivadas no Brasil são os grãos: arábica e o conilon, também conhecido como robusta. Mas há diversos outros tipos de cafés. Um deles é o café Jacu, produzido no Espírito Santo com ajuda muito especial da ave Jacu. Este café é feito dos grãos ingeridos pela ave. Sim, o café é retirado das fezes do pássaro. É um produto exótico, assim como o café Kopi Luwak, da Indonésia, que é feito a partir dos grãos que são encontrados nas fezes do Civita, um tipo de gato selvagem. Os apreciadores garantem que o sabor é inquestionável. Vai uma xícara aí?


Para Maccari, é possível encontrar em Curitiba os diversos tipos de cafés vendidos no mundo

O café ganhou novas roupagens para agradar e atender aos mais diferentes públicos As diferenças começam desde a escolha do grão, que conferem aroma, textura e sabor diferenciados. Segundo a barista do Lucca Café, Lilian Machado, neste estabelecimento são utilizados 16 tipos de grãos oriundos de fazendas diferentes. “Para quem gosta de tomar café e não conhece tanto assim, é uma forma de estar sempre tomando uma bebida diferente. Porque o café, nenhum é igual ao outro. Cada café tem uma característica própria”, ressalta Lilian.

Com toda essa personalidade, o café ganhou novas roupagens para agradar e atender aos mais diferentes públicos e ocasiões. “Vem sendo inventado para adequar ao paladar e ao gosto [...], então além do habitual, elas querem variedades também”, aponta a coordenadora do Fran’s Café, Rafaela de Almeida. De acordo com Rafaela, o capuccino é uma das variações mais procuradas, tanto quente, quanto gelado.

Outro tipo de café encontrado em Curitiba é o café orgânico. Aliás, a cidade tem um estabelecimento especializado nesse tipo de produto que não utiliza agrotóxico em sua produção. De acordo com o sócio-gerente Cláudio Tsuyoshi Ushiwata, da marca Terra Verdi Café Orgânico, a decisão por estruturar a cafeteria foi “porque nós não achávamos justo todo o café de boa qualidade ser exportado e a gente tomar um café de segunda qualidade ou um café inferior”. Para Ushiwata, o curitibano é um apreciador do café e isso está cada Fotos: Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

Tipos da bebida

vez crescendo mais. Um desses apreciadores é o engenheiro mecânico, Fábio Maccari (39). Ele avalia que a Capital tem uma boa quantidade de casas especializadas, nas quais é possível encontrar as principais marcas e também cafés gourmets nacionais e importados com facilidade.

Para Rafaela, a variedade de combinações da iguaria vem do grande consumo no País

Umas das bebidas mais degustadas por Maccari, em cafeterias locais, é o capuccino. “Eu morei quase um ano na Itália e era um grande consumidor, tanto é que no dia a dia eu tomo cafés italianos”, conta Maccari, que afirma ser exigente consumidor dessa bebida e conhece diferentes tipos de cafés. “Café brasileiro, colombiano, da Guatemala, da Costa Rica, da Tanzânia, da África do Sul. Eu já tomei todos esses aí e em Curitiba você acha todos esses, ou boa parte deles, pelo menos”, salienta o engenheiro.

Degustação No Lucca Café, segundo Lilian, uma das bebidas que mais gera a curiosidade dos clientes para degustação, por não ser muito comum, são os cafés gelados. Mas o café também aceita outras combinações. A barista aponta os doces como boas opções para o preparo de uma bebida com café. “Tudo o que é doce combina com café: baunilha, avelã, chocolate, caramelo. Tem muitas coisas.” Para Ushiwata, os cafés gelados não são tão consumidos no Brasil por causa do desconhecimento e também do receio da novidade. “No Brasil, se aprendeu a tomar café quente, preto e forte”, conta Ushiwata. É a cultura gastronômica que está mudando de figura. Além do café puro e quente, no Terra Verdi, são também bem procurados os capuccinos, capuccinos gelados, milk shake de café, além das bebidas geladas que têm forte apelo no calor. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 51


esporte

Nas cartas, o jogo da mente O número de adeptos ao jogo de pôquer vem crescendo em Curitiba e despontando destaques nacionais no esporte

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Iris Alessi - iris@revistames.com.br

artas, fichas, blefe e muitas apostas. Esses são só alguns dos elementos do pôquer. O jogo que, em 2010, foi reconhecido como esporte da mente, assim como dama e xadrez pela International Mind Sports Association (IMSA – Associação Internacional dos Esportes da Mente em tradução livre), ganha cada vez mais adeptos e destaques na Capital paranaense. Para muitos, a prática começa em pequenos grupos de amigos. Tudo não passa de uma brincadeira, uma diversão. Foi assim que, hoje, o jogador

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profissional, Marco Marcon, começou em 1997 quando conheceu o jogo ao assistir o filme “Cartas na Mesa” (Rounders). No ano seguinte, na Escola de Cadetes da Aeronáutica, Marcon aprendeu a jogar com um colega. Entre 2000 e 2004, já na universidade, Marcon e um grupo de colegas também jogavam regularmente, apenas como diversão. As apostas eram “ingênuas”. “A gente pegava R$ 2 em moedinhas de cinco e dez centavos e a gente brincava com essas moedinhas”, relembra Marcon. Ele diz ter boas lembranças desse tempo, mas ressalta que é difícil voltar a este ritmo depois de ter se tornado profissional.

