The Book #4

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GOIÂNIA•BRASIL- 2014 ANO II •N° 4 14R$

UM DESTINO PARA 60 MIL LIVROS Livreiro Samuel Soares quer doar o seu fabuloso acervo

EMOÇÕES EM MIAMI

Diversão e velocidade com carros raros e exóticos

LÚDICO E FUNCIONAL

Com cara de galpão industrial, escritório da AMP Propaganda é um luxo só

RAFA MATOS

Três dias na pista com o piloto brasileiro da Stock Car




Editorial

CAPA

GOIÂNIA•BRASIL- 2014 ANO II •N° 4 14R$

Rafa Matos Fotografia | Edgard Soares Assistente de fotografia | Eduardo Amorim Assistente de produção | Roberta Klein

GOIÂNIA•BRASIL• Ano II• nº 4

UM DESTINO PARA 60 MIL LIVROS Livreiro Samuel Soares quer doar o seu fabuloso acervo

EMOÇÕES EM MIAMI

Diversão e velocidade com carros raros e exóticos

LÚDICO E FUNCIONAL

Com cara de galpão industrial, escritório da AMP Propaganda é um luxo só

RAFA MATOS

Três dias na pista com o piloto brasileiro da Stock Car

10/5/14 5:44 PM

The Book, ainda mais especial por Adevania Silveira Querido leitor, é com enorme prazer que apresento, a quarta edição da The Book, ainda mais especial, recheada de novidades, reportagens superinteressantes e lindas imagens. A nossa satisfação é motivada pela confirmação de que a nossa “filha” está crescendo, ganhando estatura e respeito. Nos meses de junho e agosto, obtivemos o reconhecimento da qualidade do nosso conteúdo editorial. A revista ganhou o 6 º Prêmio Sebrae de Jornalismo, na categoria Fotojornalismo, em Goiás, e ficou entre os cinco finalistas na etapa nacional. Comemoramos muito, afinal, a matéria vencedora foi publicada no segundo número da revista, então novinha no mercado. Nossa alegria foi crescendo à medida que íamos formatando a presente edição. A começar pela capa, um luxo só, com o querido Rafa Matos, piloto brasileiro da Stock Car, com o qual compartilhamos, durante três dias, as emoções da Corrida do Milhão, no Autódromo Internacional Ayrton Senna, em Goiânia. Adoramos a experiência nas quentes pistas do automobilismo.

A revista traz novidades, como a coluna Viva Paris, assinada por Cristina Pinheiro de Abreu, que vive na Cidade Luz há mais de duas décadas. Também abrimos mais espaço para a coluna Vitrine, onde Lucíola Correa garimpou peças lindas para casa, feitas com pedras naturais. Há ainda a reportagem sobre os carrões raros e exóticos da GT Exotics, de Miami. Então, acelera, que tem muito mais.

Roberta Klein e eu, no box da Hot Car Competições, com Rafa, Cleo e Bárbara, mãe e irmã do piloto



Bruno Bizerra

Adevania Silveira

Maria Thereza A. Veiga

Report

Ana Paula R. de Carvalho

Cristina Pinheiro de Abreu

Guilherme Venditti

Kleyson Bastos

EDIÇÃO GERAL CONSELHO EDITORIAL REPORTAGEM COLUNISTAS FOTOGRAFIA

COLABORAÇÃO

DESIGN GRÁFICO E ILUSTRAÇÃO REVISÃO JORNALISTA RESPONSÁVEL PROJETO GRÁFICO DEPARTAMENTO COMERCIAL REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIAS

Edgard Soares

Mr. Book

Lucíola Correa

Roberta Klein

Mônica Novaes Aline Leonardo

Leandro Pires

Rimene Amaral

Adevania Silveira | adevania@thebook.is Cristina Xavier Almeida, Edgard Soares e Rimene Amaral Adevania Silveira, Aline Leonardo, Branca Simpson, Leandro Pires, Mônica Novaes, Mr. Book e Rimene Amaral Bruno Bizerra, Guilherme Venditti, Lucíola Correa, Maria Thereza Alencastro Veiga, Cristina Pinheiro de Abreu e Roberta Klein Beatriz Perini, Edgard Soares, Estúdio Costa Fotografias, Espaço Fotográfico, Hegon Guimarães, Junior Moritz, Jasen Delgado, Michel Capel, Rimene Amaral, Rodolfo Roenick e Vanderley Soares Aline Leonardo, Ana Simiema, Anna Ávila (Mega Model), Branca Simpson, Bruno Bizerra, Edgard Soares, Estudio Costa Fotografias, Espaço Fotográfico, Guilherme Venditti, Hegon Guimarães, Junior Moritz, Jasen Delgado, Kleyson Bastos, Leandro Pires, Lucíola Correa, Mônica Novaes, Maria Thereza Alencastro Veiga, Cristina Pinheiro de Abreu, Michel Capel, Roberta Klein, Rimene Amaral e Vanderley Soares Wendel Reis Ana Paula Ribeiro de Carvalho | apribeirocarvalho@bol.com.br Adevania Silveira | 964JP-GO Zebrabold comercial@thebook.is Rua Prudente de Moraes, Qd. 43, Lt. 5, Parque Anhanguera, Goiânia, GO, CEP 74 340-025 | 62 30 87- 7980 | 62 9972-1772 | adevania@thebook.is

“Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” | João 14:6 The Book é uma publicação da Celeiro Editora Eireli. The Book não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam no expediente não têm autorização para falar em nome da The Book ou retirar qualquer tipo de material


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Neste Número

18-21

12-16 A FERRO E FOGO O ex-serralheiro e agora premiado artista, Evandro Soares, se prepara para a primeira individual

BOA NOTÍCIA Estúdio goiano de animação para cinema se prepara para lançar cinco novas produções até 2016

22-25 SOS Livreiro não sabe o que fazer com o seu acervo de 60 mil livros

48-54

30-35 MODA O clima glam discotheque inspira o nosso editorial

RAPHAEL MATOS Entrevistamos o piloto brasileiro da Stock Car, que vive há mais de uma década em Miami e acaba de entrar para o mundo dos negócios


62-66

56-61

BORDEAUX A seção Bússola viajou para a terra dos melhores vinhos franceses

70-77 LUXUOSAS E EXÓTICAS Conheça as poderosas máquinas da GT Exotics, startup de Miami, que oferece pacotes para experiências em pistas de corridas

OFFICES O criativo e divertido escritório da AMP Propaganda

79-80

80-85

VITRINE As pedras naturais invadiram a decoração em escala mundial. Mobiliário, revestimentos e acessórios ganharam vida nova com uma diversidade delas

É MASSA! Convidados da Quase Chef trazem receitas personalizadas do prato


Mural do Leitor Excepcional

“Queridos da The Book, acompanho a revista e o site pela internet, já que não moro em Goiânia. A qualidade da revista online é excepcional. As capas da revista têm fotos muito bem produzidas que te convidam a querer ver mais. Ao folhear a revista, as fotos não decepcionam e nem a qualidade das matérias. É bom saber o que está acontecendo aí — na moda, cultura e nos eventos sociais. A Caçarolices, no site da revista, é de dar água na boca! Curto muito esta revista e aguardo ansiosa pelos próximos exemplares. Gisele Landim Nielsen, marketing asssistant, de Copenhagen, Dinamarca|via e-mail

Parabéns

É difícil ver e ler qualidade assim na linha editorial, gráfica e design em uma revista. Parabéns, The Book. Joao Carlos Vita, de Ribeirão Preto (SP), via e-mail

Lugar cativo

“A revista The Book chega em boa hora, com uma proposta chique, arrojada, sofisticada e um design bem bacana. A leitura da revista nos coloca a par de vários assuntos, como moda, design, comportamento, life&style, gastronomia, política, decoração, empreendedorismo e cultura. É gratificante lê-la e deve ocupar lugar cativo no gosto dos goianienses. Carlos Pompeu, de Goiânia | via e-mail

Made in Goiás

“Na edição passada da The Book, amei conhecer o trabalho da designer de acessórios Eleonora Hsiung e da designer de moda Mariana Jungmann. Goianas, de grande sucesso nacional e internacional, provam para o Brasil e para o mundo que Goiás exporta criatividade, bom gosto e profissionalismo”. Parabéns, vamos mostrar Goiás ao mundo todo. Juliana Carvalho, especialista em Gestão Empresarial, de Goiânia | via e-mail

Primor

Um primor! Este é o resultado desta revista que a cada edição é mais interessante. Já tenho um espaço na estante para exibir e guardar as minhas. Goiás merece um trabalho como este, cheio de identidade e beleza. Parabéns a todos e continuem nos encantando! Karyne Ferro Leão, de Goiânia | via e-mail

Textos envolventes

Confesso que fiquei positivamente surpreso com o último exemplar da The Book. O mercado editorial de Goiânia carecia de uma publicação de qualidade como esta, que não perde em nada para as grandes publicações nacionais. Reportagens claras, imagens de tirar o fôlego e uma diagramação impecável. Ressalto também os textos, envolventes e muito bem escritos. Fui fisgado também pelas Caçaroliçes (The Book online). Que coluna maravilhosa! Já estou testando as receitas. Parabéns, com direito a toques de manjericão roxo e alecrim. Henrique Augusto, jornalista, radialista e DJ, de Goiânia | via e-mail

Sofisticada

Yes, we can! O arrojo de The Book mostra o quanto evoluiu o mercado editorial goiano. Moderna e sofisticada, a revista não perde em nenhum quesito para as publicações de fora que têm o mesmo público-alvo (muito pelo contrário, aliás). A publicação informa, diverte, traz curiosidades e, principalmente, a nossa gente. Tudo isso sem estereótipos, nossa verdadeira goianidade nagô. Matheus Ribeiro, jornalista, de Goiânia | via e-mail Nos sentiremos honrados caso queria, leitor, nos enviar sua opinião e/ou sugestão sobre a The Book. E-mail: adevania@thebook.is


Ponto de Vista

Tu quoque, Eduardus? por Maria Thereza Alencastro Veiga

Na última edição da The Book impressa, falei sobre “Brasilidade” e me propus a estender o assunto nesta edição. Mas, com uma eleição que vai nos dar tantos dados sobre nós mesmos, sobre quem somos hoje, estou adiando o tema para a próxima edição. De qualquer maneira, no entanto, não é possível deixar de falar sobre algumas nuances do processo eleitoral. Todo mundo já sabe, é evidente, do abalo institucional que o acidente que matou Eduardo Campos provocou. Pessoalmente, este abalo me sacudiu em dois níveis: tanto pela entrada de Marina Silva na disputa quanto pela possibilidade de Eduardo Campos ser só mais um corrupto, dentre tantos que desfilam impunes por aí. Marina Silva é imprevisível para mim: não encontro solidez e consistência no discurso que ela vem fazendo. Antes de sua entrada na disputa eleitoral, sua posição sempre foi de absoluta rigidez, o que é, evidentemente, direito dela: se nos serve, se serve ao cargo executivo máximo do País, é outra conversa. Os fatos. Marina entrou no PSB e imediatamente desfez algumas alianças políticas já consolidadas por Eduardo Campos. Ele morreu, e o comando da campanha foi trocado, outra vez, não se pode esquecer, de forma conflituosa. Em nenhuma das duas ocasiões alcançou-se, sob as mãos de Marina Silva, o consenso. Ronaldo Caiado e o secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, que o digam. Nos debates e em sua propaganda eleitoral, no entanto, ela discursa até agora sem críticas: trata-se de aproveitar o melhor do PSDB e o melhor do PT. É crível? Ou é apenas e tão somente um discurso eleitoral sem consequências reais no comando de um eventual governo? Há algum tempo atrás, li em algum lugar que Eduardo Campos seria apenas uma alternativa de manutenção de poder do PT: na posição de

amigo pessoal e comandado de Lula, ele disputaria e ganharia as eleições apenas para que houvesse uma aparente alternância. Mas tudo continuaria como está e depois o PT voltaria nominalmente ao comando. Quando li, achei graça: “Outra teoria da conspiração!” Ao assistir duas das entrevistas que Eduardo Campos concedeu quando já candidato, lembrei-me disto, no entanto, em ambas foi-lhe perguntado sobre sua postura se Lula assumisse a candidatura pelo PT, e ele titubeou na resposta. Só depois de insistirem muito é que afinal ele respondeu: “Minha candidatura está posta”. E agora vem essa história mal-contada sobre a propriedade do avião em que ele circulava e as acusações de Paulo Roberto Costa de que Eduardo Campos seria um dos beneficiários do milionário esquema da Petrobras. Será então verdade que ele seria apenas e tão somente mais um da turma do PT, do Lula? Seria uma enorme decepção para mim; não, Eduardo Campos não era minha primeira opção de voto. Mas acreditava, sinceramente, que ele cresceria como político e que abriria uma terceira via sensata ao eixo PT x PSDB. De tudo isso, me fica um desacoroçoamento imenso: a mentira, a avidez pelo poder e a cupidez são uma pandemia que acomete Brasília e todos que por acaso voltem seus olhos para lá? Isto está se tornando parte de brasilidade? Roubar como um lobo ou ser roubado como um cordeiro? Até tu, Eduardo?

*Maria Thereza Alencastro Veiga é advogada e nas horas vagas faz programas divertidos com os netos. Você também pode lê-la no site www.thebook.is


Fotografia Edgard Soares


Arte

O serralheiro artista por Adevania Silveira

Ex-fabricante de grades e portões, o baiano Evandro Soares, premiado em três salões nacionais de arte, desperta o interesse de colecionadores na Europa

As mãos ásperas e calejadas não desmentem a força com a qual o baiano Evandro Soares tece a sua arte. No ateliê improvisado na varanda dos fundos da casa simples no bairro Recreio dos Funcionários Públicos, em Goiânia, entulhado de fios, arames, chapas de ferro e fragmentos de madeira, ferramentas e maçarico, elas trabalham com afinco em esboços tridimensionais que vão compor um intrincado jogo de formas geométricas. Espalhados sobre a mesa coberta por uma camada fina da poeira que atravessa a grade do cubículo, pedaços de papel desenhados a lápis insinuam elementos como escadas, cubos e retângulos que em breve irão habitar telas brancas ou paredes de galerias de arte. O cenário caótico, mas sob completo domínio do criador, revela o labor intuitivo de um artista forjado exclusivamente pelas emoções.

Na parede, a frase de Alexander Calder — escultor e pintor que usou fios de arame para criar seus famosos móbiles — estabelece a única ordem local: se uma pessoa não conseguir imaginar coisas, não as consegue fazer, e qualquer coisa que se imagine é real. Foi com esta matéria-prima, a imaginação, que Evandro Soares Reis, um ex–serralheiro que até o ano passado ganhava a vida fabricando grades e portões, se descobriu artista e hoje coleciona três prêmios de salões de artes nacionais, entre eles o de Incentivo, da Bienal Naifs do Brasil 2012, com a escultura Sonho de Voar. Há também um crescente interesse de colecionadores nacionais e internacionais em adquirir os trabalhos de Evandro. Recentemente, ainda que timidamente, sua arte obteve reconhecimento e cruzou o Atlântico para ser exibida na Pinta London, feira dedicada a artistas em ascensão oriundos da América Latina. O curador Paulo Gallina elegeu Evandro Soares para compor o set de novos talentos, após o baiano participar da coletiva O Saber da Linha, organizada pelo Projeto LAB570, de São Paulo. O artista não conseguiu viajar a Londres para a abertura, mas ficou satisfeito de seu trabalho ter agradado à curadoria.



