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ALBERTO FIGUEIREDO

ANA PAULA RAFAEL

Presidente Grupo Impetus CEO da Dielmar

“PRODUTOS TÉCNICOS P 12 A 14 COM MARCA "NO PRÓPRIA FUTURO SÃO O FUTURO” SÓ ERRAMOS P 12 A 14

SE FORMOS TOLOS"

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

PERGUNTA DO MÊS

ATÉ ONDE PODE IR O DENIM? P4A6

EMERGENTE

OS TRÊS NÓS QUE ALEXANDRA TEVE DE DESATAR P 25

FASHION FROM PORTUGAL

NÓS CRIAMOS E FABRICAMOS, O MUNDO VESTE P 10 “A crise acabou por ser positiva porque nos obrigou a mudar o comportamento. Diminuímos o endividamento, aumentamos a faturação e nunca paramos de investir”, explica Alberto Figueiredo

DOIS CAFÉS E A CONTA

CARMEN PINTO TROCOU AS AULAS PELA EXPORTAÇÃO P8 FOTO: RUI APOLINÁRIO



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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Joana Correia Economista de formação, prefere a criação de coleções e desenvolvimento de novos produtos, pela qual é responsável na Rio Sul. Nasceu e cresceu no Porto. Aos 18 anos, a par dos estudos, começou a trabalhar na empresa que os pais, quase por brincadeira, criaram quando ela tinha oito anos. Fã incondicional de um modo de vida e alimentação saudável e sustentável, é mãe de três filhos – Tiago de oito anos, Rodrigo de seis e Inês de um ano. Adora a praia mas não dispensa a neve

TEM A PALAVRA A IMAGEM

A Rio Sul ainda está na margem Norte do têxtil nacional? Sem dúvida! E estamos a trabalhar para que continue aí durante muitos anos.

agora na recuperação económica em Espanha. Enquanto nós ainda andamos meio torpes, sem saber bem qual é o nosso caminho, os espanhóis estão já mais confiantes, mais audazes, menos melindrados com o futuro.

O câmbio do dólar é a maior novidade do nosso têxtil-lar ou o design ainda vale mais? O câmbio ajuda. Mas o know-how, o design, a aposta na inovação valem muito mais! Ainda assim temos um longo caminho a percorrer para ter um design que nos diferencie ainda mais, porque o câmbio pode sempre mudar.

Um stand catita na Intergift vale o que custa, ou o que interessa é ter preços abaixo da concorrência? Um stand catita ajuda de facto, funciona como um cartão de visita. Queremos passar uma primeira impressão positiva, confiante, atual, de uma empresa parceira que quer construir uma relação sólida com os clientes. Mas isso não faz o trabalho todo! Interessa fazer um benchmarking que nos conduza na direção do que os consumidores procuram e precisam, onde o preço tem relevância mas não é a peça fundamental.

Uma empresa familiar é aquela onde o avô ainda mexe enquanto os netos não mexem, mas é a mãe que mexe os cordelinhos? As empresas familiares são a base da estrutura empresarial portuguesa, seguramente mexem todos os cordelinhos! E é bom ver empresas sólidas no mercado por onde já passaram várias gerações da mesma família, e no têxtil-lar temos vários bons exemplos. Espero que a Rio Sul siga esse caminho... O mercado espanhol é o irmão mais "gordo" do mercado nacional, ou é uma realidade mil vezes maior? Mil vezes maior! Porque não é só mais gordo, mas também mais rico e mais robusto que o nosso. Notamos isso

Vamos ver a Rio Sul brevemente nas feiras de Miami e Singapura? Na Rio Sul nunca quisemos dar o passo maior que a perna! Arriscar sim, mas com consciência. De nada adianta ir para várias frentes de batalha, estar presente em várias feiras, se antes não tivermos a certeza que conseguimos corresponder. Por isso, Miami e Singapura ainda não estão nos nossos planos! Os mercados mais próximos, quer em termos geográficos, quer em termos de gostos e hábitos, são aqueles por onde neste momento projetamos crescer.

Costumamos acreditar que uma imagem vale mais que mil palavras. Claro que esta relação de valor é apenas uma imagem, porque há palavras que valem mais que muitas imagens juntas. Até três simples letras, como ITV. Esta conhecida abreviatura da indústria têxtil e vestuário vale milhares de imagens de empresas bem sucedidas em Portugal, mas continua a precisar de investir na sua imagem. A ATP atenta às necessidades acaba de apresentar em pleno Portugal Fashion, que teremos dois anos de campanha de promoção sob o lema Fashion From Portugal. Dois anos de promoção externa concentrada em quatro mercados identificados como estratégicos para as exportações nacionais e três sub-setores: moda e marcas, private label e têxteis-lar. Investir na imagem significa aumentar a notoriedade internacional, ou seja conferir ao setor um valor acrescentado e as exportações das empresas lucrarão com isso. Não basta saber fazer (mesmo no alargado espectro que hoje esta frase representa), temos de saber comunicar, criando uma imagem consistente que represente os nossos valores, que trabalhe a diferenciação e que consiga transmitir a evolução que se verificou no setor. Temos uma boa herança, uma genética forte. Temos know–how e somos reconhecidos, como se vê pela curva ascendente das exportações. Nalguns casos, até somos dos melhores do mundo e fabricamos para os melhores. Estão criadas as condições para consolidar a imagem que o mundo tem de nós. Para criar uma necessidade acrescida que tem que ver com o desejo e glamour que só as marcas que investem em imagem conseguem.

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto

PROMOTOR

CO-FINANCIADO


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n PERGUNTA DO MÊS Por: Isabel Cristina Costa

ATÉ ONDE PODE IR O DENIM? Ninguém gosta de looks incómodos e o denim continua a ser um dos tecidos mais práticos do mundo. Intemporal, fascina designers e consumidores. Por ser versátil, permite uma quase infinita variedade de fits. E a tendência de hoje dita que quanto mais desgastado melhor e os rasgões e remates desfiados são obrigatórios. Nesta estação também se usam os printed jeans ou com patchwork e a cintura quer-se subida para realçar as curvas.

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e o objetivo da indústria têxtil e do vestuário portuguesa é exportar 5000 milhões de euros em 2018 (no ano passado vendeu ao exterior mais de 4,6 mil milhões de euros) e os têxteis técnicos e funcionais representam 20% do bolo (1000 milhões de euros), adivinha-se um futuro brilhante para a chamada têxtil de ponta. É que hoje, um tecido tanto pode acabar numas calças como nas asas de um avião. Aos jeans ou calças de ganga está associada a ideia de juventude e rebeldia. Além de que nunca saem de moda. E há para todos os gostos: Slim, push-up, push-in, com efeitos adelgaçantes e anti-celulite. A Salsa acaba de lançar o modelo Diva com características redutoras. Ora quem resiste à promessa do “usado regularmente melhora a suavidade da pele e reduz as imperfeições”? Afinal de contas até onde pode ir o denim? “Tudo depende da imaginação”, responde Carlos Serra, da Troficolor Têxteis. Ou como diz Marcos Coelho da Missimini, “tem um ca-

minho infinito a percorrer”. Quando se fala de denim makers em Portugal surge o nome Troficolor, que tem como sucesso de vendas os denims super elásticos e confortáveis. “E a Europa, apesar da crise, continua a ser o melhor mercado”, adianta Carlos Serra, general manager da empresa de Lousado (Famalicão). A Troficolor tem uma carteira com 400 clientes diretos e entre eles estão gigantes da moda a nível mundial, como é o caso de Armani, Max Mara, Ralph Lauren e Inditex. A exportação, direta e indiretamente, pesa 90% do seu volume de negócios, sendo os principais mercados Itália, Alemanha, França e Espanha. “Neste momento, o negócio do denim em Portugal vale o que exportação permite, pois o mercado interno em termos de consumo está muito debilitado”. Por isso, entende que o grande desafio que se coloca hoje a um fabricante de denim é o de exportar o máximo possível”, sustenta o empresário. Carlos Serra sabe bem que o denim, como qualquer outro tecido, está sujeito às oscilações do mercado, ao jogo da oferta/

procura, mas não só. “Às próprias tendências de moda, que também ficam condicionadas pela atitude do consumidor. Veja-se o exemplo das calças à boca-de-sino, ao tempo que estão para entrar no mercado e só agora o começam timidamente a fazer”, acrescenta. A Missimini também pertence ao rol de denim makers portugueses. Marcos Coelho, diretor financeiro e diretor comercial da empresa sediada em Vila das Aves, recorda que “há cerca de um ano, os mais entendidos na moda diziam que o denim, particularmente os jeans de senhora, estaria em queda, pois haveria uma procura mais concentrada para os vestidos de senhora, particularmente na coleção primavera/verão. No entanto, a nossa marca aumentou substancialmente as vendas dos jeans precisamente nesta coleção primavera/verão”. Este episódio só veio fortalecer ainda mais a ideia de que a imortalidade do denim está garantida. “Os fabricantes ou marcas de denim devem procurar produzir com a melhor qualidade possível ao preço mais competitivo que


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“O GRANDE DESAFIO QUE SE COLOCA HOJE A UM FABRICANTE DE DENIM É O DE EXPORTAR O MÁXIMO POSSÍVEL” Carlos Serra Troficolor

“SOMOS PROVAVELMENTE A ÚNICA MARCA QUE FAZ AS PRÓPRIAS APLICAÇÕES NO JEANS DENTRO DE FÁBRICA” Marcos Coelho Missimini

“ESTA ESTAÇÃO TEMOS A MISTURA DE DENIM COM MALHA. É UM MODELO SLIM, COM GANGAS MAIS LEVES E MACIAS” Silvério Pacheco Sacage Jeans

"GOSTAVA QUE NO MUNDO INTEIRO SE FALASSE DA SALSA E AS PESSOAS ASSOCIASSEM LOGO AO DENIM, COMO ACONTECE COM A LEVI'S” Filipe Vila-Nova Salsa

puderem praticar. Felizmente, a Missimini não tem concorrência em Portugal, a nossa concorrência é italiana, que pratica preços entre 80% a 120% mais elevados do que os nossos”, atira. Agora, a pergunta que se coloca é: Como se faz então a diferenciação? “Procuramos comprar o denim em grandes quantidades para usufruir de um preço competitivo, ou seja, a melhor qualidade possível ao melhor preço possível”, responde Marcos Coelho. Os jeans da Missimini primam pelo detalhe e pormenor diferenciadores. “Somos provavelmente a única marca que faz as próprias aplicações nos jeans dentro de fábrica. Fazíamos fora, nos ditos aplicadores, mas éramos constantemente copiados, assim resolvemos a questão de eventual cópia das aplicações nos jeans. Quando a Missimini abre nova coleção é novidade para todo o mercado, porque a designer da marca, Cristina Carvalho (esposa de Marcos Coelho), é precisamente a sua proprietária”, argumenta. Por enquanto, a Missimini vende apenas no mercado nacional, com uma faturação de 400

Até onde pode ir o denim? “Tudo depende da imaginação”, responde Carlos Serra, da Troficolor

mil euros. Mas como “o crescimento tem sido muito grande, na próxima estação vamos investir no mercado espanhol e no americano”, revela o mesmo responsável. Olhando à sua volta, para o Portugal do jeanswear, Marcos Coelho garante que se encontram confecionadores de elevadíssima qualidade e com preços competitivos, que tal como a Missimini conseguem superar as marcas italianas e francesas. A par da qualidade e preço, também há moda e inovação. Tudo junto, estes fatores “explicam a projeção nacional e internacional de marcas portuguesas como a Salsa, a Ferrache e a Sahoco”, conclui. Para Silvério Pacheco, responsável comercial da Sacage Jeans, “nunca se sabe até onde pode ir o denim porque há sempre uma novidade. Por exemplo, esta estação temos a mistura de denim com malha. É um modelo slim, com gangas mais leves e macias”. A empresa de Braga subcontrata a confeção dos Sacage Jeans, que vende através do canal multimarca, privilegiando o comércio tradicional, de Norte a Sul

do país. E acabou de estabelecer uma parceria com o Sport Lisboa e Benfica, sendo o resultado uns jeans com a marca Benfica. “Portugal é um dos melhores fabricantes de jeanswear do mundo, o problema é que não lhe é dado o devido valor (preço). O país também tem a melhor lavandaria da Europa, a Pizarro, que consegue lavar as calças à base de gelo. Somos realmente bons e a prova disso é que muitas marcas de renome internacional compram cá os seus jeans”, enfatiza Silvério Pacheco. Mas Portugal também tem uma marca muito conhecida internacionalmente: a Salsa. "Gostava que no mundo inteiro se falasse da Salsa e as pessoas associassem logo ao denim, como acontece com a Levi's, a Pepe Jeans ou a Diesel", disse Filipe Vila Nova numa entrevista à Forbes Portugal. A marca Salsa nasceu em 1994. As calças são desenhadas e acabadas na sede da empresa em Famalicão, onde emprega 200 pessoas. Os moldes para as peças em bruto seguem sobretudo para a Turquia, onde são produzidas. Regressam a Famalicão, ainda

passam pelas costureiras, antes de seguirem para a tinturaria e lavandaria industriais, são tratadas individualmente. Os modelos icónicos da Salsa são as push-up (efeito rabo saliente), as push-in (efeito barriga lisa) ou as Hope, que dão para usar antes, durante e depois da gravidez. Filipe Vila Nova, fundador da Salsa e sócio maioritário com 98% da holding Wonder Investments, é um dos maiores especialistas portugueses em denim. Criou um império com mais de 200 lojas em 35 países, sem esquecer mais 2.200 pontos de venda em espaços multimarca e a loja online que vende para 44 países. Em 2014 registou um volume de negócios de 188 milhões de euros. E em 2017 quer ter um caminho de crescimento mais acentuado, continuando a apostar em “peças únicas que se adaptam ao corpo como uma segunda pele”. Pode dizer-se com toda a certeza que os jeans são a peça de roupa mais universal já inventada. E o denim não só é durável como está para durar, pois consegue ser reinventado geração após geração.


