GOIÂNIA•BRASIL- 2014 ANO II •N° 3 14R$
santté
moda
DNA Brasil
Um papo com Roberta e Flávia Santos, fenômenos do Instagram
Diversidade de estilos, cores e estampas na vibe da Copa do Mundo
O nosso país está em alta. É muito mais que samba, futebol e carnaval
Eleonora Hsiung Os balangandãs da badalada designer conquistam o Brasil
EDITORIAL
CAPA
Eleonora Hsiung Fotografia | Edgard Soares Produção performática | Ronan Gonçalves Beleza | Róbson Bié Assistente de produção | Roberta Klein
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O BRASIL QUE NOS INSPIRA Quando começamos a edição deste especial para a The Book, com todo mundo em clima de pré-Copa, uma música teimava em ocupar a minha cabeça: “Isto aqui ô ô é um pouquinho de Brasil, iaiá/ desse Brasil que canta e é feliz, feliz, feliz/ É também um pouco de uma raça/ que não tem medo de fumaça, ai ai/e não se entrega, não”. Inconsciente coletivo? Arquétipos (como escreve lá na sua página Maria Thereza Alencastro Veiga)? Nosso corpo impregnado de DNA verde-amarelo? Por que, justamente quando abrimos nossas páginas para falar da nova (será tão nova assim?) identidade brasileira, meu fundo musical transgride o imaginário para expor o Brasil de “iaiá”? O Brasil das mulatas, do samba e do futebol? Antes que partisse em busca de respostas, me sobreveio, sem prévio anúncio, sem pedir licença, outro pensamento, ainda mais eloquente, me repreender. “Porque o Brasil não deixou de ser o que era para ser o que está sendo agora”. O Brasil do século XXI se colocou na rota do crescimento, se modernizou e tem os olhos do mundo voltados para si, porém, continua sendo o Brasil do Carnaval e das mulatas − agora mais do nunca, pois negros, pretos e pardos autodeclarados são maioria, segundo o Censo IBGE, desde o ano passado. Ainda somos o país do futebol, sim, senhor, não se desiste de uma paixão assim sem mais nem menos; e continu-
amos do samba porque não cuspimos no prato em que comemos, se trata de uma referência importante. O Brasil das sandálias Havaianas apenas amadureceu. Falta muito para romper com as desigualdades, é verdade, mas já temos uma multidão desejosa em vê-las desfeitas. Nessa edição, trazemos um pouco da nossa riqueza, da brasilidade que transmuta o olhar, que nos faz perceber um tanto de possibilidades, de beleza e de bons sentimentos. A The Book se propõe a fazer parte deste projeto nacional, contribuindo para a construção desta nova história, mas com um olhar que inspira, que aponta direções positivas. Queremos levar a você, querido leitor, o que está dando certo, resultados de criatividade e de ousadia. Porque de finais infelizes o mundo já está farto. Adevania Silveira, diretora geral
Adevania Silveira, Eleonora Hsiung, Roberta Klein, Edgard Soares e Ronan Gonçalves
design é nosso mundo
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REPORT
Adevania Silveira
Rimene Amaral
Jornalista, estilista e editora da The Book, entrevistou a personagem da capa, Eleonora Hsiung
O jornalista e fotógrado foi conhecer os craques do futebol digital, modalidade esportiva que já tem até confederação
Aline Leonardo
Guilherme Venditti
Ronan Gonçalves
A jornalista escreve sobre os novos valores pelos quais o Brasil está se afirmando e sendo reconhecido no exterior
O colunista de Toilette escreve sobre a perfumaria artesanal, com o trabalho de uma brasileira
O perfomer assinou a produção da nossa capa, a designer Eleonora Hsiung, usando seus fios arame e tecido
Leandro Pires
Edgard Soares
O especialista em fashion business entrevistou a goiana Mariana Jungmann que estreou na semana de moda londrina
O top fotógrafo arrasou no editorial da capa com Eleonora Hsiung, entre outros cliques de tirar o fôlego
Ana Paula Ribeiro de Carvalho
DIRETORA GERAL CONSELHO EDITORIAL REPORTAGEM FOTOGRAFIA COLABORADORES
DIAGRAMAÇÃO REVISÃO JORNALISTA RESPONSÁVEL REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIAS CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO
Maria Thereza Alencastro Veiga Nossa cronista abre a série sobre brasilidade com o propósito discorrer sobre quem somos nós
Revisora de todas as horas e salvadora da pátria com a nova ortografia fulminando nossas cabeças
Adevania Silveira | adevania@thebook.is Cristina Xavier Almeida, Edgard Soares, Rimene Amaral Adevania Silveira, Aline Leonardo, Branca Simpson, Leandro Pires, Rimene Amaral e Roberta Klein Edgard Soares, Edgar César, Rimene Amaral, Enio Tavares, Marcus Camargo e Juliano Silva Aline Leonardo, Branca Simpson, Edgard Soares, Enio Tavares, Evando Filho (www.evandofilho.com), Guilherme Venditti, Juliano Silva, Leandro Pires, Maria Thereza Alencastro Veiga, Marcus Camargo, Plie Design (www.pliedesign.com), Roberta Klein, Rimene Amaral, Ronan Gonçalves (popnan@gmail.com), Rafael Manson (www.mansonsstudio.tumblr.com) e Róbson Bié (bie_rob@hotmail.com e Renata Ramos Fourtress | contato@fourtress.com.br Ana Paula Ribeiro de Carvalho | apribeirocarvalho@bol.com.br Adevania Silveira | 964JP-GO Rua Prudente de Moraes, Qd. 43, Lt. 5, Parque Anhanguera, Goiânia, GO, CEP 74 340-025 | 62 30 87- 7980 | 62 9972-1772 | adevania@thebook.is Gráfica e Editora Talento
The Book é uma publicação da Celeiro Editora Eireli. The Book não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas que não constam no expediente não têm autorização para falar em nome da The Book ou retirar qualquer tipo de material.
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NESTE NÚMERO
16-18 PONTO DE VISTA Como o mundo lá fora nos enxerga?
30-37
TERRÃO The Book acompanhou dois jogos em um campo de várzea
20-23
24-29
ESPORTE Atletas ganham a vida jogando futebol digital
vida lá fora Cinco brasileiras contam como driblam a saudade do Brasil
34-37
FERNANDO LEMOS O empresário que descobriu a veia para a televisão, lançou um programa dirigido ao mercado imobiliário e vai às entrevistas de helicóptero
44-50
38-43
decor The Book mostra a super lúdica casa da empresária Ednara Braga
51-54 CAPA A designer de acessórios mais badalada do momento, Eleonora Hsiung, encarna o papel da pequena notável, Carmen Miranda, para a nossa edição especial
56-61 EDITORIAL Brasilidade urbana traz mix de estampas, texturas e cores
66-67 moda A goiana Mariana Jungmann estreia coleção nas passarelas londrinas
santté Roberta e Flávia Santos falam sobre a famosa marca de life & style
68-73 Quase chef Em clima de Copa, quatro pratos com DNA brasileiro
Produto nacional
A feijoada é nossa! por Rimene Amaral
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Sábado, samba e feijoada. Quer uma combinação mais perfeita? Ah, e caipirinha, é claro. Para ser melhor, se é que tem como, só quando o programa dura o dia todo e se torna quase uma obrigação do brasileiro aos sábados. Aliás, sua majestade a feijoada é o prato mais famoso do Brasil, com apreciadores dos quatro cantos do mundo. É só chegar um gringo por estas bandas e terá sempre um ‘gente-boa’ para apresentá-lo a um generoso prato de feijoada com caipirinha. Feijoada só, não. Na verdade, é um combo: arroz, couve, laranja, farofa, mandioca, torresmo – a perdição! – e a feijoada, propriamente dita, que vem com todas as variáveis – costelinha, paio, rabo, pé e orelha, carne seca, linguicinha e a completa, que tem tudo isso e mais alguma coisa. Não se esqueça da pimenta. Mas quais são a origem e a identidade desse prato que mexe tanto com o paladar e com a alegria dos brasileiros, aguça a curiosidade dos estrangeiros e reflete, na segunda-feira, na balança da academia? Aposto que você já ouviu – e até passou adiante – aquela informação que apresenta a iguaria como sendo um prato criado pelos escravos, na senzala, com as sobras de carnes que eram desprezadas pelos senhores da casa grande. Balela! O prato é nacional por excelência, mas a forma de fazer e os ingredientes utilizados têm berço europeu.
A exemplo da dobradinha – um ensopado feito de bucho bovino e feijão branco –, pratos feitos de carnes consideradas menos nobres, sempre fizeram parte da culinária portuguesa. E foi de Portugal, de acordo com historiadores, que vieram para o Brasil no fim do século XIX. Em registros, o historiador Câmara Cascudo revela que o grande ensopado de feijão deriva mesmo dos cozidos europeus à base de feijão ou fava, como o puchero espanhol e o cassoulet francês. Contudo, foi aqui, na terra das misturas, que a feijoada ganhou temperos diferentes e acompanhamentos diversos. Independente de sua origem lusitana, espanhola ou francesal, se tornou brasileira. E não se fala mais nisso! A feijoada é nossa. Monte o seu prato, capriche no torresmo, se esbalde na caipirinha – mas com moderação! – e entre para o samba. A hora de acabar é quando o corpo pedir cama.
“FOI NA TERRA DAS MISTURAS QUE A FEIJOADA GANHOU TEMPEROS DIFERENTES”
Fotografia: Edgard Soares
Mural do leitor _Conteúdo ousado
las fotografias e no arrojo gráfico, que une todos esses elementos de forma elegante e suave. O vanguardismo de The Book é uma prova de que é possível inovar e fazer a diferença em um mundo tão acostumado com clichês.”
GOIÂNIA•BRASIL ANO I •N° 2 12R$
“Quando abri The Book fiquei impressionado pelo que vi. Ao folhear, os olhos saltaram. Uma revista mais do que bem acabada, fotografias que já valem uma exposição e textos tão deliciosos e envolventes que fazem você ler (e reler) a revista do começo ao fim. Outro fato que me encantei é a proximidade de The Book. Esteja você em Goiânia, Brasília, São Paulo ou Madrid. Você é inserido aos assuntos, é seduzido pelas imagens e envolvido pelo conjunto gráfico. É saúde, decoração, comportamento e comida... e que comida! Uma revista rara, particular e única como sua proposta. Vida longa à The Book.”
Matheus Ribeiro, jornalista, de Goiânia
_Doce de marmelo
1 PB
CoIsa De neRD A mulher do Rei do YouTube entrega tudo
entRevIsta O empresário que quer fazer o Brasil brilhar à luz do LED
MaRMelaDa santa luzIa O doce preferido de D. Pedro II vai ganhar livro
Fernando Dibb, jornalista, de São Paulo
MaRIa aBaDIa HaICH
Dona de concept store revive trajetória e paixão pelo design
_Matérias inteligentes
“A revista The Book é uma publicação totalmente diferenciada, que prima pela excelência do seu conteúdo e seleção de seus anunciantes. No fim, temos em todas as edições matérias lindas, diferentes e inteligentes que tornam a tornam uma revista colecionável. Um trabalho sério e impecável que nos enche de orgulho. Parabéns aos seus idealizadores pelo projeto!” Patricia Moraes Quinan, cirurgiã-dentista e empresária do grupo The1, de Goiânia
_Capa
“Acompanho a revista The Book e posso dizer, sem sombra de dúvida, que hoje é a melhor revista do Centro-Oeste. Parabéns aos diretores. A capa da segunda edição, com Maria Abadia Haich foi uma escolha de personalidade. Maravilhosa imagem! Mostra que mulheres fortes e decididas são lindas e não precisam recorrer a tantos recursos estéticos que as deixam tão artificiais. Obrigada por nos mostrar isso!” Angelina Barcelos, advogada, de Goiânia
_Zelo e bom gosto
“Tive o prazer de receber duas edições da The Book pelas mãos do amigo querido - ainda virtual - Rimene Amaral. A leitura é de uma delicadeza. Minha percepção inicial foi que a revista é constituída com zelo e bom gosto. Percepção consolidada a cada página, cada matéria e cada traço cuidadosamente escrito. Uma revista “leve”, de “paladar” suave. Me apeguei (confesso) pela matéria “Todos os Le-
minskis”. Uma leitura sofisticada! Estão todos de parabéns!” Lizzandra Oliveira, administradora e assistente social, de Porto Alegre, RS
_Sucesso
“Recebi os dois primeiros exemplares de The Book pelos Correios aqui em Salvador e fiquei encantado com a revista. Primeiro pela própria capa, sempre criativa em p&b e logomarca em cores vibrantes. Segundo pela qualidade do papel, design gráfico (diferenciado, simples e original), qualidade das matérias e uma especial sobre Portugal. Escrita de forma tão detalhada pelo jornalista Rimene Amaral, me fez relembrar momentos, lugares e cheiros de uma viagem realizada no passado ao país quando ainda era casado. As dicas de decoração, design, artes, economia, produtos e gastronomia, além da qualidade das fotos e das reportagens, foram fatores que me impressionaram na revista. Parabéns a toda equipe de jornalistas e diretores, pois tenho certeza que a The Book será sucesso, ou melhor, já é sucesso.” Anibal Passos, arquiteto, lighting designer e apaixonado por fotografia, de Salvador, BA
_Elegante e suave
“Única: a palavra certa para descrever The Book. Com texto simples - sem ser simplório -, as matérias são atrativas e chamam a atenção do leitor. Em pouco tempo, “numa sentada só”, você já devorou a revista. Isso sem falar nas be-
“Quero cumprimentar a todos da equipe da The Book pelo excelente trabalho que vem desempenhando. Estou apaixonada pela revista. Adoro marmelada Santa Luzia e quando vi a matéria fiquei muito feliz! Uma pena que o meu doce predileto corra risco de desparecer! Espero que alguém possa enxergar a potencialidade do mesmo e fazer algo para manter esta tradição. Maria da Conceição Oliveira, funcionária pública aposentada, de Goiânia
_Viagem
“Posso dizer que a revista The Book chegou até minhas mãos como um presente. Aliás, duplamente como um presente. Ganhei a revista do meu amigo Rimene Amaral e, assim que me debrucei sobre as reportagens, artigos, dicas de viagens, culinária, moda, entrevistas e fotos ganhei uma impressionante viagem a um mundo atual, moderno e dinâmico. É assim que defino o conteúdo desta revista. Parabéns aos idealizadores, repórteres, fotógrafos e todos que participam da produção desta excelente publicação. E muito obrigada ao meu amigo pelo presente!” Ana Paula Costa Pereira, de Goiânia
_Caro leitor:
Esse espaço é seu. Para dúvidas, sugestões e críticas, por favor, envie mensagem para o email adevania@thebook.is. Teremos prazer em publicar sua carta. Para colaborar com o conteúdo da revista, sinta-se a vontade para enviar sua contribuição ou sugestão de pautas. Esta revista é feita para você e com você. Obrigada.