Nascido na zona rural de Largo de Piritiba, então distrito de Mundo Novo (BA), e prestes a completar 39 anos, Evandro percebeu a veia artística ao “ver” uma bailarina em um pedaço de arame na serralheria que mantinha em Morro do Chapéu, cidade a 384 quilômetros de Salvador e para a qual se transferira com a família, aos dois anos de idade. Com a ajuda de uma lixadeira, criou a primeira de uma série de pequenas esculturas feitas com sobras de materiais. Estava na casa dos 20 anos e havia abandonado a escola na sexta série. Aos 23 anos, incentivado pela irmã que já residia em Goiânia, Evandro mudou-se para a cidade, para onde também transferiu a serralheria. Já levava três anos trabalhando no conserto e na fabricação de portões quando o destino promoveu o primeiro arranjo que revelaria o

PEDAÇO DE ARAME INSPIROU EVANDRO A CRIAR O PRIMEIRO TRABALHO

Evandro Soares trabalha em mais uma intrincada maquete , que em seguida será pintada e transferida para o suporte branco

seu talento para as artes. Um cliente entregou a Evandro um jornal para forrar o chão e evitar que o sujasse enquanto fazia o reparo no portão. Assim, o serralheiro se deparou com uma nota convocando artistas a participarem do Concurso Sesi Arte e Criatividade. Inscreveu uma escultura e, para surpresa geral, ficou em primeiro lugar. Apesar da conquista, os anos seguintes foram incertos. Produziu para algumas galerias locais, realizou algumas pesquisas, mas somente em 2012 sentiu-se preparado para voos mais altos. O ponto de partida foi uma oficina promovida pela Fundação Nacional de Artes (Funarte) com o artista gaúcho Fernando Lindote, que lhe abriu os horizontes. Em 2013, incentivado por Lindote, enviou obras para cinco salões nacionais. Foi selecionado e papou três deles. Este ano, somente no primeiro semestre, já esteve presente em três mostras, incluindo a de Londres, cujo trabalho chamou a atenção de uma colecionadora inglesa, que manifestou interesse em realizar uma


No ateliê improvisado na varanda da casa, o artista dá vazão à arte de tecer com arame intrincadas e delicadas estruturas; abaixo, esboço de um trabalho

DO ATELIÊ IMPROVISADO AS 22 OBRAS PARA A PRIMEIRA INDIVIDUAL DO ARTISTA

individual do artista, no ano que vem. Desde o ano passado, Evandro vive exclusivamente da arte. Só na semana em que The Book esteve em seu ateliê, despachou cinco obras para uma galeria de Belo Horizonte (MG). Em breve, ele, a mulher Rúbia Cristina, 32, e o casal de filhos Lorrayne, 9, e Luiz Antônio, 4, vão se mudar para a ampla casa que começou a construir no mesmo bairro, onde também funcionará o ateliê dos seus sonhos. “Terá 200 metros quadrados”, conta exultante. Atualmente, Evandro só vai à serralheria, que hoje é tocada pelo irmão, quando precisa fazer algo relacionado à sua arte. Do ateliê improvisado no canto da varanda sairá uma coleção de 22 obras que está preparando para a primeira individual da carreira, no Museu de Arte Contemporânea de Anápolis. Trabalhando sozinho e sem o auxílio de um agente para as tarefas burocráticas, como, por exemplo, organizar um simples currículo ou enviar e receber e-mails, Evandro supera dificuldades seguindo à risca o que preconizou há dois anos, ao escrever à mão na ficha de inscrição da Bienal Naifs do Brasil: “Nunca desista dos seus sonhos”.



Cinema

Fotografia Edgard Soares

Ventos a favor Com o mercado audiovisual brasileiro aquecido, a Mandra Filmes quer lançar cinco produções, entre elas dois longas, até final de 2016 por Adevania Silveira

Paulo, Cesar, Ricardo e Thiago, sócios da Mandra Filmes, no Cine Cultura: dois longas estão na lista de lançamentos para 2016


O quarteto formado por Ricardo de Podestá, 34, Cesar Kiss, 36, Paulo G. C. Miranda, 33, e Thiago Camargo, 35, depois de 8 anos à frente da Mandra Filmes, produtora audiovisual goiana, especializada em animação, som e finalização de imagem, tem muito que comemorar. Até o final de 2016, cinco projetos inéditos, entre curtas e longas-metragens, e séries para TVs, deverão ser finalizados e lançados no mercado. Considerando que há somente cinco anos o audiovisual made in Goiás começou a dar mostras de vida nos festivais nacionais e internacionais, o feito dos rapazes originários do antigo curso de Rádio e TV, da Universidade Federal de Goiás, é bastante significativo. A nova safra de filmes produzidos pelo estúdio goiano vem na esteira do sucesso alcançado por trabalhos como Destimação, curta-metragem de 2012 dirigido por Ricardo de Podestá, que concorreu no ano passado ao Urso de Cristal no Festival de Berlim.

A animação contabiliza a participação em 80 festivais, entre eles o 36 º Festival Internacional de Cinema de Havana, o 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e o 20º Anima Mundi - Festival Internacional de Animação do Brasil, e cinco prêmios em solo brasileiro. Peixe Frito, de Ricardo de Podestá, é outra produção de destaque que ganhou o mundo. Exibido em mais de 100 festivais, dentro e fora do Brasil, o curta de 2005 angariou uma dezena de prêmios. Em janeiro de 2015, a Mandra lançará no mercado A Caça, curta-metragem de terror e suspense, que já está finalizado. “Vamos iniciar agora as inscrições deste em mostras e festivais”, afirma Cesar Kiss, em quem se concentra a parte de produção. Para início de 2016, os sócios planejam lançar um longa de suspense com subgêneros de drama e terror, em live-action (adaptação que usa atores de carne e osso). O filme, desenvolvido a partir do curta A Caça (e que leva provisoriamente o mesmo título), foi roteirizado por Thiago Camargo e Daniel Callil e está em fase de captação de recursos pelas leis de incentivo à cultura. No segundo semestre de 2016, antes do período das férias, será a vez do lançamento de A

Nesta página e na seguinte, cartazes dos curtas lançados pela Mandra Filmes: Destimação marcou presença no Festival de Berlim; Peixe Frito é outro destaque da filmografia


20 21

Ilha dos Ilús, de Paulo G. C. Miranda, que est´´a na pré-produção. A expectativa sobre este projeto é grande por se tratar do primeiro longa de animação produzido em Goiás. O estúdio está investindo pesado, desde a escalação dos atores que farão a dublagem dos personagens até o desenvolvimento de um plano de negócio visando a sua distribuição no mercado. Já está acertada a participação das atrizes Cássia Kis Magro e Samara Felippo, além do famoso dublador Mckeidy Lisita, que faz o Gah-ri, em Kung Fu – Lendas do Dragão Guerreiro, o Criado (minion) em Megamente e o Salsicha em Scooby-Doo! Para completar a lista dos projetos em andamento, a Mandra está em negociação com três canais de televisão para a venda de duas séries de animação, destinadas ao público infanto-ju-

A MANDRA FILMES ESTÁ NEGOCIANDO DUAS SÉRIES COM O SBT, A TV CULTURA E A TURNER

venil: Guito & Lino, de Ricardo de Podestá, e Parque de Adelin , de Paulo G.C.Miranda, ambas do ano 2000 e na pré-produção. Segundo Ricardo de Podestá, o estúdio está em negociação com o SBT, a TV Cultura e a Turner, dona, entre outros canais, da CNN, TNT, Warner Channel, Cartoon Network e Boomerang. Com as séries de TV, o estúdio lança mão da diversificação de produtos, como estratégia de geração de negócios. “Sem contar que as séries resultam, por sua vez, em uma gama grande de novos produtos”, assinala o diretor Ricardo de Podestá. Embora tenha se lançado na produção de longas-metragens, a Mandra mantem a todo vapor o projeto dos curtas. Segundo Cesar Kiss, esta é uma maneira de experimentar novas narrativas e de habilitar os profissionais que integram a equipe, testá-los e prepará-los para atuarem nos demais gêneros, tanto que meia dúzia de curtas, já roteirizados, aguardam ser inscritos nas leis de incentivo e editais. A produção contínua mantém a máquina azeitada e pronta para agarrar as oportunidades que o mercado atualmente aquecido, apresenta. Embora em Goiás somente este ano o Fundo Estadual de Cultura tenha iniciado o repasse dos recursos para projetos aprovados em 2013, os sócios da Mandra acreditam que o segmento audiovisual está ganhando força, e alguns da-


Da dinamite ao Fica por Jovana Colombo

dos apontam para isso. Nos últimos anos, uma combinação de iniciativas governamentais e, do próprio mercado, interessado pela produção nacional, injetou mais dinheiro na área. Uma amostra disso foi o lançamento, em julho deste ano, pela presidenta Dilma Rousseff, do Programa Brasil de Todas as Telas, com um volume de recursos de R$ 1,2 bilhão e que, no dia seguinte ao seu anúncio, colocou à disposição R$ 480 milhões para ações de fomento à produção de obras cinematográficas nacionais, a capacitação profissional e a implantação de novas salas de cinema. O fermento que fez o bolo crescer no setor do audiovisual no Brasil veio de três fatores importantes: a criação, em 2006, do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), em que o governo passou a investir diretamente no fomento da cadeira produtiva do setor; a entrada em vigor, em 2011, da Lei n. 12.485 — popularmente conhecida como Lei da TV Paga —, que obrigou os canais de televisão por assinatura a colocar, gradativamente, até 2014, pelo menos três horas e 30 minutos de programação nacional; e o interesse crescente de distribuidoras e canais de TV por assinatura em investir em produções nacionais para aumentar sua identificação com o público brasileiro. “Isso nos deixa bastante otimistas”, afirma Kiss.

“Aqui não temos que abrir passagem, temos que dinamitar o caminho”. Foi assim que o ator, produtor e diretor João Bênnio definiu o pedregoso início da produção cinematográfica em Goiás. E tinha toda razão. O cinema foi inaugurado no Cine Teatro São Joaquim, na Cidade de Goiás, pouco depois da primeira exibição no mundo, em 1909. Apesar do feito, a projeção do primeiro longa-metragem em película produzido na terra do pequi só ocorreu mais de meio século depois, em 1968, com O Diabo Mora no Sangue, dirigido por Cecil Thiré, com produção de Bênnio. Na sequencia, houve o fechamento de várias salas de cinema, fato que marcou as décadas de 1970 e 1980. Os exibidores eram obrigados a cumprir uma cota de filmes nacionais em cartaz, e isso afugentou os espectadores, que tinham o cinema como um programa familiar e nenhum interesse pelas pornochanchadas do Cinema Novo. Ainda no século XX, alguns realizadores goianos bancavam suas próprias produções, como José Petrillo, que ganhou o Troféu Candango, no 11º Festival do Cinema Brasileiro de Brasília, em 1978, com o documentário Cavalhadas de Pirenópolis. Jovens que se interessavam por expressão artística e política viram no cinema a oportunidade de se reunirem e discutirem o assunto. Com isso, na década de 1970, surgiram os Cineclubes e vários projetos cinematográficos começaram a renascer. Outro marco do audiovisual goiano se deu em 1990, com o lançamento do curta-metragem André Louco, o primeiro dirigido por uma mulher, Rosa Berardo. Apesar do crescimento do audiovisual no Estado, havia dificuldade para dar visibilidade aos trabalhos até 1999, quando foi criado o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), na Cidade de Goiás, que abriu o caminho para eventos subsequentes, como o Goiânia Mostra Curtas, em 2001; a mostra O Amor, a Morte e as Paixões, de 2002; o Cinema Popular, em 2004; e o FestCine Goiânia, em 2005. Dessa vez, não foi preciso dinamitar.


Cultura

Uma vida feita de páginas A história do homem que dedicou a vida à profissão de livreiro, que tem o ex-ministro do STF Nelson Jobim na lista de clientes e hoje busca ajuda para preservar um fabuloso acervo de 60 mil obras 22 23

por Rimene Amaral

Na época em que vizinhos frequentavam a nossa casa, leite e pão eram entregues na porta antes do café da manhã, benzedeira fazia rezas para quebrar mau-olhado e espinhela caída e cachorros corriam atrás dos carros — e olha que isso não faz muito tempo —, o escritor e jornalista Rubem Alves escreveu O Padeiro, crônica simples que mostra a falta que fazem pessoas e hábitos que um dia povoaram o nosso cotidiano. “Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro”, escreveu um Rubem melancólico. Assim como os personagens do autor, os livreiros também ficaram no passado, pelo menos grande parte deles. Hoje, alguns poucos seguem a profissão, labutando contra a força irrefreável do mundo novo da Internet. O alagoano Samuel Soares da Silva, 66, radicado em Goiânia, é um desses protagonistas que parecem ter saído das páginas de O Padeiro. Teve várias ocupações distintas: foi jogador de futebol, trabalhou em

rádio e jornal e vendeu mandioca na rua. Mas a paixão pelos livros floresceu desde muito cedo. Na adolescência, em Maceió, fazia dinheiro com compra e venda de livros. Aos 16, chegou a montar uma distribuidora de figurinhas para bancas de revistas. Depois, por iniciativa própria, foi ao Rio de Janeiro e conseguiu levar para Alagoas publicações de editoras famosas. No pacote havia os pocket books, que fizeram com que Samuel, com pouco mais de 20 anos e sem ainda concluir o colegial, assumisse a sua real vocação, a de livreiro. Enquanto a Ditadura Militar assolava o País, na década de 1970, Samuel levava o conhecimento de porta em porta Brasil afora, munido das famosas enciclopédias Britânica, Delta e Barsa e dos livros da Abril Cultural. Frequentou gabinetes de juízes, desembargadores e promotores e escritórios de advogados em seu período mais próspero. “Naquela época havia um interesse maior. As pessoas recebiam a gente. Quem tinha uma vida financeira organizada queria ter um lugar reservado para os livros. Por isso, vendedor era bem recebido”, lembra.


Fotografia Edgard Soares

O livreiro Samuel e as dezenas de prateleiras onde conseva cerca de 60 mil obras


Samuel já tentou buscar um destino para o acervo que inclui obras raras, mas nem a iniciativa pública se interessou

A profissão o levou a morar no Rio de Janeiro, em Brasília e, finalmente, em Goiânia. Veio para a capital goiana depois de visitar a cidade para assistir seu time do coração, o CSA de Alagoas, jogar contra o Goiás. Gostou do que viu, se sentiu em casa e ficou. “A generosidade do goiano me fez ficar”. Logo a família veio e, junto com ela, os livros. Nestas alturas, Samuel já tinha em estoque cerca de seis mil livros, a maioria de temática jurídica. Hoje, o acervo conta com aproximadamente 60 mil obras. Já teve mais de 270 mil livros, alguns do século XVI, verdadeiras raridades. A biblioteca está instalada numa área de mais de cinco mil metros quadrados no Setor Leste Vila Nova, sendo 1.200 metros quadrados só para os

ACERVO CONTA COM CERCA DE 60 MIL OBRAS E LIVREIRO NÃO SABE O QUE FAZER COM ELE

livros. E sabe o que é melhor? Aberta ao público. Quem quiser pode usufruir da biblioteca de graça. O espaço é tomado por prateleiras abarrotadas de livros, todos devidamente catalogados no computador e na memória do livreiro. “Sei tudo o que tem aqui!”, exclama, dando a entender que estava pronto para ser desafiado e responder sobre a localização de algum título. Desse universo literário já saíram bibliotecas inteiras vendidas para muitas universidades e várias personalidades. “Como eu fiz com a biblioteca particular de Nelson Jobim (ministro aposentado do STF), meu cliente há mais de 30 anos. Restaurei todos os seus livros”. O livreiro dispõe dos maiores clássicos, seja na área jurídica ou na literatura. “Tenho Pimenta da Veiga, Pimenta Bueno, Rui Barbosa, os livros do Kelsen (Hans Kelsen, jurista e filósofo austríaco, um dos mais importantes e influentes do século XX), a coleção completa das Brasilianas. Tenho Dostoiévski, Alexandre Dumas, Dante Alighieri...”, vangloria-se lembrando do prazer que tem pelos livros. “A leitura nos coloca diante de um universo imaginário de dimensões incalculáveis. A gente se transporta ao próprio interior e somos levados a reflexões que jamais imaginamos. É como se fôssemos donos do universo”.