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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel

Vilartex

Rua da Beira Alta 94 4805-224 Guimarães

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Entradas: Sopa de feijão, melão com presunto, tomate com mozarela, bolinhos de bacalhau e pastéis de Chaves Prato: Filetes de pescada com arroz de feijão e grelos Sobremesa: fruta laminada (ananás, laranja, morango) e uvas Bebidas: Sobro branco, água e dois cafés

A PROFESSORA EXPORTADORA Um das vantagens das empresas familiares é a de a administração poder reunir informal e diariamente à volta da mesa, à hora do almoço, e discutir, entre duas garfadas, as vantagens de comprar teares aos japoneses da Monarch ou aos alemães da Mayer - ou certificar-se de que a encomenda para a Max Mara está mesmo pronta a tempo e horas. A família Pinto - Carlos, 75 anos, líder e fundador, António, 48 anos, responsável pelas Finanças e Obras, Ricardo, 45 anos (Clientes Nacionais) e Carmen (Coleções e Exportação) almoça todos os dias numa sala da fábrica, contígua à cantina dos quadros e

onde pontifica um quadro que denuncia logo aos visitantes o clube porque que bate o coração do clã (o patricarca já recebeu a Águia de Ouro, que assinala meio século de sócio do Benfica). A batalha da exportação da Vilartex foi o principal tema que esteve em cima da mesa no dia em que os Pinto puseram talheres para o T. “Os clientes estrangeiros garantem-nos margens maiores e uma outra fidelidade”, explica Carmen. O esforço planificado da empresa de malhas para aumentar o peso das exportações diretas no seu volume de negócios data de 2013, ano em que iniciaram em Munique a conquista

Carmen Pinto

40 ANOS ADMINISTRADORA VILARTEX Nasceu em Guimarães a 25 de novembro de 1975, o dia exato em que, em Lisboa, Ramalho Eanes e os comandos da Amadora punham um ponto final a um Verão Quente tardio, que se prolongara pelo Outono dentro. É a mais nova dos três filhos de Carlos Pinto, um bancário do Banco Borges & Irmão que no ano seguinte a ter a filha se transformaria em empresário, fundando a Vilartex. Desde pequena que Carmen sonhou ser professora. Não se recorda de ter querido ser outra coisa quando fosse grande. Por isso não teve dúvidas em matricular-se no curso de Inglês-Alemão da Universidade do Minho, mal acabou o Secundário, feito entre a Francisco de Holanda e o Liceu de Guimarães. Casada, tem dois filhos, o José Henrique, oito anos, que joga a médio nas escolas do Vitória, e o Rodrigo Manuel, que tem dois anos e meio.

do mundo, com uma presença na Fabric Start, onde conseguiram logo um agente para a Alemanha. Seguiram-se-lhe Paris (Première Vision), Milão (Milano Unica), Londres (London Textile Fair) e o Modtíssimo, certames que nunca mais abandonaram. Os resultados deste esforço já se notam nos números. Em 2013, as vendas diretas fora do mercado interno ibérico quedavam-se pelos 300 mil euros, num volume de negócios de 20 milhões de euros. No final do ano passado, já se tinham elevado para 1,1 milhões, em 27 milhões faturados. Este ano atingirão os 1,7 milhões. “O objetivo é, num prazo máximo de três/quatro anos, fazermos 15% com vendas diretas a clientes além dos Pirinéus” esclarece Carmen, que em 1999, três meses após ter acabado em Braga o curso de Inglês-Alemão, estava em Felgueiras a dar aulas. Adorou ser professora, mas no final do ano letivo, perante a perspetiva de ser colocada longe de casa, disse que sim ao pai, que a convenceu a juntar-se aos irmãos na empresa, argumentando precisar de lá ter alguém fluente em inglês e alemão. Começou pela coleções, mas não deixou logo de ser professora. Continuou a dar explicações e manteve o Centro de Estudos que tinha nas Taipas, até ser obrigada a abrir mão do ensino, não só por ter sido mãe mas também porque as solicitações na Vilartex não cessavam de aumentar. Quando algures, em 2013, a excessiva dependência do grupo Inditex (que valia quase 90% da faturação) passou a ser tema frequente de conversa à mesa e foi tomada a decisão de definir um plano para aumentar as exportações, não houve dúvidas quanto à pessoa indicada para liderar essa batalha - era Carmen, a poliglota da família. “O problema não era vender, pois ontem como hoje vendemos tudo quanto produzirmos. Nas malhas, no que toca a qualidade, não temos nada a aprender com ninguém. Nem com os italianos. Sentimos a necessidade de aumentar as exportações diretas para diversificar a carteira de clientes e melhorar as margens. Os clientes estrangeiros são mais exigentes, mas isso é bom porque nos puxam para cima”, conclui Carmen, a professora exportadora.



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2. NADA MELHOR QUE O CEIIA, A CASA DA INOVAÇÃO E EXCELÊNCIA DAS INDÚSTRIAS AUTOMÓVEL E AERONÁUTICA, PARA RECEBER A EXCELÊNCIA E INOVAÇÃO DA PÉ DE CHUMBO, QUE ESTREOU COM ESTRONDO NO PORTUGAL FASHION, NUMA NOITE EM QUE O MOMENTO DE MAIOR FRISSON FOI O PEDIDO DE CASAMENTO DE FÁTIMA LOPES FEITO PELO SEU NAMORADO MÉDICO ÂNGELO REBELO

FOTOSINTESE

1. OS MANÉIS FORAM O GRANDE DESTAQUE DA NOITE, NO DIA DE ABERTURA EM LISBOA, NO CONVENTO DO BEATO, COMO JÁ COMEÇA A SER TRADIÇÃO

O NEGÓCIO É O SEGREDO DA MODA

6. NUM DESFILE À BARRY LINDON, SÓ COM LUZ NATURAL, LUÍS BUCHINHO BRILHOU COMO SEMPRE, APRESENTANDO UMA COLEÇÃO COM UMA PALETA QUE RIMAVA EM ABSOLUTO COM A COR DAS PAREDES DO MUSEU DO CARRO ELÉCTRICO

Já não devia ser segredo para ninguém que o negócio é a alma da moda - e que a inversa (a moda é a alma e o segredo do negócio da ITV) também é verdadeira. Há mais de 20 anos que ANJE e ATP evangelizam as vantagens do casamento entre moda e negócio e usam o Portugal Fashion para facilitar a difusão deste catecismo. Na 38ª edição mais de 20 mil pessoas assistiram a 37 desfiles. “Conseguimos um bom equilíbrio entre moda de autor, criações para o mercado e propostas de jovens designers. Este sempre foi o conceito do Portugal Fashion, mas creio que nesta edição o programa dos desfiles concretizou particularmente bem esta nossa ambição de abarcar as várias vertentes da moda” resume João Rafael Koehler

7. AS MODELOS JÁ ESTÃO A ALINHADAS PARA ENTRAR. NUNO BALTAZAR ESTÁ ATENTO E VIGILANTE, VERIFICANDO PELA ÚLTIMA VEZ SE ESTÁ TUDO A 100%

12. JÚLIO TORCATO É COMO O VINHO DO PORTO: QUANTO MAIS VELHO, MELHOR - E SEMPRE CAPAZ DE SURPREENDER COM UMA COLEÇÃO NOTÁVEL OBEDECENDO A UMA GRAMÁTICA DIFERENTE DA HABITUAL

11. EMBALADO PELO ÊXITO EM PARIS, DIOGO MIRANDA ENCANTOU A ALFÂNDEGA


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4. NA PASSARELA DA ALFÂNDEGA PASSAVAM AS PROPOSTAS PARA A ESTAÇÃO FRIA, MAS NO LOUNGE ANIMADO PELA SAMSUNG O AMBIENTE ESTEVE SEMPRE QUENTE - ÀS VEZES QUASE AO RUBRO

5. UMA FOTO DOS DOIS TOTALISTAS. JOÃO RAFAEL KOEHLER, PRESIDENTE DA ANJE, ESTEVE EM TODOS OS 37 DESFILES

9. APESAR DE ACABADA DE ATERRAR DE XANGAI, KATTY XIOMARA E AS SUAS ROUPAS ESTAVAM FRESCAS E EXCITANTES, COMO SEMPRE

10. LION OF PORCHES APRESENTOU UM COLEÇÃO PODEROSA E CHEIA DE GLAMOUR, EM ESPECIAL NAS PROPOSTAS PARA CRIANÇA

3. NESTA SUA SEGUNDA PRESENÇA NO FASHION, ELSA BARRETO CONFIRMOU AS CREDENCIAIS QUE TINHAM FEITO DELA UMA DAS GRANDES REVELAÇÕES DA EDIÇÃO ANTERIOR 8. OS CRIADORES MUDAM, A QUALIDADE DA ALTA ALFAIATARIA DA DIELMAR MANTÉM-SE

13. VICRI DEMONSTROU UMA VEZ MAIS A POSSIBILIDADE DA CONTINUIDADE NA EXCELÊNCIA E PORQUE É SINÓNIMO DE LUXO

14. FOI COM POMPA, CIRCUNSTÂNCIA E UMA CONSTELAÇÃO DE ESTRELAS NA PASSARELA (DIANA CHAVES, MARIA CERQUEIRA GOMES, ANDREIA RODRIGUES) QUE ANA SOUSA SE ESTREOU NUM PORTUGAL FASHION, QUE ASSIM DEMONSTROU A SUA VOCAÇÃO DE SER A CATEDRAL ONDE A MODA E O NEGÓCIO SE CASAM


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NÓS CRIAMOS E FABRICAMOS, O MUNDO VESTE

MODATEX VAI DISPUTAR CAMPEONATO DAS PROFISSÕES Estão já escolhidos os formandos e as equipas que representarão o Modatex na Prova de Tecnologia da Moda do Campeonato Nacional das Profissões. Foram selecionadas quatro equipas, três do Porto e uma de Lisboa, cujos formandos são: Joana Rita Queirós, Ticiana Rafaela Valente, Artur Jorge Dias, Carla Daniela Couto, Carlota Carvalho, Luís Filipe Barbosa, Maria Silva Canarias e Sara Raquel Cruz. Também foi selecionada a equipa formada por Eucligina Mascaranhas Barros e Joana Filipa Felix Jordão, cuja participação está condicionada à possibilidade de o Modatex levar cinco equipas. Os vencedores do campeonato, que decorrerá em Coimbra de 22 a 27 de maio, poderão participar em provas internacionais como o EuroSkills ou o Worldskills.