Primeiros torneios Marcon foi um dos precursores do esporte aqui no Paraná. Depois de ter participado de alguns torneios em São Paulo, resolveu, com ajuda da internet, organizar o primeiro torneio Sul Brasileiro. A primeira etapa desse torneio foi realizada em Florianópolis (SC) e reuniu 29 pessoas. Já a segunda etapa, foi em Curitiba, com 39 pessoas. “A bagunça era generalizada”, brinca Marcon. “Não se compara a estrutura de organização que se tem hoje”. Um ano depois, no início de 2006, o pôquer começou a ocupar bastante tempo do jogador. Assim, ele buscou se


Com o número de adeptos crescendo, lugares especializados para receber os jogadores também surgiram profissionalizar no esporte e resolveu se dedicar apenas a atividade de atleta.

Para o mundo

Gomes ficou intrigado com a quantidade de pessoas – cerca de 60 – que estavam lá para jogar o tal do pôquer. Ele saiu impressionado com a dinâmica do jogo “que era totalmente diferente do que eu imaginava e do que eu conhecia. Ali foi o meu primeiro

Prática Casas especializadas Liga Curitibana de Texas Holdem Rua Prof. Lycio Grein de Castro Veloso, 180, Mercês Fone: (41) 3027-2655 Literário Texas Clube Av. República Argentina, 3310, Portão Fone: (41) 3078-0318 President Texas Holdem Club Curitiba Rua Nunes Machado, 1236, Rebouças Fone: (41) 3023-2928 Fotos: Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

Assim também começou a carreira do paranaense Alexandre Gomes. Antes de conhecer o pôquer, ele costumava jogar truco com os amigos e no começo não se interessou muito pelo jogo, mas depois de algum tempo se rendeu ao esporte. Em 2005, ele disputou o primeiro torneio, apenas para conhecer a modalidade do Texas Holdem (aberto e fechado), a mais popular, dentre Omaha e outras modalidades existentes.

O pôquer é um jogo de estratégia no qual nem sempre a pessoa que tem as melhores cartas ganha

contato com pôquer e eu saí fascinado com o jogo”, afirma. Gomes percebeu que o jogo tinha uma estratégia que ele desconhecia antes. O resultado foi que ele e os amigos passaram a se reunir para jogar pôquer e não mais truco, como costumava fazer antes. De lá para cá, as coisas mudaram “da água para o vinho”, tanto para Gomes, como para o Brasil. “Naquela época, não existia nada no Brasil. Hoje, nós temos muitos jogadores de pôquer, eu diria talvez, que centenas de jogadores vivem do pôquer no Brasil, que de fato têm renda própria”, avalia Gomes. Gomes ganhou em 2008 o bracelete do World Series Of Poker (WSOP), sendo o primeiro brasileiro a trazer um título mundial para nosso País.

Casas especializadas Com o número de adeptos crescendo, lugares especializados para receber os jogadores também surgiram. Um desses locais é a Liga Curitibana de Texas Holdem. As atividades da Liga começaram em 2008, com torneios que eram realizados no Jockey Club. Para o presidente da Liga Curitibana de Texas Holdem, Luis Geraldo Campêlo, o desenvolvimento das casas especializadas também surgiu pelo aumento de pessoas interessadas em jogar a modalidade. Nas casas, os atletas, sejam profissionais ou não, têm a possibilidade de contar com uma estrutura adequada para jogar. “Nossos torneios seguem as regras mundialmente usadas. A gente tem dialers profissionais, treinados, a gente tem toda uma estrutura com telão, com software para acompanhamento do torneio”, destaca Campêlo. Além disso, segundo ele, há outra vantagem que é o aprimoramento do jogo, pois as pessoas podem jogar com adversários diferentes.

Preconceito O preconceito também é um elemento que ainda ronda a prática do pôquer,

O esporte é um jogo de habilidade mental, considera Campêlo pois por muito tempo foi associada aos jogos de azar em cassinos. Para Gomes, aos poucos as pessoas estão procurando entender o que é o jogo. “É um aspecto de competição, que é um jogo de fato de habilidade pura, isso não sou eu que sou jogador que estou falando, a comunidade de pôquer quem fala”, enfatiza o atleta recordando o reconhecimento do pôquer como um esporte da mente. Além deste reconhecimento, ele avalia que, diferentemente dos jogos em cassino, nos quais se joga contra a banca, no pôquer, o jogo é feito entre pessoas. O preconceito também esteve presente quando Campêlo começou a trabalhar com o pôquer. “Eu mesmo tive esse problema com a minha família, com a minha esposa, mas aos poucos, eles foram vendo que era uma atividade como outra qualquer, tão digna como outra qualquer. Desde que se faça com cuidado, que se tenha limites”, conta. Além de um esporte da mente, o pôquer é um jogo de estratégia e observação que nem sempre ganha o jogador que tem as melhores cartas, mas aquele que tem um maior entendimento da partida, mais habilidade e estratégia. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 53


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cultura&lazer

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Bienal invade Curitiba com m Até novembro, a Capital paranaense recebe em diversos espaços a 6ª Bienal Internacional de Arte Contemporânea Roberto Dziura Jr. - roberto@revistames.com.br

P

ense “Além da Crise”, seja emocional, financeira, mundial... Agora espere para ver a expressão artística sobre este tema na 6ª VentoSul – Bienal de Curitiba, que ocorre entre os dias 18 de setembro e 20 de novembro. São

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mais de 70 artistas e cerca de 200 manifestações, que vão fazer a cidade respirar arte. As obras estarão expostas em locais especializados, como o Museu Oscar Niemeyer, Casa Andrade Muricy e Solar do Barão, outros espaços não tão tradicionais, como o Jardim Botânico, Parque Barigui e Ópera de Arame, e ainda, as ruas da

Capital, que também receberão performances e intervenções artísticas por todos os lados.

