T9 - Maio 2016

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CONCEIÇÃO DIAS Presidente Grupo DiasTêxtil/Sonix

"É DURANTE AS CRISES QUE DEVEMOS INVESTIR"

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

P 12 A 14

FOTO: RUI APOLINÁRIO

ACABAMENTOS

KATTY VESTE MÁRIO CENTENO PARA IR A BRUXELAS PAG 29

EMERGENTE

PERGUNTA DO MÊS

POR QUE É QUE FALTA MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA?

TERESA PEREIRA TEM DOIS AMORES EM NADA IGUAIS P 26

P4E5 DOIS CAFÉS E A CONTA

MICAELA ESTÁ A FAZER UMA FÁBRICA DE SONHOS NO CENTRO DA TROFA P6

PRODUTO

OPINIÃO

AS PEÚGAS DA FIORIMA? SÓ FALTA FALAREM

O IMPERATIVO DA COMPETIVIDADE SEGUNDO JOÃO COSTA

P 24

PAG 28

IDEIA LUMINOSA

CARJOR ACHA POTE DE OURO NO FIM DO ARCO-ÍRIS P 18

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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Ana Fleming 41 anos A diretora de Marketing do Ricon Group, é de Leça da Palmeira e foi campeã nacional de natação sincronizada. Serralves, Swatch, Continente, Imperial, Gamobar, Porsche e Everjets foram algumas marcas que marcou e marcaram o seu percurso. A experiência no retalho começou na Boxer Shorts e prosseguiu na Ricon, onde se especializou em comunicação de lifestyle e moda: Licenciada em Publicidade (U. Fernando Pessoa), tem duas pós graduações: Marketing (IPAM) e Novas Tendências de Marketing (Católica Business School)

M M de mulher Nesta edição de Maio, mês do dia da Mãe, mês do coração e da mulher por excelência, o T está transformado em M, não porque tenha deixado de tratar do Têxtil , mas porque está dedicado à Mulher que trabalha para a ITV. Como diretor honesto que gosto de ser, confesso desde já que esta "homenagem" às mulheres na edição do mês de Maio, é sentida mas é também uma coincidência . Simplesmente aconteceu, calhou que se alinhassem tantas mulheres nas várias rubricas que fomos fechando, mas como diz o nosso homem forte, Jorge Fiel, foi uma coincidência feliz entre o número crescente de mulheres com responsabilidades nesta indústria e a nossa vontade de lhes dar o destaque que merecem.

Desde a nossa capa com a comendadora Conceição Dias uma força da Natureza, que será para alguns uma grande surpresa , até à minha querida Ana Fleming, que emprestou ao nosso Júlio Magalhães o brilho especial de quem está habituada a lidar com marcas 5 estrelas, passando pelos excelentes depoimentos da Micaela Oliveira, Teresa Pereira e Ana Penha e Costa aqui está mais um T que vale a pena ler com calma e de olhos bem abertos .

Com calma, mas de olhos bem abertos, foi assim que a ITV voltou a acelerar nos mercados de exportação, enquanto outros, com tanta pressa em ficar bem na fotografia, já começam a derrapar nos números.

Fazer vingar uma marca em Portugal é um trabalho de Hércules, só possível para uma Super Mulher?

No Marketing, somos todos e todos os dias Super Heróis, lutamos contra os super prazos e com as armas que temos (e são cada vez mais), para nos distinguirmos e diferenciarmos. Não matamos leões, nem capturamos javalis, mas o cinturão mágico dava-nos uma ajudinha para gerir tudo! Enfrentar o mercado faz-se com garra e com uma equipa que está pronta a vestir a camisa (Gant). O resto do trabalho é feito com uma perna às costas :-), pois a Gant é uma marca com grande notoriedade e de qualidade reconhecida.

As produções de moda em Portugal já chegam aos calcanhares das internacionais?

Nem sempre temos tudo para lá chegar, mas temos o mais importante: excelentes profissionais com quem me orgulho de trabalhar ou ter trabalhado, temos locations únicas, apetecíveis pelos gurus do setor, temos modelos que brilham lá fora, temos fotógrafos, temos hair designers, e, sim, temos estilistas, temos maquilhadores, e temos designers ímpares - a dar cartas cá dentro e lá fora. Somos únicos no que fazemos. Só precisamos de nos valorizar mais.