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PromoBook Dr. Rogério Ranulfo # Dermatologia e Laser
PELE LIVRE DAS MANCHAS O Spectra Laser Toning utiliza exclusiva tecnologia para eliminar queixas dermatológicas, como melasma e olheiras, e remover tatuagens
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Divulgação
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Campeãs de queixas nos consultórios dermatológicos, as indesejadas manchas, especialmente o melasma - aquela marca acastanhada, de contorno irregular, que surge principalmente nas maçãs do rosto, na testa e acima dos lábios -, as sardas e as olheiras sempre foram um desafio para os profissionais da área. No entanto, com o lançamento do Spectra Laser Toning, um laser Nd: YAG que atinge diretamente a melanina, essas vilãs podem ser eliminadas, clareando o rosto e prevenindo o efeito rebote. A técnica também pode ser aplicada para eliminar tatuagens e tem a vantagem de não alterar a rotina do paciente. “O Spectra Laser Toning proporciona sessões seguras, curtas e praticamente indolores, que não modificam a rotina do paciente”, explica o dermatologista Rogério Ranulfo, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia pela USP. Por que o Spectra é recomendado para o tratamento do melasma? O tratamento é o único com a certificação da FDA para o tratamento de melasma, uma queixa frequente nos consultórios dermatológicos, caracterizado por manchas escuras na face geralmente distribuídas nas bochechas, na testa e no buço, frequentemente associadas a alterações hormonais, à gravidez e ao uso de anticoncepcionais. A exposição solar precipita o surgimento dessas manchas. O Spectra é o tratamento mais eficaz nesses casos porque possui uma tecnologia exclusiva chamada Laser Toning, especialmente desenvolvida para a remoção gradual e progressiva da melanina depositada. Como é realizado o tratamento? Inicialmente, o processo é realizado em sessões semanais, variando entre 10 e 12, seguindo-se a manutenção quinzenal e mensal. Cada sessão
dura em torno de 15 minutos e, após o procedimento, o paciente descreve um discreto formigamento local, seguido por pequena vermelhidão, com duração média de uma a duas horas, não impedindo a manutenção das atividades normais do paciente. Em torno da sexta sessão, observa-se o clareamento da mancha, o que varia, dependendo da intensidade e localização do pigmento. E quanto à remoção de tatuagens? Neste caso, o número de sessões depende da qualidade da tinta utilizada, localização do desenho, profundidade do pigmento, se superficial ou profundo, tipo de pele do paciente, tempo de realização. Tudo isso é analisado durante a avaliação médica. Mas, no geral, a remoção de tatuagens coloridas exige múltiplas sessões, acima de sete. Já as monocromáticas podem ser removidas em duas ou três sessões. A duração de cada sessão dependerá do tamanho da tatuagem, sendo realizada com anestésico tópico ou injetável, se necessário. O intervalo entre as sessões é entre 6 a 8 semanas, evitandose a ocorrência de lesões residuais, como a despigmentação. E quais são as demais indicações deste tratamento? Outras indicações são as sardas, as olheiras e a possibilidade do clareamento de axilas e virilhas, além de outras lesões pigmentares, como alguns nervos. Na acne ativa e na rosácea, o Spectra pode ser utilizado para tratar o componente vascular, diminuindo a vermelhidão associada a essas patologias. As micoses de unha também podem ser tratadas com esse laser. Em sessões semanais, ele possibilitará a diminuição do tempo de uso da medicação sistêmica, geralmente utilizada para combater a doença.
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Ponto de vista
Ah, if I catch you, Brasil E, então, o mundo, acostumado a imaginar o País como uma Copacabana sem fim, passou a se espantar com os números do nosso PIB por Aline Leonardo
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Era outubro de 2002, o sol estava pálido e o frio devia estar na casa dos 10 graus. Eu trafegava de táxi em Bruxelas, na Bélgica, onde deveria providenciar alguns documentos necessários para a temporada de três anos que passaria na Europa. O taxista comentou sobre a eleição do Lula para presidente do Brasil e lamentei não estar aqui para assistir de perto a esse evento histórico. Até então eu não sabia a extensão do que estava prestes a ocorrer no meu País, nem como isso afetaria para sempre sua relação com o mundo. Talvez esse processo tenha começado um pouco antes. Todavia, foi o início do fim da trilogia futebol-praia-Carnaval que nos definia até então. A partir daí, por mais que nós, estrangeiros, enfrentássemos perguntas estúpidas e sentimento de menos valia diante dos “nobres“ europeus, os anos que se seguiram consolidariam uma economia forte, e o Brasil começava, tout doucement, a despontar como promessa. Sentia um orgulho desconfiado da nossa recente estabilidade econômica. E não era para menos. A voz de Regina Duarte dizendo que tinha medo parecia ter atingido as bolsas e o valor do euro tinha enfraquecido nosso real. Mas a mudança estava ali e na década seguinte se tornaria palpável.
E, então, o mundo, acostumado a imaginar o País como uma Copacabana sem fim, passou a se espantar com os números do nosso PIB. Em 2008 – em pleno colapso mundial –, apenas a receita bruta de São Paulo superou a de 22 estados americanos. Em 2012, as riquezas do País ultrapassariam as da Inglaterra, deixando a rainha boquiaberta com o atrevimento desse gigante sul-americano. O país do Carnaval sambou na cara do mundo. Enquanto as grandes potências enfrentavam uma crise comparada à de 29, o Brasil classificava-a como ”Marolinha”. Foi o último a entrar nela e o primeiro a sair. Lentamente, as notícias sobre o futebol e Carnaval foram substituídas pelo promissor mercado brasileiro. Ao invés das mulatas, responsáveis por consolidar a imagem da hiperssexualidade da brasileira no mundo, as TVs e os jornais nos consideravam os maiores produtores de minério de ferro do planeta e como o principal exportador de carne, frango, laranja, café, açúcar e tabaco. O crescimento industrial provocou mais uma inversão. Agora éramos nós que importávamos mão de obra estrangeira. O caminhBrasil-qualquer-parte-do-mundo-onde-haja-dinheiro foi invertido. As oportunidades agora estavam aqui; vieram de mala e cuia para as terras tupiniquins, como também
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Ramo
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fizeram aqueles que um dia trocaram o arroz e feijão de todo dia pelo subemprego mundo afora. Ah, suspirávamos nós, a essa altura já de volta ao Brasil. Meus amigos brasileiros e eu não podíamos deixar de pensar que chegáramos à Europa pelo menos com uma década de antecedência. Sentimos na pele o início da “decadência” da economia europeia, mas ainda éramos estrangeiros, marginais. A nós ainda eram dirigidas as perguntas estúpidas e descabidas sobre o Brasil. “Você conhece coca-cola? Já comeu risoto? Você (branca e loira na época) é descendente de índios? Brasileira?! Hablas español?” Sinceramente, você conhece alguma biboca do mundo onde não se vende coca-cola? E minha indignação me fazia florear dados que eu sabia como meias verdades. “Somos o quinto maior consumidor de coca-cola do mundo”, eu dizia com uma certeza fingida. Esquecia fácil tudo isso quando, culturalmente, eles eram obrigados a nos aplaudir. Na última década, cinéfilos de todas as nacionalidades passaram a ver filmes como Cidade de Deus, de Fernando Meirelles (2002), e Tropa de Elite, de José Padilha (2007 e 2011), que tiveram recordes de bilheteria (o segundo foi visto por mais de 11 milhões de pessoas e o primeiro levou o Urso de Ouro, em Berlim). Em julho de 2005, vi franceses encantados com Gil, o ministro cantor, que se apresentou no show Viva Brasil, em Paris, acompanha-
O PAÍS DO CARNAVAL SAMBOU NA CARA DO MUNDO do de ninguém menos que Gal Costa, Seu Jorge, Jorge Ben Jor e Lenine. Eu estava lá e vi. Vi também gente enrolando a língua para cantar não só a tão famosa Garota de Ipanema, mas Tribalistas. No correr dos anos, apesar do sucesso de gente como Michel Teló (gosta quem quer, paciência!), era consolador fazer parte de um teatro cheio de estrangeiros ansiosos por ouvir Yamandu Costa ou se espantar com alguém que te perguntava: “conhece o pianista João Carlos Martins?” Sim, sim, salabim! Conhecemos. Produzimos gente boa na música e nas artes - apesar de Romero de Brito (juro que não entendo); temos irmãos Campana; Alexandre Herchcovitch, Carlos Miele e Pedro Lourenço, que se expressam por todo o mundo em lojas caras e conceituadas e recebem aplausos nas passarelas de Paris e Nova York; vestimos Kate, para o seu noivado real, e aos poucos vamos provando que podemos exportar moda sem qualquer vestígio de Carmem Miranda. Também integramos um roteiro gastronômico sofisticado. O Dom, de Alex Atala, não deixa a dever para nenhum restaurante do mundo. Nosso caldeirão de influências europeias, africanas e indígenas nos deu personalidade. A releitura de alguns dos nossos pratos e a projeção de alguns chefs do País nos trouxe notoriedade também nessa área. Deixamos de ser exóticos. E, veja você, feijoada ficou chique! Com uma distribuição de renda mais justa, as classes C, D, E passaram a ganhar dinheiro e, como disse, desastradamente, Danuza Leão, agora encontrar o porteiro do prédio na Europa é altamente possível. Graças a Deus! Com isso, língua portuguesa virou pré-requisito para se trabalhar em lojas norte-americanas, onde, anualmente, deixamos, sem dó, nossos suados reais. Se as perspectivas de crescimento do País não são mais aquelas, ok. Mas, é fato: entramos num caminho sem volta. O Brasil está em alta. Não surpreende, portanto, que o mundo todo tenha cantado – para o meu desespero – Ah, if I catch you.
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Virtual
Bola na mão Ainda um tanto inusitado para muitos, o futebol digital é levado a sério ao extremo pelos cyber-atletas, que ganham a vida disputando campeonatos internacionais
por Rimene Amaral
20 21 Os dedos precisam ser ágeis para controlar os botões do joystick e o raciocínio rápido para fazer as jogadas de efeito e colocar a bola virtual dentro do gol. Além de ser uma grande diversão, o futebol digital é levado cada vez mais a sério pelos praticantes que aumentam em progressão geométrica. No mundo todo, a modalidade, que já virou febre entre os games de Xbox e Playstation, está cada dia mais concorrida, e os campeonatos ao redor do mundo com premiações grandiosas. Quando o Atari foi lançado e virou o desejo de nove entre 10 adolescentes, na década de 1980, ninguém poderia imaginar que o videogame evoluiria tanto. Muito menos se pensava que um jogo eletrônico pudesse movimentar tanta gente mundo afora e se tornar uma profissão rentável, com disputas em várias categorias e premiações que deixam muitos jogadores de times de futebol de campo da segunda divisão com inveja. Trinta anos depois e muita tecnologia à disposição, os jogos de videogame ganharam adeptos e status e extrapolaram os quartos dos adolescentes da ‘Geração Atari’. Hoje, a ‘Geração Playstation’ não é apenas de crianças e jovens que gostam de jogar futebol com as mãos.
A média de idade dos jogadores que disputam títulos nos campeonatos é de mais de 30 anos, gente que vive disso. Edson Junio da Silva, 42 anos, é presidente da Federação Goiana de Futebol Digital (FGFD) e vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol Digital e Virtual (CBFDV). Conheceu o videogame aos 25 anos quando jogava futsal pelo campeonato goiano da categoria. Foi nessa época que lhe apresentaram o joystick e o futebol digital pelo Playstation 1. “Eu não conhecia videogame e um amigo me chamou para jogar. Em pouco tempo começamos a fazer pequenos campeonatos em casa”, explica. Não demorou muito para a coisa começar a ganhar corpo e ficarem mais apaixonados. Num desses encontros, em 2004, eles receberam a visita do organizador do primeiro campeonato de futebol digital. Os participantes chegaram a 192. O sucesso inspirou a realização do primeiro campeonato profissional. Pouco tempo depois, Júnior Kid, um empresário brasiliense dono de uma loja de jogos digitais, propôs um desafio ente os jogadores de Goiânia e Brasília. Iniciavam-se, aí, a profissionalização da modalidade e a movimentação de cyber-atletas para todos os campeonatos que acontecem no Brasil e no mundo.
Fotografia: Rimene Amaral
Dedos e raciocínio rápidos são alguns dos quesitos para se tornar um campeão de futubeol digital
Em uma revista de games, os organizadores descobriram uma empresa fora do país que realiza os campeonatos nacionais. Em 2005, com a criação da Federação Goiana, eles se uniram a outras duas federações e criaram a Confederação Brasileira de Futebol Digital e Virtual (CBFDV). Júnior Kid passou a ser o presidente, o mandachuva no Brasil, e conheceu a Konami, uma multinacional que cria os jogos e organiza o mundial, foco e sonho de todos os jogadores. Ao vencedor dos campeonatos nacionais, a empresa banca tudo no mundial: passagem aérea, alimentação e estadia em hotel cinco estrelas, além de premiação para os três primeiros colocados, um gasto médio de R$ 15 mil por jogador, fora o prêmio.