De acordo com Alfons Hug, curador geral da Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Curitiba e diretor do Instituto Goethe do Rio de Janeiro, o objetivo do evento é “divulgar o melhor da atual arte brasileira e internacional, dando destaque para a América do Sul”. Diversas manifestações artísticas


| ®1 A cidade me atravessa

de Manoel Novello, Rio de Janeiro, Brasil

| ®2 Chicken Salad Matine de Liliana Porter, Buenos Aires, Argentina | ®3 Friedhof de Marina Rheingantz, Araraquara, Brasil | ®4 Sem Título de Duncan Wylie, Harare, Zimbabwe | ®5 Bare Necessities de Antti Laitinen, Helsinki, Finlândia | ®6 Sendo

de Maria Lynch, Rio de Janeiro, Brasil | ®7 Amazonas de Christian Bendayán, Iquitos, Peru | ®8 Uma Praça da Liberdade de Adrian Lohmüller, Gengenbach, Alemanha | ®9 La chair est triste de Cristina Canale, Rio de Janeiro, Brasil

muita arte estarão presentes no evento, tendo “um forte núcleo de 17 pintores na Casa Andrade Muricy e de vídeo-arte no Museu Oscar Niemeyer”, explica o curador.

Para Hug, dentre os destaques da 6ª edição encontram-se a vídeo-artista argentina Liliana Porter, o fotógrafo ucraniano Boris Michailov, o escultor alemão Olaf Nicolai, que participou três vezes da Bienal de Veneza, e a pintora brasileira Cristina Canale.

Com o tema “Além da Crise”, Bienal de Curitiba terá a participação de 72 artistas Natural do Rio de Janeiro, mas morando na Alemanha há mais de 18 anos, Cristina Canale participa do evento com cinco pinturas em grande formato que retratam o seu modo de ver o mundo. “Ainda não sei se poderei participar fisicamente da Bienal, mas estou muito curiosa e farei o possível para ir à Curitiba”, conta Canale.

Inspiração Entre outros artistas presentes na Bienal de Curitiba está Paulo Climachauska. Com participação em Bienais nacionais e latino-americanas, em Estocolmo e Ham-burgo, Climachauska expressa sua arte na pintura, desenho, escultura e instalação. Ele diz não lidar com inspiração, “mas sim desenvolvo um discurso dentro do sistema da arte contemporânea”, define-se. Marina Rheingantz também não acredita em inspiração: “É um trabalho longo de pesquisa, observação e estudos. Minha pesquisa é meio em torno da paisagem, mas principalmente da pintura e de suas possibilidades. Eu uso como referência imagens minhas, imagens de revista, jornal, da internet, e algumas vezes imagens da memória. E acho que pinto porque busco algum lugar. A pintura me permite inventar lugares, onde gostaria de estar”. Manoel Novello é outro que diz não “ter algo que possa considerar inspiração, mas a cidade com sua trama, velocidade, com seu tempo, sua cor e sonoridade oferecem os principais elementos com os quais posso trabalhar”. A também carioca Maria Lynch lembra que sua pintura “surgiu de uma linguagem e repertório ao longo do processo de um trabalho fotográfico,

Divulgação

de Farah Atassi, Bruxelas, Bélgica

|® Lanternier |®1 Thales Leite |®2, 4, 5, 7, 8 e 9 Divulgação |®3 Eduardo Ortega |®6 Beto Felício

| ® Dirt House

O objetivo da mostra coletiva é divulgar o melhor da atual arte brasileira e internacional, explica Hug

onde buscava desconstruir o significado das coisas”. Sobre as suas obras apresentadas na Bienal, Eduardo Berliner diz: “para esta série de pinturas foram utilizadas como ponto de partida imagens de objetos, paisagens e espaços arquitetônicos abandonados, vazios, temporariamente inutilizados ou em ruínas, refletindo nossa própria sensação de ausência e perda”.

Outras Atividades “Além da Crise”, a Bienal de Curitiba mantém atividades paralelas que iniciaram em julho e permanecem até dezembro, com uma série de palestras, oficinas e workshops. Soma-se a isso a mostra itinerante com obras de vídeo-arte expostas em Brasília (DF), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Londrina (PR), Cascavel (PR) e Florianópolis (SC). E, tem mais, simultaneamente, estão sendo realizadas ações educativas que tem por objetivo facilitar o acesso do público à produção artística contemporânea. Informações atualizadas sobre o evento no site www.bienaldecuritiba.com.br. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 57


58 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 Não dê chance ao mosquito da dengue. Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo.