Trabalhar no marketing da Gant é melhor que tirar um curso superior na área? É muito mais proveitoso! Trabalhar na Gant é pertencer a uma marca global de lifestyle americano com uma sofisticação europeia, que surgiu em 1949, nos campus das universidades da Costa Leste dos EUA , está presente em 70 países, com cerca de 750 lojas, oferecendo as linhas de vestuário, calçado, relógios e casa. Retiramos daqui toda a aprendizagem de um mundo grande que nos abre horizontes e faz saltar dos livros e escrever uma história única. Trabalhar na Gant é beber do mais sagrado na conceção de marcas e enquadrar numa perspetiva e dimensão própria.

Quando é que uma flagship store tem a missão cumprida?

Numa flag temos a missão cumprida quando o conceito da marca chega ao mais ínfimo pormenor da experiência máxima que um cliente pode ter com a nossa marca, e isso é oferecer um bolo, servir um café, proporcionar um menu de Chef, fazer uma festa memorável, criar laços únicos com quem visita a loja, deixar recordações sonoras, olfativas e visuais, e tudo isto sem nunca deixar de ser a marca que representa e os produtos que comercializa e portanto transpirar todos os valores da marca, sem que se verbalizem mas que se sintam.

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto

PROMOTOR

CO-FINANCIADO

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n PERGUNTA DO MÊS Por: Isabel Cristina Costa

POR QUE É QUE FALTA MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA?

FOTO: RUI APOLINÁRIO

A falta de recursos humanos especializados é uma dura realidade para a indústria têxtil e de vestuário portuguesa. Investir em formação profissional tem sido a solução, mas só resolve parte do problema. E apesar de o setor estar mais atrativo, com as exportações a curta distância da mítica barreira dos 5.000 milhões de euros, é notório o distanciamento que provoca nos jovens. No entanto, dentro das empresas há quem esteja a trabalhar no sentido de alterar este fado

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esajustamento é a palavra certa para descrever a relação que existe entre a oferta e a procura de técnicos qualificados no setor. O Modatex tem contribuído para minorar esta escassez, mas o problema é mais profundo e não se resolve com qualificações emergentes. Enquanto não houver uma solução que envolva todos, cada um vai fazendo por si.

A falta de recursos humanos também está relacionada com questões geográficas e de acessibilidade - que o diga Ana Paula Rafael, CEO da Dielmar. A empresa de Alcains (Castelo Branco) tem-se visto obrigada a ir buscar mão-de-obra ao litoral e a pagar mais por isso.

Mas a gestora sabe bem que a resposta tem que estar no interior. Em cima da mesa está um protocolo (ainda por assinar) entre a empresa e a câmara para que se comece a oferecer aos jovens nas escolas um curso de Alfaiataria. “No vestuário teremos mais qualidade quanto mais mãos de artista empregarmos”, sublinha.

O mesmo registo tem José Armindo, CEO da Inarbel. “Mais do que nunca, a qualidade é um dado adquirido. Ninguém, mas ninguém, compra nada mal confecionado. Por isso, o que devemos fazer com mais frequência é dar formação profissional às pessoas. Digo profissional porque hoje em dia não há lugares para amadores”, afirma.

José Armindo sustenta que é hoje em dia preciso ter coragem para contratar e isso tem acontecido na Inarbel. “Haja vontade da parte das pessoas para trabalhar e aprender, que nós, empresários, tudo faremos para que tudo seja possível”, garante. Através da iniciativa “Formar para Empregar” do Modatex, e com o apoio da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, a empresa de José Armindo pôde receber gente mais qualificada.

Por seu lado, Alberto Figueiredo, presidente e fundador da Impetus, sente “uma enorme falta de quadros médios”. “Hoje em dia, com o 12o ano ninguém quer ser operário. Temos desempregados que não querem trabalhar. A Alemanha tinha a economia em alta quando aumentou a escolaridade obrigatória. Também sinto a falta de engenheiros e pessoas para a área comercial, que estejam mais bem preparados para a nova realidade do mundo em que vivemos do que os que estão a sair das escolas”.