O JOGO É DISPUTADO ENTRE DUAS PESSOAS E CADA PARTIDA TEM DEZ MINUTOS, EM TEMPO VIRTUAL
Considerado o melhor jogador de futebol digital de Goiás – e o melhor do Brasil em 2011 –, Alonso Rosa de Farias, 26, começou a jogar profissionalmente em 2006, mas já era tão vidrado por videogame, que acabou abandonando os estudos faltando apenas um ano para concluir o segundo grau. Bicampeão da Copa Brasil, campeão francês, hexacampeão goiano, já disputou dois mundiais (Alemanha e Espanha), e agora se prepara para a Copa Brasil, em Goiânia. A premiação? R$ 10 mil. Além de ter conhecido outros países, já ganhou um veículo zero quilômetro, quatro motos, oito Playstation 3, 12 Playstation 2, duas TVs e cerca de R$ 50 mil em dinheiro. A meta de Alonso é ser campeão mundial e espera que isso aconteça ainda neste ano. Todo campeão tem planos, e os dele estão relacionados com a profissão. “Quero criar uma espécie de centro de treinamento em Goiás, que é onde estão os melhores jogadores do Brasil. Com treino poderíamos ir bem mais longe”. Torcedor doente do São Paulo Futebol Clube, o vendedor Valber Lacerda Mendes, 21, é uma das maiores promessas goianas da categoria. Começou a jogar em 2008, mas a dedicação exclusiva ao futebol digital profissional veio mesmo em 2011 quando foi vice-campeão goiano. Em 2012 foi o terceiro colocado no Campeonato Goiano e, no ano seguinte, foi vice-campeão goiano e ficou entre os seis me-
OS GAMES DE FUTEBOL SE PROFISSIONALIZARAM E HOJE MOVIMENTAM MAIS DE US$ 1 BILHÃO POR ANO lhores jogadores do Brasil. É atual campeão goiano e campeão cearense. Este ano também já foi campeão da Copa Playstation e já tem uma vaga na final. O vencedor ainda garante vaga e representa o Brasil no Campeonato Mundial de Futebol Digital, com todas as despesas pagas, diga-se. Valber trabalha como vendedor numa ferragista da família, e este ano iniciou a faculdade de Administração de Empresas. Mas o que ele quer mesmo, em 20 anos, é ser um jogador profissional e premiado. Os games evoluíram e são hoje o maior mercado do mundo, quando o assunto é tecnologia. “Os games têm uma dimensão muito grande. Eles podem ser acessados pelo celular, pela TV, pelo computador, laptop, tablet”, explica Júnior Kid. Em 2012, o site Globo.com transmitiu um jogo e teve recorde de acessos. Também transmitiu, ao vivo, de Las Vegas, a final do campeonato mundial. Criados inicialmente para entreter crianças, os games de futebol se profissionalizaram e hoje movimentam mais de US$ 1 bilhão por ano. Para atrair a atenção, os fabricantes passaram a desenvolver todo o cenário ao redor do campo, reproduzindo a realidade dos estádios com a presença de torcedores, cantores, publicitários, voluntários, patrocinadores, advogados, narradores, comentaristas, produtores musicais e grandes varejistas. Como em um jogo real, a partida inclui dribles, chutes com efeito, carrinhos e as emoções da comemorações após um gol. A narração feita por pessoas conhecidas é outro atrativo para chamar a atenção dos consumidores. No jogo da Konani, a narração é de Silvio Luiz, com mais de 50 anos de TV, e os comentários são do jornalista Mauro Beting. Já o PES, pela identificação com o público jovem, escolheu o apresentador de TV Tiago Leifert e o comentarista Caio Ribeiro como narradores. A Fifa, da Eletronic Arts (EA), e a Pro Evolution Soccer (PES), do estúdio japonês Konami, são as duas franquias mais populares de futebol para videogames. A primeira, líder em games de esportes, tem acordo exclusivo com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) desde 1993, que lhe garante todas as licenças oficiais. A Fifa vende mais que o dobro do rival no mundo todo, mas o Brasil é o único mercado em que a PES reina absoluto. Todavia, isso pode mudar em breve. PES 2014 trouxe uma mudança drástica nos seus principais quesitos, prova de que a Konami começa uma corrida para voltar à hegemonia do gênero. O jogo é disputado entre duas pessoas. Cada uma toma conta do seu time, e cada partida tem dez minutos, em tempo virtual. Por isso, as regras são diferentes das que são aplicadas em campo. Além da prorrogação e dos pênaltis, em casos de empate, no futebol digital, pode haver um terceiro jogo. Os campeonatos seguem a seguinte escala: o goianiense classifica 16 cyber-atletas para o Campeonato Brasileiro, que é disputado entre 16 jogadores de cada Estado que se classificou. Desses, sai o campeão brasileiro que vai ser o representante do País no mundial.
Edson Junio da Silva, 42, que preside a Federação e Goiana de Futebol Digital
Valber Lacerda Mendes, 21, uma das promessas goianas do futebol digital
Comportamento
Aonde quer
que eu vá Cinco brasileiras relatam a experiência de viver há mais de 10 anos longe do Brasil e como enfrentam a saudade da família e dos amigos
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por Branca Simpson
25 Quatro jornalistas e uma educadora física, há mais de uma década residindo fora do Brasil, relataram à The Book como foi a adaptação ao novo país e como conseguiram vencer a saudade de casa. Maria Cristina Pinheiro de Abreu, que há 23 anos deixou Goiânia, sua cidade natal, para viver em Paris, França, conta que esta decisão foi tomada ainda na adolescência. Totalmente adaptada à rotina da cidade e trabalhando no ramo do turismo, Maria Cristina não pensa em retornar e diz que sente falta apenas da família e dos amigos. Da comida e dos lugares, não. A jornalista Cejana di Guimarães saiu do Brasil com o intuito de estudar cinema em Paris mas acabou se estabelecendo em Zurique, Suíça, onde se casou e teve filhos. Atualmente trabalhando com distribuiçãos de importantes títulos do cinema mundial, Cejana, depois de 22 anos morando na Europa, afirma que jamais se separou do seu país de origem e sempre fez questão de apresentá-lo aos filhos. Roberta Brum está há 10 anos na Europa, entre a Inglaterra e a Espanha. Jornalista, saiu do Brasil para se especializar em moda e acabou ficando por lá. Sente muitas saudades
de casa, mas considera que ter conhecido 55 países é uma experiência impagável. Carolina Chuahy Kaminski, jornalista, e Gisele Landin Nielsen, educadora física, saíram do Brasil para viver uma história de amor. Carol, que vive hoje em Atlanta, nos Estados Unidos, tem duas filhas e trabalha na área financeira. Embora bem estabelecida na terra que a acolheu, sente falta dos amigos e do chopinho gelado no final do trabalho. Gisele, também tem dois filhos, nascidos na Dinamarca e não pensa em retornar. Dribla a saudade usando todos os recursos da tecnologia. Muitas vezes prepara o jantar enquanto conversa com a mãe, que mora em Goiânia, pelo Skype.
Fotografia: Álbum de família
Mundo, vasto mundo por Cejana di Guimarães, de Zurique, Suíça Quando nasci, veio um anjo, não um anjo torto, como o de Carlos, nem um anjo esbelto, como o de Adélia. Mas um anjo simples que me ensinou a esperar e me mostrou que sim, o mundo é vasto, mais vasto do que meu coração. Moro há exatamente 22 anos na Europa e, como já disse outras vezes, nunca deixei de sentir saudades do Brasil. Nem por um único dia. O Brasil vive comigo, dentro da minha casa, me ajuda a criar meus filhos, cozinhar, receber os amigos, ouvir música, cantar, escolher uma camiseta básica no verão e uma echarpe colorida no inverno, expor nossa sustentável leveza pela vizinhança, mesmo em dias nublados. Não digo que seja fácil, nem que conte sempre com a simpatia e compreensão de todos, mas essa é a nossa melhor parte. A alegria incurável, teimosa, faça sol ou chuva. O país onde vivo, a Suíça, é uma terra de pessoas discretas, racionais, pouco dadas a mostrarem suas emoções, por isso manter vivo o meu lado brasileiro é tão importante. Aprendi também a me adaptar quando necessário, a calar, esperar, racionalizar ímpetos, não julgar pelas aparências, valorizar a simplicidade e a praticidade. Tento unir as duas pontas desse novelo, acreditando que, no meio do caminho, encontrarei a saída do labirinto, que significa viver para sempre em terra estrangeira. Quando saí do Brasil, logo após me formar em jornalismo pela UFRJ, ainda era muito jovem. Pretendia fazer a Escola de Cinema em Paris, mas outros ventos e um longo romance me trouxeram a Zurique. Depois de uma pós-graduação, três filhos e alguns projetos sociais, trabalhei fazendo o que mais gosto, divulgando a riqueza da cultura brasileira e latinoamericana. Abri com um sócio uma distribuidora de filmes, a Kinobrasil/Kinolatino, que representava internacionalmente os direitos para cinema, televisão e DVD de filmes como Carlota Joaquina, Pequeno Dicionário Amoroso, Ação Entre Amigos, Como Nascem os Anjos, Baile Perfumado assim como El Chacotero Sentimental, Sexo, Pudor y Lágrimas, A mi Madre le Gustam las Mujeres, entre outros. Foram anos de muito trabalho e alguns grandes sucessos. Viajava pelos festivais internacionais de cinema, como Cannes, Berlin, Rio, Veneza, e voltava para casa correndo para amamentar meus filhos e lavar a roupa que tinha se acumulado. Glamour e banalidade
andam sempre de mãos dadas. Fechei vários contratos com a ARTE, Canal + e com grandes distribuidores europeus, como Movienet, Constantin, Trigon. Alguns contratos em inglês ou francês tinham mais de 100 páginas, que deviam ser revisadas e estudadas com cuidado. Nosso trabalho foi matéria da Screen International e, com o tempo, criamos também uma distribuidora local na Suíça que levava os filmes diretamente às salas de cinema, assumindo os riscos do investimento em cópias, tradução, legendas, cartazes, divulgação e logística. Com o documentário sobre música brasileira Moro no Brasil, de Mika Kaurismäki, tivemos um bom sucesso de público em toda a Suíça. Atualmente tenho orgulho de escrever regularmente para um dos principais jornais europeus, o Neue Zürcher Zeitung NZZ, fundado em 1780, sobre cultura e realidade social brasileiras e críticas literárias, repercutidas nos grandes sites especializados, assim como para publicações do Brasil e de outros países de língua alemã. Vejo meus filhos adolescentes, já bem crescidos, tendo sucesso e alegrias na escola, aos poucos se encaminharem para a universidade e sinto que também estou iniciando outra fase da vida. Uma linda fase, na qual novas ideias e novos projetos têm se aberto, ampliando ainda mais a troca de produção cultural e informação entre minha terra, o Brasil, minhas raízes, Goiás, e esse continente que me recebeu tão bem, a Europa.
Saudade, palavra difícil de traduzir por Roberta Brum, de Málaga, Espanha Quando o táxi chegou na Trafalgar Square, tive a sensação de estar em um filme. Aquele black cab era a confirmação de que iria protagonizar o roteiro que, por consecutivos quatro anos, escrevi na minha cabeça. Durante toda a faculdade, mudar para Londres era um projeto meticulosamente planejado. A vontade de sair e ver o mundo já não cabia mais em mim. Eu saí porque queria ver mais, conhecer mais, entender além do que as fronteiras brasileiras podiam me ensinar sobre a minha profissão, sobre as pessoas e sobre a vida. Assim, há exatos dez anos, peguei meu diploma de jornalista e um voo para Londres para estudar moda.
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No aeroporto, vivi pela primeira vez a sensação que iria me acompanhar todos esses anos, o aperto do adeus. Todas as vezes é a mesma coisa. O segundo sentimento que não iria mais me abandonar é a saudade. A empresa britânica Today Translations classificou a palavra “saudade” como a sétima mais difícil de se traduzir. Nós, brasileiros, a conhecemos desde sempre, mas poucos experimentamos toda sua profundidade. Quando saí do Brasil, sabia que seria difícil, mas a verdade é que doeu – e dói – diferentemente do que eu pensava. Saudade é sentir que você não faz parte da vida das pessoas que ama, como se tudo estivesse acontecendo em um mundo paralelo ao seu. Fui para Londres para uma temporada de um ano, e acabei permanecendo cinco anos. Depois cansei e decidi me mudar para a Espanha, onde estou há cinco. Hoje, pesa a saudade das pessoas. Não sinto falta de lugares ou coisas. Os momentos mais difíceis são as datas.
“HOJE, MEUS GRUPOS DE WHATSAPP FAZEM MEU DIA MAIS LEVE”
Aniversário da mãe, casamento de uma amiga em que você se torna uma “madrinha” ausente, Natal sem família, Ano Novo de roupa de frio e, obviamente, o próprio aniversário. No meu, minha irmã sempre me liga à meia-noite em ponto. Estes momentos especiais me levaram a desenvolver uma técnica capaz de me “fazer presente”. Telefono, faço vídeos, mando cartão, flores, presentes e até videoconferência. Muitas vezes, faço tudo isso junto! A tecnologia definitivamente está do nosso lado na briga contra a saudade. Quando me mudei para Londres, era muito caro ligar de e para celular, então, eu marcava com as pessoas uma hora exata para falar pelo telefone fixo. Hoje, meus grupos de Whatsapp fazem meu dia muito mais leve, atrapalham minhas reuniões e muitas vezes não me deixam dormir. Há outro quesito que também evoluiu muito desde que comecei essa aventura: comida. Antes, cada visita que vinha trazia encomendas. Agora tem tudo aqui, de açaí a mandioca. Estou superadaptada à cultura e à comida, que é maravilhosa, com muitas opções para pessoas que, como eu, têm hábitos alimentares multiculturais. E, para dizer a verdade, adoro. Muita gente me pergunta se vale a pena morar fora. Acho que a resposta não é tão exata assim. Se a pergunta se referir a morar fora por um tempo, minha resposta é sim, indiscutivelmente. Nesses 10 anos, estive em 55 países. O mundo é tão diferente, as pessoas são tão complexas e ter a oportunidade de conhecer toda uma “vida lá fora” faz a gente ver que o nosso jeito de fazer as coisas não é o melhor, e muito menos o único. Isso é sensacional: a sua visão da realidade fica muito mais cheia de nuances de cores, sabores e experiências que você, sinceramente, desconhecia que existissem.