5 perguntas para: Estrela Leminski

O “NÃO” da poesia

Iris Alessi - iris@revistames.com.br

Como surgiu a ideia do livro “Poesia é Não”? Estrela Leminski (EL) - Sempre tive contato com essa coisa de o que é a poesia por conta dos meus pais. Sempre assisti a eles discutindo sobre isso. E como continuei no mundo da literatura [me deparei] com muita coisa extremamente poética que não estava no formato padrão de poesia. Quais são os limites da poesia? Já foi tirada a palavra, então tem poesia visual, tem poesia sonora. Como delimitar o que é poesia? É difícil dizer o que ela é, mas dá para dizer o que ela não é. Resolvi mesclar o livro; espalhar essa reflexão de poesia é não pelo livro. No final das contas, fui percebendo que a poesia é “não”, porque se fosse “sim” ela seria prosa. O que perpassa toda a forma de fazer poesia é você querer dizer aquilo, mas de alguma maneira diferente, que desperte um questionamento. E o questionamento sempre vem através do não. Daí o nome do livro. Que tipo de poesias há no livro? EL - É tudo misturado. É extremamente heterogêneo. Tem haikais, tem poema visual, tem frase, tem poeminho – que é um poema curtinho, mas não tem o formato do haikai –, tem poema mais longo, poema bem rimado. Tem até letra de música no meio do caminho.

Divulgação

A poetisa e compositora paranaense Estrela Leminski aprendeu e conviveu com a arte das palavras dentro de casa. Seus pais são Alice Ruiz e Paulo Leminski, nomes consagrados da poesia brasileira. Foi na construção de seu próprio estilo que teve de se desconstruir desse estigma de ordem literária. Para não viver à sombra de seus pais, lançou mão de ousadia em poemas e música. Recentemente, lançou sua segunda obra, “Poesia é Não”, em que reflete o olhar de negação para essa arte

Quais as diferenças do “Poesia é não” para o seu primeiro livro “Cupido, Cuspido e Escarrado”? EL - O “Cupido” não foi uma obra refletida para ser uma obra. Ele foi mais um apanhado de coisas que eu tinha feito até os 21 anos. Tem alguns poemas que eu fiz na infância, outros que fiz na adolescência... [O livro] tem bastante a ver com essa coisa da adolescência e ele tinha isso como tema, mas não tinha uma reflexão como obra, porque era um apanhado de tudo o que tinha feito. Acabei pensando

mais no “Poesia é Não” como uma obra, como um livro com conceito. Qual a influência que seus pais têm em sua obra? EL - Na adolescência, eu cheguei a travar por causa dessa questão, porque era meio opressor, porque eu era muito fã do que eles faziam. Não era só uma questão do nome deles. Eu gostava de tudo o que os dois faziam. Eu entrava numa de não ler tudo para não ser influenciada. Um amigo poeta de Porto Alegre, Ricardo Silvestrin, leu os poemas, elogiou e falou: “nossa como tem influência da Alice, como tem influência do Paulo”. E aí eu falei: “não fala isso porque senão eu vou jogar tudo na gaveta de novo”. Aí ele falou assim: “O que você tá pensando? Você acha que é só você que é influenciada por teus pais? Eu sou influenciado pelos teus pais. Toda a minha geração, toda a sua geração é influenciada por eles”. Aí que me caiu a ficha. Ser filha deles é um privilégio meu, mas ser influenciada por eles não é um privilégio só meu. E isso na verdade foi um baita alívio. A partir daí, eu comecei a chegar numa linguagem mais própria. Ser poetisa e compositora são atividades diferentes ou complementares? EL - São mais complementares, porque como a poesia é esse ato mais solitário, é uma coisa que eu posso escrever e ficar na minha. A música você acaba se expondo mais. E o tempo delas é muito diferente. O tempo de você se fazer conhecida na música é muito diferente do da poesia. A poesia você pode fazer um poema, pôr no blog e já pedir opinião. Na música, é mais difícil as pessoas ouvirem, prestarem atenção do início ao fim, comentarem. REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 59


moda&beleza

As flores e a cintura marcada estarão com tudo

Fotos: Roberto Dziura Jr.

As franjas vêm em blusas e vestidos

Brasil “à porter” A brasilidade está em alta; a nova coleção vem com elementos fortes sozinhos ou combinados, estampas de fauna e flora tropicais e muita diversidade de tecidos Arieta Arruda - arieta@revistames.com.br

E

is que no horizonte já se pode ver novamente o sol forte e o calor. Flores já nascem nos canteiros e espalham cores pelas ruas. Já são os indícios da chegada de uma nova estação. Este mês, se inicia a Primavera e, em seguida, vem o Verão. Para a moda, é um campo fértil para ousar, investir em peças marcantes e aproveitar as novidades da coleção que já chega às lojas. É a vez da cara e das cores do Brasil. A natureza tropical é uma das estrelas dessa estação e o verde, amarelo, azul e branco são os hits dessa coleção. Está

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de volta nas estampas a fauna e a flora em vestidos, blusinhas e saias no comprimento midi (médio). Alguns estilistas lançaram suas coleções inspirados em superfícies de folhas e raízes, estampas de animais bem tropicais, como araras e tucanos. Dentre os animais, estão em alta, também, as estampas imitando os desenhos da pele da cobra e, ficam em baixa, as peças que levam motivos de onça. As estampas folhosas também chegam fortes na moda praia. As cores estão casadas, nas chamadas colors blocks, que são os tons análogos, como nude/preto e laranja tangerina/branco. O azul cobalto também estará em evidência, comenta a personal stylist, Cristina Ribas, que alerta: “mistura de estampas é perigosa. Tem que ter mais personalidade”.