“REPENSAMOS POR COMPLETO A NOSSA ATIVIDADE. DESENVOLVEMOS NOVOS NICHOS DE MERCADO, COMO OS TÊXTEIS TÉCNICOS PARA POLÍCIAS E BOMBEIROS. RECRUTAMOS PESSOAL MAIS QUALIFICADO” Manuel Barros CEO LMA, ao Le Figaro

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Paulo Vaz, diretor-geral da ATP, apresentou o programa Fashion From Portugal na Alfândega do Porto

Designed in Portugal, produced in Portugal, dressed worldwide. Esta frase sintetiza a alma da primeira grande campanha de promoção externa da imagem da nossa ITV, que vai estar em curso nos próximos dois anos, por iniciativa da ATP. Espanha, Alemanha, países nórdicos e Estados Unidos são os mercados alvo deste programa, batizado Fashion From Portugal e que implica um investimento superior a 1,7 milhões de euros. “O objetivo é adequar a imagem internacional do setor à realidade de uma das fileiras mais dinâmicas e exportadoras da nossa economia. Após um duro período de ajustamento, reestruturação e modernização, a ITV portuguesa é hoje constituída por empresas altamente evoluídas tecnologicamente, reconhecidas pelo seu know-how, criatividade, flexibilidade e intensidade de serviço, e fortemente orientadas aos mercados internacionais”, explica Paulo Vaz, diretor geral da ATP. É esta nova realidade que a ATP quer anunciar ao mundo, complementando o investimento anual de 13 milhões de euros que o setor tem vindo a fazer, apoiando, através da Seletiva Moda, a participação de cerca de 200 empresas em 80 feiras, em 35 diferentes países. Posicionar Portugal num patamar superior na cadeia de valor, abrir portas a segmentos de maior poder aquisitivo e potenciar o au-

mento das margens do negócio são as metas perseguidas pela campanha Fashion From Portugal, que envolverá editoriais de moda, publireportagens e publicidade nos Media especializados, outdoors, publicação de catálogos, livros de estilo e edição de revistas anuais, dedicadas aos subsetores em promoção, bem como a realização de vídeos virais para as redes sociais, entre outras ações e eventos. A campanha é cirurgicamente dirigida a quatro áreas geográficas (Espanha, Alemanha, países nórdicos e Estados Unidos) e eixada em três subsetores (moda e marcas, private label e têxteis-lar). Em Espanha, o foco estará na moda/marca e private label e será dirigida a regiões (Madrid, País Basco e Catalunha) que conhecem menos bem a nova realidade dos têxteis e vestuário portugueses. Logo a seguir ao país vizinho, a Alemanha é o segundo mercado de maior crescimento das nossas exportações, mas isso não é suficiente para Paulo Vaz: “Já foi o nosso principal mercado e tem potencial para crescer a um ritmo muito superior ao atual”. Têxteis-lar e private label vão ser o foco. Os países nórdicos, em particular Suécia e Dinamarca, foram destinos importantes das exportações da ITV portuguesa nos anos 80, quando o preço baixo era a vantagem competitiva. Agora os trunfos a jogar são a qualidade,

inovação, serviço e proximidade, a aposta é o private label e o alvo são cadeias comerciais de média dimensão (70/80 lojas) que, para evitarem os custos administrativos e de stocks, valorizam o fator proximidade na escolha de fornecedores. Para ajudar a este regresso em força a uma geografia onde já fomos muito felizes, a Seletiva Moda vai estrear-se este ano a levar empresas portuguesas à feira CIFF em Copenhaga. Nos Estados Unidos, onde os têxteis-lar portugueses são reconhecidos como um produto premium, a ideia é associar essa imagem boa e positiva ao nosso vestuário, estando preparados para aumentar exponencialmente as exportações para este mercado logo que seja acordada a parceria transatlântica. O investimento superior a 1,7 milhões de euros do programa Fashion From Portugal é cofinanciado pelos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI), enquadrados no POCI (Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização), no Portugal 2020 e Compete 2020, sendo a primeira incursão, enquanto iniciativa da ATP e da indústria em geral, dedicada exclusivamente à promoção da imagem e visibilidade externa do setor, fortalecendo a reputação de excelência Made in Portugal.

ADN DE FAMALICÂO NA CASA DO TERRITÓRIO “Des(a)fiar o tempo da indústria” é o nome da exposição que retrata os principais momentos do processo de industrialização no concelho de Famalicão e está patente até setembro na sala de exposições temporária da Casa do Território, Parque da Devesa, com entrada gratuita. Através de vídeos, ilustrações, fotografias, textos, biografias de empresários e depoimentos de ex-operários, os visitantes revivem acontecimentos internacionais, nacionais e locais que marcaram este longo percurso da industrialização e conhecer o atual ADN empresarial do concelho.

MORETEXTILE INVENTA TOALHA QUE TAMBÉM É SAÍDA DE PRAIA Uma toalha que rapidamente se transforma numa elegante saída-de-praia foi apresentada pelo grupo MoreTextile no Fórum iTech Style do último Modtíssimo. Com uma estrutura de felpo 100% algodão, leve e de secagem rápida, e um acabamento de cetim, o pareo tem um sistema de palas na zona das cavas para evitar o contacto da areia com o corpo, quando utilizado como toalha. A toalha/pareo integra a coleção Primavera/Verão 2016 da marca Home Concept e está disponível em Department Stores (como o El Corte Inglés), nas boutiques de decoração e online em www.homeconcept.pt.

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DAMOS FORÇA À SUA MARCA. Queremos ajudar a promover o seu negócio e criar valor num contexto nacional e internacional. Concretizamos a sua ideia, com criatividade, com dedicação e com uma experiência multidisciplinar de mais de 20 anos no setor, através de soluções de comunicação, de exposição e eventos em várias partes do globo. Consulte-nos. Porque acompanhamos as tendências com a sua marca.


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X A MINHA EMPRESA Por: Isabel Cristina Costa

Têxtil Nortenha Rua de Prazins, 60 Avidos, Famalicão

Atividade Produção de vestuário em malha circular Faturação 9,5 milhões de euros Mercados Alemanha, Inglaterra, Escandinávia e Estados Unidos Trabalhadores 100 Clientes Marc Cainn, COS, & Other Stories e Acne Studios, entre outros

13% FOI O CRESCIMENTO

registado em janeiro nas exportações da ITV para Espanha, que se destaca cada vez mais como o principal mercado do setor. O segundo maior crescimento foi nas vendas para a Alemanha (mais 8%)

JÁ É POSSÍVEL IMPRIMIR ROUPA Uma equipa de investigadores da Universidade de Herdfordshire anunciou ter criado uma coleção protótipo de vestidos de tricot impressos em 3D com a tecnologia Modeclix, desenvolvida pelo Digital Hack Lab daquela universidade inglesa. Composta por oito vestidos coloridos e dos capacetes, a coleção vai ser apresentada no próximo dia 21 no Mercedes Benz Bokeh Fashion Film Festival, na África do Sul, e a partir de 1 de maio estará disponível no site do Digital Hack Lab.

“NÓS AJUDAMOS AS EMPRESAS A ENTRAR NAS CADEIAS DE VALOR MUNDIAIS” Braz Costa diretor-geral do CITEVE, ao Le Figaro

Branco mais branco não há A Têxtil Nortenha é gerida pelos irmãos Branco, Paulo e Inês, e a coleção que atualmente estão a comercializar é toda ela na cor branca (primavera/verão 2016). É caso para dizer que branco mais branco não há, sendo tudo para exportação: Alemanha, Inglaterra, Escandinávia e Estados Unidos. Quando se fala desta empresa famalicense, cuja imagem de marca é um cavalo Lusitano com a Estrela do Norte em cima, a primeira palavra utilizada é resiliência. Depois de conhecida por dentro, é obrigatório acrescentar a palavra originalidade. Não só pelos produtos, mas ao nível da própria gestão. Paulo e Inês Branco partilham a sala de trabalho com dois designers, mesmo ao lado do departamento comercial (aliás, todos se conseguem ver porque a parede que os separa é de vidro. Abonatório é também o facto de os irmãos Branco estarem a alugar espaço, que têm de sobra, uma vez que no passado a Têxtil Nortenha chegou a empregar 1100 pessoas (e a faturar 50 milhões de euros). Desde 2013, têm uma pequena confeção a trabalhar nas suas instalações a título de exclusividade. “Estamos de portas abertas e a tentar convencer algumas confeções que trabalham para nós a virem para cá. Mas queremos mais gente do setor cá, numa lógica de complementaridade”, adianta Paulo Branco. É que 70% da produção da Nortenha é subcontratada a mais de uma dezena de confeções do Vale do Ave. Hoje, a Têxtil Nortenha vive “uma fase de estabili-

zação”, com uma centena de trabalhadores e um volume de negócios de 9,5 milhões de euros. Têm um grande cliente, o alemão Marc Cainn, numa carteira de 20 clientes, na qual de destacam também as marcas suecas COS (do grupo H&M), Acne Studios e a inglesa & Other Stories. Quem esteve recentemente de visita à Nortenha foi o presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, no âmbito do roteiro Famalicão Made IN. Para o autarca, a Têxtil Nortenha “é a imagem perfeita da capacidade de resiliência dos empresários do setor, que aproveitaram o saber acumulado ao longo de décadas de trabalho para reposicionarem os seus projetos industriais no mundo novo da globalização”. “O nosso caminho é agora o da qualidade e não o da quantidade, com a produção de artigos mais específicos e de alto valor acrescentado”, sublinha Paulo Branco, a segunda geração à frente desta empresa familiar. Se há 10 anos o vestuário em malha para senhora representava 95% da produção, atualmente pesa 70% porque o vestuário para homem cresceu até 30%. Fundada em 1954, a Têxtil Nortenha começou como uma trading de compra e venda de tecidos para África, dedicando-se anos mais tarde à confeção de vestuário. Foi na década de 80 que começou a produzir malhas circulares, investindo na sua especialização. Hoje, trabalha para os segmentos médio e médio-alto, tendo como clientes várias marcas de renome internacional.

RIOPELE ACOLHE ALUNOS DE FAMALICÂO A Câmara de Famalicão proporcionou a 55 alunos do 8º e do 10º ano a primeira experiência de trabalho. Entre as 15 empresas que abriram as portas à iniciativa da Rede Famalicão Empreende estiveram a Riopele, Coindu, Continental Mabor, Porminho e Fibrosom, entre muitos outros exemplos. Diogo Silva e Liliana Rodrigues, alunos do 10º ano da Escola Padre Benjamim Salgado, e Marta Pinto, que frequenta o 8º ano na Didáxis de Riba de Ave, estiveram na Riopele. Para Diogo foi “um mini estágio enriquecedor”, na mais recente empresa do grupo, a Riopele Fashion Solutions, orientada pelo responsável da unidade, Francisco Coelho. Liliana e Marta enalteceram o ambiente “simpático” proporcionado pela Riopele.



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ITV ENTROU EM 2016 COM O PÉ DIREITO A ITV entrou em 2016 com o pé direito. Em janeiro, as exportações do setor cresceram 5% relativamente ao mesmo mês do ano passado, atingindo os 424 milhões de euros, rebocadas por um belíssimo arranque das malhas, cujas vendas ao exterior subiram 10%. Está à vista o objetivo de bater este ano o recorde de 5 mil milhões nas exportações. O saldo positivo da balança comercial foi de 118 milhões de euros, o que representa uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 138%.

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“QUANDO TODOS VATICINAVAM O FIM DO TÊXTIL, A UMINHO FEZ UM ESFORÇO FINANCEIRO MUITO GRANDE EM NÃO FECHAR O CURSO DE ENGENHARIA TÊXTIL, QUANDO TODOS OS INDICADORES E A PRESSÃO EXTERNA IAM NESSE SENTIDO” António Cunha, reitor da Universidade do Minho

AMAZON LANÇA MARCA PRÓPRIA DE ROUPA A Amazon está a estudar o lançamento de uma marca própria de roupa, a exemplo do que fez ao criar a marca Basics para comercializar produtos electrónicos - revelou o site WWD. Jeff Yurcisin, vice-presidente da Amazon Fashion, confirmou que a hipótese está em cima da mesa, mas acrescentou que ainda não foi tomada uma decisão.

ALDA RECOMENDA DORMIR EM LENÇÓIS DE MALHA JERSEY TUDO SOBRE TÊXTEIS TÉCNICOS NA APP DO CITEVE

«É mais difícil trabalhar em malha do que em tecido. É preciso ter muito mais cuidado na confeção e acabamentos», explica Manuel Barroso

Se toda gente acha super-confortáveis as t-shirts em malha jersey , por que é que os lençóis, entre os quais passamos um terço da nossa vida, não hão-de também ser feitos com o mesmo material? A Alda Têxteis não se limitou a formular a pergunta. Também lhe deu a resposta e produziu uma cama integralmente vestida com malhas jersey . A inovação nem sempre é o caminho mais fácil, mas é seguramente o melhor quando se trata de atingir o sucesso. “É mais difícil trabalhar em malha do que em tecido. É preciso ter muito mais cuidado na confeção e acabamentos. E é mais cara que o algodão”, explica Manuel Barroso, 61 anos, o fundador e principal responsável da têxtil-lar da Póvoa de Lanhoso. Não basta ser ousado. Também é preciso ser persistente. Até receber a primeira encomenda, vinda da Alemanha, a Alda Têxteis penou durante dois anos, em que andou por aí a mostrar os lençóis em malhas jersey a uma clientela que se mostrava curiosa e fazia muitas perguntas, mas não arriscava comprar.

A persistência recompensou. Em janeiro, na Heimtextil, já tinha em carteira várias encomendas firmes deste seu produto novo e inovador, entre as quais uma dos Estados Unidos, particularmente interessante até porque os norte americanos são os maiores consumidores mundiais de roupa de cama. O jersey é o produto estrela da Alda Têxteis, reconhecida pelo seu vasto conhecimento em termos de acabamentos finais deste produto. Mas a empresa não aposta todas as fichas nas malhas. “Os linhos lavados, pela sua macieza, voltaram a estar na moda e têm muita procura”, conta Barroso. A Alda Têxteis, que deitou âncora na Póvoa de Lanhoso (Braga) há uma dúzia de anos, é a herdeira de uma pequena empresa de confeção fundada em 1994, em Joane (Famalicão), por Manuel Barroso, que trabalhava um nicho de mercado, dedicando-se à produção de capas protetoras que exportava com grande sucesso para a Europa Central, fornecendo os grandes

catálogos, do centro da Europa. No entretanto, os clientes começaram a pedir a gama toda e a Alda Têxteis passou a oferecer soluções completas e integradas no conceito casa, incluindo banho, mesa e cama, que vende em regime de private label , para clientes como o La Redoute, ou com a sua marca própria (Terre de Coton e Les Enfants de Terre de Coton) para o segmento mais alto do mercado. O mundo dos negócios não é um mar de rosas. Há três anos, a empresa sofreu um rude golpe com a falência de um distribuidor francês que valia quase 25% da sua faturação. “Custou-me mais perder o cliente do que o dinheiro”, diz Barroso. A Alda Têxteis foi ao tapete mas levantou-se logo. Entre 2014 e 2015, o volume de negócios cresceu 17%. O objetivo é regressar o mais rapidamente possivelmente ao nível de 2012. Para cumprir esse objetivo, Barroso tem na manga um trunfo,: a linha de vestuário em malha jersey que vai lançar este ano com marca própria.

