Athos Bulc達o, o artista das artes modulares
Carina Vilar Queiroz Riara Patricia Alvez Tamires Lopes de Oliveira
Igrejinha Nossa Senhora de Fátima
Detalhe
Espaço interno de um hospital da rede sarah
Resumo Athos Bulcão foi um renomado pintor, escultor, arquiteto, desenhista e mosaicista brasileiro. Sua trajetória artística é especialmente consagrada ao público em geral. Não ao que freqüenta museus e galerias , mas ao que entra acidentalmente em contato com sua obra, quando passa para ir ao trabalho, à escola ou simplesmente passeia pela cidade, impregnada pela sua obra, que "realça" o concreto da arquitetura de Brasília. Athos Bulcão é o artista de Brasília! As obras que lá realizou foram feitas para o convívio com a população e carregam a consideração por esta cidade e seus habitantes. Palavras-chave: Athos Bulcão, moderno, talento, cotidiano, concreto.
Abstract Athos was a renowned painter, sculptor, architect, drawer and mosaicist Brazilian. His artistic career is especially devoted to the general public. Not to the ones who visits museums and galleries, but it accidentally comes in contact with his work, when passes to go to work, or to school or just strolling around town, steeped in his work, which "emphasizes" the concrete of the architecture of Brasilia. Athos is the artist of Brasilia! The works that were performed there for living together with people and carry the consideration for this city and its inhabitants. Key words: Athos Bulcão, modern, talent, everyday, concrete.
1. Introdução
Pintura no interior do Brasília Palace Hotel
Na cidade de Brasília tiveram vários personagens para concretizar o sonho de construir uma cidade moderna, uma idealização antiga, que Juscelino Kubitschek abraçou. Entre os personagens temos o artista plástico Athos Bulcão que veio do Rio de Janeiro, sua cidade de origem, e se instalou em Brasília, participando efetivamente de sua construção, através de suas obras, que se integram perfeitamente à arquitetura. O artista procurava sempre trazer harmonia em suas obras, através de cores e formas, transmitindo a partir destas, movimento e sensações.
2. Desenvolvimento do trabalho
Azulejos no Palácio do Itamaraty
Afresco no teto da capela
Nascido no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918, Athos passou sua infância em uma casa ampla em Teresópolis. Perdeu a mãe, Maria Antonieta da Fonseca Bulcão, de enfisema pulmonar antes dos cinco anos e foi criado com seu pai, Fortunato Bulcão.Enquanto crescia, passava muito tempo dentro de casa e, por ser muito tímido, misturava fantasia e realidade. De acordo com informações da Fundação Athos Bulcão, o artista plástico aos quatro anos, já ensaiava desenhos, porém só chegou às artes graças a uma série de oportunidades. Foi amigo de alguns dos mais importantes artistas brasileiros modernos, que acabaram sendo os maiores responsáveis por sua formação. Carlos Scliar, Jorge Amado, Pancetti, Enrico Bianco – que o apresentou a Burle Marx –, Milton Dacosta, Vinicius de Moraes, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Ceschiatti, Manuel Bandeira entre outros. Não acreditava em inspiração. Para ele, o que existe é o talento e muito trabalho. "Arte é cosa mentale", diz, citando Leonardo da Vinci.
"Athos não teve filhos. Athos teve, sim, uma única filha, e ele a chamou de Brasília. Brasília, por sua vez, teve milhares de filhos. Alguns paridos dela. Outros adotados. Outros ainda que se deixaram adotar. Pena que a maioria não tenha conhecido o insuperável Athos.” (ABREU, Marcelo)
Mercado das Flores Brasília
Parada de Serviços Parque da Cidade Brasília
Athos Bulcão chegou a cursar medicina, e nesta mesma época trabalhou no Ministério do Trabalho, onde haviam pessoas ligadas ao teatro,o que contribuiu para ele perceber que não tinha vocação para ser médico. Passou a dedicar-se às artes plásticas. Foi pintor, desenhista, escultor, decorador, mosaicista, desenhista e professor. Chegou em Brasília em 1957 e recebeu o convite de Niemeyer para participar do projeto da nova capital,onde aproveitou para aprimorar seu trabalho e integrá-lo à arquitetura. Trabalhou também com João Figueiras Lima (Lelé), sendo de sua autonomia os painéis dos hospitais da rede Sarah. Ficou conhecido pelos belos azulejos que colorem monumentos em Brasília, e por suas obras, que faz parte do cotidiano dos brasilienses. Uma das características das obras de Athos é transmitir sensações através das cores, formas geométricas, e luz e a busca por uma interação entre elas e o espectador. Algumas de suas obras utilizam-se do relevo para melhor explorar a incidência da luz, transmitindo não apenas efeitos visuais efeitos visuais, mas também efeitos táteis. E o jhfdsiuh um de seus murais, o da liberdade em Brasilia. “Athos Bulcão não confeita bolos de noiva com confeitos pseudo-modernos. Não é um dermatologista que recompõe a pele da construção. Nem coloca brincos e outros penduricalhos, nem empluma. Athos Bulcão não soma nem preenche vazio, ou cobre a nudez,
Escola Classe 407 Norte Brasília
simplesmente faz a sua parte, na completude do fenômeno arquitetônico.” (HERKENHOFF, Paulo)
Obra no muro do Hospital Sarah Kubitschek, na Asa Sul
