T5 - Janeiro2016

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

PERGUNTA DO MÊS

O QUE ESPERA E DESEJA DE 2016? P4A7

DOIS CAFÉS E A CONTA

RICARDO FERNANDES O HOMEM QUE DÁ ALMA ÀS MARCAS P 10

PAULO COELHO LIMA Administrador da Lameirinho

FOTO: RUI APOLINÁRIO

"FAZEMOS ACONTECER O QUE PROMETEMOS" P 16 A 18

FOTOSINTESE

FEIRAS

FF FACTORY: O MELHOR DA ITV MOSTRADO NA TV

NA HEIMTÊXTIL EM BUSCA DA FELICIDADE

P 12 E 13

EMERGENTE

SANDRA VENTURA QUERIA SER UMA CIENTISTA MALUCA P 25

P 22 E 23



Janeiro 2016

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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

António Cunha 46 Anos O Sales Manager da Orfama cresceu no meio das flores que os pais cultivavam em Barcelos, sempre fascinado pelas cores, o marketing e a moda. Cantou as janeiras para financiar as visitas de estudo que lhe permitiram percorrer a Europa toda enquanto cursava Engenharia Têxtil na Lusíada. Está sempre a conjugar o verbo ir. O Bangladesh, onde a Orfama tem uma fábrica, é um dos seus destinos mais frequentes

LAR, DOCE LAR 1. Aqui está o primeiro T de 2016 ! Bom ano para todos. Mas não será estranho que os meus votos sejam especialmente dirigidos para toda a comunidade do Têxtil, Vestuário e Moda. A única razão de ser desta publicação. Neste T 5 , os têxteis-lar mereceram uma atenção especial porque em Guimarães e também quem pertence a esta comunidade, sabe muito bem que janeiro... é mês de Heimtextil. 2. Ao longo dos anos , a presença das empresas portuguesas de têxteis-lar em Frankfurt, tem ajudado a explicar ao mundo que uma coisa são as sucessivas crises políticas e económicas que Portugal tem atravessado, outra coisa é a pujança dos têxteis-lar nacionais. Numa prova até pouco habitual desse reconhecimento internacional em Portugal, nas últimas edições os portugueses da Heimtextil têm recebido a visita e apoio das mais altas individualidades políticas nacionais. Depois de uma edição em que marcaram presença o primeiro ministro José Sócrates, acompanhado de dois dos seus ministros, no ano passado foi a vez do ministro Pires de Lima e em 2016, acompanhado do secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, também estará junto dos portugueses da Heimtextil o atual ministro da Economia, Caldeira Cabral. Um dos meus votos para o Ano Novo é que esta atenção e consideração por aquela que é consistentemente um dos motores da força exportadora nacional, se estenda dos têxteis-lar a toda a fileira e de Janeiro a todo o ano de 2016. Como é que foi o Réveillon no Bangladesh? É sempre festejado com a mesma alegria e o mesmo entusiasmo que na cultura europeia. O champanhe francês tem um sabor especial em Dhaka... afinal o fruto proibido é sempre o mais apetecido... Braga é a terceira cidade de Portugal ou a capital da ITV? Depende do ponto de vista. Capital da ITV é com certeza, e para os "Guerreiros do Minho" é a primeira de Portugal! O fullyfashion é o segredo mais bem guardado da Orfama? Sem dúvida... os outros também são segredo... Com a desvalorização do euro face ao dólar, aumentaram as viagens do meu amigo para os EUA? Para os EUA, Europa, América Latina, Ásia... todo o mundo! Se Maomé não vai à montanha, vai a montanha a Maomé... Onde é que se sente mais seguro nos negócios: no Brasil ou na Colômbia? Na Colômbia. Já diz o velho ditado popular "santos da casa não fazem milagres"...

Paris, toujours Paris? Como é ter uma loja e um escritório na Cidade Luz , nos tempos de trevas que atravessamos? Pertencendo a Orfama a um grupo francês, je peux dire qu'il est absolument normal d'être à Paris… França e Ásia são os mercados mais importantes da nossa marca (Montagut). As lojas em Paris também funcionam como flagship stores para o mercado asiático. Vivemos num mundo global, e o poder da comunicação é extremamente importante para se ter sucesso. A Orfama já arranjou algum cliente estrangeiro na Modtíssimo? Sim, vários. A Moda que acontece do Porto para o mundo já é uma imagem de marca. A minha convicção é que moda está no Porto e não o contrário, o Porto está na moda! Assim, os negócios acabam por acontecer naturalmente. Qual é a feira internacional mais curiosa que conhece? E qual é aquela que mais gozo lhe dá participar? A Colombiamoda, em Medellin, é a feira mais importante da América Latina, pela diversidade de clientes e produtos apresentados. É um dos acontecimentos de moda mais importantes, em que tudo é notícia, até a indústria do silicone ganha uma especial atenção...

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- MENSAL Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve - 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto

PROMOTOR

CO-FINANCIADO


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de apoio do Estado (IAPMEI, AICEP, Garantia Mútua, etc.) acreditem e confiem nas empresas e nos empresários.

PERGUNTA DO MÊS

1.

4.

CEO TÊXTEIS PENEDO

SALES MANAGER DA ORFAMA

Espero que em 2016 a nossa empresa mantenha a força de crescimento, qualidade e inovação que tem demonstrado nos últimos anos, e que as condições económicas internacionais permitam o normal funcionamento da nossa atividade. Seria importante que o poder político nacional, melhore a imagem e dê maior interesse a um setor têxtil, que tanto contribui para o sucesso de Portugal no Mundo e para o bem-estar de muitos cidadãos nacionais.

O mercado está cada vez mais exigente e nós, enquanto agentes deste sector temos de saber lidar com isso. Estamos conscientes das dificuldades do mercado, mas encaramos 2016 com um grande optimismo. A aposta terá de continuar a passar pela inovação e pela qualidade, com novos produtos e novos materiais, para consolidar aquela que eu considero ter sido a maior conquista do setor nos últimos anos: o Made in Portugal ser cada vez mais um factor de diferenciação relativamente aos nossos concorrentes. Como vivemos num mundo global, existem factores externos que podem simplesmente levar os consumidores a alterarem rapidamente os seus padrões de consumo, por isso, temos de estar preparados para criar sinergias internas para solucionar todos os problemas. É um trabalho contínuo de aperfeiçoamento para satisfação plena do cliente. Em suma, a moda acaba por ser uma cessante procura de alternativas para ir ao encontro das necessidades do mercado.

AGOSTINHO AFONSO

O QUE ESPERA E DESEJA DE 2016?

2.

ANABELA BALDAQUE

CRIADORA DE MODA

Para este primeiro número do Ano Novo, o T foi saber o que esperam e desejam de 2016 as pessoas que nos ajudaram a fazer os cinco primeiros meses de caminho, contribuindo com as suas notícias, exemplos e opiniões. Responderam quase todos à chamada, deixando-nos palavras de prudência, mas também de otimismo e confiança no futuro. Porque, como nos disse Maria José Machado, a Emergente do T 4: “O mundo espera-nos e é para ele que vamos continuar a olhar, com a expectativa de conquistar novos mercados, novos países”

O que espero para 2016? Alcançar uma boa parceria de sapatos, já ando a tentar há algum tempo concretizar este sonho e de facto ainda não o consegui realizar. Também gostava de tudo o que já faço, fazer ainda melhor... Sempre! Desafiar e surpreender-me com os meus vestidos, com as minhas coleções, com o meu trabalho de ateliê… Fazer sempre com que o meu produto se torne exclusivo, único, o verdadeiro luxo, a personificação.

ANTÓNIO CUNHA

5.

ANTÓNIO FALCÃO

ADMINISTRADOR GERAL DA TÊXTIL ANTÓNIO FALCÃO

3.

ANA RIBEIRO

RESPONSÁVEL PELO DESENVOLVIMENTO DE NEGÓCIO DO CENTI

Em 2016@Centi espero 365 novos desafios “funcionais, inteligentes e com design”.

Um ano em que haja estabilidade para podermos trabalhar tranquilamente. Que os nossos clientes e fornecedores continuem a confiar em nós. Que o Estado se limite ao seu papel político deixando as empresas e empresários seguirem o seu caminho. Que os apoios dos organismos do Estado às empresas cheguem sem burocracias ou demoras de forma a permitirem um desenvolvimento sustentado na economia e assim e criação de mais postos de trabalho. Que o sistema financeiro e entidades

6.

ANTÓNIO PEREIRA

GERENTE DA FITOR

As perspetivas para 2016 são extremamente positivas tanto por fatores externos como por fatores internos. Em termos externos temos aspetos como a cotação do dólar, o preço do petróleo, o retorno do têxtil para a Europa, as medidas de apoio ao investimento, o 2020, etc… Em termos internos da nossa empresa, estamos a investir, a crescer e a expandir a atividade. O próximo ano irá ser muito positivo para a Fitor e para o têxtil em geral.

7.

ANTÓNIO SOUZA-CARDOSO

DIRETOR GERAL DA HOP

O ano de 2016 deveria ser para Portugal um ano de estabilidade política genuína, de verdadeiro pacto das instituições e dos parceiros sociais, para que os sacrifícios dos portugueses se não desperdicem em políticas de faz de conta, feitas para dar cumprimento a representações e compromissos políticos incoerentes. Deveria ser também o Ano da Paz, onde as nações pudessem regressar aos seus países de origem, sem medos nem constrangimentos, mas antes com a renovada esperança de quem quer dizer sim ao respeito pela diferença e dizer não a dogmatismos radicais de qualquer índole. Deveria ser, ainda, o ano das empresas, com o governo a cumprir com mais celeridade e rigor os compromissos do Portugal 20 20, fazendo chegar realmente o dinheiro às empresas que são quem melhor pode assegurar o aumento do investimento, do crescimento econômico e do emprego e, no final, uma vida melhor para os portugueses. Deveria ser, finalmente, o ano


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das pessoas para que nos saibamos encontrar numa sociedade nova, onde a coisa e o serviço público voltem a ter valor, onde a ética e a responsabilidade voltem a ser valores. Onde o sentido de um olhar diferente para o outro - o mais, frágil, o mais pequeno, o mais desvalido, volte a comprometer-nos e a dar exemplo e memória às gerações futuras.

crescimento das exportações irá compensar a eventual quebra do mercado nacional, pelo que consideramos que o ano de 2016 será um bom ano para a Troficolor. E é com esta convicção que lutamos diariamente para melhorar ainda mais a nossa empresa.

10. 8.

BRAZ COSTA

DIRETOR-GERAL DO CITEVE

Espero fervorosamente que 2016 leve a ITV portuguesa ainda além dos 5 Bi de exportações.

CRISTINA CASTRO

RP DO CITEVE

Espero que o nosso setor continue a dar cartas como tem vindo a fazer, apostando sempre na qualidade, na inovação, na diferenciação, no design… e que continue o seu percurso de internacionalização divulgando pelos quatro cantos do mundo que “From Portugal” é sinónimo de qualidade.

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nal porque pode estimular eventuais oportunidades para eu desenvolver mais projetos criativos que contribuam para dar visibilidade ao produto moda – têxtil vestuário e têxtil para casa – nacional, contextualizando-o em termos de tendências, designadamente, nos projetos de fóruns das representações nacionais em ações externas; para ter a ocasião de continuar a desenvolver novos produtos e coleções com design e tecnologicamente avançados que se diferenciem no contexto da oferta internacional e que façam sentido em termos globais. Naturalmente, que pretendo ver os projetos com que colaboro serem reconhecidos quer em termos nacionais, quer internacionais…o seu sucesso é também a identificação da qualidade do meu trabalho criativo; constitui um fator de motivação acrescido e um desafio para ir sempre mais longe e continuar a surpreender. Por último e não menos importante intensificar o trabalho que desenvolvo na educação/ formação e na articulação entre a Industria e os Jovens Criadores, finalistas das Escolas…Dar visibilidade às novas gerações constitui uma missão…Eles são o futuro da moda nacional.

9.

CARLOS SERRA

DIRETOR-GERAL DA TROFICOLOR TÊXTEIS

11.

DANIELA BARROS

O ano de 2016 para a Troficolor será sem dúvida um ano muito importante. As nossas expectativas para 2016 são muito elevadas, fruto do culminar de um projeto iniciado há cerca de cinco anos. Em 2011, definimos que era estratégico apostar na exportação. Traçamos um plano de ação para cinco anos, que envolveu fortes investimentos, essencialmente ao nível da contratação de pessoal especializado e na promoção da Troficolor a nível internacional. Hoje temos uma empresa muito diferente, com uma nova imagem, com meios humanos e capacidade técnica capaz de responder às exigências do mercado internacional. Apesar da elevada competitividade destes mercados, o retorno tem sido positivo ainda que aquém das nossas pretensões. Estamos convictos que 2016 será sem dúvida o ano da consolidação da nossa estratégia e esperamos um crescimento das nossas exportações. Já a nível nacional, tal como tínhamos previsto há cinco anos, o mercado dá sinais de abrandamento. Neste contexto, acreditamos que o

CRIADORA DE MODA

Para este ano tenho como objetivos base ver a minha marca estabelecida de forma mais madura, aumentar os mercados e começar a desenvolver uma linha de homem. Acredito que mais objetivos virão com o decorrer do novo ano...

12.

DOLORES GOUVEIA

CONSULTORA DE TENDÊNCIAS, DESIGN E MARKETING DE MODA

Globalmente, desejo que em 2016, a nossa ITV continue a evoluir positivamente e reforce a sua dimensão internacional. Este é um acontecimento importante para o setor, para a economia de país e para mim própria como profissio-

Espero que 2016 seja um ano em que a nossa indústria e comércio têxtil consigam crescer em volume, valor acrescentado e qualidade de produto e de imagem. Ambiciono que a nossa ITV continue a valorizar-se como parceiro têxtil global e não perca elos na fileira industrial. As condições externas são extremamente favoráveis, por motivos infelizes para o mundo, como por exemplo a situação na Turquia, mas Portugal acaba por beneficiar de um trabalho longo ao conseguir ser um país estável, inserido na zona euro (ou seja com uma moeda e um sistema financeiro aparentemente mais seguro), que fez um esforço muito grande para qualificar os seus trabalhadores, cumprir legislação laboral e ambiental que a maior parte do mundo ainda não cumpre etc, etc. O único senão depende de nós próprios e acreditar que podemos ter o bom senso, que nem sempre impera, e não cair em situações mais agradáveis no curto prazo e desaproveitando um momento em que as condições são favoráveis para conseguir um desenvolvimento sustentável a longo prazo.