Mas não faltam só quadros médios e superiores na ITV. Carmen Pinto, administradora da Vilartex, tem-se batido com a escassez de costureiras. Como resolveu a questão? “Temos de ser nós a dar formação, a começar com aprendizes e ensinar-lhes as artes”, responde.

Por causa da falta de mão-de-obra, a Vilartex, que emprega 125 pessoas e fatura 27 milhões de euros, trabalha a três turnos e não pára aos sábados e domingos para satisfazer as encomendas. Outro problema é o facto de os trabalhadores serem renitentes a fazer horas extraordinárias por causa dos impostos e descontos para a Segurança Social. É certo e sabido que uma boa imagem da ITV é essencial na captação de recursos. E se é má, “a culpa é dos governos que durante anos a fio tanto criticaram o setor”, adianta Isabel Furtado, diretora executiva da TMG Automotive. A gestora vê na indústria o principal empregador de pessoal qualificado. “E quando falo em qualificado não me refiro apenas a licenciados. Um operário que venha para uma máquina, que tem controlo e software cada vez mais sofisticados, tem que ter o 12o ano”, refere.

Quem também há muito já se deu conta

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“É PRECISO CONTINUAR A PROMOVER A MAIOR ATRATIVIDADE DESTE SETOR” Sónia Pinto Modatex

“O QUE DEVEMOS FAZER COM MAIS FREQUÊNCIA É DAR FORMAÇÃO PROFISSIONAL” José Armindo Inarbel

“A NOSSA CONSTANTE INTERAÇÃO COM AS EMPRESAS PERMITE-NOS PERCEBER A DIMENSÃO DO PROBLEMA GERADO PELA PENÚRIA DE RECURSOS HUMANOS “ Braz Costa Citeve

da dimensão do problema é Braz Costa, diretor-geral do Citeve, por causa dos contactos semanais que recebe em busca de profissionais qualificados. “Esta situação é ainda mais aflitiva no que toca a recursos humanos com qualificações mais elevadas. Tudo o que poderia acontecer de mau acabou por acontecer, o primeiro mundo nas últimas décadas não valorizou a indústria como profissão para os seus jovens”, constata.

Em contrapartida, “a Europa mais desenvolvida, tendo-se apercebido da penúria de vocações para a indústria, fez autênticas campanhas de recrutamento de cérebros e de técnicos qualificados em vários pontos do globo, nomeadamente em Portugal”, continua.

Segundo Braz Costa, o nosso país não condicionou, por exemplo através de discriminação positiva de determinados cursos, que a autonomia dos estabelecimentos de ensino lhes permitisse promover os cursos que bem entendam, independentemente de qualquer perspetiva de mercado. “Esta situação levou a que, pela lei da oferta e da procura, a diminuição de vocações implicasse que nenhum politécnico tivesse investido em nenhuma das áreas relevantes para a ITV e que de três,

apenas uma universidade mantenha atividade direcionada para o setor”, conclui.

Do lado do Citeve e dos seus parceiros universitários há disponibilidade de instalações laboratoriais de industriais piloto e formadores, garante Braz Costa. É que o centro tecnológico da ITV tem em carteira dezenas de potenciais alunos pré-inscritos para frequentarem as formações de especialização.

Entre um desabafo, deixa o repto: “No entretanto, as instituições públicas de formação sem qualquer conhecimento nem instalações pedagógicas na área apregoam ter assegurado financiamento para o desenvolvimento de cursos que contudo não sabem como promover. O leitor que encontre uma solução”.

O diagnóstico está feito e para Sónia Pinto, diretora-geral do Modatex (Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confeção e Lanifícios), o tempo é de soluções. Ou seja, é necessário continuar promover a maior atratividade do setor e prosseguir com projetos formativos que possam dar resposta às necessidades das empresas.

