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Publisher Roberto Meir Diretora Comercial, Inovação e Novos Negócios Fabiana Zuanon | fzuanon@gpadrao.com.br Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo Jacques Meir | jacques@gpadrao.com.br Diretora Financeira e Administrativa Lucia Maria De Bellis Mascaretti | lucia@gpadrao.com.br

NOSSACAUSA

Controller Pedro Ganut | pedroganut@gpadrao.com.br Gestora-Executiva do Design Tatiane Martins | tatiane@gpadrao.com.br

Com a evolução das relações de consumo, surge um novo protagonista, o chamado consumidor multicanal, aquele que gera, produz e distribui conteúdo, demandando das empresas interação em tempo real, propagando sua experiência (positiva ou negativa) por toda a rede. Essa é a nova atitude do consumidor global, que interage de forma mais direta com as marcas e busca incessantemente informações e maior transparência por parte das organizações com as quais se relaciona.

REDAÇÃO Editora-Chefe Gisele Donato | gisele@gpadrao.com.br Editora Assistente Revista e Site Laura Navajas | laura@gpadrao.com.br Repórteres Ivan Ventura | ivan@gpadrao.com.br e Melissa Lulio | melissa@gpadrao.com.br Editor Assistente de Plataformas de Conteúdo Marcelo Brandão | marcelo@gpadrao.com.br Repórteres On-Line | Raisa Covre | raisa@gpadrao.com.br Roberta Romão | robertaromao@gpadrao.com.br Analista de Redes Sociais Rafael Hernandez | rafael@gpadrao.com.br NÚCLEO DE CRIAÇÃO Designers Érika Bernal e Flávio Pavan FOTOS Douglas Luccena

A Consumidor Moderno, como plataforma de produção e distribuição de conteúdo focado na evolução do consumidor, tem o compromisso de estudar, mapear e projetar as melhores práticas de relacionamento das empresas comprometidas com os processos de integração com seus clientes e stakeholders.

REVISÃO Dora Wild COLABORADORES Caio Blinder, Marcelo Sodré, Michel Alcoforado, Peter Kronstrom, Tenny Pinheiro e Tutty Vasquez (colunas) PUBLICIDADE Gerente-Executiva de Vendas e Negócios Adriana Próspero | aprospero@gpadrao.com.br

Fruto desse compromisso pioneiro e visionário, buscamos os melhores exemplos e práticas de consumo consciente, indicando caminhos para um diálogo harmônico entre empresas, consumidores e órgãos de defesa do consumidor.

GERENTES COMERCIAIS Andréia Gonçalves | agoncalves@gpadrao.com.br Lucimara Fiorin | lucimara@gpadrao.com.br Marcos Carvalho | mcarvalho@gpadrao.com.br

Isso contribuiu para que muitos brasileiros entendam a importância do bom serviço como diferencial. É um orgulho poder relatar histórias de sucesso das empresas que alcançam a alta qualidade e encantam seus consumidores. A nossa visão é a de valorizar o estilo brasileiro de se relacionar e servir, tratando a clientela de maneira única e global.

CIP – CENTRO DE INTELIGÊNCIA PADRÃO Gerente Aline Tobal | aline@gpadrao.com.br Analistas de Pesquisa Eduardo Bueno | eduardo@gpadrao.com.br Luana Soares | luana@gpadrao.com.br MARKETING Gerente de Marketing Estratégico Gabriela Ferraz | gabriela@gpadrao.com.br DIGITAL Gerente de Estratégia Digital Cintia Schlaen | cintia@gpadrao.com.br

Vamos trabalhar para reforçar a identidade e autoestima brasileira, principalmente no que tange aos negócios, às relações de consumo e aos exemplos de engajamento social.

EVENTOS Gerente Sabrina Lahuerta | sabrina@gpadrao.com.br Coordenadora Débora Hanna Storch | debora@gpadrao.com.br

Se você compartilha dessa visão, junte-se a nós para difundir as virtudes do atendimento, do empresariado e do consumidor brasileiro.

RELACIONAMENTO Coordenadora Katty Bovo | katty@gpadrao.com.br LOGÍSTICA Door to Door Logística e Distribuição CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS assinatura@gpadrao.com.br IMPRESSÃO Plural Editora Gráfica Ltda. PERIODICIDADE Mensal CIRCULAÇÃO Nacional

CONCEPÇÃO DA CAPA: Tatiane Martins Imagens: Shutterstock / BigLike Images

Consumidor Moderno é uma publicação da Padrão Editorial Eireli. Av. Pacaembu, 1.613 Pacaembu – CEP 01234-001 – São Paulo – SP Telefax 55 11 3125 2244 A editora não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos ou matérias assinadas. A reprodução do conteúdo editorial desta revista só será permitida com autorização da Editora ou com citação da fonte. Todos os direitos reservados e protegidos pelas leis do copyright, sendo vedada a reprodução no todo ou em parte dos textos publicados nesta revista, salvo expresso consentimento dos seus editores. Padrão Editorial Eireli. Consumidor Moderno ISSN 1413-1226

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REPRINTS EDITORIAIS Reedições especiais de reportagens e artigos, com o anúncio da sua escolha e a capa original da edição, podem ser pedidas à Padrão Editorial. Para informações sobre orçamentos: comercial@gpadrao.com.br



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8 SUMÁRIO edição

Homens e mulheres são agora apenas dois dos muitos gêneros com os quais os clientes e colaboradores podem se identificar

NOVOS FORMATOS FAMILIARES

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IDENTIDADE DE GÊNEROS

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UNICÓRNIOS

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CAPA

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Estudo Comportamento do Consumidor Brasileiro, realizado pelo Centro de Inteligência Padrão (CIP) em parceria com a REDS, apresenta hipóteses e dados inéditos sobre as gerações no Brasil

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ENTREVISTA DO MÊS

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Leia mais em nosso site pela tag CM 211 ou pelo QRCode, por meio de um leitor que pode ser baixado em seu smartphone ou tablet

COLUNISTAS

018>> CAIO BLINDER/Direto de Nova York 026 >> MARCELO SODRÉ/Cidadania em Pauta 076 >> MICHEL ALCOFORADO/Antropologia do Consumo 090 >> PETER KRONSTRØM /Tendências por Copenhagen Institute 098 >> TENNY PINHEIRO/Design + Thinking 130 >> TUTTY VASQUES /Humor

VI ET NÃ


Somos todos millennials POR ROBERTO MEIR

Há 21 anos, a Consumidor Moderno foi criada com a missão de influenciar positivamente o mercado e a sociedade na prática de relações de consumo éticas e sustentáveis. Em nosso entender, faz todo sentido pensar que qualquer empresa precisa simplesmente colocar o consumidor em primeiro lugar em tudo o que faz. Mas é impressionante verificar como a maior parte delas simplesmente não consegue ver as coisas dessa forma. Tudo termina e começa com o consumidor. Para qualquer negócio, mesmo para as empresas B2B. No entanto, após estes 21 anos em que nos dedicamos a oferecer informação qualificada para demonstrar de maneira inequívoca a ascensão e a predominância do consumidor – o ativo essencial para a sustentabilidade e perenidade de qualquer negócio – é espantoso que algumas companhias ainda coloquem como centro do negócio uma empresa “compradora”. Executivos esquecem que, no final da linha, há um consumidor que muitas vezes pode estar segurando a demanda e que pode, por diversas motivações, gerar o efeito chicote que acaba quebrando a indústria na outra ponta. Todos os negócios terminam e começam porque há um consumidor na ponta. Mesmo aqueles teoricamente focados no B2B. Entendem-se como B2B distribuidores e atacadistas que fazem a ponte entre a indústria e o varejo e que, portanto, também estão sujeitos às demandas do consumidor. Por que digo isso? Simplesmente porque o Brasil assiste a uma crise que impacta os modelos de negócios das empresas. O parque brasileiro não se modernizou conceitualmente, não se sintonizou com a evolução do consumidor e as expectativas das novas gerações. Em resumo: as indústrias estão cada vez mais distantes do consumidor. Elas optaram por terceirizar muitas vezes com o varejo a necessidade de manter o relacionamento com seu cliente, de tal maneira que ele, principalmente nas gerações mais novas, tornou-se indiferente às grandes empresas. Há 21 anos, quando lançamos a primeira edição de Consumidor Moderno, os grandes modelos de relacionamento com o consumidor vinham da indústria. Não existiam serviços. Empresas como Sadia, Avon, Nestlé, Unilever faziam toda a diferença, eram os grandes baluartes quando se falava em modelos de relacionamento e qualidade. E onde estão esses modelos triunfantes e inspiradores hoje? Toda a proeminência delas sucumbiu no momento em que a ponte e a relação mais efetiva, interativa e intensa acontecem no varejo. Em nossa edição de aniversário, como já é tradição, trazemos um espetacular conjunto de novos dados que ajudam a entender essa dinâmica do consumidor. Estamos satisfeitos com a parceria da REDS e com o Centro de Inteligência Padrão (CIP), que redundou no estudo inédito e revelador do comportamento do consumidor brasileiro, à medida que apresentamos insights e comprovamos claramente como se comporta e quais são os hábitos peculiares às diferentes idades do consumidor brasileiro. Nossa hipótese de alguns anos atrás se mostrou realmente assertiva, porque há um gap muito grande, de pelo menos cinco anos, entre a realidade dos consumidores brasileiros – principalmente os Y ou millennials – e os americanos, de onde se baseiam todos os preceitos das estratégias de marketing. É uma grande irresponsabilidade querer traçar paralelos comparando as faixas etárias de cada geração sem entender a natureza de cada uma. O Brasil está muito atrasado na realidade digital – tanto as empresas quanto os consumidores. Nós esperamos claramente que os jovens deixem de ser apenas usuários ou seguidores na

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O nosso millennial fará a grande revolução e será a força motriz que levará nossas empresas e startups no rumo da inovação serial internet, mas que comecem agora a usar as facilidades digitais. A ideia é não apenas seguir outras redes globais, mas desenvolver as nossas criando novos negócios e redes. A profusão de novas formas de relacionamento, engajamento, comunicação, interação e linguagem que pipocam nos EUA, na Europa, no Japão e na China não encontram correspondência no Brasil. Mas é evidente que precisamos estimular mais brasileiros a dominarem essas ferramentas para que façam a diferença, até pensando no Brasil 3.0, que ainda está muito distante de nossa realidade. É necessário compreender a diferença de gerações, mostrar o atraso das empresas na adoção do digital e das novas formas de interação, que podem não substituir as relações pessoais, mas claramente facilitam os modelos de negócios. Os nossos millennials que tomam as ruas e desconstroem a política tradicional nos inflamam e incentivam rumo a um Brasil melhor e mais justo. Por fim, participando dos principais eventos do mundo, percebemos que é impressionante como eles têm adotado tecnologias como a Internet das Coisas, uma forma das indústrias recuperarem o terreno perdido na relação com o consumidor; a realidade virtual, que vai mudar tudo, porque hoje ela é aplicada a movimentos sociais e também incorpora a neurociência; a robótica que vai trazer uma série de facilitadores e provocará mudanças sensíveis na educação. Há uma série de oportunidades e a integração desses novos formatos de comunicação e essas novas linguagens farão a diferença na vida das pessoas. Se optar por olhar o copo meio vazio, posso afirmar que os negócios estão tão atrasados quanto à política em nosso país, a um ponto em que estamos perdendo a sintonia com a modernidade e com os avanços que os principais países estão experimentando. Mas ao olhar para o copo meio cheio, vejo que nosso consumidor está cada vez mais moderno. O nosso millennial fará a grande revolução e será a força motriz que levará nossas empresas e startups no rumo da inovação serial. Será o consumidor que motivará as empresas a se tornarem agentes de mudança. Uma conjunção tão poderosa que poderá se refletir em nossa classe política e em nosso propósito como nação. O comportamento do consumidor brasileiro, do nosso millennial, é um elemento libertador de uma nova consciência cívica, social e econômica para o Brasil.

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DIÁLOGOABERTO

Jovens de Futuro!

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choque entre gerações sempre existiu e provavelmente continuará existindo. Mas as diferenças entre elas têm se tornado mais evidentes por conta do avanço da tecnologia e da velocidade da informação. E para mostrar que os mais jovens estão cada vez mais ditando regras e revolucionando a maneira como interagem com o mundo, Consumidor Moderno traz nesta edição o estudo inédito Comportamento do Consumidor Brasileiro, realizado pelo Centro de Inteligência Padrão (CIP) em parceria com a REDS, que mapeia as diversas gerações. Como lembra Roberto Meir, publisher da revista Consumidor Moderno e presidente do Grupo Padrão, as gerações mais antigas – baby boomers e X – tiveram uma infância recheada de brincadeiras na rua, sempre fora de casa. Mas quando se tornaram pais, a violência os fez mudar a conduta com relação aos filhos. Por segurança, as gerações Y (millennial) e Z passaram a se divertir dentro de casa. Mais precisamente em seus quartos, aparelhados de todo tipo de eletrônicos e computador. O que a sociedade não imaginava é que essas crianças enclausuradas em seus quartos iriam se tornar os jovens empreendedores que a todo momento se destacam e ganham força abençoados pelas novidades tecnológicas. Aliás, uma das constatações do estudo é exatamente o fato de que há uma diminuição constante no período de cada geração. E o período das mais jovens tendem a ser cada vez mais curto, o que se deve à velocidade das mudanças tecnológicas e sociais que marcam o mundo atual. Ou seja, os jovens passaram a dominar tão bem a tecnologia que acabaram por idealizar novos modelos de negócio e até novos comportamentos sociais e de consumo.

É o que mostra a matéria sobre as startups brasileiras que têm potencial para se tornarem Unicórnios, modelos de negócios cujo valor de mercado é de US$ 1 bilhão. Existem várias startups nacionais que podem atingir esse patamar. Burocracia, alta carga tributária à parte, o momento empreendedor é positivo já que empresas como Sebrae e os bancos Itaú e Bradesco, por exemplo, estão abraçando a causa e tornando o longo, por vezes tortuoso, caminho das startups mais tranquilo. Outro aspecto apontado na matéria é a necessidade de se fomentar a cultura empreendedora nas escolas para formar profissionais mais criativos e inovadores. Uma das características de jovens das gerações Y (millennial) e Z é a tolerância que, aliás, está em falta em tempos de crise política. E os novos formatos familiares, que podem ser difíceis de entender para os mais velhos, para os jovens já faz parte de seu universo. Já que para eles não importa com quem o outro se relaciona ou como se identifica. Hoje, não existem apenas dois gêneros: homem e mulher, são vários gêneros e o jovem aceita muito mais as diferenças. E isso é muito importante em um mundo no qual a velocidade da informação e a tecnologia avançada tornaram a todos mais próximos. Portanto, a edição está repleta de temas que definem e nos aproximam do que pensam, do que sentem e do que criam essas gerações de brasileiros que contestam modelos ultrapassados de negócios, conceitos, costumes e tudo que os cerceie a vontade de viver intensamente, característica intrínseca dos jovens. Boa leitura! GISELE DONATO EDITORA-CHEFE



DESTAQUE WEB

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Leia as notas na íntegra em consumidormoderno.com.br e pela hashtag #consumidormoderno nas redes sociais ou pela QR code

A era da transformação no atendimento Os consumidores de hoje estão mais conectados do que nunca, e as empresas que querem ter sucesso neste novo ambiente devem proporcionar uma experiência de serviço ao cliente sem rupturas durante as interações, em todos os canais. Plataformas de gestão do relacionamento com clientes (CRM) e a inovação oriunda da Internet das Coisas (IoT) são soluções para auxiliar empresas modernas na busca por um relacionamento ágil e sem ruptura com seus clientes.

Como ser um youtuber de sucesso Uma pesquisa recente realizada pela Provokers para Google e “Meio & Mensagem” identificou personalidades mais influentes em vídeo entre os jovens brasileiros. Entre os top 20, pelo menos oito fizeram fama a partir de canais independentes de conteúdo no YouTube. São os famosos youtubers, celebridades que geram um engajamento muito intenso na internet. Ora... quem não gostaria de ter um canal de sucesso no YouTube?

Como melhorar o atendimento via redes sociais e aplicativos? O uso de aplicativos e redes sociais para o relacionamento entre clientes e empresas no Brasil tem se intensificado nos últimos anos. Mas existe de fato um interesse das empresas em utilizar esses canais para melhorar o atendimento? Segundo Camila Porto, autora do livro “Facebook Marketing”, muitas empresas já utilizam as mídias sociais como canal de atendimento aos clientes, mas, ainda há muito a ser feito: “especialmente pelas pequenas empresas”, diz.

Estacionamentos não podem mais cobrar por hora em SP

10 dicas para economizar no supermercado

Seis aplicativos ideais para pessoas esquecidas

Se há uma situação que dá raiva é precisar pagar uma hora a mais de estacionamento porque demorou cinco minutos além do previsto dentro da loja preferida. Pois São Paulo já está livre desse problema. Pelo projeto de lei nº 670/2013, que o governador Geraldo Alckmin sancionou no começo do mês, os estacionamentos ficam proibidos de cobrar por hora cheia e passam a cobrar por períodos de uso, fracionados de 15 em 15 minutos.

No último ano, os preços dos produtos de supermercado sofreram alguns reajustes bem salgados. Essas empresas têm botado pressão em seus fornecedores para que as margens de lucro sejam reduzidas e os aumentos não cheguem tão fortes ao consumidor final. Muita coisa vem sendo feita nesse interessante mercado, mas cabe ao consumidor fazer a sua parte na luta pelo equilíbrio financeiro.

Quem nunca pensou em pegar um negócio na cozinha, saiu do quarto e quando chegou lá... esqueceu? Não lembrar é algo comum na vida de quem tem uma rotina corrida. Claro que, quando é demais, é bom ficar atento. Mas, se não há exageros e você é apenas uma pessoa esquecida, daquelas que não se lembra dos aniversários dos amigos, vale dar uma conferida nessa lista de aplicativos que o pessoal da Mandaê mandou para a gente.

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PD AE LS AT VA RQ AU E D W O ECBO N S U M I D O R

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Confira a opinião dos consumidores e os comentários postados nas redes sociais POR MELISSA LULIO

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Desconfiança ou continuidade

Adquiri um processador Walita. Por confiar na marca, escolhi um produto semelhante ao processador antigo que possuía e, na loja do Ponto Frio, fui alertada de que tinha três dias para troca. Porém, precisei viajar a trabalho e testei o produto apenas quando voltei. Assim, vi que um pedaço da tampa estava faltando. Isso comprometia o travamento, e consequentemente, impedia a ferramenta de funcionar. Procurei o SAC e a funcionária se comprometeu a me retornar em pouco tempo e substituir a peça, já que expirara o prazo da loja. A partir disso, falei com mais de um atendente da marca, até que fui orientada a obter um novo produto. Pergunto: insisto em comprar um novo produto Walita ou mudo de marca, quebrando anos de confiança?

SILVIA PERLOV – SÃO PAULO/SP

O QUE A EMPRESA DISSE?

A Philips enviou à consumidora uma nova tampa do processador Walita. O recebimento do acessório foi confirmado por ela. E A CLIENTE?

A empresa solucionou o problema.

Um tombo tão pequeno...

Comprei um aparelho Nokia e, com uma semana de uso, o celular caiu de uma altura de no máximo 40 centímetros e a tela trincou. Após entrar em contato com a central de relacionamento, enviei-o para análise. Porém, o aparelho voltou da assistência técnica com a alegação da empresa de que a garantia tinha se perdido por mau manuseio. Não consigo expressar o quanto estou insatisfeita com os serviços da Nokia. Estão vendendo produtos descartáveis! LIZ TAYLOR CRAVEIRO MACIEL – ITAPERUNA/RJ

O QUE A EMPRESA DISSE?

O caso está em reanálise por contestação de laudo. A consumidora está ciente que deverá aguardar um novo contato. E A CLIENTE?

A empresa enviou um aparelho novo.

Foto: ShutterStock / R.Iegosyn

Na alegria e na tristeza

No fim de fevereiro e começo de março, os Rolling Stones vieram ao Brasil provocar nos fãs as melhores sensações possíveis. A banda arrancou arrepios, lágrimas, sorrisos e suor dos milhares que foram assistir ao espetáculo e fez valer todos os reais investidos no evento. A questão, porém, é que cada show realizado no Brasil demanda um alto custo dos fãs que querem viver momentos emocionantes diante dos artistas que admiram. No caso do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, por exemplo, os valores exorbitantes começam na compra do ingresso e só terminam depois do pagamento do estacionamento – principalmente para quem deixa o carro estacionado nos arredores. É evidente que existe lucro envolvido em cada centavo gasto pelos consumidores em shows. Ao mesmo tempo, a maioria dos gastos é justificada de forma clara. Existe um fator, no entanto, que deixa a maioria dos clientes desgostosa: a taxa de conveniência. A Tickets for Fun, empresa que vende os ingressos da maioria dos grandes shows realizados no Brasil, por exemplo, afirma que a taxa de conveniência está presente nas compras realizadas pela central de relacionamento, pontos de venda e site da empresa. Assim, é impossível escapar desse gasto extra. Como destaca Fabio Lopes Soares, professor de direito e relações de consumo da FGV Direito Rio, compras feitas pela internet também estão sujeitas ao Código de Defesa do Consumidor, assim como toda relação de consumo. Dessa forma, essa compra também pode ser submetida ao Direito de Arrependimento (art. 49). “Além de poder desistir em até sete dias da compra, as questões contratuais, sobretudo quanto a transparência e informação devem ser motivo de atenção para consumidores e fornecedores, inclusive para esclarecer o que se está cobrando pela conveniência”, afirma. Assim, ele ressalta que taxas de serviço ou conveniência poderão ser cobradas, mas, caso não ocorra sua contraprestação ou caso o consumidor desista da compra os valores pagos e atualizados, somados ao eventual frete, devem ser devolvidos. “Reclamar no Procon ou eventualmente no Juizado Especial Cível (JEC) poderá ser uma saída para exigir seus direitos”, conclui.