“TIVE DE JOGAR FORA TRÊS CAMINHÕES DE LIVROS POR FALTA DE ESPAÇO” Mas esse acervo gigantesco de conhecimentos pode estar com os dias contados. Samuel já foi obrigado a se desfazer de muita coisa. “Principalmente a parte de periódicos, que para mim é a maior fonte de pesquisas. Tive que jogar fora 54 toneladas de livros! Foram três caminhões”, diz, lamentando, e explica que eles ocupavam muito espaço. E uma triste constatação: as universidades não tiveram interesse pelo material. “A avaliação das bibliotecárias e de muitos professores não é feita pelo conteúdo. O livro é avaliado pela data de publicação. Cometem o absurdo de pedir uma obra de Cícero (Marco Túlio Cícero, uma das mentes mais versáteis da Roma antiga. Viveu entre 106 a.C. a 43 a.C.), mas só serve se for de 2014. Sócrates, só se for edição de 2014. Um absurdo! É de uma ignorância que me desanima”. Infelizmente, Samuel já não consegue encontrar uma solução viável para a biblioteca. “Não há um centavo de investimento aqui que não tenha vindo do meu trabalho. Em qualquer país civilizado o governo teria interesse em pegar essa biblioteca para evitar que eu jogasse fora. Já trouxe aqui pessoas ligadas à cultura, que chegaram a mostrar interesse, e depois não se falou mais nada. A minha proposta era de transferir isso tudo para a iniciativa pública. Mas isso deve se perder”, revela o livreiro com olhar longe, mirando a parede da biblioteca, onde se lê uma das frases mais emblemáticas dessa conversa literária, de autoria de Cícero, filósofo, orador, escritor, advogado e político romano: Uma casa sem livros é como um corpo sem alma.


Fotojornalismo

The Book premiada por Mr. Book

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A The Book foi vencedora do Prêmio Fotojornalismo no 6º Prêmio Sebrae de Jornalismo (PSJ), pela etapa estadual, e ficou entre os cinco finalistas ao prêmio, em nível nacional. Com o título Ah, se ela falasse francês, a reportagem sobre a marmelada Santa Luzia foi publicada na edição número dois da revista. A divulgação dos vencedores de Goiás foi realizada no mês de junho e, em agosto, a The Book acompanhou, em Brasília, a cerimônia de divulgação dos vencedores da etapa nacional, apresentada pelo jornalista Ricardo Boechat. Ao todo, 62 trabalhos disputavam a premiação de Fotojornalismo. Para nossa satisfação, The Book ficou entre os cinco finalistas. Foi a única mídia de Goiás a chegar à final. A vitória coube ao fotógrafo Ricardo Oliveira, pelo trabalho Milagre dos Peixes, publicado no Jornal Amazonas em Tempo, de Manaus. “Estamos muitos felizes. Estar entre os cinco melhores do País na categoria é uma grande vitória e um reconhecimento ao talento do fotógrafo Edgard Soares, autor das imagens. Acabamos de chegar ao mercado. Concorríamos com uma reportagem publicada no segundo número da revista”, afirma Adevania Silveira, jornalista e editora da The Book. Assinada por Adevania Silveira e fotografada por Edgard Soares, a matéria mostra a glória e a queda - que caminha para a extinção - do doce mais apreciado por D. Pedro II. Edgard fotografou todo o processo de feitura do doce, o ambiente da fazenda e a sede onde vive a família. Ao todo, 1.395 trabalhos de todas as regiões brasileiras disputaram a 6ª Edição do Prêmio Sebrae de Jornalismo. O concurso reconheceu as melhores matérias veiculadas nos meios de comunicação sobre os micro e pequenos negócios e distribuiu R$ 120 mil em prêmios.

Imagens feitas pelo fotógrafo Edgard Soares, que ilustraram a reportagem Ah se ela falasse francês, vencedora do 6º Prêmio Sebrae de Jornalismo, na categoria Fotojornalismo


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Promobook

Interior high-tech Governo de Goiás investe em tecnologia de ponta para beneficiar polos confeccionistas, que agora contam com máquina de corte Audaces, a mesma utilizada por grandes grifes

Hoje, inovação é muito mais do que fazer as coisas de maneira diferente para obter um resultado mais eficiente. Inovação é uma necessidade vital para alavancar qualquer negócio, e isto é o que estão prestes a experimentar sete importantes polos confeccionistas de Goiás com a chegada de tecnologia de ponta que os levará a aumentar a produção e a registrar um salto de qualidade nunca antes alcançado.

Polo de moda feminina é um dos beneficiados pela aquisição da máquina Audaces

Em poucos dias, modernas máquinas Audaces Neocut A20, que permitem um corte de alta qualidade e precisão em larga escala, sem o desperdício de tecido, entrarão em funcionamento em Catalão, Pontalina, Jaraguá, Itapuranga, Itaguaru e Taquaral. Goiânia também contará com a máquina, ainda no segundo semestre de 2014. O equipamento, o mesmo utilizado por marcas famosas, foi adquirido recentemente pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência e Tecnologia e Inovação (Sectec), que coordena um dos projetos mais arrojados e avançados do setor da economia pública, os Arranjos Produtivos Locais (APLs), que investiu até o momento cerca de R$ 9 milhões somente em equipamento. Os investimentos em APLs somarão R$ 30 milhões até o final de 2014. A estimativa do Governo do Estado é de que mais de 100 mil trabalhadores e pequenos produtores goianos

sejam beneficiados, direta ou indiretamente. Produzindo mais de cinco milhões de peças por mês, o setor se divide entre os segmentos de modinha, moda feminina, moda praia, lingerie, moda infantil e jeanswear. Com a versão mais atual do equipamento, a Audaces Neocut A20, à qual as empresas terão acesso gratuitamente, os confeccionistas terão à disposição um sistema inteligente com opções de corte de 5 e 7 cm de tecidos compactados, pré-visualização do corte que diminui a possibilidade de erros e capacidade de cortar 21 mil peças básicas/dia. Dará ainda liberdade à confecção de trabalhar com encaixes complexos. Isto significa que, além de ganhar incrível agilidade, o setor será estimulado a investir em design, agregando valor ao seu produto. O projeto, que tem como fundamento o uso da tecnologia para otimizar processos, fortalecer vocações econômicas e qualificar profissionais, irá beneficiar significativamente micro e pequenas empresas do setor - as mais vulneráveis da cadeia produtiva-, instaladas nessas localidades, colocando Goiás na rota da interiorização de tecnologia de ponta. “Os APLs permitem o desenvolvimento econômico e reduzem o deslocamento de trabalhadores para outras cidades em busca de empregos e de melhores oportunidades profissionais”, afirma Mauro Faiad, secretário de Ciência e Tecnologia e Inovação.


Os Colégios Tecnológicos voltados aos APLs (COTEGs APLs) — como são chamadas as unidades onde está instalado o equipamento — já estão na fase de treinamento dos funcionários que irão operá-lo (todos contratados por processos seletivos) e, em poucos dias, haverá chamamento público para seleção e cadastro das empresas. Nesses locais, as ilhas de corte contarão, além da Audaces, com enfestadeira, plotter e 30 máquinas de costura industriais de última geração, que serão usadas para a capacitação de mão de obra. Os cursos profissionalizantes, que já eram oferecidos pela Sectec sob coordenação de Soraia Paranhos, chefe de gabinete de Gestão de Educação Profissional, passaram a integrar, juntamente com os laboratórios, o Instituto Tecnológico de Goiás, situado em cada localidade ou região, e serão voltados para a sua respectiva vocação. Os APLs têm contrapartida das prefeituras municipais, dos sindicatos e das associações, e os investimentos em equipamentos e cursos são definidos junto com os representantes do setor, resultando em investimentos mais assertivos. “Estas parcerias locais são fundamentais para a realização do projeto”, afirma Aline Figlioli, superintendente de Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Fomento à TI e responsável pela implantação dos APLs. Em Goiás, os Arranjos Produtivos Locais - que estão beneficiando não só os polos confeccionistas como os setores de lácteos, TI, cachaça, cerâmica vermelha, banana, orgânicos, mel, fitoterápico e carne - estão a passos tão largos que se tornaram referências no País. O Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), apontou Goiás como um dos três Estados mais organizados em APLs, ao lado do Ceará e Paraná.

Fotos: Michel Capel

Ao lado, o secretário Mauro Faiad e a superintendente de Inovação, Aline Figlioli, ambos da Sectec, com o superintendente de Ciência e Tecnologia (CETEMJ), Jorcelino Neto, o presidente do Sinvest, Manoel Silvestre, e o prefeito de Jaraguá, Ival Danilo Avelar, inauguram o Coteg do município; na outra foto, Mauro Faiad e Aline Figlioli com o técnico da Audaces, Daniel Damas; e as máquinas de costura industriais de Catalão

A política de inovação conduzida pelo Governo de Goiás também chama a atenção de organismos internacionais. Em setembro, o tema entrou em debate na 14ª Conferência Internacional de Política Tecnológica e Inovação, que acontece em Brno, na República Tcheca, na qual Aline representou Goiás. A conferência é promovida pela Masaryk University, e o resultado do trabalho realizado em Goiás será incluído nas publicações do evento.


Moda

Fever again Styling | Kleyson Bastos Fotografia | Junior Moritz Beleza | Ana Simiema Modelo | Anna Ávila (Mega Model)

O folhetim Boogie Oogie, da Globo, trouxe de volta as luzes, a moda, a música e a efervescência da época de ouro das discotecas. Um novo conceito de liberdade é celebrado, e a vida se transforma em uma grande festa. Para entrar no clima glam discotheque e viver novos embalos de sábado à noite, reinventamos volume, brilho e formas geométricas para compor looks setentistas com muito frescor


Cropped Skazi para Ivana Menezes; Saia Coven para Arranha Gata; pulseiras Eleonora Hsiung; scarpin Sapataria Mujalli


Blusa-quimono Iorrane para Ville Gaspacia; blusa Cantão; camisa usada como saia Cantão; colar Fernanda Manço; botas Dummond

Cropped listrado Linda de Morrer para Ivana Menezes; pantalona em linho Crioulo por Marcos Queyroz; colar Eleonora Hsiung; scarpin Sapataria Mujalli


Regata listrada Coven para Arranha Gata; calรงa Carina Duek para Ivana Menezes; anel Eleonora Hsiung


Blusa Adriana Barra e saia de couro Cris Barros, ambas para Arranha Gata; brincos Eleonora Hsiung; sandรกlia Sapataria Mujalli


Vestido Carina Duek para Ivana Menezes; brincos Eleonora Hsiung; sandรกlia Sapataria Mujalli


Coffee Break

10 perguntas para Beth Doane por Leandro Pires

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Conheci a estilista e ativista social norte– americana Beth Doane há dois verões e me apaixonei. Vou fazer uso de um clichê: é linda por dentro e por fora. Pela segunda vez trabalhei com Beth em sua vinda ao Brasil, quando contou sua experiência com moda sustentável por meio da marca Raintees, comandada por ela, e que ajuda crianças ao redor de todo o mundo. A seguir, nosso bate–papo, em um intervalo para o café. Por que escolheu trabalhar com moda? Depois da minha graduação, fui morar na Europa, onde tive a oportunidade de desenvolver parcerias com grandes estilistas europeus e representantes americanos. Em 2006, retornei aos Estados Unidos e criei minha própria empresa. Tudo era muito excitante e lucrativo, e a linha de trabalho em que atuávamos propunha muitas oportunidades para expansão. Mas tudo mudou quando, muito lentamente, comecei a observar o que estava escondido por trás do glamour das passarelas, roupas bonitas e grandes festas. E o que estava por trás? A grande maioria não imagina, mas a moda tem o seu lado obscuro. Percebi que muitos direitos humanos eram violados e que o trabalho infantil estava muito presente em algumas marcas, além de muita poluição e degradação ambiental na cadeia produtiva. Sabia que não precisava de tudo aquilo para produzir moda. Era especialmente chocante quando as pessoas descobriam que marcas luxuosas haviam enviado sua produção para fora da Europa, para

países onde existia pouca ou nenhuma proteção legal para os trabalhadores das fábricas. Por isso decidi criar a Raintees: para mostrar que a moda pode ser ética e fazer a diferença, sem colocar em risco o meio ambiente e/ou a vida humana. Que práticas fazem seu produto ser sustentável? Trabalhamos especificamente com a produção de camisetas e nossas ideologia e ações são praticadas com o olhar voltado para a ética trabalhista e ambiental. Utilizamos o algodão orgânico e outros tecidos sustentáveis e, ainda, defendemos os processos de produção que não agridam o meio ambiente ou que diminuam consideravelmente esse impacto, possibilitando maior qualidade de vida aos nossos colaboradores. Na parte comercial, que critérios você adota? A cada camiseta vendida plantamos uma árvore em alguma floresta ameaçada ou área de desmatamento. Hoje, temos contabilizado mais de 40 mil árvores em várias partes do mundo, e a Raintees se tornou uma marca internacional com o lema Grow Hope (Crescer a Esperança).

“A MAIORIA NÃO IMAGINA, MAS A MODA TEM O SEU LADO OBSCURO”


Divulgação

Você participa de semanas de moda? Qual é a periodicidade em que você desenvolve uma nova coleção? Nossa marca foi lançada na Mercedes Benz Fashion Week, em Los Angeles, em 2008, algo que nos possibilitou ótimos resultados e nos deu grande visibilidade. No momento estamos pesquisando e criando novos produtos, preparando para, em breve, promovermos o lançamento de uma nova coleção e ainda aumentar nosso mix. Como é o seu processo criativo? Qual sua inspiração para as estampas das camisetas? Trabalhamos com profissionais de moda e estilistas parceiros que amam, compreendem e defendem nossa missão. Além de desenvolver, acompanho todo o processo criativo da marca. Também temos em nossa linha a Vision Collection, uma coleção que recebe a influência criativa de crianças ao redor do globo, que expressam sua visão de mundo por meio de desenhos, que, depois, se transformam em estampas das nossas camisetas. Estas crianças são assistidas com a doação de material escolar e a manutenção de seus estudos durante um ano. O custo de um produto sustentável é muito maior se comparado a um produto não sustentável. Como se destacar em um mercado tão competitivo? Sim, é verdade. A produção de um produto ético e sustentável pode ter preços elevados, chegando a ser quase 50% mais caro. Em alguns casos, pode ultrapassar esse percentual. Porém, acredito que estamos a caminho de mudanças se considerarmos as tendências de comportamento e os mercados futuros. Foi bastante desafiador lançar uma marca sustentável. Tinha medo de não ter recursos financeiros suficientes para me lançar com a força necessária no mercado. Sendo assim, eu mesma fiz todo o trabalho de relações públicas e marketing nos primeiros anos do meu negócio, mas sempre acreditei no que estava fazendo, mesmo com tantos obstáculos. O que pensa sobre a moda brasileira? Gosto muito e vejo muito talento entre os estilistas brasileiros. Também estou muito feliz de ver a indústria da moda brasileira buscando conhecimento e meios para percorrer um cami-

nho ético e sustentável, com compromisso e seriedade. O Brasil me encanta e me impressiona cada vez mais. Que conselhos você daria a uma marca que queira adotar práticas sustentáveis? Inicialmente, siga a sua maior inspiração! Existem inúmeras maneiras para fazer a diferença, criando roupas de maneira sustentável e ajudando pessoas no nosso planeta. As possibilidades estão em nossas mãos e teremos mais poder, sucesso e reconhecimento quando realmente estivermos apaixonados por ações que, de alguma forma, poderão contribuir e, por que não, mudar o mundo. É muito clara sua confiança no mercado mundial de moda sustentável. Todos os dias mais e mais estilistas estão usando suas próprias marcas para desenvolver produtos de forma a contribuir com o meio ambiente. Este mercado cresce continuamente e não apenas no segmento de moda, mas em vários setores. Vemos essas tendências voltadas para a gastronomia, o mobiliário, a indústria civil e prestação de serviços, e isso é muito bom. Estarmos atentos a este crescimento é de extrema importância, pois as possibilidades são inúmeras para os estilistas, agora mais que em qualquer outro tempo.