13.

EDUARDO VÍTOR RODRIGUES

PRESIDENTE DA CÂMARA DE VILA NOVA DE GAIA

Espero que 2016 seja um ano em que a desesperança a que os portugueses, por força das circunstâncias, se entregaram nos últimos anos dê, gradualmente, lugar a uma nova esperança. Que seja um ano de recuperação para o país e que isso se repercuta nas famílias, com mais emprego, menos fome e, sobretudo, mais garantias de futuro. No caso particular de Vila Nova de Gaia, espero que 2016 seja um ano de estabilização, que nos permita concretizar os projetos que temos delineados, e, em simultâneo, de um maior desafogo para as famílias gaienses.

14.

FERNANDA VALENTE

SÓCIA-GERENTE DA FERNANDO VALENTE

15.

HÉLDER BRITO

16.

HÉLDER ROSENDO

SUBDIRETOR GERAL DO CITEVE

Espero que em 2016 o mundo se tranquilize um pouco e que haja uma maior consciência global para a necessidade de agirmos todos, enquanto indivíduos e organizações, no sentido de uma sociedade com melhores valores. Espero que o T se confirme como elemento difusor e catalisador de grandes novidades da nossa ITV, esperando que o nosso setor mantenha o trajeto de desenvolvimento e evolução a que temos assistido.

17.

INÊS BRANCO

ADMINISTRADORA TÊXTIL NORTENHA

Acima de tudo espero que haja estabilidade relativamente às políticas que melhor servem o país e as empresas, designadamente nas áreas económico-financeiras e fiscais. Do lado da procura espero que tenhamos cada vez mais argumentos face à nossa concorrência no sentido dos mercados externos continuarem a procurar Portugal. Assim, satisfaremos eficaz e eficientemente as encomendas dos nossos clientes, o que nos permitirá contribuir e até reforçar de forma sustentada a nossa contribuição para o crescimento da empresa, do setor e do PIB em geral.

CEO DA PURE COTTON E DA INIMIGO CLOTHING

Para o novo ano, na Pure Cotton esperamos continuar a servir os nossos clientes como até hoje e que nos continuem a ver como parceiros, fortalecer cada vez mais a relação com os nossos fornecedores e acima de tudo que os nossos colaboradores nos vejam como família. Relativamente à Inimigo Clothing, esperamos para 2016 continuar a espalhar Inimigo’s, e assim levar o nosso slogan “ No enemies no character ”, aos quatro cantos do mundo.

18.

INÊS RESENDE FONSECA

FUNDADORA E HEAD OF MARKETING & SALES DA LATITID

Queremos um ano igual ou melhor ao de 2015. Continuar a ver a nossa marca a crescer e a começar a ser reconhecida


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noutros mercados fora de Portugal. Queremos um ano tão ou mais desafiante que o de 2015! Acima de tudo queremos continuar a fazer o que gostamos: a trabalhar a nossa marca Latitid.

trajetória de recuperação através do crescimento do investimento e das exportações - e consequente recuperação do consumo -, e que o Governo tenha a capacidade de efetuar as reformas de que o país precisa e reforce a credibilidade e a confiança que têm vindo a ser conquistadas nos últimos tempos.

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confiança em apostar no nosso país e nos nossos produtos. Parece-me o suficiente para que o 2016 seja um bom ano!

também conseguir trazer para o mercado a linha feminina da marca Júlio Torcato que teve a sua estreia em passarela no final de 2015 no Portugal Fashion.

31.

MARIA JOSÉ MACHADO

EMPRESÁRIA DA AXFILIA

25.

19.

JOSÉ MORGADO

DIRETOR DO DEPARTAMENTO

28.

KATTY XIOMARA

ISABEL FURTADO

DE TECNOLOGIA E ENGENHARIA

CEO TM AUTOMOTIVE

DO CITEVE

CRIADORA DE MODA

Espero que 2016 seja o ano das seis vitórias: a vitória da indústria têxtil portuguesa; a vitória das exportações têxteis; a vitória do emprego na têxtil; a vitória da boa imagem dos têxteis na Comunicação Social; a vitória dos bons projetos das entidades têxteis no âmbito do horizonte 2020 (Programa-Quadro Comunitário de Investigação & Inovação); a vitória dos têxteis!

…A alegria amadurece como fruto/ O fruto amadurece até ser sol/ O sol amadurece até ser homem/ O homem amadurece até ser astro… Usando as palavras de Octávio Paz, o que espero de 2016 é maturidade profissional. Mas não posso fugir ao cliché de esperar ter saúde. Sem saúde não existe alegria e sem alegria não temos fruto; não temos sol; não temos homem; não temos astro!

Com a situação governamental com que nos deparamos, temo que 2016 possa ser um ano em que a indústria sofra um retrocesso na progressão positiva que vinha a ser conseguida. Mais do que nunca é necessário muita ponderação e visão estratégica, focando as atitudes na sustentabilidade futura. No caso de TMG Automotive, 2016 será um ano de consolidação, após anos de grande crescimento.

22.

JOÃO RAFAEL KOEHLER

PRESIDENTE DA ANJE

Como presidente da ANJE, as minhas expectativas para 2016 são de consolidação da Associação enquanto um dos principais players do nosso ecossistema empreendedor, capaz de apoiar, de forma integrada e com várias valências (formação; I&D+i; transferência de tecnologia; mentoria; incubação/aceleração; financiamento; internacionalização; networking), quer pequenos negócios pouco sofisticados mas de grande importância socioeconómica, quer projetos de empreendedorismo de base tecnológica, científica ou criativa.

20.

MÁRIO JORGE MACHADO

26.

DIRETOR DO PORTO CANAL

Em 2016 espero que o caminho de recuperação da confiança económica no nosso país se mantenha e se possível progrida. É muito importante que Portugal seja visto internacionalmente como um país cumpridor dos seus compromissos e com a capacidade e a inteligência suficiente para proceder às reformas que, estando por efetuar, tão necessárias são. Em 2016, o que espero que o caminho continue e que caminhemos rumo à estabilidade e confiança internacional. Só assim é que poderemos ultrapassar a grave situação económica em que nos encontramos.

29.

LUÍS BUCHINHO

CEO ASSOCIAÇÃO DE EMPRESAS DE VINHO DO PORTO

23.

JOSÉ ALEXANDRE OLIVEIRA

CEO DA RIOPELE

Quem me conhece sabe que há mais de 36 anos que digo sempre o que acho melhor para o setor. Em 2016 isso significaria realizar um sonho (possível): verticalizar o negócio desde o produtor ao consumidor, não só no têxtil e vestuário, mas também no calçado.

Duas ambições profissionais para 2016: Consolidar definitivamente o projeto Porto Canal pois vai ser um ano de grandes novidades na única televisão com caráter generalista produzida fora do grande centro que é Lisboa. Duplicar audiências a nível nacional é a grande ambição. Outro projeto profissional, mas também pessoal, é lançar um novo livro no mercado pois há três anos que não publico nada. Espero conseguir em 2016 voltar ao projeto dos livros.

CRIADOR DE MODA

Espero em 2016 continuar o percurso internacional com mais metas conquistadas, à semelhança dos anos anteriores!

30.

MARIA JOSÉ CARVALHO

RESPONSÁVEL PELO DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DO CITEVE

24. 21.

JOÃO COSTA

PRESIDENTE DA ATP

Espero que o país prossiga uma

JOSÉ ARMINDO

27.

JÚLIO TORCATO

CRIADOR DE MODA

CEO DA INARBEL

Em termos profissionais, gostaria que houvesse muita estabilidade política para que as pessoas sintam que há

32.

CEO ADALBERTO ESTAMPADOS

JÚLIO MAGALHÃES

ISABEL MARRANA

O que espera a Axfilia em 2016? Espera não abrandar, lutando para continuar a subir a dura rampa que temos pautado nestes anos, com sucesso e reconhecimento. O mundo espera-nos e é para ele que vamos continuar a olhar em 2016, com a expectativa de conquistar novos mercados, novos países.

Espero que a moda e o têxtil portugueses consigam finalmente alcançar o prestígio internacional que já há muito tempo merecem. E espero

No espírito dos objetivos definidos para 2016, como o ano internacional do entendimento global (IYGU), espero que seja, no setor têxtil e do vestuário, o ano da sustentabilidade, aplicando os princípios associados à gestão economicamente saudável, socialmente inclusiva e ambientalmente responsável. Feliz 2016.

O que espero é um ano de contexto difícil. Temos várias potenciais ameaças que irão dificultar o crescimento económico europeu principal mercado do têxtil e vestuário. A nível interno, as empresas terão incrementos nos custos que não estarão ajustados à inflação e produtividade e como tal provocarão problemas de rentabilidade. Espero que as ameaças não se concretizem, que os nossos governantes percebam que são as empresas que criam emprego e que a indústria transformadora exportadora (têxtil e vestuário) é a principal solução para criar crescimento sustentável. Espero que os investimentos que os empresários do setor tem feito desde inovação/design, equipamento, formação, trabalho comercial sejam suficientes para continuar a fazer crescer o setor quer a nível nacional quer a aumentar as exportações por forma sermos um player cada vez mais importante e para bem de todos os portugueses.

33.

NOÉMIA CARNEIRO

DIRETORA DO DEPARTAMENTO


Janeiro 2016

DE ENGENHARIA TÊXTIL DA UNIVERSIDADE DO MINHO

Para 2016, um desejo que a indústria têxtil se consolide em valor criado, se autonomize em criatividade, e crie as melhores condições e oportunidades, a todos os níveis, para integrar os profissionais têxteis formados no Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho.

36.

Desejo para 2016 uma AEP apostada em continuar a apoiar as empresas, no seu esforço de modernização e internacionalização, contribuindo dessa forma para uma retoma sustentada do crescimento económico e sem surpresas desagradáveis ao nível do sistema financeiro.

PAULO FARIA

PAULA BORGES

A continuação da forte consolidação de todos os objetivos traçados pela empresa ao longo dos últimos anos. O caminho que temos percorrido até hoje tem mostrado isso mesmo. O trabalho tem sido enorme a todos os níveis, mas os resultados estão à vista pois continuamos a crescer, graças uma estrutura organizativa e um verdadeiro espírito familiar... uma forte união a chegar aos 43 anos de existência. O nosso futuro irá continuar ser risonho para nós pois sabemos o chão que pisamos, pois com dedicação, positividade, confiança e trabalho árduo todos iremos conseguir e continuar a concretizar. Bem merecemos tudo isso.

39.

RITA FORTES

MANAGER DE MARKETING RIOPELE

CEO DA JOMAFIL

ADMINISTRADOR

indicadores (consumo privado irá diminuir) e que temos que ter um pouco de fé no nosso consumo. O crescimento do turismo que se tem vindo a sentir nas nossas cidades, nomeadamente, Lisboa e Porto, irá ajudar o nosso próprio êxito e procura dos nossos produtos portugueses, sinónimos de qualidade e design!

PRESIDENTE DA AEP

NUNO MADEIRA

35.

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PAULO NUNES DE ALMEIDA

34.

Para 2016 espero estabilidade política, transparência nas decisões por parte de quem decide, mas acima de tudo uma definição clara e objectiva para os sectores estratégicos da economia. No que diz respeito à Jomafil, continuar o trabalho que temos vindo a desenvolver, assente nos nossos recursos humanos, tendo como objectivo continuar a sermos líderes de mercado.

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37.

PAULO VAZ

DIRETOR GERAL DA ATP/EDITOR DO T

Espero que 2016 seja um ano tranquilo, para Portugal e para o mundo. Um ano que seja possível viver em paz e harmonia, com condições de prosperidade e com perspetivas de crescimento. Espero que para o setor Têxtil e Vestuário seja um ano de afirmação de um ciclo mais positivo, em que as empresas possam aumentar vendas, exportações e rentabilidade, assim como emprego. Se tudo correr, como anseio, 2016 será o ano em que nos aproximaremos novamente do recorde das exportações da fileira: a almejada meta dos 5 mil milhões. Se ficarmos pelos 4.9 já será muito bom.

38.

PRISCILLA TRINDADE

CRIADORA DE BEACHWEAR

Espero consagrar as minhas marcas (Priscilla e Catman) junto dos clientes nacionais, apostando em lojas físicas, estrategicamente posicionadas, que tragam um novo alento para a fase que a minha empresa irá viver e eu mesma como estilista das marcas! Se confiarmos nos indicadores económicos projetados para 2016, o que eu posso dizer é que são "só"

No seguimento dos resultados obtidos nos últimos anos, gostaria que em 2016 a Riopele consolidasse o seu caminho de crescimento sustentado, em todas as suas áreas de negócio. Gostaria também que 2016 pudesse marcar definitivamente o fim da crise.… o virar de uma página. E que o duplo combate - terrorismo e alterações climáticas -, nos permita encarar o futuro sob melhores auspícios.

40.

ROSELYN SILVA

de Moda, perspetivo que em 2016 haverá mais oportunidades para o estabelecimento de parcerias universidade/empresa através de projetos no âmbito do Portugal 2020. Estas parcerias são muito importantes para a UBI pois, para além de proporcionarem uma transferência de tecnologia para as empresas, permitem também um melhor conhecimento das realidades empresariais da ITV por parte da UBI. Como o comportamento das exportações têxteis e vestuário têm vindo a crescer, perspetivo o mesmo desempenho em 2016, contribuindo para o robustecimento das empresas e do setor, criando mais oportunidades para o reforço (e criação nalguns casos) dos departamentos de design nas empresas, gerando uma maior procura pelos designers de moda formados na UBI. Por outro lado, 2016 reveste-se também de particular expetativa, face à trajetória dos últimos anos da ITV, no que se refere ao aumento das vocações dos candidatos ao ensino superior para estudar engenharia têxtil. Espero também que 2016 seja o ano de arranque do Cluster Têxtil: Tecnologia e Moda, proporcionando bons projetos para a ITV, um dos quais deve envolver os principais stakeholders no desenvolvimento de uma proposta de formação superior de excelência para a indústria e distribuição de moda.