As formações do Modatex, de acordo com Sónia Pinto, apresentam índices de empregabilidade após estágio de cerca de 60%, sendo cerca de 20% a 30% integrados mais tarde. Por isso, defende: “Estes números justificam por si só a necessidade do tempo de investimento em formação profissional. Há ainda muito trabalho a ser feito para que esta escassez de recursos humanos seja ultrapassada, mas o mais importante é que os passos sejam dados de forma segura, criando soluções que constituam as bases para um setor com profissionais motivados, qualificados e realizados”.

E se a verdade é que o setor cria emprego, o Modatex enquanto entidade formadora tem respondido a esta procura. Além das ações dentro de portas, também tem proporcionado formação à medida através do projeto “Formar para Empregar”. Esta iniciativa “tem tido uma taxa de empregabilidade na ordem dos 90% e uma crescente procura por parte das empresas em várias saídas profissionais da fileira têxtil e vestuário”.

Sónia Pinto lembra que a necessidade de deslocação acaba por ser muitas vezes um entrave, quer no acesso ao emprego, quer no acesso à formação. Como elemento facilitador na preparação de novos recursos para as empresas, deu-se o crescimento da formação para adultos desempregados nas empresas, assim como a aposta do Modatex na criação de extensões de formação próximas das empresas e em zonas onde a indústria tem um grande peso.

“Atualmente, e fruto de colaborações bem-sucedidas com as autarquias e centros de emprego locais, temos extensões em Lousada, Pinhel e Marco de Canaveses.

Certamente que serão criadas outras, onde e quando seja necessário, porque temos de levar a formação até às pessoas que dela possam beneficiar”, anuncia.

O “Formar para Empregar” surgiu com a missão de dar uma resposta a necessidades concretas das empresas, privilegiando a formação em contexto de trabalho. Hoje, estão no terreno várias ações. Eis alguns exemplos: Crialme (alfaiate), La Perla (confeção de peças de vestuário), Petratex (controlo e qualidade da produção), GPSA (técnicas de costura), Dielmar (confeção industrial), Tessimax (operador de tecelagem) e Lameirinho (planeamento de corte).

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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel

Restaurante Lina Rua 16 de Maio Trofa

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Entradas: Bolinhos de bacalhau, rissóis de leitão e presunto Prato: Rodovalho grelhado e bacalhau assado Bebidas: Duas Quintas branco, água e dois cafés

UMA FÁBRICA DE SONHOS As novas instalações do Atelier Micaela Oliveira só vão abrir no final do ano, mas não passam despercebidas a quem passa pelo centro da Trofa. Têm cerca de 1 200 m2, quase cinco vezes mais do que as atuais. O crescimento da área do atelier rima na perfeição com o das vendas, que andam nos 700 mil euros, após terem subido 60%, no ano passado, e 30% entre 2013 e 2014. Mas a diferença estrutural não está no aumento brutal da área, mas na diferença do conceito que o maior espaço possibilitará.

O novo atelier terá tudo quanto se espera dele - áreas de vendas, produção (onde trabalham costureiras, bor-

dadeiras, etc) e criação, lavandaria industrial, cantina, etc. - mas também coisas mais inesperadas como um estúdio de fotografia profissional ou um espaço lifestyle multiusos, assustadoramente flexível e polivalente, que tanto pode acolher um workshop de pintura como uma aula de dança ou uma festa de despedida de solteira.

Mais do que uma loja com montra para a rua e uma oficina de artesanato na cave, o novo atelier vai ser uma fábrica de sonhos, um templo pagão consagrado à deusa Beleza. Uma mulher que queira renovar por completo o visual apenas tem de ir à Trofa e

Micaela Oliveira

38 ANOS CRIADORA DE ALTA COSTURA A culpa por Micaela ter ido parar à Alta Costura é da mãe. Quando fechou a fábrica onde se ocupava da coleção de criança, a mãe, Isabel, começou a trabalhar em casa como costureira e estava sempre a chamá-la para lhe dar uma mão. Resultado: ela tomou o gosto pelas coisas minuciosas e com apenas 13 anos já tratou sozinha dos bordados e rendas do vestido de noiva da prima. Depois, ainda adolescente, quando andava no 11º ano, na Trofa, um acidente de percurso levou-a sacrificar o sonho de ser economista no altar dos tecidos, corte e criação.