A designer e ativista social, Beth Doane, que lançou uma grife para provar que é possível trabalhar com moda sem agredir o meio ambiente e explorar mão de obra


Collect

Onda delicada por Roberta Klein

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Cores claras, brilho e pérolas são essenciais para deixar a mulher mais delicada e feminina. Não tenha medo de ousar e usar brilho em duas peças, como a dupla de saia em paetês e clutch toda bordada, do primeiro look. É luxo instantâneo. O brinco é grande, porém, leve e com movimento. As mangas largas são um plus à parte. Couro com seda pode? Em tons pastel pode mais ainda! O toque final fica por conta dos cintinhos cinza e berinjela, usados juntos. A bolsa grande e as sandálias de tiras trançadas conferem um ar alto-verão. A sapatilha com detalhes em pérolas é opção de conforto garantido, com classe. Tanta informação pede um singelo ponto de luz nos acessórios. A renda com caimento leve durante o dia, usada com blazer nude em tecido fino, vai do almoço ao happy hour. Para quebrar os tons homogêneos da combinação, escolha sandálias coloridas de salto baixo. Sem causar overdose, as pérolas dominam sutilmente o terceiro look. Elegemos peças-chave que brincam entre si e podem ser usadas em diversas combinações, por serem de qualidade e atemporais, perfeitas para quem não abre mão do estilo clássico-contemporâneo.

Brincos, Maria Dolores; blusa de seda branca, Super Suite Seventy Seven; cropped, Juliana Jabour; saia de paetês, Egrey para Club Ysalomeh. Clutch e sandálias cobra e metalizada, ambas Saad Shopping Bougainville


Fotografia Edgard Soares

Brincos, Raquel Pires; regata de seda, bermuda de couro, bolsa, cintos e sandálias, tudo Saad Shopping Bougainville. Sapatilhas com aplicação removível em pérolas, Sapataria Mujalli

Bracelete e ponteiras de camisa usadas como broche, Maria Dolores; vestido de renda, Egrey, e blazer, Giuliana Romanno, para Club Ysalomeh. Bolsa clássica e sandálias candy color, Saad Shopping Bougainville


Toilette

Alquimia descomplicada Por Guilherme Venditti

Divulgação

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Vou usar o espaço perfumado desta edição para falar de um dos meus ídolos da perfumaria: Jo Malone. Ela nasceu em um bairro pobre de Londres e, aos vinte e poucos anos, precisou ajudar a mãe que havia sofrido um AVC. Criou, na própria cozinha, pequenos frascos de óleo para banho com gengibre e noz-moscada para presentear as clientes mais fiéis. Certo dia, uma delas pediu a Jo que fizesse 100 frascos daqueles para presentear os convidados de um jantar. Destes, 86 ligaram de volta querendo mais. E, assim, a marca Jo Malone surgiu em Londres com o seu primeiro perfume: Nutmeg & Ginger. Com o tempo, ela transformou o jeito de “ver” perfumes. Misturas elaboradas e compostas por dezenas de notas foram substituídas pela simplicidade chocante das fragrâncias que Jo lançava e atraía cada vez mais pessoas, que adoravam perfumar seus lares com velas chiquérrimas e usar aqueles perfumes com duas ou três notas, inspirados em pessoas, lugares e momentos da vida dela, além de misturá-los entre si para criar algo mais personalizado. Em 2003, Jo teve diagnóstico de câncer de mama e, com o tratamento, foi perdendo a paixão pela perfumaria, desligando-se do negócio em 2006. Em 1999, vendeu os direitos

para a gigante dos cosméticos Estée Lauder e, já curada, seria mãe e esposa em tempo integral. Contudo, depois se deu conta de que havia cometido um grande erro, pois uma cláusula contratual a impedia de envolver seu nome com qualquer perfume ou produto cosmético durante cinco anos. Ela não conseguia nem andar pelo setor de cosméticos de uma loja sem que lágrimas escorressem pelo seu rosto. Mas, esse tempo transcorreu e, em 2011, lançou Jo Loves, uma nova marca cheia de paixão, inspirada nas coisas que ela mais ama na vida. Sua assinatura olfativa continua a mesma: perfumes simples e descomplicados, feitos para uso compartilhado, para qualquer hora do dia ou época do ano. Em quase três anos da nova marca, já foram lançados 11 perfumes, todos leves e transparentes, com uma elegância atemporal. Dentre eles, destaco o Pomelo, o primeiro que criou depois das turbulências vividas e o qual ela chama de “melhor amigo”, por tê-la ensinado como reencontrar o passo para compor, o dom de criar. Pomelo, um perfume com uma nota de grapefruit extremamente suculenta e energizante, borbulhando sobre um fundo amadeirado e sofisticado, é limpo, fresco e corta o calor como uma lâmina afiada. É como aquela sensação de lençóis brancos recém-lavados e esticados sobre a cama, ou um copo de água gelada cheia de gás, com um monte de gelo picado e uma fatia de limão, que te refresca em um dia quente. Eu uso, o pessoal de casa usa, o meu amigo Rimene Amaral também, e tenho de me segurar para não sair borrifando-o pela casa. Desejo muito que vocês possam senti-lo para me contar o que acham dele. Jo está começando de novo e tem apenas uma loja no mundo todo, ou seja, mais exclusivo, impossível. Um cheiro.


a p r e s e n t a

Spa Odontológico | Spa Facial e Corporal 62 3928 4350 Rua 1.130 nº 360 St. Marista Goiânia/GO @sparelancer www.sparelancer.com


Hegon Guimarães

Extravagante, eu? Extravagante não é um adjetivo que se aplica a mim, a menos que o assunto esteja relacionado a algumas coisas de que gosto muito, como decoração, design, jornalismo, moda ou as pequenas loucuras que cometo na vida, em nome do prazer e da alegria. Mudar radicalmente e inesperadamente o roteiro de uma viagem, pagar caríssimo por um prato em um restaurante, mesmo receando que não vá gostar da comida, só para viver a experiência, pendurar na parede da sala uma cadeira do tamanho natural, como obra de arte, coisas assim, quase inofensivas, tudo bem.

Por isso, quando a Dra. Silvinha Lemos, especialista em estética bucal, avaliou os meus dentes (que eu achava perfeitos) e disse, numa linguagem, ao alcance do meu entendimento, que eles eram “gordinhos”, comprometendo o formato do meu rosto, quase caí da cadeira. Sugeriu então uma mudança que melhoraria o meu sorriso. Ai, ai, ai, coisa arriscada demais para alguém que sempre teve um pé atrás com intervenções estéticas. Mas, como ela primeiro faria o mockup, a maquete dos dentes, relaxei e embarquei na transformação que me propôs. Na primeira ida ao consultório, Dra. Silvinha fez, em menos de meia hora, o modelinho dos meus novos dentes frontais, com o talento de uma escultora. Somente no final pude ver o resultado no espelho e quase caí da cadeira de novo. Ficou simplesmente lindo! Com uma sutilíssima alteração no formato, senti que o sorriso ficou mais jovial, menos sério. Com o sorriso novinho em folha, aproveitei o embalo para me entregar nas habilidosas mãos de outras duas especialistas que integram o corpo de profissionais do SPA Relancer. Com a Dra. Cristiane Ribeiro Souza, médica oftalmologista e subespecialista em cirurgia plástica ocular, apliquei botox, com um resultado superleve; com a Rejane Costa, repaginei as sobrancelhas (que eram clarinhas demais), com uma cor que as deixaram supernaturais, do jeito que gosto. Precisei ainda passar por sessões de clareamento dos dentes, e aí entraram as queridas Dra. Anne Carolinne Pacheco, especialista em ortodontia, e a Dra. Mayara Barbosa, especialista e mestre em prótese dentária. Além de dar um up na autoestima, ganhei um monte de amigas. Adorei ouvir as histórias superengraçadas da assistente Ludmilla Viana, que tem um amigo chamado Ox, um nome esquisito para muita gente, mas que adorei, por achá-lo forte e diferente. Viu como nesse ponto sou mesmo extravagante? Adevania Silveira, jornalista e estilista


Hegon Guimarães

O sorriso muda tudo

Quase nunca aparecia sorrindo nas fotos postadas no meu perfil do Instagram, que uso como ferramenta de trabalho. Acho até que muitos seguidores me achavam metida e antipática. A verdade é que não morria de paixão pelos meus dentes e pelo meu sorriso, por isso eles quase nunca apareciam. Mas, hoje, estou sorrindo à toa e muito feliz com o tratamento que fiz no SPA Relancer, após encontrar uma verdadeira artesã de dentes perfeitos. Depois de uma busca incessante por um sorriso harmonioso e natural, através de diversas indicações, cheguei à Dra. Silvinha Lemos, uma verdadeira artista. Meus dentes foram esculpidos à mão com habilidade e agilidade incomparáveis, aliadas à mais alta tecnologia odontológica. Nunca vi precisão igual à da Dra. Silvinha em nenhum outro lugar. O resultado é sempre perfeito porque é feito com amor, dedicação e muito conhecimento técnico. Ela adequa os dentes de acordo com o formato do rosto de cada paciente, sem deixar com aquela aparência reta e falsa de uma dentadura. Posso dizer que encontrei a minha Fada dos Dentes, e estou apaixonada pelo trabalho dela. Agora, vou abusar do meu sorriso! Melhor mexer e ser feliz do que ser toda natural e infeliz. Faço, assumo e ainda indico. Pricylla Pedrosa, Empresária da moda e dona da Skandallô Fashion


Bem-estar

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Matula chique Marmitinhas sob medida para quem deseja conquistar hábitos alimentares mais saudáveis e perder peso são práticas, saborosas e põem fim à surrada desculpa da falta de tempo por Branca Simpson


Os programas de Detox — abreviação, em inglês, de desintoxicação — tornaram-se sinônimos de sucesso entre o público que deseja perder peso. Com eles, as marmitas personalizadas entram como importantes coadjuvantes, auxiliando profissionais e pacientes a alcançar os objetivos com mais rapidez e eficiência. Práticas, as matulinhas foram criadas para atender uma demanda cada vez maior: emagrecer ou ter uma alimentação equilibrada sem ter de sair para procurar os melhores produtos e preparar as receitas. Com menus adequados ao gosto pessoal, estas matulinhas contam com a facilidade de serem levadas a qualquer lugar que disponha de fogão ou micro-ondas para aquecê-las. “Além de práticas, não têm restrição. Podem ser adaptadas para gestantes, crianças e idosos”, afirma Sulanne Carvalho Oliveira, 26, especialista em nutrição aplicada à estética. A nutricionista é uma das profissionais que oferece a possibilidade de o paciente receber em casa seis refeições por dia (café da manhã, dois lanches da tarde e jantar, tudo pronto para o consumo. Os programas para a fase de Detox variam de três, cinco, sete a 14 dias, que poderão gerar perda de dois a três quilos por semana. Sulanne dispõe de cozinha industrial, com duas cozinheiras se revezando na produção de marmitas balanceadas, prontas para o consumo. Após a avaliação da nutricionista e a definição do programa a ser seguido, o paciente leva para casa seis refeições congeladas para cada dia do programa escolhido. Depois, basta retirar do congelador 10 minutos antes do horário da refeição e aquecê-la. O programa de três dias é destinado a pacientes que sabem e têm tempo disponível para cozinhar, e com algum conhecimento sobre a composição dos alimentos. O programa de cinco dias é para aqueles que têm maior dificuldade e não dispõem de tempo para cozinhar, e ainda cumprem agenda social nos finais de semana, impedindo-os de seguir a dieta à risca. Os outros dois programas, de sete e 14 dias, são os

Divulgação

Fotografia Edgard Soares

que alcançam os melhores resultados, com perda de até quatro quilos. A dieta é complementada por porções de castanhas e frutas secas, chás de hibisco e verde, suco verde e frutas que vão higienizadas, juntamente com as refeições. O paciente terá de fazer em casa somente o chá e o suco, para que este não perca as suas propriedades. A dieta oferecida pela nutricionista é bem simples, e ela garante que o paciente não sofre de inanição. Ou seja, nada de fome que faz a pessoa subir pelas paredes, jogar a toalha e assaltar a geladeira. O programa promove uma “faxina” no organismo, desintoxicando o fígado que invariavelmente se encontra sobrecarregado pela ingestão de alimentos industrializados, gordurosos e com excesso de sal.

A nutricionista Sulanne Carvalho Oliveira montou uma cozinha industrial para produzir marmitas saudáveis e equilibradas para atender programas Detox


A dieta Detox consiste basicamente em água com limão em jejum e suco verde pela manhã; porção de frutas secas e castanhas e chá de hibisco com chá verde no primeiro lanche; arroz integral, lentilhas, carne branca (peixe ou frango) para o almoço; uma fruta para o lanche 2, da tarde; salada quente, purê e frango entre 17 e 18 horas (para não perder massa magra); sopa de verdura com quinoa à noite e, para a ceia, o Suchá, um mix de valenciana, melissa e suco de maracujá, que oferecerá um sono tranquilo, um dos grandes segredos para quem deseja sucesso na dieta. Carnes vermelhas ficam banidas do cardápio até passar a fase do Detox.

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CARNES VERMELHAS SÃO BANIDAS DO CARDÁPIO DURANTE O PROGRAMA DETOX Sulanne aconselha aos pacientes que estão muito acima do peso, a buscarem ajuda psicológica. “O peso está sempre associado a uma carga grande de ansiedade. É preciso cuidar desta parte para obter sucesso no tratamento alimentar e perder peso”, alerta. Outro ponto fundamental para quem busca a reeducação alimentar e reduzir medidas é disciplina. A falta de rotina e organização costuma sabotar qualquer tentativa de emagrecer. Horários fixos para comer são imprescindíveis. “Há paciente que chega ao extremo de só se alimentar para manter o pico de glicemia, tomando café açucarado ou comendo chocolate”, revela a nutricionista. É bom lembrar que o Detox, as marmitas balanceadas e as dietas alimentares são apenas ferramentas para alcançar o peso ideal e auxiliar as mudanças de hábito do indivíduo. Sulanne afirma que é preciso ter consciência de que se alimentar de forma saudável é uma conquista para a vida toda. No box ao lado, a profissional dá dicas importantes para a manutenção de uma vida equilibrada.