CRIADORA DE MODA

Para 2016, a marca Roselyn Silva espera lançar a sua primeira linha de roupa pronto-a-vestir para homem e senhora. Actualmente a marca trabalha apenas para o atelier, confecionando roupas por medida, exclusivas e coleções. Este será sem dúvida o grande projeto da marca. Como estilista e fiel à minha identidade, pretendo continuar a criar novos desafios no estilo afro-europeu e apresentar as próximas coleções nas principais semanas de moda nacionais e internacionais. O lançamento no mercado internacional é também um dos grandes objetivos para 2016.

41.

RUI MIGUEL

PRESIDENTE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA TÊXTEIS DA UBI

Como desenvolvo a minha atividade profissional como professor e investigador da Universidade da Beira Interior nas áreas da Engenharia Têxtil e do Design

43.

TIAGO MARTINS

CEO LIVING COLOURS

O que a Living Colours espera de 2016? Do meio envolvente externo à empresa espera-se estabilidade governativa e bancária, acompanhada de crescimento da economia nacional e europeia apesar dos elevados riscos existentes, especialmente em Portugal com forte probabilidade de derrapagem do endividamento. Do meio interno à empresa, espera-se crescimento de vendas, mais engenharia de produto e diferenciação na abordagem do mercado.

44.

TOMÁS MOREIRA

CHAIRMAN OF ADVISORY BOARD DA KIRCHHOFF AUTOMOTIVE PORTUGAL

Prevejo para Portugal em 2016 um clima de instabilidade política, financeira e económica. A reforma do Estado e das contas públicas está muito longe de estar assegurada. O ambiente é difícil para a indústria e pouco convidativo para o investimento nacional ou estrangeiro

42.

SÓNIA PINTO

DIRETORA DO MODATEX

2016 é o ano em que o Modatex completa cinco anos e gostaria que fosse marcado pela continuação do reconhecimento do nosso trabalho enquanto entidade formadora e parceira das entidades da ITV na qualificação dos seus colaboradores, bem como pela qualidade profissional dos nossos formandos e pelo crescimento de projetos importantes para a sociedade, como o Formar para Empregar. Gostaria também que os nossos formandos continuassem a construir carreiras de sucesso. Eles são a nossa melhor imagem de marca.

45.

VANESSA GARCIA-AGULLÓ

CRIADORA DA BABASHDESIGN

Espero que o 2016 seja um ano de consolidação da presença da BabashDesign nos mercados europeus e de alargamento da rede de distribuição internacional da marca, tendo sempre como objetivo refletir nas novas coleções, a nossa grande linha orientadora, que é a de uma atitude criativa, original e diferenciadora, orientada a um público que valorize o caráter único de cada peça. Continuaremos a surpreender!


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Janeiro 2016

PREÇOS BAIXARAM MAS VENDAS NÃO SOBEM Baixar os preços nas etiquetas não se traduz automaticamente no relançamento da procura, conclui um estudo do gabinete francês Simon-Kutcher. “Como o orçamento das consumidoras está sob pressão, as insígnias baixaram os preços entre 3 a 5% no primeiro semestre de 2015. Mas constatamos que isso não chegou para movimentar as multidões. As mulheres estão à procura de bons negócios mas isso não as impede de se manterem lúcidas e de serem prudentes”, explica Martin Crépy, especialista em vestuário da Simon-Kutcher, em declarações ao Journal du Textile.

MENU RECHEADO NO INFANTE SAGRES

No prato, estiveram o creme de ervilhas, as coxinhas de pato confitadas e o folhadinho de maçã. Mas o que verdadeiramente fazia parte do menu rico do jantar de Natal e de encerramento das comemorações dos 50 anos da ATP (Hotel Infante Sagres, Porto, 11 de dezembro 15) foi a homenagem a sete individualidades (ver texto abaixo) e às seguintes empresas, com 50 ou mais anos de vida: Gierlings Velpor, Riopele, Fábrica de Malhas do Ameal, TMG, Lemar, A. Sampaio, Continental - ITA, grupo MoreTextile (que reúne Coelima, António Almeida & Filhos e JMA), Empresa Têxtil Nortenha, Marfel, Troficolor, João Pereira Guimarães, Somelos, Têxtil António Falcão, Fitor, Idepa, Têxtil Cães de Pedra, Alves Pereira Tapeçarias, Carjor e Orfama.

UMA EXPLICAÇÃO QUE CHEGA UM MÊS ATRASADA No melhor pano cai a nódoa, principalmente se ele não for confecionado com tecido easy cleaning. Nas páginas 26 e 27 do T 4 caiu a nódoa de não entrar um texto intodutório, que explicava tudo. Estão a ver aquela coluna em branco, do lado direito da dupla página de homenagem aos 7 magníficos que a direção da ATP decidiu distinguir com a sua medalha de honra? Pois a ideia inicial era de que essa coluna estivesse à esquerda e contivesse o texto que passamos a reproduzir:

No momento em que se encerram as comemorações dos primeiros 50 anos de vida da ATP, a direção sentiu que não podia deixar de homenagear alguns dos melhores de entre nós com a sua Medalha de Honra: Três capitães da indústria, enormes empresários da têxtil e distintos militantes do movimento associativo - Alberto Costa, Carlos Branco e Henry Tillo - que apesar de terem ficado pelo caminho, de nos terem deixado, continuam sempre ao nosso lado e nos nossos corações. Um homem de mão cheia - Fer-

“QUANDO TODOS VATICINAVAM O FIM DO TÊXTIL, A UMINHO FEZ UM ESFORÇO FINANCEIRO MUITO GRANDE EM NÃO FECHAR O CURSO DE ENGENHARIA TÊXTIL, QUANDO TODOS OS INDICADORES E A PRESSÃO EXTERNA IAM NESSE SENTIDO” António Cunha, reitor da Universidade do Minho

ANA PAULA CANDIDATA A MULHER MÁXIMA 2015 Ana Paula Rafael, CEO da Dielmar e capa do T 1, foi nomeada para o Prémio Máxima de Mulher de Negócios do ano 2015, promovido por aquela revista feminina e que conta com o apoio do Jornal de Negócios.

9%

foi o crescimento homólogo (ou seja comparado com o idêntico mês de 2014) registado em outubro das exportações da ITV. Quando comparados o acumulado dos dez primeiros meses de 2015, a taxa de crescimento é de 4,1%, a média entre os 7,1% dos têxteis-lar, os 5,9% dos têxteis e os 2,6% do vestuário.

MODATEX EM PENICHE COM RENDILHEIRAS

nando Barroso -, que deixou as impressões digitais nos marcos essenciais da história da ITV (Portex, Citex, consolidação associativa) e que pela paciência, coragem e intransigência na defesa da iniciativa privada e espírito empresarial, evidenciadas nos tempos difíceis, se tornou um exemplo luminoso a seguir pelas gerações mais novas . Dois cidadãos honorários da indústria têxtil e de vestuário - Daniel Bessa e Mira Amaral - que através do seu saber e

ação ajudaram o setor a manter a cabeça fora de água, ultrapassar os obstáculos e nunca perder de vista o azimute do progresso. Um líder, empresário e diplomata - Paulo Nunes Almeida - a quem o movimento associativo do setor deve o processo de consolidação em curso, mas generosamente emprestou a quem precisava mais urgentemente do seu talento. São estes os sete magníficos perante os quais nos curvamos, aplaudimos - e deixamos aqui escrito o nosso Muito Obrigado.

O Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confeção e Lanifícios (Modatex) e a Câmara Municipal de Peniche estão a desafiar jovens formandos no Porto e em Lisboa. Os trabalhos selecionados integrarão as próximas edições dos desfiles "Rendas na Moda", agendados para 23 e 24 de julho, no âmbito da Mostra Internacional de Renda de Bilros.


DE 20 A 26 DE FEVEREIRO DE 2016

WINE

PORT

FASHION

FASHION PA R A D E

informações +351 22 938 06 10 - www.modtissimo.com

7º iTechstyle Innovation Business Forum Organizado pelo CITEVE é a montra de tecnicidade e inovação da fileira têxtil e vestuário nacional! O espaço será totalmente adaptado ao ambiente e desenhado a pensar nos passageiros do aeroporto que tenham curiosidade sobre as inovações do setor.

1º Port Wine Fashion O Vinho do Porto é o convidado de honra na Porto Fashion Week. Garrafas cedidas pelas caves vão ser vestidas e decoradas por estilistas convidados e público em geral que se queira juntar a esta iniciativa. O resultado final será exibido na marginal de Gaia, bem em frente a uma das Caves do Vinho do Porto.

7º Fashion District O Porto estar na moda deve-se em muito às lojas trendy que vestem a Baixa da Invicta e maravilham turistas e locais. A ITV convida 25 lojas a integrar um roteiro fashion pelo Porto.

Fashion Parade O espólio de fatos desenhados pelos alunos das Escolas de Moda portuguesas que concorreram ao Concurso Jovens Criadores vai sair à rua. A invasão de um espaço marcante da cidade vai acontecer durante a Porto Fashion Week.


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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel

Florêncio

Madre de Deus, Azurém Guimarães

Enchidos da região, omelete de alheiras e bolinhos de bacalhau. Filetes de polvo com arroz de feijão e bucho recheado. Leite creme. Quinta do Carmo (branco). Dois cafés

UM CONSTRUTOR DE MARCAS Quando há dez anos comprou a Lion of Porches, marca de que era fornecedor de malhas, Ricardo Fernandes estava a ser prudente e a arranjar um segundo negócio para a Cães de Pedra, num momento em que o mundo escancarava as portas à invasão dos produtos chineses. Estava também a aprender a ter uma relação direta com os consumidores e a demonstrar ter percebido que a única coisa eterna é a mudança. De 2006 para cá, dedicou-se a consolidar e fazer crescer a Lion of Porches, dotando-a de caráter e vestindo-a com

uma personalidade. “O Carlos Coelho afinou o swing da marca, que se tornou mais sofisticada e inovadora”, conta o empresário, que escolheu almoçarmos no Florêncio, que recomenda não só pelo bucho recheado (a especialidade da casa) mas também porque está sintonizado com as suas preferências clubísticas - a sala está decorada com um grande emblema do Vitória, o clube de que Ricardo é sócio. O esforço não se esgotou na imagem. A Lion of Porches estava só em lojas multimarca. Precisava de lojas pró-

RICARDO FERNANDES

55 ANOS CEO DA TÊXTIL CÃES DE PEDRA Nasceu e cresceu em Guimarães no meio dos trapos, filho de um célebre comerciante de tecidos da cidade, Herculano Fernandes, da casa Herculano & Pimenta, onde, desde meados da adolescência, Ricardo se habituou a dar uma mão durante boa parte das férias grandes. Mal acabou o liceu, foi para lá trabalhar, agora a tempo inteiro, fazendo o tirocínio e um curso prático de Gestão. Quando o pai o achou pronto, lançou-o às feras, enviando como bombeiro para uma empresa de que era sócio - a Têxtil Cães de Pedra, uma fábrica de malhas exteriores que atravessava uma fase difícil. Trinta e três anos volvidos, o mundo mudou, mas ele continua na Cães de Pedra, o que é a prova dos nove de se ter desembrulhado com sucesso da missão que o pai lhe confiou.

prias para sentir rapidamente o pulso ao consumidor. Agora, dispõe de uma rede de 49 lojas. Como o nosso retângulo é um mercado estreito, atravessou a fronteira e foi para Espanha. Finalmente, equipou a marca de um total look e alargou a oferta ao segmento Kids, um sucesso que ele reconhece com um fleuma british (bem adequada à imagem da marca): “Sim, está a correr bem, acima das expectativas”. A pátria da Zara é um mercado difícil para uma marca portuguesa. A associação à bandeira inglesa e a assinatura London eram uma vantagem para a Lion of Porches, que mesmo assim foi cuidadosa, iniciando a abordagem com corners em 14 armazéns El Corte Inglês, antes de desembarcar com lojas próprias. Para além de Espanha, a geografia da expansão privilegia o Médio Oriente (já têm duas lojas em Teerão, sendo que a terceira abre na Primavera e a quarta em 2017) e África (não só a lusófona, mas também África do Sul, Argélia e Marrocos). A ideia é flanquear os mercados maduros, de boas cobranças mas onde todas as marcas concorrentes já estão instaladas. A construção conseguida da Lion of Porches (que faturou 25 milhões de euros em 2015, mais cinco que no ano anterior), levou o empresário a tomar duas resoluções estratégicas: descontinuar a atividade industrial e dobrar a aposta no retalho através da aquisição à Ricon da Decénio, marca que está a ser dotada de uma alma e conceito antes de poder viajar (está só no nosso país com 24 lojas, que vendem 15 milhões de euros). “Como o volume de negócios no retalho começou a apresentar taxas de crescimento interessantes, decidimos aumentar a nossa presença não só através da expansão da Lions of Porches mas também da compra da Decénio, que nos dá ganhos de sinergia. E como a indústria estava a ter problemas de competitividade, optamos por não ficarmos reféns dela e concentrar toda a nossa atenção e energia no desenvolvimento das marcas”, explica este empresário, que sabe que a única coisa eterna é a mudança, pelo que se há algo de que devemos ter medo não é da mudança, mas sim de que as coisas não mudem.