Por que Paris? por Maria Cristina Pinheiro de Abreu, de Paris, França As pessoas têm curiosidade em saber por que fui morar fora e por que escolhi Paris. Realmente nem eu sei explicar esta minha decisão de deixar o país e a paixão que sempre tive por esta cidade. Procurando na minha memória os motivos, me lembro que, desde pequena já sentia essa vontade de voar e atravessar fronteiras. Enquanto todos os jovens estudavam inglês eu quis ir para a escola de francês. Tive uma juventude normal, estudava, aproveitava e trabalhava e acho que meu subconsciente se preparava para realizar esse sonho. Como tudo tem a hora certa para acontecer, fui amadurecendo a ideia e chegou a hora em que tive coragem para começar essa aventura que já dura 24 anos e que, por enquanto, está dando certo. Tinha convicção de que tudo iria dar certo. Não tive problema de adaptação, e tudo parecia comum e normal. Nos primeiros meses, me dediquei a descobrir os encantos da cidade, o que não é difícil, pois tudo é encantador. Aulas, passeios, bibliotecas e boas companhias me ajudaram a entrosar com o novo ritmo de vida. Os franceses aceitam muito bem a presença dos brasileiros no país. Gostam da música, das praias, do carnaval e do futebol. Claro que não poderia ficar aqui só aproveitando e me deliciando com bons restaurantes, cafés e bistrots, pois o custo de vida é caro, e eu não tinha meios financeiros para isso. Fiquei refletindo o que poderia fazer e em que trabalhar. Achei que o turismo seria um bom ramo, pois é uma das cidades mais visitadas no mundo e sempre o visitante que vem à Europa quer dar uma pequena esticada à Paris para ver o que está acontecendo . Com o vasto relacionamento que tenho, comecei a dar os primeiros passos. Iniciei sendo guia acompanhante e sempre o fiz com prazer, pois a cidade oferece lugares muito bonitos e é fácil para se locomover. No boca a boca, fui aumentando os meus clientes e hoje vivo por conta própria. Em seguida, passei a fazer locações de apartamentos para temporada e, atualmente, comecei a me aventurar nas vendas. É claro que não deixo de visitar o meu país ao menos duas vezes por ano, mas consegui me adaptar completamente à nova maneira de viver. Os franceses têm seus defeitos e suas qualidades, mas aos poucos nos acostumamos
com os códigos locais e tudo vai ficando mais fácil. Tenho amigos franceses e não vivo em comunidade brasileira, apesar de ter uns três amigos próximos. Por incrível que pareça, não tenho a nostalgia que normalmente acomete quem vive fora do país natal, nem mesmo da comida. Sinto, sim, a falta da minha família e das pessoas amigas, mas nunca me dá vontade de comer picanha, pão de queijo ou feijoada. Se for para morar fora e viver o mundo do país de origem, não vale a pena. Essa escolha foi pessoal e não justifica sofrer por uma escolha voluntária.
“NUNCA ME DÁ VONTADE DE COMER PICANHA, PÃO DE QUEIJO OU FEIJOADA”
Saudades do Brasil por Carolina Chuahy Kaminski, Atlanta, Geórgia, EUA Há nove anos, minha vida mudou radicalmente. Por amor, decidi sair do meu emprego, vender meu carro e mudar de país. Cheguei aos Estados Unidos em fevereiro de 2005, sem saber o que me esperava. O amor continuou firme e forte, mas o resto precisou se adaptar. Nos primeiros meses, eu ainda sonhava que morava no Brasil, com meu apartamento, com meus amigos, com meu trabalho e que estava no aeroporto embarcando para Goiânia. É como se meu cérebro não conseguisse se desvincular do Brasil.
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Houve também um período de adaptação à língua e à cultura. Mesmo sabendo inglês, demorou para eu me acostumar com algumas expressões e diferentes sotaques. Até hoje me deparo com palavras que nunca ouvi. No começo me sentia envergonhada de perguntar. Já passei vexame por não saber certas gírias, mas depois aprendi que as pessoas aqui não se importam de explicar se você demonstrar interesse em aprender. Enquanto a vida pessoal estava indo de vento em popa, a vida profissional ficou sacrificada por um tempo. Foi muito difícil achar oportunidades de trabalho dentro da área de jornalismo, sendo que toda a minha experiência e as minhas referências estavam em outro país, especialmente em outra língua. Como não sou de ficar parada esperando a banda passar, procurei outras maneiras de fazer dinheiro.
“SINTO FALTA DAQUELES QUE ME CONHECEM TÃO BEM QUE A CONVERSA ROLAVA SÓ COM UM OLHAR”
Caí de para-quedas em uma corretora de ações que precisava de recepcionista. Em quatro meses passei a ser assistente administrativa e resolvi estudar para ser licenciada. Passei no teste na primeira tentativa com 90% de acerto (o mínimo exigido era 75%). Hoje trabalho na Merrill Lynch, parte do Bank of America, na divisão do Banco Privado. Além de fazer parte de um time de corretores que atende clientes com mais de US$ 10 milhões em investimentos, sou treinadora e consultora das assistentes do Banco Privado na região Sudeste. Não vou dizer que sinto falta do jornalismo, mas sinto saudades dos meus colegas jornalistas, meus companheiros de luta por tantos anos! Sinto muita falta da minha família e dos meus amigos, do chopinho gelado no final da tarde, acompanhado de um churrasquinho ou uma porção de pasteizinhos, da cumplicidade e daqueles que me conhecem tão bem que a conversa rolava só com um olhar. Eu tento ir ao Brasil sempre que posso. Depois que tive duas filhas ficou mais difícil viajar. Quando estou aqui, tento minimizar a distância usando toda a tecnologia disponível: Facebook, Face Time, Skype, Twitter, Instagram, WhatsApp, e-mails, telefone etc. É incrível como a comunicação evoluiu nesses últimos dez anos. Mesmo morando em outro país, ainda mantenho contato com pessoas que não vejo desde os tempos de escola.
Meus dois mundos por Gisele Landim Nielsen, de Copenhague, Dinamarca Você já observou como o azul no céu do Brasil é lindo? Aquele azul escuro das 10 horas da manhã de um dia ensolorado e sem nuvens? Como eu tenho saudades daquele céu! Tenho saudades do pão de queijo quentinho, da pamonha à moda e do pequi com frango. Adoro caja-manga, goiaba, caju, siriguela – frutas que não consigo encontrar por aqui. Até coisas que me amedrontavam quando criança, como chuvas grossas com relâmpago e trovão eu sinto falta. O cheirinho de chuva então, nem se fala! Morro de saudades da casa da minha mãe e sempre me lembro desse lugar como um refúgio. Aliás, desde que me mudei para a Dinamarca, há 18 anos, já tive várias fases de saudade. Já tentei fazer uma hortinha no meu jardim; plantei tomate, mas o verão não foi quente o suficiente para amadurecê-los; plantei girassóis, e estes, sim, se tornaram um sucesso, e cresceram quase dois metros. Fiquei conhecida na minha rua como “a menina dos girassóis”. As minhas rosas também sempre florescem no verão. O pão de queijo ninguém conseguia fazer, até que a comunidade brasileira foi experimentando, trocando os ingredientes. Não fica muito igualzinho, mas ainda é gostoso. Foi por minha própria vontade, curiosidade e determinação que vim para a Dinamarca. Fazia faculdade de Educação Física e conheci um “louro alto dinamarquês” que fazia intercâmbio. Apaixonei-me perdidamente por ele. Começamos a namorar e, já no final do mesmo ano, resolvemos vir para cá. Apesar de apegada aos amigos e à família, sempre fui curiosa e aventureira. A dor por deixá-los foi imensa, mas fiquei encantada com o mundo novo que se abrira pra mim. É um país onde não existe vestibular, os estudantes recebem um salário para estudar e as mulheres podem andar seguramente à noite. Senti uma sensação de liberdade muito grande. O namoro que se tornou casamento não deu certo e, depois de quatro anos juntos, nos separamos. Depois vieram outros relacionamentos. Cheguei a morar na Holanda por seis meses, a estudar holandês e a viajar por toda a Europa. Foi um período muito enriquecedor, mas, para não perder as raízes já construídas na Dinamarca, resolvi ficar por aqui mesmo. Do meu relacionamento atual vieram os meus dois filhos, que hoje têm 6 e 3 anos de idade.
Meu maior objetivo em relação a meus filhos é tentar balancear a cultura brasileira com a dinamarquesa e, para isso, procuramos ir ao Brasil pelo menos a cada um ou dois anos. Temos um círculo de amigos na mesma situação e fazemos festinhas juntos. Sempre que há shows ou eventos brasileiros participamos; meus filhos assistem filmes, vídeos infantis, e eu leio e canto com eles em português. Quando cheguei aqui, a ligação para o Brasil custava cerca de R$ 9 o minuto! Hoje, se pode falar pelo telefone por R$ 0,40 o minuto. Além do mais, existem as redes sociais e o Skype. Isso tudo tornou a distância de pessoas tão queridas bem menor. Às vezes, preparo o jantar batendo papo com a minha mãe em Goiânia. Também é possível ver TV brasileira aqui. Tenho amigas que assistem novelas todos os dias. Muita gente acha que, depois de tantos anos morando fora do Brasil, a minha saudade diminuiu. Mas isso não é verdade. A saudade se modificou, porque eu também me modifiquei. Além de mais madura, estou adaptada à cultura daqui. Gosto de algumas coisas daqui e não as trocaria pelas do Brasil. Ao mesmo tempo, daria tudo para ter algumas coisas ou pessoas comigo aqui. Adoro quando estou no avião, chegando a Goiânia, vendo a cidade por cima e a expectativa de ver minha família lá toda me esperando. Estes são momentos muito felizes da minha vida. Espero que os meus filhos não sofram essa dualidade, afinal, eles já são o fruto desse mundo globalizado.
Esporte
Craques do terrão The Book acompanhou dois jogos no campo de várzea do Setor Urias Magalhães, em Goiânia, onde disputas de copa acontecem o ano inteiro, faça chuva ou poeira por Adevania Silveira
30 31 O domingo de sol estridente deixava o pedaço de chão batido ainda mais vermelho. A fumaça que subia da barraca de churrasquinho acoplada a uma Brasília cansada de guerra dava a impressão de que a manhã no Setor Urias Magalhães ia ser mais quente do que se esperava. Uma pequena multidão atenta ao zigue-zague dos atletas se espremia à sombra de meia dúzia de árvores em uma das laterais do campo. Só o apito de um juiz sudoríparo cortava vez ou outra o silêncio respeitoso do grupo de torcedores. Era a terceira rodada da II Copa Soçaite José Vitti e, no campo, rolava a primeira disputa do dia entre o Real Madri e os Feras do Corte Futebol Clube - este último, como o nome pode indicar, patrocinado pelos sapateiros, que se concentram em abundância no bairro. Jogadores de porte atlético, outros nem tanto, driblavam com suas chuteiras encardidas, deslizando a bola pela terra batida. Em alguns momentos, a poeira levanta, atrapalhando a visão do lance. Contudo, o público entende e vibra. O gol escapa por muito pouco. “Ah, se fosse dez anos atrás...”, dispara um bem-humorado torcedor, fazendo troça com o autor da jogada e anunciando que, ali, a paixão pelo futebol é que dita as regras.