Mais feminina Saem de cena algumas peças mais “masculinizadas”, como calças

As colors blocks são um dos hits desta estação

boyfriends e saruel. As rendas, calças justas em dourado e prata, assim como o poá e as franjas, enfeitando vestidos e blusas vão chegar com tudo. “A moda vai continuar bem feminina”, orienta Cristina. As túnicas são outra peça coringa para essa nova coleção. Confortáveis e femininas. Outro elemento que não será mais visto com frequência são os tons cítricos das cores: amarelo, verde e rosa pink, conforme comenta a coordenadora de curso de Moda, Celinha Buschele. “Não vejo mais as cores cítricas”. Os tecidos ficam por conta da alfaiataria, que dá um tom de elegância e conforto aos looks. Os couros mais finos, adaptados para temperaturas mais altas, também vêm com tudo em saias, calças e aplicações em vestidos. A transparência também deve aparecer nas peças desta estação. Para isso, é preciso usar tecidos bem delicados e fluídos. O xadrez, que esteve em alta na coleção passada, deixa o espaço, assim como os laços, para as cores e estampas tropicais, bem alegres, também


Poás trazem romantismo a essa coleção

Glossário Acompanhe ou aprenda algumas palavras do vocabulário da Moda:

Hit

sucesso nas passarelas e deve ganhar as ruas.

Hot Pants

diferentemente da tradução literal, não significa calça quente, são uma espécie de calçolas da vovó, mas claro vem com ar retrô/contemporâneo e sensual.

Look

composição de uma roupa que segue um estilo de moda.

Shape

Saias curtas e combinações fortes estão em alta

forma. Refere-se aos cortes e a silhueta de uma peça.

Color Block

uma mescla de cores sólidas numa mesma composição.

Personal Stylist

A vez dos tubos Os vestidos “tubo”, saias e calças mais retas são as novidades para o shape das roupas desta estação, aliado ao cubismo em formas geométricas. Também continuam os ombros arredondados e as camisas de seda, bem soltas e com ótimo caimento. A cintura alta e bem marcada continua e o macacão tenta novamente se firmar na moda brasileira. Os blazers coloridos também podem compor um look bem elegante e funcional para o dia a dia. As hot pants, que são inspiradas nas calcinhas das pin–ups dos anos 1950, prometem conferir sensualidade à moda Primavera/Verão. E a barriga de fora também volta com força. Mas nesse quesito, todo cuidado é pouco. Outro detalhe das calças, conforme orienta Celinha, é que elas estão mais curtas, “mostrando os sapatos”, que devem ser altíssimos. Por falar em sapatos, outro hit da estação serão as sandálias spadrille, que tem um no-

tável conforto, são rústicas, mas elegantes. Vêm nas versões alta e baixa, com detalhes em corda e podem ser de amarrar ou não. Quando se trata de acessórios, os cintos vêm mais finos, amarrados na cintura e outros adereços estão maiores. “Braceletes dourados e prata, grandes; as gargantilhas lisas”, comenta Cristina Ribas, que também lembra que o importante é “se sentir bem e ter estilo. Moda é para usar a seu favor”.

Boyfriend

calça ou short que tem um jeitão masculino, mais solto e despojado. Parece que a mulher pegou a roupa do namorado, por isso, o boyfriend (namorado, em inglês).

Tubo

vestido ou saia justa e de corte seco. Colaboraram neste editorial de moda - Produção: Cris Ribas / Maquiagem: Emerson Gonçalves / Modelo: Sara Fachini Gomes / Estúdio: Centro Europeu

Para Cris Ribas, moda é para usar a seu favor. Escolhas as peças conforme seu estilo e corpo

Fotos: Roberto Dziura Jr.

com aplicações de crochês, macramês e tramas originais. Um toque bem artesanal cairá bem.

consultora de moda.

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Calebe Simões

automóvel

Novo ou Usado? Nos dias atuais, grandes novidades e ofertas interessantes nos zero KM competem com a paixão de ter luxo e conforto em um carro usado Wallace Nunes - wallace@revistames.com.br

N

a hora de pensar qual é a melhor opção para comprar um veículo, surge a seguinte dúvida: novo ou usado? É preferível um carro simples

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– sem opcionais – mas 0 km, ou adquirir um luxuoso usado? Analistas afirmam que essa é uma questão que precisa ser muito bem analisada e que não há uma única resposta, pois tal medida depende de cada caso. Para a escolha, alguns pontos devem ser levados em consideração. O carro novo, apesar de ser mais caro, tem a vantagem da facilidade de pagamento. “No financiamento, os juros não são altos e, muitas vezes, se pode até

fazer o negócio sem entrada”, conta o analista de crédito do Banco Votorantim, Marcos Biscaia.