Dieta para a vida toda Tenha um café da manhã completo, pois ele determinará suas escolhas alimentares, energia e seu humor do dia. E, principalmente, irá evitar a ansiedade à noite. Consuma no mínimo duas frutas diferentes por dia, de preferência acompanhadas de uma colher de sobremesa de fibras (aveia, chia, linhaça). Consuma no mínimo uma folha verde, duas verduras cruas e duas cozidas no vapor. Para melhorar a saciedade da salada, opte por várias texturas e sabores, como verduras cruas, cozidas, castanhas, frutas e proteínas, como queijo branco, e tempere com iogurte natural. Troque os alimentos refinados por integrais. Evite industrializados, busque alimentos mais naturais e frescos. Tenha uma meta de hidratação, por exemplo, quatro copos de água de manhã, três à tarde e um antes de dormir. Oragnize-se com antecedência, programe suas refeições e tire um tempo para você, evitando interferências, inclusive do celular. Varie o café tomando chás antioxidantes que geram energia duradoura. Evite a monotonia alimentar pois ela deixa o peso estagnado. Evite contar que está de dieta. Quando te oferecerem algo para comer, diga apenas que está satisfeita, para não gerar ansiedade, expectativas ou críticas. Trate o exercício físico como trabalho e não como lazer pois, com o tempo, ele te dará prazer. Cuide do seu psicológico, uma vez que ele está ligado a todos os seus problemas alimentares. Cuide do seu intestino com o consumo ideal de fibras e água. Tenha uma boa noite de sono. Procure acompanhamento nutricional, porque nos alimentamos diariamente e precisamos saber o que o corpo realmente necessita para se ter uma vida saudável.


Festas

Loucuras de amor

Josi Lôbo tem uma profunda atração por histórias de amor, especialmente aquelas que fazem os olhos verterem lágrimas e o coração pulsar acelerado. Com mais de uma década dedicada às festas de casamento, a cerimonial percebeu que mais valem as experiências de amor que pagar caríssimo por um lustre da decoração. Convicta, faz desse conceito a principal ferramenta para organizar bodas mais intimistas e repletas de surpresas que, invariavelmente, levam não só noivos, mas também convidados, a viverem momentos inesquecíveis. A receita tem feito sucesso entre as “noivinhas” - como Josi se refere às suas clientes. Uma prova disso é o feedback que recebe, pelas redes sociais, de clientes convertidas a amigas, entusiasmadas com o trabalho da “fada madrinha” — o título mais recorrente para a cerimonial, também considerada a “queridinha das noivas”. Josi cuida de todos os detalhes, da cerimônia religiosa à recepção, da decoração aos bem-casados que serão servidos, mas é da história de amor do casal que extrai a matéria-prima que permeia todo o seu trabalho. Por isso, ao contratá-la, a primeira coisa que pede aos noivos é que respondam a um extenso questionário, com o sugestivo nome de “História de amor”. Com o “dossiê romântico” em mãos, o céu é o limite para a imaginação dessa cerimonial com vocação para Cupido, o deus romano que andava sempre com seu arco, pronto para disparar no coração de homens e deuses. Josi não mede esforços para realizar todas as “loucuras de amor” (que virou hashtag na sua conta do Instagram) possíveis. A cerimonial já chegou à proeza de, por exemplo, convencer uma noiva a saltar de pa-

Espaço Fotográfico

A cerimonial Josi Lôbo usa histórias de noivos para orquestrar festas de casamento personalizadas, surpreendentes e marcadas pela emoção

raquedas, a andar de skate, a praticar aeromodelismo, a pilotar motocicleta e a jogar pôquer, atividades que o marido, um aficionado por esportes radicais, sempre praticou. A ideia foi fazê-la vivenciar as mesmas sensações, aumentando a cumplicidade entre o casal. Com a ajuda de familiares e amigos, Josi produziu um vídeo que, posteriormente, foi apresentado na cerimônia de casamento como elemento surpresa. Nem precisa dizer que as cenas causaram comoção geral e que não houve convidado que não tenha se emocionado com a prova de amor que havia acabado de presenciar. “Emoções assim são o que mais importam”, revela a cerimonial, que tem como marca evitar ao máximo o protocolo em nome da espontaneidade. “Nada de script. O negócio é deixar as coisas acontecerem e permitir que o amor e a emoção prevaleçam, afinal, casamento é um encontro de almas”, ensina a cerimonial.

Josi Lôbo, durante sessão de fotos com quatro amigas, que já foram suas clientes. Nesse dia, Josi arquitetou, secretamente, a renovação de votos do casamento delas. A desculpa foi vestiremse de noiva para a sessão de fotos


Fotografia Edgard Soares


Capa

Na pista, com Rafa Matos The Book acelerou fundo para mostrar a vida do piloto brasileiro da Stock Car, que se divide entre os circuitos de corrida e os negócios na Flórida, onde reside há mais de uma década por Adevania Silveira

Era início de agosto e o habitual calor já castigava a capital goianiense. A prova mais aguardada da temporada 2014 da Stock Car, a Corrida do Milhão, marcada para o domingo do dia 3, no Autódromo Internacional Ayrton Senna, prometia elevar ainda mais a temperatura na cidade. A equipe da The Book estava animada com a missão que tinha pela frente: acompanhar a rotina do piloto brasileiro Rafa Matos em sua estada na cidade e entrevistá-lo para a matéria da Capa. Na manhã da sexta-feira que antecedeu a prova, encontramos nosso personagem já totalmente imerso nos trabalhos na pista. Metido em um macacão branco e azul, minutos depois de voltar do Shakedown, o treino rápido para testar o carro, Rafa nos recebeu no paddock, sorridente e bem-humorado. Pele bronzeada, 1,75m e cabelo desalinhado, Rafa é a típica figura do esportista de modalidades ao ar livre. A leitura inicial tem fundamento. Além da pista asfaltada, Rafa é fissurado por trilhas de terra. Praticando mountain bike, sente-se tão livre quanto no cockpit do carro.

Dali a poucos dias completaria 33 anos, 23 deles dedicados de corpo e alma ao automobilismo. Começou aos 10, em Belo Horizonte (MG), sua cidade natal, mas seu destino fora traçado ainda na maternidade. O pai, fanático pelo esporte, ao pegá-lo no colo, decretou que o filho seria piloto de corrida. Apaixonado pela Ferrari, batizou-o de Raphael com ph, à maneira italiana. Uma década mais tarde, Rafa foi iniciado no kart e, por três anos consecutivos, de 1993 a 1995, sagrou-se campeão mineiro. Aos 20 anos, escolheu abandonar a faculdade de Marketing e Publicidade e ir morar na Flórida (EUA). Queria seguir com seu sonho, profissionalizar-se e lançar-se em novas categorias do automobilismo. A decisão foi acertada, apesar da contrariedade da mãe, a professora Maria Clorinda da Costa Silva, a Clô, por vê-lo interromper os estudos.


“ATUALMENTE, ESTOU ENVOLVIDO NA CRIAÇÃO DE UM CLUBE DE CORRIDA”

De 2007 a 2009, venceu provas importantes, como a Champ Car Atlantic Series, 24 Horas de Daytona Categoria GT, Firestone Indy Ligths, Rolex 24 e ganhou o prêmio IndyCar Rookie como estreante do ano. Nada mal para um jovem que chegara aos Estados Unidos com irrisórios US$ 10 mil no bolso, desempregado e obrigado a reduzir as horas de treino na escola de base, a fim de economizar dólares. “Nos Estados Unidos, as escolas cobram US$ 1 mil por uma diária de treino e US$ 2 mil para disputas de prova”, explica Rafa. Mesmo treinando metade do tempo que os demais, o piloto brasileiro sobressaiu-se e chamou a atenção da diretora da escola ao ganhar a sua primeira prova. Admirada com o desempenho do jovem, ofereceu-lhe oportunidade de correr em uma categoria acima, livre de pagar a taxa obrigatória. Ganhou novamente a corrida e o respeito definitivo dos dirigentes.

Em 2010, Rafa sofreu dois golpes simultâneos que lhe tiraram o chão: perdeu a vaga na De Ferran Dragon Racing e o pai, no mesmo dia. O fato de a equipe, na qual havia estado nos dois primeiros anos de sua carreira na Indy, trocá-lo por Tony Kanaan tornou-se apenas um detalhe diante da tragédia maior de ver partir o seu maior incentivador. A superação veio com o apoio da família. A irmã caçula, Bárbara Costa Silva Matos, 29, e a mãe acompanham de perto a carreira do piloto. Presentes na prova de Goiânia, as duas aproveitaram para matar as saudades de Rafa, que sempre retorna a Miami nos intervalos das corridas. O atual chefe de equipe não poupa elogios ao pupilo. “Rafa é um piloto raçudo”, define Amadeu Rodrigues, da Hot Car Competições. “É bastante competitivo”, acrescenta o empresário, que aposta todas as fichas no piloto. “No primeiro ano com a gente ele se manteve acima da média. Nesta segunda temporada, está tendo um desempenho muito bom”, afirma. Paralelamente à performance nas pistas, o piloto revela que recentemente se uniu ao empresário Marcelo Callegari, da GT Exotics, empresa sediada em Miami, para criar o Club Racing (leia matéria na página 56), que oferece pacotes de atividades envolvendo automobilismo para o público em geral. O objetivo é aplicar nos negócios o know-how da carreira. Na etapa de Goiânia, Rafa partiu do 14º lugar no grid e pulou para o grupo dos 10 primeiros logo na largada, mantendo-se, assim até o momento em que bateu na traseira do Stock#77, de Valdeno Brito, a cinco minutos do final da corrida, quando os dois acabaram fora da disputa. O resultado da prova foi frustrante para Rafa, mas nada que perturbe a ordem dos objetivos de brevemente conquistar um campeonato da Stock Car e voltar a disputar as 500 milhas de Indianápolis, na qual correu duas vezes. Alguém duvida? A seguir, a entrevista que o piloto concedeu à The Book, em meio a muito ronco de motor e calor senegalês.


Você se destacou bastante em vários momentos como estreante. Esse empenho se deve a quê? Primeiramente, porque tive uma base muito boa no Brasil. O kartismo no Brasil, principalmente na minha época, era muito forte, com grandes pilotos. Muitos pilotos da minha época se destacaram e continuam se destacando. Em segundo lugar, por estar envolvido com as equipes certas, no momento certo. Se estivesse sentado no carro de uma equipe ruim, nada competitiva, certamente não teria tido resultados com tanta expressão. Graças a Deus, além do meu esforço, creio que isso se deve a estar envolvido com as pessoas certas nos momentos certos. Como é a sua rotina nos Estados Unidos? Atualmente, estou envolvido em um projeto da GT Exotics, na criação de um clube de corrida. Vamos oferecer ao público uma experiência dentro de pistas de corrida. Tenho também uma rotina de treino, além de uma equipe de kart de competição, que é uma grande paixão e um esporte que levo muito a sério. Sou apaixonado por ciclismo, e Miami é uma cidade maravilhosa para a prática deste esporte. É segura, tem vias preparadas para isso, é uma cidade que te abraça, tem clima agradável, está a poucas horas de voo do Brasil e tem a questão da proximidade com as pistas de corrida. Como vai funcionar essa parceria com a GT Exotics? No clube, vamos oferecer alguns pacotes: os corporativos, para empresas que desejam dar aos seus funcionários uma experiência dentro de uma pista de corrida com um piloto profissional. Teremos também pacotes para pilotos semiprofissionais, que queiram ir a Miami para, durante dois dias, treinar comigo, analisar dados, estudar telemetria (medição do comportamento do carro, usan-

“MEU PROJETO É A BUSCA INTENSA POR DINHEIRO, PARA MANTER A CARREIRA VIVA”

do transmissão de dados por ondas) e procurar melhorar a performance. Por fim, há o pacote para iniciantes, para quem nunca teve oportunidade de pilotar um carro de corrida. Vamos agregar também algumas técnicas do kartismo. Temos planos de levar pilotos do Brasil para treinamentos em Miami com kart e com os nossos carros de corrida. Na Stock Car, há o carro de volta rápida, idêntico ao da categoria, mas com o acréscimo do banco de passageiro. Várias equipes da Stock Car têm este carro de volta rápida. A GT Exotics vai utilizar esta ferramenta para que o público possa ter uma experiência também. Tem projetos para além das pistas? O projeto é a busca intensa por dinheiro para manter a carreira viva (risos). O automobilismo é um esporte que exige muito investimento. Com a morte do meu pai, nos últimos anos, tive que tomar conta da minha vida financeira, que já é muita coisa. Além de treinar e de me preparar fisicamente, tenho de cuidar de patrocínios, viagens, entre outras coisas. Por que decidiu mudar-se para Miami? Corri de kart dos 10 aos 20 anos no Brasil e, depois disso, teria de fazer uma opção: ir para a Europa ou para os Estados Unidos. Tive oportunidade de ir para os Estados Unidos, agarrei-a e venci todas as categorias de base. O legal é que nos Estados Unidos tem um sistema de bolsa: ao ganhar um campeonato, o piloto avança para o próximo. Funciona como uma escada. Tive a felicidade de vencer todos os degraus até chegar à Fórmula Indy, em 2009. Quantas horas você treina por dia? Costumo fazer musculação de manhã e cardio (aeróbico) à tarde ou à noite. Tenho um treinador que vai à academia do meu prédio três vezes por semana e revezo com mountain bike. Cresci em Belo Horizonte praticando esta modalidade. Em Miami, há um parque com pista para mountain bike, a dez minutos da minha casa. Essa é a minha maior diversão e é parte do treino. Além de exigir muito na parte de cardio, é um treinamento de eye-hand coordination (coordenação de mão e olho), que prepara o cérebro justamente para o carro de corrida.


Você perdeu seu pai em 2010, uma figura importante na sua vida e na sua carreira. Como você lida com esta perda? No mesmo dia em que perdi meu pai, em 2010, perdi também a minha vaga na Fórmula Indy. Foi anunciado um piloto em meu lugar por questão de patrocínio. Foi um baque muito grande, algo que me atordoou muito. Perdi uma vaga pela qual lutei 10 anos, mas, depois de ver meu pai morto (Rafa foi quem encontrou o corpo do pai, já sem vida, depois de sofrer um infarto), aquilo se tornou um detalhe para mim. Meu pai era meu empresário e meu melhor amigo, mas as perdas fazem parte da vida. Acho que o fato me fortaleceu como homem. Graças a Deus sempre tive uma família muito unida.

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Você é apontado como um cara perfeccionista. É verdade? Sou virginiano (risos). Sou perfeccionista em algumas áreas, mas em outras sou muito largado. Eu diria que oscilo entre os extremos e, às vezes, tenho de tomar um puxão de orelha. Isso te atrapalha? Profissionalmente não, porque, nesse campo, sou extremamente perfeccionista. Automobilismo é preto no branco. Não existe sorte, existe trabalho. Performance, resultado e vitória são respostas de um trabalho bem-feito. O que você gosta de fazer para se distrair, como lazer? Ando de bicicleta... Corre... Sim (risos), assisto filmes. Foi justamente por isso que escolhi morar em Miami. Prefiro me sacrificar, voar sete horas e voltar para um lugar que sei que posso andar com minha bicicleta, que é supercara e ferramenta de trabalho, sem correr risco de me roubarem ou de ser atropelado por um carro. As vias são preparadas para isso, tenho um treinador do lado da minha casa e uma pista de kart a meia hora de onde moro. Além disso, todo o equipamento que utilizo é muito mais barato lá. Tenho o Green Card, e isso facilita muito. Posso fazer nos Estados Unidos o que eu quiser em termos de trabalho.

E balada? Até agora você só falou em trabalho. Gosto também (risos)! Sou um cara muito focado, mas tenho um lema: “Tudo na vida é moderação, até a própria moderação”. Se você não estiver pisando no calo de ninguém, não estiver passando ninguém para trás, o importante é fazer o que te faz feliz. Algo te incomoda no mundo do automobilismo? Acho que inveja é uma coisa muito problemática. Às vezes a pessoa tem inveja e você nem percebe. Mas é um negócio que te leva para baixo. O automobilismo, apesar de ser um esporte muito bonito e glamouroso, nos bastidores há muita gente tentando te passar para trás. É muito dinheiro envolvido e, por isso, há também muita inveja também. Busco ficar longe destas coisas e manter minha cabeça focada na performance e no trabalho. Você é consumista? Vaidoso? Nem um pouco. Sou consumista com capacetes, bicicletas, equipamentos.