Do outro lado do campo, do lado externo, próximo aos banheiros químicos e protegido por uma barraca de lona azul, o diretor de Esportes do Urias, o motorista Mauro Peixoto dos Santos, conhecido como Abóbora, 55, tentava contornar a contrariedade de nenhum representante dos Feras haver comparecido até aquele momento para acertar os R$ 200 equivalentes à taxa de inscrição. “Mas nós vamos atrás deles”, prometia o diretor. O valor cobre despesas com árbitro, carteirinha, lavagem do material e compra dos cartões amarelo e vermelho. O aborrecimento tinha fundamento. O campeonato é coisa levada muito a sério pelos envolvidos. Sobre a mesa de ferro estavam as apostilas contendo regulamento, tabelas, lista de patrocinadores e premiação. Tudo executado com capricho pela estudante Kamila Vitória Cardoso, 14, filha do organizador do campeonato, o borracheiro Gileno Alves de Souza, 41. Dez times de várzea oriundos dos setores Urias Magalhães, Finsocial e Balneário Meia Ponte participavam da copa que levava o nome do deputado estadual tucano. João Vitti colaborou com o material para a marcação do campo, alambrado e a convocação dos árbitros. Mas o grosso do patrocínio vem mesmo de pequenas empresas locais - Pano-
Enio Tavares
Fotografia: Enio Tavares e Rimene Amaral
No campo de várzea do Setor Urias Magalhães, os times disputam a II Copa Soçaite José Vitti
“QUASE TODOS AQUI SÃO SEPARADOS DA FAMÍLIA POR CAUSA DO FUTEBOL” rama Moto Táxi, Hertz Auto Som e Marcão Sanduicheria, e de duas grandes marcas goianas. São elas que custeiam os R$ 6 mil da premiação que será dividida entre os quatro primeiros campeões da temporada que se iniciou em janeiro e deverá se estender até meados de junho. O prêmio é simbólico, mesmo se considerar o maior deles, de R$ 3.500. Rateado entre os 22 jogadores do time campeão, cada craque levaria exatos R$ 159 por sete meses de disputa. Trocando em miúdos, os jogadores de várzea, na verdade, pagam para jogar, e o fazem com alegria e disposição. O autônomo Carlos Alberto, o Casó, 36, é um exemplo do amor pela bola que mobiliza os atletas do terrão. Joga todos os finais de semana. Naquele domingo, ao terminar a partida do seu time, o camisa 11 do Real Madri justificou a pressa em finalizar a entrevista e a sessão de fotos: estava atrasado para o próximo jogo que se realizaria no setor Itatiaia. Concentração, alimentação balanceada e fidelidade à camisa são quesitos bem distantes da realidade dos times de várzea, como se pode ver. Casó é um dos atletas que ainda está dentro da idade média dos jogadores profissionais. No entanto, na categoria amadora, a idade não é empecilho para jogar. Se aos 52 ainda resta fôlego, então, pimba na gorduchinha! É o caso de Orlando Vieira de Souza, 52, do Juventus, que atua no amador desde os 14 anos. Casado, pai de três filhos e com quatro netos, joga pelos menos duas vezes na semana, no time master da Associação Banco do Brasil e, nos demais dias, realiza treinos individuais. A profissão de instrutor de escolinha de futebol também o ajuda a manter os 71 quilos distribuídos em 1.70m de altura, além, é claro, de uma rigorosa disciplina alimentar. O contrário também vale, tanto na idade quanto na alimentação. No time do BM Bebidas está o goleiro Júlio César Alves de Oliveira, 17. Estudante e louco por games, Júlio não segue nenhuma dieta especial. Seu cardápio é típico dos adolescentes. Nas manhãs que antecedem as partidas de futebol, consome pão com presunto e muçarela, acompanhado de uma xícara de café. Após os jogos, que terminam quase sempre no horário do almoço, prefere comer lasanha, seu prato preferido. Salada? Arrrgh! O amor ao futebol em muitos casos extrapola a razão. “Quase todos aqui são separados da família por causa do futebol”, entrega Gustavo Correia Guimarães, o Gugu, 1960, enquanto acompanhava com interesse a entrevista com os jogadores. Ele mesmo é um fanático pelo terrão, como também é chamado o campo desguarnecido de gramado. Gugu é o torcedor símbolo do antigo Cruzeirinho, da década de 60, também conhecido como “time dos baianos”. Começou como jogador, aos 16 anos, e, aos 36, passou para o outro lado do alambrado. A profissão de motorista carreteiro foi o motivo do afastamento, somada a uma saliente barriga cultivada ao longo dos anos. Hoje, mantém a paixão como torcedor assíduo no único
Rimene Amaral
Rimene Amaral
campo de várzea que sobreviveu ao avanço da cidade e à pouca importância das autoridades ao esporte amador. “Os campos oficiais que existiam foram vendidos ou invadidos, só restou este aqui”, afirma o funcionário público Luciano César Souza Costa, 48, secretário geral da divisão de esportes do Urias. Luciano lembra que houve um tempo em que os campinhos de base produziam grandes craques. O presidente da Associação de Moradores do Urias Magalhães, Gerci Dias, sonha em conquistar benfeitorias para o campo, que muitas vezes correu risco de ser invadido. Seu plano é instalar refletores, refazer o alambrado e construir vestiário. Hoje, os jogadores fazem o que podem: trocam de camisa no meio da rua e aguardam o início da partida sentados no meio-fio da calçada. Atualmente, o campo mede 70 x 40 metros, mas antes de uma parte ser consumida pelo prolongamento da avenida Goiás Norte, media 110x80 metros. Várzea faz parte da cultura esportiva brasileira. Até quem já teve oportunidade de atuar nos campos profissionais não abandona o terrão. O policial militar Geraldo de Castro, 50, que o diga. Dos 29 aos 45 anos, arbitrou para a Federação Goiana de Futebol. Geraldo integra a Liga Goiana de Árbitros. Estava ali para apitar os jogos e avaliar, a pedido da Liga, um candidato do curso oficial de arbitragem. Até o final da II Copa Soçaite João Vitti, em junho, é possível que passe pelo campo do Urias cerca dois mil torcedores, segundo os organizadores. Faça chuva ou faça sol.
Orlando Vieira de Souza Idade: 52 Profissão: instrutor de futebol Time: Juventus Posição: camisa 16 Paixão: família e futebol Prato preferido: peixe e salada
Júlio César Alves de Oliveira Idade: 17 Profissão: estudante do Colégio Estadual Aécio Oliveira de Andrade Time: BM Bebidas Posição: goleiro Ídolo: Ronaldinho Paixão: futebol e games Prato preferido: lasanha e sanduíche de presunto e muçarela
Televisão
Bom de
asas
Empresário descobre a veia para a televisão, lança programa dirigido ao mercado imobiliário e usa helicóptero para ir às entrevistas por Adevania Silveira
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Fotografia: Edgard Soares
Fernando Lemos e o helic贸ptero Robinson 44, que 茅 utilizado nas pautas do programa TVIm贸vel
Interessado em oxigenar a área profissional que andava desmotivada, no ano passado, Fernando Lemos, 41, dono da Dominium Imóveis, decidiu inscrever-se em um curso de coaching para executivos empresariais. Achou que mais conhecimento e uma nova rede de amizades poderiam abrir-lhe os horizontes. Estava certo. Dois meses depois, estava estreando no Canal Metrópole, da Net, o TVImóvel, programa dirigido ao mercado imobiliário idealizado por ele.
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O mais inusitado da história é que o empresário jamais cogitara antes dirigir um programa de TV e nem sequer sabia que levava jeito para o negócio. A ideia surgiu por incentivo de Alexandre Rodrigues, seu master coaching, num dos cursos que frequentou, depois de chamá-lo para uma entrevista em outro programa da mesma produtora do Canal Metrópole. Alexandre, percebendo que Fernando tinha desenvoltura e conhecimento do mercado imobiliário, sugeriu-lhe criar um programa dedicado ao tema. O programa foi ao ar em dezembro do ano passado, nos moldes de um startup, sem grandes recursos técnicos e editoriais, mas com um enfoque bem definido, segundo o empresário: resgatar os valores do mercado imobiliário e defender-se de eventuais equívocos nas análises formatadas pela grande mídia. Fernando, porém, teve o cuidado de escolher um profissional experiente, tanto na apresentação do programa quanto na realização de reportagens externas. O jornalista Emerson Amaral já passou pelas emissoras Globo, Record e SBT − na qual trabalhou por mais de uma década. Antes de aceitar o convite de Fernando, estava atuando na Rede Brasil Diário, de Brasília.
O EMPRESÁRIO TEVE O CUIDADO DE ESCOLHER UM PROFISSIONAL EXPERIENTE PARA APRESENTAR O PROGRAMA
Ao abrir mão de ele mesmo apresentar o TVImóvel Brasil, Fernando ampliou a área de abrangência do programa, uma vez que sua imagem está diretamente relacionada à própria empresa, a Dominium. “Rapidamente, os demais empresários perceberam que o TVImóvel está aberto a todos e que queremos falar do mercado como um todo”, conta. Transmitido por um canal fechado e com planos de migrar para o aberto, o programa − que vai ao ar aos sábados, às 18 horas e é reprisado nos demais dias da semana − alcançou seis mil visualizações no Youtube só no primeiro mês. O conteúdo vai desde entrevistas com os donos de incorporadoras falando sobre seus empreendimentos − o que dá credibilidade ainda maior ao produto − a matérias informativas sobre como declarar o imposto de renda do imóvel. Há também rodas de debates e entrevistas com mais de um convidado, gravadas em um resumido, mas eficiente, estúdio, montado no auditório da sede da Domimium, no Setor Sul, de Goiânia. Desde que foi lançado, o programa passa por melhorias, tanto na parte técnica quanto nos seus quadros, vinhetas de aberturas e pautas, mas o que mais chama a atenção dos telespectadores − e talvez a tacada mais inteligente do ponto de vista do marketing do programa − foi a aquisição, dividida em cotas para três empresários, de um helicóptero Robinson 44, de quatro lugares, para fazer a captação de imagens da cidade. “Com o helicóptero podemos mostrar Goiânia de cima”, afirma Fernando. Mas, além das cenas aéreas enfatizando outros ângulos da capital goianiense, o monomotor acaba produzindo efeitos cinematográficos a reportagens aparentemente corriqueiras, como a entrevista que o TVImóvel armou com o dono de uma incorporadora. A reportagem foi feita durante passeio aéreo e continuou depois do helicóptero pousar no heliponto localizado no topo da sede da incorporadora. Um super efeito! Noutra ocasião, utilizou uma limousine para transportar outro empresário que seria entrevistado.
O apresentador Emerson Amaral e o empresário Fernando Lemos: programa para defender valores do mercado imobiliário
“Os empresários estão aderindo ao programa porque perceberam que falamos de um mercado bilionário com alto nível”, afirma Fernando que, aos poucos, se incorporou a alguns quadros do programa, intermediando as entrevistas. Desafio - Filho do fundador da Dominium Imóveis, Arlindo Moreira de Oliveira, Fernando mostrou desde muito cedo tino para os negócios. Começou na empresa ainda menino, aos 15 anos, como arquivista e contínuo, mas tinha como filosofia de vida desafiar-se a si mesmo. Conta com orgulho a primeira grande aquisição que fez, um fusca, pago com o salário economizado. Quando o pai faleceu, em 1997, ocupava a função de diretor de vendas e sentiu na pele o peso da responsabilidade ao assumir os negócios da família em um momento difícil para o mercado imobiliário. Passada a tempestade, incrementou a carreira com inúmeros cursos e especializações que acabaram lhe revelando o talento para o marketing. Hiperativo e funcionando como uma máquina de ideias, o empresário faz planos de a curto prazo, colocar o programa dentre os de maiores audiências na capital. Uma das ferramentas que utiliza para fomentar o crescimento são as redes sociais, das quais ela não se desprega o dia inteiro. No início do mês, postou no Facebook sua gratidão aos 39 mil seguidores do perfil @fernandolemo e aos 10.200 do @tv_imovel, ambos no Instagram, além dos 25 mil amigos nas seis páginas que mantém no próprio Facebook. Manter áreas de interesse diferentes é outro hábito levado a sério pelo empresário, um colecionador de automóveis antigos e apaixonado por corridas de carros. Assim, segundo ele, mantém uma rede de relacionamentos sempre ativa e pronta para encampar um possível novo desafio que tiver pela frente. Que ninguém duvide dos conselhos desse homem, especialista em dar asas a novas ideias.
Fotografia: Edgard Soares
Capa
O que é que essa
moça tem?
A designer de acessórios Eleonora Hsiung encarna a musa dos balangandãs, Carmen Miranda, para ilustrar a capa de The Book, e nos mostra por que o Brasil se rendeu à singularidade do seu statement jewelry por Adevania Silveira
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Quando decidimos convidar a designer Eleonora Hsiung, 33, para ilustrar a capa desta edição especial da The Book, dedicada à brasilidade, a primeira imagem que surgiu foi a da brazilian bombshell dos anos 1920, Carmen Miranda. Quem mais a designer de acessórios impactantes poderia encarnar senão a diva dos balangandãs? Para dar ao samba ainda mais cadência, convocamos o performer Ronan Gonçalves, o Rogo, para fazer uma “interferência fashion” usando, como elementos, as exuberantes bijoux criadas pela designer, vários metros de tule − matéria-prima que Eleonora usou e abusou nos seus primeiros insights como designer de moda − , e os intricados fios de tecido e arame com os quais o artista tece a sua arte. Em poucas horas, surgia a versão hi-tech da maior estrela do disco, do rádio, do cinema, dos teatros, da mídia e dos cassinos brasileiros − só que de olhos puxados. Lola, como todo mundo a conhece, é filha de pai chinês com uma goiana, a advogada Maria Thereza Alencastro Veiga − que por sinal assina uma crônica nas páginas da The Book−, é formada em direito, mas desistiu da carreira antes de ela decolar e depois de
descobrir que queria mesmo era fazer moda. A decisão foi tomada após retornar de uma temporada na Europa, onde experimentou uma liberdade muito grande, longe da influência da família e próxima a expressões artísticas de todas vertentes que lhe abriram a cabeça e a convenceram de que poderia viver de criação. Como de Paris só voltou com um “diploma” de babysitter, matriculou-se na faculdade de design de moda, mas só conseguiu ir até o terceiro período, era massificante demais para uma cabeça com uma disposição incalculável para buscar intuitivamente o inusitado, tal qual Carmen, a nossa musa inspiradora, que gostava de ela mesma criar seus imitados figurinos.
Eleonora Hsiung, fotografada por Edgard Soares e produzida por Ronan Gonรงalves, encarna Carmen Miranda, a pequena notรกvel dos anos 20
De lá Lola saiu para montar o seu primeiro ateliê. “Abri a banca e fiquei esperando cliente”, ri de si mesma. O espaço era na Vila 516, que funcionava em uma charmosa casa no Setor Marista, em Goiânia, e reunia uma penca de novos criadores, encabeçado pela dona do lugar, a ex-marchande Marina Abreu, que também produzia uma linha de bolsas artesanais. Foi nessa época que conheci a espevitada Lola, que adorava rolar no chão como a minha filha Pilar, então com seis anos. Eu, como ela, buscava me firmar como criadora de moda autoral e, entre um bazar e outro para vender nossa produção, nos perguntávamos “cadê o glamour?”, antes de cair na risada. Eram tempos duríssimos, mas bastante enriquecedores. Eleonora começou produzindo roupas para as amigas − pelo menos para a parcela com estilo para “segurar” looks compostos por “nuvens” de tule. Junto com a coleção de roupa, produzia acessórios, sempre com uma assinatura autoral. Foi durante esse período de experimentações que a marca Melissa a convidou para customizar dois de seus modelos de sapatilhas, em edição limitada, e que mereceu um corner só seu na famosa flagship na Oscar Freire, a Galeria Melissa. Embora começasse a ter reconhecimento, Lola ainda mostrava-se insatisfeita. “Comprava peças em Campinas e montava os acessórios, mas sentia a necessidade de criar uma peça do começo ao fim”, lembra. Passou um ano off ateliê até se dar conta de que precisava entender de ourivesaria e que sua praia era mesmo os acessórios. Foi atrás de cursos, inclusive em Brasília, mas não encontrou. Até que se lembrou de uma amiga, cujo pai era ourives, e foi atrás dele.
