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Branco Nazareth Ferrari

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2020fliPEnha

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Nazareth Ferrari e suas obras no Salão da Criança

O artista frente aO esPaçO em branCO

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Nazareth Ferrari

Como é difícil enfrentar o nada, romper o vazio, desvirginar o imaculado e fazer brotar nele as nossas ideias, nossos conceitos, retratar o nosso “EU”, projetar nossas opiniões, enfim, expor o que verdadeiramente somos e o que sentimos, desvendando nossa alma ao mundo, parindo nossa criação. O espelho projeta nossa imagem externa, mas não desnuda nossa alma, por isso não temos medo de olhar para ele. Mas o espaço em branco que espera o desenho, a tinta; o papel que espera as palavras do escrito, a pedra bruta que espera ser rompida, lapidada, transformando nosso pensamento em algo palpável em algo palpável, em matéria, tirando as cortinas de nosso invólucro material (corpo físico), são muralharas difíceis de transpor. Vencer o vazio, despir nossa alma, se expor a sociedade

e suportar as críticas que ferem, machucam, pesam muito e muitas das vezes inibem, atrofiam a criação ilimitada do artista, porque sendo o homem um ser que faz parte e vive em sociedade, muitas vezes ele a teme e prefere se tolher em sua timidez e caminhar junto a multidão, que está cheia de regras, imposições, tabus, conceitos e preconceitos pelo simples fato e medo de “não agradar” a opinião geral. Frente ao espaço proposto, as mãos, os pensamentos, as palavras, quantas e quantas vezes se atrofiam no medo de romper do nada a exposição do tudo. Felizes aqueles que conseguem enxergar através dos olhos da alma. Deus iluminou o artista para que ele como uma lanterna seguisse a frente da multidão, fazendo ver e levar à mensagem aos menos favorecidos. Por isso é comum, ao as pessoas ao ouvirem uma boa música, ao entenderem a mensagem de uma obra de arte, ler e interpretar um pensamento ou um poema exclamar: “Eu nunca percebi isto, como é verdade”! Então rompamos o nosso “medo”, o medo de nos expormos, o medo da crítica, o medo de criar, o medo de dar o primeiro passo no desconhecido, na estrada sem multidão e passemos a sermos nós mesmos, defendendo nossas ideias e ideais, quem sabe caminharemos muito quilômetros em estrada vazia, mas talvez um dia no final dela divise uma nova multidão, que resolveu seguir pela nossa mesma estrada. Mas se ao chegarmos ao final de nossa jornada, e isto não acontecer, valeu a pena defender nossos pontos de vista e continuarmos sendo autênticos, deixando para trás a muralha fantasmagórica do medo.

nazarEth fErrari

Natural de Taubaté, SP. É pintora, escultora, escritora, professora, Pós-Graduada em História da Arte, Engenheira Civil e Membro Titular da Academia Valeparaibana de Letras e Artes. Conquistou inúmeros prêmios em literatura e artes visuais, possuindo obras na Alemanha e na França.

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