Fotos: Vanderley Soares

Em sentido horário, Rafa no clima da disputa da Corrida do Milhão, em Goiânia: com o capacete que mandou estilizar; no box, com a mãe Maria Clorinda e a irmã Bárbara; Rafa conversa com o companheiro de equipe, Felipe Lapenna; concentrado, pronto para encarar a pista; Rafa parabeniza o chefe de equipe Amadeu Rodrigues, da Hot Car, que aniversariou no dia da corrida

Mas você é, sim, vaidoso (entrega a assessora de imprensa da Hot Car, Beatriz Alencar, que acompanha a entrevista)... Sou (pensativo)? É, eu uso Olay desde os 25 (risadas). Ah, então você usa antirrugas? Quem não usa? Sou um cara vaidoso, sim (mais risos)! E também uso protetor solar. Então podemos dizer que é metrossexual? Está doida (risadas sonoras)?! Não, sou muito macho! Me desculpe, mas sei exatamente o que é um metrossexual. Apenas faço tudo o que vai me beneficiar no futuro, que vai me fazer bem!

“ACHO INVEJA UMA COISA PROBLEMÁTICA. É UM NEGÓCIO QUE TE LEVA PARA BAIXO”

Cuida da alimentação? Sim. Tirando a comida da minha mãe, gosto muito de comida japonesa, italiana e de strogonoff de carne. Também gosto de cozinhar; quase fiz um curso de culinária, ano passado, na Califórnia. Sou bem eclético em matéria de cardápio. O que sua mãe costuma cozinhar para você? Frango com quiabo, carne de panela. A gente tem uma casa, em um lugar fora de Belo Horizonte, que se chama Serra do Cipó. Lá construímos uma casa bem legal, com um fogão a lenha para dar aquele gostinho especial na comida. Para vestir, prefere quais marcas? Versace, Hugo Boss e até marcas mais simples, como a Guess. Mas não sou exigente, não tenho grandes preferências. Muitas vezes compro aquela que me cai bem, mesmo que não seja de um grande estilista. O que gosta de ouvir? Também sou eclético com música. Gosto de rock’n’roll, eletrônica, MPB, samba. Não curto muito sertanejo. Desculpa (risos).


“UM DOS MOMENTOS MAIS EMOCIONANTES FOI VENCER AS 24 HORAS DE DAYTONA” Desculpa para mim? Imagina, fiquei sua fã. Também não curto. Estou há muito tempo em Miami e lá só se ouve música eletrônica. Que locais gosta de frequentar em Miami? Moro em Bridal, do lado de Biscayne Bay e do centro de Miami. É uma área residencial e comercial bastante nobre. Posso ir aos melhores restaurantes, a qualquer lugar, sem tirar meu carro da garagem. Mas gosto de ir a uma pizzaria, a Piola, ao lado da minha casa. Não cozinha em casa? Gosto de fazer paella. O último presente que ganhei da minha namorada foi uma panela elétrica.

Rafa Matos, da equipe Hot Car Competições, compete na Stock Car e sonha em voltar a disputar as 500 milhas de Indianápolis, nos Estados Unidos

Que momento considera mais emocionante da carreira? Foram tantas histórias, mas eu diria que um dos momentos mais emocionantes foi quando vwnci, em 2008, as 24 Horas de Daytona, uma corrida extremamente difícil e brutal. São 24 horas de corrida! Ganhei um Rolex e quem me foi o Dan Gurney, o maior piloto da F1 norte-americano e o primeiro do seu país a pilotar um carro da Ferrari (o hábito de estourar champanhe no pódio como forma de comemorar a vitória começou por ele. Em 1967, no pódio das 24 horas de Le Mans, de forma totalmente espontânea, Dan estourou uma garrafa ao vencer a corrida). O meu pai, como era um grande fã da Ferrari, subiu ao pódio comigo. Então, pedi ao Dan Gurney para assinar a caixa do relógio e, em seguida, a dei para o meu pai. Foi um momento muito marcante para mim.



Carros de Luxo

Disney com ronco de motor Startup de brasileiro na ensolarada Miami entra no páreo para disputar milionários dispostos a viver as emoções de pilotar carros raros e exóticos

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por Adevania Silveira

Dirigir um veículo a 150mph, sentir a pressão da força-g empurrando o motorista contra o banco enquanto o carro faz uma curva a 80mph e ouvir o ronco do motor de uma McLaren MP4-12c, o bólido de rua com todas as características de um carro de corrida, são emoções que cada vez mais famosos e abonados do mais high profile de todo o mundo estão buscando ao desembarcarem na ensolarada Miami. Seja qual for a motivação — experimentar a eficiência de um automóvel exótico e raro que só se vê em filmes, chamar a atenção por onde quer que passe, ou simplesmente aproveitar o vento que sopra do oceano Atlântico—, a brincadeira, uma espécie de atração da Disney para marmanjos, só que com muito mais realismo, não poderia ter cenário melhor. As extensas e largas vias da cidade balneário são ideais para explorar ao máximo o potencial destas máquinas.

Porsches, Ferraris, Mercedes, Bentleys, Maseratis, Corvettes, Lamborghinis e Cadillacs — famosos carros dos ex-presidentes e milionários norte-americanos — são exemplos dos carrões que os apaixonados por velocidade estão sempre prontos a botar as mãos e a testar os seus limites. Dentre os fãs dessas supermáquinas estão CEOs e celebridades brasileiros, europeus e asiáticos, especialmente banqueiros chineses e novos ricos russos, interessados na satisfação de dirigir com segurança e no status que esses veículos proporcionam. De olho nesse mercado em franco crescimento, há seis meses a GT Exotics, startup do ramo de aluguel de carros de luxo e modelos exóticos, fundada pelo empresário e galerista brasileiro Marcelo Callegari, 40, entrou no páreo decidida a apimentar o negócio e a transformar os sonhos desta milionária clientela em experiências únicas. Para começar, fechou parceria com o piloto mineiro de Stock Car, Raphael Matos e, juntos, criaram o Racing Club, especializado em programas automobilísticos nas históricas pistas de corrida no sul da Flórida, a Homestead Miami Speedway e o Palm Beach International Raceway.


Fotografia Jasen Delgado

McLaren MP4-12c, o bólido de rua com características de um carro de corrida: emoções que a GT Exotics proporciona a abonados clientes



Trio de belezuras, da esquerda para a direita: Bentley GTC Conversível, avaliado em R$ 1,4 milhões; McLaren MP4 12c, biturbo, avaliado em R$ 2 milhões; e a cobiçada Ferrari


O clube oferece três pacotes: o corporativo, destinado a empresas que desejam oferecer aos seus executivos experiências em uma pista de corrida, tendo Matos como copiloto; outro dirigido a aspirantes a pilotos de corrida que queiram aprimorar a prática com dicas do profissional e, por fim, um dirigido a iniciantes, pessoas que nunca tiveram oportunidade de pilotar um carro de corrida. “Nosso clube de corrida eleva essas experiências a um nível totalmente novo e permite aos nossos membros aprender, treinar e dirigir com um dos melhores pilotos de corrida profissionais do mundo”, afirma Callegari, que recentemente esteve em Goiânia, onde a GT Exo-

tics entrou como uma das patrocinadoras da Corrida do Milhão, realizada em 3 de agosto. A GT Exotics só trabalha com automóveis da frota própria, com 22 modelos de carros high end, alguns deles exclusivos, capazes de fazer palpitar o coração de qualquer mortal. Entre as belezuras estão um McLaren MP4 12c, biturbo, com fabricação anual limitada a mil unidades cujo valor de mercado chega a R$ 2 milhões; um Bentley GTC, avaliado em R$ 1,4 milhões; e exemplares de Maserati GranTurismo conversível, Mercedes SL, Corvette Stingray conversível; Cadillac CTS-V, Cadillac Escalade, Porsche Panamera e Camaro Hennessey. A cereja do bolo, no entanto, é a cobiçada Ferrari FF de quatro lugares, rara tanto em Miami quanto no Brasil (pelas contas de Callegari só existem três delas no território nacional), avaliada em R$ 3,3 milhões. As diárias de aluguel dos modelos vão de US$ 300 a 3 mil. A GT Exotics promete a inclusão de mais duas máquinas na coleção para breve: uma Lamborghini Huracán, que somente estará disponível no Brasil no segundo semestre de 2015, e o Porsche Macan S que, quando desembarcar no País no final do ano, já estará disponível na GT Exotics. O know-how da empresa, no entanto, não se detém às pistas de corrida e aos carros luxuosos. Como prazer é palavra-chave de Miami, onde em cada esquina há fantásticos resorts, flagship stores das maiores maisons do planeta, restaurantes de luxo e clubs de fama internacional, a GT Exotics elabora programas culturais e de lazer personalizados, como o Night Club


Na foto acima, Bentley GTC Conversível e o cenário majestoso de Miami; nas duas páginas, detalhes do interior dos veículos

“O RACING CLUB PERMITE TREINAR COM UM DOS MELHORES PILOTOS DO MUNDO” Tour que, como o próprio nome diz, não só dá o mapa dos spots mais efervescentes como faz as reservas e transporta o cliente aos endereços; realiza tours culturais pelas mais importantes galerias de arte, incluindo assessoria para eventuais compras, e tours gastronômicos. Os serviços incluem ainda passeios com motoristas que fazem as vezes de guia turístico. Como nos Estados Unidos somente pessoas com mais de 25 anos podem alugar carros, a empresa criou pacotes especiais para crianças e jovens. O motorista realiza o passeio com duração de 45 minutos, incluindo filmagens e registro fotográfico do cliente mirim. O tratamento de primeira se estende a voos de helicóptero e a passeios de barcos pelo balneário feitos por empresas parceiras. Com um simples contato por telefone ou e-mail, é pos-

sível, por exemplo, armar uma festa para 600 convidados em um barco de 283 pés, com duração de 10 horas, por US$ 200 mil, incluindo serviço de buffet e bar. Se o valor for dividido entre os convidados, sai mais em conta que uma balada em São Paulo. E então, já comprou o seu bilhete de férias para Miami? Consulte endereço na página 90


Bússola

Sob o céu de Bordeux Na cidade onde o sol e a lua se encontram, a beleza natural, a história e os sabores dos melhores vinhos franceses produzidos em cerca de oito mil chateaux seduzem turistas o ano inteiro 62 63

Por Mônica Novaes

“Aqui não temos bons vinhos.” Os visitantes se entreolham, surpresos e com um inevitável ar de interrogação. Até que a jovem sommelier, com um sorriso malicioso, se apressa em completar a frase: “aqui temos, na verdade, os melhores vinhos!” Presunção? Exagero? Ou orgulho que tem razão de ser? A afirmação marcou o início de um delicioso passeio pelo Musée du Vin et du Négoce (Museu do Vinho e dos Negócios), em Bordeaux, um lugar de história e de memórias das grandes famílias negociantes de vinhos bordeleses. O museu fica no coração do Quartier de Chartrons, estrategicamente, a uma centena de metros do antigo porto da cidade, de onde saíam os produtos exportados mundo afora. Por trás da elegante fachada da casa número 41, na Rua Borie, abrem-se as portas de um lugar mágico. A arquitetura do século XVIII é predominante. Dizem que há mais de dois mil anos é em Bordeaux que sol e lua conseguem se encontrar. Não por acaso. O principal porto da cidade fica onde se forma uma majestosa

curva ao longo do Rio Garona, lembrando uma meia lua. É o lugar onde os grandes negociantes apresentaram ao mundo o chamado “ouro de Bordeaux”: o vinho nascido sob o sol da Aquitânia, no sudoeste da França. No museu, mergulhamos em uma viagem pelo tempo. Réplicas de caves, antigas barricas de envelhecimento do vinho, modelos de garrafas para exportação e detalhes do savoir–faire dos produtores da bebida. A diversidade do solo na região deu origem aos vinhos mundialmente apreciados e classificados como os melhores do país. Eles são o resultado do clima geralmente temperado, com inverno mais curto e bastante umidade vinda do Oceano Atlântico. Cerca de oito mil chateaux – nome dado às propriedades produtoras – se orgulham de dar origem à nobre bebida.


Fotografia Rimene Amaral

Na Place Saint Pierre, em Bordeaux, restaurantes servem o famoso e irresistĂ­vel menu dĂŠgustation



Passeio ao ar livre ao redor da catedral de Bordeaux, em estilo gótico

No alto, em sentido horário, o quadrilátero onde estão concentrados o comércio local e as grandes grifes de moda; o moderno trainway é ótima opção para explorar Bordeaux e seu entorno; barris onde se guarda a nobre bebida; arco na cidade medieval Saint-Emilion

É simplesmente obrigatório se aventurar nas inúmeras opções de visitas aos produtores com direito à degustação e às aulas de enologia. Os preços variam de € 60 a € 100 por pessoa. É possível participar de passeios que incluem transporte em ônibus com ar condicionado, passando por até três vinícolas, degustação de vinhos e uma refeição completa. Tudo acompanhado por um guia bilíngue — francês/inglês. Os preços dependem do destino escolhido. Depois da imersão na história do vinho bordelês, seguimos para a cidade medieval de Saint-Émilion. Uma surpreendente igreja em monólito — uma estrutura geológica constituída por uma única e maciça rocha — está entre as principais atrações. Quando se pensa que tanta beleza já foi suficiente aos olhos, aos pés da catedral se tem uma vista privilegiada das vinícolas e da paisagem verdejante que rodeia a cidadela. A poucos minutos de carro de Saint-Émilion, ‘nous voilà’ au Chateau de Laudes. A propriedade pertence à família Artigue, que também é dona de vinhedos nos chateaux La Guillaumette, onde é feito um Bordeaux Supérieur de l’Entre-deux-Mers. O vinho produzido nesta antiga fazenda do século XVII seduz com facilidade os mais exigentes paladares. Desbravamos a região sob o clima ameno do mês de abril, com temperaturas variando entre seis e 20 graus centígrados e o sol sempre presente, perfeito para caminhadas sem pressa, apreciando a rica arquitetura. Mas se bater o cansaço, as linhas de tramway –bondes elétricos – são extremamente funcionais.

BORDEAUX É PERFEITA PARA CAMINHADAS SEM PRESSA, APRECIANDO A RICA ARQUITETURA Outra opção divertida é alugar bicicletas tradicionais ou elétricas e motos scooters. O preço para as bikes varia de € 7, pelo período de quatro horas, a € 92, por 21 dias. Já pelas motos elétricas é pago o valor de € 8 para o passeio de quatro horas e até € 399 para ficar com o veículo por 21 dias. O preço inclui equipamentos de segurança, como capacete e seguro pessoal e para terceiros. Na baixa temporada – de outubro ao fim de março – o valor cai pela metade. Bordeaux é também um convite irresistível aos fotógrafos. Durante o dia, a luz natural revela belezas irretocáveis. À noite, a iluminação especial dos prédios apresenta uma nova Bordeaux, moderna e exuberante. Cada caminhada traz surpresas, como praças, onde livros são expostos em estantes para um intercâmbio de civilidade e cultura. Você pega emprestado e deixa outro no lugar. O Rio Garona é outro protagonista. Às suas margens se encontra a Place da La Bourse, lugar de visita obrigatória. O espelho d’água instalado no local atrai turistas que se divertem com a névoa fina que sai das tubulações. A ponte de pedra, também conhecida como Ponte de Napoleão, durante muito tempo foi o único meio que os bordeleses tinham para atravessar o Garona. Podemos dizer que a ponte está para Bordeaux como a Torre Eiffel está para Paris. Mais de quatro mil trabalhadores se dedicaram à construção do verdadeiro monumento em pedra e tijolos, com 487 metros de extensão e 17 arcos – correspondentes às 17 letras do nome Napoleon Bonaparte –, erguida sobre 16 pilares.