Além disso, conforto, parte mecânica confiável, custos baixos de manutenção por um bom tempo e garantia de fábrica são os pontos fortes da escolha pelo automóvel novo. Especialistas defendem a compra do carro novo, argumentando que a troca frequente de veículo é mais econômica do que permanecer com ele por al-


Fotos: Calebe Simões

Mercado de automóveis usados ainda é uma opção para quem quer um veículo com vários opcionais que o deixa luxuoso

guns anos, já que a desvalorização é muito grande. Outro aspecto que conta a favor do 0 km é a questão emocional, o sonho de comprar um carro novo, principalmente, quando se trata do primeiro veículo.

Usado de bom grado Comprar um automóvel seminovo já faz parte da rotina do brasileiro mesmo em tempos de crédito abundante. Lojistas que vendem veículo usado afirmam que pesa menos no bolso, apesar de, na maioria das vezes, ser preciso dar entrada. “Outro ponto negativo do automóvel seminovo em comparação com 0 km é a possibilidade de rodar por dois ou três anos sem ‘dores de cabeça’. Com o usado, os cuidados de manutenção devem ser imediatos”, diz o analista de crédito da BV. Esses problemas imperceptíveis à primeira vista, podem ser minimizados se o comprador

preferir adquirir em locais de confiança ou que tenham referências de conhecidos e familiares.

O bolso é que manda Cada bolso, uma sentença. Na decisão da compra, é preciso lembrar que para cada pessoa e para cada contexto, seja financeiro, familiar ou de

trabalho, existe uma prioridade. Para quem não abre mão de ter um carro novo, último modelo do mercado, paixão à primeira vista na concessionária, deixar essa opção de lado pode ser impossível. Para os mais racionais, que avaliam vantagens e desvantagens e pretendem gastar menos, um modelo usado (com todos os acessórios) pode ser a melhor opção.

Carros 0 KM, em contrapartida, são fáceis de financiar, mas recalls alertam novos consumidores

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livros do mês

Andressa Besseler - andressa@revistames.com.br

Romance

Se eu fechar os olhos agora Autor: Edney Silvestre Editora Record O livro narra a envolvente história entre dois meninos, adolescentes, numa pequena cidade da antiga zona do café fluminense, em abril de 1961. Os garotos de 12 anos encontram o corpo de uma linda mulher, que foi morta e mutilada, às margens de um lago onde vão fazer gazeta. Eles não aceitam a explicação oficial do crime, segundo a qual o culpado seria o marido, o dentista da cidadezinha, motivado por ciúme. Começam uma investigação, ajudados por um velho que mora no asilo da cidade, um ex-preso político da ditadura Vargas, essa aventura acaba se tornando em um terrível caminho de amadurecimento para chegar à vida adulta.

Negócios

Estratégia em mídias sociais Autor: Fabio Cipriani Campus Elsevier Realizando uma grande análise de como as mídias sociais mudaram a forma de fazer negócios, integrando empresas e consumidores como jamais visto, Fabio Cipriani lança o livro Estratégia em mídias sociais — como romper o paradoxo das redes sociais e tornar a concorrência irrelevante. A obra ensina como as pessoas podem fazer bom uso desta ferramenta de comunicação para o mercado, além de melhorar a reputação das marcas, aumentar a satisfação e a fidelidade dos clientes e, claro, vender mais. Ao longo de suas 184 páginas, o título aborda os mais variados temas, como Entendendo o novo mundo social; O paradoxo das mídias sociais; Um novo consumidor, entre outros.

Ficção

Pequeno irmão Autor: Cory Doctorow Galera Record Todo cibernético, internauta ou amante da tecnologia irá amar a leitura de Pequeno Irmão. Aclamado pela crítica e Best-seller do New York Times, Pequeno Irmão, que chegou a ser comparado ao clássico 1984, de George Orwell, chega às livrarias. Na história, criada pelo premiado jornalista especialista em tecnologia Cory Doctorow – eleito pela Forbes como uma das pessoas mais influentes da web –, traz Marcus, um jovem hacker metido a invadir sistemas de segurança, até ser preso pelo Departamento de Segurança junto com seus amigos após um atentado terrorista. Agora só lhe resta escapar do sistema violando-o novamente. 64 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

Coletânea

Mutações A invenção das crenças Autor: Audálio Dantas Edições SESCSP Nesta obra, as crenças são entendidas como “os ideais políticos, os valores morais e éticos, as novas visões de mundo, as construções imaginárias nas artes, enfim, tudo aquilo que Paul Valery define como coisas vagas, isto é, tudo aquilo que se opõe aos fatos ou à realidade”. E, para refletir sobre as crenças e os saberes, a fé e a razão e até mesmo sobre a descrença, Adauto Novaes reuniu contribuições de 22 filósofos brasileiros e estrangeiros em um compêndio profundo, que busca superar as dicotomias e instigar o questionamento, insinuando até que, talvez, o conhecimento racional desta época tecnocientífica seja feito da mesma argila mítica com a qual foram moldados os homens.

Infanto-juvenil

Um balão por um bacamarte Autores: Bob Gill e Alastair Reid Cosac Naify O mestre do design Bob Gill e o poeta e tradutor Alastair Reid mostram, neste livro, como é possível ter tudo na vida, possuindo nada (ou quase nada). O segredo é trocar, trocar e trocar: um balão por um bacamarte, um zoológico por uma torre, uma cidadezinha por uma cachoeira... Este clássico dos anos 1960 permanece atemporal ao revelar uma sábia e irresistível alternativa ao acúmulo. Os versos despretensiosos de Reid casam perfeitamente com as ilustrações de Bob Gill, de traço espesso. Remetendo aos logos e marcas que criava, dispostas na página de forma a sugerir uma leitura continuada (os olhos caminham como por um fio entre imagens e palavras).