O CITEVE aproveitou o Modtíssimo para lançar uma nova aplicação móvel do Diretório de Têxteis Técnicos, que reúne a oferta das empresas portuguesas produtoras de têxteis técnicos e funcionais. O download é gratuito na App Store ou na Google Play, pesquisando por TTP (Technical Textiles from Portugal). Esta ferramenta é de fácil utilização, sendo permanentemente atualizada, e permite a aproximação de produtores e utilizadores de têxteis técnicos Made in Portugal. Além disso, poderá servir para o incremento da relação com outros setores industriais (automóvel, saúde, segurança e habitat). De acordo com o CITEVE, este diretório resulta do contributo direto das empresas através da disponibilização dos seus dados que cruzam as informações genéricas com as de tipologia de produtos, tecnologias instaladas e mercados de aplicação a que se destinam. O Diretório Têxteis Técnicos by CITEVE foi dado a conhecer por ocasião do Modtíssimo, que se realizou no aeroporto do Porto, onde esteve em demonstração para utilizadores dos sistemas operativos IOS e Android. “Constitui uma evolução muito importante do tradicional instrumento de divulgação das empresas portuguesas a produzir materiais têxteis com aplicação técnica e de elevada tecnicidade”, sustentou Braz Costa, director-geral do CITEVE.



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VAMOS COMPRAR MAIS MÁQUINAS E CONTRATAR MAIS PESSOAS

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel

Alberto Figueiredo 65 anos, nasceu na Apúlia. O pai era GNR e a mãe doméstica. Após concluir o curso da Escola Comercial, na Póvoa de Varzim, foi para o Porto estudar Contabilidade. Ganhou o primeiro dinheiro na tropa, que fez entre as Caldas e Braga. Desmobilizado, em 1973, abalança-se com a mulher, Maria Emília, a arrancar numa casa antiga, na Apúlia, com uma pequena fábrica de roupa íntima, com cinco teares e seis trabalhadores, que viria a dar origem à Impetus

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aumento da produtividade e da competitividade das exportadoras devia ser o critério essencial no Portugal 2020 - defende o presidente e fundador do grupo Impetus. “Fala-se muito, mas não existe nenhuma medida concreta de apoio aos exportadores”, lamenta Alberto Figueiredo. Sofreram muito com impacto da adesão dos países asiáticos à OMC?

Nós estávamos de sobreaviso. Sabíamos que o mundo ia abrir as fronteiras aos produtos asiáticos e isso teria consequências. Qual foi a receita para aguentar estes tempos difíceis?

Reduzir os custos e aumentar a produtividade. Passamos a comprar mais barato, a trabalhar melhor e a ser mais rápidos a reagir a novas situações e a responder às encomendas dos clientes. Chegou a temer que o grupo Impetus não sobrevivesse?

Nunca. Sabíamos o que ia acontecer e preparámo-nos. Atravessamos a crise sem sobressaltos. Num certo sentido, a crise acabou por ser positiva, pois obrigou-nos a mudar de comportamento. Diminuímos os custos e o endividamento, aumentamos a faturação - e nunca paramos de investir. O mau tempo já passou para a ITV portuguesa?

Se a crise na Europa passar... O problema é que com os elevados níveis de endividamento das famílias, empresas e nações, não estou a ver como vai ser possível aumentar o poder de compra dos consumidores. E se o poder de compra baixar, as pessoas vão comprar menos - e nós vamos vender menos.

Não há sinais animadores?

Há indicadores positivos. Muitos dos compradores que fugiram para o Oriente iludidos pelo preço baixo estão a regressar, não só porque os custos lá aumentaram, mas também porque começaram a fazer bem as contas, a contabilizar os custos dos stocks imensos, dos transportes, a dimensão das encomendas, os tempos de resposta, a deslocalização de quadros, os riscos de monos, os direitos alfandegários, etc. O made in Portugal na etiqueta é cadastro ou curriculum?

É um trunfo porque é sinónimo de ser fabricado na Europa. E é bem merecido que o made in Portugal seja prestigiante porque somos dos poucos países europeus a fabricar têxteis e fazemo-lo com muita qualidade, a uma distância ainda muito grande da maioria dos fabricantes asiáticos. Já por mais de uma vez que fizeram o funeral à ITV. Acha que finalmente Lisboa e o poder político se convenceram que a ITV tem futuro?

Não sei se já estão convencidos. Mas deviam estar. Que sentido fazia desperdiçar um know how acumulado durante décadas? Temos de continuar a aproveitar esta cultura e conhecimentos para desenvolver novos produtos, nem que seja para depois os fabricar na Ásia. O nível da i&d do setor é satisfatório?

Os progressos foram imensos. Mas temos todos de ouvir o Daniel Bessa quando ele diz que para o resultado final ser um sucesso temos de concentrar os nossos esforços a fabricar coisas práticas para serem compradas e usadas - e não só para serem vistas. Temos de perceber o que o mercado quer. Custo e acesso ao dinheiro, custos energéticos e salariais, envolvente política. Qual destes custos de contexto afetam mais a competitividade das exportadoras?

Felizmente conseguimos reduzir muito os encargos financeiros e por isso temos acesso fácil a dinheiro

OS TRABALHADORES NÃO QUEREM FAZER HORAS EXTRA POIS QUASE TUDO O QUE GANHAM VAI PARA IMPOSTOS

No início, em 1973, ele tinha de fazer tudo, desde tratar das contas até afinar os teares e ser o empregado de armazém. “Foi uma escola de vida”, recorda Alberto Figueiredo. O 25 de Abril começou por lhe provocar um sobressalto. Um comprador inglês cancelou uma encomenda, no valor de 400 contos, de roupa interior em cores berrantes, que ele teve de vender a preços de saldo a feirantes, encaixando apenas 1/5 desse valor (80 contos). Aguentou o golpe sem ir ao tapete e logo beneficiou do aumento brutal do consumo no mercado interno que se seguiu à Revolução dos Cravos. “O 25 de Abril salvou-nos”, declara o presidente e fundador do grupo Impetus.

e a um custo baixo, a taxas de um e um pico por cento. Estou de acordo com o aumento dos salários. Uma empresa não prospera se não tiver bom pessoal, bons quadros e bons empresários. Mas não pode ser a Santa Casa da Misericórdia e substituir o Estado nas suas funções sociais. Se mudarem a legislação laboral de modo a facilitar o despe-

dimento dos maus trabalhadores, poderemos aumentar salários sem perder competitividade. Aos políticos pedimos estabilidade de políticas, principalmente fiscais.

tudo para ontem, pois não sabemos como é o dia de amanhã e se andamos à frente com os prazos teremos disponibilidade para aceitar uma nova encomenda que nos apareça.

Os salários em Portugal são demasiado baixos?

A reindustrialização é um discurso, um sonho ou pode tornar-se uma realidade?

É preciso saber fazer as contas. O salário mínimo é de 530 euros vezes 14, enquanto em muitos outros países só se multiplica por 12. Se fizermos a conta ao valor anual e dividirmos por 12 já estamos nos 620. Juntando o subsídio de refeição chegamos aos 700. O problema mais delicado é o da legislação laboral e fiscal. Quer um exemplo? Os trabalhadores não querem fazer horas extraordinárias, pois quase tudo que ganham vai para impostos, com a subida de escalão e outros descontos. Qual é a solução?

A solução não é a proposta demagógica dos sindicatos de contratarmos mais gente, porque as horas extraordinárias, não são para fazer todos os dias, mas para fazer face a picos de encomendas. A solução é o Estado diminuir a carga fiscal e os descontos que pesa sobre as horas extra que os trabalhadores pagam sublinho os trabalhadores, pois não estou a pedir isso para as empresas. É mau que o Banco do Fomento tenha sido abandonado?

Nunca soube muito bem o que era isso, nem estava muito preocupado. Não era para dar dinheiro, pois não? Que medida concreta gostaria que o Governo concretizasse para bem da ITV?

O aumento da produtividade e da competitividade das exportadoras devia ser o critério essencial para os apoios a conceder no âmbito do Portugal 2022. Não existe nenhuma medida concreta de apoio às exportações. Fala-se muito mas em concreto não há nada. É mais difícil ser presidente da Câmara ou empresário têxtil?

É muito mais difícil gerir uma empresa. Numa câmara reage-se. Aqui planeia-se. No setor público é tudo para amanhã. No privado é

Não pode ser só um discurso. Pela nossa parte vamos continuar a comprar mais máquinas e a meter mais pessoas. Acredito na reindustrialização, acredito que Portugal precisa de uma indústria forte. Mas temos de progredir. Não temos muitas marcas e estamos demasiado dependentes da subcontratação, um segmento de mercado que é muito instável e volátil. Agrada-lhe o sistema de incentivos às empresas no Portugal 2020?

Se me limitasse a ter um armazém, um corte e fabricasse lá fora, ganhava mais dinheiro e era apoiado porque tinha menos de 250 trabalhadores e era PME. O meu erro foi ter dado emprego. Se não tivesse criado emprego, faturava o mesmo e ganhava mais. Isto é um contra-senso. Com o problema de desemprego que temos, o Governo deveria ter negociado um tratamento de exceção na classificação das empresas como PME. Também os critérios dos objetivos, quer para aprovação dos projetos, quer para a atribuição de prémio, são um autêntico jogo de sorte. Os regulamentos estão fora da realidade das empresas. O ensino satisfaz as necessidades da economia?

Sinto uma enorme falta de quadros médios. Hoje em dia, com o 12o ano ninguém quer ser operário. Falta o ensino médio profissional. Temos desempregados que não querem trabalhar. Também sinto a falta de engenheiros e pessoas para a área comercial que estejam mais bem preparados para a nova realidade do mundo em que vivemos do que os que estão a sair das escolas. Moda e marca própria, têxteis técnicos e private label. O caminho para o sucesso passa pela aposta num dos três caminhos


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PROTECHDRY É A ESTRELA A ProtechDry, cueca que absorve pequenas quantidades de urina, desenvolvida a pensar nas pessoas incontinentes, é o produto estrela do grupo Impetus. Resulta de uma pesquisa, desenvolvida com a Universidade do Minho, de materiais ultrafinos e absorventes, suscetíveis de incorporar em peças de roupa interior comuns. A cueca é forrada com quatro camadas de tecido finíssimo ultra-absorvente, capaz de reter líquido e odor. Produto patenteado, a ProtechDry é 95% algodão, lavável e sustentável, porque ao contrário do que acontece com o penso higiénico, que se não for incinerado demora 400 anos a auto-destruir-se.

A Impetus começou por ser roupa interior masculina, alargou-se ao beachwear e à mulher. Vai estender-se a outros segmentos até chegar ao total look?

A marca Impetus desenvolve-se criando várias linhas, no underwear temos uma linha mais clássica, outra mais jovem e outra mais moda. Fora do underwear temos uma linha virada para o desporto e outra para a saúde. Só continuaremos a produzir marcas licenciadas enquanto elas nos garantirem boas rentabilidades. Em que pé está o investimento no aumento da capacidade produtiva das Malhas CEF?

Já aumentamos a capacidade em 30% e vamos continuar a comprar mais máquinas. Todos os anos investimos, para estarmos sempre tecnicamente atualizados. Quais são os pontos fortes do vosso grupo?

Um grande sentido de equipa, o sentirem a camisola. As pessoas vivem com muito prazer e gosto o sucesso da empresa. Trabalhar por obrigação já não chega. A motivação é fundamental. Ser um grupo vertical ajuda nos tempos de incerteza que vivemos?

Nem sempre é melhor em termos de custos, mas permite-nos dar uma resposta mais rápida, o que é um fator acrescido de competitividade. A aposta em Cabo Verde fez sentido?

Todo o sentido. Falam a nossa língua, a legislação é aceitável, os custos de mão-de-obra são quatro vezes inferiores aos de cá. É uma

de euros é o volume de negócios das quatro empresas industriais que compõem o grupo Impetus e empregam mais de 700 trabalhadores. Além da empresa mãe, com fábrica em Esposende, o grupo integra a Malhas CEF (que produz malhas seamless em Fão), a Acatel (fábrica de acabamentos, tinturaria e estamparia, em Barcelos) e a Verderest (empresa de confeções, que faz, em Cabo Verde, private label e marcas da distribuição).

marketing num mercado em que só vendo meio milhão...

ou em todos ao mesmo tempo?

O futuro são produtos técnicos e diferenciados com a nossa marca própria. Neste momento estamos a desenvolver com a Universidade do Minho uma linha desportiva com uma componente muito técnica que vamos vender com a marca Impetus.