Ainda miúda, com pouco mais de 20 anos, descobriu o seu caminho para o sucesso ao revolucionar a moda nupcial, acrescentando-lhe exuberância, espetáculo e sensualidade, ao apresentar vestidos de noiva arrojados, com rachas e transparências.

consultar a Micaela, que feito o diagnóstico e eleito o new look, prescreverá e providenciará a roupa apropriada, o cabeleireiro certo (Miguel Viana, se a opção foi mais moda, Rui Rocha se, no caso de opção romântica), bem como a maquilhadora e manicura adequadas. Serviço completo!

“O que me fascina é o sonho, trazer contos de fadas às mulheres que me procuram”, conta Micaela, que almoçou uma posta de rodovalho grelhado com verduras e água no restaurante Lina, que usa como cantina e onde tem sempre reservada uma mesa à janela, com vista para o rio Ave. “Para vestir celebridades, é preciso tirar-lhes as medidas. Não só ao corpo mas também à cabeça”, confidencia Micaela que tem uma carteira de clientes recheada de figuras públicas (Cristina Ferreira, Diana Chaves, Judite de Sousa, Sónia Araújo, Diana do Cadaval, etc) e mulheres de futebolistas famosos - Ana (João Moutinho), Andrea (Kaylor Navas), Daniela (James Rodrigues) Rute (Layun), Lorelei (Falcao), Maria (Pizzi), Rute (Bruno Alves), Daniela (Nani), Andreia (Fábio Coentrão), etc.

Habituada a estudar-lhes o corpo (para favorecer o que elas têm de melhor e camuflar o que há a esconder) e a alma para saber se a segunda pele que vai criar deve ser um vestido extrovertido ou discreto, ousado ou apenas sensual, Micaela vai aproveitar o novo atelier para subir na cadeia de valor e ocupar-se não só das mudanças de visual das clientes mas também de lhes proporcionar novas experiências.

As despedidas de solteira são uma dessas novas experiências. “O conceito de fazer essa festa numa discoteca já foi. Vão poder fazê-la no meu novo atelier, mimando-se para estarem cuidadas num momento tão bonito como um casamento, e eternizarem a ocasião fazendo uma produção de moda”. exemplifica a designer.

Para além dos mil vestidos de noiva ou cerimónia de alta costura que vende anualmente com a marca Atelier Micaela Oliveira, a criadora da Trofa lançou duas linhas, a White (moda nupcial) e She (moda casual) que comercializa nas lojas multimarca e com que planeia crescer no mercado externo. “Faz-me confusão estar parada”, explica.

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PRIMARK ULTRAPASSA ZARA EM PORTUGAL A Primark (grupo Associated British Foods) superou em volume e valor as vendas da Zara em Portugal, de acordo com o Kantar World Pannel. A cadeia britânica tem nove lojas no nosso país (a última a ser inaugurada foi no Almada Fórum) e planeia abrir a 10ª em Faro.

Em Espanha, onde tem 41 lojas, já é líder em volume, mas não em valor.

TRIMALHAS INVESTE PARA EXPORTAR MAIS A Trimalhas está a investir quatro milhões de euros com o objetivo de aumentar as suas exportações de 20% para 50% da sua produção de malhas. Iniciado há dois anos, o programa de investimentos da empresa de Guimarães contempla, entre outras coisas, a aquisição de dez novos teares, a climatização da produção e a instalação de um sistema de aspiração de cotão.

FRONHAS DE PORTUGAL PARA CRIANÇAS DO NEPAL

ÉRIUS TÊXTEIS RECEBE BENEFÍCIOS FISCAIS A Câmara de Famalicão concedeu benefícios fiscais ao investimento da Érius Têxteis, elevando assim para 16 os apoios dados ao abrigo do Regulamento de Projetos de Investimento de Interesse Municipal, que já representam 31,7 milhões de euros e perspetivam a criação de 623 novos empregos. É a seguinte a lista das empresas contempladas: Organigráfica, Etiprint, Érius Têxteis, Coindu, Sweatrofa, Sucesslouge, Seara, A.F. Azevedos, Facol, NH Clima, Manuel Fernando Azevedo, Vieira de Castro, Comeip, Argacol, Ângela Sá Fernandes e PCJM Concept.