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2. JÁ OUVIU FALAR DO TREMENDO SUCESSO QUE É A FARFETCH? POIS AS FOTOGRAFIAS DOS PRODUTOS VENDIDOS NESTA PLATAFORMA ONLINE CRIADA POR JOSÉ NEVES SÃO FEITAS NUM ESTÚDIO NO PORTO. O FFF ESTEVE LÁ…

FOTOSINTESE

1. CRISTINA ALVES (APRESENTADORA MAIS FASHION NÃO HÁ) É ÂNCORA DE UM PROGRAMA QUE JÁ NAVEGOU EM MUITOS MARES: SALÃO ÁRABE, ESTAÇÃO DE S. BENTO, SERRALVES, CASA DA MÚSICA…

OS TRÊS ÉFES DO SÉCULO XXI

Fado, Fátima e futebol? Tire, por favor, essa ideia da cabeça. Estamos no séc, XXI! Toda a gente anda no bolso com uma coisa que tira fotografias, substitui o filofax, grava vídeos, dá para enviar mensagens e receber ou fazer telefonemas. Agora, os três éfes querem dizer Fashion Film Factory, o melhor programa sobre moda e a sua indústria, que passa nos 3º domingos de cada mês na RTP2 e na RTP Internacional. FFF também pode querer dizer Fashion Film Festival, que se realiza no âmbito da Porto Fashion Week, mas, atenção!, não há conflito de interesses. Os dois FFF são irmãos - e o Factory segue o Festival com carinho

6. NA PÓVOA, VÍTOR PAIVA EXPLICA COMO FUNCIONA O INOVADOR BLUSÃO QUE, EM CASO DE NECESSIDADE, SE TRANSFORMA EM COLETE SALVA VIDAS, DESENVOLVIDO PELA DAMEL

7. COMO NÃO PODIA DEIXAR DE SER, O CITEVE, ONDE BATE O CORAÇÃO DA INOVAÇÃO DA ITV, FOI ALVO DE DEMORADA VISTORIA E REPORTAGEM POR PARTE DO PROGRAMA APRESENTADO POR CRISTINA ALVES

11. TAMBÉM VIAJOU ATÉ UNHAIS DA SERRA PARA VER COM OS SEUS OLHOS COMO É QUE A PENTEADORA FAZ TECIDOS QUE SE RECUSAM A ARDER E POR ISSO SÃO ÓTIMOS PARA CONFECIONAR FARDAS PARA OS BOMBEIROS

12. O PORTUGAL FASHION É UMA ESCALA OBRIGATÓRIA DO MELHOR PROGRAMA DE MODA QUE HÁ NA TELEVISÃO PORTUGUESA, TAL COMO...


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5. …E TAMBÉM ESTEVE NO FUNDÃO A TESTEMUNHAR A ARTE DE CARLOS GIL, O CRIADOR PREFERIDO DE MARIA CAVACO E QUE EM 2015 SE ESTREOU A DESFILAR EM MILÃO, UMA DAS MAIS IMPRESSIONANTES CATEDRAIS DA MODA MUNDIAL

3. …E TAMBÉM EM GUIMARÃES, A VER TONY MIRANDA A TRABALHAR NO ATELIER DA SUA CIDADE NATAL, ONDE RETORNOU DEPOIS DE TER TRIUNFADO EM PARIS

4. NO QUE DIZ RESPEITO A ROUPA INTERIOR, NORMAL OU PARA INCONTINENTES, A IMPETUS DÁ CARTAS NO MUNDO. O FACTORY FOI A ESPOSENDE VER COMO É…

10. O FFF ESTEVE EM BERLIM E ABRIU A BOCA DE ESPANTO E ADMIRAÇÃO PELAS DESLUMBRANTEMENTE SIMPLES E ECOLÓGICAS ROUPAS DESENHADAS POR KATTY XIOMARA PARA PASSAREM NO ÂMBITO DA PORTUGAL FRESH

8. NA FÁBRICA DA FLOR DA MODA, EM ALMEIDA, ALDEIA DO CONCELHO DE BARCELOS, AS CÂMARAS DO FFF TESTEMUNHARAM COMO ANA SOUSA PREPARA A COLEÇÃO DA MARCA QUE LEVA O SEU NOME

9. A ARTE DE JÚLIO TORCATO É UMA DÁDIVA PERENE DA TROFA AO RESTO DO MUNDO. PREMIADO NA PORTEX, ERA A.G. (ANTES DO GOOGLE), E NO FFFESTIVAL, JÁ NA ERA D.G. UM TALENTO INESGOTÁVEL NA INVENÇÃO E CONSTRUÇÃO DE MARCAS

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13. ...A TECHTEXTIL, EM FRANKFURT, ONDE A NOSSA ITV APRESENTA O ÚLTIMO GRITO EM TÊXTEIS TÉCNICOS

O FASHION FILM FACTORY É TUDO ISTO QUE VIMOS E MAIS MUITO MAIS. SE NUNCA VIU, NÃO FAZ IDEIA DO QUE ESTÁ A PERDER. PARA COMEÇAR, SINTONIZE A RTP2, NO DOMINGO 17 DE JANEIRO, E VEJA O PROGRAMA DO 1º ANIVERSÁRIO DO FFF ONDE, ENTRE OUTRAS COISAS, JOANA GUEDES FOI VISITAR A BEST MODELS PARA NOS EXPLICAR COMO FUNCIONA, POR DENTRO E POR FORA, UMA AGÊNCIA DE MODELOS


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“NÃO SOMOS AGENTES PORQUE OFERECEMOS SOLUÇÕES, ANTECIPAMOS AS NECESSIDADES DOS NOSSOS CLIENTES, OFERECEMOS IDEIAS TRANSFORMADAS JÁ EM PEÇAS DE ROUPA” Paulo Pinto, fundador da The Developers

The Developers é uma baby empresa que se instalou no Cais do Cavaco, em Vila Nova de Gaia

THE D RESPIRAM E TRANSPIRAM TÊXTIL Isabel Cristina Costa

Carlos Gomes, Paulo Pinto e Tiago Neiva de Oliveira são os The Developers. Uma baby empresa que se instalou no Cais do Cavaco, em Vila Nova de Gaia. O fabrico é 100% português tal como a criação e o desenvolvimento da roupa para homem. Não se vende marca própria, nem tão pouco se trata de subcontratação pura e dura. “Respiramos e transpiramos a têxtil. Era um caminho natural”, começa por dizer Paulo Pinto, engenheiro têxtil e um dos sócios-fundadores da The D (o nickname do projeto). A empresa assume um modelo de negócio completamente novo na ITV nacional. “Não somos agentes porque

oferecemos soluções, antecipamos as necessidades dos nossos clientes, oferecemos ideias transformadas já em peças de roupa. Não propomos o que já existe no mercado, mas soluções novas”, explica Paulo Pinto. Na sede da empresa, morada antiga da Companhia Arrozeira Mercantil, junto ao rio Douro, com vistas sobre o Porto, propõem-se soluções à medida de grandes nomes do mundo da moda. Sobre as instalações, diz Carlos Gomes: “Tínhamos que ter um bom cartão de visita. O cliente quando aqui entra, respira o têxtil português, vê peças de qualidade, novidades e ao mesmo tempo dá de caras com o melhor destino europeu de 2015”. Há pouco tempo, a The D fez

2,5

MILHÕES DE EUROS

é a faturação da The Developers no seu primeiro ano de vida

um road-show pelos Estados Unidos, coast to coast numa semana, a visitar clientes. “Temos um caminho enorme para percorrer no mercado americano. Ao fim de um mês já estávamos inclusive a trabalhar com marcas que nunca tinham comprado em Portugal”, conta Paulo Pinto. O engenheiro têxtil conta que por estação desenvolvem 120

produtos e é com estas propostas que chegam aos clientes. Reina o travel concept, com peças facilmente colocadas em malas pequenas e que depois de desdobradas não ficam enrugadas. A par disto, também introduzem novidades no mercado, como é o caso do blaser em piquet (a malha comumente usada na confeção de pólos). Fomos os primeiros no mundo a apresentar este artigo, que chegou às lojas este inverno. Outra novidade são as calças clássicas de malha”, revela. Quando foi pensada, a The Developers tinha como objetivo seis clientes mundiais. Só que ao fim de um ano de atividade totaliza 14. São de Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha, França e Estados Unidos. Além

da produção - que obedece a contratos de exclusividade com meia dúzia confecionadores nacionais -, a The D tem ainda o negócio da distribuição (traz marcas estrangeiras para o mercado português) e o Corporate (é o caso das fardas, projetos chave na mão). Por enquanto, não existe marca própria The Developers. Mas o assunto está a ser estudado e de uma forma completamente nova. “Não está no nosso horizonte investir em lojas e na distribuição de uma forma tradicional. Hoje, a melhor forma de investir numa marca é vender pela internet, única e exclusivamente, através de opinion makers e grupos privados por esse mundo fora”, adianta Paulo Pinto. Depois, é juntar ao online pequenos corners em department stores nos Estados Unidos. Mas nem tudo são rosas no mundo têxtil e Carlos Gomes aponta “o problema sério de falta de costureiras. Não se está a ver o grave que isto pode ser para a indústria”. A The D emprega 12 pessoas em Gaia e em 2015, o seu primeiro ano de vida, faturará 2,5 milhões de euros.

THROTTLEMAN GANHA UM SEGUNDO FÔLEGO

ZIPPY DENTRO DA CAIXA PARA BEBÉS FINLANDESES

CUSTOITEX NA SAÚDE DESPORTO E ONLINE

O fundo Explorer Investments e o grupo Crivedi (Trofa) juntaram esforços para relançar a Throttleman, cujo futuro estava incerto desde que em 2012 se declarou insolvente. Os novos acionistas estão a investir 1,5 milhões de euros no relançamento e reposicionamento da marca, já abriram duas lojas (Mar Shopping e Fórum Almada) com um novo conceito e anunciaram a inauguração de mais seis até finais de 2017. A Throttleman tem uma rede de 18 lojas, das quais seis em outlets.

Roupas de bebé da Zippy fazem parte da Maternity Box Finland, o que é considerado pelos responsáveis da marca portuguesa um reconhecimento do seu trabalho, pois só produtos de elevada qualidade são escolhidos para figurarem nessa seleção.

A Custoitex vai entrar no segmento de saúde e desporto, com os collants e roupa interior sem costuras que produz, e planeia abrir uma loja online. “Aguardamos a aprovação do Infarmed que nos habilita a conceber e a comercializar produtos que podem ser apresentados como medicalizados. Estamos a pensar em segmentos como as gestantes ou os diabéticos, entre outros. Na área do desporto também já temos uma linha de produtos para o ballet e o ioga. E vamos continuar”, afirma Sandra Morais, CEO da empresa, em declarações ao Público



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INVESTIMOS 10 MILHÕES EM TECNOLOGIA

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel

Paulo Coelho Lima 47 anos, nasceu em Pevidém, no ano em que morreu Salazar. Cresceu a dois kms da fábrica fundada pelo seu avô Joaquim. Filho de Helena e Albano, tem dois irmãos (Olinda e Miguel) e dois filhos (Paulo, 16 anos, que já decidiu ir para Gestão, e Maria, 12). Licenciado em Arquitetura pela UP, vive em Guimarães é o cônsul honorário do México no Porto

O

ferecer um produto e serviço absolutamente irrepreensíveis é o segredo para sobreviver e prosperar nestes tempos que têm a incerteza como marca de água - afirma Paulo Coelho Lima. O arquiteto e gestor, neto do fundador da Lameirinho, não tem dúvidas quanto ao futuro: na próxima geração, a empresa continuará a ser industrial e a ter como missão surpreender os clientes com produtos inovadores e de qualidade. A desvalorização do euro face ao dólar é a principal explicação para os têxteis-lar serem o subsetor da ITV com maior crescimento das exportações em 2015?

É uma das razões, mas não explica tudo. O dólar mais forte aumenta não só o volume das vendas, mas também o de compras, pois o comércio internacional de matérias-primas também é feito em dólares. Ou seja, faturamos mais, mas as matérias-primas ficam mais caras. A crise atingiu os têxteis-lar de forma particularmente dura, com o encerramento de algumas empresas importantes. O mau tempo já passou?

A crise que atingiu as empresas têxteis, em geral, e as têxteislare em particular, obrigou ao encerramento das empresas que não conseguiram adaptar-se às novas condições de concorrência internacional. As que sobreviveram tornaram-se mais fortes e flexíveis. Mas o mau tempo ainda não passou. Para se manterem em atividade de forma consistente, as empresas precisam que a economia mundial cresça, e esse crescimento ainda é uma

incógnita. Há muita incerteza no ar?

Desde o ataque às Twin Towers, em 11 de Setembro de 2001, que o terrorismo se tornou uma ameaça permanente à estabilidade internacional. Acontecimentos como os atentados em Paris criam um clima de instabilidade e incerteza que é péssimo para os negócios. Vivemos numa conjuntura marcada pela instabilidade e imprevisibilidade. Mas há alguns sinais positivos e encorajadores?

Também os há. Estamos a assistir a uma retoma das compras no nosso mercado por parte de clientes que tinham fugido para o Oriente, seduzidos pelo fator preço. O regresso desses compradores é um tendência que já é clara e positiva. O acordo entre EUA e UE, que está a ser ultimado, será uma boa oportunidade para aumentarmos significativamente as exportações para um mercado importante como o americano, onde a Lameirinho faz 50% das suas vendas e os nossos têxteis-lar desfrutam de uma boa reputação?

Sim. Aguardamos com ansiedade que o acordo seja fechado o mais rapidamente possível. Será para nós uma oportunidade de sermos mais competitivos em produtos que por terem taxas muito elevadas muitas vezes nos fazem perder o negócio. Os espanhóis são bons no retalho, nós somos melhores no B2B. Faz sentido manter este estado de coisas ou os industriais devem investir no retalho?

A maioria do nosso negócio, na Lameirinho, é voltado para o B2B. Fabricamos para as marcas dos nossos clientes, no âmbito de excelentes parcerias com os maiores players mundiais. Mas também temos produtos com marcas próprias e licenciadas que colocamos nas lojas dos nossos clientes.

Rashid, um designer americano.

"SER INDUSTRIAL NÃO DEVE SER UMA VERGONHA MAS UM MOTIVO DE ORGULHO" Apesar de, em miúdo, adorar ir para a fábrica, manobrar empilhadores e carregar caixas, no final da adolescência Paulo decidiu que iria correr em pista própria e o seu futuro não passaria pela Lameirinho. Estava a viver no Porto, num apartamento na rua da Alegria, enquanto fazia o 12º na área de Informática de Gestão, quando subitamente se apaixonou pela Arquitetura. Fez Geometria Descritiva com 20 valores e matriculou-se na faculdade, onde foi aluno de uma inclítica geração de professores: Fernando Távora, Siza Vieira, Nuno Portas, Souto Moura, entre outros. Quando acabou o curso, em 1994, regressou a Guimarães e, após um estágio na Câmara, trabalhava em regime de profissão liberal quando o destino lhe trocou as voltas. O pai, que acabara de comprar as posições na Lameirinho dos seus tios Adelino e Francisco, precisava dele na empresa. Estávamos em 1997.

Em que pé está a aposta numa relação direta com o consumidor final?