A primavera traz as temperaturas amenas e jardins floridos, como os da Place de La Bourse

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No centro histórico, a dica é perder-se entre os charmosos restaurantes. Mas, não perca a hora! A maioria dos estabelecimentos tem horários rigorosos para servir refeições. É claro, descobrimos agradáveis exceções, como o restaurante Le Saint-Georges, na Place Camille Jullian, aberto todos os dias, de meio-dia à meia-noite. Experimente os camarões (scampi) ao alho e óleo e molho de limões sicilianos, ou vieiras (coquilles Saint Jacques) ao molho moussseline. Divinos! Uma vez à mesa, seja qual for a escolha do restaurante, não hesite em comandar os irresistíveis menu dégustation. Eles incluem entrada, prato principal, sobremesa e vinho com preços a partir de € 18 por pessoa. Escargots, confit de canard e salada com chévre chaud (queijo de cabra grelhado com mel) estão entre minhas recomendações. Uh-lá-lá! E, na taça, sempre um excelente Bordeaux. Na aconchegante praça de Saint Pierre, os restaurantes Le Petit Pierre e La Terrasse Saint Pierre têm preço justo, atendimento rápido e cortês, além de boa música e pratos saborosíssimos. E, lembre-se: estamos em Bordeaux, portanto, faça questão de sempre preencher sua taça de vinho com um legítimo da região. A fachada comercial da Rua Santa Catarina revela o rico passado da cidade. Numa balade à pied pela manhã, é possível visitar os principais monumentos do centro histórico – Girondind, Place des Quinconces, Igreja Notre-Dame, parte externa do Grand-Théatre. Não deixe de ir ao Quartier Saint Pierre para uma caminhada pelas praças do Parlamento, da Bolsa de Valores, e admirar as fachadas do século XVIII. A cidade cortada pelo Rio Garona foi tombada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco em 2007. Queridinha dos franceses, Bordeaux é a segunda cidade mais visitada na França. Só em 2013 recebeu mais de três milhões de turistas que se entregaram às tentações gastronômicas, naturais e históricas da região. Você vai constatar que um legítimo Bordeaux dançando na taça é, sem dúvida, um dos brindes mais inesquecíveis a se fazer nesta vida. À votre santé!

Onde ficar Para explorar o melhor da cidade, a sugestão é se hospedar no centro histórico, cercado pela belíssima arquitetura completamente restaurada e ainda mais atraente. Minha experiência foi em um appartcity, na Rua General Larminant, 36, centro, com diárias no valor de € 60, em quarto duplo, na baixa temporada. Uma grande comodidade é o espaço — coisa rara em território francês — e as instalações que oferecem cozinha completa, com frigobar, micro-ondas, pia, utensílios, fogão, lava-louças — para o preparo de pequenas refeições. O valor não inclui café da manhã, que custa € 8 adicionais, mas recomendo degustar os deliciosos croissants, baguetes e o pain au chocolat na padaria mais próxima. Ou, ainda, se municiar de delícias para tomar o café no quarto. O cinco estrelas Grand Hotel de Bordeaux & Spa fica em frente ao Grand Théatre, no coração do centro histórico e ao lado das boutiques de luxo da cidade. O hotel oferece serviços de concierge, de babá — mediante pedido —, restaurante gourmet e um spa e centro de bem-estar com mil metros quadrados. Um luxo só. Os quartos são decorados com móveis do século XIX e incluem um elegante banheiro revestido em mármore com banheira, roupão e chinelos. A diária para quem pode: a partir de € 800.


Ponto de Vista

Jamais perder a piada por Bruno Bizerra

Gosto de acreditar na tradição liberal que a civilização ocidental conhece e cultiva há mais de duzentos anos. Aprecio, portanto, a ideia de que todos nascem iguais em direitos, que a liberdade pessoal não deve ser solapada por nenhum poder, estatal, econômico ou religioso. Numa democracia contemporânea, tais conceitos, de tão conhecidos e valorizados, sequer precisariam ser defendidos, certo? Pois é. Liberdade pessoal significa também liberdade de expressão ideológica, artística, filosófica. Se eu sou livre para dizer o que penso, correspondentemente devo estar preparado para ouvir coisas com as quais não concordo e, se sigo não concordando, paciência, devo ao menos aceitar que o outro as defenda, conforme, por assim dizer, as regras do livre trânsito no mercado das ideias. É curioso, no entanto, como podemos falhar de forma lamentável nesse ponto e como podemos ser intolerantes. Às vezes parece que séculos de processo civilizatório podem não nos ter preparado – olha só – para uma simples piada. E lá se vão o bom senso e a elegância. O humor pode ser uma ferramenta poderosa para escancarar o erro, o absurdo de um pensar ou proceder. Muitos concordam que ele serve como elemento de reação da inteligência contra a burrice institucionalizada nas certezas, nos lugares comuns, nas frases feitas. Só que há problemas, como é o de, evidentemente, não gostarmos muito de sermos o alvo da piada. Além disso, alguns consideram que, para certos assuntos, o tratamento humorístico é simplesmente inaceitável, de sorte que sim, há tabus.

Penso, todavia, que se um cientista, um político, um jornalista ou um sacerdote devem ter assegurada a oportunidade de defender seriamente seus pontos de vista em público, os mesmíssimos assuntos de que tratam podem ser objeto de piada. Simples assim. Não acredito sequer em utilizar um obscuro critério, qual seja, o da diferença entre piada boa e piada ruim, para autorizar quem quer que seja a proclamar o que é ou não aceitável. “Bom gosto” pode ser outro nome para aquilo que antigamente costumavam chamar de “moral e bons costumes”. Alguém disse que humor é timing, saber atacar um assunto pelo ângulo apropriado e no ritmo certo. Admito que não sei se não confessaria mesmo ter inveja dos que são dotados da capacidade de cadenciar o discurso e ir preparando o ouvinte para aquele clímax que convoca ao riso e, ao mesmo tempo, faz pensar. Claro, tenho ouvido muitas coisas detestáveis, nem um pouco engraçadas, sobretudo da parte de alguns desses humoristas que por aí vão dominando a TV e a internet. Mas é arriscado ser juiz desses caras, cair na armadilha sedutora da patrulha, estética ou ideológica. Além disso, suponho que ninguém vai querer fazer o papel de chato, mal-humorado ou, pior ainda, de cretino que não entende a piada. Sendo liberais, podemos escapar do vexame.

*Bruno Bizerra é advogado, professor e aficionado por livros e literatura. Você também pode lê-lo no site www.thebook.is


Viva Paris

O charme das galerias e passagens por Cristina Pinheiro de Abreu

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Paris é uma cidade com uma arquitetura muito rica e surpreendente. Numa caminhada, sempre nos deparamos com um prédio ou um monumento que chama a atenção. Dentro deste complexo arquitetônico existem as passagens e galerias que interligam duas ruas. São lugares interessantes para se visitar, conhecer ou flanar, como dizem os franceses para as andanças sem destino. Essas passagens cobertas têm iluminação zenital (claraboias que permitem a passagem da luz natural), com tetos de vidros, e funcionam como centros comerciais, preservando a rica arquitetura original. A maioria delas foi construída no final do século XIX, no Rive Droite, o lado direito do rio Sena, na região dos Grands Boulevards, uma área que abrigava pessoas de nível mais elevado e com maior poder de compra. Com a reforma urbanística de Paris feita pelo Barão de Haussmann, muitas desapareceram, mas ainda hoje pode-se admirar e voltar ao tempo com esse tipo de comércio particular que elas apresentam.

Vamos falar de algumas delas, que são verdadeiras joias do patrimônio de Paris, e fazem parte do roteiro turístico da cidade. Portanto, ao visitar a Cidade Luz, não deixe de incluí-las no seu passeio.

Galerie Vivienne Inaugurada em 1860, a mais famosa passagem coberta de Paris foi concebida pelo arquiteto François Jean Delannoy em estilo neoclássico e fica no Deuxième Arrondissement, entre a Place des Victoires, Palais Royal e Biblioteca Nacional. No centro da galeria, há uma grande cúpula de vidro, e o piso é composto por mosaico geométrico desenhado por Giandomenico Facchina e Mazzioli. A galeria, de 176 metros de comprimento e três metros de largura, atrai inúmeros visitantes por suas boutiques, restaurantes e, é claro, por sua admirável beleza.


Ao lado da Galerie Vivienne está a concorrente Galerie Colbert que, ao contrário da sua vizinha, não tem comércio. Construída em 1826, após um período de decadência, foi fechada e destruída em 1975. Graças aos investimentos da Biblioteca Nacional, foi reconstruída em 1985, respeitando seu projeto original. Nela estão o Instituto Nacional de História da Arte e o Museu Charles Cros. Próximo a uma de suas entradas está o famoso restaurante Le Grand Colbert, cenário do filme Tout Peut Arriver (Alguém tem que ceder, em português), com Jack Nicholson e Diane Keaton, lugar preferido de bem nascidos, turistas e artistas de cinema.

Passage Panorama Esta galeria também fica no Deuxième Arrondissement, com entrada pelo Boulevard Montmartre, indo até a Rue Saint Marc. Foi construída entre 1799 e 1800 no lugar do Hôtel de Montmorency-Luxembourg. É sempre animadíssima, de dia ou de noite, com excelentes restaurantes. Lá se encontra o ateliê de gravação de Henry Stern, desde 1834, que cuidava da impressão dos cartões de visita de Charles de Gaulle, Lênin e Stalin. Hoje imprime os menus dos principais restaurantes parisienses, entre outros serviços. Nela está também o restaurante do chef Shinichi Sato, o Passage 53, duas estrelas no guia Michelin.

Galerie Véro-Dodat A charmosa passagem Véro-Dodat está situada no Premier Arrondissement, entre as ruas Jean Jacques Rousseau e Du Bolois. Foi construída em estilo neoclássico no começo do século XIX para servir de passagem entre o Palais Royal e Les Halles. O nome vem dos seus fundadores, os açougueiros e investidores imobiliários Véro e Dodat. O piso é revestido por uma trama diagonal de cerâmicas brancas e pretas, que cria um interessante efeito de profundidade. Antigas lojas se misturam às grifes de luxo, como a By Terri, famosa linha francesa de maquiagem, e duas Louboutin (homem e mulher), dos cobiçados solados vermelhos.

Fotos: Divulgação

Galerie Colbert


Offices Criativos

Fábrica de ideias Lúdico, funcional e com uma atmosfera de galpão industrial, o escritório da premiada AMP Propaganda é um ambiente inspirador e convidativo, onde você fica com vontade de trabalhar 70 71

Por Adevania Silveira

Há seis anos, quando decidiram que era hora de mudar a empresa para um espaço mais amplo, os sócios e irmãos Marco Antônio, 47, e Paulo Augusto de Pádua Siqueira, 46, da AMP Propaganda, sabiam muito bem o que queriam: um lugar despojado, colorido, com cara de galpão industrial e que expressasse o espírito da agência. O pedido foi acatado à risca pela arquiteta e urbanista Janaína de Castro, primeiro, porque se tratava de um projeto “familiar”. Os clientes em questão eram o cunhado e o marido, respectivamente. E, em segundo lugar, porque o desejo de ambos fazia jus ao conceito da empresa desde que fora fundada, em 1993. A área de 1.100 metros quadrados no Condomínio Cidade Empresarial, business park localizado em Aparecida de Goiânia, vizinha à capital goiana, foi o local escolhido para erguer o novo edifício. O acesso ao polo de empresas é feito pela movimentada Avenida Rio Verde, mas, depois de cruzar a portaria, no ambiente reina a tranquilidade de uma praça de interior.

A construção rústica de tijolos de concreto aparente se destaca entre as demais pelo estilo arrojado e pouco convencional, a começar pela fachada dinâmica, onde um grande painel de cimento dá suporte ao adesivo temático, trocado de tempos em tempos. A entrada é feita pela lateral, voltada para o sudeste, depois de cruzar uma fileira de palmeiras. A arquitetura chama a atenção de visitantes e clientes, que se encantam com o cenário tão lúdico. Janaína projetou uma caixa retangular de três pavimentos, com 730 metros quadrados, usando apenas 60% do terreno. O restante foi integrado como deck, praça pública e estacionamento privativo, que no futuro pode dar lugar a uma possível ampliação. A arquitetura cria condições especiais de ventilação e iluminação naturais que resultam em eficiência energética para o espaço.


Fotografia Edgard Soares

Panos de vidro integram exterior e interior e permitem a intensa luz natural inundar todos os ambientes



A intensa luz natural banha todo o prédio por meio de um pano de vidro que vai do teto ao chão. O lado oposto, a noroeste e, portanto, de maior insolação, é completamente vedado, equilibrando a temperatura interna. “Durante o dia, há pouca utilização de luz artificial”, explica Janaína enquanto apresenta a agência à The Book. A necessidade de acesso por elevador, elemento que a princípio poderia destoar da arquitetura do prédio, foi resolvida pela própria arquiteta, que concebeu uma caixa de vidro sustentada por uma haste de aço. “O elevador foi solicitado depois de o projeto quase finalizado, mas está tão bem integrado ao ambiente que parece ter feito parte do projeto desde o início”, revela a arquiteta. E com razão. O item fortalece ainda mais as referências às antigas construções industriais europeias.

A LUZ NATURAL BANHA O PRÉDIO POR MEIO DA CORTINA DE VIDRO

A escada que interliga os três pavimentos fica na área central da construção, dividindo os dois blocos principais do prédio

Além do tijolo de concreto e do piso cimentício, Janaína privilegiou materiais aparentes nas estruturas metálicas, instalações elétricas e tubulação do ar condicionado. As divisórias internas são de vidro, inclusive as das salas da diretoria, abrindo caminho para a luz. O fechamento, quando necessário, é feito por persianas. A transparência impõe-se como conceito tanto no trabalho quanto na interrelação com os 60 funcionários da agência. A divisão dos ambientes é bastante simplificada, com salas aninhadas nas duas extremidades do prédio, com a circulação, por escada ou elevador, concentrada no vão central. No terceiro piso estão as duas salas da diretoria de um lado e, do outro, a de reunião que, por sua vez, abre-se para um delicioso solarium depois de cruzar uma grande porta de vidro de correr. É ali que muitas vezes as conversas se estendem sob um colorido pôr do sol.


Em sentido horário, no alto, a recepção vista do terceiro piso, banhada pela luz natural; na sala da diretoria, objetos vintage, cadeiras Kartell. O vermelho da mesa e do frigobar dá vida ao ambiente; sala de reunião, com saída para o solarium e o colorido departamento de criação


A escada de aço se destaca no vão central do escritório; abaixo, detalhe da sala da diretoria

SALA DE REUNIÃO DÁ LUGAR À AULA DE YOGA TRÊS VEZES NA SEMANA Na sala de reunião, o assunto não se restringe a trabalho. Três vezes por semana, funcionários usam o espaço para praticar yoga, aproveitando o horário do almoço. Eu não disse que se tratava de um lugar pouco convencional? No segundo pavimento estão as salas de atendimento de mídias, produção gráfica, produção digital e administrativo-financeiro. E, por fim, no térreo, funciona o “coração” da agência, o departamento de criação, com estações de trabalho enfileiradas e paredes coloridas por um extenso mural de desenho. No hall, com seu pé-direito alcançando o terceiro piso, a arquiteta conseguiu integrar ainda mais a natureza. Uma palmeira plantada próxima ao elevador “quebra” a aridez do concreto. Ao lado da recepção, a porta de vidro de correr abre-se para o deck com mesas e cadeiras, oferecendo aos funcionários a possibilidade de trabalhar ao ar livre. A praça em frente é aberta ao público. Janaína criou blocos de cimento e os posicionou próximo às árvores que se alinham ao muro, oferecendo mais interatividade com o entorno. “A ideia foi integrar o prédio com a área externa e ainda preservar o espaço para uma futura ampliação”, conta Janaína. Os sócios planejam levantar um espaço para receber eventos culturais e instalar a cafeteria. Será que estão contratando jornalistas?