40milhões

A ATP E A APICAPPS DEVIAM PROMOVER PARCERIAS PARA APROVEITAREM A ABERTURA DO MERCADO NORTEAMERICANO

pena não haver mais barcos, mais empresários portugueses a investirem lá. Na Verdrest fazemos private label e tiramos partido das condições favoráveis de acesso ao mercado americano dos produtos feitos em Cabo Verde. É possível construir uma marca sem ter uma rede própria de lojas?

É, e o nosso caso é a prova disso. Aliás já há muitas marcas na Europa que não enveredaram por lojas próprias, que é uma operação de capital intensivo. Estamos em importantes department stores, como o El Corte Inglês, Galerias Lafayette, Liverpool e Palácio del Hierro, e no retalho, com três mil pontos de vendas em mais de 30 países. Qual é a estratégia para o futuro?

Nos próximos cinco anos vamos concentrar meios e esforços em cinco mercados: Espanha, França, Bélgica, Alemanha e EUA. É preferível sermos fortes em poucos mercados do que estarmos em todo o lado e não ser forte em nenhum. Em julho, vamos iniciar em Espanha uma campanha de um milhão de euros. A seguir será a França, depois a Alemanha. É preciso ter escala e dimensão. Não posso investir um milhão em

As perguntas de

Como está a distribuição internacional das cuecas Protech Dry?

Temos gasto muito tempo e dinheiro a aprender qual o canal que em cada país é o mais apropriado à distribuição do produto. Na Austrália e na Suécia estamos nas farmácias. Mas em França esse não é canal mais adequado e vamos estar nos hiper da Auchan e nos Monoprix. Na Alemanha estaremos em 1100 pontos de venda. Em Inglaterra, estamos a negociar com as lojas Boots. O processo de aprendizagem foi caro e longo, mas está em vias de a ser concluído. A distribuição internacional está nas mãos da PDI, uma companhia que criamos em joint venture com a Emergo, uma empresa holandesa especializada em dispositivos médicos. A inovação é um caminho certo mas demorado?

Não se pode desistir. Temos duas novas linhas quase prontas a ir para o mercado, uma de roupa interior multifuncional para obesos e outra de correção da postura da coluna, ambas desenvolvidas em colaboração com a Universidade do Minho. O processo de consolidação associativo abrandou e o setor está longe de falar a uma só voz. Isso preocupa-o?

Nós, os portugueses, somos muito individualistas. Não percebemos que somos muito pequenos e temos de nos unir porque a concorrência está lá fora - não está cá dentro. As PME alemãs já estão a fazer parcerias para se lançarem no mercado americano, aproveitando as facilidades da Parceria Transatlântica. A ATP e a APICAPPS deviam promover parcerias destas, para repartir os custos elevadíssimos de estar num mercado tão grande como o norte-americano. Uma coisa que nos falta é aprender a voar em formação, como fazem os espanhóis. Temos que estar mais unidos.

Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP

Fernando Ferreira Depto. de Engenharia Têxtil da UMinho

A ITV vive um período de ressurgimento. A que se deve e se este é um fenómeno sustentável e durável?

Que fatores considera mais relevantes para a competitividade e sustentabilidade do setor têxtil em Portugal?

Destaco a maior penetração das marcas portuguesas, uma maior afirmação da qualidade da produção nacional e a mudança do próprio mercado. Hoje já não há só a preocupação do preço. Com a subida dos preços de custo e a desvalorização do euro, tudo é analisado, custos com os transportes, impostos, stocks, monos, etc. Além dos preços, diminuiu a dimensão das encomendas e aumentou a diversidade do produto. Os prazos de entrega encurtaram, pelo que a proximidade passou a ser importante.

Em termos de qualidade, produtividade e serviço de entrega rápida, temos de ser melhores que os nossos concorrentes. Acumular, se possível, o serviço de logística, ou seja fazer a entrega loja a loja e não a uma central, acrescentando valor e aumentando a dependência do cliente. Desenvolver os novos produtos na nossa área e nunca perder de vista que são para vender. Apostar na marca própria e fazer parcerias, para ganhar escala na produção e recursos para a sua promoção. Que o país pense na ITV como um setor importante.

Quais as perspetivas de crescimento da Impetus nos têxteis técnicos, a par da marca e do private label?

O nosso desenvolvimento de produtos técnicos está muito virado para a marca. Procuramos desenvolver produtos de que o mercado necessita e se encaixam na nossa gama de produtos. Também no private label desenvolver em conjunto produtos técnicos. Produtos novos dão necessariamente melhores margens, menor concorrência e mais sustentabilidade. Esta preocupação deve ser permanente.

Como perspetiva a relação entre a indústria e os centros de investigação?

Neste momento já é importante, mas tem de melhorar. Os centros de investigação têm de entender que o sucesso da sua atividade é fundamental para o futuro do país e por isso terão de trabalhar em parceria e não uns contra os outros. Portugal tem ganho uma enorme credibilidade em termos de investigação. Não podemos, por egoísmo, estragar todo este trabalho.


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MODATEX COM OPEN DAY PARA MOSTRAR OFERTAS FORMATIVAS O Modatex volta a abrir as portas aos jovens que desejem saber mais sobre as ofertas formativas disponibilizadas no Porto, Lisboa, Covilhã, Vila das Aves e Barcelos. No Open Day, os visitantes irão conhecer a forma como se desenvolve a formação, bem como os equipamentos que são usados durante a aprendizagem e que são bastante semelhantes aos que utilizarão quando, depois do curso, ingressarem no mercado de trabalho. A participação no Open Day é gratuita, mas exige inscrição prévia através do site do Modatex.

P&R TÊXTEIS DE AMARELO NA CLÁSSICA PARIS-NICE

Calendário O britânico Geraint Thomas (Sky) conquistou pela primeira vez a mítica prova de ciclismo Paris-Nice. Mas poucos devem saber que teve uma ajuda de Portugal. É verdade. A camisola que vestiu, da Le Coq Sportif, foi desenvolvida pela P&R Têxteis. Hélder Rosendo, general manager da empresa de Barcelos, não podia estar mais satisfeito e explica que esta camisola pesa unicamente 100 gramas e a malha tem superfícies/relevo diferentes, que através de encaixes diferenciados nas várias zonas da peça permitem optimizar o conforto do ciclista e o comportamento aerodinâmico em prova

ETIQUETAS DA IDEPA ESTÃO EM 37 PAÍSES Isabel Cristina Costa

A Idepa, empresa de S. João da Madeira com meio século de experiência no fabrico de etiquetas, fitas e elastanos recobertos, já vende para 37 países distribuídos por quatro continentes: Europa, América, Ásia e África. A exportação pesou 60% no volume de negócios, que em 2015 rondou os cinco milhões de euros (mais 14% face ao ano anterior). “Estes valores devem-se não só à fidelização de clientes em crescimento, nos quais investimos numa re-

lação de parceria de negócio, como à conquista de novos mercados”, explica o gerente Eduardo Moura e Sá. Fundada em 1965 pelos irmãos José Bernardo e Fernando Moura e Sá, actualmente é dirigida pelos filhos deles, respectivamente Eduardo e Nuno. Com 140 colaboradores, a Idepa está apostada em continuar a ser um fabricante de referência. A estratégia traçada assenta em três eixos fundamentais: acompanhamento da evolução tecnológica, internacionalização e sistematização da melhoria contínua. Eduardo Moura e Sá ex-

CASCAIS COMPRA A SUECOS COM FÁBRICA NA BULGÁRIA A Câmara de Cascais encomendou vestuário de trabalho para os seus 1 436 funcionários à Odin Workwear, grupo com sede na Suécia e fábrica na Bulgária onde emprega 200 costureiras. O contrato é no valor de 152 500 euros e vigora durante dois anos.

plica ainda que o mercado nacional continua muito sustentado em produções private label, estando muito dependente de marcas internacionais e da competitividade da nossa indústria nacional. “Neste contexto, a nossa visão é geograficamente global com a consciência de que operamos num mercado maduro. Por conseguinte, a evolução do nosso negócio depende fortemente da proposta que apresentamos que deverá reforçar e criar o valor que passamos aos clientes”, conclui o gerente da Idepa.

“O PÚBLICO GAY É MUITAS VEZES PIONEIRO NA CRIAÇÃO DE TENDÊNCIAS. MAS O TARGET FINAL DA NOSSA MARCA É QUALQUER HOMEM QUE NÃO TENHA RECEIO DE SER OUSADO, DIVERTIDO E DESCONTRAÍDO” Hugo Palos Pires, criador da marca de underwear gay Much

BARCELOS Modelação e Confeção 15 abril, 20 maio, 17 junho 10h30-12h30 COVILHÃ Fiação 15 abril | 10h-12h Confeção 20 maio | 10h-12h PORTO Confeção e Estamparia 15 abril | 9h-12h ou14h-17h Design de Moda 13 maio | 8h30-12h30 ou 13h3017h30 Modelação e Estamparia 17 de junho | 9h-12h ou 14h-17h Modelação e Estamparia 17 de junho | 9h-12h ou 14h-17h LISBOA Modelação 15 abril | 9h-12h ou 14h-17h Design de Moda 20 maio VILA DAS AVES Tecelagem 20 maio Tinturaria e Estamparia 28 junho Pais e Encarregados de Educação 30 junho

O MESMO CONSUMIDOR É HOMEM E MULHER “Há uma miscigenação cada vez maior no consumo. O consumidor é cada vez mais andrógino. O mesmo consumidor é homem e mulher”, afirma José António Rousseau, presidente do Fórum Consumo e professor universitário (ISEG, IPAM e Porto Business School), explicando a moda de roupas unissexo.



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JITAC EUROPEAN TEXTILE FAIR 26-28 abril - Tóquio A. Têxtil Serzedelo/Texser, Lemar, Riopele, Somelos Tecidos, Tintex, Trend Burel/ Burel Factory e Troficolor MAISON MIAMI 10 a 13 maio - Miami

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AMR Portugal Home, Lona/Brandão Sequeira e Linho do Castelo Bordados

AUTOMOTIVE INTERIORS EXPO 31 maio a 02 junho Estugarda

TISSU PREMIER 25 a 26 maio - Lille

ERT Têxtil Portugal, IDEPA, JR Moldes, MSG-M. Soares Gonçalves e TMG Automotive

João António Lima Malhas, One Way Tex, Quick Code e Sanmartin

AGENDA DAS FEIRAS

“O SEXO FEMININO AINDA É VISTO COMO O MAIS CONSUMISTA, MAS NA ATUAL SOCIEDADE JÁ NÃO HÁ 100% HOMEM NEM 100% MULHER” José António Rousseau presidente do Fórum Consumo

PARA A MAISON & OBJET ASIA O LUXO NÃO É UM ACESSÓRIO

MILANO UNICA VAI PARA OS ARREDORES A Milano Unica quer crescer e por isso já a partir de Setembro vai trocar a feira de Milão, no centro da cidade, pelo Parque de Exposições de Rho, que fica nos arredores mas onde poderá dispor de dois halls, com uma área de 60 mil m2.

ELENA DIRIGE ISPO EM XANGAI E PEQUIM A Mess Munchen contratou Elena Jasper para diretora de projeto dos salões ISPO em Pequim e Xangai. Diplomada pela Munich Business School, Elena estudou alguns meses na China e era responsável pela comunicação de projetos da Siemens.

MARTINA BERGMANN NA MESSE FRANKFURT

A Maria Portugal Terracota levou uma linha de dinnerware à Maison & Objet Asia. Na sua última presença tinha apresentado vasos de jardim

A Maison & Objet internacionalizou-se para o continente asiático há três anos. Se Paris consegue reunir quase três mil expositores, a Marina Bay Sands Singapura não chega a receber 200. Enquanto a primeira está direcionada para a distribuição e o retalho, a segunda chama arquitetos, designers de interiores e promotores imobiliários para conhecerem as tendências que se impõem. Pode mesmo dizer-se que na Maison & Objet Asia o luxo está longe de ser um acessório. Isabel Costa, que foi uma dos 20 palestrantes do primeiro Summit Lifestyle Design de Interiores da Maison & Objet Asia, levou pela primeira vez a Burel Factory a Singapura. “Conseguimos muitos contactos interessantes na área da arquitetura e design. Apresentámos os projetos de revestimento e o resultado nesta área apenas se

consegue ver mais tarde, por isso o futuro dirá se foi um bom investimento”, diz. Ao todo, para a 3ª edição deste certame, seguiram cinco empresas portuguesas, apoiadas pela Associação Selectiva Moda no âmbito do projeto de internacionalização From Portugal. Inovação e design foi o que levaram a AMR Portugal Home (stand F18), a Burel Factory (stand F14), a Lasa Home (stand B10), a M O S Portugal (stand A18) e a Maria Portugal Terracota (stand A5). Lençóis, toalhas de banho, sacos de edredão, roupões e almofadas foram alguns dos produtos em destaque levados pela AMR Portugal Home até Singapura. Nos materiais, destaque para o algodão orgânico e jacquards. Já a Deartis, apresentou a sua nova marca M O S Portugal com a linha de dinnerware, serveware, cerâmicas, velas e

sabonetes. “Singapura é um mercado em crescimento e com uma procura muito específica para o nosso produto. A sua localização é muito importante, o que implica visitas de compradores de países vizinhos muito importantes”, adiantou Casimiro Lemos, export manager da Lasa Home, com a empresa a apresentar produtos de gama alta, com um design específico para este mercado, numa variante jovem e de luxo. Quem partiu para a Maison & Objet Asia em busca de novos mercados foi a Maria Portugal Terracota, depois de na última edição apenas ter exposto vasos de jardim, nesta feira levou uma linha de dinnerware. “O nosso grande objetivo neste momento é a divulgação da marca nestes mercados, os resultados deverão surgir posteriormente”, sustentou Flávio Cardoso.