Achámos que pelo segmento de produtos que produzíamos, fazia todo o sentido avançarmos para o negócio B2C. Por isso apostámos num rede de oito lojas próprias e no canal de vendas online, onde vendemos marcas licenciadas e próprias - como a ASA (com uma imagem mais conservadora), a Lameirinho (mais luxo, e virada não só para o mercado interno mas também para países como a Rússia, Japão ou Irão) ou a Home Attitude, uma marca de produto topo de gama. É fundamental ter lojas próprias?

Trata-se de uma oportunidade que não podemos desperdiçar de sentir imediatamente a reação do consumidor ao produto. Tendo lojas próprias e canal de vendas online, a Lameirinho tem, estrategicamente, direcionado a comunicação para o consumidor final. Abrimos as portas da empresa ao turismo industrial. Fazemos muitas parcerias no sentido de mostrar que o que é made in Portugal tem qualidade. Comunicamos através das redes sociais, oferecemos produto Lameirinho a líderes de opinião. Criamos ações no sentido de envolver o consumidor com os nossos produtos. Apoiamos eventos através da oferta de produtos. Abraçamos projetos que façam o nome da nossa empresa e os produtos chegarem o mais longe possível. Como estão a correr as vendas online?

As marcas que produzem sob licença são um segmento importante?

São uma parte não negligenciável do nosso negócio. Temos licenças de marcas de criadores como o António Miró e Purificación Garcia. E agora vamos começar a trabalhar a marca de Karim

Começamos há dois anos. Os resultados são muito animadoras. A loja online derruba todas as limitações geográficas à nossa expansão internacional. Estamos muito entusiasmados. Temos boa imagem, boa comunicação. Sentimos que mais do que a 9ª loja vai ser a loja. Já estamos em market places importantes, como os sites da Amazon e da La

Redoute. Neste novo ano vamos investir muito na sofisticação da nossa plataforma de vendas online. Quais são os pontos fortes do setor?

No que nos diz respeito, são quatro: produção de qualidade; bom serviço ao cliente; aposta na inovação e diferenciação no produto; e uma estabilidade que gera confiança no cliente - somos um fornecedor reliable, que faz sempre acontecer tudo o que promete. E os pontos fracos?

A concorrência asiática ainda é um problema, mas atualmente menor. Como é que a Lameirinho conseguiu aguentar o embate da concorrência asiática (Paquistão, India, China)?

Com dificuldade, mas fomos rápidos a adaptar-nos. Reestruturamos a empresa, descontinuamos a fiação, investimos na diversificação e no aumento da flexibilidade produtiva, que nos possibilitou passar das grandes para pequenas séries. Qual é caminho que está a ser seguido para garantir um futuro desafogado?

Para termos um futuro já não digo desafogado mas pelo menos com mais normalidade, o importante é não parar. Não podemos nunca acomodar-nos. Temos de prosseguir e consolidar a Inovação, qualidade e cumprimento de prazos. Ou seja, continuar a oferecer um serviço irrepreensível. A inovação e o lançamento de novos produtos é indispensável?

Importantíssimo. É dessa forma que nos diferenciamos da concorrência. Temos sempre de mostrar aos clientes do que somos capazes. Qual a importância das feiras no aumento das exportações?

São uma forma de nos tornarmos mais visíveis em mercados


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TRÊS GERAÇÕES DE COELHOS LIMA Joaquim e Emília

Albano e Helena

em que Joaquim Coelho Lima, pai de Albano e avô de Paulo, fundou a Lameirinho, em Pevidém. 67 anos depois, a empresa fatura 51 milhões de euros e exporta 90% da sua produção para os cinco continentes

A Lameirinho exporta 90% dos 51 milhões de euros que fatura para 30 países, dos quais a maioria (17) são de fora da Europa. Estão satisfeitos com essa geografia ou vão apostar nalguma zona do globo em especial?

Estamos a apostar nos mercados asiáticos e do Médio Oriente - Índia, Coreia, Japão, China, Irão, Qatar... - mas também com um olho na América Latina. O modelo do setor assenta essencialmente na produção. O que é mais importante? A marca ou a tecnologia?

A tecnologia é fundamental para suportar a marca. Temos que ter equipamentos que nos permitam responder às exigências dos clientes. Nos últimos dois anos, investimos dez milhões de euros, cerca de 10% da faturação anual, em tecnologia: estamparia digital, que nos dá flexibilidade e qualidade sem limites, e em equipamentos para o tingimento do fio que nos permite aumentar a qualidade e sermos mais rápidos em pequenas séries. O private label é o forte da Lameirinho, que também tem um carteira e marcas próprias e licenciadas. Este mix é para manter nas atuais proporções?

Somos reconhecidos pelo nosso private label, uma unidade de negócio que vale 80% do nosso volume de negócios e tem garantido a estrutura da empresa. Mas vamos continuar a fazer crescer as marcas próprias e licenciadas, pois acrescentam valor à nossa oferta. 67 anos depois de ter sido fundada pelo seu avô, a empresa já vai na 3ª geração. Têm na família algum protocolo para a sucessão?

Não existe nenhum protocolo formal, existe sim é uma história que tem sido passada

"A INDÚSTRIA TÊXTIL OFERECE AOS JOVENS UM CONJUNTO DE OPORTUNIDADES MUITO ATRAENTES"

"A UNIÃO DA REPRESENTAÇÃO DA ITV SERIA VANTAJOSA PARA TODOS" de geração em geração. Há uma regra muito clara: ser da família não garante automaticamente emprego na empresa. Como vê a Lameirinho na próxima geração?

Continuará a ser uma empresa industrial e a ter no coração a missão de surpreender os clientes com produtos inovadores e de qualidade. Quais são os principais estrangulamentos à competitividade?

Destaco três: os custos energéticos, a burocracia na administração pública e o complexo funcionamento da justiça. A diplomacia económica tem ajudado as exportadoras?

Houve uma mudança de atitude cujos resultados têm sido visíveis para o aumento significativo das exportações. O Estado intervém demais na economia?

O Estado deverá ter a função de regulador e definir as melhores políticas para o

Francisco

Maria Carolina

Olinda

FOI O ANO

que pretendemos explorar.

Adelino

Paulo Miguel

desenvolvimento das atividades empresariais. O resto será connosco.

As perguntas de

O que é que o Governo deveria fazer para apoiar as empresas?

Desde logo garantir a leal concorrência e não ser um elemento potenciador de desequilíbrios. O que espera do Banco do Fomento?

Nós não esperamos nada. Estamos bem capitalizados e mesmo nos momentos mais difíceis nunca sentimos dificuldades no acesso e condições de financiamento. Que balanço faz dos quatro anos de governo PSD/CDS?

De forma genérica, seguiu o caminho que deveria ter seguido. Que medida concreta gostaria que o Governo tomasse para bem da ITV?

Que garantisse a estabilidade fiscal e a continuação com a reforma do IRC. Não só em beneficio da ITV, mas também das empresas em geral. Acredita que o país se vai reindustrializar?

Acreditamos e esperamos que se venha a verificar. Ser industrial não deve ser uma vergonha mas um motivo de orgulho. Não lhe parece que o facto da representação da ITV estar repartida por diversas associações enfraquece a sua capacidade negocial? E que o setor teria mais recursos e seria mais bem promovido internacionalmente se falasse a uma só voz?

A divisão diminui a força. Quando é passada a uma só voz, a mensagem é mais eficaz. A união seria vantajosa para todos, pois a nível de recursos a promoção poderia seria mais focada e teria com toda a certeza mais impacto para o setor como um todo.

Nuno Gama Sócio-gerente da Ponto Laranja Sendo a Lameirinho uma referência nacional nos têxteis-lar, que medidas estão a ser tomadas para se manter na vanguarda?

As nossas equipas de marketing, design, investigação e desenvolvimento estão constantemente a viajar, nas feiras internacionais, investindo em cadernos de tendências e atentas às novas tendências. Todos nós fazemos prospeção. Não há ninguém que não faça benchmarking. Esta forma irrequieta de estarmos no mercado reflete-se na maneira como o cliente nos vê - como um parceiro capaz de lhe apresentar soluções inovadoras para os seus problemas.

José Morgado Responsável pelo Dep. de Engenharia e Tecnologia do CITEVE Em termos tecnológicos, há muitas empresas portuguesas, algumas suas concorrentes, que estão a apostar novamente na fiação e também na estamparia digital. O que pensa disso?

Há mais de um ano que investimos numa estamparia digital, que está a funcionar em pleno. Nessa área estamos na linha da frente. Já a questão da fiação não está em cima da mesa. Usamos uma tão grande diversidade de fios - dezenas e dezenas de fios diferentes, desde o 8 até ao 220 - que seria impossível ter uma fiação que respondesse a todas as nossas necessidades.

Dizem que está tudo descoberto! A Lameirinho está a investir em técnicas e sistemas revolucionários que lhe vão permitir continuar a marcar a diferença?

Já sente a falta de técnicos especializados, nomeadamente de engenheiros têxteis? O que deveria ser feito para tornar a ITV mais apetecível para os nossos jovens?

Nós queremos sempre mais e melhor. Não temos perfil para nos acomodarmos. Estamos constantemente a sair da zona de conforto para melhorarmos os resultados. O linho era um material do passado que voltamos a pôr na moda ao dar-lhe um look e acabamento diferentes. Não estamos à espera dos inputs, dos nossos clientes, que, pelo contrário, habituaram-se a vir cá à procura de novas ideias.

A escassez de recursos humanos especializados não é de momento um problema dramático, mas já assume contornos preocupantes. A continuarem as coisas como estão, dentro de dez anos vai ser um problema muito sério. Não tenho dúvidas de que a indústria têxtil oferece aos jovens um conjunto de oportunidades muito atraentes. Mas não podemos ser nós sozinhos a fazer passar esta mensagem e a criar o desafio.


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Janeiro 2016

X A MINHA EMPRESA

E VIVA LA ESPAÑA! Principais destinos das exportações da ITV nos 10 primeiros meses de 2015

Por: Isabel Cristina Costa

Crispim Abreu

Bartolomeu, Serzedelo 4765-918 Riba de Ave

Produto Malhas circulares para vestuário e têxteis-lar Marca Própria Casa Soft Marcas de Clientes Zara, El Corte Inglès, Balmain, Sprit, Façonable, Sita Murt, Bimba & Lola, Carolina Herrera, Hoss Intropia, Oysho, Massimo Dutti, Agatha Ruiz de La Prada e Miguel Vieira Júnior, entre outras Lojas Próprias Agatha Ruiz de La Prada no Aviz (Porto) e outlet de fábrica (abre na primavera) Lojas Multimarca Centro Comercial Brasília (Porto) e Rua Braancamp (Lisboa) Trabalhadores 200 Faturação 22 milhões de euros

TIENDA DO FUTURO ABRE A PORTA EM VIGO O Centro Demonstrador Tienda del Futuro abriu as portas em Vigo, numa iniciativa do Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Galiza-Norte de Portugal (GNP AECT), com o apoio da ATP e da Confederação das Indústrias Têxteis da Galiza (COINTEGA). Instalado na sede desta confederação, o centro reproduz todo o ecossistema do negócio da moda, desde a fabricação à venda, testando também soluções tecnológicas. “É mais uma ferramenta ao serviço dos empresários do Norte de Portugal, onde se concentra a produção, e da Galiza mais virada para a comercialização do têxtil e vestuário”. explica Maria Geraldes, diretora do GNP AECT.

Virginia Abreu gosta de trabalhar com a Inditex

“GOSTARÍAMOS QUE AS EMBAIXADAS TRABALHASSEM DIRETAMENTE COM AS ASSOCIAÇÕES DO SETOR NA PROMOÇÃO DOS NOSSOS PRODUTOS NO ESTRANGEIRO” Ricardo Silva CEO do grupo Lasa, ao Expresso

Virgínia Abreu, que com o marido Crispim fundou a empresa Crispim Abreu, em 1981, no berço da têxtil nacional (Serzedelo - Riba d'Ave), é uma mulher de armas. Tem a empresa em obras, melhorando o espaço de trabalho e a construir uma loja outlet de fábrica, que abre na primavera, continua a produzir em larga escala para o grupo Inditex (dono da Zara, Massimo Dutti, Pull and Bear, Oysho, Bershka e Stradivarius, entre outras marcas), gere uma loja própria no Porto sob a marca Agatha Ruiz de La Prada e ainda foi arranjar tempo para se dedicar à marca Miguel Vieira Júnior. O estilista de São João da Madeira desenha e a Crispim Abreu produz e comercializa. Ao longo de 34 anos de atividade, a Crispim Abreu foi-se modernizando e hoje continua a ter como grande vantagem competitiva a capacidade de resposta rápida tanto em termos de volume de produção como em termos de especificações técnicas dos produtos. Virgínia Abreu, que já tem os dois filhos a trabalhar na empresa, revela: “Estamos sempre a dar passos no sentido de sermos os melhores”. Para a empresária, e jurista de formação, um caminho de sucesso “só é possível quando se faz uma aposta clara na qualidade, imagem e conforto”. Logo, estar presente em feiras internacionais é obriga-

tório. Com a Casa Soft, nos têxteis-lar, Agatha Ruiz de La Prada e Miguel Vieira Júnior na roupa de criança, e a Crispim Abreu nos jerseys, a empresa de Riba d'Ave expõe na Heimtextil, na Alemanha, na Pitti Bimbo, em Itália, na Fimi, em Espanha, na Première Vision, em França, na Bubble, no Reino Unido e na Texworld, nos Estados Unidos. Virgínia Abreu diz gostar de trabalhar com todos os clientes, mas tem uma afinidade grande com o grupo galego Inditex, para onde se desloca todas as semanas. “É muito fácil trabalhar com a Inditex. A Crispim Abreu deve ser a fornecedora portuguesa mais antiga, temos uma relação com mais de 30 anos. Amancio Ortega é um líder carismático, low profile, um gestor hands on e é uma inspiração para todos quantos trabalham com ele”, diz quem sabe. Quanto ao futuro do negócio, passa por continuar a posicionar a empresa nos produtos de qualidade. E chegar ao mercado com novidades primeiro do que os outros. Bem resolvida está a questão da sucessão familiar, uma vez que os filhos Crispim, 30 anos, e João, 27 anos, decidiram trabalhar na empresa com os pais e “fazem um pouco de tudo, têm múltiplas funções”, independentemente da formação de cada um (o mais velho em Design e o mais novo em Economia).