“SENTIA A NECESSIDADE DE CRIAR UMA PEÇA DO COMEÇO AO FIM”
Como não dispunha de tempo para dar aulas, permitiu que Lola frequentasse o lugar. Com isso, passou um bom tempo enfurnada em sua oficina, assistindo-o trabalhar e, vez ou outra, arriscava ela mesma a produzir uma peça. Com a cabeça cheia de ideias e depois de muito insistir, o ourives lhe apresentou Marcelo, que hoje é o chefe de oficina do Ateliê Eleonora Hsiung. Com ele, produziu a primeira coleção em uma bancada de ourivesaria, a Tour de Force, lançada em 2011. A resposta da clientela foi imediata, e Lola viu que estava no caminho certo. A partir daí, sentiu que era hora de buscar um novo local para instalar a oficina, já que a varanda da casa de Marcelo, onde trabalhara por meses, com a água da chuva interrompendo a produção, seria impossível continuar. Junto com Tour de Force vieram a necessidade de profissionalizar-se e a sócia, a jornalista Julliana Araújo, especialista em assessoria de comunicação e com um senso aguçado para os negócios. Depois de Tour de Force, vieram as coleções O Mar que nos Rodeia, Kinetic − que significa movimento em grego − e Utópia, cuja inspiração foram mapas de cidades vistas de cima. Com o tempo, Eleonora desenvolveu um pro-
LOLA TRABALHA EM CIMA DE IMAGENS MENTAIS, QUE ÀS VEZES GANHAM O PAPEL cesso de criação muito particular − daí porque sempre fugiu do engessado academicismo. Através de insights e flashes, concebe um conceito e, a partir dele, começa a experimentar linhas e volumes − eis porque suas peças sempre flertaram com a arquitetura e as formas sensuais de Oscar Niemeyer. Lola trabalha em cima de imagens mentais, que às vezes ganham o papel, noutras vão direto para a matéria-prima, quando entorta, curva, cruza linhas ou agrega elementos que podem ser parafusos, pedras ou tacos de madeira que iriam parar no lixo. “No final percebo que há uma unidade, um conceito, e então damos nome à coleção”, conta. O processo invertido de criação, no qual primeiro nascem as peças depois o conceito, era motivo de inquietude para a designer, porque ia contra tudo o que aprendeu nos cursos
SUAS PEÇAS JÁ VESTIRAM PERSONALIDADES FAMOSAS DA MÚSICA E DA TV
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que fez, incluindo uma pós-graduação pelo Istituto Europeo di Design. “Não sei fazer diferente, fica muito pobre”, diz rendida à sua maneira de criar. Tão inusitados e fortes quanto às peças são os nomes que elas ganham, quase sempre inspirados pelas brincadeiras que acontecem no ateliê. Assim nasceram nomes como Cabuloso, Chifre de Bode, Ortopédico, Lady Gaga, Wolverine. Exatamente pelo modo singular de concepção e produção de suas statement jewelry é que a marca passou a experimentar um crescimento vertiginoso e o inevitável reconhecimento em âmbito nacional, especialmente depois que, em contato com uma figurinista na Globo, suas peças foram parar nos braços e pescoços de famosos, como a atriz Carolina Ferraz − que usou seus colares e brincos na minissérie O Astro. O que ninguém sabia era que as peças que a designer acabou deixando nas mãos das figurinistas eram todas pilotos! − adivinha se o pessoal do ateliê gostou? O trabalho inconfundível da marca já vestiu personalidades como Camila Pitanga, Ana Furtado, Lea T., Costanza Pascolato, Adriane Galisteu, Danielle Winits − cuja personagem na novela Amor à Vida, da Rede Globo, usou um trio de anéis quase o tempo todo em que durou o folhetim. Mais recentemente, no início do ano, desenhou acessórios exclusivos para compor os figurinos da cantora Ivete Sangalo para o Carnaval da Bahia, e outra série, também inspirada no Carnaval, para a marca Walério Araújo, que a levou para um dos camarotes dos desfiles das escolas de samba, no Rio de Janeiro. Grazi Massafera, Cris Vianna, Fernanda Lima, Suzana Vieira, Miá Mello e Carol Macedo − ufa! − foram algumas das famosas fotografadas usando acessórios da designer. Os principais editores de moda e stylists do país também se renderam às incríveis peças de Lola. Vogue, L’officiel Harper’s Bazaar, Elle, MAG, Joyce Pascowitch, Boa Forma, Claudia e Lola foram algumas das publicações que dedicaram suas páginas ao trabalho da designer. Eleonora, assim como a pequena notável a quem nos inspiramos para as fotos deste editorial, pretende ir além e, juntamente com a Julliana, traça projetos de, breve, cruzar o oceano e levar a sua produção para fora do país, especialmente a Paris, cidade que um certo dia a levou a reconhecer o seu verdadeiro talento.
thebook.is site por bacae.com
Quase Chef
Genuinamente
Tupiniquim por Rimene Amaral
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The Book foi atrás de pratos famosos que representam a culinária exclusivamente brasileira. A feijoada não se encontra nesta Quase Chef porque mereceu destaque especial na página 10. Convidamos quatro aspirantes a chef para desenvolver as suas versões próprias de clássicos brasileiros: moqueca, pãode-queijo, PF e brigadeiro. Todos com DNA verde-amarelo. O professor e economista carioca, Marco André Martins Guimarães, passou dias na preparação e criação do PF Carioquêish Brasileiríssimo. A advogada Adriana Rezende chamou os amigos e apresentou a Moqueca de Pintado à Brasileira. Nossa sorte era que o Edgard Soares estava lá e clicou uma amostra. Para aquele lanchinho da tarde – ou para qualquer hora –, o Pão-de-Queijo à la Carelli é mais que um coringa. É uma necessidade que o brasileiro tem. A veterinária Renata Carelli nos apresenta três versões do quitute. E o fisioterapeuta Andrei Pitta desvenda o seu ‘pozinho mágico’, que deixa o Brigadeiro Puxadinho ainda mais inebriante do que já é o convencional. Sirva-se à brasileira.
Fotografia Edgard Soares
PF Carioquéish Brasileiríssimo
Moqueca de Pintado Ă Brasileira
Brigadeiro Puxadinho
# por Marco André Martins Guimarães
PF Carioquêish Brasileiríssimo Modo de preparo Arroz: refogado com alho e cebola em óleo quente, mas sem deixar dourar. O arroz tem que ser branquinho! Creme de abóbora: um prato de abóbora madura picada e caldo de legumes caseiro (cenoura, salsão, abobrinha, coentro e manjericão). Carne: desfiada e refogada no azeite com alho e cebola branca. Couve: apenas ‘assustada’ no azeite com cebola e alho refogados. Ovo: tem que ser bem frito, para corar a clara, mas precisa manter a gema inteira e mole. Montagem A montagem de cada PF é uma arte, mas a disposição dos ingredientes segue um ‘roteiro’, vamos dizer assim. Os mais caudalosos no fundo, junto com o arroz e o ovo frito como coroação do prato. Esta é uma marca registrada de um PF.
# por Adriana Rezende
Moqueca de Pintado à Brasileira Ingredientes • 1 e ½ kg de postas de pintado• 5 cebolas grandes cortadas em rodela • sumo de 2 limões • ½ pimentão vermelho • ½ pimentão amarelo • ½ pimentão verde • leite de dois cocos (bata no liquidificador a castanha do coco com pouca água e coe num pano) • 2 colheres de sopa de azeite de dendê • 5 tomates sem semente • salsinha, cebolinha e coentro • sal a gosto Modo de preparo Numa panela grande, refogue a metade da cebola no óleo e no azeite de dendê, até dourá-las. Comece a montar o prato em camadas: cebola, tomate, as postas do peixe (passadas no suco de limão), os pimentões, o restante da cebola, a salsa, a cebolinha e o coentro. Deixe no fogo alto até começar a soltar a água. Abaixe o fogo, coloque metade do leite de coco e deixe cozinhar por 30 minutos ou até que o peixe esteja cozido. Quando estiver quase pronto, acrescente o restante do leite do coco e as ervas. Acompanha arroz com perfume de laranja (arroz feito com casca de laranja cortadas minúsculas) e pirão feito com farinha de mandioca e caldo de peixe.
# por Andrei Pita
# Renata Carelli
Brigadeiro Puxadinho
Pão-de-Queijo à la Carelli
Ingredientes • 1 lata de leite condensado • 1 colher de sopa manteiga • 4 colheres de sopa de achocolatado em pó • 3 colheres de sopa de açúcar (o ‘pozinho mágico’).
Ingredientes para 60 unidades • 4 copos de polvilho doce • 2 + ½ copos de queijo minas curado e ralado (se estiver muito salgado, diminua a quantidade de sal a ser adicionada depois) • de 6 a 8 ovos – conforme a necessidade.
Modo de preparo Coloque todos os ingredientes numa panela e vá mexendo. O açúcar fará o brigadeiro ficar mais firme e mais ‘puxento’. Por isso, o processo é mais rápido e pode grudar. Portanto, não pare de mexer, preocupando sempre com o fundo da panela. Espere esfriar – é sempre bom avisar! – e esqueça todas as preocupações da vida. ‘Se joga’ e amanhã desconta tudo na esteira.
Para escaldar • 1 copo de óleo • ½ copo de leite integral + ½ copo com água • 1 colher de chá de sal Etapas: escalda-se o polvilho com a mistura de água, óleo e leite. Espere esfriar e misture. Acrescente o queijo ralado e misture de novo. Coloque os ovos – 6 deles diretos. Caso necessário acrescente mais dois ovos. Não mais que dois. Temperado: na mesma massa, acrescente: pimenta calabresa, orégano e alecrim seco. Depois de enrolados, acrescente um dente de alho inteiro dentro de cada um. Light: esqueça esta massa. O pãode-queijo light não tem óleo e nem ovo. Sim, acredite: 1 copo de polvilho doce, 1 copo de queijo curado e ralado e, aproximadamente, uma caixinha pequena de creme de leite light. Esse basta misturar bem até dar o ponto de enrolar. Enrole-os e leve ao forno pré-aquecido a 250 graus centígrados. 25 a 30 minutos de forno.
Pão-de-Queijo à la Carelli
Casas Reais
Colecionadora de
memórias
Lúdica e surpreendente, a casa da designer de interiores Ednara Braga reúne um incrível acervo de móveis e objetos que conta a história da família
por Adevania Silveira
52 53 Ao cruzar o grande portal que dá as boasvindas à casa da empresária e designer de interiores Ednara Braga, 55, é recomendável esquecer que ponteiros de relógio giram. A sala de 150 metros, com um invejável pé direito de sete metros que lhe dá uma atmosfera de galpão, abriga uma incrível coleção de objetos, obras de arte e mobiliário que leva o visitante a se envolver em um infindável exercício lúdico. É também uma casa que consegue traduzir o modo afetuoso do povo brasileiro. Com as cores azul e amarelo predominando na palheta de cores, inclusive no alargado rodateto, o espaço convida a longos períodos de contemplação. Assim é a imensa sala, o coração da casa de 1 mil metros quadrados, abraçada pelo verde de um condomínio fechado nos arredores da capital goianiense. O interessante é que a decoração não segue nenhuma regra preestabelecida, conceito mais que reforçado pela dona da casa e responsável pelo projeto de interiores. “Aqui nada combina com nada”, afirma Ednara. Aliás, surpreender é o fio condutor de todo o planejamento de interiores. Senão, como explicar a presença da antiga porta principal revitalizada com laca verde Tiffany instalada no meio da sala?
A arrumação não só foge das normas rígidas como também não leva a sério diferenças entre classes e valores. O regime democrático permite, por exemplo, a convivência feliz de valiosas obras de arte com autorretratos de Frida Kahlo comprados em lojinhas de museus, ou então de uma preciosa coleção de bombonieres bico de jaca com a numerosa coleção de galinhas - de toda procedência imaginável, incluindo uma, cuja função original era mordedor para cachorro, presenteada pelo arquiteto Leo Romano. “Ednara tem a virtude de achar importância em tudo, até em detalhes como este”, afirma Leo, amigo de longa data da empresária. O volume de objetos tabém vem da mania de colecionar quase tudo. “O que cai nas mãos de Ednara em número par, quase sempre dá início à uma nova coleção”, entrega o arquiteto. O que une as peças é o valor afetivo que as representa. “A minha casa conta a história dos meus 33 anos de casada, a chegada dos filhos e os laços de amizade”, resume Ednara. É também um testemunho das andanças da designer, uma globetrotter pela frequência de viagens que faz anualmente, a trabalho ou lazer. As malas retornam sempre recheadas de novidades, of course!
Edgard Soares
Fotografia: Edgard Soares e Edgar César
Ednara na cozinha gourmet, que virou ponto de atração da grande sala de estar
Edgar César
Esta reportagem, por exemplo, foi feita na noite anterior à viagem que faria a Portugal na companhia dos filhos Felipe, 25, Vitória, 22, e Danilo, 21, e do marido, o empresário Agenor Braga. O mobiliário segue o mesmo conceito de afetividade. O espaçoso sofá revestido de tecido azul veio da casa da mãe, a galerista Edna Martins, assim como uma das poltronas. Ednara também conserva uma cadeira com um coração esculpido, a única que restou do jogo de mesa da primeira moradia após se casar com Agenor.