17 Q u a n t o d e m o r a pa r a arrumar um novo emprego? “Faz oito meses que eu estou desempregado” JOSÉ VAL, PELO FACEBOOK

E s ta c i o n a m e n t o s n ã o p o d e m mais cobrar por hora em SP “Antigamente tinha uma tolerância de 15/20 minutos sem pagar. Isso deveria continuar! Não sei como é hoje. Às vezes, se leva esse tempo para entrar e sair do local, ou procurando vagas.” MARIANA MARTINS, PELO FACEBOOK

C i n c o d i c a s pa r a i n o va r n a g e s tã o e m p r e s a r i a l “Manter colaboradores estimulados é fundamental. Difícil acreditar que há empresa que pula essa etapa” VILMA ALVES, PELO LINKEDIN

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DIRETO DE NOVA YORK

CAIO BLINDER Jornalista e um dos apresentadores do programa Manhattan Connection da Globo News

O BARATO SAI BARATO No domingão, uma vez por mês, eu tenho um programa que por boa parte da minha vida de anticonsumidor eu acharia que fosse inconcebível. Eu vou às compras em um local feio, mais para armazém cavernoso, atabalhoado de gente e com pouca variedade de produtos. Tampouco há muitos funcionários para atender a clientela. Nenhum problema: cada um de nós sabe exatamente onde se enfiar na imensa caverna do varejo que vende no atacado a preços fantásticos. Em uma era do triunfo do comércio eletrônico com o ataque Amazon em tantas frentes, o império Costco se mantém firme com seu modelo de lojas físicas e gigantescas. Tudo é descomunal: do tamanho dos produtos às legiões que, como eu, enfrentam bravamente o cenário horroroso e encaramos o estacionamento lotado, faça sol, faça chuva, faça neve. Uma medida: em um país com 320 milhões de habitantes, o Costco tem 45 milhões de domicílios entre seus associados. Sim, o Costco é um clube que cobra anuidade (no meu nível, US$ 110). E a carteirinha obviamente é um dos segredos da lealdade das suas legiões de clientes, que entram na caverna para devorar qualquer coisa: de imensos aparelhos de televisão a caixas de framboesa. Costco é também concessionária de veículos e um dos maiores vendedores de pizza nos EUA. Dá para imaginar uma receita tão eclética? Nos anos 1980, com bolsa de estudante, morando no interior americano, eu conheci o supermercado Aldi (a cadeia barateira alemã) e claro que com minha módica renda fiquei impressionado com os preços, não se importando com as marcas desconhecidas e a falta

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de variedade. Ali na filial Aldi na cidade de Mishawaka, Indiana, eu via gente pobre fazendo as compras com food stamp, a bolsa-alimentação. No Costco, o que impressiona é a presença em peso da sociedade americana (inclusive com gente muito obesa), de todas as classes sociais e a babel linguística deste país de imigrantes. Aldi e Costco têm algo em comum: são recomendados pelos analistas de varejo de banco. São sólidos modelos de negócio. Estamos diante de um cenário paradoxal em que a Amazon, que passou como um trator em cima do comércio tradicional e agora com a terra arrasada, acena com a construção de lojas nos EUA. Locações físicas serão a prova de que não existem fronteiras para a expansão Amazon. Uma das respostas de varejistas tradicionais, como Walmart e Target, é reagir na moeda revolucionária Amazon, deixando impressões digitais “digitais”, ou seja, jogar o jogo do inimigo, investindo no comércio eletrônico. Mas, Costco se mostra “à prova” da Amazon, com seu modelo de associados e pela habilidade de nos levar ritualmente para seus armazéns horrorosos. Amazon entende do jogo também. E já tem 54 milhões de associados no esquema Amazon Prime apenas nos EUA. O que impressiona mais é a velocidade da adesão: 14 milhões de novos membros em 2015. Ali do lado da minha filial Costco está fincada a bandeira Walmart. Nunca entrei. Mas estou firme na lealdade a um outro clube do qual a família Blinder é sócia: Amazon Prime.





CURTAS Foto: Shutterstock / potowizard

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Leia as notas completas em consumidormoderno. com.br pela tag curtas ou pelo QR Code

UMA VERDADEIRA “GEEKOMMERCE” Cansou de comprar os mesmos carrinhos ou bonecas? Que tal oferecer um presente didático – e, acima de tudo, muito, mas muito geek? A Vivacity Didatic é uma fabricante e distribuidora de equipamentos para treinamentos e ensino tecnológico que, entre outras contribuições para ciência, prestou serviços para instituições como USP e ITA, além de outras. A empresa tem um e-commerce de produtos científicos (muitos para adultos), mas o que chama atenção é a sessão para os pequenos. Há produtos para diversas idades. Um deles é um kit com 24 peças para montagem de anéis de indução, baseada no mistério das torres de Hanói. Para que isso? Trata-se de um quebra-cabeça com três pinos e peças redondas. A ideia é transferir as peças para outros pinos, mas usando uma peça por vez. Ideal para futuros cientistas. Foto: Diego Cervo/Shutterstock

Foto: Tamas Panczel - Eross/Shutterstock

Foto: Divulgação Ford

EXERCITANDO O CÉREBRO: JOGOS PARA A TERCEIRA IDADE

JÁ PENSOU EM COMO ESCONDER UM CARRO?

Sabia que dá para minimizar efeitos de doenças senis, ou até mesmo preveni-las? E, o melhor: dá para se divertir enquanto faz isso! Palavras cruzadas, dominó, baralho, gamão, dama e xadrez são práticas indicadas por médicos e psicólogos como método preventivo de doenças senis, até mesmo o mal de Alzheimer. “Os jogos lógicos estimulam uma série de aspectos sensoriais de extrema importância para os idosos”, diz Danielle Sá, psicóloga da Sociedade Brasileira de Arte, Cultura e Cidadania (Sobacc). E a psicóloga vai além. Não são esses os únicos benefícios dessas atividades. Não é o caso das palavras cruzadas, que as pessoas realizam sozinhas, mas nos outros tipos de jogos, que contam com a participação de duas ou mais pessoas, essa interação social é muito indicada.

As montadoras de carros vivem apresentando inovações. Além de atualizações técnicas nos veículos, os modelos também mudam ao longo dos anos. E até que esses carros novos cheguem ao público, existe um verdadeiro jogo de esconde-esconde para manter os veículos longe dos espiões. Ainda mais agora, que praticamente todos possuem uma câmera e podem compartilhar as fotos instantaneamente na internet. A Ford adotou um método eficiente: os adesivos de vinil com padrões modernos que enganam os olhos e escondem as linhas da carroceria. Eles criam uma ilusão de ótica que dificulta ver os detalhes e torna as fotos difusas. Cada tipo de camuflagem tem um propósito nos vários estágios de desenvolvimento.

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FRUTA IMPERFEITA – O DELIVERY QUE COMBATE O DESPERDÍCIO Roberto Fumio Matsuda e Nathália Inada idealizaram a startup Fruta Imperfeita com o objetivo de criar um delivery de frutas e verduras a um preço bem abaixo do mercado. Para conseguir o melhor valor, eles recorrem aos alimentos que seriam descartados pela indústria por apresentarem defeitos estéticos, como cor ou formato, e, assim não se enquadram nos padrões do varejo. Porém, tirando a questão da aparência, são produtos perfeitos para serem consumidos. Por enquanto, o delivery só atende a Zona Sul de São Paulo, mas a ideia é ampliar a área de atuação conforme o aumento da demanda e das parcerias.


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CURTAS

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Foto: ShutterStock

GOOGLE PAGA R$ 10 MILHÕES POR IDEIAS PARA MELHORAR O BRASIL

WEBSÉRIE NO INSTAGRAM VAI HOMENAGEAR DAVID BOWIE O Facebook vai promover um tributo diferente a David Bowie. A rede social anunciou uma websérie inspirada no último álbum do britânico, Blackstar. Os episódios serão disponibilizados exclusivamente no Instagram, na conta Instaminiseries. Como o tempo máximo de duração de um vídeo na plataforma é de 15 segundos, o projeto será dividido em diversos episódios, totalizando quatro minutos de narrativa. Segundo Nikki Borges, encarregada da websérie, o camaleão sabia do projeto e deu-lhes “acesso direto” a músicas e imagens do álbum “sem limitações ou condições de sua parte”.

Foto: Divulgação

Este é o momento para ONGs brasileiras darem as caras: Google está lançando uma competição que dará até R$ 10 milhões para as dez melhores iniciativas que possam ajudar a melhorar o País. Em sua segunda edição, o Desafio Google de Impacto Social busca iniciativas que unam o avanço da tecnologia com a melhora dos problemas das regiões onde cada organização atua. Os quatro melhores projetos ganharão R$ 1,5 milhão cada, sendo que três desses serão escolhidos pelos jurados e um por votação on-line.

Foto: Henrik Larsson/Shutterstock

INSECTA SHOES: A LOJA DIFERENTONA CHEGA A SÃO PAULO Sapatos veganos, esse é o conceito que a Insecta Shoes propõe desde 2014 em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Agora, a marca chega à capital paulista, mais precisamente no bairro de Pinheiros. A Insecta produz sapatos utilizando roupas vintage garimpadas em brechós, além de tecido ecológico, feito à base de garrafa PET reciclada. Só no ano passado, 480 quilos de roupas foram reaproveitadas, o equivalente a 1.600 peças, além de mil garrafas PET, que geram tecido reciclado tingido com tinta à base de água para a produção e venda de quatro mil sapatos. O ticket médio da Insecta Shoes é de R$ 269.

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CURTA A EXPOSIÇÃO DO TIM BURTON COM UMA PLAYLIST ESCOLHIDA PELO PRÓPRIO A espetacular mente de Tim Burton, que está à mostra na exposição O mundo de Tim Burton, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, já é uma viagem e tanto. Tanto para os fãs quanto para aqueles que não conhecem muito da sua carreira. Para dar novos níveis à experiência, o próprio cineasta criou uma playlist no Spotify para que os visitantes tenham uma imersão ainda melhor. A playlist O Mundo de Tim Burton | Humores é composta por músicas que, em sua visão, representam de alguma forma seu trabalho. Artistas como Oingo Boingo, B-52’s e David Bowie compõem a seleção. Em outra lista, O Mundo de Tim Burton | Filmografia, os usuários podem ouvir as trilhas que fizeram parte dos seus principais filmes.

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CIDADANIA EM PAUTA

MARCELO GOMES SODRÉ Professor da PUC/SP

DEFESA DO CONSUMIDOR: CONSTRUIR É DEMORADO, DESTRUIR É RÁPIDO É fácil criticar o poder público e seus servidores: vagabundos, preguiçosos, descomprometidos, burocráticos, mal-educados etc. Cada um tem uma passagem das mais sofridas, seja nos serviços de trânsito, seja nos hospitais públicos, seja nos cartórios da vida. Será que não é possível atuar no poder público com eficiência e responsabilidade? Nos meus tempos de diretor do Procon de São Paulo – e lá vão mais de 20 anos – sempre fiz questão de colocar este desafio: é possível agir com dignidade na atividade de servidor público? E o que significa agir com dignidade? Responder conceitualmente a essa última questão é fácil: agir com dignidade significa, pelo menos, (i) saber separar a coisa pública da coisa privada e (ii) olhar o outro como alguém digno do serviço a ser prestado. Mas como fazer isso é que é complicado. São muitas as forças contrárias: desde péssimos salários até o desestímulo decorrente de uma certa inércia natural. Isso sem falar no tema da corrupção. Os serviços públicos de proteção dos consumidores no Brasil sempre foram um oásis nesse terreno nada fértil. Desde as origens dos primeiros Procons, em meados da década de 1970, sempre se buscou organizar um órgão público a serviço da população. Quantas vezes não escutei a seguinte frase: como um órgão público pode ser tão eficiente? Procons e bombeiros durante muito tempo foram os queridinhos da população. Mas o sucesso dos Procons quase levou a seu fracasso: como a taxa de solução de problemas aumentava, as pessoas mais procuravam seu atendimento; e os recursos não aumentavam na mesma proporção,

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inaugurando uma tendência de piora de seus serviços. Mas esse não foi o problema principal. A consequência direta que decorreu de seu sucesso foi triste: os políticos viram nos Procons um caminho para conseguirem votos nas eleições e começaram a partidarizar/ politizar tais órgãos. O que era um princípio geral – a preocupação em bem atender o consumidor – passou a ser intermediado por interesses de natureza bem escusos. A defesa do consumidor podia estar iniciando um ciclo de morte. Por que estou falando tudo isto? Por uma razão muito simples: nestes últimos 13 anos tivemos um resgate importante da defesa do consumidor no Brasil e este resgate se iniciou com a reestruturação do órgão de defesa do consumidor do governo federal. Se muito podemos criticar o que aconteceu no Brasil nos últimos anos – e temos razões óbvias para isso – o mesmo não pode ser dito em relação à defesa do consumidor. A ideia de criação de um sistema nacional de proteção do consumidor foi tomando corpo a partir da forma digna e eficiente que o DPDC (Departamento de Defesa do Consumidor) e depois a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), ambos do Ministério da Justiça, passaram a atuar. Se existe um consenso nos atores do sistema é que a última década valeu a pena, não foi perdida. Mas a próxima pode ser. Todos estão preocupados com o que pode acorrer à Senacon agora que está em curso uma ruptura na sua administração. Estamos vivendo um risco de andar para trás. Isso não pode acontecer! Precisamos estar atentos para que não se inicie um ciclo de retrocesso. Para nossa tristeza, verificamos que em alguns Procons Estaduais este retrocesso já está em pleno andamento. Construir é demorado, destruir é rápido.



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O estudo Comportamento do consumidor brasileiro, realizado pelo Centro de Inteligência Padrão (CIP) e pela REDS, apresenta hipóteses e dados sobre as gerações no Brasil

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POR MELISSA LULIO

essoas mesmo são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos”, escreveu Jack Kerouac no clássico “On The Road”, de 1957 – uma das bíblias da rebeldia e da geração beat. A frase, de quase de 60 anos, retrata a ânsia pela vida e o brilho que costuma encher os olhos dos jovens de qualquer geração. Passados pouco mais de dez anos desde a primeira publicação da obra de Kerouac, em maio de 1968, a sociedade francesa fervilhou nas mãos de agentes sociais – entre eles, é claro, a juventude. Naquela época, o franco-alemão Daniel Cohn-Bendit era aluno da Universidade de Nanterre e fervilhava tanto quanto os personagens de Kerouac. Foi ele um dos ditos rebeldes do maio de 68, que provou que a história é capaz de transformar o jovem de hoje no líder de amanhã – ou o jovem do passado no líder de hoje. O tempo transformou

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o revolucionário Cohn-Bendit em um atuante político europeu e não deixou dúvidas: é melhor estar atento aos passos da juventude. Gostemos ou não, o futuro está na mão de quem, hoje, contesta os pais, as empresas e os governos. Assim, uma vez que não há para onde fugir, por que não tentar entender a cabeça daqueles que estão loucos para viver? Na ânsia de compreender e explicar as linhas traçadas pelos jovens e pelas gerações anteriores no Brasil, a revista Consumidor Moderno, em parceria com a Research Designed for Strategy (REDS) e com o Centro de Inteligência Padrão (CIP), desenvolveu o estudo Comportamento do Consumidor Brasileiro, exclusivo no mercado, para mapear o perfil de cada geração. Para chegar ao resultado, dois mil consumidores, com idade entre 15 e 70 anos, foram entrevistados. A pesquisa, realizada entre outubro e novembro de 2015, aconteceu em todas as regiões do Brasil. Assim, analisa indivíduos das gerações baby boomer, X, Y e Z.


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>>CLASSIFICAÇÃO Os jovens da América A análise das gerações é feita de acordo com o uso das tecnologias pelos indivíduos e das relações entre elas e os consumidores. Os aspectos comportamentais, naturalmente, não ficam para trás e também são fundamentais. O perfil comportamental de pessoas nascidas no mesmo período, no entanto, é o que determina uma geração. Classificar períodos da vida dos indivíduos – dentro do Brasil ou fora dele – não é uma tarefa fácil. Porém, existe um consenso mundial a respeito da existência de quatro gerações: baby boomers, X, Y (ou millennials) e Z. De acordo com a classificação americana, os baby boomers são os filhos do pós-guerra, nascidos entre 1945 e 1964. Depois deles, surgem os membros da geração X – de 1965 a 1979. A geração Y, ou millennials, nasceu entre 1980 e 1994. E os mais jovens, por sua vez, são os garotos da geração Z, que vieram ao mundo depois de 1995.

Um insight visionário Ao observar as datas de nascimento dos indivíduos citadas anteriormente, é natural questionar se a classificação americana se aplica no Brasil. Roberto Meir, publisher da revista Consumidor Moderno e presidente do Grupo Padrão conta ter participado, nos anos 1990, de grupos que tinham como objetivo justamente compreender o conflito entre gerações dentro das empresas. “Naquela época, os veteranos, que nasceram antes do pós-guerra, os baby boomers e a geração X estavam nas empresas”, afirma. “Uma incógnita começava a se inserir no mercado. Eram os chamados net generetion ou next generation. Com o tempo, eles se tornaram o Y ou os millennials”.

D a r u a pa r a o q u a r t o Já nesse período, então, Meir considerou a hipótese de que a geração Y brasileira tem uma defasagem de alguns anos em relação à americana. “Nossa tese se materializou nesse estudo. E isso muda tudo porque não é possível categorizar hábitos de consumo americanos e brasileiros da mesma forma”, aponta.

Cenário brasileiro • CLASSIFICAÇÃO AMERICANA DAS GERAÇÕES Baby Boomers – 1945 - 1964 Geração X – 1965 – 1979 Geração Y – 1980 – 1994 Geração Z – 1995 – Atual

• CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DAS GERAÇÕES Baby Boomers – 1945 - 1964 Geração X – 1965 – 1984 Geração Y – 1985 – 1999 Geração Z – 2000 – Atual

A tese a que Meir se refere levanta, nesse estudo, a hipótese de que a classificação de gerações do Brasil é um tanto diferente da americana. E isso se deve aos aspectos da conjuntura social, política, econômica, cultural e tecnológica do país. A partir de profundas análises e cruzamentos dos resultados da pesquisa realizada pela REDS e CIP, foi possível obter a possibilidade de uma nova classificação de gerações para a população brasileira. Assim, supomos que existe uma diferença de cinco anos entre o início e o final da geração Y brasileira em comparação com a geração Y americana. No Brasil, indivíduos nascidos entre 1985 e 1999 apresentam perfil comportamental semelhante à geração Y ou millennials americanos.

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Como conta Meir, ao olhar para o passado, para as gerações mais antigas, o que se vê é uma infância repleta de brincadeiras na rua, quando as crianças corriam e se divertiam umas com as outras fora de casa. “Quando os garotos e garotas dessa geração se tornaram pais e mães, perceberam que a violência havia aumentado e não quiseram que os filhos tivessem a mesma rotina enquanto crianças”, diz o publisher. “Decidiram investir em segurança: criaram um quarto com TV e computador, notebook para o filho não sair de casa”. A tentativa dos pais, porém, foi frustrada. Os filhos saíram de casa virtualmente porque, pela internet, era possível acessar o mundo. Assim se fez a tão complexa relação entre gerações de pais e filhos – e assim nasceu a tão conectada geração mais jovem.

Novos dados

“Conectados, eles podem mudar o mundo” Roberto Meir

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Aline Tobal, gerente do Centro de Inteligência Padrão (CIP), explica que o que estabelece o início de uma geração é a interação com a tecnologia e o perfil comportamental dos nascidos naquele período. Assim, é fundamental perceber que, de acordo com o estudo, para 64,7% dos jovens que possuem até 15 anos de idade – nascidos a partir de 2000 – o primeiro contato com a internet aconteceu até os 11 anos de idade. Para 77,9% daqueles que possuem entre 16 e 30 anos, o primeiro contato com a internet aconteceu entre seis e 15 anos de idade. “A geração Y, no Brasil, começa quase dez anos antes do real”, afirma Aline. “O que notamos é que a essa geração Y foi influenciada por uma série de transformações tecnológicas e sociais que ocorreram no Brasil e no mundo.”


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C o m p o r ta m e n t o g e r a c i o n a l Como exemplo, Aline explica que os nascidos entre 1985 e 1999 possuem mais flexibilidade em aceitar as diferenças. “O fato de terem nascido em um período de transformações políticas influenciam seu comportamento”, diz. A geração Z, por sua vez, começa em 2000. “Com as políticas de inclusão digital as pessoas nascidas após esse período têm maior facilidade de acesso à internet”, aponta a gerente do CIP. “Ao compararmos essa geração com aqueles que nasceram em 1990, vemos bastante diferença em relação ao uso da tecnologia”. Ou seja, a geração Z se mostra muito mais conectada com maior facilidade em interagir com qualquer dispositivo eletrônico.

Hibridismo Outra inovação trazida pelo estudo é o período de transição entre as gerações. Aqueles que nasceram nos anos de cruzamento carregam aspectos comportamentais e de interação com a tecnologia similares às duas gerações entre as quais transitam. Como é possível verificar a partir das datas de transição, os períodos em questão são cada vez menores. “Verificamos uma diminuição constante no período de cada geração e das gerações de transição. As mais jovens tendem a ser cada vez mais curtas. E isso se deve à velocidade com que têm ocorrido as mudanças tecnológicas e sociais no mundo atual”, esclarece Aline.

• GRUPOS DE TRANSIÇÃO DAS GERAÇÕES Geração BBX (1958-1964) Grupo de transição entre baby boomers e X Geração XY (1976-1984) Grupo de transição entre as gerações X e Y Geração YZ (1995-1999) Grupo de transição entre as gerações Y e Z

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>>OS OLHOS DO FUTURO Jovens verdes e amarelos Quando falamos em juventude no Brasil, é impossível não pensar em mudanças sociais e políticas. Prova disso é que os baby boomers viram o período pós-guerra, escolheram um lado durante a Guerra Fria, tiveram seus filhos quando o mundo passava pela era hippie e sobreviveram aos piores anos de ditadura militar. A geração X, por sua vez, viu a ditadura e o renascimento da democracia. Muitos deles estiveram nas Diretas Já, cantaram Elis Regina, Chico Buarque, choraram diante da morte do jornalista Vladimir Herzog e pediram a democracia. Em seguida, a economia começou a se estabilizar, a democracia voltou a existir, os jovens derrubaram um presidente corrupto, o Plano Real nasceu e os Mamonas Assassinas morreram, assim como Ayrton Senna e Renato Russo. Nesse contexto, a geração Y – nascida de 1985 a 1999 – iniciou a vida. O Brasil, descobrindo a democracia, começava a experimentar a vida.