PCP QUER MANTER FÁBRICA DA TRIUMPH Bernardino Soares, o presidente comunista da Câmara de Loures, juntou a sua voz à do Sindicato dos Têxteis, Lanifícios e Vestuário do Sul que está em luta contra o encerramento da fábrica da Triumph International, que emprega 530 trabalhadores em Loures. Os alemães da Triumph anunciaram a intenção de fechar a fábrica se não a conseguirem vender.



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FEIRAS

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A AGENDA DAS FEIRAS

Janeiro 2016

CHILDREN’S CLUB

Indústria Têxtil, LASA, Luzmonte Armando da Silva

10 a 12 janeiro – Nova Iorque

Antunes, MoreTextile Group, Neiper Home, Pereira

Beppi, Chua, Dr. Kid, Piecola Speranza

da Cunha, Piubelle - Conf. Indústria e Comércio, SAMPEDRO - Empresa Industrial Sampedro, Sorema

PITTI UOMO

- Premium European Home Living, Têxteis Evaristo

12 a 15 janeiro – Florença

Sampaio, Têxteis J.F. Almeida, Têxteis Penedo,

Dielmar

Valentini Bianco by Pereira & Freitas, Villafelpos Comércio e Indústria Têxtil.

HEIMTEXTIL 12 a 15 janeiro – Frankfurt

THE LONDON TEXTILE FAIR

AMR , António Salgado, BOMDIA - Fábrica de Tecidos

13 a 14 janeiro – Londres

de Viúva de Carlos da Silva Areias, BOVI, Carvalho -

Burel Factory, Eurobotónia, Familitex, Fitecom, Gier-

Fábrica de Tecidos do Carvalho, Docofil - Sociedade

lings Velpor, Idepa, Imprimis by Gulbena, J&F - João

Têxtil, Domingos de Sousa & Filhos, Estamparia

& Feliciano, Lemar , Lurdes Sampaio, M.M.R.A, NGS

Têxtil Adalberto, Felpinter - Indústrias Têxteis, HERO,

Malhas, QuickCode, Riopele, Teviz By Polopique, Tex-

INUP - Têxteis, J. Pereira Fernandes II, Lameirinho -

ser, TMG Kniting,TMG Textiles, Troficolor, Vilarinho.

ESTAR NA HEIMTEXTIL EM BUSCA DA FELICIDADE

“ESTA FEIRA É UMA MONTRA EXCLUSIVA. É NELA QUE APRESENTAMOS A NOSSA COLEÇÃO ANUAL E AS NOVIDADES PARA 2016” Carlos Gonçalves Administrador da BOMDIA

“ESTE ANO TEMOS DOIS GRANDES TEMAS, UM MAIS SÓBRIO E MINIMALISTA, E OUTRO MAIS COLORIDO E ÉTNICO” Margarida Machado Designer da Sampedro Pires de Lima esteve na Heimtextil 2015. Este ano é a vez do seu sucessor, Caldeira Cabral, e o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos

A participação portuguesa na maior feira mundial de têxteis-lar sempre foi poderosa e em Frankfurt não será diferente este mês. Chama-se Well-being a próxima edição da Heimtextil e o bem-estar traduz-se em felicidade, saúde e sucesso. À espera de tudo isso, até porque é Ano Novo, estão 72 empresas portuguesas. “A nossa presença é obrigatória na Heimtextil. Sempre fizemos questão de expor nesta feira, o que acontece desde sempre, penso que há mais de 30 anos consecutivos. Iniciámos com um stand de pouco mais de 8 m2 e neste momento estamos num dos halls de topo, o hall 11.0. Isto também reflete a nossa evolução e aposta ao longo dos anos no reconhecimento da nossa marca BOMDIA, como uma das mais importantes e prestigiadas neste setor”, adianta Carlos Gonçalves, administrador da BOMDIA – Fábrica de Tecidos de Viúva de Carlos da Silva Areias & Cia, SA. Quanto a expetativas, Carlos Gonçalves diz que têm que ser as melhores, por causa da dimensão da feira e da qualidade

do made in Portugal. “Esta feira é uma montra exclusiva e o facto de a selecionarmos para a apresentação da nossa coleção anual e das novidades para esse ano, demonstra claramente que continua a ser imprescindível, consolidando assim os nossos produtos e a nossa marca a nível internacional”. Já Laura Carvalho, Diretora de Produto da BOMDIA, evidencia a aposta em artigos que combinam a funcionalidade, o conforto, mas também a inovação e a diferenciação, tendo sempre presente a qualidade de excelência. “Estamos em constante acompanhamento das tendências e da procura dos mercados, que apostam cada vez mais nestes fatores (inovação e diferenciação) e é por aí que nos tentamos distinguir e superar. A BOMDIA já é reconhecida pela técnica, design, modernidade e pela alta qualidade dos seus produtos. Nunca podemos esquecer as principais características de uma toalha de banho, que são a absorção e a suavidade. Se ainda conseguirmos

adicionar na técnica, no design e nas cores, elementos surpreendentes e inesperados, então estamos no caminho certo. E é isso que a BOMDIA tem vindo a conseguir de ano para ano”, argumenta. Nas propostas da Sampedro, diversidade é a palavra de ordem. “Este ano temos dois grandes temas, um mais sóbrio e minimalista, e outro mais colorido e étnico”, revela Margarida Machado, designer da empresa vimaranense. Como se de um “chalet urbano” se tratasse, reinam as matérias-primas naturais (estopa, linho e algodão) e florais de vários géneros, mini-motivos e riscas variadas em fios tintos. Já a PiuBelle tem para apresentar “dois conceitos principais, explorados em dueto, sempre em sintonia com os sentidos. Um conceito mais orgânico, e botânico, em dueto contrastante com o Craft as Luxury de brilhos e metálicos. Um outro conceito mais soft e minimal (protetivo), em dueto contrastante com o Energise, de exploração e explosão visual», explica Alexandra Silva, Sales Assistant da empresa da Maia.

“VAMOS APRESENTAR DOIS CONCEITOS PRINCIPAIS, EXPLORADOS EM DUETO, SEMPRE EM SINTONIA COM OS SENTIDOS” Alexandra Silva Sales assistant da Piubelle


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BERLIN FASHION WEEK

Lee Cooper Kids, Ponto por Ponto, MRolo, Bennie,

SIL

Sak Project, Sidónio Intimo, Slow Image, Sonicarla,

19 a 21 janeiro – Berlim

Beppi, Lion of Porches

23 a 25 janeiro – Paris

Têxtil Ribeiro e Verstraete, Tintex

Dielmar, Koll3kt

Collove, Iora Lingerie MAISON&OBJECT

COLOMBIATEX

PV NEW YORK

22 a 26 janeiro – Paris

PLAYTIME PARIS

26 a 28 janeiro – Medellin

19 a 20 janeiro – Nova Iorque

AMR, Burel Factory, Castelbel, Filipe Nogueira, Isa-

24 a 26 janeiro – Paris

Natcal, Ribera, Vilamoura, Jalima Malhas

Albano Morgado, Lemar, Orfama, Sidonios Malhas,

dora, Laboratório d’Estórias, Lona, Maria Portugal

Piupiuchick, Wolf and Rita, Knot, Sissonne

Teviz By Polopique

Terracota, Lasa Home, Têxteis Iris, Têxteis Lar S. José, TMCollection

NY NOW ISPO

31 janeiro a 3 fevereiro – Nova Iorque

24 a 27 janeiro – Munique

3 Dcork, AMR, Burel Factory, Carapau Portuguese

21 a 23 janeiro – Florença

WHO’S NEXT

A. Sampaio, Berg Outdoor, Botton, CeNTI, CITEVE,

Products, M O S Portugal, Mèzë Mediterraneum

Chua, DOT Delicate Baby Clothes, Dr. Kid, Girandola,

22 a 25 janeiro – Paris

Damel, DKT, Dune Blue, Faria da Costa, Fiorima,

Knot

Ana Sousa, Babashdesign, Concreto, Kalisson/Ba-

Fitexar, Fitor, A Fiuza & Irmão, Garbo, Heliotêxtil,

BUBBLE

goraz, Luis Buchinho, Maloka, Pé de Chumbo, SMF,

INC Brand, JOAPS Malhas, Linolito, Lipaco, LMA,

31 janeiro a 1 fevereiro – Londres

TM Collection

Lurdes Sampaio, Malhas CEF, Manifesto Moda,

Chua, DOT, Dr. Kid, Knot, Vandoma

PITTI BIMBO

FIMI 22 a 24 janeiro – Madrid

MyLegs, Nordstark Apparel, P&R Têxteis, Playway,

MARGARET THATCHER DETESTAVA CALÇAS Margaret Thatcher detestava calças. A única vez que vestiu umas foi para descer a uma mina, revelou Cynthia Crawford, que foi sua assistente pessoal. Filha de uma costureira e de um lojista, a Dama de Ferro tinha um fraco por veludo, botões e sapatos de salto alto. Durante as viagens, gostava que a cor dos vestidos representasse uma mensagem: na Polónia, o verde que representava a esperança, em Israel, vestidos azul celeste e branco, como a bandeira. Já as bolsas deveriam ser suficientemente grandes para conter pó de arroz, um batom, um pente e um pequeno caderno com uma caneta ou uma folha de tamanho A4.

“PORTUGAL É UM PAÍS ABENÇOADO MAS É DEMASIADO PEQUENO PARA AS EMPRESAS. É OBRIGATÓRIO INTERNACIONALIZAR”

UM JARDIM DE SONHO Vestir a casa para a próxima estação Primavera/Verão 2016 implica flores, muitas. Quem é diz são 25 marcas portuguesas que levam o Dream Garden à Heimtextil através do Fórum de Tendências The Portuguese Home Tex’Style, uma iniciativa promovida pela Associação Selectiva Moda no âmbito do projeto de internacionalização From Portugal. “Num mundo em crise e inseguro as pessoas mantêm a capacidade de sonhar, focalizam-se em novos equilíbrios, que gerem bem-estar. A felicidade é o desafio de ontem, de hoje, do futuro. Não há nada de errado em querer ser feliz”, sublinha Dolores Gouveia, consultora em Tendências, Design e Marketing de Moda. Dolores também é responsável pelo Fórum de Tendências e o que vai mostrar aos visitantes da primeira edição de 2016 da maior

feira do mundo de têxteis-lar é “um espaço poético, minimal, mas sensorial, com quatro temas de moda da estação 2016/17 direcionados a “4 personagens”: The Introspective, The Spontaneous; The Exhibicionist; The Dramatic. “Neste espaço vamos expor o melhor da oferta nacional contextualizada pelas tendências de moda globais. A nossa visão é enviada antecipadamente aos expositores para que disponibilizem uma pré-seleção de artigo correspondente aos pontos-chave da estação”, explica. E no que deram esses “4 personagens” em termos de cor, materiais e superfícies? Bem, ficamos a saber que The Introspective significa tonalidades de brancos e neutros pálidos, levemente tingidos que se associam a cores mais enubladas, a prata e ouro esbranquiçados. Os ma-

teriais são granulados ou, pelo contrário, de toque aveludado e com volume. Já os The Spontaneous optam pelos verdes de diferentes nuances, em tons de madeira e terracota, em azuis pigmentados. Valorizam os materiais orgânicos e reciclados, as texturas craft e com superfícies controladamente irregulares. No caso dos The Exhibicionist reinam vivos retro e cores elétricas, composições geométricas e abstratas, com padrões 3D. A escolha recai sobre os metalizados e brilhos intensos. Por último, os The Dramatic rimam com tonalidades sombrias, mas também de cores ricas e profundas. O destaque vai para os vermelhos voluptuosos e para os purpuras enigmáticos, que se traduzem em jacquards, sedas, cetins e veludos com muito brilho e aspetos envernizados.

António Paraíso, consultor, na sessão Batalha criativa promovida pela CM de Famalicão

QUE PAÍS TRAZ CONSIGO? OLHE PARA A ETIQUETA “Quais são os mapas das nossas gavetas e armário? Qual é o mapa desenhado pela indústria têxtil, pela globalização, capitalismo ou precariedade laboral? Qual é o mapa do nosso dia de hoje?”. A artista plástica Constança Saraiva, que vive em Roterdão, desafia-nos a olhar para a etiqueta das nossas roupas e explica como surgiu esta proposta de cartografarmos os armários: “Eu própria comecei a colecionar as minhas etiquetas e foi uma vergonha. Tinha muitas da Polónia, Marrocos, Turquia, Índia, Bangladesh e China”.

400 milhões de calças de ganga são vendidas anualmente na Europa. Em média, cada adulto tem cinco jeans


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Janeiro 2016

X DE PORTA ABERTA Por: Isabel Cristina Costa

I Love Textile

HELDER MUDA DE POSIÇÃO MAS NÃO DE CLUBE Helder Rosendo é a partir do início do ano o novo diretor-geral da PR Têxteis. “Entendi que era altura de renovar objetivos, motivações e desafios e é esse o espírito que me guia, nesta mudança profissional”, explica o ex-diretor geral do CITEVE no email de agradecimento às pessoas com que trabalhou no centro tecnológico da ITV.

Praça D. Filipa de Lencastre, 103 Porto

Lojas 2 (física e online) Trabalhadores 10 Marca Própria I Love Textile Clientes Mais de 50 mil Produção 160 almofadas por dia Fábrica Vila Nova de Famalicão

A ESTES JEANS SÓ LHES FALTA FALAR Miguel Carvalho, investigador e professor de Engenharia Têxtil na U. Minho, desenvolveu umas calças de ganga que se adaptam ao movimento, reduzindo a pressão e temperatura ao sentar, eliminando riscos de saúde e aumentando o conforto de quem as usa. Após cinco anos a apurar a tecnologia das Fyt Jeans, em parceria com o médico Elazer Edelman (diretor de Centro de Engenharia Biomédica do MIT e do Centro de Ciências da Saúde e Tecnologia da Harvard Medical School), Miguel Carvalho lançou no Kickstart uma campanha de crowdfunding para financiar o início de produção do modelo, que já está patenteado.