A COZINHA DOS SONHOS FOI INTREGRADA À SALA EM RECENTE REFORMA
A sala de 150 metros quadrados abriga uma fantástica coletânea de objetos, obras de arte e mobiliário vintage e moderno: na decoração, descombinar tudo foi a regra geral
Mas a imensa sala não tem a única função de expor a inigualável coleção de memórias. O espaço também abriga outra grande paixão da moradora: a cozinha gourmet. Livre de divisórias, o espaço é delimitado apenas pela mesa de jantar de sete metros, desenhada exclusivamente por Leo Romano, para atender a amiga e cliente. O tampo é revestido de azulejos portugueses em tons de azul. Ao redor, Ednara distribuiu cadeiras de diferentes cores e design, vintages e modernas. A cozinha dos sonhos foi integrada à sala em recente reforma encomendada ao escritório de Leo Romano. A obra consumiu um ano de trabalho e precisou da família se instalar provisoriamente em outro imóvel, próximo à casa. Assim, Ednara pode materializar o desejo de eliminar paredes e unificar os ambientes da área comum. Antes com 100 metros quadrados, a sala ganhou mais 50 metros com a construção da ala onde hoje está instalada a cozinha com sua bancada de serviço de 10 metros. Na cozinha, Ednara também pode realizar um dos seus maiores desejos: pilotar um autêntico Bertazzoni azul klein, considerado a Ferrari dos fogões profissionais. “Abri mão de outros itens na reforma para poder realizar este sonho”, revela a designer que costuma receber quin-
Edgard Soares
zenalmente um grupo de amigos para degustar massas, a sua especialidade. O redesign do projeto de arquitetura feito por Leo Romano privilegiou também a integração da natureza ao ambiente interno, com a instalação de brise-soleil em toda a extensão da sala, trazendo ainda mais luminosidade ao ambiente. Leo também assinou o conjunto de armários planejados e o projeto luminotécnico que reforçou a presença de um lustre de cristal instalando outros três similares, afinal, nesta casa, tudo em maior quantidade tem mais graça. Outra característica importante do projeto é que, com exceção da ala íntima, nenhum outro ambiente permaneceu isolado. Hoje, tanto o escritório quanto o ateliê de Agenor - cujo hobby atual é a construção de um simulador de voo está à vista, integrado à grande sala. Do mesmo modo, o nicho com a mesa onde Ednara passa
Fotografias: Edgar César
Em sentido horário, o lavabo revestido de tecido estampado pelas Meninas do Pano; a rede reforça o clima tropical da decoração; a imensa bancada da cozinha gourmet e o fogão Bertazzoni, que era objeto de desejo da dona da casa
Edgar César
As janelas ganharam brises-soleil para possibilitar a entrada de mais luz
Edgard Soares
horas lendo, anotando receitas e navegando na internet, tem o seu lugar, logo ao lado da bancada da cozinha. Eliminando fronteiras, o arquiteto conseguiu atender a principal solicitação da designer que era o de favorecer a reunião da família. A parte íntima fica no piso superior da casa, mas Ednara decidiu transferir o quarto do casal para o piso térreo, onde já existia o quarto de hóspedes. A antiga cozinha foi mantida para servir como copa e apoio para a principal. A parte externa também foi revitalizada no novo projeto. Leo acrescentou na entrada da porta principal uma charmosa praça com luminárias, mesas com ombrelones e bancos. Dela nasce a escadaria que dá acesso à rua. Do lado oposto da praça estão o spa, a piscina e o quiosque. Um pouco mais abaixo, outro luxo desta moradia: um delicioso bosque formado por várias espécies do cerrado. Ednara ainda pretende inserir novidades na decoração que, no seu ponto de vista, estará sempre inacabada. “ É uma vivência contínua”, explica. Assim, haverá sempre espaço para mais um souvenir ou para exercitar o seu jeito de levar a vida. “Estou em busca de uma frase para aplicar na parede, que revele a felicidade de estar com minha família e meus amigos”, conta a empresária que está empenhada na pesquisa. Quem sabe a viagem a Portugal, terra dos poetas Fernando Pessoa e Luís Vaz de Camões, Ednara não traga algo mais que as costumeiras lembranças?
Ednara, com a cachorrinha Chanel: “minha casa é uma contínua história de vida”
Toilette
Alma revelada Por Guilherme Venditti
Uma nova categoria de perfumaria tem surgido nos últimos anos. Conhecida como “nicho”, consiste em marcas que apresentam fragrâncias diferenciadas, voltadas para um público mais seleto, compostas por ingredientes da melhor qualidade e disponíveis em poucos pontos de venda. Aqui, perfumistas com maior liberdade de expressão e as inspirações mais diversas criam cheiros sem se preocupar com as questões que envolvem o concorrido mercado de perfumes, mas baseados em pessoas, lugares, histórias. Tudo muito mais pessoal e exclusivo, claro. Levando em consideração o tema patriota desta edição, pensei: “Por que não falar de uma perfumista genuinamente brasileira?” Ane Walsh tem sobrenome inglês, mas é uma paulistana “da clara” – cariocas, me perdoem a brincadeira. Radicada na terra do pãode-queijo, ela é uma defensora da perfumaria botânica, que usa apenas matérias-primas de origem natural, diferentemente da maioria dos perfumes atuais – na chamada “perfumaria de massa” –, tal como era desde os primórdios desta arte maravilhosa de se criar cheiros. Ane cria perfumes e sabonetes em sua casa. Tudo é de forma artesanal, colocando uma pletora de sentimentos e emoções – traduzidos em ingredientes brasileiros e de todo o mundo – em pequenos vidros, além de interpretar, sob encomenda, os desejos aromáticos de outras pessoas também. Entre suas inúmeras criações, destaco o Robin, perfume criado para ser a poção de amor que o gnomo da peça Sonho de Uma Noite de Verão usa, e o Essaouira, concebida como um momento das praias da cidade homônima do Marrocos.
Vale lembrar que, apesar das inspirações shakespearianas e marroquinas, ambas são bem brasileiras. Robin é uma mistura cítrica, verde e fresca sobre um fundo amadeirado, com notas de bergamota, folha de lima Kaffir, jasmim, sândalo, mirra, vetiver e, claro, a brasileiríssima folha de pitanga. Já Essaouira é cheio, quente, úmido, com um toque ‘animálico’. Um começo cítrico sobre uma base mais densa, com notas de laranja, grapefruit, lavanda e massoia – que criam uma impressão de coco fresco –, oud e cedro de Atlas. Ambos os perfumes podem ser usados durante o dia ou à noite e são perfeitos para o clima do cerrado. Ah! E eles não têm sexo – como qualquer outra fragrância, na verdade. Nós somos a “moldura” dos perfumes e devemos usar o que nos agrada. Cheirou e gostou? Então use. Compartilho com vocês outra face da perfumaria e espero mudar a forma como vemos e sentimos as fragrâncias. E mal posso esperar para saber o que vocês acham disso. Beijos perfumados.
Personagem
Rainhas do
like
As famosas do coraçãozinho vermelho, as irmãs Roberta e Flávia Santos, conquistam o Brasil com a força do Instagram e da marca Santté Estilo
por Adevania Silveira
60 61 Há seis anos, as irmãs goianas Roberta e Flávia Santos, 41 e 39 anos respectivamente, não poderiam imaginar a virada profissional que dariam em um curto espaço de tempo e muito menos que um coraçãozinho vermelho fosse fazer tanta diferença nesta guinada. Administradoras de formação, ambas abandonaram uma sólida carreira no mundo corporativo para se aventurar no ramo da consultoria de imagem. Hoje, comandam a Santté Estilo, uma das marcas de life & style mais requisitadas do País. No último mês de fevereiro, o perfil @ SanttéEstilo ultrapassou a barreira de um milhão de seguidores no Instagram, o aplicativo que permite aos usuários tirar fotos, aplicar filtro e depois compartilhá-las nas redes sociais. O número é maior que a soma dos seguidores dos perfis das apresentadoras Xuxa e Eliana, ou do placar de artistas, como o cantor sertanejo Luan Santana, a apresentadora Angélica e a atriz Carolina Dieckmann. A conquista virtual chamou a atenção até mesmo da imprensa nacional. Em março, a revista Época dedicou uma página às consultoras, com uma entrevista ao jornalista Bruno Astuto. O detalhe que faz toda a diferença
nessa história é que a dupla jamais investiu um centavo em marketing, a empresa ainda não tem site e só recentemente inauguraram em Goiânia o primeiro workoffice. A popularidade foi alavancada pela via mais antiga e credível de publicidade, o boca a boca. Somente há dois anos, durante uma viagem a Nova York, onde participariam de uma semana de moda, Roberta foi convencida pela filha Raiza Marinari, 23, a lançar o perfil da marca no Instagram. A consultora, que nutria aversão às redes sociais, torceu o nariz mas decidiu seguir o conselho da filha e começou postando imagens dos desfiles. O crescente número de seguidores veio na sequência. Rapidamente, Flávia, que acabou ficando responsável pelas postagens, percebeu quais fotos agradavam mais aos seguidores. As constantes idas ao Popular Page, uma seleção de fotos feita pelo próprio Instagram para o guia Explore, como sugestão de perfis a serem seguidos, fermentou o placar. Flávia e Roberta acabaram adquirindo um senso muito apurado para fotos e, com o tempo, aprenderam regras de ouro, como postar em intervalos de duas e três horas e somente colocar fotos impecáveis e que falem ao coração.
Fotografia: Edgard Soares
As consultoras de imagem, Roberta e Flávia Santos, que no início do ano alcançaram a marca de um milhão de seguidores no Instagram
“EU NÃO ENTENDO O QUE ACONTECEU QUE HOJE A MULHERADA QUER SE VESTIR IGUAL À LALA RUDGE”
Roberta Santos: “não estamos preocupadas com o Instagram, mas em fortalecer a marca Santté Estilo”
Perceberam também que deveriam incluir, na lista de produtos grifados, outras imagens inspiradoras, como um pôr do sol, um casal apaixonado, um lugar paradisíaco. Elas também evitam exagerar nas fotos selfie, os famosos autorretratos, e nos textos longos demais. As fotos pessoais vão para perfis individuais que também criaram no Instagram. A ferramenta não só contribuiu para o crescimento da Santté, como também as transformou em experts no assunto. Atualmente, além de ensinar as clientes a explorarem o seu estilo de vestir e quais cores combinam mais com a pele, aplicam workshops e ministram palestras sobre o tema, que batizaram de Instaglam. “O mundo será um grande aplicativo. O smartphone vai dominar”, acredita Flávia. Se o Instagram e a satisfação dos clientes foram fundamentais para que Flávia e Roberta alçassem voo, o carisma e a simpatia as mantêm no topo. Não há quem economize elogios para as duas. Foi o que a The Book mais ouviu no momento em que se preparava para entrevistá-las. A fama de profissionais acessíveis e simples demais foi, por exemplo, o que motivou Carolina Cassou, sócia da famosa loja online Gallerist, a contratá-las na ocasião do lançamento da empresa. Carol queria dar um up no visual e pediu a ajuda das irmãs. As consultoras ficaram surpresas quando a cliente se identificou por telefone. “Pensamos até que fosse sequestro”, ri Flávia. Roberta se perguntou porque uma moça rica e poderosa, com profissionais gabaritados em São Paulo à sua disposição, queria contratar alguém de Goiás. “Eu te sigo no (perfil) pessoal e vejo como você e sua irmã lidam com as clientes e eu estou doida para ser cuidada”, respondeu Carol a uma Roberta ainda pouco convencida. Meses mais tarde, após passar uma semana assistindo a empresária curitibana, a Santté Estilo começou a bombar na capital paulistana. Os estilistas Julio Santaella, Sandro Barros, Martha Medeiros e Lethicia Bronstein; o jornalista Bruno Astuto, o maquiador de noivas, Junior Mendes, o hairstylist
Marco Antônio de Biaggi e a apresentadora Ticiana Villas Boas, 33, que compartilha a bancada do Jornal da Band com Ricardo Boechat, fazem parte da lista de clientes. Tici, como é tratada pelos amigos, é casada com o empresário Joesley Batista, dono da maior empresa de processamento de proteína animal do mundo, o grupo JBS Friboi, de Goiás. As mulheres da família Batista estão, quase todas, na lista das primeiras clientes da Santté Estilo. Famosas e requisitadas, Roberta e Flávia descobriram no Instagram um bom nicho para ganhar dinheiro. A primeira cliente − e quem as convenceu a cobrar pelos posts − foi a própria estilista alagoana Martha Medeiros, para quem as consultoras indicam clientes. Hoje, reservam 20% das publicações para os comerciais, cobrando em média R$ 3 mil por post. A Santté recebe diariamente cerca de 20 propostas comerciais e, destas, apenas uma costuma passar pelo exigente filtro das consultoras. “É que muitas marcas e produtos não têm nada a ver com a gente”, argumenta. Embora desfrutem do sucesso na rede social, Roberta e Flávia rejeitam o título de blogueiras e a postagem do repetido recurso look do dia no perfil da Santté. “Não seguramos o carão”, riem de si mesmas. As consultoras preferem investir na moda para “mulheres reais e maduras”. “Eu não entendo o que aconteceu com a mulherada que hoje quer se vestir igual à Lala Rudge (do Blog da Lala) e à Thássia Naves (blogueira mineira, autora do Blog da Thássia)”, se pergunta Roberta, cujo papel principal é convencer as mulheres a desistir de se espelhar nas outras e descobrir um estilo próprio. “O que uma Thássia Naves tem para acrescentar na vida de uma Roberta, uma mulher de 41 anos? Desculpe, nada! A vida que a Thássia leva é completamente diferente da vida que levo. Acho bacanas as combinações, mas não tem nada a ver comigo”, pondera Roberta que considera seu estilo hi-lo e repete looks na mesma semana, sem medo de ser feliz. Francas e diretas, Roberta e Flávia têm consciência do papel que desempenham na vida das clientes e se sentem realizadas na função de despertar uma nova mulher a cada contrato que fecham. Não à toa, veem com tranquilidade a possibilidade de o Instagram perder força para outra rede social, a exemplo do que houve com o Orkut e, mais recentemente, com o Facebook que dizem passar pelo processo de orkutização. “Pode ser que passe, mas não estamos preocupadas com o Instagram, mas em fortalecer a marca. Hoje, a Santté Estilo já vale no mercado, tem um posicionamento e é um produto de luxo”, atesta Roberta. Mesmo com o vertiginoso crescimento da marca, as irmãs não pensam em se transferir para São Paulo. Casadas, ambas têm dois filhos − Roberta é mãe de Raiza, 23, e Julia, 9; e Flávia é mãe de Lucas, 10, e Lara, 4−, adoram voltar para casa e desfrutar o convívio com a família. Mesmo contando com o apoio dos maridos na tarefa de cuidar dos filhos enquanto estão fora de casa, desempenham tarefas como todas as mortais. A diferença é que as fazem sem jamais perder o estilo santté de ser.
Flávia Santos: “O mundo será um grande aplicativo. O smartphone vai dominar”
Londres
10 perguntas para Mariana Jungmann por Leandro Pires
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Uma das cinco mais importantes semanas de moda do mundo, a London Fashion Week apresentou ao mundo, em fevereiro, na temporada Outono-Inverno 2014, a estilista goiana Mariana Jungmann. Até então desconhecida no Brasil, Mariana fez sua estreia juntamente com dez alunos da London College of Fashion (LCF) escolhidos para apresentarem sua coleção no evento. Mariana passa a compor o grupo de brasileiros que participa do evento, formado por Lucas Nascimento e Bárbara Casasola. A LCF é uma renomada instituição de ensino londrina, constituinte da Universidade de Artes de Londres, que oferece cursos de moda, de curta duração, graduação, pós-graduação, mestrado, entre outros. The Book formulou 10 perguntas para Mariana, que vai continuar residindo em Londres, onde pretende abrir sua primeira loja. Leia a seguir: Como e quando se percebeu interessada em moda? Minha mãe costumava me levar com ela para a costureira quando queria um vestido novo e especial. Esse foi o meu primeiro contato com o mundo dos tecidos, croquis e moldes. Eu ficava bastante fascinada com tudo aquilo. Fui daquelas meninas que faziam roupinhas para a Barbie e adorava brincar com as peças do armário da mãe. Demorei um pouco para ver a moda como profissão. Entrei para a faculdade de Direito primeiramente, pois minha família é tradicional na área. Mas confesso que me interessava muito mais pelas roupas dos advogados do que pelo que eles tinham a dizer.