Os meninos de hoje Quando os primeiros jovens da geração Z nasceram, Fernando Henrique Cardoso ainda era presidente. Era um momento político e econômico consideravelmente pacífico e os anos seguintes trouxeram novidades positivas. O governo Lula, iniciado em 2003, ampliou e intensificou políticas sociais. O Brasil acelerou e subiu rapidamente uma íngreme ladeira – que agora corre o risco de descer. Em outras nações, o País foi citado positivamente. Nesse cenário, demorou para que os garotos precisassem conhecer o poder das ruas.

Jovens Z saem de casa

E depois? As reivindicações feitas em junho de 2013 – como costuma acontecer na classe política brasileira – foram em grande parte ignoradas. Ainda assim, tanto o país quanto o Estado de São Paulo reelegeram seus gestores em 2014. A vitória de Dilma Rousseff foi inquestionavelmente democrática. Porém, a vitória da presidente no segundo turno e o início do mandato em 2015 fizeram

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Ao contrário da expectativa dos pais, porém, o adolescente da geração Z acabou utilizando a internet para descobrir a vida. Assim, ele se indignou com questões sociais e políticas e, quando todos menos esperavam, saiu para as ruas. Era junho de 2013. Diante do aumento da tarifa de ônibus, a revolta popular (e jovem) cresceu. De repente, havia milhões nas ruas. As manifestações passaram usar slogans como “não são só 20 centavos” e deixaram o Brasil de queixo caído.



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>>MERCADO DE TRABALHO o coração do brasileiro bater um pouco mais descompassado. Logo no começo do ano passado, o jovem voltou para as ruas. E, em março de 2016, a população tomou conta das ruas do País em uma histórica manifestação que reuniu aproximadamente três milhões de pessoas. “O que aconteceu em 2013 talvez tenha sido o evento mais espontâneo de todos” aponta Meir. “É como se estivéssemos fazendo um sundae: há quase três anos colocamos no pote primeira bola de sorvete”, explica, criando uma metáfora. Agora, para ele, a população está trabalhando para completar a doce e sobremesa que é a democracia.

J o v e n s p r e pa r a d o s Olhando para uma perspectiva um pouco mais profissional, Karina Milaré, diretora-presidente da REDS, conta que as gerações Y, YZ e Z podem ser consideradas mais qualificadas, tanto em educação formal quanto às bases de vivências culturais. “Esses jovens valorizam mais as viagens – tanto dentro do Brasil quanto fora –, valorizam a informação e procuram absorver ao máximo as experiências de vida que lhes são proporcionadas”, diz. Para ela, o acesso à internet e a popularização dos smartphones proporcionaram muito mais possibilidades de conhecimento e vivências para essas gerações.

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N o v i d a d e s pa r a a s e m p r e s a s Como explica Meir, a chegada dos millennials ao mercado de trabalho foi impactante para as empresas. “Surgiu uma geração mais educada, engajada, divertida, capacitada”, aponta. “Paradoxalmente, essa é também a geração com mais pessoas desempregadas. Isso acontece porque países e governos ainda querem prestigiar e dar direitos apenas aos mais velhos e priva os indivíduos mais capacitados da historia de ter seu lugar ao sol no mercado de trabalho.” Diante dessa situação, como cita o publisher, o millennial quer mudar todas as situações desagradáveis. E consegue, uma vez que se conecta a outras pessoas com o mesmo problema pela internet. “Conectados, eles podem mudar o mundo”, defende. Aline, do CIP, comenta que algumas empresas já começaram a se transformar para aumentar a produtividade desses ingressantes no mercado. “É possível verificar que algumas empresas estão adotando uma maneira mais descontraída no ambiente de trabalho”, diz.

Eles precisam trabalhar Para inserir os jovens que ainda não estão no mercado de trabalho, as empresas também precisam se preparar. Mesmo membros mais velhos da geração Z possuem aproximadamente 15 anos e a maioria ainda não ingressou no mercado de trabalho.

Para inserir os jovens que ainda não estão no mercado de trabalho, as empresas também precisam se preparar



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“As empresas precisam dividir com o colaborador quais são as possibilidades de reconhecimento e promoção” Larissa Meiglin, da Catho

“As empresas tendem a receber jovens cada vez mais conectados, impacientes e dispersos”, explica Aline. “Quando essa geração ingressar fortemente no ambiente corporativo poderá ocorrer um movimento muito grande para recebê-los ou um movimento muito grande para que eles se adaptem as atuais condições de trabalho”.

Como reagir? “As gerações Y e Z estão plenamente habituadas com o uso de smartphones, fazendo com que o hábito de ler qualquer conteúdo impresso seja cada vez menos atrativo”, afirma Larissa Meiglin, supervisora de Assessoria de Carreira da Catho. Ela diz ainda que a velocidade em que as informações são veiculadas é ainda mais rápida; logo, o meio precisa acompanhar toda essa agilidade. Larissa aponta ainda que a presença dessas gerações no mercado de trabalho influencia os mais velhos a buscar informações de forma mais rápida. “A relação desse novo comportamento com o mercado de trabalho também faz com as empresas e consultorias de RH precisem se ajustar para se comunicarem na mesma linguagem com os profissionais mais jovens”, aponta. “Por exemplo, realizar entrevistas a distância por meio de ferramentas de videoconferência, efetuar convocações via aplicativo de troca de mensagens, divulgar oportunidades em redes sociais.”

Ambição versus frustração João Matta, professor de ciências sociais e do consumo, publicidade e propaganda da ESPM-SP, aponta que um dos grandes desafios enfrentados pelo jovem que entra no mercado de trabalho é li-

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dar com a frustração.”Todos querem ser trainees de CEOs, sair da faculdade e ser presidente de empresa”, diz. E o que fazer nesses casos? Larissa, da Catho, sugere que a clareza e a transparência são as melhores ferramentas. “As empresas precisam dividir com o colaborador quais são as possibilidades de reconhecimento e promoção, além de estabelecer quais são os quesitos avaliados para que isso ocorra”, conclui.

>>INTERESSES Além de apresentar uma nova hipótese de classificação das gerações, o estudo apresenta também um panorama de quem são os jovens das gerações Y, YZ e Z.

A Geração Z Como citamos anteriormente, os jovens nascidos a partir do ano 2000 são aqueles que compõem a geração Z. Nesse período, aconteceram transformações digitais e a internet passou a ser uma realidade na vida de um número cada vez maior de pessoas. Não à toa, essa é a geração conhecida por ser formada por nativos digitais. Eles não conhecem a vida sem a internet. No âmbito político e econômico, esses jovens nasceram em um período positivo, quando acontecem reformas focadas em inclusão – tanto digital quanto social.



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OS JOVENS NASCIDOS A PARTIR DO ANO 2000 SÃO AQUELES QUE COMPÕEM A GERAÇÃO Z, CONHECIDA POR SER FORMADA POR NATIVOS DIGITAIS

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CARACTERÍSTICAS DOS JOVENS DAº GERAÇÃO Z São os nativos digitais Estão sempre conectados Dominam a tecnologia Possuem uma visão aberta em relação ao mundo e aos comportamentos Tendem a ser impacientes Tendem a ter dificuldade de se concentrar em uma única coisa por muito tempo Estão sempre buscando novidades Vivem conectados São menos tolerantes às frustrações Tendem a ter maior relacionamento virtual Começam a estudar cada vez mais cedo

O QUE PREFEREM? CONFIRA OS TEMAS DE INTERESSE DA GERAÇÃO Z

OS PRINCIPAIS INTERESSES DA GERAÇÃO Z 100,0% 82,4% 76,5%

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A Geração Y Já ouvimos muito (e falamos o equivalente) sobre os millennials. São eles – nascidos entre 1985 e 1999 – que formam a geração Y brasileira. Ao contrário dos jovens Z, eles enfrentaram dificuldades econômicas durante o período de reestabilização do país, viram a democracia renascer e presenciaram o nascimento do real. Além disso, sofreram consequências dos fatos políticos e econômicos do período geracional anterior e foram beneficiadas pelas políticas de inclusão digital realizadas após 2003.

CARACTERÍSTICAS DOS JOVENS DA GERAÇÃO Y Buscam obter satisfação com o trabalho e nas horas vagas Desejam reconhecimento e crescimento rápido Possuem facilidade em executar diversas atividades ao mesmo tempo Adotam a tecnologia como aliada São conectados e buscam se manter atualizados Valorizam a educação, os estudos e a carreira Possuem facilidade em aceitar as diferenças Demonstram interesse por questões sociais São dinâmicos, valorizam a praticidade, agilidade e flexibilidade São críticos e conscientes Possuem um comportamento flexível em relação aos horários e vestimenta O QUE PREFEREM? CONFIRA OS TEMAS DE INTERESSE DA GERAÇÃO Y

OS PRINCIPAIS INTERESSES DA GERAÇÃO Y 100,0% 90,0% 80,0% 75,5% 72,6% 70,0% 56,4%

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A Geração YZ É evidente que existem alguns cruzamentos de comportamento no momento de transição entre as gerações. Seria impossível que, a partir de um determinado ano, os indivíduos mudassem completamente. Por isso, o estudo encontrou, entre as gerações, períodos de transição que também podem ser analisados e nomeados. Exemplo disso é a geração de transição YZ, formada pelos indivíduos que nasceram entre 1995 e 1999.

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Cultura Pop

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Ao contrário dos jovens Z, eles enfrentaram dificuldades econômicas durante o período de reestabilização do país

O QUE PREFEREM? CONFIRA OS TEMAS DE INTERESSE DA GERAÇÃO YZ

OS PRINCIPAIS INTERESSES DA GERAÇÃO YZ 100,0% 90,0% 80,0%

83,9% 72,4%

70,0% 60,0%

55,4%

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Cultura Pop

Economia

Alimentação Saudável

Política

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Viagens

Arte

Moda

Carreira

Tecnologia

Filmes e Séries

Música

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Fonte: Centro de Inteligência Padrão (CIP) e Research Designed for Strategy (REDS)

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BOM GOSTO? “As gerações mais velhas tinham o hábito de admirar seus representantes no poder, intelectuais, grandes empresários etc.”, aponta Aline, do CIP. Porém, como ela destaca, é perceptível que hoje os destaques são os músicos, jogadores, artistas etc. Karina, da REDS, afirma que o maior acesso a conteúdos como músicas, filmes e séries por meio da internet possibilitou que o interesse do público crescesse. “O fato de hoje precisar ter apenas uma boa conexão à internet para consumir esses conteúdos torna tudo mais fácil e acessível”, aponta. “As plataformas de conteúdo on demand e por streaming têm proporcionado cada vez mais que o conhecimento dos jovens sobre tais conteúdos se amplie.” Além disso, ela lembra que no ano em que os membros da geração Z começaram a vir ao mundo a TV já estava deixando de ser o único canal de entretenimento e informação disponível.

CONTRA BANDIDOS É curioso que uma geração tão engajada não goste de política. Questionado sobre esse tema, Meir comenta que o desinteresse dos mais jovens por política está focado principalmente nos partidos. “Se alguém os chamar para uma manifestação, eles tendem a ir. Eles são mais participativos”, aponta. Porém, eles odeiam a articulação política. “Não à toa, estão escolhendo líderes fora do padrão ao redor do mundo”, defende. Aline, por sua vez, comenta que o fato de terem nascido em um período de relativa estabilidade no País – que agora começa a se transformar novamente – pode ser um dos fatores que justificam o desinteresse por economia.

SAUDÁVEIS E CUIDADOSOS? Questionada sobre o interesse da geração Y sobre as questões sociais, Karina comenta sobre o quão evidentes são os problemas relacionados aos recursos naturais e humanos disponíveis. “Não podemos insistir no que temos feito até então, ou a própria humanidade sofrerá efeitos severos”, afirma. “A outra causa é justamente o maior acesso a tais informações. Assim, os assuntos referentes à responsabilidade social e sustentabilidade passaram a ser um comportamento básico e necessário em prol da continuidade do ser humano”. Quando o tema é a falta de interesse por sustentabilidade, Meir comenta que a possível causa para esse fato pode ser a falta de credibilidade das instituições. “Estamos em um processo de evolução e acredito que vamos sair dele muito melhores. Os jovens nos darão muitas alegrias”, acredita.

SENTADOS NO SOFÁ Uma alternativa clássica de lazer, em todas as gerações, é a televisão. Não à toa, o porcentual de indivíduos que não têm o hábito de ver TV é muito pequeno. Mas, afinal, qual é a geração que mais gosta dessa tela? O estudo chegou ao ponto de analisar até mesmo o quanto os jovens e idosos gostam de ficar em frente à televisão. Nesse sentido, de uma maneira geral, não existe preconceito: a maioria dos entrevistados assiste a canais abertos e fechados. O coração dos baby boomers, porém, tem mais espaços para os canais fechados. Na geração Z, acontece o contrário.

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Uma alternativa clássica de lazer, em todas as gerações, é a televisão. Não à toa, o porcentual de indivíduos que não têm o hábito de ver TV é muito pequeno



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TIPO DE CANAL QUE ASSISTE X GERAÇÃO

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ELES VEEM TELEVISÃO De acordo com o estudo, a maioria dos brasileiros assiste à televisão todos os dias, mais de uma vez ao dia. Porém, nota-se que, quanto menor a idade do entrevistado, menor é o interesse pela TV.

LEITURA NO PAPEL É evidente também que as gerações mais jovens não estão tão interessadas em jornais e revistas. Isso pode ser comprovado pelo fato de que os baby boomers são o público que mais opta por esses veículos, enquanto apenas 29,4% dos jovens da geração Z leem revista e jornal.

>>TECNOLOGIA REVOLUÇÃO EM MÃOS Uma das mudanças mais efetivas entre as gerações é a forma como cada uma delas se relaciona com a tecnologia. Como explica Meir, o jovem tem um sentimento de sociedade global porque a sociedade está em rede. “Como ele se comunica e recebe muito mais informações, fica indignado com muito mais informações”, aponta. Quando a rede aumenta, todos os dados crescem com ela. E isso colabora com o desenvolvimento de um jovem rebelde. “Eles desafiam conceitos, querem mudar a regra do jogo, ou não querem ter regra”, aponta Meir. “Tudo o eles querem é fazer diferente. Isso representa, no dia a dia, que não querem trabalhar oito horas por dia, não querem fazer tudo da forma como os outros querem.”

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GADGETS E GERAÇÕES Como é possível imaginar, a preferência pelo uso dos smartphones é maior entre os mais jovens. Os computadores, por outro lado, são os preferidos daqueles com idade superior a 51 anos. Entre os baby boomers, a preferência pelo computador pode ser justificada pela dificuldade em lidar com as novas tecnologias e pelas telas maiores, de fácil visualização. Para os mais jovens, o que há de mais atraente nos smartphones é a mobilidade. Ao mesmo tempo, 97,1% dos entrevistados nascidos após o ano 2000 possuem um smartphone. Entre eles, 58,8% preferem utilizar o dispositivo para acessar a internet, 88,2% preferem acessar as redes sociais e 82,4% se comunicam por meio de aplicativos de mensagens instantâneas. Entre os membros da geração Y, o número dos que possuem smartphones é menor e corresponde a 91% dos entrevistados. Entre eles, 54,1% preferem utilizar esse dispositivo para acessar a internet, 87,2% para acessar as redes sociais e 76,6% utilizam aplicativos de mensagens instantâneas para se comunicar.

13,1%

25,6% 56,5%

BBX 5,3%

13,3%

35,4%

46,0%

X 3,9%

13,4%

36,4% 46,2%

XY 5,9%

15,9%

36,6%

41,6%

Y 9,6%

APARELHOS E GÊNEROS O estudo mostra também que, quando o tema é o uso do smartphone, há diferença entre os hábitos de homens e mulheres. A prova disso é que 46,7% das mulheres preferem acessar a internet por meio do smartphone. Por outro lado, apenas 34,9% dos homens optam por esse dispositivo. Diante de um recorte de gênero e geração, é possível perceber que as mulheres das gerações Y, YZ e Z têm preferência pelo smartphone.

26,8%

35,6% 28,0%

YZ 5,9% 29,4%

47,1% 17,6%

Z Assiste a canal aberto Assiste a canal fechado Assiste a canais fechado e aberto Não têm hábito de ver TV


FREQUÊNCIA DE USO DA TELEVISÃO POR GERAÇÃO 3,2%

HÁBITOS DE LEITURA POR GERAÇÃO

4,0%

2,4%

29,0%

1,6%

52,4%

68,5%

20,2% 12,9% 5,6%

BABY BOOMERS 1,8% 3,0%

BABY BOOMERS

4,8% 29,2%

1,8%

50,6%

21,4%

67,3%

10,7% 9,5%

BBX 0,6%

BBX

5,3%

1,5% 3,5 % 0,3%

25,4%

54,3%

10,0%

20,9% 67,8%

10,3%

X 0,2% 3,7%

X 3,9% 22,2% 52,6%

7,4% 11,7%

18,4% 66,4%

13,5%

XY

XY

5,9% 33,9%

41,8%

0,5% 53,1% 26,9%

11,5%

Y 1,1%

12,8%

Y

9,6%

6,1% 31,0%

7,3%

47,9%

1,1%

47,1% 11,5%

27,6%

9,6%

YZ 5,9%

YZ

5,9%

29,4%

52,9% 41,2%

47,1%

14,7% 2,9%

Z Z

Diariamente, mais de uma vez ao dia

Diariamente, uma vez ao dia

Menos de uma vez por semana

De 4 a 6 vezes por semana

Leem revista e jornal

Leem apenas revista

De 2 a 3 vezes por semana

Apenas uma vez por semana

Leem apenas jornal

Não leem revista/jornal

Não têm hábito de ver TV

Fonte: Centro de Inteligência Padrão (CIP) e Research Designed for Strategy (REDS)

0,9% 4,2% 8,4%


CAPA

50

OS PRINCIPAIS ACESSOS DA GERAÇÃO Y 100,0% 90,2% 89,6% 90,0%

87,4%

87,2% 76,6% 63,3%

60,0%

57,1% 46,6%

50,0%

45,4%

40,0%

39,9% 29,4%

30,0%

26,1%

25,8% 17,0%

20,0%

Aplicativos de delivery de comida

Aplicativos voltados à saúde, bem-estar

Aplicativos de viagens

Aplicativos de locomoção

Blogs

Aplicativos de armazenamento

Aplicativos de empresas

Aplicativos de filmes/séries/shows

Sites de compras

Sites de notícias/informação

Aplicativos de mensagens instantâneas

Redes sociais

Youtube

Google/sites de busca

0,0%

E-mail

10,0%

14,4% 11,2%

Fonte: Centro de Inteligência Padrão (CIP) e Research Designed for Strategy (REDS)

BANCOS CONECTADOS O interesse dos mais jovens pelos smartphones é um fator fundamental para as empresas. Nesse sentido, o engajamento do Bradesco é exemplar. “Os millennials comumente são hiperconectados e adeptos às inovações. Costumam ser influenciadores para as demais gerações”, comenta Luca Cavalcanti, diretor de canais digitais do Bradesco. “Na esteira dessa evolução comportamental, o banco tem trabalhado na construção de diversas soluções voltadas para esse mercado.” Como explica o executivo, a empresa busca estar onde os clientes estão, com o objetivo de levar soluções que façam sentido para a vida de cada um deles. “O banco possui milhões de clientes que utilizam ativamente a internet e mobilidade. A penetração junto aos millennials é altíssima, uma vez que a adesão e uso dos meios digitais é algo quase que natural para esse público”, diz. O Santander, por sua vez, promove mudanças no banco para garantir a conveniência e a segurança dos canais digitais. A

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ideia, dentro dessa medida, é corresponder ao comportamento dos clientes. Além disso, a empresa garante que o mobile tem se mostrado um dos canais mais relevantes para transações financeiras.

PRODUTOS PARA A JUVENTUDE A Motorola, que hoje é parte do Grupo Lenovo, lidera a área de Mobile Business Group (MBG) da companhia. Assim, é responsável por todas as ações referentes a dispositivos móveis. “Assim como a Motorola já atuava, MBG mantém o compromisso de desenvolver tecnologias para solucionar problemas reais dos consumidores, com dispositivos móveis que proporcionem aos usuários escolhas e qualidade sem precedentes”, afirma Marcela Lacerda, gerente de marketing de Mobile Business Group da Lenovo Brasil. “Atualmente, MBG da Lenovo possui duas linhas de smartphones: Moto e Vibe, que, juntas, compõem um portfólio enxuto, mas que ao mesmo tempo atendetodo tipo de usuário”. Dessa forma, a empresa atende tanto quanto tem o primeiro contato com um smartphone até o consumidor que usa o celular a todo tempo.

USO DO CELULAR Acessar a internet é um dos motivos que fazem com que os jovens optem pelo smartphone. De acordo com o estudo, 40,4% dos entrevistados preferem utilizar esse gadget com esse fim. Além disso, o estudo permitiu identificar a forma como as gerações utilizam os celulares. Ficou evidente, então, que os mais jovens – das gerações YZ e Z – preferem planos pré-pagos. Entre os mais velhos, os planos pós-pagos e controle são os mais utilizados.