Foi você que pediu um expert em almofadas? I Love Textile é o nome de uma nova loja que abriu no coração da Baixa do Porto e, consequentemente, a materialização de um projeto que surgiu inicialmente, e apenas, como um novo conceito de boutique online. Um dos promotores é Miguel Ferreira, expert em almofadas de autor, que explica: “Todos os meses introduzimos dois novos criadores, o que dá em média cerca de 50 novos padrões Home decor e outros tantos Lifestyle (bolsas para ipads, McBooks e PC Laptops), para imprimir dinâmica à loja online”. A loja física está aberta há poucas semanas. Os mais de 50 mil clientes foram conquistados pela loja online. São oriundos principalmente de Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, Holanda e Inglaterra. “A nossa ambição é ser global. Primeiro queremos consolidar o mercado doméstico e o europeu, depois ainda há muito mundo. A China não faz parte dos planos por causa do shipping”, frisa Miguel Ferreira, fundador e acionista da I Love Textile com 30% do capital (70% estão na mãos de um business angel). O consumidor final representa 35% das vendas, o grosso é conseguido via corporate (empresas). Para já, a I Love Textile conta com uma loja própria no Porto e do plano de novas aberturas não faz parte o recurso ao franchising. Outro canal de vendas são as lojas multimarca, estando a marca

por esta via também em Lisboa, Faro, Funchal e Londres. “Queremos ser conhecidos pelas almofadas únicas e dar a melhor opção de escolha diversificando em termos de tamanho e fisionomia das almofadas”, sustenta Miguel Ferreira, que trabalhou durante 14 anos como comercial na LMA, empresa de malhas de Santo Tirso. As imagens das almofadas decorativas da I Love Textile têm a assinatura de artistas nacionais (Márcia Nazareth, Ana Oliveira, Victor Paixão, Cristina Ferreira, Vanessa Teodoro e a jovem Beatriz Braga, por exemplo) e estrangeiros (Ash Kumar, Berni Raeside, Ron Daly e Sarah Elson, entre outros). O preço médio de uma almofada é de 30 euros, sendo que a almofada mais cara ultrapassa os 100 euros - tem cristais Swarovski e o desenho do inglês Ash Kumar. Além disso, também existe a coleção da Fundação Infantil Ronald MacDonald (uma percentagem das vendas destas almofadas remete a favor da causa). “É tudo fabrico próprio. Atualmente saem 160 almofadas por dia da nossa fábrica em Famalicão. É lá que está toda a tecnologia de impressão digital, modelagem e confeção, embalagem e logística. Trabalhamos com tecidos de excelente qualidade, comprados em Portugal e pela Europa fora, que além de bonitos são anti-fogo e anti-bacterianos”, sublinha.

"A DIFERENÇA ENTRE A ATP E AS OUTRAS ASSOCIAÇÕES DO SETOR É QUE REPRESENTA A FILEIRA TODA. NÃO É UMA REPRESENTAÇÃO SEGMENTADA, É UMA REPRESENTAÇÃO COMPLETA DA FILEIRA E TEM CONDIÇÕES PARA AGREGAR TODA A REPRESENTAÇÃO DO SETOR TÊXTIL DE VESTUÁRIO, ASSIM OUTRAS ORGANIZAÇÕES O DESEJASSEM”. João Costa, presidente da ATP, à Vida Económica

DRESS OF THE YEAR É AZUL ELÈTRICO Um coordenado de duas peças - um casaco estruturado e umas calças oversized, em tom azul elétrico - do designer britânico Craig Green, 29 anos, foi eleito Dress of the Year pelo Fashion Museum de Bath, Inglaterra. Foi a primeira vez em 50 anos que a distinção recaiu sobre um coordenado masculino.


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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel

Sandra Ventura Diretora de Inovação da Têxteis Penedo Familia Casada, não tem filhos Formação Licenciada em Química, pela Fac. de Ciências da UP, onde fez o mestrado em Química Científica. Está a fazer o doutoramento na área de Engenharia Têxtil na UMinho Casa Vivenda em Fraião, Braga Carro Mini Cooper e dois 2CV Portátil Sony Vaio Telemóvel iPhone 6 Hobbies Gosta de passear, ler, ouvir música e ir ao ginásio, mas sobra-lhe pouco tempo livre Férias Nas últimas, andou pela Grécia, entre Santorini e Creta Regra de ouro Dizem que sou perfecionista, porque gosto de fazer as coisas direitinhas

A versão feminina e melhorada do professor Pardal

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Janeiro 2016

Cortinados em que basta carregar num botão para surgir neles a figura iluminada de um pinguim ou do Tio Patinhas? Um fio com incorporação de cortiça que permite fabricar tecidos com as propriedades isolantes do produto natural que é um ex-libris de Portugal? Um cobertor inteligente que dá mais calor às partes mais frias do nosso corpo? Uma toalha de mesa onde entornar vinho ou o molho não é um drama, pois é só passar um pano húmido e fica como nova? Reposteiros que absorvem os raios solares, aquecem a sala se está frio, ou arrefecem-na se está calor, diminuindo assim a conta da energia? Sandra Ventura, 37 anos, é o denominador comum a estas cinco magias, que desenvolveu em parceria com o CITEVE (onde está residente) e o CeNTI. “Estou sempre a pensar no que se pode inventar”, conta a diretora de Inovação da Têxteis Penedo, nascida em Braga, filha de uma professora primária e de um ribatejano piloto da Força Aérea, e que ganhou os seus primeiros dinheiros com 18 anos, nas férias grandes, a trabalhar numa loja Undercolors da Benetton. Em casa todos queriam que ela fosse professora, para perpetuar uma tradição das mulheres da família. A mãe, a tia e a avó paterna tinham sido professoras, mas ela quis fugir a esse destino. Passou em revista as saídas possíveis, eliminou Medicina porque não podia ver sangue, e concluiu que quando fosse grande queria ser “uma cientista maluca”. Na ausência de uma faculdade vocacionada para formar cientistas malucos, Sandra matriculou-se em Química e mudou-se para o Porto, instalando-se num apartamento alugado na 5 de Outubro que lhe dava para ir para as aulas a pé. O curso e ela não foram um caso de amor à primeira vista. “Era muito puxado. Bem mais duro e exigente do que eu estava à espera”, explica Sandra, que em 2004, no final da licenciatura, percebeu logo por experiência própria que as bolsas de mestrado e doutoramento não abundavam, e apostou no TVC Formar, um projeto de nanotecnologia e novos materiais, promovido pelo CITEVE, que compreendia seis meses de formação e 18 meses de estágio em empresa. O estágio, na Têxtil Alberto Sousa (fábrica de acabamentos e tinturaria das Taipas), correu bem e mal, dependendo do ponto de vista. Bem, porque Sandra trabalhou em dois acabamentos, um tecido easy clean e um outro retardador da propagação de chama. Mal, porque a empresa fechou as portas dois meses antes dela esgotar o tempo de estágio. Apesar dos acidentes de percurso, Sandra foi fazendo o seu caminho académico e empresarial, que a levou da Química até à Engenharia Têxtil. Em Abril de 2010, respondeu a um anúncio e foi parar à Têxteis Penedo, o último passo para a concretização do seu sonho de criança de ser “cientista maluca”, uma versão feminina do professor Pardal (o inventor mais famoso de Patópolis) - e melhorada, porque ao contrário do que acontece com a personagem do Walt Disney as invenções dela funcionam, apesar dela não usar um chapéu pensador.


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Janeiro 2016

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CAMISOLA DE LÃ POVEIRA NO MUSEU DE ETNOLOGIA

O MEU PRODUTO Por: Isabel Cristina Costa

Tecido self cleaning

CeNTI - Centro de Nanotecnologia, Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes Vila Nova de Famalicão

O que faz? Tem a capacidade de degradar a sujidade através da exposição à radiação solar ou a uma fonte de luz ultravioleta Patente 2014-1000074768 Aplicações Desde não têxteis (painéis solares e artigos para instalações sanitárias e hospitalares) a têxteis (têxteislar, vestuário e têxteis para mobiliário e setor automóvel, como, por exemplo, estofos de assento) Prémio Future Material Awards na categoria Best Innovation-Mobile Textiles, na ITMA 2015

A camisola de pescador poveira é a estrela da exposição “Da matéria aos usos: as malhas de lã da Póvoa” que está patente ao público no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa, desde 5 de dezembro. A exposição compreende uma seleção de peças de vestuário em lã, confecionadas na Póvoa de Varzim para a comunidade piscatória local.

0,6 % foi a taxa de inflação no final dos onze primeiros meses de 2015. Em novembro, os preços de vestuário e calçado recuaram 1,7%, uma queda superior aos 0,9% registados em outubro.

“A IMPORTÂNCIA DOS CURSOS TÊXTEIS NA ECONOMIA NACIONAL REAFIRMA O TÊXTIL COMO SETOR ESTRATÉGICO QUE INTEGRA NOVAS TECNOLOGIAS” Domingos Bragança, presidente da CM de Guimarães

O segredo está no tecido se limpar a ele próprio Os tecidos self-cleaning sabem a prémio, que o diga o CeNTI, que acaba de ser premiado pela ITMA com o Future Materials Awards na categoria Best Innovation - Mobile Textiles. Esta inovação possibilitou o registo de uma patente (2014-1000074768) Processo de Obtenção de Estruturas Auto Limpantes relativo ao desenvolvimento de nanopartículas com propriedades self-cleaning e respetivos dispositivos para o tratamento fotocatalítico. Self-cleaning significa ter a capacidade de degradar a sujidade através da exposição à radiação solar ou a uma fonte de luz ultravioleta, com uma eficiência que depende diretamente da natureza dos próprios resíduos. Para além desta ação, o carácter superhidrofílico deste tipo de tecidos favorece o rápido e completo espalhamento das gotas de água depositadas,

auxiliando o processo de limpeza. Evidentes parecem ser também os benefícios económicos e ecológicos, e pelo enorme potencial de aplicação. Porque as superfícies com capacidade self-cleaning permitem reduzir substancialmente as ações de limpeza, pois dispensam a utilização de água e produtos químicos, permitindo assim, uma diminuição de custos e o aumento da durabilidade dos materiais. Pelo facto de estas superfícies poderem degradar a matéria orgânica depositada à sua superfície, possuem também propriedades antimicrobianas, tendo a capacidade de eliminar bactérias e micro-organismos causadores de doenças, e ainda propriedades desodorizantes, contribuindo assim para a remoção de odores desagradáveis tais como suor, tabaco e outros contaminantes orgânicos. O desenvolvimento de super-

fícies com propriedades self-cleaning tem de ser efetuado com o enfoque na manutenção das propriedades intrínsecas do substrato, que o definem como ideal para a aplicação alvo (como sejam o aspeto, a cor, o toque, a respirabilidade, entre outros). Paralelamente, é essencial assegurar a solidez à lavagem e a resistência ao uso do revestimento em questão. O processo inovador desenvolvido pelo CeNTI permitiu obter substratos com propriedades self-cleaning, mantendo as características do substrato inicial inalteradas e uma elevada resistência à solidez e abrasão. A inovação foi possível através da combinação adequada de nanopartículas de sílica com dióxido de titânio e de um processo inovador de aplicação que permite a proteção do substrato de base e a permanência dos nanomateriais mesmo após diversas lavagens.

MICAELA OLIVEIRA, ROSELYN SILVA E MIGUEL VIEIRA EM MAPUTO Micaela Oliveira, Roselyn Silva e Miguel Vieira foram os três criadores portugueses de moda que, no âmbito do Portugal Fashion, apresentaram as suas propostas na Mozambique Fashion Week, que se realizou em dezembro no Polana Serena Hotel, em Maputo. “A Mozambique Fashion Week é um dos mais importantes certames do continente africano e representa a materialização de um novo drive no roteiro internacional do Portugal Fashion”, explicou João Rafael Koehler, presidente da ANJE.

FRANCISCA PERÉZ DÁ A CARA PELA INTIMISSIMI Francisca Von Hafe Peréz (Best Models) declara-se “radiante e muito entusiasmada” por ter sido escolhida pela Intimissimi como embaixadora da marca. A portuense foi nomeada para o Globo de Ouro de Melhor Modelo Feminino 2015.


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OPINIÃO 2004

Paulo Vaz Diretor Geral da ATP e Editor do T

A ITV ESTÁ ENTRE OS NOVOS CISNES

TODOS JUNTOS CONTRA A INVASÃO CHINESA Momento histórico a 22 de dezembro de 2004. Todos os parceiros sociais da têxtil, vestuário e calçado, assinam, na sede da ATP, uma petição ao Governo e à Comissão Europeia denunciando a liberalização desregulada dos mercados e a entrada da China na OMC, cujas práticas violam gravemente os mais elementares princípios de comércio internacional. Na foto, além de Paulo Nunes de Almeida (o então presidente da ATP), os presidentes da APICCAPS (Fortunato Frederico), ANIVEC/APIV (Orlando Lopes da Cunha) e AICR (Lurdes Gramaxo), pela parte patronal, bem como o coordenador da FESETE/CGTP (Manuel Freitas), e o secretário-geral do SINDETEX/UGT (António Carranca), pela parte sindical.

O início de um ano é um momento de renovação de energias e de esperança. Feito o balanço do tempo anterior, aprendidas as lições com o que correu bem, mas, sobretudo, com o que correu menos bem. O setor têxtil e vestuário tem vivido, nos últimos anos, tempos mais distendidos. O crescimento sustentado das exportações ilustram bem esta realidade e até o crescimento do emprego, pela primeira vez em 25 anos, dá nota de um tempo melhor e mais promissor. Só o investimento, tão desejado, não acompanha a mesma dinâmica, mais por razões de natureza interna do país, cuja situação política e económica, não tem conferido a necessária estabilidade e confiança, indispensável para empreendedores se permitam correr riscos calculados. Seja como for, apesar da incerteza em que vivemos e das ameaças que se multiplicam, incluindo à segurança, temos razões para continuar a acreditar que o setor têxtil e vestuário poderá ter condições para prosseguir uma rota de crescimento, aumentar produção e emprego, alargar mercados e incrementar exportações. A meta dos 5 mil milhões de euros de vendas ao exterior, projetada no Plano Estratégico da ATP, está cada vez mais próxima, podendo mesmo ser antecipada um par de anos face ao objetivo de 2020. Desta feita, realizada com metade das empresas e dos trabalhadores que tínhamos no início do século, quando ela foi atingida e constituiu um recorde que nunca mais foi batido. O ano de 2016, apesar de toda a incerteza e volatilidade com que vem rodeado, apresenta, contudo, alguns elementos que podem esperançar-nos: o Compete 2020 poderá entrar em rota de cruzeiro e fazer chegar, de forma continuada e fluída, os recursos financeiros indispensáveis a alavancar o investimento de que as empresas tanto carecem para garantir a sobrevivência futura, alguns mercados redescobrem Portugal como fornecedor de têxteis e vestuário de qualidade, como é o caso dos países nórdicos ou os Estados Unidos, substituindo com vantagem muitos emergentes, hoje em colapso económico, o que pode dinamizar ainda mais as exportações, estimulando igualmente novos empreendedores e novos profissionais a lançarem-se em projetos empresariais na fileira e relançarem o setor. O Têxtil e o Vestuário deixou de ser o “patinho feio” da economia portuguesa e está entre os novos “cisnes” que preenchem os discursos dos políticos e originam reportagens nos media. Há que saber agora aproveitar este novo momento para consolidar reputação e influência, não para beneficiarmos do reconhecimento que é legítimo, mas para assegurarmos que, por isso, temos garantida regeneração e perenidade que, até há bem pouco, parecia ameaçada! Bom ano!