Você estudou moda em São Paulo. Por que não quis começar sua jornada em Goiás? Já faz algum tempo que fiz faculdade, e nessa época o ensino de moda em Goiás não era bem desenvolvido. No momento em que resolvi estudar moda, São Paulo era o melhor lugar dentro do Brasil. Claro que senti dificuldades. A maior parte das pessoas não sabe verdadeiramente o que é moda e acha que é apenas gostar de fazer compras e desenhar vestidos novos. Também enfrentei limitações econômicas e estruturais. A questão é ser capaz de vencer essas dificuldades, seguir em frente e ser o melhor que puder ser. Não importa onde você esteja. Como foi sua seleção para participar da London Fashion Week? A seleção é maior do que você pode imaginar. Em média, a universidade recebe 20 mil inscrições por ano, vindas do mundo inteiro, para somente 22 a 30 vagas do mestrado de moda feminina. Se gostam do seu material e você se enquadra no perfil que estão procurando, te convidam para uma entrevista. Durante todo curso o aluno é observado e avaliado e, no final, apresenta sua coleção em um desfile, onde um jurado composto por profissionais de moda avalia e seleciona as melhores criações. Em seguida, os alunos selecionados submetem suas peças a uma avaliação detalhada do júri que observa desenvolvimento, acabamento e execução. Por fim, 10 alunos são escolhidos para participar da London Fashion Week. Sua vida em Goiânia influenciou suas inspirações e pesquisas para a coleção atual? Minha coleção foi inspirada em minha infância e, por consequência, Goiânia participou deste
universo de pesquisa, já que vivi toda minha infância na cidade. Lembro-me que quando era bem pequena, tínhamos uma mesa de vidro bem grande em casa e que era coberta por uma toalha de renda renascença, supertradicional e conhecida no Brasil. Eu amava brincar embaixo desta mesa observando os detalhes e desenhos que a renda promovia naquele tampo de vidro. Nesta coleção fiz estampa, laser e usei a renda para recriar esse mundo em que cresci. E como você introduziu a renda como matéria-prima em sua coleção? A renda que trabalhei foi feita no Brasil. São seis rendeiras da cidade de Pesqueira, em Pernambuco, que já trabalho com elas há quatro anos. Algumas das peças da coleção foram feitas a partir de uma técnica que desenvolvi em que a renda não tem costura. Consigo moldá-la no formato que eu quiser. Daí, desenho a renda e elas fazem no Brasil para mim. Quando necessário, nos reunimos pelo Skype, e quando está tudo finalizado, elas mandam a renda para mim, aqui em Londres. Também trabalhei outras matérias -primas na coleção como couro, lã e fibra de korma. Como iniciou a marca Mariana Jumgann? Desenvolver uma marca não é um trabalho fácil, e isso exigiu muito planejamento, estudo e observação. São horas e horas de muito trabalho. Já faz três anos que estou na Inglaterra e somente agora as pessoas começaram a observar o meu trabalho. Qual é o estilo da sua marca? É a expressão do luxo moderno, com foco na alta qualidade e ótimo acabamento. Quando digo luxo, não me refiro à vestidos de gala, rebuscados e com grandes adereços. Para mim ter uma peça feita 100% a mão é o maior dos luxos. Planeja participar de eventos de moda no Brasil como São Paulo Fashion Week e Fashion Rio? Eu adoraria participar da SPFW. É uma das maiores semanas de moda do mundo. Para mim seria uma honra. Quais os planos para o futuro? Ainda não possuo loja no Brasil, e para este exato momento não está nos meus planos. O meu plano de negócios também não inclui pontos de venda, mas apenas revenda para lojas de departamentos e boutiques de luxo. É uma forma interessante de se começar a construir uma marca, pois diminui custos e estresse. Por enquanto, estou abrindo minha marca aqui em Londres. O plano é trazer a renda para cá considerando que é um produto genuinamente brasileiro, e que poucas pessoas o conhecem por aqui. Como será o seu modelo de venda? No momento sigo em negociação com compradores aqui do Reino Unido para conseguir vender meus produtos e já pensando, é claro, na próxima temporada. Até o fim do ano, quero vender em pelo menos duas lojas de departamento aqui e aí então expandir os negócios para o Brasil.
No alto, look com aplicação de renda renascença; Mariana Jungmann , a estilista goiana que estreou na última temporada da London Fashion Week
Collect
Frio, pero
no mucho! por Roberta Klein
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Com a chegada dos dias mais frescos do ano, carregar a tiracolo uma terceira peça é essencial para não sermos pegos de surpresa. As variações vão de um cardigã levinho a um blazer bem cortado. O outono pede marrom, cor fechada que nos dá a sensação de proteção. Se for combinada com a cor prata, dá um toque de modernidade ao look. Entra temporada, sai temporada, o animal print segue firme e forte. Solte por aí suas estampas de oncinha, de zebra, de cobra. Elas podem ser misturados a outras estampas ou até mesmo com o preto e branco, é charme absoluto. Para as mais irreverentes, vale tentar o mix com o P&B do pied de poule. Franjas vão e voltam, então, sempre conseguimos comprar. Vale a pena o investimento de se ter peças como casacos, botas e bolsas franjadas, que dão aquele ar boho que a gente tanto ama. Esta também é época para abusar das botas com short e dos lenços com diversas padronagens, que dão um up em qualquer visual. Uma dica valiosa: separe um dia para namorar suas roupas e brincar de fazer combinações entre elas, fotografe e guarde numa pasta do celular. Na hora de sair, você terá um leque de opções maior e suas peças ganharão funcionalidade.
Colar Francesca Romana Diana; camisa organza Corporeum, calça Animale e sandália colorida Cavage, tudo para Ville Gaspacia; scarpin prata Capodarte
Fotografia: Edgard Soares
Brinco Francesca Romana Diana; blusa seda Giorno, cardigรฃ Moรงa Bonita e short Hit, tudo para Ville Gaspacia; Cinto My Shoes; sandรกlia p&b, bolsa prata e scarpin chanel baixo, tudo Capodarte
Bracelete Francesca Romana Diana; blusa A.Brand, cachecol e short couro A Teen, tudo para Ville Gaspacia; bolsa couro e sapatilha bicolor Capodarte; bota franja My Shoes
Crônica
Quem somos nós?
Não sou antropóloga, socióloga ou psicanalista. Como todos sabem, sou advogada. Este artigo, portanto, é apenas uma reflexão, sem qualquer pretensão, que me veio através de várias informações até mesmo superficiais encontradas aqui e ali, que juntei aleatoriamente para chegar onde quero chegar. Bem grosso modo.
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Freud, o famoso psicanalista, falou, em sua obra, em inconsciente, que seria preenchido por aqueles sentimentos e pensamentos que não são governados pelo eu: “O inconsciente é o que não sabemos de nós mesmos”. Jung, discípulo de Freud, acrescentou ao conceito a distinção entre “inconsciente pessoal” e o “inconsciente coletivo”: naquele fica guardado o que nós mesmos vivemos, mas que, por algum motivo, está esquecido, escondido, enquanto neste, ao contrário, o que se guarda é o que a humanidade como um todo experimentou. Os arquétipos, ou as “imagens primordiais”, que preenchem o inconsciente coletivo, se originariam de uma constante repetição de uma mesma experiência, durante muitas gerações. Um arquétipo facilmente compreensível seria o da ”alma gêmea”, ou seja, a eterna busca do par perfeito, que seria resultado das figuras de Adão e Eva e de todas as outras similares, pois de fato há, em todas as religiões, uma história que ilustra a união entre “as polaridades”: com efeito, não importa onde fomos criados, o país em que vivemos, qual seja nossa crença, ou religião, os arquétipos são muito parecidos para todos nós.
Será que existem arquétipos que, ao invés de servirem a toda a humanidade, servem apenas para um determinado povo? Árabes, japoneses, alemães, brasileiros. Religiosidade, disciplina, trabalho??? “O sufixo ‘-dade’ é acrescido a adjetivos para formar substantivos que expressam a ideia de estado, situação ou quantidade. ... ‘igual + dade = igualdade’, ‘leal + dade = lealdade’, ‘mal + dade = maldade’ etc.” Vamos nos permitir uma licença poética: Brasil + dade = Brasilidade. Qual a ideia que fazemos de nós mesmos? O que nos caracteriza? O que nos caracteriza hoje pode deixar de nos caracterizar amanhã? Há mudanças a serem feitas? Quais? E há um caminho para se promover as mudanças necessárias? Consciência? 2014, ano de Copa do Mundo no Brasil, “o país do futebol”, em que todas as obras de infraestrutura estão atrasadas? Somos só isto mesmo? Vamos falar disto? *Maria Thereza Alencastro Veiga é advogada, nas horas vagas faz programas divertidos com os netos e diz que vai retomar o tema desta crônica, na próxima edição
Renata Ramos
por Maria Thereza Alencastro Veiga
+55(62) 96613999
contato@fernandamancoacessorios.com
/fernandamancoacessorios
Moda
Aquarela do
Brasil
Em um país plural, difícil é não se contaminar com a diversidade de estilos, estampas e cores. Também é impossível não entrar na vibração da Copa do Mundo. É tempo de exalar a alegria da nossa terra. Tramas, texturas e brilho expressam a tropicalidade urbana e as tendências da estação 70 71
Styling | Plie Design Fotografia | Rafael Manson Modelo | Taynara Fernandes (Ford Models) Beleza | Evando Filho Agradecimentos | El Club
Casaco Letage e saia Le Lis Blanc, ambas para Ville Gaspacia; blusa La ChocolĂŞ para Chic Closet; sandĂĄlias Capodarte
Lenço usado como blusa e pareô usado como saia, ambos Scarf Me; braceletes Fernanda Manço; tênis New Balance para Psicodellic
Jaqueta Cantão; blusa Saad; colares Plumária Fernanda Manço; calça Letage para Ville Gaspacia; tênis New Balance para Psicodellic; óculos de sol acervo
Blusa-quimono Iorrane para Ville Gaspacia; blusa Cantão; camisa usada como saia Cantão; colar Fernanda Manço; botas Dummond
Jaqueta Saad; saia Bobô para Chic Closet; Lenço usado como blusa Scarf Me; tênis New Balance para Psicodelic
Noite inspiradora com Carlos Motta A AZDecor armou, em março, agradabilíssima noite com o arquiteto Carlos Motta, o dono da fábrica Butzke, Guido Otte, e um grupo de profissionais da área. No bate-papo fluíram, entre outros temas, a paixão pela marcenaria e o design.
Fotografias: Marcus Camargo
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Experiência de luxo Sommelier Eugênio Veiga Jardim comandou noite de harmonização enogastronômica na abertura do Casa Ipus Areião, novo empreendimento da Opus Inteligência Construtiva, para um grupo seleto de convidados. Autor do decorado, o arquiteto Leo Romano impressionou com o pojeto inovador aprsentado.
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Fotogradia: Divulgação
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1 - Maria Abadia Haich e o designer Genésio Maranhão 2 - Daniella Haick Mallard recepciona Carlos Motta 3 - Guido Otte, dono da Butzke, que produz uma linha do mobiliário de Carlos Motta 4 - Mariela Romano, Carlos Motta e Nando Nunes 5 - Maria Abadia Haich e Jean Bergerot 5 - Genésio Maranhão, Sarah Andrade e Carlos Motta 1 - Sommelier Eugênio Jardim 2 - Pedro Paulo Ávila e Fabiana Ávila 3 - Helder Fontes e Cristina Torres 4 - Casal Glorinha e Carlos Drummond 5 - Alessandra Junqueira e Jovane Rodrigues 6 - Arquiteto Leo Romano 7- Fábio e Roseli Miguel
Para comemorar o aniversário do marido, o empresário francês Vincente Brotons de Agor, a também empresária Rosemery Santos Brotons, dona da Villa Bueno, armou noite para lá de especial em sua casa nos Jardins Paris, no mês de março. Para a alegria de Vincent, a comemoração contou com a presença do irmão, Didier Brotons de Agor, que veio especialmente a Goiânia para a ocasião - que aliás disse ter adorado a cidade e prometeu voltar em breve. Com decoração e buffet da Vero Festas, a noite foi regada a muito champanhe francês, claro. Na best list de convidados estava o chefe de gabinete do embaixador da Itália e coordenador para Assuntos Relativos à Copa, Alberto La Bella, além de amigos de longa data e familiares.
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Fotografias: Juliano Silva
Festa especial para Vincent Brotons
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1 - Anfitriões Rosemery Santos Brotons e Vincent Brotons com a filha Anne-Sophie Brotons de Agor e Didier Brotons de Agor 2 - Vincent com Alessandro Barilla, Didier e Clayton Oliveira 3 - Christiane Ruiz e Rosemar Santos 4 - Casal Wagner Tadeu Roriz e Maria Lúcia Bello Roriz 5 - Rosemar Santos e Mara Manuela 6 - Rosemery Santos Brotons com o casal Thais Morbeck e Humberto Torquatto 7 - A alegria de Vincent com o irmão Didier 8 - Raffael Rodrigues e Gabriela Reis do Amaral Machado 9 - Leonardo Bezerra e Raffaela 10- Izabella de Castro, Alberto La Bella e Tatiane Vampré 10 - O casal Karol Donatelli e Alessando Barilla com o chefe de gabinete do embaixador da Itália, ao centro, Alberto La Bella 11 - Tatiane Vampré com as filhas Beatriz e Vitória Lobo e o genro Gustavo Otto 12 e 13 - Mesas decoradas pela Vero Festas