Aplicativos imobiliários

65,8%

70,0%

Aplicativos de relacionamento

80,0%


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APLICATIVOS DE LOCALIZAÇÃO/GPS* 1,2% * Nestes gráficos só foram consideradas as respostas daqueles que utilizam aplicativos de locomoção

0,8%

6,5%

2,1% 11,5%

7,3%

21,0%

26,2%

1,1%

2,0%

10,0%

8,8%

“para se comunicarem com essas gerações, as marcas não podem perder o dinamismo e a capacidade de se reinventar” karina milarÉ, da reds

3,1% 24,5% 19,1%

20,7% 14,2%

2,9% 5,9%

BABY BOOMERS

BBX

X

XY

Google Maps

Y

YZ

Z

Citymaps

Waze

APLICATIVOS DE MENSAGENS INSTANTÂNEAS*

1,8% 0,8% 28,2%

22,0% 26,8%

4,1% 20,4% 26,0%

20,2% 39,5%

BABY BOOMERS

56,5%

64,9%

BBX

X

WhatsApp

32,4%

10,8%

26,8%

22,3%

16,5%

27,3%

31,5%

36,4%

50,0%

78,1%

79,1%

77,0%

70,6%

XY

Y

YZ

Z

3,5% 22,1%

Messenger

Skype

20,6%

Snapchat

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PREFERÊNCIA PELO USO DO DISPOSITIVO POR GERAÇÃO X GÊNERO FEMININO 2,8%

MASCULINO 2,3%

11,1%

41,7%

11,1%

12,5%

46,6%

38,6%

33,3%

BABY BOOMERS

BABY BOOMERS 2,1%

4,2% 15,3%

40,3%

10,6%

46,8%

40,4%

40,3%

BBX

BBX

0,5%

0,6% 27,3%

32,5%

1,6% 24,6%

31,1%

42,1%

39,6%

X

X 2,3%

1,4%

49,3%

Fonte: Centro de Inteligência Padrão (CIP) e Research Designed for Strategy (REDS)

20,7%

40%

24,9%

30,6%

26,3%

XY

XY 1,7%

1,6% 56,6%

18,3%

2,8% 45,7%

20,6%

29,1%

23,4%

Y

Y 11,3%

2,4%

2%

1,4%

4,3%

0,8%

0,8% 21,0%

24,4%

18,4%

52,9%

64,5%

YZ

YZ 17,6%

FAVORECENDO A CONEXÃO Roberto Guenzburger, diretor de produtos e mobilidade da Oi, conta que, a partir de uma pesquisa feita pela própria empresa, foi possível perceber que o cliente mais jovem – que possui até 29 anos – prioriza o uso de dados, tanto em casa quanto no celular. Para aqueles que têm mais de 45 anos, o contato por voz ainda tem uma relevância muito grande, principalmente no celular. “O que o consumidor mais jovem espera é poder acessar qualquer aplicativo sem limitações”, comenta o executivo. Questionado sobre a forma como os clientes utilizam os planos da empresa, ele confirmou que os mais jovens preferem os planos pré-pagos. “Esse público costuma ter menos dinheiro”, justifica.

76,5%

29,4%

41,2%

5,9%

Smartphones Tablets

29,4%

Z CONSUMIDORMODERNO.COM.BR

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Z

Computador

Notebook

Outros



CAPA

APLICATIVOS DE LOCOMOÇÃO* 2,1%

0,6%

1,5%

5,3% 2,0%

3,6%

3,5%

1,3% 2,9% 2,4%

4,8%

5,9%

4,6%

4,6%

2,9% 1,5%

0,8%

BABY BOOMERS

1,5%

BBX

XY

X 99

Uber

Y EasyTaxi

YZ

Z

* Neste gráfico só foram consideradas as respostas daqueles que utilizam aplicativos de locomoção

Foto: ShutterStock / BigLike Images

o cliente mais jovem de até 29 anos prioriza o uso de dados, tanto em casa quanto no celular

Fonte: Centro de Inteligência Padrão (CIP) e Research Designed for Strategy (REDS)

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Foto: ShutterStock / Bloomua

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z

y x

bb

z

y x

bb

>>APLICATIVOS FUNCIONALIDADES E GERAÇÕES Como explica o executivo da Oi, as gerações mais jovens priorizam o uso de dados e aplicativos. Não à toa, o estudo buscou compreender também esse aspecto na vida dos indivíduos.

>> Quais são os mais utilizados? ºLOCALIZAÇÃO/GPS O Google Maps é o preferido, em todas as gerações.

MENSAGENS INSTANTÂNEAS De uma maneira geral, o WhatsApp é o mais utilizado. Entre os mais jovens, o crescimento do Snapchat é notável. O Skype, por sua vez, é o preferido daqueles que tem mais idade. por parte dos usuários mais novos. O uso do Skype é maior pelos usuários mais velhos. Ao comentar sobre os atos e o engajamento dos mais jovens, Meir compara justamente a forma como, por meio das redes, essas gerações conseguem convocar uns aos outros e tomar as ruas “Há alguns anos, as pessoas ficariam em casa. O poder de mobilização esquentou os ânimos. É uma sociedade muito participativa”, diz.

REDE SOCIAL O Facebook é a rede social preferida dos entrevistados. Porém, entre os mais

velhos, o LinkedIn tem se tornado cada vez mais querido. O Instagram, por sua vez, tem maior adesão entre os mais novos.

LOCOMOÇÃO Entre a maior parte dos entrevistados, o aplicativo 99 é o mais utilizado. Os baby boomers são os únicos que preferem o Uber.

O MELHOR PASSEIO Escolhida pela maioria das gerações, a 99 é um grande recurso porque quem precisa se movimentar pela cidade. Maria Elisa Silva, diretora de marketing, acredita que a preferência se deve ao fato de que a 99 é uma startup de tecnologia e inovação brasileira, com espíríto jovem. “Hoje a empresa conta com 180 funcionários, dos quais a maioria é composta por pessoas com menos de 30 anos”, conta. Questionada sobre as estratégias para vencer a concorrência, a executiva conta sobre iniciativas realizadas pela 99. Uma delas é a opção de escolha para um carro que permita o transporte de animais domésticos.

>>VISÃO DE MUNDO Cuidado com eles! Como afirma Karina, da R EDS, as referências desse público foram ampliadas, o que certamente impacta as relações pessoais, com marcas e com os veículos de comunicação. “Justamente por terem um repertório de vivências e de conhecimento maiores, lidam com uma quantidade muito maior de informação do que as gerações mais velhas”, explica.

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“Hoje há muito mais informações, muito mais rápidas e naturalmente muito mais superficiais” JOão matta, da espm-sp

De acordo com a executiva, a consequência dessa situação é a valorização da amplitude em detrimento da profundidade. “Assim, para se comunicarem com estas gerações, as marcas não podem nunca perder o dinamismo, a capacidade de se reinventar e de falar várias linguagens ao mesmo tempo”, garante. “Hoje, qualquer ação, seja ela boa ou má, toma dimensões gigantescas muito rapidamente”.

POUCOS ANOS, MUITA RAPIDEZ Matta, da ESPM-SP, comenta que o comportamento da juventude é diretamente impactado pela tecnologia. Ao mesmo tempo, a inovação tecnológica é impactada pelo consumidor jovem. De acordo com ele, a tecnologia traz algumas consequências. “Uma delas é a velocidade da circulação que, para esse público, é diferente”, explica. “A percepção da velocidade e do fluxo da informação é muito grande”. Assim, qualquer demora é incômoda para os jovens.

É MUITO, MAS É RASO Somada à velocidade da informação, vem a superficialidade. “Hoje há muito mais informações, muito mais rápidas e naturalmente muito mais superficiais”, afirma o professor. Nesse sentido, ele destaca o excesso de imagens utilizadas na sociedade. “Tudo é imagético. A velocidade com os memes se espalham pela internet é um exemplo disso”, comenta, citando imagens engraçadas que são utilizadas nas redes sociais.

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EFEITOS REAIS Para a psicanalista Maria Lucia Homem, o efeito da tecnologia é ainda mais profundo do que parece. Como ela explica, o smartphone, as telas de uma maneira geral e a própria lógica de navegação da internet funcionam como janelas através das quais olhamos o mundo. “Quando os trens começaram a surgir, houve uma transformação mental muito impactante. Grande parte das pessoas nunca tinha olhado o mundo de uma velocidade tão alta”, comenta. “Mesmo hoje, se um indivíduo viaja de trem pela Europa, por exemplo, ainda é incapaz de, ao olhar pela janela, captar o que está perto. Só é possível ver cidadezinhas passando ao longe.” As telas dos celulares, então, funcionam nessa mesma lógica. “Tudo é visto em uma velocidade muito alta, o que torna a visão generalizada e sem profundidade”, explica. “Essa geração vê tudo, mas enxerga a uma grande distância. Sabe tudo, mas de forma superficial”, aponta a psicanalista.

DE VOLTA À SUPERFÍCIE “A geração Z tem uma extensão de conteúdo vasta. Porém, esse ganho implica algumas perdas”, afirma Maria Lúcia.



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“Essa hipernavegação tem uma relação direta com a ausência da atenção, da cognição e do raciocínio abstrato” Maria lúcia homem

A primeira, já citada, é a capacidade de não enxergar detalhes e fatos próximos. A segunda, é que o conhecimento perde em profundidade. Ou seja, se for questionado sobre questões básicas, esse jovem saberá responder. Porém, não será capaz de se aprofundar em tais temas. “Aprender demanda tempo”, diz. Com base no pensador Jean Piaget, ela explica que, uma vez que é recebida, a informação é assimilada com temporalidade e, então, acomodada em uma rede já pronta, dentro da mente. “Observo que alunos, acima dos 20 anos, já ouviram falar de tudo. Porém, não possuem dilatação temporal e espacial”, comenta a psicanalista, que também é professora. “Essa superficialização implica também em uma perda de referenciais básicos da razão, como o espaço-tempo.”

UMA BOA VIAGEM Como explica a psicanalista, a tela funciona como uma janela. Assim, a relação com a experiência funciona de forma diferente do que estamos habituados historicamente. “É como se fosse um prazer um pouco difuso e um pouco leve. Não é um prazer intenso. Não há aquele gozo de entender, compreender o ter um encontro – nem afetivo, ou emotivo, ou sexual ou epistemológico”, diz. “É outra lógica de relação radical com a experiência, com os outros, com você mesmo, com o passado”. A experiência, nesse caso, é um fluxo. “Há picos emotivos. Nada dura muito tempo. Passa-se de uma janela para outra”, aponta. “Ao mesmo tempo, o sujeito está parado. Até que ponto estamos navegando? Ou estamos efetivamente parados no real do corpo? Deixamos tudo ficar passando sob nossos olhos e sensações. Para onde estamos indo?” questiona Maria Lúcia.

DAS TELAS À SAÚDE Como ela aponta, esse contexto de superficialidade e pouco contato com o aprofundamento justifica estatísticas de adoecimento, de depressão e ansiedade. “A gênese, a filiação, a história, a genética no sentido mais radical se quebra”, explica. Ou seja, por mais que goste de uma música ou de uma obra de arte, esse indivíduo, que vê o mundo através das janelas-telas não compreende a origem daquela criação artística. “Isso causa angústia, causa ansiedade”, diz. “Essa hipernavegação de que estamos falando tem uma relação direta com a ausência da atenção, da cognição e do raciocínio abstrato”, justifica a psicanalista. A parte abstrata e conceitual do raciocínio está muito fragilizada porque as pessoas estão o tempo todo em contato com a materialidade, vendo itens corporificados, imagetificados, concretados”.

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y x

bb

NÃO ESTAMOS SATISFEITOS! Como mostra o estudo, a geração Z é menos tolerante a frustrações. Questionada sobre o tema, Maria Lucia cita que a relação com a tela, com os estímulos e com o fluxo citado anteriormente cria uma geração mais embuída de uma lógica de que o prazer tem que ser constante. Além disso, o incentivo constante que inspira a sempre seguir em frente e nunca refletir – presentes até mesmo em alguns slogans – gera ansiedade e frustração. “Vamos internalizando e achando interessante repetir alguns termos mandatários da nossa cultura que, não à toa, surge de uma matriz anglo-saxônica que tem a ética do trabalho e da produtividade como soberana”, aponta a psicanalista. “Quando em breves lapsos de consciência as pessoas conseguem entender algo sobre o próprio movimento e processo, tem um sentimento de angustia, tristeza, frustração.”

E O QUE FAZER? De acordo com Maria Lucia, existem algumas saídas para essa questão, mas esses caminhos se tornam mais difíceis quando o indivíduo está psiquicamente fragilizado. “Assim, ele oscila em uma lógica de recompensa simplista, não muito humanizada e civilizatória. Se não há prazer, tem frustração”, aponta. “No meio disso tudo, há altos ideais – que são justamente os ideais que movem a lógica produtiva e consumista. Não há um norte objetivo, mas um norte difuso ultramassificado: o sucesso”, aponta. A lógica se conecta direta ao comportamento da geração Y no mercado de trabalho. Nesse sentido, como o professor da ESPM-SP confirma, “costumamos dizer que o jovem entra no mercado querendo ser CEO muito rapidamente”. A ambição é boa. Ruim é a incapacidade de lidar com a possibilidade de não conseguir.

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O QUE PODEMOS APRENDER? Acelerados, os jovens das gerações Y, YZ e Z são um desafio para as empresas – tanto aquelas que os contratam quanto as que prestam serviços. Eles querem mobilidade, transparência, rapidez, eficiência e satisfação. A intolerância à decepção e à frustração é uma característica que pode levar sofrimento para esses jovens, mas precisa preocupar as companhias também.

CINCO PALAVRAS SOBRE A JUVENTUDE Tecnologia Digital Tolerância Velocidade Impaciência



ORIENTAÇÃO SEXUAL

CAPA

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3,2%

2,4%

94,4%

BABY BOOMERS 2,4%

3,0%

94,6%

BBX 1,5%

2,1%

96,5%

>> TOLERÂNCIA

X 4,3%

P r o n t o s pa r a t u d o Como foi destacado anteriormente, as gerações Y e Z têm como característica, respectivamente, facilidade em aceitas as diferenças e visão aberta em relação ao mundo e aos comportamentos. Questionada sobre o quão tolerantes são as gerações mais jovens, Karina, da REDS, comenta que a valorização da diversidade é muito mais comum entre estas gerações do que entre as gerações anteriores. “Elas se sentem muito mais empoderadas para abraçarem o diferente e mesmo para assumirem-se como tal”, explica. “Esse comportamento não deixa de ser fruto de uma maior consciência sobre seu papel no mundo”. Matta, da ESPM-SP, conta ter percebido tal tolerância também na sala de aula. “Não é só uma questão discursiva. Os jovens estão mais tolerantes com a diversidade, com a diferença, com questões de gênero, etnia etc.”, diz. Por outro lado, ele afirma, que são também juízes dessas causas de forma muitas vezes precipitadas. “Qualquer deslize cometido por alguém é capaz de tornar um jovem agressivo. O que eles precisam perceber é que essa é uma oportunidade de convencer as gerações anteriores a deixar de lado alguns pensamentos”, defende.

93,7%

XY

90,5%

Y 6,1%

86,6%

5,9%

2,9%

y x 91,2%

bb

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7,3%

YZ

Z Heterossexual

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3,5%

Bissexual

Homossexual

Fonte: Centro de Inteligência Padrão (CIP) e Research Designed for Strategy (REDS)

6,0%

z

ORIENTAÇÕES DO FUTURO Diante da análise de orientação sexual das gerações, é possível comprovar as afirmações de Karina e Matta. Assim, os dados mostram que, entre todas as gerações, 3,2% dos entrevistados se declaram bissexuais, enquanto 92,4% são heterossexuais e 4,4% são homossexuais. Por mais que os números de indivíduos que não são heterossexuais sejam baixos, vale observar que o maior número de homossexuais existe entre os indivíduos das gerações Y e YZ – de 16 a 30 anos. Os bissexuais, por sua vez, são maioria entre pessoas com idade inferior a 25 anos.

2,0%



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DANDO VOZ AOS MILLENNIALS

K POR GISELE DONATO

Kéfera Buchmann, 23 anos, nasceu e cresceu em Curitiba, onde cursou e formou-se em teatro. Atriz, vlogueira, apresentadora e escritora, ela lançou despretensiosamente o primeiro vídeomonólogo em seu canal 5inco Minutos, em julho de 2010, em plena Copa do Mundo, intitulado Vuvuzela e logo viu surgir seguidores que só aumentaram ao longo dos anos. Apontada como uma das youtubers mais influentes com menos de 30 anos, Kéfera posta vídeos com experiências cotidianas dela e de amigos para um público que está cada vez mais despachado e querendo consumir conteúdos com os quais mais se identificam. E nem precisa ser millennial para se identificar com a angústia que nós mulheres temos, em dias difíceis, de passar um simples delineador. Confira a seguir a entrevista exclusiva que Kéfera concedeu à Consumidor Moderno.

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ENTREVISTA

CONSUMIDOR MODERNO – O QUE TE LEVOU A COMEÇAR A GRAVAR E PUBLICAR VÍDEOS NA INTERNET? Kéfera – A chance de poder mostrar meu trabalho como atriz. CM – POR QUE VOCÊ ACHA QUE O PÚBLICO JOVEM SE IDENTIFICA TANTO COM SEUS VÍDEOS? Kéfera – Pela maneira intimista com que gravo. No meu quarto, falando sobre temas jovens em que as pessoas se identificam e, às vezes, até evitam falar. CM – COMO VOCÊ ESCOLHE OS TEMAS A SER ABORDADOS? Kéfera – De acordo com o que acontece no meu dia a dia ou baseada em histórias de amigos. CM – VOCÊ ACHA QUE OS MEIOS PELOS QUAIS O PÚBLICO JOVEM OBTÉM ENTRETENIMENTO E INFORMAÇÃO SÃO DIFERENTES DAS GERAÇÕES ANTERIORES? Kéfera – Acho que a internet está revolucionando positivamente a maneira como o jovem pode ir atrás de conteúdo hoje em dia. Antes, a gente zapeava pela TV até achar algo que nos interessasse, e se não achássemos, ficávamos entediados. Ou íamos atrás de outras brincadeiras, leitura... Agora temos tudo isso e muito mais na internet. A programação que queremos é feita na hora e existe conteúdo para todo tipo de público. CM – COMO VOCÊ ACHA QUE OS YOUTUBERS INFLUENCIAM ESSA GERAÇÃO MAIS JOVEM? Kéfera – Acho que mostramos que não precisam existir tabus para falar/lidar com certos assuntos que antes tínhamos muita dificuldade. CM – QUAIS DICAS VOCÊ DARIA ÀS EMPRESAS QUE AINDA NÃO SABEM COMO LIDAR COM ESSE NOVO CONSUMIDOR? O QUE ELAS PRECISAM MUDAR PARA CONSEGUIR ENGAJAR ESSE PÚBLICO? Kéfera – Ainda existem muitas pessoas que não acreditam na internet. Vale a pena pesquisar cases de sucesso, em que uma campanha feita por youtubers teve maior relevância do que uma campanha na TV. A linguagem é importante nessas horas. Não ser muito formal, levar as coisas de forma mais leve. Não vejo problema em utilizar palavrões, acho que usamos palavrões para nos expressar, não para ofender. Faz parte da nossa linguagem.

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CD OE SM TPAO QR UT EA MWEENB T O

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sou quem eu sou CHEGOU A HORA DE AS EMPRESAS APRENDEREM A LIDAR COM CLIENTES QUE NÃO SÃO APENAS HOMENS OU MULHERES

Foto: Arquivo pessoal

POR MELISSA LULIO

Samuel Profeta

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E

u me identifico com o gênero masculino. Gosto de ser homem, da masculinidade, de ter pelos, de ser grande e barbudo. Mas não quero que isso seja uma prisão, quero poder passear por outros universos de gênero”, afirma Samuel Profeta. Nascido em Belo Horizonte, hoje ele tem 32 anos, é designer gráfico e mora em São Paulo. Em 2011, Profeta aceitou um emprego na maior cidade do Brasil e veio viver a vida paulistana.

Foto: Arquivo pessoal

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Samantha Sparkling

Gêneros Para os executivos, o desafio de direcionar atendimento, produtos e comunicação para clientes de gêneros variados é cada vez maior. Feminino e masculino são os chamados gêneros binários, mas, hoje, eles não são os únicos existentes. Banheiros, vestiários, provadores, formulários, registros e cadastros precisam ser repensados para se adequar à nova realidade. Existem, também, os gêneros não binários. Conheça-os abaixo. QUAIS SÃO OS GÊNEROS NÃO BINÁRIOS? Agênero Aliagênero Ambigênero Andrógine Bigênero Butch não binárie

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“Fui uma criança muito fascinada pelo universo feminino. Minha mãe, minha avó e minhas tias foram figuras femininas muito inspiradoras”

Samantha Sparkling

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Em algumas ruas da cidade, ele conta, já sentiu medo de andar de mãos dadas com o namorado, pois poderia sofrer preconceito. O designer, que se identifica com o gênero masculino, é um homem homossexual. Além disso, em algumas ocasiões, dá vida à drag Samantha Sparkling. “Fui uma criança muito fascinada pelo universo feminino. Minha mãe, minha avó e minhas tias foram figuras femininas muito inspiradoras. Ao mesmo tempo, cresci com muitos estímulos de personalidades, cantoras, atrizes de cinema etc.”, conta. As influências culturais e familiares, então, foram muito importantes para Profeta. Ele lembra, porém, que o fato de ter crescido em uma família de religião evangélica fez com que houvesse também muita resistência em relação à homossexualidade. “Com o tempo, eu me aceitei como gay, contei para as pessoas sobre a minha orientação, mas ainda via a ideia de me montar como um tabu”, diz. Foi no Carnaval de 2014, porém, que o designer decidiu se vestir de mulher pela primeira vez. “Eu queria fazer uma grande produção. Chamei um amigo que é maquiador, que já tinha trabalhado com drags e, nesse dia, nasceu a Samantha, que é a personagem que eu faço”, diz. “Foi mágico porque encontrava pessoas com quem eu convivia e eles não me reconheciam. Foi uma experiência fantástica”. Naquele ano, Profeta fez seu primeiro evento profissional como Samantha Sparkling. “A cultura drag é uma expressão artística. Estou começando agora a tornar essa atividade profissional. É algo que eu adoro, então, por que não fazer ser uma coisa lucrativa?”, comenta.