Civilização Brasileira

O Quilombo dos Palmares Autor: Edison Carneiro Martins Fontes Edison Carneiro refunda um debate mais tarde esquecido, mas profundamente atual: as experiências da diáspora e da história da África. ‘O Quilombo dos Palmares’ é um estudo original sobre a organização política, econômica, militar, cultural e social de Palmares, apontando para o fenômeno “contra-aculturativo”. Nos anos 1930 e 40 surgem as importantes pesquisas de Edison Carneiro, analisando as dimensões culturais africanas no Brasil, em especial as formas religiosas. Na abordagem sobre Palmares, uma grande viagem aconteceria em 1947.


álbuns do mês

Gustavo Dezan - gustavo@revistames.com.br

MPB

Pop/Soul

Autor: Chico Buarque Sarapuí

Autor: Joss Stone

Disco de inéditas do aclamado cantor e compositor, após um hiato de cinco anos dedicados em grande parte à literatura. E é justamente nisso que se baseiam as canções de “Chico”, inspiradas em personagens de seus romances “Estorvo” (1992) e “Leite Derramado” (2009). Homenageando o blues e a bossa, o artista conta com as participações de João Bosco, em “Sinhá”, Thais Gulin, em “Se eu soubesse” e Wilson das Neves, em “Sou Eu”, composição sua em parceria com Ivan Lins. Outro destaque é “Querido diário”, bem recebido por público e crítica.

Coescrito e coproduzido por Dave Stewart, do Eurythmics, “LP1” foi gravado em Nashville (EUA), em apenas seis dias. A criação de um selo próprio, Stone’d Records, permitiu que a diva inglesa da soul music retornasse com total liberdade de criação. O álbum é simples, no bom sentido, mas com grande variedade nas 10 faixas, embaladas pelo costumeiro soul afinadíssimo, agora com uma dose maior de rock’n’roll. Talvez, um resultado de sua recente parceria com Stewart e Mick Jagger, no projeto Superheavy. O primeiro single do álbum, Somehow, é uma amostra disso. Os licks de guitarra complementam o vozeirão de Joss em um clima pop rock bastante agradável.

Chico

Pop

Sou Eu Autor: Fiuk Warner Ex-vocalista da banda Hori, o ídolo dos adolescentes acaba de lançar seu primeiro disco solo. “Sou Eu” é, segundo o artista, o puro retrato de seu gosto musical. Ou seja, as 12 faixas são uma verdadeira mistura de estilos: rock, pop, reggae, MPB e, acredite, sertanejo e pagode. A variedade exótica se deve pela lista de compositores, encabeçada por seu pai, Fábio Jr., mas que também conta com Thiaguinho (Exaltasamba) e Rodriguinho (Os Travessos), os sertanejos Edu & Renan, e do mito da black music nacional Jorge Ben Jor, que também canta na faixa “Quero toda noite”. O disco conta ainda com um cover de Bob Dylan, “Blowing the Wind”.

LP1

Stone´d Records

Hip Hop/Dance

Sorry for Party Rocking Autor: LMFAO Interscope

A dupla formada por RedFoo e Sky Blu, respectivamente, filho e neto de Berry Gordy, o fundador da Motown, célebre gravadora dos artistas da música soul da década de 1970, acaba de lançar seu segundo álbum. O hip hop eletrônico e dançante torna a comparação com o Black Eyed Peas inevitável. Não é por menos, já que o líder do grupo, Will.I.Am, é um dos vários convidados deste disco. A mistura de BEP com o DJ David Ghetta e uma pitada de Michael Jackson, aliada a letras irreverentes, resulta em músicas propícias para embalar festas, como o divertido hit “Party Rock Anthem”, que chegou abalando no topo da Billboard.

Samba/Jazz

Hard Rock

Autor: Zimbo Trio Discobertas

Autor: Edguy

Um dos maiores expoentes do jazz brasileiro, o Zimbo Trio, ganha um relançamento em Box com seus primeiros seis álbuns remasterizados por Ricardo Carvalheira. A iniciativa foi da gravadora carioca Discobertas, que homenageou o trio com quase 50 anos de carreira, e ainda na ativa. Os trabalhos reeditados foram lançados, originalmente, entre 1964 e 1969, e trazem o melhor da mistura fina entre jazz e samba, traduzidas em brilhantes composições instrumentais e virtuosas do trio, formado por Amilton Godoy (piano), Luíz Chaves (contrabaixo) e Rubinho Barsotti (bateria). Destaque para a bela “Menina Flor”.

Considerados por muitos os sucessores do Scorpions, este quinteto alemão, comandado por Tobias Sammet, retorna com um álbum calcado no hard rock radiofônico, como os anteriores, em vez do heavy metal do início da carreira. O resultado é um CD mais maduro, com riffs pesados e melodias marcantes, temperadas com notas do órgão Hammond, sinônimo de Deep Purple. O bom-humor característico não é deixado de lado, como é possível notar no single Robin Hood, um dos destaques do álbum. Uma edição limitada traz um disco com faixas bônus, que conta com uma releitura do clássico “Cum on Feel the Noise”, do Slade.