Martina Bergmann, 46 anos, assumiu a vice-presidência de Digital Business da Messe Frankfurt, com a responsabilidade do desenvolvimento de produtos e serviços online, na internet e mobile, que facilitem vida e trabalho de expositores e visitantes.

2,9

mil milhões

de euros foi o lucro líquido da Inditex em 2015, 15% superior ao obtido em 2014. No ano passado, a faturação do grupo fundado por Amancio Ortega ultrapassou pela primeira vez, e logo em 900 milhões de euros, a barreira dos 20 mil milhões de euros, distanciando-se da H&M, que lucrou 2,25 milhões num volume de negócios de 19,.5 mil milhões de euros.


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DOMINGOS É O NOVO BOSS DA C&A NA PENINSULA IBÉRICA Domingos Esteves é o novo diretor-geral da C&A em Espanha e Portugal. “Conheço muito bem a equipa de trabalho e estou seguro de que todos juntos, com uma atitude positiva diária, continuaremos a aplicar toda a nossa paixão e energia para descobrir as necessidades dos clientes e surpreendê-los com uma experiência de compra diferente”, declarou Domingos, licenciado em Gestão pelo ISLA e que há mais de 20 anos está ligado à C&A (de 2009 a 2012 foi diretor de lojas desta cadeia na China).

LEVI’S COM GOOGLE NA BUSCA DE TECIDOS TIPO ECRÂ TOUCH

FOTOS: RUI VASCO

A Levi’s começou a colaborar no Projecto Jacquard da Google, que visa incorporar fios condutores nos tecidos, permitindo assim a confecção de roupas interactivas ao toque e ao gesto, tal como os ecrãs touch dos smartphones ou tablets. “Acredito que o significado do vestuário e a nossa compreensão do seu valor e lugar nas nossas vidas estão a mudar”, afirma Paul Dillinger, vice-presidente global de Inovação e Design de Produto da Levi’s.

FILIPE DEU FAÍSCA NOS 25 ANOS MODALISBOA

Com gente de todas as idades a desfilar na passarela, Manuela Moura Guedes ao colo do criador e disfarçada de manequim, David Bowie na banda sonora e Lili Caneças na primeira fila, Filipe Faísca e a sua coleção “New Age” foram os grandes destaques da última edição da ModaLIsboa Kiss, comemorativa do quarto de século de existência do certame lisboeta e que se realizou entre 10 e 13 de março, no Pátio da Galé, na Praça do Município, na capital.

NÃO PÔR OS OVOS TODOS NA CESTA DA MARCA “Muitas empresas foram à falência porque puseram os ovos todos na cesta da marca própria”. O aviso é de Hélder Rosendo, director geral da P&R Têxteis e um dos três participantes (os outros foram Ana Campos, diretora de moda da Vogue, e Miguel Vieira, o criador de S. João da Madeira que está a comemorar 30 anos de carreira) no Worklab Fashion and Textile Industry Trends moderado por Paulo Vaz e integrado na QSP Summit que se realizou a 10 de março na Exponor. “Ter uma marca dá muito trabalho. Os empresários acomodaram-se a vender private label. As Gucci, Armani, Prada vêm cá e compram tudo já feito, só querem que se meta a etiqueta deles. Portugal está a tornar-se a China da Europa. Entregamos bem, temos preços bons, trabalhadores bons, boas maquinarias, bons designers. Portugal está na moda. Nós os criadores de moda somos os palhacinhos”, explicou Miguel, revelando que tem a frase

Fabricado em Portugal tatuada no corpo - “Fabricado, não Made in”, precisou. Mais prudente, Hélder Rosendo não tem tantas certezas como Miguel Vieira sobre a questão das marcas próprias e não resistiu a citar Daniel Bessa: “Vejo mais um Portugal vencedor na área da tecnologia e engenharia do que na de imagem e estilo”. Para o antigo subdiretor geral do CITEVE, há vários caminhos para chegar ao futuro e a marca própria - um caminho que a P&R têxteis também aposta pois está a fazer crescer a sua marca para o surf - e a moda são apenas um deles, tal como o investimento em tecnologia, na produção de artigos mais técnicos e até mesmo a private label. A tecnologia e o design são componentes igualmente importantes. Nenhuma delas vale mais que a outra, avisou Rosendo, dando o exemplo vestuário desportivo onde há uma combinação muito grande entre moda e tec-

nicidade. Quando se trata de merchandising, o design pode ser mais importante (“Os ginásios são uma feira de vaidades”), mas no desporto de competição a componente mais valorizado é a performance e não o design. O estado atual da relação entre a ITV e os criadores, foi resumido numa frase por Ana Campos: “No geral, a união entre a indústria e designers nunca chegou a ser muito bem sucedida. Mas há alguns casos em que funciona”. O pragmatismo falou pela boca de Miguel Vieira (“É clássico o antagonismo entre indústria e criação. Mas eu percebi desde o principio que para evoluir e vender tinha de me aliar à indústria, licenciar empresas, que produzem, distribuem e faturam”) e de Hélder Rosendo: ”Todos temos a beneficiar de um casamento harmonioso entre a indústria, o design e o público”.

34%

foi quanto cresceram em 2015 as fraudes com vestuário no e.commerce, de acordo com o relatório global Fraud Atack Index, do site web pymnts.com. A roupa não foi o setor mais fustigado, uma vez que, no seu global, as fraudes nas vendas online subiram 163%

TRANSEXUAL FAMOSO DÁ A CARA PELA H&M

A transexual norte-americana Caitlyn Jenner, 1m88 e 66 anos, vai ser o novo rosto da linha de vestuário desportivo para mulher da marca sueca H&M. Nascida William Bruce Jenner, Caitlyn, enquanto homem, foi medalha de ouro no decatlo nos Jogos Olímpicos de Montreal (1976) e teve seis filhos e três casamentos, o último dos quais com Kris Jenner, a matriarca do clã Kardashian, durou 14 anos.

GRUPO INDITEX VAI INVADIR A NICARÁGUA E O VIETNAME A Inditex vai investir este ano 1 500 milhões de euros na abertura de mais 400 a 460 lojas e na entrada em cinco novos mercados: Vietname, Nova Zelândia, Paraguai, Aruba e Nicarágua. Actualmente, o grupo galego tem uma rede de 7 013 lojas espalhadas por 88 países.


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X DE PORTA ABERTA Por: Isabel Cristina Costa

Hippie Plaza

Praça de Carlos Alberto, 96 Porto

Fundadora Sílvia Ramos Abertura maio de 2012 Investimento inicial 2 000 euros Marcas Hippie Plaza, Pepita Pérez, Flamenco, Goldmud e Buenos Aires

Hippie-chic e boho-chic no coração da Baixa do Porto Qual é coisa qual é ela que é pequenina e colorida? A resposta é Hippie Plaza, a loja que Sílvia Ramos decidiu abrir em plena Baixa do Porto. “Adoro este contacto tão pessoal, nos shoppings isso não acontece. Adoro o meu Porto e a minha Baixa. Estar aqui tem sido uma experiência fantástica, pela pureza e genuinidade das pessoas mas também pelo público que a Baixa traz. Os turistas também são o forte da loja, principalmente os alemães, esses perdem-se cá e voltam, o que é maravilhoso”, afirma a dona da Hippie Plaza. Quando há quatro anos abriu a loja na praça de Carlos Alberto, Sílvia encontrava-se desempregada depois de um percurso no setor têxtil (Salsa e Sacoor Brothers, por exemplo). “Como já era um sonho ter uma loja, foi a altura certa para me lançar”, lembra. Inicialmente abriu a loja com uma marca de roupa espanhola e à medida que os anos foram passando conseguiu inserir marcas nacionais (vestuário, acessórios e calçado), com um cunho handmade (artesanal). Foi neste contexto que nasceu a marca própria Hippie Plaza. “A cliente Hippie Plaza é a mulher que gosta de descontração na forma de vestir, mas com estilo. Aqui encontram peças hippie-chic e boho-chic , mostrando glamour no dia-a-dia”, sustenta a empreendedora. E as clientes não se resumem ao Porto, uma vez que Sílvia envia encomendas por correio para todo o mundo (sem custos de porte). É o caso da Alemanha, França, Angola e Brasil. Para Sílvia, crescer e dar um salto valente pode passar pelo sistema de franchising . Por enquanto, dedica-se a esta loja cheia de cor que por “pequenina” não revela faturação. Mas “2015 foi um bom ano e espero que 2016 seja um ano de ótimas mudanças”. No desenvolvimento da marca própria Hippie Plaza, conta com “a preciosa ajuda de duas costureiras. Sou eu juntamente com elas que idealizamos a cada estação os artigos, entre calças, calções, túnicas, casacos, quimonos e as pulseiras bota”. A primeira marca com que abriu as portas foi Pepita Pérez. Posteriormente veio a Flamenco e logo a seguir a marca própria Hippie Plaza, 100% Made in Porto. Além do estilo, o que sobressai na loja de Sílvia Ramos são as cores, tantas, “para marcar a diferença, pois no Porto não havia nada assim”. Também é fácil de distinguir porque tem sempre à porta uma bicicleta com o cesto cheio de flores.

AFEGÃS USAM HUMMEL COM HIJAB A convite da federação afegã de futebol, a marca dinamarquesa Hummel produziu equipamentos que integram um hijab para serem usados pelas seleções femininas daquele país.

VINHAS DA SILVA ELOGIA A SONIX O presidente do Compete 2020 esteve em Barcelos a visitar a Malhas Sonix e ficou satisfeito com o que viu. ”Ao apostar numa estratégia de private label na confeção para reputados retalhistas internacionais, com enfoque na prestação de serviços de tinturaria e produção de malhas tingidas, a Sonix consegue controlar alguns elos importantes da cadeia de valor, nomeadamente a montante na consecução de eficiência produtivas e a jusante na diversificação que consegue de produtos e mercado”, elogiou Rui Vinhas da Silva. A Sonix emprega 160 pessoas e fabrica diariamente 15 mil peças, das quais 80% são exportadas.

"GUIMARÃES NÃO DESISTE DE TER UMA COMUNIDADE EDUCATIVA FORTE, UMA UNIVERSIDADE FORTE E QUE A PRODUÇÃO E DIFUSÃO DO CONHECIMENTO SE FAÇA EM PRIMEIRA MÃO NA TRANSFERÊNCIA PARA A ECONOMIA” Domingos Bragança presidente da Câmara de Guimarães

É PRÓ MENINO E PRÀ MENINA Depois da Nike ter lançado uma linha unissexo, foi a vez da Zara aderir a essa moda, apresentando uma coleção Undergender, com peças básicas simples, composta por oito modelos diferentes (camisolas de alça e algodão, malhas, calças de lã, calças de jogging, jeans..), com preços que oscilam entre os 9,95 euros e os 29,95.

LOUSADA QUER FÁBRICA ESCOLA A Câmara de Lousada vai candidatar a financiamento comunitário o projeto de instalar no concelho uma fábrica escola para o setor têxtil e de vestuário. “Trata-se de um projeto ambicioso, que vai possibilitar aos formandos aplicar e desenvolver os seus conhecimentos em contexto de trabalho, tal como se estivessem numa empresa do setor”, explica Pedro Machado, o presidente da autarquia. A ANIVEC disponibilizou-se para apoiar o projeto sinalizando o equipamento necessário e indicando potenciais fornecedores.