73 DA SEPARAÇÃO À DEMOCRACIA

Ao incorporar Samantha Sparkling, Profeta corre o risco de ser alvo de homofobia. Porém, ele conta que nunca sofreu preconceito como Samantha. Mas como homem homossexual, já teve medo de ser agredido na região central de São Paulo. E confirma: o preconceito ainda existe e não é disfarçado. O ponto, porém, como Profeta ressalta, é que existem pessoas de outros gêneros e orientações sexuais que estão muito mais expostas a situações de risco e de homofobia – como transexuais e travestis. SOMOS QUEM QUEREMOS SER

O ponto é: além de inaceitável, o preconceito faz cada vez menos sentido em um universo repleto de possibilidades. O que poucas pessoas não sabem é que, atualmente, existem mais de duas possibilidades de gênero. A maioria dos indivíduos cresce acreditando que é possível ser apenas homem ou mulher. No nascimento, a partir dos órgãos genitais da criança, o registro acontece. “É menino ou menina?”, pergunta a família. Tradicionalmente, os pais compram roupas azuis, se o bebê for um garoto. Se for uma garota, são dadas bonecas de presente. Mas isso não é uma regra – e nem deve ser encarado como tal. SOU MENINA!

“Eu lembro que, quando tinha cinco anos, descobri que não era fisicamente igual às garotas”, conta Agatha Lima, empresária dos ramos de beleza estética e imobiliário. Ela é transexual e, hoje, tem 44 anos. “Fiquei frustrada e não entendi o que havia acontecido. Questionei minha mãe, porque tinha certeza de que eu era menina”. Com 18 anos, a empresária saiu de casa e do país. Lá fora, transformou o corpo. “A minha família só me aceitou quando saí de casa. Assumi a identidade de Agatha e voltei depois de três anos. Morei na Itália e na França”, diz.

Gêneros Cristaline Demigênero Demiboy Demigirl Demi-menine Efêmere Femme não binárie Gênero-fluído Genderflux Genderfuck (gênero) Genderpivot Genderqueer Graygênero Homem não binário Intergênero Mulher não binária Nan0gênero Nan0boy Nan0girl Nan0 menine Negative Neutrois Pangênero Poligênero Positive Terceiro gênero Transfeminina Transmasculino Travesti não binária Trigênero

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Agatha Lima

“quando tinha cinco anos, descobri que não era igual às garotas. Questionei minha mãe, porque tinha certeza de que eu era menina” ABERTOS PARA UM MUNDO NOVO

DESAFIOS PARA AS EMPRESAS

Como aponta o especialista Pedro De Santi, líder da área de humanidades da ESPM-SP, o conceito de liberdade de gênero é uma verdade absoluta entre os mais jovens. Assim, é preciso ressaltar que a identidade de gênero ou a orientação sexual não são simplesmente escolhas. Como destaca Agatha, o indivíduo não opta por aquilo que é, mas reage e se adéqua ao gênero e orientação com que se identifica. “As pessoas nascem transexuais”, diz a empresária.

Para as companhias e para a comunicação, segundo o especialista De Santi, esse novo momento é um desafio. “A primeira consequência direta é a necessidade de a comunicação seguir o caminho da singularização”, diz. Ou seja, é preciso se comunicar com um indivíduo e não com determinados grupos. “A comunicação, quase que por natureza, tende a ser conservadora porque precisa falar com grupos muito grandes e já estabelecidos. Assim, tem dificuldade de ser inovadora em termos sociais”, explica. “É preciso subsegmentar ao máximo a

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comunicação e aproveitar a chance de não criar categorias grandes demais”. SEM SEPARAÇÕES

De Santi destaca ainda que os colaboradores não podem ser treinados para atender, por exemplo, segmentos de homens ou mulheres, mas pessoas, de uma maneira geral. “O treinamento precisa ser feito para nunca ser discriminatório, por um motivo muito simples: todos consomem. Não se deve restringir quem entra em uma loja para comprar”, afirma. “O que importa é que o cliente é sempre um cliente. Esse respeito básico tem que valer sempre.” Não é isso o que acontece na prática, no entanto. Agatha conta já ter passado por uma situação de preconceito em uma grande loja de varejo. “Quando é feita a troca de nome e sexo, a numeração do documento não muda. Então, disseram que naquele dia de grande movimento não podiam resolver meu problema porque meu CPF batia com o de um rapaz”.


75 A compra foi negada e Agatha chamou a polícia. “Abri um processo judicial e ganhei. Estou amparada legalmente. Minha certidão de nascimento é feminina e não existe nenhuma marca que diga que um dia foi diferente”, garante. PARA TODOS(AS)

O mercado, aparentemente, começa a se adaptar a essa realidade. A Amil, por exemplo, atende aos pedidos de inclusão de cônjuge em uniões homoafetivas. Além disso, após a cirurgia de mudança de sexo, de acordo com a solicitação dos contratantes e as disposições contratuais e legais, a alteração de nome é totalmente permitida. No Grupo Fleury, os colaboradores são treinados para garantir a todos clientes acolhimento e bem-estar. Quando o tema é educação associada à tolerância, a Estácio é um bom exemplo. A universidade já conta com resoluções internas que garantem o direito ao uso do nome social. Além disso, políticas de orientação do corpo docente e dos colaboradores estão sendo implementadas para garantir que o nome social de qualquer aluno ou professor seja utilizado. MENOS PRECONCEITO

Paulo Carvalho, 57 anos, é gerente de uma loja de luxo. Ele se identifica com o gênero masculino e, aproximadamente aos 23 anos, ao mudar para a cidade de São Paulo, assumiu a homossexualidade. “Nunca tive dificuldade em mostrar quem sou e, até onde sei, sempre fui muito bem recebido pelas pessoas”, relata Carvalho. Nesse ponto, ele é um homem de sorte. “Quando visito minha família no interior de São Paulo percebo que as pessoas estão bem mais familiarizadas com a homossexualidade”, diz. Ele ressalta, porém, que as empresas ainda precisam compreender que o público homossexual também consome. “A comunicação das empresas age como se existissem apenas heterossexuais”, reclama.

ALÉM DO MARKETING

Como afirma De Santi, da ESPM-SP, a questão de gênero alcança também o desenvolvimento de produtos. Como exemplo, ele cita uma hipótese a ser utilizada na criação de um carro. “É possível, por exemplo, elaborar um carro neutro com acessórios a serem escolhidos pelo cliente”, defende. “As pessoas não querem receber um produto pronto e acabado, mas querem customizar.” Nesse sentido, Oswaldo Ramos, gerente-geral de marketing da Ford Brasil, explica que, no setor automobilístico, não existe rótulo que indique que o produto é para um gênero especifico. “Existe, na verdade, uma compreensão de que os consumidores possuem vários perfis e necessidades”, aponta. Questionado sobre a personalização, Ramos conta que a empresa possui uma gama muito grande de acessórios. EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE

No Carrefour, a valorização da diversidade é um dos princípios básicos incluídos no Código de Ética. Como conta Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade do Carrefour Brasil, “dentro da empresa, optamos por tratar esse tema de forma generalizada. Só dentro da bandeira Carrefour, contamos com mais de 40 mil funcionários e, literalmente, recebemos todos os públicos nas lojas. Então, não fazia sentido nos apoiarmos ou adotarmos apenas uma dimensão da diversidade”, cita. Como conta o diretor, uma das iniciativas criadas pela empresa é uma cartilha que funciona como um material do dia a dia das lojas. Nela, estão colocadas orientações sobre como agir em determinadas situações. “As explicações passam por todo tipo de tema”, diz. Exemplo disso é que a cartilha deixa claro que duas pessoas do mesmo gênero estão autorizadas a namorar. Outro ponto polêmico é o uso de sanitários. “Se alguém se identifica com o gênero feminino, usa o respectivo banheiro, e vice-versa”, explica Pianez. A definição parece óbvia – e realmente é.

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ANTROPOLOGIA DO CONSUMO

MICHEL ALCOFORADO Antropólogo especializado em consumo e sócio-diretor da Consumoteca

FIM DO CONSUMISMO: QUEM ENJOOU DE COMPRAR? Chamei um Uber. Carlos, o motorista, era torneiro mecânico em uma montadora de veículos no ABC paulista. A nova profissão era a sua nova aposta para pagar as contas e sustentar a família. Fui logo lhe perguntando a quem atribuía as causas da crise no setor automobilístico. – Olha moço... Eu perdi meu emprego porque não se vende mais carro como antigamente. Se não vende mais, não tem porque produzir. Se não produz, não tem porque me empregar. Simples assim. Por que não “tão” comprando carro? Não é só culpa da crise. O problema é maior, estamos com dois problemas ao mesmo tempo: de um lado, os meninos novos começaram a perceber que não precisam mais de carro. Não ”tão” comprando mais. Por outro lado, quem sempre teve sonho em ter as coisas, agora, “tá” endividado e não “tá” podendo comprar. Juntou quem “tá” enjoado de comprar com quem não tem dinheiro pra comprar. Não sobrou ninguém. Deu nisso. Eu sou do povo da crise. Estou enjoado de comprar nada não (risos). Carlos entrou para o Uber não por acreditar que o futuro do mundo será a economia colaborativa, tampouco por achar que sentiremos vergonha da maneira como grande parte da população consome atualmente. Suas escolhas estavam longe do Lowsumerism. Inscreveu-se na empresa por necessidade de pagar suas contas, diante do desemprego. O motorista é mais um número dentro das estatísticas da empresa norte-americana. Acredita-se que em 2016,

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na crise, o Uber receba 50 mil novos motoristas, um crescimento de 30% ao ano, o que torna o Brasil o país com as melhores perspectivas entre os países nos quais a empresa opera. Segundo dados da empresa, 54% dos condutores estariam procurando emprego, se não fosse a nova plataforma à qual 30% recorreram após serem demitidos. Enfim, boa parte dos colaboradores do serviço o faz por necessidade, não por acreditar nas benesses da economia colaborativa. Por outro lado, os consumidores também não recorrem ao serviço porque veem uma alternativa mais alinhada com as tendências da economia compartilhada, mas sim porque encontram uma alternativa ao monopólio dos taxistas que prestam péssimos serviços e cobram preços abusivos. É preciso colocar os pingos nos is e entender que o consumo colaborativo não é a nova moda; todos nós temos, ou teremos, de nos agarrar em algo para sobreviver no novo mundo. É óbvio e ululante que não poderemos consumir como a sociedade americana. Nem há planeta suficiente para isso. Mas, também, vivemos em um país no qual há um exército de pessoas que entraram no mundo do consumo agora. Há muita gente buscando ainda o básico e sofrendo para bancar o mínimo diante do temeroso cenário de recessão que enfrentaremos. Não temo em afirmar que, por muito tempo, nós teremos mais que nos preocupar em como conjugar as necessidades dos novos clientes com os limites do planeta do que com os enjoados de comprar. As marcas precisam estar sempre atentas às novas ondas, sem jamais esquecer a escala, o tamanho e o impacto que terão em nossos negócios. Sem isso, tudo não deixará de ser mais um blá, blá, blá. Afinal, o Brasil não é a Vila Madalena e Vila Madalena não é o Brasil.



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A caminho do bilhão: cinco startups brasileiras que podem se tornar unicórnios COMPARADO AO MERCADO AMERICANO, NOSSO CENÁRIO PECA NO FOMENTO E CASTIGA NA BUROCRACIA – O QUE NÃO AMEDRONTA NOSSOS PÔNEIS POR RAISA COVRE

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nicórnio: um animal mitológico que desde os primórdios de nossa história causa encantamento por ser um símbolo de pureza e força. Em 2013, a criatura adentrou o mercado financeiro e deu nome a um conceito relacionado a um grupo, até então, bastante seleto de empresas americanas: as startups de um bilhão de dólares. O termo foi cunhado pela fundadora da Cowboy Ventures, Aileen Lee, que, na ocasião, encontrou 39 modelos de negócio que se enquadravam na definição.

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UNICÓRNIOS

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S T A R T U P Hoje, no mundo, existem 146 startups que fazem parte do clube dos unicórnios. A melhor avaliada entre todas elas é a Uber, que alcançou um valor de mercado de US$ 51 bilhões, em 2016. No Brasil, no entanto, a criatura mitológica ainda não foi avistada – por diversas razões. O principal fato é que o nosso mercado empreendedor, apesar de estar em pujante expansão, ainda não tem maturidade para abrigar uma startup desse tipo, ainda não é um cenário favorável para a expansão dos modelos de negócio nascidos aqui. “Nós não temos eventos de liquidez como o mercado americano tem. Não adianta termos uma startup avaliada em um bilhão de dólares se não tivermos ninguém para pagar por isso, se não tivermos ninguém para investir nesse valuation”, explica Amure Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups. CENÁRIO BRASIL O momento empreendedor brasileiro é positivo: temos cada vez mais iniciativas privadas de apoio a startups, centenas de programas de aceleração, além de instituições e empresas que abraçam a causa, como Sebrae, Itaú, Bradesco. Ao mesmo tempo, nossos empreendedores ainda lidam com barreiras antigas: burocracia, alta carga tributária, despersonalização da pessoa jurídica.

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“Além de tudo, acho que falta educação. Temos empreendedores de qualidade, mas eles não têm a educação necessária para empreender, tanto em relação a acesso ao conteúdo como a aplicação desses conceitos. Existe uma curva de maturidade para que você consiga efetivamente aprender”, aponta Pedro Waengertner, fundador da Aceleratech. Para o executivo, precisamos fomentar a cultura empreendedora desde cedo. Aulas de programação deveriam fazer parte do currículo das crianças do ensino fundamental, além de cursos voltados ao assunto em todas as idades. “Desde o desenho animado que as crianças assistem, passando pelas escolas até as universidades. Acredito que temos que colocar o empreendedorismo como uma parte importante, não só para criarmos novas empresas, mas também para que os profissionais empreendam dentro das nossas empresas que, hoje, inovam muito pouco no geral”, detalha. O QUE É NECESSÁRIO PARA SER UM UNICÓRNIO? Entre as startups estrangeiras que adquiriram o título mitológico e mesmo entre as brasileiras que estão no caminho para tal, algumas características são comuns. “Todas têm um time espetacular, empreendedores de extrema

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competência que garantem a entrega do que prometem”, exemplifica Felipe Matos, fundador da startup Farm. “Ter acesso a capital suficiente para suportar e acelerar a expansão também é importante, rodadas de investimento com valores relevantes fazem toda a diferença para um crescimento em nível nacional”, complementa. Para Waengertner, profissionalizar a gestão e a liderança é fundamental, além de manter bons investimentos em marketing. “As startups precisam adquirir clientes e continuar. Porque elas vão atingir platôs e precisarão saber como continuar adquirindo clientes mesmo passando por eles.” Na visão de Amure Pinho, o que faz um unicórnio é a soma oportunidade + mercado + ambição + crescimento exponencial, ou seja, uma dose de sorte aliada a um nicho que suporte o crescimento do negócio, além da busca do próprio empreendedor que, para tal, apresenta taxas de crescimento elevadas. AS FUTURAS BILIONÁRIAS No Brasil, apesar de o câmbio não estar favorável para as startups alcançarem o título de unicórnio, temos modelos de negócios que estão se consagrando e um dia podem bater a marca de US$ 1 bilhão. São elas:


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As características dos unicórnios: √ Time eficiente √ Boas rodadas de investimento √ Tração √ Liderança forte

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Parte do famoso grupo das fintechs, a Nubank, fundada em 2014, trouxe para o mercado brasileiro um cartão de crédito descomplicado: sem taxa de anuidade ou tarifas, com juros rotativos abaixo do mercado e gerenciamento via aplicativo, com fatura detalhada e atendimento on-line. A fila de espera pelo cartão, que é distribuído pelo envio de convites, chegou a 1,6 milhão de pessoas em janeiro deste ano. Tamanho sucesso entre os consumidores gerou uma startup de crescimento acelerado, o único investimento brasileiro da Sequoia, um fundo icônico do Vale do Silício. “Todo mundo busca um cartão Nubank por causa dessa mudança de mindset com relação aos serviços bancários. Eles trouxeram um novo modelo, um novo jeito de fazer a mesma coisa de forma inovadora”, destaca João Kepler, considerado um dos maiores investidores-anjos do Brasil e conselheiro da Anjos do Brasil. No quarto aporte recebido pela startup, foram levantados cerca de US$ 50 milhões (o equivalente a R$ 208 milhões na cotação do fim de dezembro, quando o acordo foi firmado).

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Foto: ShutterStock / mrmohock

QUICKBOOKS ZEROPAPER

MOVILE

Na estrada desde 1998, a Movile é especializada na criação de aplicativos e serviços para dispositivos móveis – e, hoje, é um forte conglomerado de startups do tipo. Seus produtos atendem tanto operadoras de telecomunicação quanto o consumidor final – mais de 50 milhões de pessoas no mundo. O método utilizado pela startup foi o de somar para multiplicar, mesmo que fosse preciso se unir aos concorrentes para crescer. Entre diversas fusões e aquisições, estão iFood (que, uma vez no conglomerado, também adotou a filosofia e adquiriu o RestauranteWeb), Apontador, Rapiddo e Truckpad. Fora isso, a empresa é criadora do app PlayKids, um streaming de desenhos infantis, que está presente em mais de cem países (em 30 deles é o app infantil mais rentável do mercado) e superou YouTube, Netflix e a própria Disney. Hoje, tem escritórios em São Paulo e Campinas e está presente na Argentina, na Colômbia, na Venezuela, no México

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e nos EUA (Vale do Silício). Estima-se que seu faturamento, em 2015, chegou à casa dos R$ 800 milhões.

A ZeroPaper compunha o grupo de startups brasileiras voltadas a ferramentas de gestão financeira para pequenas e médias empresas (concorrente de nomes como Conta Azul e Treasy). Seu crescimento, foi bastante acelerado: em três anos se tornou uma das principais ferramentas do mercado. Assim, chamou a atenção da empresa americana Intuit, uma das maiores fintechs do mundo, o que resultou em uma fusão. Atualmente, o branding foi mudado para QuickBooks ZeroPaper e a integração das plataformas expandiu a oferta de serviços. “Com a aquisição, a Intuit entrou investindo uma grande quantia. Eles estão investindo muito em marketing, mídia, aquisição de clientes e apontam um crescimento acelerado”, ressalta Kepler. O valuation de mercado da empresa aos poucos está dando saltos – o que a aproxima cada vez mais do bilhão. HOTEL URBANO

EASY TAXI

Provavelmente uma das startups brasileiras mais comentadas dos últimos anos, a Easy Taxi foi fundada em 2011 e, hoje, está presente em mais de 420 cidades, de 30 países. Cerca de 17 milhões de usuários utilizam seus serviços e há quem diga que em alguns países a frota da empresa ultrapassa o número de carros da Uber. A empresa movimenta cerca de R$ 1 bilhão por ano com as corridas acertadas pelo app e seus motoristas registram crescimentos no faturamento que passam dos 40%. “A 99Taxis tem um desempenho melhor no Brasil, mas a Easy Taxi leva muita vantagem por ser internacional. Quando olhamos para o valor que a Uber tem e que a Easy Taxi está alcançando, fica nítido que estão perto de serem bilionários”, analisa Felipe Matos, fundador da startup Farm.

Em 2011, no Rio de Janeiro, surgiu uma startup cujo objetivo declarado seria democratizar o turismo no Brasil. Cinco anos depois, com os números que o Hotel Urbano apresenta, podemos deduzir que a missão é alcançada com louvor: são mais de 20 milhões de usuários cadastrados e o número de diárias comercializadas ultrapassam os quatro milhões. A empresa, que cresce cerca de 65% ao ano, recebeu um investimento de US$ 60 milhões do Grupo Priceline (detentor do Booking.com e Kayak) em troca de uma participação minoritária do investidor. Com a manobra, a brasileira passou a ter acesso aos mais de 680 mil parceiros de hospedagem que o grupo global possui. Fora isso, a startup também já abriu seu leque para agências de viagens e agentes independentes, marcando presença em todos os tipos de canais de turismo acessíveis ao consumidor.



TECNOLOGIA – REALIDADE VIRTUAL

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Realidade Realidade

virtual virtual ÉÉ

UMA IDEIA JÁ CONHECIDA NO UNIVERSO DOS VIDEOGAMES E NO UNIVERSO DO ENTRETENIMENTO PROMETE INVADIR OUTRAS ÁREAS DO CONHECIMENTO HUMANO: É A REALIDADE VIRTUAL

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POR IVAN VENTURA


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possível que alguns adultos se apeguem a velhos hábitos da infância, como chorar copiosamente, gritar e até espernear descontroladamente no chão como resposta a uma situação ruim? Ou o contrário, diante de algo bom? Em um vídeo que viralizou na internet no começo do ano, a norteamericana Bonny, de 85 anos, não se incomodou em reagir como uma criança que acabou de ganhar um presente.

Sentada no chão, ela balança as pernas de maneira frenética e emite contagiantes e deliciosas gargalhadas para uma plateia de incrédulos e emocionados parentes e amigos. O segredo da incontida alegria está na imagem exibida através das lentes de um par de óculos feito de papelão. Bonny é portadora de uma doença chamada Stargardt, uma patologia que danifica as células fotorreceptoras da retina e pode causar cegueira. Ela não é cega, mas o seu mundo é tão abstrato quanto uma obra do artista nipo-brasileiro Manabu Mabe. Os óculos mudaram essa realidade. Foram oito anos nessa condição e, claro, muita coisa mudou. Bonny viu alguns rostos conhecidos, mas o que chamou a sua atenção foi uma encantadora menina de vestido rosa que, no vídeo, faz estripulias tipicamente infantis para chamar a atenção da idosa. Era a neta, que nasceu após o diagnóstico de Stargardt. O que se viu em seguida não foram lágrimas, mas gargalhadas, elogios à beleza da neta e comentários sobre as semelhanças da jovem com a mãe – e filha de Bonny.