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Braz Costa Diretor geral do Citeve

Ana Maria Ribeiro CEO AMR

INSPIREMO-NOS NO MODELO DA SUÉCIA

AINDA HÁ UM CAMINHO A PERCORRER

A noção de clusterização aplicada ao negócio têxtil faz, como em muitos outros setores, todo o sentido. Todavia, à exceção do nome, não constitui nada de novo em Portugal. Em contracorrente com muitos países europeus, Portugal mantém um setor multifacetado e integrado, não como fruto de nenhuma politica pública especial ou da visão de nenhum estratégia, outrossim negando os clichés que apelidam os seus empresários de individualistas e não capazes de cooperar. A ITV é um compósito de atividades complementares e integradas, palco de fortes relações cliente/fornecedor ou mesmo de cliente/fornecedor/cliente tão somente porque assim cresceu, assim se defendeu de ameaças, assim criou uma cultura forte. A ITV portuguesa é, portanto, um agregado económico fortemente clusterizado. Fará então sentido trabalhar a criação de um cluster têxtil? Ora, a meu ver faz. Faz todo o sentido clusterizar, se entendido o agregado económico como um que ultrapasse as tradicionais fronteiras da ITV (empresas, sistema cientifico e tecnológico especializado, associações, etc): retalho, atores relevantes na aplicação de têxteis técnicos, produtores de matérias primas, produtores de bens de equipamento,... Não resisto a dar conta de uma iniciativa vinda do norte da Europa: • A Suécia é um país com uma indústria têxtil diminuta, mas com uma atividade muito relevante no desenvolvimento de conceitos, no design e no retalho têxtil. • É um dos países com uma cultura da sustentabilidade mais apurada, muitas vezes espelhada na imagem de marca de empresas como IKEA ou Volvo. • A Suécia, tal como Portugal, tem uma gigante indústria de pasta e papel, por um lado muito dinamizada pela existência de um fortíssimo cluster florestal, fonte das mais inovadoras tecnologias na área, mas por outro a viver as ameaças da redução contínua do consumo de artigos de papel. • As empresas IKEA e H&M decidiram impulsionar a diminuição da dependência europeia das fibras de algodão essencialmente provenientes do espaço extracomunitário. Com esta ação, afirmaram pretender diminuir também o impacto ambiental da logística dos materiais têxteis através do globo. • Estas empresas juntaram-se à Södra (gigante da pasta e papel) e ao SWEREA (centro tecnológico homólogo do CITEVE) para desenvolver uma iniciativa de “interclusterização” com vista à criação da capacidade de produção de fibras de elevada qualidade com base em celulose na Europa (bem podemos ler ‘na Suécia’). • Ao mesmo tempo definiram metas para a redução do uso de fibras baseadas em petróleo nos seus produtos e o aumento da utilização de fibras de base celulósica. Ora cá está um excelente exemplo de clusterização. Que nos inspire!!!!

Não há dúvidas! O têxtil lar “made in Portugal” ocupa hoje um lugar de destaque no panorama internacional. Nos últimos anos a roupa de cama, banho e mesa produzida no nosso país tem conquistado o seu espaço um pouco por todo o mundo, e hoje em dia é bastante frequente encontrar informação destacada a realçar a procedência destes produtos portugueses como forma de promoção e diferenciação junto do consumidor final. Actualmente os têxteis-lar portugueses ocupam um lugar privilegiado nos segmentos mais elevados de mercado, a par com produtos e marcas conceituadas de países como Itália e França, tradicionalmente associados aos segmentos de luxo. Constata-se que são cada vez mais as empresas que apresentam propostas com elevada qualidade, desenhos refinados e elegantes, produzidos com técnicas inovadoras, matérias-primas de qualidade e enquadrados nas tendências de moda ditadas pelos especialistas de renome mundial. No entanto importa não esquecer o papel fundamental que tem hoje em dia a organização da empresa e a imagem que se transmite aos clientes nas relações comerciais entre ambos. Ao mesmo tempo que é gratificante constatar que os nossos têxteis lar gozam de um certo estatuto mundial ao nível de produto, é preciso ter bem presente que ainda há um caminho para percorrer nas questões organizacionais. Questões como o cumprimento escrupuloso de todas as condições estabelecidas na negociação devem ser incorporadas como uma mais-valia da empresa e que valorizam o produto. Mercados exigentes como a Austrália, Estados Unidos, Canadá entre muitos outros incorporam na tomada de decisão não só as características do produto e seu preço, mas também o cumprimento das condições negociais, prazos de resposta e o serviço prestado durante a negociação, fornecimento e no após-venda. Somos uns pais dos mais antigos do mundo e a nossa experiência com tecidos de algodão começou na Idade Média. Ao longo da nossa história temos sido permeáveis às diferentes culturas com as quais contactamos e temos sabido construir uma sociedade diversa, criativa e multicultural que sustenta a nossa criatividade, capacidade de trabalho e vontade de superação. Assim à herança portuguesa dos têxteis tradicionais devemos incorporar o design, a moda e a inovação mas também a organização, o rigor e um inesgotável espírito de conquista para que as oportunidades se possam transformar em negócios e os negócios em novas oportunidades.


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Katty gosta do Porto e de Tóquio, das bifanas da Conga, da canção “Grace” de Jeff Buckley, de Matisse, do filme “Cinema Paraíso”, de coleccionar lembranças de viagens, do FC Porto e de gelados de amêndoa, avelã e chocolate preto. Ter atitude é uma coisa que não dispensa - e como não sabe dizer que não aos amigos, aceitou todos os meses vestir uma figura pública para uma ocasião especial, em benefício do T e dos seus eleitores

João Soares vestido para ir à Ópera em Paris

A agenda de João Soares ficou bastante preenchida nestas festividades. Recém-nomeado para a pasta da Cultura, programou de imediato a agenda pessoal em modo de pesquisa para o seu novo cargo. O nosso novo ministro da Cultura elaborou um meticuloso plano de viagem que se estende pelas principais capitais culturais. A primeira escolha recai na cidade de Paris. Escolhida essencialmente pelos seus contrastes culturais. Famosa tanto pelo espírito boémio, como pelo luxo dramático da Ópera Francesa. Como a cultura muito nos toca. Todos nós, os colaboradores desta publicação aliamos esforços e na noite de Natal o T fez chegar um belo presente ao nosso novo representante cultural. Duas elegantes fatiotas feitas a preceito para esta primeira viagem. A primeira, num conceito bem discreto e boémio, pois sabemos que o nosso ministro da cultura ficará hospedado no lado esquerdo da margem do rio na Rive Gauche muito perto do despojado, mas famosíssimo hotel dos poetas o Beat Hotel. Neste sentido preparamos para ele um look discreto com toques de Beatnick. Um total look preto: calça justa em bombazine; camisola de gola alta e boina a condizer. A sua bagagem como escritor permite-lhe alguma coragem aventureira, por isso acreditamos que está prevista uma visita aos bastidores da Opéra Nacional de Paris. Na verdade, a ideia inicial seria misturar o nosso representante entre os figurantes. Mas nós acreditamos que o nosso ministro tem pose de verdadeiro tenor, por isso preparamos um look menos discreto, mas bastante elegante e vistoso. Uma blusa de seda com padrão riscado; um elegante rufo rendado e uma calça de veludo num tom púrpura escurecido que deixa espreitar uns garridos collants púrpura. Nas suas primeiras declarações João Soares prometeu «transformar a cultura num motor do desenvolvimento». Nós esperamos que esta pesquisa seja frutífera e que o ajude a encontrar as peças certas para montar o motor cultural.


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

O Cansêras Rua de Santiago, 347 Areias 4780-059 Santo Tirso

A MINHA SUSANA E O “MÊ” JORGE O Restaurante Cansêras serve a Norte o melhor da gastronomia alentejana. Esta é a estória de um ladrão de bicicletas que poderia não ter lugar no clássico filme de Vittorio de Sica, mas conquistou um lugar ao sol na restauração minhota. Usando e abusando desse truque magnífico, que é ser a excepção que confirma a regra! O Cansêras (lido assim com o sotaque típico) é o melhor restaurante alentejano que conheço... fora do Alentejo. Se isto já deve ser considerado um elogio, quero acrescentar que esta casa da Susana e do Jorge, no Lugar de Areias, entre Santo Tirso e Famalicão é mesmo um dos melhores restaurantes alentejanos que conheço no mundo... incluindo os que nunca abalaram de terra alentejana. Para perceber como é que um restaurante que nunca serve vinho verde nem rojões, nem papas de sarrabulho, tem sucesso no coração do Minho, é mesmo preciso que lá vão, porque qualquer coisa que eu aqui escrevesse sobre o que já lá provei, ia saber -me a pouco. Porque lá me soube a tanto e portanto, sabe-me sempre a pouco, mais ou menos como cantava o meu conterrâneo Sérgio Godinho. Já para perceberem o que faz um alentejano a vender comida (e também muito charme) no meio do Minho, posso dar uma ajuda, até porque me pelo por romances que se dão à volta da mesa. Um dia estava o Jorge posto em sossego no meio de Beja, quando lhe aparece no horizonte visual uma rapariga montada numa bela bicicleta, que ele viu logo que não era da terra, ou não iria a pedalar a meio de uma descida. A Susana, minhota a estudar em Beja, teve e tem pedalada que chegue para arrastar a asa e o resto deste alentejano para o seu Minho de nascença e deste casamento interregional nasceu o Cansêras. Já lá vão 13 anos, mas como aqui o tempo passa mais devagar, sem stress, até parece que foi ontem. Para abrir o apetite deixo aqui umas dicas de enfiada. Sopas de tomate com carne de porco alentejana, torresmos e enchidos. Migas à alentejana com entrecosto. Coelho à caçador. Ensopado de borrego. Bacalhau de coentrada. Bochechas de porco alentejano com batata doce. Sopa de cação. Claro que ainda há muito mais. Nem falei das entradas, onde há um presunto secreto, nem cheguei às sobremesas, mas ia cansar-me muito com isso. Sem falar da lista de vinhos, todos alentejanos, que já são mais de mil. Às tantas, deitar fora os que já não prestam, era uma cansêra e pêras! .


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SOUVENIRS

MALMEQUER Maria Antónia Portocarrero, 54 anos, é diretora da Bragaparques e responsável (entre outras coisas) pela abertura e gestão do Passeio dos Clérigos. Licenciada em Economia pela FEP, em 1985, debutou profissionalmente na área de centros comerciais da Sonae. Demorou-se apenas cinco anos no grupo de Belmiro de Azevedo, mas já leva 30 anos de carreira totalmente dedicada aos centros comerciais, num percurso curiosamente iniciado com o Clérigos Shopping que a trouxe até ao Passeio dos Clérigos, com escalas no Península, Shopping Cidade do Porto, o Campus São João (Porto), Braga Parque, Évora Shopping, Summerville (Algarve), etc, etc, etc...

Gosta

Não gosta

Viajar azul Açores nadar no mar voar viajar

Cinzento língua estufada iscas de fígado

jogar às cartas projetos desafios cocktails

pessoas indolentes cerveja pessoas

vinho verde branco Índia (Goa) crianças

complicadas cabelo curtos saias

fins-de-semana no campo Nikus (o meu

com sapatos sushi monotonia pessoas

cão, labrador) botas livros (romances)

que dizem que “vai chover” falsas

ouvir a minha filha cantar bom jantar

amizades o telefone sempre a tocar

com amigos monumentos arquitectura

trânsito mau gosto teimosia nortada

marketing trabalhar ousadia rádio no carro

conduzir com chuva cheiro a fumo de

fado concertos de verão das manhãs Lisboa

cigarro roxo comida picante pepino

maracujá Vespa jeans jogar à malha

moto de água

A T-SHIRT 77 DE VALTER CARVALHO O modelo, DJ, ator, apresentador e diretor da agência Glam Models, Valter Carvalho, tem atualmente como peça fetiche uma t-shirt com a etiqueta RBS. “É uma das peças que mais gosto porque tem as minhas duas cores preferidas, preta e dourada, e o número 77, que é alusivo ao meu ano de nascimento”, explica. Além disso, tem outro argumento de peso: “É uma peça de roupa que tanto posso usar num evento diurno como noturno”. Foi no papel de modelo carreira que iniciou em 1996 -, que Valter Carvalho se tornou famoso, tanto nas passarelas nacionais - Portugal Fashion e Moda Lisboa -, como internacionais: Paris, Milão, Londres e Madrid, entre outras. Durante quatro anos abriu os desfiles do criador espanhol Roberto Verino. E trabalhou para marcas de relevo mundial, como é o caso de Jean Paul Gualtier, Guess e Diesel. Também já vestiu a pele de ator e entrou nas telenovelas Laços de Sangue e Perfeito Coração, por exemplo, e de apresentador televisivo, no programa Guest List da TVI. Soma ainda participações em videoclips de Diego Miranda e de Boss AC, por exemplo. Valter Carvalho nasceu em Huambo, Angola, a 7 de maio de 1977. Veio viver para Portugal aos 6 anos. Os desfiles começaram por ser um hobbie, até porque tirou o curso de modelo “para ver raparigas giras”.



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