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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel

Alexandra Oliveira Designer de Moda e empresária da Pé de Chumbo Família Casada, tem duas filhas - a Bia (Beatriz) tem 17 e vai para Biologia, a Tê tem 16 e quer estudar Economia - e um labrador preto chamado Bazuca Formação Citex Casa Vivenda em Brito, Guimarães Carro Kia Portátil Samsung Note Telemóvel Samsung Hóbis Jantar com as minhas amigas à sexta-feira e deixarmo-nos ficar na mesa à conversa, pela noite dentro, com um copo de vinho à frente Férias Um mês de praia em Vila do Conde Regra de ouro Nunca deixar de ser eu própria

Três nós na vida de uma mulher

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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Em miúda ia para a escola com botas Doc Martens, que lhe valeram a alcunha de Pé de Chumbo. Mas apesar deste ar duro e alternativo, sempre gostou de vestir as suas bonequinhas e brincar com os trapos, o que ajuda a explicar a vida futura de Alexandra, nascida no ano do Maio francês, filha do meio das três raparigas fruto do matrimónio de uma professora primária e de um comerciante de eletrodomésticos (o dono da Electorolândia) com nome feito na praça, em Guimarães. O primeiro dos três grande nós que teve de desatar ao longo da vida surgiu-lhe no final do 12o ano, na área de Desporto (na adolescência praticou judo e jogo voleibol no Vitória). Ela gostaria de ter ido para Belas Artes, mas a mãe não achou grande piada à ideia. O impasse foi resolvido com a opção por uma arte não menos bela que as clássicas - a bem sucedida candidatura ao curso de Design de Moda do Citex. “Gostei muito do curso e do Porto. Foram três anos muito bons”, lembra Alexandra, que foi colega de Maria Gambina e Pedro Mourão. À mesada que recebia dos pais juntava-se o subsídio de deslocação pago pela escola, pelo que lhe sobrava dinheiro para gastar em roupas na Zara de Santa Catarina, a primeira loja que Ortega abriu fora de Espanha e que no início dos anos 90 era uma novidade absoluta e excitante. Em 1992, acabado o curso, voltou a Guimarães ao volante do seu Fiat Uno vermelho. Montou um pequeno atelier, e uma loja, com a ajuda dos pais. Também deu formação na área de Design de Moda e colocava nas lojas da cidade as roupas que produzia e levavam na etiqueta a marca que foi buscar à alcunha de adolescente. A coisa ia dando para viver, até que em 2007, Alexandra percebeu que tinha de se desenvencilhar de um segundo grande nó. O Minho era um horizonte demasiado estreito. Ou fechava ou avançava para o mundo. Optou por dar o grande salto em frente. Deixou de usar tecidos convencionais e foi apurando uma técnica própria e texturas que fazem com que as roupas Pé de Chumbo sejam únicas e identificáveis ao primeiro olhar. “Compramos o fio e fazemos a peça completa, que é construída. Não há corte, mas não é tricot. É um processo de fabrico manual, quase artesanal”, explica Alexandra. E começou a viajar. Logo em 2007 esteve SIMM, em Madrid, onde arranjou logo um agente. Em janeiro de 2008, na Who’s Next, em Paris, as coisas ainda correram melhor e trouxe encomendas de Kuwait e e de um cliente turco que ainda mantém - a rede de 12 lojas Vakko. A partir daí tem sido sempre a subir. As roupas casual chic da Pé de Chumbo estão em mais de 120 lojas de 25 países (Itália, EUA, Turquia e Japão são os mais importantes.) A exportação é o destino de 99,9% do vestuário produzido em Brito por Alexandra e as suas 20 colaboradoras. “Lá fora ligam à roupa, cá ligam ao nome”, diz. A Pé de Chumbo vende bem, tem um produto diferenciado e uma estrutura eficaz. Mas um coisa boa tão como crescimento da procura colocou-a perante um terceiro nó, a saber o desafio de construir uma imagem internacional, que lhe permita aumentar margens. “O nosso problema não são as vendas mas a produção. Estamos em boas lojas, mas devido à técnica artesanal que usamos, o crescimento tem de ser lento. Como não conseguimos produzir muito mais peças, temos de subir os preços. É por isso que estamos a investir na imagem da marca”, explica Alexandra, que iniciou esse caminho estreando-se no Portugal Fashion.


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100 ANOS DA VOGUE UK CELEBRADOS COM LUXO

X O MEU PRODUTO Por: Isabel Cristina Costa

PERMAC

Personal Microclimate Active Control (Damel/CITEVE)

Aplicação Sistema de vestuário de proteção inteligente para fins militares e defesa, constituído por dólman e calça em camuflado floresta, que integra elementos que permitem autorregulação térmica, mesmo em condições ambientais extremamente adversas. Parceiro Citeve e Damel-Confeção de Vestuário Cliente Exército português

Publicada pela primeira vez em 1916, a Vogue britânica vai festejar o seu centenário lançando artigos de moda produzidos em edição limitada por cinco marcas de luxo: Burberry (100 trench coats ), Jimmy Choo (100 sandálias Hannover), Mappin & Webb (50 braceletes de prata sterling ), Moet & Chandon (400 garrafas de champanhe com Vogue escrito a diamante) e Christian Dior (30 exemplares da bolsa exclusiva vermelha, azul e preto - foto).

BGC AVISA: AS FASHION WEEKS TÊM DE MUDAR E MUITO DEPRESSA O atual modelo das Fashion Weeks tem de mudar e rapidamente, para se adaptar ao fenómeno “ see now, buy now ” que veio para ficar, conclui o estudo do Boston Consulting Group (BCG), encomendado pelo Council of Fashion Designers of America, liderado por Diane Von Furstenberg. Grande especialista mundial de estratégias industriais, o BCG, que ouviu mais de 50 profissionais do setor (criadores, compradores dos grandes armazéns, representantes das lojas, atores do e.commerce , jornalistas e bloggers ), não aponta um caminho, apenas várias pistas e a recomendação firme de que a mudança é absolutamente necessária.

Da Póvoa para a NATO O protótipo do PERMAC, desenvolvido pela poveira Damel em parceria com o CITEVE, já foi entregue ao Exército português e está pronto a ser comercializado, uma vez que não é um produto exclusivo para os nossos soldados. Vítor Paiva, sócio-gerente da Damel, apresentou há dias o PERMAC à NATO Support and Procurement Agency, sediada no Grão-Ducado do Luxemburgo. A seguir rumará aos EUA. Mas afinal quais são as grandes vantagens deste vestuário de proteção inteligente? “Temos um dólman (e calça em camuflado floresta) mais resistente e funcional, ou seja, mais de acordo com as necessidades atuais dos militares. Por exemplo, o soldado de hoje tem os ombros mais largos, a cintura mais delgada e os membros mais musculados. A própria dimensão dos bolsos é diferente, a ergonomia da manga, a resistência do tecido é três vezes superior, há também um reforço maior na parte do traseiro, joelhos e cotovelos”. Mas há mais vantagens ao nível das estruturas têxteis avançadas. É o caso do sistema que integra elementos que permitem

a autorregulação térmica (arrefecimento até 15 graus centígrados e aquecimento até 40 graus centígrados), mesmo em condições ambientais extremamente adversas. Vítor Paiva conta que o PERMAC teve um período de três anos de desenvolvimento e testes, com a Damel a ser apoiada pelo CITEVE. Além disso, este produto foi desenvolvido com “a colaboração de militares que estiveram por várias vezes em cenário de guerra em várias missões das Nações Unidas, correspondendo a todas as solicitações e necessidades dos militares mais experientes”. O CITEVE colabora regularmente, e desde longa data, com o Exército Português, representado pela Escola das Armas, localizada em Mafra, em atividades de validação e experimentação de desenvolvimentos inovadores para a área da Defesa. Atualmente encontra-se envolvido em outros quatro projetos internacionais na área dos materiais têxteis e produtos para a Defesa, desenvolvidos no quadro da EDA (European Defense Agency) e que abrangem 14 empresas e organizações nacionais

e internacionais, nomeadamente de Espanha, França, Suécia, República Checa, Holanda e Alemanha. Quanto à Damel, o PERMAC não é o primeiro produto inovador que desenvolve. Há o SeaB2 - um blusão com sistema de insuflação integrado -, que está numa fase de implementação e internacionalização. Vítor Paiva já tem em mãos um acordo de distribuição com uma empresa alemã na área de sailing. “Vamos estar, no início de Maio, em Atlanta e depois no Dubai para divulgar este produto”, revela. O SeaB2 também foi apresentado à NATO para possível equipamento da Marinha e polícia costeira. A Damel está sediada na Póvoa de Varzim e conta com 128 colaboradores. Em 2015 a faturação foi de cerca de 3,4 milhões de euros. O vestuário técnico representa 80% da produção. A exportação pesa 99% nas vendas e os mercados são: Alemanha, Suécia, Dinamarca, Islândia, Inglaterra, Espanha, Suíça, França, Japão e “estamos já com o mercado dos Estados Unidos em aberto, assim como a Austrália”, acrescenta Vítor Paiva.

82%

das exportações totais de ITV têm como destino a Europa

UBI DÁ UMA AJUDA NO SOFÁ MISS VINTAGE O Departamento de Ciência e Tecnologia Têxtil da UBI colaborou com a Unissima na criação de uma nova versão do sofá Miss Vintage. Com lacados de alto brilho, pele genuína e latão banhado a ouro, este modelo de sofá foi criado e é fabricado pela Unissima Home Couture, sendo que a designer da empresa é mestre em Design de Moda pela UBI. Os tecidos de veludo em degradé de cor foram tintos no laboratório de Tinturaria do Departamento Têxtil da UBI .

PIZARRO APOIA CONCURSO EMPREENDER E INOVAR NA UE A Pizarro é uma das três empresas (a outras são a Primavera BSS e a Porminho) que apoiam o concurso “Empreender e Inovar na UE”, uma iniciativa conjunta do jornal Correio do Minho, rádio Antena Minho, Politécnico do Cávado e Ave e CIED (Centro de Informação Europe Direct) de Barcelos. Especializada em acabamentos, lavandaria, tinturaria e estampagem, a Pizarro tem a sede em Brito, Guimarães, emprega 650 colaboradores e produz 50 mil peças por dia.


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OPINIÃO 2000

Paulo Vaz Diretor Geral da ATP e Editor do T

FAZER SABER QUE SABEMOS FAZER

APIM FESTEJA 35 ANOS NAS VÉSPERAS DA FUSÂO A 22 de novembro, o Pátio das Nações do Palácio da Bolsa engalanou-se para receber as 400 pessoas que participaram no jantar comemorativo do 35º aniversário da APIM. Do menu fazia parte um desfile de moda e a atribuição de “ pins ” com o logo da associação a personalidades como Henry Tillo, Fernando Barroso, João Pereira Guimarães, Firmino Antunes e Leo Gros (recebida, a título póstumo, pelo filho François). Foi o último grande ato da APIM antes da fusão com a APT, que se concretizaria em Julho de 2003 e deu origem à ATP. Os obreiros iniciais da fusão, Carlos Branco, Fernando Barroso e José Alexandre Oliveira estavam entre os convidados da gala.

Um dos eixos de intervenção do Plano Estratégico da ITV até 2020, apresentado pela ATP, é o da promoção da imagem do sector, seja ela interna, cujo objetivo é fomentar a atractividade de jovens profissionais e empreendedores, numa lógica de regeneração do tecido empresarial, seja ela externa, procurando reposicionar superiormente a atividade na cadeia de valor, consolidando a presença em mercados tradicionais, em particular nos segmentos de maior poder aquisitivo, e recuperando outros, que, tendo sido importantes no passado e num outro paradigma, têm todo o potencial para voltar a crescer em quota e rentabilidade. Foi neste contexto, a ATP lançou um programa de promoção internacional da ITV portuguesa, dando concretização às orientações estratégicas, elaboradas no Plano que desenhou até final da década, tendo para tanto visto aprovado um projeto dedicado a este desiderato pelo Programa Compete 2020. Sendo sector uma fileira extensa e complexa, constituída por muitas e diversas atividades, algumas sem qualquer conexão entre si, além de que, embora se encontre mais focada no mercado da UE, exporta para mais de 180 países no mundo, houve que realizar uma segmentação. Assim, quatro mercados foram selecionados: Espanha (em particular as regiões como o País Basco que menos conhecem a ITV nacional), Alemanha (cujo potencial imenso tem sido insuficientemente aproveitado), países nórdicos (nomeadamente a Suécia e a Dinamarca, que revelam um renovado e crescente interesse por nós) e os EUA, que, com a paridade euro/dólar e a perspetiva de um acordo de livre comércio, têm apresentado um crescimento impressionante, mais de 25% nos últimos anos, podendo rapidamente recuperar um lugar entre os três principais clientes, aproximando-se dos 400 milhões de euros/ ano. E, se são quatro os mercados alvo, três são os sub-setores que a promover preferencialmente: as Marcas, Moda e o Design, o Private Label (no sentido lato das competências produtivas e de engenharia do produto), e Têxtil Lar. O cruzamento dos mercados com os sub-setores terá como resultado que a focagem em Espanha será na Moda e Private Label, na Alemanha no Private Label e no Têxtil Lar, nos países nórdicos essencialmente o Private Label, e nos EUA na Moda e nos Têxteis Lar. A imagem criada para esta campanha, que se designará Fashion From Portugal, terá declinações para cada um dos sub-sectores atrás mencionados, acrescentando-se ao logo base e comum, Design & Brands, Private Label e Home, consoante a ação. As ações de comunicação serão preferencialmente coordenadas, com feiras têxteis e de moda, que a ATP já organiza em consórcio com a Associação Selectiva Moda, para amplificar os efeitos da presença comercial de empresas nessas mostras e mercados. Editoriais de moda e publicidade em revistas especializadas, outdoors junto dos recintos feriais onde decorrerão as mostras nos mercados selecionados, a par de intervenções mais transversais, onde pontificarão as revistas temáticas e livros de estilo e prestígio, vídeos virais, entre outros outputs, serão as principais ações a realizar ao longo dos próximos dois anos. Fazer saber que sabemos fazer, promover, de forma coerente, organizada e consequente, a fileira da moda têxtil nacional, fortalecendo a reputação de excelência do made in Portugal nos domínios da moda, têxteis-lar e do know how técnico e inovação tecnológica, é o objetivo deste programa, que certamente terá continuidade futura, em outras ações em distintos mercados, numa lógica de permanente posicionamento superior desta indústria, que tão bem combina a tradição e a modernidade, consolidando a sua dimensão estratégica para a economia nacional, cada vez mais internacionalizada e integrada no mercado global.