UM MUNDO NOVO. OUTRO OLHAR O “milagre” foi visto por milhões de pessoas ao redor do mundo e é fruto de um aplicativo para smartphone chamado Near Sighted VR Augmented (algo como Realidade Aumentada para Míopes, disponível na Play Store) e que utiliza os recursos das lentes dos óculos de realidade do Google. De tão eficaz, o mesmo APP ainda promete combater alguns tipos de glaucomas, albinismo ocular, atrofia ótica, entre outras doenças nos olhos. Coisa de cinema? Seja bem-vindo ao admirável mundo novo das Realidades Virtuais (RVs), uma ideia concebida entre as décadas

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de 1950 e 1960 no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e cujo patrono foi o cientista computacional norte americano, Ivan Sutherland. Este ano, a tecnologia, que já é usada em muitas áreas do conhecimento humano, vai movimentar nada menos que US$ 5,1 bilhões e será consumida por 38,9 milhões de consumidores em todo o mundo, segundo dados de uma pesquisa feita pela consultoria Superdata Research. E esse número chegará US$ 12,3 bilhões em 2018. Mas, afinal, o que é essa bilionária ideia por trás das lentes de óculos? Um erro comum é associar o cinema 3D à realidade virtual, o que, tecnicamente, é um equívoco. “Ela se refere a um conjunto de tecnologias com a finalidade de criar objetos ou coisas que não existem no mundo objetivo. Mas isso não basta. O ponto crucial é a interação nesse mundo”, explica o argentino Alejandro Frery, professor da Universidade Federal de Alagoas e uma das grandes autoridades em realidades virtuais atuando no País. A interação, normalmente feita com “toques virtuais” no vazio, também é um elemento imprescindível em outra realidade: a aumentada. No entanto, essa é praticamente a única semelhança dela com a virtual. Na verdade, elas são opostas: a aumentada acontece no mundo, mas com alguns elementos ilusórios. E elas não são as únicas taxonomias inseridas nessa ideia. “Há outras definições técnicas. Existe um contínuo entre o real e o virtual. Por conta disso, existem várias classificações: as realidades virtual, misturada e realidade aum entada. A realidade virtual é virtual, a aumentada é real, mas com alguns elementos virtuais. A misturada está no meio”, afirma o professor da USP e coordenador do laboratório de realidade virtual chamado Caverna Digital, Marcelo Zuffo.


87 Temos também o Project Beyond, um dispositivo com seis lentes e usado por profissionais. Já pensou uma reportagem em que você observa não apenas o repórter, mas tudo ao redor? Renato Citrini da, Samsung

Ideias virtuais VISUALISE A britânica Visualise é uma das produtoras de conteúdo em RV mais cool da atualidade. Eles já fizeram trabalhos para a emissora BBC, gravaram e transmitiram o show em 360 graus da banda Kasabian, fizeram imersão para a Mercedes-Benz, entre outros trabalhos. VISIONARY VR Trata-se de uma agência de conteúdo que se especializou em uma ideia que está ganhando força: o storytelling em VR. Esse é um dos mais intensos debates em Hollywood, que quebram a cabeça para produzir filmes inseridos em realidade virtual. OCULUS STORY STUDIOS É a produtora de conteúdo da Oculus, que produz os famosos óculos de realidade virtual. Assim como a Visionary VR, ela também focou os seus esforços em contar histórias a partir da tecnologia imersiva. PanoGrama – Uma das mais bem-sucedidas produtoras de conteúdo em VR no Brasil.

TERAPIAS/FOBIAS Virtual Reality Medical Center – A clínica localizada em San Diego, Califórnia, nos EUA, notabilizou-se pelo tratamento de fobias de todo o tipo: aranha, avião, altura e muitas outras. O modelo de tratamento usado já tem um nome: Virtual Reality Exposure Therapy (algo como uma terapia a partir da exposição em realidade virtual). O negócio deu certo e já existe uma unidade em Los Angeles.

ENTRETENIMENTO Heart Media – A empresa é especializada na realização de eventos de massa, como shows e premiações. No CES (Consumer Electronics Show) deste ano, a empresa anunciou uma série de eventos em VR e em primeira pessoa: iHeartRadio Music Awards, iHeartRadio Country Festival, iHeartRadio Music Festival, entre outros. O primeiro da série de eventos será o Music Awards, que acontece no dia 3 de abril.

SAÚDE Hyve – Trata-se de uma empresa alemã focada em design de produtos. Dela surgiram inúmeras maluquices, sendo que uma delas leva o nome de Icarus. O objeto, que mais parece uma cadeira de balanço high-tech, auxilia na imersão em realidade virtual. Uma de suas contribuições é tornar o VR algo bom para a saúde.

TREINAMENTO Speech Center – Essa é para quem está acostumado a dar palestras ou falar em público. O aplicativo permite treinar a fala em público a partir da realidade virtual. Diversos critérios são avaliados, tais como volume e velocidade da fala.

TURISMO Solfar/Everest – A empresa islandesa Solfar está mapeando cada centímetro do monte Everest para oferecer um inédito passeio pelo ponto mais alto do planeta. Há quem diga que o produto será oferecido pelo Thomas Cook Group, especializado em venda de pacotes de viagens.

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Marcelo Zuffo, da USP

a mercedes-benz usou a realidade virtual para desenhar o antigo classe A A APLICAÇÃO REAL Existem ainda outras classificações técnicas, como a realidade melhorada ou até a mediada. No entanto, a realidade virtual é o foco de empresas como Google, o Facebook (dona do Rift), Samsung (que usa o Rift), a brasileira Beenoculus, entre outras companhias verdadeiramente empenhadas nessa ideia. Aliás, o próprio Mark Zuckerberg tem um plano muito ousado para os óculos e o RV. “Essa será a próxima plataforma ou rede social, segundo disse Zuckerberg. A tecnologia para isso já existe. Recentemente, lançamos uma câmera capaz de fotografar e filmar um ambiente inteiro. E se pudermos transmitir isso ao vivo entre as pessoas? Temos também o Project Beyond, um dispositivo com seis lentes e usado por profissionais. Com ela, é possível gravar filmes, transmitir matéria de TV. Já pensou uma reportagem em que você observa não apenas o repórter, mas tudo ao redor?”, afirmou Renato Citrini, senior product marketing manager da Samsung. A indústria automotiva também tem planos para a realidade virtual. O setor, aliás, é um dos pioneiros no uso dessa tecnologia. Em meados de 1990, a Mercedes-Benz usou a tecnologia para desenhar o antigo Classe A, segundo o professor Zuffo. No Brasil, a Ford é um exemplo de montadora que abraçou a RV e não ape-

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nas no parque industrial. “A Ford aplica a tecnologia na avaliação da qualidade estética dos veículos durante a fase de projeto, enquanto as peças ainda estão em desenvolvimento. Isso possibilita antecipar e solucionar potenciais problemas de qualidade para o consumidor”, explica Wanderson Lana, gerente de inovação digital da Ford América do Sul e maior autoridade no Brasil da empresa sobre a tecnologia. A realidade aumentada também rendeu algumas boas ideias entre as empresas no país. O Bradesco foi o pioneiro no uso de um aplicativo ( já desativado) em realidade aumentada em 2009. No varejo, a Cnova também abraçou a ideia em prol dos seus clientes. “Aplicamos a realidade aumentada no sistema de identificação biométrica para iOS, que permite pagamento por meio da leitura da digital do cliente, e a busca de produtos por voz para Android. “Essas e outras funcionalidades foram determinantes para que os aplicativos do Pontofrio.com, Extra.com.br e da CasasBahia.com.br apresentassem alto índice de utilização em 2015, chegando, juntos, a mais de 2,8 milhões de downloads, com 30 milhões de acessos no acumulado do ano”, afirma Regis Borghi, diretor de TI da Cnova.

O FUTURO Os céticos, no entanto, ainda têm dúvidas quanto ao futuro da RV. Há quem

diga que os óculos representam uma tecnologia de transição e será substituída em breve. Polêmicas à parte, a Microsoft lançou seus óculos na direção da realidade mediada (o que alguns entendem por aumentada) por meio do Hololens. Uma demonstração da capacidade da tecnologia pode ser vista em um vídeo com o jogo Minecraft. Por ora, o dispositivo da Microsoft foi lançado apenas para desenvolvedores de aplicações. As demais empresas, porém, estão focadas em ideias para a realidade virtual e uma delas é a educação. É o que acredita José Terrabuio Júnior, chief innovattion officer da Beenoculus, uma startup brasileira que comercializa os óculos de RV e foca no desenvolvimento de aplicações nessa área. “Se você filma em tecnologia 360, você entrega um produto em primeira pessoa. Ele é melhor na retenção da informação na memória. Quando ele se deparar com o processo real, ele vai ter uma boa noção do que está acontecendo”, defende. Há também outras interessantes áreas de olho nessa tecnologia. Turismo é uma delas, segundo o country manager da NVidia Brasil, empresa responsável pela produção em processadores de vídeo que dão vida às realidades. “O público gamer é entusiasta dessas formas de melhorar a interação com o jogo, mas essa é a ponta do icerberg. Outra ideia é o turismo virtual. Estamos trabalhando com uma empresa na Europa que está mapeando cada centímetro do Monte Everest. Já pensou ir até lá sem sair de casa? Ou visitar o Museu do Louvre, em Paris. Há também empresas produzindo documentários e noticiário em VR. Pode até surgir um Netflix em realidade virtual. Hoje a tecnologia permite pensar em tudo isso, o que não aconteceu no passado.”


O EVENTO QUE É UMA SALA VIP

Finalmente um evento criado para ajudar você a ter o melhor que as novas tecnologias podem oferecer

6 abril 2016

Investir em tecnologia pode ser um grande desafio para muitas empresas brasileiras.

O Techno Business #Clientes trará as melhores soluções para quem quer inovação, eficiência e produtividade, investindo em novas tecnologias, mas não sabe exatamente como.

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Um workshop em formato inédito.

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CRM E BIG DATA EXPERT EDUARDO TERRA presidente, Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo – SBVC

MULTICANALIDADE E MOBILIDADE

ANDRÉ DI STEFANI head da divisão de desenvolvimento negócios varejo, Ipiranga TARCÍSIO GARGIONI vice-presidente de marketing, Avianca

CURADORES CELSO TONET diretor de atendimento e call center, PAULO HENRIQUE CAMPOS diretor de atendimento, Oi Grupo América Móvil ROGÉRIO DE CASTRO ROMEO BUSARELLO NUNES diretor de marketing, Tecnisa diretor de relacionamento SÉRGIO HERZ com o cliente, Gol CEO, Livraria Cultura JÚLIO BAIÃO RICARDO DUTRA diretor de TI, Via Varejo presidente corporativo, Uol

EXPERT DANIEL DOMENEGHETTI sócio-diretor, Dom Strategy Partners CURADORES GERMÁN QUIROGA executivo e especialista em tecnologia, e-commerce e e-marketplace GRACIELA TANAKA COO, Netshoes

LUIZ CARLOS LORO vice-presidente de digital e TI, Sky CIRO KAWAMURA vice-presidente de qualidade em atendimento a clientes, Telefônica Vivo WILLIAM MALFATTI diretor de marketing, relações institucionais e relacionamento com o cliente, Grupo Fleury LUIZ PIMENTEL diretor de e-commerce, Walmart.com

FABIANO MEIRA DOURADO NUNES diretor de atendimento, Itaú

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D E S T A Q U E W TE EB N D Ê N C I A S P O R C O P E N H A G E N I N S T I T U T E

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PETER KRONSTRØM Head do Copenhagen Institute for Futures Studies

CRIANÇAS DO FUTURO As crianças têm um papel importante nas famílias e na sociedade. Sem elas, não haverá uma próxima geração para herdar nosso legado com todos os valores materiais e imateriais. Em outras palavras, as crianças não são apenas um investimento no futuro. Elas são o próprio futuro. Ainda assim, há uma queda generalizada na vontade de ter filhos Para manter um certo nível populacional, com os fatores externos atuando favoravelmente, cada mulher tem que dar a luz a 2,1 crianças. É o que chamamos de taxa de fertilidade. Uma das principais razões pelas quais o número é 2,1 e não dois é que, em geral, nascem menos mulheres do que homens. Em muitos países desenvolvidos, a taxa de fertilidade anda abaixo dos 2,1. Nos países Rússia, Japão, Alemanha, Espanha, Polônia e Itália, entre outros, está abaixo de 1,4. Poucos países desenvolvidos têm taxas de fertilidade acima de 1,8. Globalmente, a fertilidade diminuiu de cerca de cinco filhos em 1950 para 2,5 e espera-se que caia para menos de dois filhos por volta de 2100. A regra geral é que a fertilidade cai enquanto a sociedade enriquece. Talvez seja menos importante ter mais crianças se o risco de elas morrerem antes de crescer for menor. Talvez você precise abrir mão de muitas oportunidades e muitas liberdades quando você tem filhos. Os pais estressados de hoje em dia não são exatamente os melhores divulgadores da beleza da paternidade, então escolhemos nossa liberdade ao invés de cairmos na armadilha das crianças. No entanto, essa filosofia está longe de ser uma certeza para o futuro. No passado, era normal para a maioria dos bem-nascidos ter babás para tomar conta das crianças, dando aos pais a liberdade para perseguir seus próprios sonhos e ficar com seus filhos

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somente quando tivessem vontade. No futuro, nós poderemos ter robôs-babás para preencher esse papel e reduzir os incômodos de ter filhos. Assim, quem sabe, vamos recuperar o desejo de ter filhos – talvez muitos deles. Ou pode ser que o bem-estar seja vitimado por necessidades políticas, tornando necessário ter mais filhos para apoiar uma população envelhecida. A biotecnologia também pode possibilitar ter filhos com idade mais avançada do que hoje, e aí aposentados iremos ter filhos (e não netos), dedicando tempo para eles. Aliás, avós têm um papel importante cuidando das crianças. Por que mais velhos não podemos ter caçulas ao mesmo tempo em que nossos primogênitos trazem nossos netos ao mundo? Pelo menos as crianças terão companhia para brincar. Seja por desejo, necessidade ou simplesmente porque seja fisicamente possível, ter mais filhos quebraria o prognóstico da ONU sobre a população e resultaria em maior taxa de fertilidade futura – e, lógico, uma maior população global. Se isso vier a acontecer, pode ser o número de filhos que um casal possa ter seja regulado, independentemente de ser fisicamente possível ou não. Se olharmos poucas décadas à frente, as crianças serão cada vez menos concebidas de forma natural. Poderemos conceber nossos filhos com os genes adequados para uma vida bem-sucedida. Talvez, até façamos com que nossas crianças nasçam com chips e nano máquinas que lhes deem habilidades sobre-humanas. Geração após geração, nossas crianças se tornarão cada vez menos parecidas com o que entendemos como humanos e mais parecidas com verdadeiros robôs. Em 500 anos, nossos descendentes podem até construir suas crianças, ao invés de concebê-las – e o que há de errado com isso? Afinal, nós sempre sonhamos em ter crianças perfeitas.



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evasão dos planos de saúde

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O SETOR É CONHECIDO PELA ROTINA DE NEGAÇÕES DE COBERTURAS, DESCREDENCIAMENTO DE CLÍNICAS, ENTRE OUTROS MOTIVOS. AGORA, O PROBLEMA É OUTRO: A CRISE ECONÔMICA POR IVAN VENTURA

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ma das certezas sobre a crise econômica no Brasil é que ela tem estreitas ligações com os problemas de relacionamento entre os poderes Executivo e Legislativo e as seguidas denúncias de corrupção no país. A disputa, que deveria ser institucional, abalou também empresas e a própria população. Um dos setores atingidos foi a saúde privada no País. O setor é um dos líderes de reclamações de institutos como o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) – e faz tempo. Em um levantamento divulgado no início do mês passado, os planos de saúde ocuparam a dianteira do total de queixas e alcançaram o índice de 32,7% das demandas de 2015 – um aumento de 64,8% na comparação com 2014. “Os planos de saúde representam um terço das demandas do Idec. Isso nunca aconteceu na contagem do instituto”, Alexandre Frigério, gestor de relacionamento do Idec e porta-voz do ranking.

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Os motivos são velhos conhecidos. Negações de coberturas, descredenciamentos de clínicas, hospitais e médicos e os costumeiros reajustes e as cobranças abusivas ocupam o topo da lista de queixas e também de ações nos tribunais. Segundo a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), a entidade patronal do setor, pouco mais 390 mil ações tramitaram no Judiciário até junho de 2014 – o número inclui as saúdes pública e privada. No entanto, os últimos meses apresentaram alguns fatos novos, como o surpreendente fechamento da Unimed Paulistana e que deixou descobertos 744 mil pessoas. O resultado reforçou uma suspeita do setor: há uma tendência de evasão dos planos e, ao mesmo tempo, o avanço das clínicas populares.

MENOS BENEFICIÁRIOS O caso Unimed Paulistana é o resumo dos novos problemas do setor de planos de saúde. Embora a má gestão do negócio fosse apontada como o principal fator para o fechamento da operadora, é inegável que a crise econômica e os seus reflexos expuseram a sangria financeira conhecida desde 2009 – um problema conhecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Há também o caso Unimed Rio. Em 2013, a empresa foi autorizada pela ANS a assumir a carteira de beneficiados da Golden Cross. Do total de beneficiados da antiga empresa, 160 mil beneficiários eram de São Paulo e a Unimed Rio não atendia no Estado. A Unimed Paulistana, então, passou a prestar o serviço em São Paulo, mas daí ela fechou. No fim, não havia rede credenciada e surgiram muitas reclamações. Penso que a Unimed utiliza uma marca como se fosse uma única empresa, o que não é verdade”, afirma Rodrigo Araújo, advogado, especialista em planos de saúde e sócio da Araújo, Conforti e Jonhsson advogados associados. O escritório fez um estudo sobre as principais reclamações dos últimos dez anos e o resultado está disponível no site da Consumidor Moderno. O fim da Unimed Paulistana deixou centenas de milhares de pessoas, que logo foram absorvidas


95 “Os problemas das seguradoras não têm nada a ver com o consumidor. Isso não impacta os direitos do consumidor”, Caio Domeneghetti

por outras operadoras de saúde. Mas não todo mundo. Houve evasão de beneficiados, o que também afligiu outras empresas. Segundo dados da ANS, havia 50,496 milhões de beneficiários em dezembro daquele ano. A partir daí os números de adeptos oscilaram até caírem no meio do ano passado. Em dezembro, o número de beneficiários foi de 49,730 milhões, ou seja, 766 mil pessoas a menos nos planos de saúde. A culpa pela evasão, claro, não é apenas da Unimed Paulistana. Embora ela tenha contribuído para esse cenário, a crise econômica é um fator com alcance mais horizontal e que atingiu não apenas as empresas do setor, mas também o bolso do consumidor.

INFLAÇÃO MÉDICA O reajuste da mensalidade foi uma dessas ingratas notícias para o bolso do consumidor. Em 2015, a ANS aprovou um reajuste de até 13,55% para os chamados planos individual e familiar e impactou 17% dos beneficiados do país. O valor, claro, foi alvo de muitas críticas e resultou em reclamações e encerramentos de coberturas. Afinal, o percentual ficou acima da inflação e teve um acúmulo de 10,26% em 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação medida pelo IBGE é um dos elementos que encarecem a mensalidade, mas há outros fatores. O cálculo é ainda mais complexo e considera também a Variação

Em 2015, a ANS aprovou um reajuste de até 13,55% e impactou 17% dos beneficiados do país

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milhões de desocupados no ano passado, uma alta de 27,4% em relação aos 6,7 milhões de 2014. Esses dados consideram apenas os empregos formais. Ou seja, sem trabalho, não há planos de saúde. Se você não foi afetado pelo desemprego, logo não há o que temer. Ou há? “Os problemas das seguradoras não têm nada a ver com o consumidor. Isso não impacta os direitos do consumidor”, afirma Domeneghetti.

CLÍNICAS POPULARES: SOLUÇÃO? “Essas operadoras vão fechar em quatro anos. As clínicas populares serão o futuro” Adiel Fares, da Clínica Fares

do Custo Médico e Hospitalar (VCMH), ou simplesmente “inflação médica”. Esse valor leva em consideração a própria inflação do país, o custo para a aquisição de novos tratamentos e terapias e até mesmo a variação cambial (afinal, há equipamentos e remédios são adquiridos fora do país, portanto em dólar). Com a alta do dólar perante o real, os equipamentos e tratamentos praticamente subiram de preço “da noite para o dia” e o aumento foi repassado ao consumidor. Mas isso não atingiu apenas os planos sob o guarda-chuva da ANS. A mesma inflação médica também foi aplicada aos não regulados (como é o caso dos planos coletivos empresariais), que ainda tem como indicador decisivo a chamada taxa de sinistralidade (valor da indenização para cada R$ 1 recebido do beneficiário). “A taxa de sinistralidade é outro problema. Ela é ilegal, pois tira da operadora o elemento de risco do contrato. A essência do contrato de seguro é o risco. Para a operadora, o risco de receber pouco e ter que pagar muito”, critica Caio Domeneghetti, advogado e especialista em direito de saúde.

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DESEMPREGO Domeneghetti chama a atenção para o momento econômico do país e sua influência para os planos coletivos empresariais, que representam nada menos que 64% de total disponível no Brasil. De uma maneira geral, benefícios não são submetidos às regras da ANS, mas os hábitos do próprio mercado. Assim, o reajuste de 13,55% não é válido para esse plano – e isso não é algo necessariamente positivo. “Tivemos casos de planos coletivos empresariais em que o reajuste chegou a 47%, um percentual abusivo para o consumidor. O salário do consumidor não chegou nem perto desse valor”, destacou Joana Cruz, advogada especializada em direito do consumidor do Idec. Por outro lado, trata-se de um plano com valor mais acessível para a maior parcela da população, mesmo com todos os efeitos da inflação. No entanto, a crise econômica possui tentáculos ainda maiores e um deles é o desemprego. Segundo dados do IBGE divulgados no último dia 15, o País registrou 8,6

Diante dos problemas na saúde privada e os velhos problemas do Sistema Único de Saúde (SUS), há solução para a saúde? Um modelo que ganha força no país é a clínica popular. Em linhas gerais, são serviços de média ou baixa complexidade e oferecidos a preços baixos. O serviço é atraente até para médicos, que são remunerados por valores acima da média oferecida pelos planos – algo em torno dos 40% do valor de uma consulta. No Brasil, já existem casos como o Dr. Consulta, a cearense Sim Clínicas, Minuto Med, entre outras. Outro exemplo é a Clínica Fares. Há 28 anos no mercado e pioneira como clínica popular, a empresa adotou um sistema britânico de policlínica e realiza diagnóstico de saúde por meio de consulta e exames e possui até mesmo equipamentos de última geração. O dono é Adiel Fares, filho do fundador da rede de móveis e eletrodomésticos Marabraz. O segredo? “Atendimento humanizado (do paciente ao médico), baixo custo (70% menor que o mercado), tecnologia (agendamento via internet e, em breve, por aplicativo) e uma administração que permite melhor remuneração aos médicos. Aqui, só não aceitamos planos de saúde. E já é assim há seis anos”, afirma Fares, que conclui: “Essas operadoras vão fechar em quatro anos. As clínicas populares serão o futuro”, profetiza.