ZimboTrio

Age of the Joker Nuclear Blast

REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011 | 65


Divulgação

opinião

Dr. Cleandro Carnieri

Médico da área de dependência química, psiquiatria clínica e psicoterapia cognitiva

Maconha: porque não legalizar

A

discussão relativa à legalização da maconha tem gerado grande polêmica, principalmente após figuras de notável expressão política se mostrarem favoráveis a essa medida.

Quando pensamos no termo “droga” comumente nos vem à mente as drogas ilícitas, como a maconha e o crack. Mas no que tange ao impacto sobre a saúde pública, boa parte de nossos problemas estão concentrados nas consequências do consumo das drogas legalizadas, que são as mais consumidas por sua disponibilidade e facilidade ao acesso.

Estudos recentes têm mostrado um caráter bastante “pesado” no que diz respeito ao uso da maconha. Principalmente para os adolescentes. Observou-se que um em cada dez pessoas, que iniciaram o uso de maconha antes dos 14 anos, desenvolveu quadros de psicose que, em geral, são graves e com tendência à cronificação. Isso ocorre porque o cérebro na adolescência está em intenso processo de formatação, o que pode gerar impactos para o resto da vida.

Ou é inocência excessiva ou má fé dos que são favoráveis à legalização usar o argumento de que menores de idade não teriam acesso à maconha, uma vez legalizada. No Brasil, já Um dos argumentos mais simplistas dos favoráveis à legali- vivenciamos uma realidade imatura no comércio das drogas zação do uso da maconha é que se o álcool e o tabaco são líci- legalizadas, pois o seu mercado é muito pouco regulado. tos, a maconha também deveria Apesar de existirem leis que ser. Caso isso ocorresse, existiproíbam a venda de cigarro e ria um importante aumento no de bebidas alcoólicas para meA maconha não é tão leve quanto número de usuários e, consenores, sabemos que, em geral, romanticamente se costumava pensar. isso não é aplicado de fato. quentemente, dependentes.

Antigamente, como na década de 1960

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde a maior causa de morte evitável do mundo, gerando a impressionante estatística de 10 mil mortes por dia. A maconha tem quantidade maior de substâncias cancerígenas que o cigarro. E como o cigarro, o impacto sobre o organismo é maior, se utilizado em longo prazo, o que faz com que se perdure no tempo, uma vez que boa parte dos seus danos só será percebida anos mais tarde. Segundo relatório da OMS publicado em 2011, quase 4% de todas as mortes no mundo são atribuídas ao álcool; 9 % na faixa de 25 a 39 anos. Sabemos que boa parte dos acidentes de trânsito tem relação com o uso do álcool. Se já existe dificuldade em se aplicar a Lei Seca, que visa reduzir direção após consumo de álcool, como faríamos com a maconha, a qual sabidamente perturba a coordenação motora e a noção do tempo e do espaço, tornando lentas e imprecisas as reações e aumentando o risco de acidentes?

A maconha não é tão leve quanto romanticamente se costumava pensar. Antigamente, como na década de 1960, a concentração de THC, sua principal substância psicoativa, era bem menor do que a encontrada na maconha da atualidade. O aumento progressivo de sua potência faz com que ela se torne cada vez mais perigosa. 66 | REVISTA MÊS | SETEMBRO DE 2011

Alguns acreditam que a legalização da maconha causaria forte impacto no tráfico de drogas. Entretanto, o tráfico continuaria existindo, não só das outras drogas, como cocaína e crack, como da própria maconha, pois o seu custo comercializado de modo legal, provavelmente, seria consideravelmente maior. Além disso, o tráfico continuaria vendendo qualidades de maconha com altos níveis de THC, que possivelmente não seriam comercializadas licitamente, pois isso seria absoluta irresponsabilidade por parte do Estado. Uma vez que a droga pode interferir diretamente em áreas cerebrais responsáveis pela capacidade de tomada de decisão, poderia o Estado permitir o aumento da disponibilidade e acesso à droga? O Estado deveria se focar mais em discutir a implementação de políticas públicas eficazes de prevenção ao uso de drogas, algo quase inexistente nesse País e que é feito por um número reduzido de heróis. O Estado deveria se concentrar em aumentar a disponibilidade e acesso à informação científica a respeito do uso de drogas e suas consequências. Diga-se de passagem, tal medida ajudaria, inclusive, a reduzir o preconceito que existe frente ao usuário, coisa que nem mesmo a legalização conseguiria fazer.


FOTOGRAMA Diogo Cavazotti

A bela harmonia entre gerações da imagem inspira a convivência equilibrada entre quem tem muito a aprender e quem tem muito a ensinar Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma. Participe enviando sua imagem em alta qualidade para o e-mail: leitor@revistames.com.br


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achado de Assis, dono da caderneta de poupança de

número 14304, foi o maior escritor brasileiro de todos os tempos, além de fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. Sua história com a CAIXA teve vários capítulos, tanto em sua obra quanto em sua vida. Além disso, Machado de Assis citou a CAIXA em seu próprio testamento.

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mbarga

Rua Dese

uritiba /

81 / C otta, 29

-1303

41 3323


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