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Braz Costa Diretor-Geral do CITEVE

Maria Conceição Tedim Direção Departamento Têxtil da Focor

31% DE AUMENTO DE PRODUTIVIDADE

A QUÍMICA DO DENIM

É bem verdade que as “coisas do mundo só se podem ver ao longe”. O imediatismo das tentativas de ligar tendências do desempenho económico a curtos ciclos marcados com cores políticas, não dá valor a análises mais ponderadas sobre o assunto. Em várias ocasiões, quer em contactos nacionais fora do contexto do nosso setor, quer em contactos internacionais especializados na ITV, tenho informado, para perplexidade de muitos, que a ITV portuguesa vem desde 2009, em claro contraciclo, a crescer e a melhorar indicadores. Ora, confrontado com sistemáticos torceres de nariz, fui sentindo necessidade de trazer à mão um kit de estatísticas de fonte oficial para segurar a minha credibilidade. Nada mais do que uma tabela com valores e rácios, indicando a evolução positiva do setor. Crescimentos de 8% nas exportações, aumentos muito positivos no valor acrescentado, etc., etc., etc. Números simpáticos, portanto, que deixam geralmente os meus interlocutores a pensar... Há dias, por ocasião de uma visita do Ministro da Economia ao CITEVE e ao CeNTI, decidi fazer um zoom-out e “medir” a evolução acumulada entre 2009 e 2014 e deparei-me com o tal mundo que “só se pode ver ao longe”... Como o leitor do T sabe do que estamos a falar, não terei que aconselhar a que se sente para depois o confrontar com os números. Ainda assim... O número de empresas diminuiu 20% e o número de trabalhadores baixou 14%. Até podia ser uma desgraça, mas estes dois indicadores (os únicos negativos do meu painel) muito ajudaram os seguintes, estou convencido. O volume de negócios cresceu 24%, sobretudo em mercados externos, já que as exportações cresceram 32%. Parece fácil! Dirão muitos que a performance em termos de vendas, cá dentro e lá fora, não significa que o setor tenha, durante estes anos, criado novas forças de competitividade; sorte, portanto. Que terá acontecido com o valor acrescentado e com a produtividade? Pessoalmente, dou especial valor a estes dois indicadores. Pois é... O valor acrescentado bruto cresceu 13% e a produtividade teve um incremento de 31%. Trinta e um por cento de aumento da produtividade em seis anos é obra, não?

Longe vão os tempos em que o denim era meramente utilizado pela classe operária, por sugestão de Levi Strauss, por ser um artigo barato e muito resistente ao uso. A sua versatilidade, variedade de tons e a harmonia entre o algodão e outras fibras rapidamente o converteram num ícone de moda! Num código de linguagem universal. Num produto com uma “química” única com os seus utilizadores... geração após geração. Hoje, um par de denim jeans faz parte de qualquer guarda-roupa, quer seja de uma criança, jovem, executivo ou, até mesmo, dos que já são avós. Com adeptos em várias faixas etárias, tem hoje importância estratégica na economia do setor têxtil e é, consensualmente, um produto de desejo. Ultrapassou fronteiras e conquistou as passarelas em todo mundo. Nos últimos 100 anos, muito esforço de pesquisa e inovação conferiu ao denim (variação fonética da oralidade norte-americana em relação ao tecido originalmente utilizado por Levi Strausss, que era “de Nimes”, em França) o estatuto de tecido atrativo, confortável e intemporal. Longe de se tornar obsoleto, o denim inspirou constantemente novas técnicas, métodos e produtos capazes de induzir efeitos estéticos diferenciadores no produto acabado. É esse também, em parte, o segredo da sua longevidade. No setor químico, a Focor também tem estado presente na constante evolução do mercado do denim, com soluções sustentáveis, que renovam ciclicamente o caráter apelativo do produto final. De introdução recente, o Nofelding Re é um dos nossos produtos que assegura as mais novas tendências e expectativas do mercado em relação ao denim. De elevada versatilidade, permite novos e especiais efeitos, como a reserva do denim resistente ao bleach posterior ou a reserva do denim para overdye . A versatilidade do Nofelding Re não se limita, porém, a estes dois efeitos, permitindo ir muito mais além no domínio do acabamento. Para que a moda do denim não tenha limites, essa diversidade tem de ser constantemente assegurada por inovadores processos, desenvolvidos com o apoio da indústria química. Para além da qualidade do tecido, do corte, do modelo e da marca, o maior ou menor valor de um par de denim jeans resulta hoje, sobretudo, do acabamento diferenciado. O desgaste do tecido, pela exclusividade que permite alcançar, é o vetor mais importante da cotação que o denim atingirá no mercado. As constantes inovações, na matéria-prima, na tecnologia ou na beneficiação dos produtos acabados, continuam a aumentar, tornam o denim competitivo e cada vez mais interessante, permitindo prever a manutenção da sua “química” com a sociedade.


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Chegou atarefada de Xangai na noite de dia 18 de Março e apresentou a coleção no Portugal Fashion na tarde de dia 19. Dia 20 foi a “ressaca” da festa, ou seja compor o caos que volta sempre dos bastidores de um desfile; roupas sapatos e acessórios. Dia 21 rumou a Lisboa para uma entrevista. Dia 22 preencheu parte do dia a dar aulas, mas, na verdade foi o primeiro dia tranquilo que a nossa designer teve em algum tempo

Hoje visto o povo e o viajante Depois de um intenso ciclo de trabalho, sinto a necessidade gigantesca de renovar energias e reorganizar as ideias. Limpo o meu espaço de trabalho, organizo documentos, materiais e toda uma quantidade de pequenas coisas que vão ficando em segundo plano. Hoje seria o meu primeiro dia para iniciar estas tarefas de renovação. O programa “reorganizar” começa hoje. Mas o hoje que eu falo, é 22 de março e infelizmente começou sem energia. Entre as tarefas deixadas em stand by estava a minha rubrica no T. A minha função neste jornal é vestir uma figura da nossa esfera política. Mas hoje estou triste, não tenho vontade de descrever sedas, linhos, pontos retorcidos, padrões pitorescos e adjetivar as formas com elegância e sumptuosidade, usando nomes bonitos e rebuscados. Tudo para vos descrever um imaginário, onde os barões da política vestem de forma inadvertidamente louca, para nos brindar com algum sorriso honesto. Mas hoje estou triste e não tenho piada. É certo que na altura em que leitor tiver acesso a estas palavras a notícia já será história. Lembrar-lha será uma homenagem. Acabo de regressar de uma série de viagens, daquelas que nos deixam num autêntico desgaste físico e mental, com jet-lags e devaneios digestivos. O certo é que passei por diversos aeroportos bem tumultuosos, daqueles que parecem ser os alvos perfeitos de ataques bombistas sem sentido. Mas, eu, estou aqui, de volta a casa. Muitos outros não tiveram essa graça divina. Felizmente não passei perto da dor, do medo, do desespero, mas de longe sinto a tristeza, a impotência e a raiva. Por isso hoje não brinco, falo sério. Hoje não visto o político, visto o povo e o viajante. O preto é a cor desta estação que acabamos de apresentar, é a cor do Inverno, mas como muitas outras cores está carregada de significados, entre eles, o luto. Eu gosto de preto, adoro preto, mas nos meus dias de luto desprezo esta cor, preferindo pintar de branco a mancha da dor. Porém a dor de hoje não é minha, tem muitas tristezas e raivas à mistura, é global, não é preta nem branca, é vermelha. O vermelho é uma cor repleta de dualidades particularmente extremistas. Para alguns povos simboliza; guerra, revolução, fúria, riqueza, poder. Para outros representa; alegria, nascimento, coragem, energia, renovação, amor. Hoje o meu “não político” veste-se de vermelho porque não tem medo, sente raiva, mas também amor.


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Abril 2016

O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Águia d'Ouro Rua Ferreira Caldas 94, 4815-431 Caldas de Vizela

EM VIZELA: UM BOM CONSELHO Nem tudo o que reluz é ouro, como não é todos os dias que reconheço qualidades a um benfiquista empedernido, mas o meu amigo José Pinheiro, para além de ser um industrial têxtil de créditos firmados, está no meu nível "gold" , não fosse ele o responsável por há 20 anos me ter levado a conhecer o já famoso restaurante Águia de Ouro do Sr. Pinto (foto ao lado). 20 anos depois, por coincidência, volto a estas delícias regionais pela mão da filha Ana (que, com a sua irmã Helena, o começa a substituir na Mundotextil) e que, pelos vistos, tem as mesmas exigências gastronómicas que o seu pai o que só a recomenda: duas décadas volvidas mantém-se a genuinidade, a qualidade nobre do que nos servem e a simpatia que nos faz querer voltar. O Águia de Ouro é aquele restaurante que nos lembra a cozinha das nossas mães ou avós. Tudo é caseiro, fresquinho e acabadinho de fazer. A sala rústica, com parede de pedra e o fogo da lareira, acolhe-nos. As entradas aconchegam-nos, os pratos, na sua maioria regionais, confortam-nos e as sobremesas, bom se houver espaço para elas, fazem-nos querer sempre mais. Aqui deixo dois conselhos: atenção às entradas! Pataniscas, petingas, queijos e presunto, são só alguns dos bons exemplos. São todas tão boas e variadas que podem roubar espaço para o que vem a seguir. E garanto-vos: guardem espaço, pois o que vem a seguir vale mesmo a pena! Eu comi Cozido à Portuguesa e estava divinal, mas havia Cabrito Assado, Rojões à Moda do Minho ou Massa à Lavrador, como excelentes opções. O segundo alerta é para não falharem as cebolinhas novas, temperadas com molho de vinagre tinto e sal. É aquela entrada que só de falar já só me apetece lá voltar. Avivada a memória uma nota final: ainda Vizela não era concelho e já o Águia de Ouro era um dos melhores conselhos para almoçar ou jantar por estas bandas.


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SOUVENIRS

MALMEQUER Diana Marques, 31 anos, é gestora comercial da ERT para a área industrial (não automóvel) desde 2013. Licenciada em Engenharia Têxtil pela Universidade do Minho, tem nove anos de experiência com laminados e coatings . Casada, tem um bebé de três meses e vive em Guimarães

OURO PARA O CHEF HÉLIO LOUREIRO

Gosta

Não gosta

Viajar moda sol camarão da costa

Chuva motas lampreia meias brancas

cerveja gelada Paris Marraquexe

pó café semáforos marshmallows

praia dançar na Casa do Livro cheiro

bermudas espirros do cheiro da água

do jasmim e da alfazema foie gras

oxigenada e dos talhos champanhe

queijos gargalhadas pessoas com

insónias filmes de terror andar de avião

sentido de humor tulipas spas vinho

bolo-rei inverno gente que se leva

tinto fotografias do Natal jazz e funk

demasiado a sério religiões papel de

melancia esplanadas revistas de

jornal beterraba flanela insetos

decoração

Para os portugueses que apreciam a gastronomia do seu país, o nome Hélio Loureiro diz muito. Para esta rubrica do T ficam desde já a saber que a peça que o chefe elege não é o avental de cozinha. Na verdade nem é uma peça de roupa, mas antes uma espécie de amuleto da sorte. “É um objecto que uso desde os meus 14 anos, o meu emblema com as armas de Portugal coroadas. E a corrente de relógio que era do meu avô. São objetos que uso diariamente e que só quando não uso blazer ou casaco dispenso, o que é muito raro”, começa por nos contar. O chefe Hélio Loureiro explica que “têm duas cargas simbólicas muito fortes. A primeira, o acreditar que a Monarquia é o melhor regime e aquele que melhor serve a Democracia, Liberdade e a garantia de um chefe de Estado livre e independente dos interesses partidários e económicos. A segunda, a vontade de nunca esquecer o meu avô nem a grande dádiva que ele me deu – o seu tempo e as suas lições. Trazer comigo esta corrente é de alguma forma transportar uma lição de amor. Nem sempre um objeto é apenas, ou somente, uma peça para nos embelezar, muitas vezes é para nos fazer recordar o que fomos, somos e devemos ser”. O chefe Hélio Loureiro é o responsável gastronómico da Seleção Portuguesa de Futebol. Também tem à sua responsabilidade o Restaurante Terrella no edifício sede da EDP no Porto e é chefe consultor na Sonae Distribuição (e chefe Continente). Além dos programas televisivos e da Causa Monárquica o chefe Hélio Loureiro é autor de vários livros: Gastronomia Portuense, Receitas com Tradição, Roteiro Gastronómico, À Mesa Com a Nossa Selecção, Receitas para Vinho do Porto, Gastronomia e Vinho Verde, Uma Tentação, entre outros.



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