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DESIGN + THINKING

POR TENNY PINHEIRO CEO e fundador da Escola de Inovação em Serviços (Eise), autor do livro “The Service Startup, Inovação e Empreendedorismo através do Design Thinking” e do best-seller “Design Thinking Brasil”

A INTERNET DAS SUAS COISAS Algumas coisas me chamam a atenção na maneira como estamos escolhendo repensar o mundo e dessas, sem dúvida nenhuma, a chamada “internet das coisas” ganha destaque. Se você não sabe do que se trata, “internet das coisas” é o nome que se dá à rede de objetos do dia a dia que está se conectando por meio da internet e trocando informação. É o alarme da sua casa, a câmera com a qual você vigia o seu cachorro, a casinha do seu cachorro, o prato de comida do seu cachorro, a panela onde você cozinha a sua comida, e por aí vai. Tudo tem sensor, tudo se fala, se comunica. Pode parecer loucura se você pensar em isolamento, mas, em conjunto, faz bastante sentido e vai fazer cada vez mais. Para os fabricantes, esses sensores espalhados em seus produtos monitoram a performance, o uso e trazem dados de pesquisa sobre esse uso jamais pensados a um custo irrisório. Para o consumidor eles estendem a função, ampliam o serviço do objeto. O livro de contar histórias para o seu filho agora também guarda informações digitais como sua voz ou vídeos. E para os lojistas esses objetos significam novas maneiras de vender mais, afinal se a sua máquina de lavar sabe que o sabão acabou, a Amazon sabe que o sabão acabou, e entrega na sua casa no final do dia sem você precisar nem pensar sobre isso.

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Vamos caminhar para um nível de eficiência de serviço jamais visto. E isso muda o jogo. E rompe padrões de prestação de serviço. Quer um exemplo? Na França, um projeto está instalando botões dentro de caixas de correio que, quando pressionados, avisam os carteiros que existe correspondência na caixa para ser recolhida. Esse simples botão muda dezenas de anos de um processo que foi desenhado para que o carteiro cheque cada caixa postal da região que atende. Isso muda a maneira dos correios se organizarem, incluindo como e quando contratam mais ou menos pessoas. Um botão conectado à internet com uma resposta binária de “sim/não”, adeus organograma: Sorria você foi #disrupted. Mas nem só de botão binário vive já a internet das coisas. E as automações vão desde irrigadores de jardim até chuveiros. Os varejistas abraçaram essa onda de maneira profunda. Você encontra equipamentos para conectar a sua casa a internet, incluindo câmeras, lâmpadas, fechaduras, alarmes, dentre outras coisas no Costco, Target, Home Depot, Lowe’s e por aí vai. Estamos ainda vivendo a infância da internet das coisas e algumas “coisas” são mais brinquedos de gente rica do que coisas funcionais do dia a dia, mas isso está prestes a mudar e aos poucos vamos ver esses objetos conectados tomando conta do nosso dia a dia influenciando a maneira como tomamos decisões, aprendemos sobre nós mesmos e o mundo, vivemos e trabalhamos.


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NOVOS FORMATOS FAMILIARES

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São significativas as mudanças pelas quais a família brasileira tem passado nos últimos anos. Principalmente durante o século 21. O conceito de família sempre foi aplicado à formação tradicional: pai, mãe e filhos. Hoje, a conhecida “Família Doriana” divide espaço com novos formatos familiares existentes no Brasil e no mundo. Entretanto, é preciso chamar atenção para o fato de que famílias não tradicionais existem há anos, formadas por mães ou pais que criaram seu(s) filho(s) sozinho(s). “Esse formato já foi muito criticado outrora e hoje o recebemos sem o preconceito de antes”, afirma Heloísa Capelas, especialista em autoconhecimento e inteligência comportamental e diretora do Centro Hoffman no Brasil, instituição global que aplica o Processo Hoffman da Quadrinidade, reconhecido e aplicado na Universidade de Harvard.

Além dos casais homossexuais – ainda muito mais discriminados pela sociedade – e das relações com mais de duas pessoas. “Para lembrar um caso não tão conhecido, a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares, idealizadora do projeto urbanístico do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, constituiu uma família homoafetiva na década de 1950. Em um exemplo mais recente, no início dos anos 2000, houve quase um consenso da opinião pública nacional em relação ao direito de Maria Eugênia ter a guarda do Chicão, filho da companheira e cantora falecida Cássia Eller”, enfatiza Francisco Paolo Vieira Miguel, antropólogo mestre em antropologia social na Universidade de Brasília.

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“Penso que esses novos formatos de família estimulam a sociedade brasileira a pensar que não somente a sexualidade, mas também os afetos e responsabilidades podem ser vividos de maneiras muito diversas entre as pessoas e que não há mal algum nisso”, opina Francisco Miguel.

OS IMPACTOS NA SOCIEDADE O novo e o diverso costumam causar grande impacto e podem gerar sentimentos negativos. “A dificuldade

está no fato de que a maioria das pessoas não está preparada para compreender sem julgamentos ou preconceitos. O que foge ao modelo tradicional encontra maior dificuldade de ser aceito”, comenta a especialista Heloísa Capelas.

O casal Rogerio Koscheck e Weykman Padinho adotou quatro irmãos: “Temos nossas vidas e as pessoas não têm obrigação de aceitar, mas exigimos respeito”

SAÚDE As recentes decisões legais têm aberto precedentes para que planos de saúde garantam a inclusão de parceiros do mesmo sexo como dependentes. “Se o contrato de plano de saúde permite a inclusão do companheiro do beneficiário

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Das regulações e dos direitos Todo o cartório tem o dever de aceitar a celebração de casamentos civis de casais do mesmo sexo ou converter em casamento a união estável homoafetiva, como estabelece a Resolução n° 175, de 14 de maio de 2013. Já quando o assunto é união estável poliafetiva, o Brasil teve sua primeira “história oficial” em Tupã, no interior de São Paulo, em meados de 2012, com duas mulheres e um homem. “A escolha de um par, muitos teorizam se a priori é biológica, psicológica ou social. Não importa a lógica, o amor e a coesão entre o casal pouco exige racionalização para acontecer, simplesmente é licito para as pessoas envolvidas”, comenta Guilherme Fainberg, médico e psicoterapeuta. “Quando há a existência de um terceiro, a ressalva que faço é de como elucidar para alguns pais mais ‘zelosos’, não se tratar de doença, muito menos de algo contagiante”, completa Fainberg. De acordo com Fernanda Leitão, tabeliã do 15º Ofício de Notas do Rio de Janeiro, o embasamento legal desse tipo de escritura é, de forma exemplificativa, a aplicação do princípio da afetividade como novo pilar do direito de família. “A dificuldade em se lavrar uma escritura de união poliafetiva decorre justamente da divergência de posicionamento entre as diversas serventias extrajudiciais, ou seja, há, a meu ver, um caminho árduo e longo a ser percorrido até o pleno reconhecimento das uniões poliafetivas”, explica. Letícia Flohr, André Lodi, Ana Lodi: “Eu sempre quis ter filho. Quando me vi envolvida em um relacionamento com outra mulher, me incomodava o fato de não poder ter filho. Então passei a pesquisar sobre o assunto (inseminação de doador anônimo)”.

titular como dependente no plano, não importa se ele possui ou não o mesmo sexo do titular”, expõe Edevard José de Araújo, diretor de marketing e desenvolvimento da Unimed do Brasil. Ele afirma ainda que se for determinada a guarda de um menor pela Justiça, provisória ou definitiva, pouco importa com quem o beneficiário titular é casado. No caso de uniões poliafetivas, por uma questão cultural, os contratos de planos de saúde admitem a inclusão de um cônjuge/companheiro. “Inclusão de mais de um companheiro é efetivada pelas operadoras após determinação judicial. Assim, se o contrato de plano de saúde admite o companheiro como dependente do beneficiário titular, pouco importa se vivem na mesma casa ou não.” A Bradesco Saúde segue a regulamentação de saúde suplementar que permite que o companheiro, pessoa do sexo oposto ou do mesmo sexo, seja beneficiário do titular de plano privado de assistência à saúde. A seguradora esclareceu que é elegível apenas um cônjuge para cada titular, não importando se o casal vive em casa separada ou não.

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INDÚSTRIA

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As mudanças impactam o negócio e é preciso estar sempre alinhado com os novos comportamentos. “Praticidade é uma palavra que ouvimos muito e a Friboi tem um portfólio de produtos para variados paladares. Além disso, temos produtos industrializados como a Todo Dia, a única do mercado à base de carnes bovinas prontas para consumo. Em porções que servem até duas pessoas, são perfeitas para os novos formatos de


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famílias”, conta Mariana Morais, gerente de marketing da divisão de carnes da JBS. “Estamos atentos às mudanças de comportamento de nossos consumidores, por isso procuramos inovar tanto nos processos internos quanto externos. Um exemplo disso é a Skol Ultra, pensada para atender o consumidor que está em constante movimento, buscando equilíbrio em uma vida ativa, sem abrir mão do prazer de beber cerveja. É a primeira cerveja do mercado brasileiro puro malte com menos calorias e carboidratos”, comenta Oscar Sala Neto, diretor de trade da Ambev.

UMA COISA É SERVIR. OUTRA É CONTRATAR “Essas mudanças inevitavelmente alcançam as empresas, que precisam se preparar para se adequar às novas legislações. É importante que os profissionais de recursos humanos auxiliem em alinhar as políticas e cultura internas, assim como a ter o olhar sobre seus colaboradores para ajudá-los a criar um ambiente de trabalho baseado em respeito mútuo”, enfatiza Heloísa Capelas. Desde a sua fundação, a Atento tem como princípio a difusão e valorização da diversidade, da contratação de funcionários até a implantação de projetos de conscientização e inclusão. “Somos uma das 25 empresas signatárias dos direitos LGTB em todo o Brasil, possibilitamos a inclusão de companheiros estáveis do mesmo sexo nos benefícios de saúde da empresa, adotamos o nome social no crachá e o uso do banheiro que for conveniente à orientação sexual do funcionário”, conta

Majo Martinez Campos, diretoraexecutiva de recursos humanos. Já a Contax tem um código de ética interno que incorpora princípios pautados no respeito, na ética e na transparência. Segundo Andrei Passig, diretor de recursos humanos da empresa, o documento é apresentado ao colaborador no momento de sua admissão. “O nosso Código de Ética pauta a conduta dos colaboradores no dia a dia de trabalho e essa atitude reflete diretamente no atendimento ao cliente final. Fizemos um treinamento extenso direcionado a todos os colaboradores após a revisão do código, com formato didático e 100% on-line.”

NA VIDA REAL DOIS PAIS Rogerio Koscheck tem 52 anos, é casado com Weykman Padinho e os dois adotaram quatro irmãos, três meninas – de 11, dois anos e oito meses e três meses – e um menino de um ano e meio. “Temos nossas vidas e as pessoas não têm obrigação de aceitar, mas exigimos respeito. Desde o início, nós sempre imaginamos nossa família maior e nunca tivemos qualquer outra opção senão a adoção”, conta Koscheck, presidente da Associação Brasileira de Famílias Homoafetivas. Em 2013 eles decidiram iniciar o processo de adoção de um casal de irmãos de até sete anos. Mas, um ano depois, conheceram o Busca Ativa, um grupo de psicólogos e assistentes sociais que procura famílias para adoção de crianças fora do perfil. “Um mês depois, recebemos a informação de que tinham quatro crianças em um abrigo no Rio de Janeiro. Em 2014, fomos a uma visitação pública conhecer a história das crianças. Iniciamos o estágio de convivência e o processo terminou agora, no dia 25 de fevereiro, com a finalização da adoção com certidão e a escolha dos nomes.”

DUAS MÃES Ana Lodi é mãe. Sua mulher também. Ela é a primeira brasileira a fazer inseminação com sêmen de

doador anônimo. “Eu sempre quis ter filho. Quando me vi envolvida em um relacionamento com outra mulher, me incomodava o fato de não poder ter filho. Então passei a pesquisar sobre o assunto”, conta ela. “Como eu já estava há anos pesquisando sobre o assunto, eu sabia que fora do país eu conseguiria mais doadores e informação sobre eles.” Foi um processo de dez anos do momento em que ela começou a pensar até se sentir pronta. “Foram vários estágios de decisão até chegar ao que eu queria: um casal, uma criança, mas não uma terceira pessoa envolvida. Por isso optei por um doador anônimo”, explica Ana Lodi. Hoje ela é casada com outra mulher. “Tenho dois filhos, um menino de 14 anos, meu biológico, e uma menina de dez, filha biológica da minha ex-mulher.”

MÃE TRANSGÊNERA. PAI HOMOSSEXUAL Alexya Salvador tem 35 anos, mas até os 31 não tinha esse nome. “Aos 23 anos eu me assumi como homossexual para os meus pais. Hoje eu sei que nunca fui homossexual, mas não tinha instrução, conhecimento, não sabia direito o que acontecia comigo”, conta. Em 2009, ela conheceu Roberto e seis meses depois foram morar juntos, como um casal homossexual. Mas, dois anos depois, ela passou a sinalizar que não era gay. “Chegou um momento em que não pude mais lutar contra a minha natureza”. Depois disso, ela passou pela transição de homem para transgênero. “Há um ano fomos visitar um abrigo, já no projeto de ter filhos, e conhecemos o Gabriel, que tinha nove anos, um menino especial. Em outubro do ano passado, a juíza nos concedeu a guarda para fins de adoção”, detalha Alexya Salvador sobre o período de adoção. Hoje, o casal vai para o sétimo ano juntos, casados na igreja ICM, uma comunidade inclusiva na qual Alexya é pastora e será ordenada como a primeira reverenda transgênera da América Latina.

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o que podemos aprender com eles? COMO UM PAÍS CASTIGADO POR GUERRAS E ABUSOS ECONÔMICOS, COM UM SISTEMA DE GOVERNO COMUNISTA, AINDA ASSIM TEM MUITO A ENSINAR AO BRASIL POR ROBERTO MEIR

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O ano de 2015 foi uma espécie de período sabático para mim. Acredito que, para estar à frente do nosso tempo, a Consumidor Moderno precisa estar antenada com o que é tendência sempre. Assim, durante o ano passado, realizei algumas viagens a fim de estudar e conhecer outras culturas e, principalmente, entender o comportamento do consumidor moderno, especialmente os millennials. Essa observação global é fundamental para compreender o mundo de hoje e pode oferecer uma análise melhor do que nos espera no futuro. Uma das viagens que eu destaco, por ter sido tão incrível, foi para o Vietnã. A cultura europeia e a norte-americana já fazem parte do nosso cotidiano. De certa forma, nossos comportamentos acabam sendo similares, embora ainda tenhamos muito a aprender com eles (e não reconhecer isso seria uma estupidez sem tamanho). Mas, desta vez, eu realmente quis compreender como funciona um país emergente. E o que me surpreendeu foi que até mesmo um país pobre e sofrido como o Vietnã também tem muito a nos ensinar.

A HISTÓRIA

O país ganhou notoriedade quando derrotou os Estados Unidos na Guerra do Vietnã. O conflito teve cobertura intensa da imprensa, o que ajudou a chocar o mundo inteiro. Quem não se comoveu com a foto de Kim Phuc, a menina que fugiu nua de um vilarejo vietnamita com partes do corpo cobertas por Napalm? Apesar de ser o mais famoso, esse não foi o único conflito que envolveu o país. Na verdade, desde a sua existência, o Vietnã vem sendo colonizado pelas mais diferentes culturas. A começar pela China. O domínio durou muitos anos e, mesmo já independente, o Vietnã continuou sendo um estado tributário da China. Na segunda metade do século 19, o país foi colonizado pela França, até a Segunda Guerra Mundial, quando foi invadido pelo Japão. Liderados por Ho Chi Minh (importante líder revolucionário), os vietnamitas conquistaram sua independência, apesar de tropas francesas ainda tentarem recolonizar a região. O país foi, então, dividido em Vietnã do Norte, que era socialista e governado por Ho Chin Minh, e Vietnã do Sul, capitalista e governado por Ngo Dinh-Diem (que implantou uma ditadura). Essa divisão culminou na Guerra do Vietnã, da qual, apesar de vitorioso, o país saiu castigado. Os conflitos só se encerraram definitivamente em 1975. Ho Chi Minh, hoje, é um verdadeiro ídolo, chamado de Uncle Ho (tio Ho). A análise desse contexto histórico é extremamente importante. Durante quase toda a sua história, o Vietnã foi coloniza-

do, viveu uma ditadura e uma guerra – desculpas comumente usadas por países que, como o Brasil, têm dificuldades de lidar com seus problemas. Ainda assim, o Vietnã vive hoje um crescimento acelerado. E isso eu pude ver de perto.

A VIAGEM Já na viagem dá para notar a diferença de tratamento (e preço) em relação ao que vemos no Brasil. Pesquisei em agências de turismo o que eles consideravam um bom roteiro. Por 20 dias de viagem, recebi orçamentos absurdos. Quase como ter que escolher entre um carro 0 km de primeira linha ou viajar. Assim, agi como um bom consumidor MoMo (Moderno e Móvel): agendei hotéis e passagens diretamente pelos sites dos próprios estabelecimentos ou ainda em sites de busca e dicas de viagem, como o TripAdvisor. Afinal, o consumidor moderno quer ser bem atendido e quer conforto, mas sem pagar valores exorbitantes para tanto. Posso dizer que o custo final da viagem ficou mais barato do que em lugares como Paris ou Nova York, mesmo ficando em hotéis muito bons. Uma característica vietnamita muito importante é o esforço pelo bem-estar dos turistas. Mesmo quem tem um inglês mais fraco, tenta se comunicar com os viajantes, agradá-los. Por onde eu passei, fui bem recebido e obtive um bom atendimento.

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ESPECIAL VIAGEM

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V I E T N Ã

Ainda sobre a viagem, em si, vale observar que os voos por dentro do país são simples, praticamente sem serviço de bordo. E ninguém pareceu chocado ou com vontade de reclamar disso. Vale destacar que, para um país que não sediou nenhum evento importante, como Copa ou Olimpíada, o Vietnã conta com uma infraestrutura impecável e seus aeroportos não perdem para os de países mais ricos. Os funcionários seguem o que só posso classificar como tradição local: oferecem um atendimento cordial e eficiente.

A SEGURANÇA Minha primeira parada foi na capital vietnamita, Hanói. Ao chegar a um país de cultura tão diferente, sem falar a língua nativa, é natural sentir alguma insegurança. De modo que achei prudente perguntar no hotel se era seguro sair com meu smartphone e a carteira. A concierge não entendeu. Ela achou que eu precisava de ajuda para sair. Tentei simplificar. Perguntei se era seguro tirar fotos com o meu iPhone. Ela perguntou se eu precisava de ajuda para mexer no aparelho. Andando pelas ruas, não é difícil entender por que ela teve tanta dificuldade em compreender a minha insegurança. Um povo de cultura pacífica e pronto a ajudar de fato não entende a preocupação com a violência. Basta olhar para os lados para ver que simplesmente não há policiamento. Assim, me soltei por todas as regiões do país. Como a ideia da viagem era observar a cultura local, além de conhecer suas tradições e culturas, aproveitei para me perder em ruas e becos, nos quatro cantos do país. Em absolutamente nenhum deles eu me senti inseguro. E posso dizer: como turista, poder andar sem esse medo, é libertador. Isso me faz perguntar: por que somos obrigados a conviver com tanta insegurança quando andamos pelo Brasil? Em qual região um turista pode andar por todos os bairros de uma cidade sem se preocupar não com objetos, mas com a própria vida? Por que temos que nos sujeitar

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a tanta passividade e omissão dos nossos governantes? Depois não entendem porque o povo está tão descontente com a classe política.

A RELIGIÃO Essa cultura pacífica e respeitosa também é sentida na religiosidade das pessoas. Há templos budistas por todos os lados e muitos pedaços do país exalam o cheiro dos incensos, tão populares. Apesar de o país ser comunista – o que fez com que, por algum tempo, os cultos fossem proibidos –, o budismo ainda predomina e os moradores conseguem realizar seus cultos.

O TRÂNSITO Esse tema merece uma análise a parte. Com poucos semáforos e nenhum respeito pelas faixas de pedestres, atravessar uma rua no Vietnã é uma odisseia radical. Em teoria, o trânsito é um verdadeiro caos. Mas simplesmente funciona! Não se vê um acidente e a acessibilidade é grande. Enquanto isso, por aqui somos cada vez mais fiscalizados e, ainda assim, o trânsito só piora. Nossos governos sempre fizeram de tudo para que nós andássemos de carro. Lá, o incentivo foi para motos. Há cidades com mais motos do que gente. De porcos a pneus, passando por famílias inteiras e janelas de vidro, tudo é transportado em cima de duas rodas. O famoso tuk tuk é o meio mais barato e um dos mais eficientes que já vi. Gera emprego, renda e contribui para o fluir do tráfego. Por algo em torno de US$ 2 dá para fazer percursos variados. Neste momento, posso apontar a única dificuldade que tive: comunicação com os taxistas. Muitos não falam inglês. No entanto, os colaboradores do hotel estavam prevenidos: eles te dão cartões com frases escritas na língua nativa. Assim, é possível se comunicar. Ou seja, na presença de um problema, eles foram proativos e apresentaram uma solução.