“NO NORTE DE PORTUGAL AFIRMAMO-NOS PELA QUALIDADE NA PRODUÇÃO TÊXTIL. A GALIZA DESTACASE PELA BOA PRESTAÇÃO NA COMERCIALIZAÇÃO DESTES PRODUTOS” Emídio Gomes presidente da CCDRN

As fronhas são transformadas em vestidos e calções pelas mãos de muitas avós portuguesas e têm como destino o Nepal, Angola, Moçambique, Guiné e Cabo Verde, onde serão distribuídos a crianças desfavorecidas. Envolver mais empresas é o que move Sílvia Correia, coordenadora do projeto solidário D’AVO With Love, que tem atualmente espalhadas mais de 800 fronhas por todo o país.

As fronhas são doadas pela indústria e as avós, não só nos lares mas também em casa, confecionam os vestidos.

Como a etiqueta de marca pode ser personalizada, as crianças podem ficar a saber o nome da avó que lhe fez o vestido ou os calções.

“A resposta das empresas envolvi-

das tem sido muito generosa, mas, face ao crescimento do nosso número de voluntários e de necessidades identificadas de intervenção, precisamos de envolver mais empresas para que possamos levar sorrisos a ainda mais crianças e para que mais avós possam dar o seu contributo. Ou seja, precisamos da ajuda dos associados da ATP para assegurar a continuidade do projeto”, afirma Sílvia Correia.

O projeto D’AVO With Love surgiu em novembro de 2014 sendo apadrinhado pelo Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga. Para este ano estão previstas “muitas ações de marketing” para promover ainda mais o projeto e os seus objetivos. Sílvia Correia esteve na maior feira do mundo de têxteis-lar,

a Heimtextil, em Frankfurt, na Alemanha, para mais uma ação de promoção, tendo contado com o apoio da Messe Frankfurt, de empresas como Lameirinho, Bovi, Crishometex, Alda Têxteis, Costa & Cruz e Spormex, e ainda da Câmara Municipal de Guimarães.

Sílvia Correia é a coordenadora do projeto que, neste momento, faz parte do programa de responsabilidade social da sua empresa, a Creative Zone, a qual trata de toda a logística com doadores e voluntários, comunicação e marketing. A responsável revela que em breve irão “abrir um polo D'AVO With Love em Rendufe e em Braga para estarmos ainda mais perto das nossas voluntárias”.

LUANDA E SEUL INVESTEM NA PRODUÇÃO DE ALGODÂO O relançamento da produção de algodão nas províncias de Malanje, Cuanza Sul e Cuando Cubango vai permitir a reativação da fábrica têxtil em Benguela, anunciou o diretor angolano da agro-pecuária. “Há terras e águas abundantes, cabendo apenas aos agricultores a aquisição de equipamentos para facilitar a rega do plantio”, garante Adelino Rodrigues. O arranque da produção no Cuanza Sul, previsto para este ano, compreende 2.824 hectares e exige um investimento de 31 milhões de dólares, repartidos entre partes mais ou menos iguais entre os governos de Angola e da Coreia do Sul.

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X A MINHA EMPRESA Por: Jorge Fiel

Vilartex

Rua da Beira Alta 94 4085-224 Guimarães

Atividade Produção e comercialização de malhas para vestuário interior e exterior Faturação 27 milhões de euros Trabalhadores 125 Clientes Massimo Dutti, Diesel, Benetton, Burberry, entre outros

17% É O AUMENTO

de produtividade global que a fábrica de Famalicão da Olbo&Mehler espera alcançar em janeiro do próximo ano, quando terminar um programa desenhado pela Kaizen

MÁQUINA DE LAVAR CONDENADA À MORTE? Um grupo de cientistas da Universidade RMIT (Melbourne) inventaram um novo tipo de detergente que ameaça tornar a máquina de lavar roupa um eletrodoméstico tão obsoleto como o telefone fixo. Os investigadores australianos desenvolveram uma tecnologia que permite lavar a roupa expondo-a ao sol durante 40 minutos. Trata-se de solução especial de partículas microscópicas de cobre e prata que reage à luz do sol limpando a roupa.