Sua história revela sensibilidade, sendo suas obras condensadoras da sua multiplicidade. No início da década de 50, Athos realiza algumas fotomontagens, conseguindo a justa medida da montagem: proporções dos recortes, tons das fotografias, fontes de luz, relação lógica, fugindo da certeza da representação do real. Surpresa, crítica e humor compõem um novo tipo de fotografia, diferenciando-se da já conhecida. Na pintura agia com vontade de esculpir, criando mascaras tridimensionais que lhe permitiam libertar alegria, principalmente com as combinações de cores escolhidas pelo artista. Trabalhava o espaço de forma complexa, onde a cor não obedeceria a regras. Athos definia sempre a seu gosto a divisão do espaço, como por exemplo no jogo de triângulos e quadrados, ou, quadradros dentro de quadrados, dando impressão de queda no abismo. A cor de Athos Bulcão é um tom baixo, não havendo necessidade em gritar. A palidez inicial ganha encanto para quem tem uma percepção atenta. “O choque ótico inexistente desdobra-se em conhecimento do real. O silêncio de Athos Bulcão exige a acuidade do olhar.” (HERKENHOFF, Paulo)
Treliças do salão do Itamaraty
Os azulejos de Athos tem uma forte relação histórica, a escolha das duas cores principais (branco e azul) fazem referência ao Brasil Colônia, e a tradição de Portugal e da Holanda. Trata seus azulejos como módulos de uma composição. “O grande relevo aplicado sobre a fachada lateral do Teatro Nacional de Brasília, obra prima de Athos Bulcão, evoca o célebre “Primeiro lembrete aos senhores arquitetos”, de Le Corbusier, segundo o qual “a arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes reunidos sob a luz”. [...]faz,
Ambiente do Congresso Nacional
retinir o jogo rítmico dos cubos e paralelepípedos que cobrem de cima abaixo o plano inclinado que perfaz a parede lateral do teatro de Oscar Niemeyer, ensinando-nos como pode ser complexa a noção de espaço, que ela não se aplica exclusivamente a espaços interiores, e que qualquer intervenção – cor, textura, matéria ou volume – obtém alterálo”. (FARIAS, Agnaldo, 2001. p.35)
Segundo a Fundação Athos Bulcão, devido uma parada cardiorrespiratória no dia 31 de julho, aos 90 anos, em decorrência do Mal de Parkinson, no Hospital Sarah Kubitschek (em Brasília), o artista plástico Athos Bulcão veio a falecer. Relevos do Planalto Central
"Brasília está de luto. A morte de Athos Bulcão, um dos maiores artistas do Brasil e símbolo da integração entre arte e
arquitetura na paisagem urbana da capital, abalou a população do lugar que o acolheu naquele 15 de agosto de 1958. O mais brasiliense dos pioneiros, que escolheu a cidade como moradia desde que pisou aqui, deixa saudades no pedaço de utopia que ele viu nascer. Autoridades, amigos, Ampliação
familiares, gente comum. [...] colocou um toque de sutileza no concreto candango. O corpo se foi, mas a obra ficará nos traços, formas e cores dos painéis e intervenções espalhados por todo o Plano Piloto.” (CAMPOS, João) “Não existe, no período moderno, um artista que tenha dado
uma contribuição tão grande à arquitetura. O acervo de Athos transformou a cidade em um museu, onde as obras são tão bem integradas aos projetos arquitetônicos que é impossível separar um do outro.” (PARADA, Sérgio) Banheiro do Parque da cidade de Brasília
“Athos era uma pessoa simples, divertida e de um capital intelectual impressionante. Foi um grande mestre e dispensava os inúmeros títulos que lhe atribuíam. Escolheu Brasília para unir arquitetura e a arte, com uma obra sutil e forte ao mesmo tempo. Esse é um grande privilégio para a cidade.” (QUEIROZ, Cláudio)
3. Considerações finais
Athos Bulcão pode ser considerado o poeta das artes visuais, utilizase bem das cores e formas, um artista que mesmo após morrer continua sendo lembrado e referenciado, devido suas contribuições para a cidade de Brasília, cidade esta, considerada pela Unesco Patrimônio cultural da humanidade. A cidade de Brasília deve se orgulhar, pois devido ele existe arte espalhada por todos os lados, transmitindo harmonia com o espaço. Sendo assim, os brasilienses devem considerar as obras de Athos Bulcão patrimônio público e preservá-las. Assim como o governo deve fazer políticas de conscientização da população para participarem ativamente da preservação das obras de Athos e para que os que não conhecem sua importância passem a conhecê-la.
Referências Fundação Athos Bulcão Disponível em: http://www.fundathos.org.br/athosbulcao.php Data do acesso: 15 de Maio de 2010 ABREU, Marcelo, da equipe do correio Disponível em <http://www.correioweb.com.br/especiais/athos/mat7.htm> Data do acesso: 15 de Maio de 2010 QUEIROZ, Cláudio arquiteto, aluno de Athos e professor da Universidade de Brasília (UnB) Disponível em<http://www.correioweb.com.br/especiais/athos/mat6.htm> Data do acesso: 15 de Maio de 2010 PARADA, Sérgio, arquiteto e amigo de Athos Bulcão Disponível em <http://www.correioweb.com.br/especiais/athos/mat6.htm> Data do acesso: 15 de Maio de 2010 CAMPOS,João da equipe do Correio Disponível em <http://www.correioweb.com.br/especiais/athos/mat6.htm> Data do acesso: 15 de Maio de 2010 FARIAS, Agnaldo, 2001. p. 35 - Trecho do texto de Agnaldo Farias para o livro “Athos Bulcão” http://www.ocaixote.com.br/galeria1/athos.htm Data do acesso: 22 de Maio de 2010