O TRABALHO A vontade de agradar do vietnamita também se reflete na vontade de trabalhar. Por lá, tudo funciona. Famílias inteiras trabalham juntas e ninguém sofre com isso. É nítida a vontade de crescer por conta própria, de botar a mão na massa e fazer acontecer. O povo unido, querendo fazer benfeito, foi algo muito bonito de ver. Por aqui, a gente se sente ameaçado a todo instante. As pessoas adoram pedir – e te insultam quando você não dá. Somos agredidos pelo fato de não dar nada, como se fossemos obrigados a. Lá no Vietnã, ninguém me obrigava a comprar. Mas ofereciam de maneira educada. Os turistas acabam comprando além da necessidade, pela energia positiva de ver famílias, inclusive os filhos, trabalhando juntas. Os jovens não ficam nas ruas, perdidos. É comovente essa união familiar, formando os comerciantes do futuro.


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Foto: Shutterstock / Tony Duy

Fotos: Arquivo pessoal

por ruas e becos do país não há sentimento de insegurança


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Fotos: Arquivo pessoal

Foto: Shutterstock / hanohiki

V I E T N Ã

De porcos a pneus, passando por famílias inteiras e janelas de vidro, tudo é transportado em cima de duas rodas


117 ranking do pisa

A EDUCAÇÃO

MATEMÁTICA POSIÇÃO

PAÍS

PONTOS

Vietnã

511

36º

EUA

481

58º

Brasil

391

PAÍS

PONTOS

19º

Vietnã

508

24º

EUA

481

55º

Brasil

391

PAÍS

PONTOS

Vietnã

528

28º

EUA

497

59º

Brasil

405

17º

LEITURA POSIÇÃO

CIÊNCIAS POSIÇÃO

Fonte: OCDE

VIETNÃ: Extensão territorial: 331.689 km². Localização: Ásia. Capital: Hanói. Idioma: Vietnamita. População: 90,6 milhões (2014) PIB – US$ 186,20 bi (2014) PIB per capita – US$ 2.053 (2014)

Dados: World Economic Forum

Essa força de vontade também é vista na educação. A questão da língua ainda é uma dificuldade. Mas certamente já está sendo sanada. É nítida a tentativa de se falar inglês nas ruas, o que é bom para o turismo e, principalmente, para os negócios. E nos traz a outra questão bastante valorizada por lá: a educação. Existe uma iniciativa de avaliação comparada, aplicada de três em três anos a estudantes de 15 anos, o Programme for International Student Assessment (ou Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - Pisa). O programa é desenvolvido e coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Trata-se, portanto, de uma grande avaliação internacional em três áreas-chave: ciências, matemática e leitura. O Vietnã participou do exame pela primeira vez em 2012, junto com outros 64 países. E alcançou índices impressionantes: a média de performance de leitura para os alunos foi de 508 pontos, contra 496 na média dos países membros da OCDE. Em matemática, a nota foi de 511 contra 494 e, em ciências, o score foi de 528 contra 501. O país ficou na frente, inclusive, dos EUA. Para se ter uma ideia, a performance brasileira ficou aquém da média da OCDE nas três áreas. Em leitura, tivemos 410 pontos. Em ciências, foram 405. E em matemática, amargamos meros 391 pontos. Cá para nós, não duvido que eles se tornem um país bilíngue muito antes do que o Brasil.

A ECONOMIA Os bons resultados se justificam, principalmente, graças a ações do governo. Não se trata só de quanto é investido, mas como. O Brasil investe muito em educação – é apontado pela OCDE como um dos países que mais investem. A porcentagem de investimento, aliás, chega a ser próxima do Vietnã. No entanto, como os resultados comprovam, estamos fazendo algo de errado por aqui. Além disso, enquanto vemos nosso PIB desabar, por lá ele cresce exponencialmente. O Vietnã conta com um modelo de política econômica similar ao da China, adotado pelo governo desde a década de 1990. Assim, passou a atrair capitais estrangeiros, inclusive dos EUA. E vem registrando o maior crescimento dos países do Tigre Asiático. Para se ter uma ideia, de 2000 a 2015 a média de crescimento do PIB vietnamita foi de 6,15%. Já o Brasil, entre 1996 a 2015 – ou seja, considerando os anos de crescimento econômico de antes da crise atual –, o PIB cresceu pífios 0,63%. O Vietnã, que possuía uma economia baseada no setor agrícola – muita coisa por lá ainda gira em torno do arroz, inclusive a alimentação diária deles – vem expandindo o setor industrial. Assim, só posso concluir que, de fato, temos muito a aprender com os Vienamitas. Em todas as áreas, da educação formal à economia, passando principalmente pela vontade de fazer acontecer. Com tudo o que vem acontecendo por aqui, os governantes deveriam ficar mais espertos. Está nítido o descontentamento dos brasileiros não só com a situação econômica do país, mas com a falta de caráter generalizada que estamos vivendo. Era um bom momento para começarmos, de fato, a aprender com todos que têm algo a nos ensinar, inclusive países bem menos desenvolvidos.

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ED M E SP TR AE QS UA ES WN EO BT Á V E I S

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ELAS SÃO POR GISELE DONATO E MELISSA LULIO

“Hoje, o consumidor moderno quer se relacionar com a empresa que tem o melhor produto, o melhor serviço, o melhor atendimento, que tenha excelência, consumo consciente e inovação. E quer tudo isso pelo menor preço. As empresas aqui presentes estão realmente mostrando uma linha diferente do mercado e é exatamente isso que o estudo Notáveis mostra”, enfatiza Roberto Meir, publisher da revista Consumidor Moderno e presidente do Grupo Padrão. CONSUMIDORMODERNO.COM.BR

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NOTÁVEIS 1. COSMÉTICOS E HIGIENE PESSOAL GRUPO BOTICÁRIO JULIANA FAVA, DIRETORA DE MARKETING DA MARCA QUEM DISSE, BERENICE?

Apoiado em três dimensões de análise – Branding, Investimentos e Valor -, o estudo inédito e exclusivo Empresas Notáveis apresenta uma abordagem sobre a avaliação da performance das empresas de diversos setores da economia e identifica quais delas foram notáveis em seu desempenho em 2015. “Assim como na vida de cada um, nas empresas existem questões de interesses conflitantes. Você tem de decidir entre gerar dividendos para os acionistas, investir no consumidor, investir em uma campanha publicitária para gerar respeito do consumidor, ou seja, enfrentar questões inerentes para o negócio. Essa é a provocação com a qual o estudo quer contribuir”, ressalta Aline Tobal, gerente do Centro de Inteligência Padrão (CIP). Ao longo do ano, são realizados diversos estudos na Consumidor Moderno, em parceria com renomados institutos de pesquisa. A partir deles, é feita uma avaliação que considera todas as dimensões. Assim, é identificada a forma como empresas estão performando e como estão conseguindo equilibrar a entrega para todos os stakeholders. Confira a seguir as vencedoras:

“Trabalhamos muito duro para conseguir trazer sempre novidades para nosso consumidor e isso é um reconhecimento muito importante do nosso trabalho. Em nome do grupo, é um prazer receber o prêmio, é um estímulo para continuarmos fazendo cada vez mais.”

3. AUTOMÓVEIS / VOLKSWAGEN MARKUS SCHMITT, DIRETOR DE PÓS-VENDA

“Detectar os processos que atendam o cliente, tentar ser menos burocrático e, enquanto precisar, aplicar o bom senso são atitudes que fazem a diferença. Nosso atendimento ao cliente tem e se dedicar a esse tipo de filosofia, que tem de ser pensada pelo time inteiro e ser transmitida pelos colaboradores da rede de concessionárias, porque estes são a cara da marca para o cliente.”

4. AUTOMÓVEIS DE LUXO / MERCEDES-BENZ LUIZ CARLOS MORAES, DIRETOR DE COMUNICAÇÃO

“Sobre a liderança de nosso presidente Phillipp Schiemer, nós temos procurado preparar a organização para atender o cliente. No final do dia ele é nosso principal ator e temos de pensar nele sempre. Tem um mote que diz: As Estradas Falam, a Mercedes Ouve. Isso é um sinal de que toda a organização, não só o pessoal que está no front office, está preocupado com o cliente.” MARÇO2016 MARÇO2016

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DESTAQUE WEB

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apostado muito também na questão do atendimento e não só na característica de preço.”

5. BANCOS / BRADESCO EZÍDIO ROBERTO MARAN, SUPERINTENDENTE-EXECUTIVO

“O cliente é a razão da nossa existência. Haja vista que o banco criou o Alô Bradesco, em 1985, antes do Código de Defesa do Consumidor. Então, para nós a manifestação do cliente tem um papel fundamental e procuramos atuar sempre em prol do cliente, resolvendo as demandas, deixando ele satisfeito, consequentemente, fazendo com que seja fiel ao banco e eleve a nossa marca. Foco total no cliente.”

7. CONVERGÊNCIA FIXA / TELEFÔNICA VIVO FERNANDO YUHASZ, GERENTE DE DIVISÃO

“O foco no cliente é o principal motivo para esse reconhecimento. Todas as decisões que tomamos tem sempre o cliente como foco. Ser sempre uma empresa orientada ao cliente é fundamental.”

6. COMPANHIAS AÉREAS / GOL

8. CONVERGÊNCIA MÓVEL / CLARO

ROGÉRIO DE CASTRO PEREIRA NUNES,

CELSO TONET, DIRETOR DE ATENDIMENTO

DIRETOR DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

“Temos trabalhado muito o pilar de servir dentro da organização. A empresa era muito conhecida apenas pela questão de preço e essa mudança leva um tempo. Hoje, apostamos muito na questão do time que ela tem hoje, capacitando e desenvolvendo as pessoas para que possamos realmente mostrar aos clientes que a empresa tem

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“Faz parte do nosso dia a dia, das nossas diretrizes a busca constante pela excelência na prestação de serviços. E para isso temos investido em novas soluções, novas formas de se relacionar com nosso cliente. Temos trabalhado para estarmos presentes no dia a dia dos nossos clientes de uma forma cada vez mais marcante, mais significativa.”

9. ELETRODOMÉSTICOS / WHIRLPOOL GUILHERME SOARES, DIRETOR DE QUALIDADE CORPORATIVA E ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR

“As dimensões do prêmio mostram uma consistência em todos os aspectos. Isso faz com que a experiência, o uso e a identificação do consumidor com a marca sejam as melhores possíveis.” 10. INTERNET / UOL ADRIANO AUGUSTO MONIZ, DIRETOR DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

“O Uol tem diversidade de plataformas e soluções de internet que permitem aos consumidores escolherem as melhores soluções. Então, acho que essa diversidade de soluções permite ao Uol estar junto dos consumidores e prover soluções que vão ajudar no dia a dia das empresas e das pessoas.” 11. SEGUROS, SAÚDE E PREVIDÊNCIA E CAPITALIZAÇÃO / PORTO SEGURO RONALDO CELESTINO, GERENTE DE MARKETING

“Acredito que o foco da empresa em criar, desenvolver produtos, benefícios e serviços que acabam faz a diferença,


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trazendo mais valor para o cliente na medida em que conseguimos facilitar a sua vida e trazer mais tranquilidade ao seu dia a dia.” 12. TV DIGITAL / SKY

éticos. Por isso, é um casamento perfeito, a gente ano a ano revê nossos pilares e refaz todo o plano estratégico tendo como foco a experiência do consumidor, a prestação de serviço, a inovação, a reputação. Então, bate muito com o estudo.”

RAPHAEL DUAILIBI, VICE-PRESIDENTE DE CLIENTES

“Acredito que o trabalho da Sky é procurar garantir a sustentabilidade do negócio, garantir o atendimento ao cliente da melhor maneira possível, garantir o branding, os investimentos e exatamente o que o estudo verifica. Então, é uma satisfação poder ver esse resultado, porque é um trabalho bem árduo em todas as frentes.” 13. VAREJO E-COMMERCE / NETSHOES GRACIELA TANAKA, COO

“O prêmio Empresas Notáveis sintetiza todos os estudos e dimensões que coincidem justamente com nossos pilares

14. VAREJO ELETROELETRÔNICOS / MAGAZINE LUIZA NICOLAU CAMARGO, GERENTE DE ATENDIMENTO

“É um equilíbrio no investimento da companhia, pensando incialmente no seu consumidor, no seu funcionário e nos investidores. A gente tem um driver de ser uma empresa digital, inovadora, mas com calor humano, sempre pensando nesse relacionamento com o consumidor, acho que isso tem nos impulsionado a conseguir entregar os resultados que sejam bons pra sociedade como um todo.”

14. VAREJO SUPER E HIPERMERCADOS / CARREFOUR SILVANA BALBO, DIRETOR DE MARKETING DO CARREFOUR BRASIL

“O prêmio desempenha um papel de termômetro sobre a reputação de marcas perante seus respectivos públicos. Ser reconhecido na categoria Varejo comprova que o Carrefour tem se destacado nos critérios avaliados pelo estudo. Além disso, o reconhecimento demonstra que a companhia está no caminho certo, dentro do esperado pelo consumidor”. 15. VAREJO VESTUÁRIO E LOJAS DE DEPARTAMENTO / RENNER ALFEU CAMARGO DE OLIVEIRA FILHO, GERENTE REGIONAL DAS LOJAS RENNER

“Com certeza temos um time de alta performance que acredita muito na cultura, nos valores da companhia e faz com que todos sejam engajados para atender nosso cliente final com uma moda bastante atual e como dizemos: você tem seu estilo, a Renner tem todos.”

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4. BANCOS / BRADESCO EZÍDIO ROBERTO MARAN,

5. COMPANHIAS AÉREAS / GOL

SUPERINTENDENTE-EXECUTIVO

ROGÉRIO DE CASTRO PEREIRA NUNES, DIRETOR DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

6. CONVERGÊNCIA FIXA / TELEFÔNICA VIVO FERNANDO YUHASZ, GERENTE DE DIVISÃO

7. CONVERGÊNCIA MÓVEL / CLARO CELSO TONET, DIRETOR DE ATENDIMENTO

8. ELETRODOMÉSTICOS / WHIRLPOOL GUILHERME SOARES, DIRETOR DE QUALIDADE

9. INTERNET / UOL

CORPORATIVA E ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR

ADRIANO AUGUSTO MONIZ, DIRETOR DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

10. SEGUROS, SAÚDE E PREVIDÊNCIA E CAPITALIZAÇÃO / PORTO SEGURO RONALDO CELESTINO, GERENTE DE MARKETING

11. TV DIGITAL / SKY

12. VAREJO E-COMMERCE / NETSHOES

RAPHAEL DUAILIBI,

GRACIELA TANAKA, COO

VICE-PRESIDENTE DE CLIENTES

14. VAREJO SUPER E HIPER MERCADOS / CARREFOUR 13. VAREJO ELETROELETRÔNICOS /

SILVANA BALBO, DIRETOR DE MARKETING DO

MAGAZINE LUIZA

CARREFOUR BRASIL

NICOLAU CAMARGO, GERENTE DE ATENDIMENTO

15. VAREJO VESTUÁRIO E LOJAS DE DEPARTAMENTO / RENNER ALFEU CAMARGO DE OLIVEIRA FILHO, GERENTE REGIONAL DAS LOJAS RENNER

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BANCA

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ELES indicam

RICHARD CAMERON country manager da Nvidia “A obra ‘Autobiografia de Iogue’, do guru indiano Paramahansa Yogananda, que se mudou para os EUA nos anos 1920. É um livro de espiritualidade e um dos preferidos do Steve Jobs, que, a propósito, ordenou a entrega da obra a todas as pessoas que foram ao seu funeral.” JOSÉ EVANGELISTA TERRABUIO JR chief innovation officer, da Beenoculus “A biografia Steve Jobs, de Walter Isaacson, é uma belíssima aula sobre a história da tecnologia. Mais do que isso, ela narra a história do homem que influenciou decisivamente a indústria dos computadores, do cinema, da música e até mesmo o varejo. Um ser humano brilhante!”

Do Telégrafo à Internet A trajetória de Dary Bonomi Avanzi Autor: Marcos Barrero, 144 páginas, Editora L2M/SP, R$ 49,90

Para quem está acostumado à rapidez do WhatsApp, é difícil imaginar a vida antes dele. Apenas um brasileiro, hoje com 73 anos de idade, teve a chance de operar desde o telégrafo até à internet: Dary Bonomi Avanzi. Sua história se mistura à da própria comunicação no Brasil. Ele iniciou sua carreira em 1956, na extinta Estrada de Ferro Sorocabana. Desde então, sempre exerceu atividades voltadas para a área de telecomunicações. Na era digital, acompanhou todas as pesquisas para o funcionamento do sistema de fax, telex por micro-ondas, transmissões por reflexão lunar (usando a lua como antena), comunicação via satélite e monitoramento de várias naves espaciais.

PEDRO DE SANTI líder da área de humanidades da ESPM “Saiu em dezembro um livro chamado ‘Como Curar um Fanático’, do Amos Oz. Excelente para tratar sobre uma época de muitos radicalismos e como convivemos com identidades radicais. Vale para um público acadêmico e também para o público em geral.”

INVESTIMENTOS COM APENAS UM TOQUE Imagine um aplicativo que permite a realização de investimentos em Tesouro Direto e títulos privados em poucos cliques. Essa é a proposta do app da Easynvest. Basta o usuário realizar o cadastramento na instituição, transferir recursos do seu banco para a conta recém-criada e investir nas opções disponíveis, sete dias por semana, 24 horas por dia.

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DIÁRIO DE UM EMPREENDEDOR A partir de sua experiência, o autor aborda questões como decisões corretas, erradas e suas consequências, dificuldades e superações, erros e acertos e quais comportamentos atrapalharam sua trajetória empreendedora.

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ABILIO, A TRAJETÓRIA DE ABILIO DINIZ, O EMPRESÁRIO BRASILEIRO MAIS IMPORTANTE DO VAREJO GLOBAL A jornalista Cristiane Correa mostra a inspiradora história de determinação e superação do mais importante empresário do varejo brasileiro, que transformou a pequena doceria fundada por seu pai no gigante Pão de Açúcar.

Autora: Cristiane Correa, 272 páginas, Editora Primeira Pessoa, R$ 39,90

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QUANDO OS FATOS MUDAM Editado pela viúva do autor, a historiadora Jennifer Homans, reúne ensaios de modo a compor uma crônica tanto da evolução de seu pensamento como da notável coerência de seu intenso engajamento e entusiasmo intelectual.

Autor: Tony Judt, 448 páginas, Editora Objetiva, R$ 47,90

MEDO DE FALAR EM PÚBLICO? Falar em público pode ser aterrorizante para algumas pessoas. No entanto, o Google Cardboard, óculos de realidade virtual de baixo custo, ganhou um app que pode ajudar. Pelo Public Speaking for Cardboar, os usuários podem praticar um discurso com uma plateia virtual, que se move e reage na frente do usuário. O programa permite modificar o tamanho da sala (de 300 para 50 pessoas), ativar sons ambientes ou até incluir planilhas de apresentação. Quem não tem um Google Cardboard pode comprar um ou montar o seu próprio por meio desse site.

Preço: Gratuito Disponível para Android Mais informações: http://bit.ly/20AI4O5



D E S T A Q U E W HE UB M O R

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À SOLTA Já está em curso o Ano do Macaco no horóscopo chinês. Isso quer dizer o seguinte: tranquem as cristaleiras! LOVE IS ALL Entre um e outro ataque de selvageria na campanha presidencial americana, Donald Trump já declarou publicamente amor aos latinos, “às pessoas com pouco estudo”, à China, aos evangélicos, às mulheres, aos Beatles, aos mexicanos, aos muçulmanos e, se preciso for para conseguir o direito de disputar a Casa Branca pelo Partido Republicano, dirá sem nenhum constrangimento “I love Wesley Safadão”. ESSA NÃO! Aqui no Brasil, por mais que a oposição tente ligar uma coisa à outra, as chamadas pedaladas da Dilma não têm nada a ver com os pedalinhos do Lula.

TUTTY VASQUES Jornalista e humorista

TRIPLEX NUNCA MAIS! Carece ainda de atenção jornalística mais apurada o estrago colateral que certos escândalos políticos e econômicos provocam no Brasil em marcas registradas da história da riqueza do homem no País. Agora mesmo, após uma série de falcatruas glamorizadas no noticiário pelo papel coadjuvante de automóveis Porsche, os apartamentos triplex do Guarujá caíram em desgraça – não importa, pelo menos nesse particular, se o Lula tem ou não tem apartamento do gênero no balneário paulista. Quem tem já se sente estigmatizado pela desconfiança de algum negócio suspeito para a obtenção do imóvel. A desvalorização moral do triplex já teria, inclusive, rompido a barreira do Guarujá. Parece que no último fim de semana caiu pela metade o preço de uma unidade habitacional similar colocada à venda em dezembro na Praia de Boa Viagem, no Recife. Quem tem (ou teve) um Porsche Cayman sabe como é (ou foi) difícil se desfazer do carrão depois que a marca foi associada nos jornais ao ex-bilionário Eike Batista e a uma doleira presa pela Lava-Jato. É assim desde a era Collor, cujos estragos provocados nas vendas de uísque Logan, canetas Mont Blanc e gravatas Hermès – símbolos do bom gosto do ex-presidente – não foram até hoje dimensionados pela imprensa. Não há sonho de consumo realizado que incrimine ninguém, mas se você conhece algum proprietário de triplex com Porsche na garagem, Mont Blanc no bolso, Hermès no pescoço e Logan no bar de casa, desconfie, aí tem! SOTAQUE: O pessoal que escreve tríplex em vez de triplex deve ser o mesmo que chama clitóris de clítoris.

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TRÈS CHIC Numa época em que está cheio de bacana virando manchete da Lava-Jato, francamente, o Maluf deve estar todo prosa com a notícia de sua condenação pela Justiça francesa. O JAGGER PODE Comentário de Chico Buarque, numa roda de amigos, sobre a turnê do Rolling Stones: “Imagina se sou eu que vou fazer show de graça em Cuba?” RECIPROCIDADE Quando, enfim, os negros conquistarem cotas na premiação do Oscar, os louros talvez se deem conta de que devem ter os mesmos direitos no Grammy Latino. PODE? Da série “Era só o que faltava”: cientistas da Universidade Autônoma de Barcelona criaram em laboratório o buraco de minhoca magnético. À MÍNGUA Como se não bastasse a retração do PIB, o tamanho dos ovos também diminuiu. Vai dormir com uma Páscoa dessas!




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