Marco Ant么nio brinca de filmar o irm茫o e s贸cio Paulo Augusto, no solarium que fica no terceiro pavimento do escrit贸rio


Arquiteta e urbanista Janaína de Castro, que assina o projeto do escritório da AMP Propaganda; a praça integra o entorno e abre-se para o uso do público que circula no condomínio; no deck, funcionários trabalham ao ar livre

Estilo de vida Neurocientistas já demonstraram que existe uma relação entre desempenho no trabalho e aspectos do ambiente em que ele é realizado, como a altura da sala e a quantidade de luz natural que entra. Marco Antônio, o Marquinhos como todos o conhecem, leva a sério o conceito, e o desempenho da agência é a maior prova disso. Em 22 anos de existência, abocanhou oito vezes o prêmio de Agência do Ano, promovido pela Organização Jaime Câmara, e foi a primeira agência goiana a ter duas campanhas selecionadas pela prestigiada revista austríaca Archive, que publica bimestralmente os melhores anúncios e pôsteres de agências do mundo inteiro e é considerada a “bíblia” da publicidade. O oxigênio para comandar a empresa juntamente com o irmão vem do esporte que Marquinhos adotou como estilo de vida: a maratona. O publicitário já participou de várias delas ao redor do mundo. As duas últimas, em Berlim, na Alemanha, em Toronto, no Canadá. Atualmente, prepara-se para participar, em outubro próximo, da Ironman 70.3 Miami, prova de triathlon em que o atleta nada, pedala e corre. Mas, avisa, é apenas um “maratonista amador”, que busca superar a si mesmo. Contudo, com tantos prêmios na prateleira, não seria má ideia adicionar mais um à coleção, não é?


Vitrine

Charme naturalmente único por Lucíola Correa

Mesa com base em cilindros de mármore e estante em mármore Carrara, Enzo Berti, da coleção Arcaico, para Kreoo

Divulgação

Estúdio Onzeonze

Mesas de centro e laterais, tampos, cubas, aparadores, bancadas, lareiras, estantes, revestimentos de parede. Sim! As pedras naturais invadiram em definitivo a decoração em escala mundial. Essa manifestação do natural esteve presente de maneira muito marcante na última edição do Salão do Móvel de Milão e, no Brasil, nas principais mostras de arquitetura. Mármores, granitos e ônix são usados para realçar o traço e transformam-se em elementos determinantes de peças tradicionais, dando um toque de sofisticação e exclusividade. Para muitos designers de produtos do segmento moveleiro, o grande desafio é dar à peça o ar de joia, despertar o desejo do consumidor e encantar os olhos e a alma com uma matéria-prima única. Não há limites para a criatividade. Móveis, utensílios domésticos, elementos decorativos e desenho tradicional ou inovador conquistam por sua essência.

Lareira Leo Romano em mármore travertino Orange, executada pela Gruta Mármores e Granitos, especialmente para a edição 2014 da Casa Cor Goiás

Estúdio Onzeonze

Mesa lateral Leo Romano, com tampo em mármore calacata Oro, executada pela Gruta Mármores e Granitos, especialmente para a edição 2014 da Casa Cor Goiás


Mesa lateral Moon, de Enzo Berti, que integra a coleção Living, da marca italiana Kreoo, reproduz as linhas das fases da Lua

A clássica coleção Torei de mesas gráficas, do designer italiano Luca Nichetto, para Cassina em 2012, apresenta-se com novos acabamentos. Uma das novas mesas traz seu tampo em mármore Carrara

Cuba Enzo Berti, em sodalita azul, é mais uma joia esculpida pela italiana Kreoo

Inspirada na taça de haste fina do Dry Martini, a linha de banho Dry, da italiana Kreoo, traz formas puras e simples

Divulgação

Divulgação

As charmosas mesas laterais do arquiteto, diretor artístico e designer italiano Piero Lissoni, para a Cassina, traz bases e tampos em mármore branco Carrara e reto Marquinia


Quase Chef

Amor à massa por Rimene Amaral

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Todo ser humano com o mínimo espírito de sobrevivência é capaz de preparar uma boa massa. Seja qual for a base — macarrão, nhoque, risoto, panqueca —, se adornada a um molho benfeito, é banquete na certa. Porém, mais que mãozinhas treinadas, para alcançar a perfeição, a massa depende também da sua qualidade e de saber o ponto certo do cozimento. O Brasil já é o terceiro maior produtor de macarrão, depois da Itália e dos Estados Unidos. Assim como em outros países, por aqui é sinônimo de reunião de amigos em dia preto na folhinha, de mesa de almoço de domingo ou encontro romântico. Massa pode ser o prato principal em qualquer circunstância. Mesmo quando mais queremos fugir dele, em fases de dieta. Ou vai me dizer que nunca afundou o pé na jaca, ops!, na massa, prometendo a si mesmo recomeçar tudo na segunda-feira? The Book convidou três personalidades para preparar receitinhas de tirar o chapéu. A publicitária Adriana Frazão Freire definiu: “Nhoque!”. Não uma receita simplezinha. Ela ensina a fazer nhoques dourados! O advogado e ‘ilimitado’ Léo Rassi mistura cogumelos, creme de leite, queijo gorgonzola e mascarpone para fazer um penne que, olha, faz a gente perder o juízo. A arquiteta e empresária Cristal Lobo, filha e irmã de banqueteiras, provou que criar receitas é coisa transmitida no DNA. O pappardelle al nero di seppia ai frutti di mare é muito, mas muito mais que um nome requintado. A escolha do tema desta edição deixou a minha vida mais feliz. Buon appetito!

Fotografia Edgard Soares


Fotografia Edgard Soares

# Adriana Frazão Freire, publicitária

Noques dourados a Cantagalo Ingredientes para 8 porções • 2 kg de batata • 4 copos americanos de farinha de trigo • 1 copo de queijo parmesão ralado • sal a gosto • azeite trufado para dourar os nhoques Para a massa • Amasse a batata cozida e misture a farinha, amassando bem. Acrescente o queijo e o sal. Coloque uma panela com água em abundância para ferver. Enquanto isso, faça as bolinhas. Quando a água ferver, vai colocando os nhoques, que ficam prontos quando subirem. Reserve. Para a cobertura Para o “molho” do nhoque, prepare a salada com: 1/2 ricota defumada desmanchada grosseiramente com o garfo • 6 tomates frescos sem sementes cortados em cubinhos • 1 maço de rúcula baby • pimenta do reino, sal e azeite Preparo Em uma frigideira, doure os nhoques no azeite, sendo uma porção por vez, até que fiquem com uma casca crocante. Coloque a porção no prato, a salada por cima, juntamente com a rúcula baby. Para finalizar, mais um fio de azeite trufado.

PF Carioquéish Brasileiríssimo


Moqueca de Pintado Ă Brasileira


# Cristal Lobo Jayme, arquiteta

Pappardelle al nero di seppia ai frutti di maré Ingredientes para 2 porções • 320 gramas de massa pappardelle nero di seppia • 40 ml de azeite • 1 colher de sopa de alho picado • 2 colheres de sopa de cebola picada • 100 ml de vinho branco • 2 latas de tomate pelati • 2 pacotinhos de mix de frutos do mar para paella (300g cada) • 2 cavaquinhas inteiras • 4 camarões VG • 1 ramo de manjericão fresco • 1 ramo de alecrim • sal a gosto • pimenta do reino moída na hora a gosto Preparo Refogue o alho e a cebola no azeite. Acrescente o mix de frutos do mar para paella e refogue por mais quatro minutos. Junte o vinho branco e deixe reduzir pela metade. Adicione o tomate pelati, sal e pimenta e cozinhe até levantar fervura. Depois de ferver e criar uma consistência de molho, acrescente a metade do manjericão. Reserve. Cozinhe o pappardelle em água fervente com sal pelo tempo estimado na embalagem. Enquanto isso, salteie os camarões VG no azeite, com sal e a pimenta, e reserve no quente. Corte as cavaquinhas ao meio na longitudinal, coloque sal, pimenta, azeite e alecrim, e leve ao forno pré-aquecido a 180 graus por 25 minutos. Junte a massa, envolva-a ao molho e salpique o restante do manjericão fresco. Sirva com o camarão por cima e a cavaquinha ao lado.


# Leonardo Rassi, advogado

Penne ao molho de cogumelo e mascarpone Ingredientes para 4 porções • 500 gramas de penne cozido al dente, conforme indicado na embalagem Para o molho • 400 gramas de shimeji fresco picado sem o talo • ½ talo de alho-poró cortado em rodelas finas • 500 gramas de creme de leite fresco • 300 gramas de queijo gorgonzola esmigalhado com as mãos • 150 gramas de mascarpone • 1 cebola picada em cubinhos • 2 colheres de manteiga de leite • 3 dentes de alho amassados • noz-moscada a gosto • pimenta dedo de moça picadinha • coentro fresco

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Preparo Doure a cebola e o alho na manteiga – use uma pitada de sal na cebola para que ela não queime. Acrescente o shimeji e o alho-poró e refogue. Quando o shimeji estiver macio, despeje o creme de leite fresco, uma colher de coentro picado, deixando cozinhar até que engrosse. Acrescente o queijo gorgonzola e mexa até ele dissolver no molho. Por fim, adicione o queijo mascarpone e misture até que ele também dissolva. Polvilhe noz-moscada a gosto. Misture o molho à massa e, antes de servir, salpique a pimenta dedo-de-moça picada sem semente.


Pão-de-Queijo à la Carelli


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Ciência

Se beber, tome café Você acredita em pesquisas científicas? Definitivas ou não, muita gente se animou com o estudo mostrando que quem bebe tem menos chances de morrer por Aline Leonardo

Sabe-se lá Deus o porquê, mas há duas coisas nessa vida que eu sou viciada: testes idiotas e pesquisas. No caso dessas últimas, o negócio é quase religioso, visto que tenho a tendência a dar algum crédito à ciência, principalmente quando o negócio me interessa. Se leio que o uso regular de café previne contra doenças cardíacas (Faculdade de Medicina de Jikei, Tókio), trato logo de esquecer as recomendações do gastro. Mas estou ciente. Pesquisas podem ser curiosas e... perigosas! Leve muito a sério e ficará louco. Eu, por exemplo, me perco até hoje na quantidade de ovos por semana e sinto uma maldita culpa quando furo uma gema mole, cozida no ponto certo. Todo dia os cientistas malucos aparecem com uma conta diferente, sempre para menos. Menos ovo, menos café, menos açúcar, menos álcool. Opa! Surpresa! Um estudo recente feito com 1824 pessoas, com idades entre 55 e 65 anos, revelou algo que tira esse ranço chato que a ciência deixa quando insiste em investigar as melhores coisas da vida. Mostrou que pessoas que não bebem têm maiores chances de morrer! Você leu direito. De MORRER. No total, 69% dos participantes abstêmios da pesquisa morreram depois de 20 anos da primeira entrevista. Já entre os consumidores moderados de álcool, a taxa caiu para 41%. Agora, pasme: os que bebiam de forma pesada também

viveram mais do que os abstêmios, com uma taxa de 61% de mortes após 20 anos. Sim. A notícia é ótima. Mas, antes de jogar a revista no sofá e correr para a vodka mais próxima, preste atenção na matemática: beber muito é melhor que não beber nada. Mas, repare, beber moderadamente ainda é melhor negócio. A pesquisa, entretanto, não conseguiu comprovar que é o álcool em si que te dá horas extras por aqui. Sabidamente, com a vida estressante que levamos, o álcool – em quantidade moderada - ajuda o organismo a trabalhar sem estresse, sem pressão. Além disso, outros estudos associam a redução da expectativa de vida com a solidão. E o álcool, culturalmente, está associado a eventos sociais, o que pode ser a explicação para os efeitos das bebidas com a substância no nosso organismo. Agora, se você, como eu, é alguém que entende do jeito que bem quer essas experiências científicas, é bom que você saiba: em 2006, Arthur L. Klatsky publicou um estudo feito com 125 mil pessoas, ao longo de 22 anos, que mostrou que quem bebia pelo menos uma xícara de café por dia tinha 20% menos probabilidade de desenvolver cirrose hepática. Tim-tim!


Fotos: Beatriz Perini

InstaBook

Fernanda Manço lança coleção

No sentido horário, Flávia Damata, Maurício Azeredo, Fernanda Manço Azeredo e Sáida Cunha; Clara Jardim, Fernanda Manço e Izabelle Capuzzo; casal Edith e Marcos Lotufo; modelo usa colar Fernanda Manço; casais Edna Moura e Waterloo Bernardino de Moura, e Tai Hsuan-an e Lee Chen Chen; Fernanda Manço e Caroline Horta; Fernanda Manço, Marília Teixeira Mariano, Sáida Cunha, Carolina Ludovico, Sara Poubel, Virgínia Guimarães e Maiene Horbylon, sócia do Casulo Moda Coletiva

Agosto foi um mês especial para Fernanda Manço. A designer de acessórios lançou, em um coquetel para convidados VIPs, na Casulo Moda Coletiva, a sua encantadora coleção de estreia. Com duas linhas distintas, Plumária e Rama, Fernanda trouxe colares, pulseiras, braceletes e brincos criados a partir de pesquisas sobre a flora, a fauna e a cultura brasileiras. Casada com Maurício Azeredo, renomado arquiteto e designer de mobiliário brasileiro, Fernanda usou couro e metais banhados a ouro para confeccionar as peças, altamente inspiradoras, todas com selo de autenticidade. A coleção pode ser encontrada na Casulo ou, ainda, por encomendas.


Estúdio Costa Fotografias

Da esquerda para a direita, Mauro Camilo com a chocolatière Rosa Alzira Mendonça; Thereza Chistina Gonçalves, Kryshyna Barcelos, e a blogueira de moda, Paula Guimarães; Mauro e Paula Guimarães; Fabricia Freire, Viviane Fleury, Tina Lopes e Luiza Araújo; Mauro com Beatriz Arruda, Rogério Emídio e Marden Rezende

Mauro Camilo, feliz com sucesso de evento

Fotos: Rodolfo Roenick

O cerimonialista Mauro Camilo comemorou o sucesso da segunda edição do Table Top Noivas, evento idealizado por ele, que teve lugar no Giardino Eventos, em agosto. Direcionado ao mercado de festas de casamento o Table reproduz uma festa de casamento, nos seus mínimos detalhes. Desta maneira, as noivas podem visualizar com mais fidelidade como será o seu grande dia, reduzir o tempo das consultorias, fazer orçamentos e planejar melhor os custos.

O sim, ao entardecer Um dos casamentos que marcou o mês de maio foi o do jovem casal, o administrador de empresas Matheus Oliveira Martins Sepulveda e a arquiteta Juliana Borges Resende. A cerimônia íntima, restrita a familiares e amigos, foi realizada nos jardins da residência dos pais do noivo. Os tons do entardecer marcaram a recepção coroada por muita emoção. A decoradora Valéria Junqueira assinou o décor da festa.

No sentido horário: os noivos, felizes, em dois momentos; Matheus e Juliana com os pais dele, Paulo e Patricia Sepulveda; os noivos brindam com a família: à direita os pais de Juliana, Rosemar Magalhães Borges e José Leandro Resende, e o irmão; à esquerda, os pais de Matheus, Paulo e Patricia Sepulveda, e os irmãos, Lucas e Paula; os noivos com os pais dela, Rosemar e José Leandro


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