“A TMG AUTOMOTIVE É UMA REFERÊNCIA INTERNACIONAL NA ÁREA DOS TÊXTEIS TÉCNICOS” Rui Vinhas da Silva presidente do Compete 2020

A MODA ÍNTIMA E SEXY JÁ CHEGOU AO MUSEU

Filha de um bancário irrequieto Líder no fabrico de malhas circulares, a Vilartex existe e prospera por causa da irrequietude de Carlos Pinto, 75 anos, que não se acomodou ao emprego de luxo como bancário na agência de Guimarães do Banco Borges & Irmão que arranjou em 1967, mal foi desmobilizado, após quatro anos na tropa, boa parte deles sofridos em zona de combate, como Nambuangongo.

Entrava às dez da manhã, recebia subsídio de férias e 13o mês (regalias pouco comuns à época), e estava numa posição privilegiada para subscrever ações, o que lhe permitiu acumular um pé de meia jogando na bolsa antes do 25 Abril. Mas sabia-lhe a pouco. E em 1978, em sociedade com um colega do banco (a que compraria a posição em 1996), arriscou fundar a Vilartex.

A fábrica, que deve o nome ao lugar da primeira sede (Vilarinho), deu os primeiros passos com dois teares.

Agora tem 101 teares circulares (japoneses Monarch ou alemães Mayer) e jogos variados (do 12 ao 36) e está instalada em modernas instalações, em Corvite, com uma área coberta de 10.600 m2, onde fabrica diariamente 15 toneladas de malhas.

O caminho teve os seus altos (“Dantes ganhava-se quanto se queria, sem saber ler nem escrever”) e baixos (“Quando foi da abertura da OMC aos asiáticos, chamaram-me maluco por continuar a investir, pois a têxtil era para acabar”). Mas a Vilartex manteve sempre a cabeça fora de água e agora que o mau tempo passou, Carlos não

resiste a recordar que o BPI foi o primeiro banco a fugir da têxtil e logo a seguir se espetou a comprar dívida grega.

“Não trabalhamos para stock . Mas como as encomendas estão sempre a chegar e são sempre para ontem, não temos outro remédio senão trabalhar a três turnos e aos sábados e domingos" , explica Carlos Pinto.

Para fazer face às encomendas e garantir um lugar ao sol no futuro, a Vilartex não pára de investir. Em 2015, foram 1,1 milhões de euros, no aumento e modernização do armazém de cargas e descargas e em painéis solares, que baixaram a fatura mensal da energia de 24 mil euros para 19 mil. Este ano vai fazer uma tecelagem nova com 15 teares, para estar menos dependente da subcontratação (o ano passado deram mais de 900 toneladas de malha a fazer fora).

Irrequieta como o seu fundador, a Vilartex está apostada em aumentar para 15% da faturação as exportações diretas para lá dos Pirinéus e em subir na escala de valor - desenvolveu uma malha técnica em 3D, selecionada para finalista do Inovtextil 2016, que tanto pode ser usado em vestuário como em calçado ou na indústria automóvel.

“Fazemos malhas da melhor qualidade. Não temos nada a aprender com ninguém, nem mesmo com os italianos. O problema é a hipersensibilidade das grandes marcas ao fator preço”, concluiu Carlos, o ex-bancário que continua irrequieto.

Três séculos de moda íntima são passados em revista através das 200 peças (na foto um espartilho de 1890) que constam na exposição “Undressed: a brief history of underwear” patente no Victoria & Albert Museum (Londres) até 12 de março de 2017. De acordo com Edwina Ahrman, a curadora da exposição, o V&A interessou-se pelo assunto em finais de 2014 ao reparar que o pijama estava a tomar conta das passerelas.

A entrada custa 12 libras.

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SOU CAPAZ DE TRABALHAR COM QUALQUER MÁQUINA

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel

Conceição Dias 55 anos, nasceu em Tregosa, Barcelos. A mãe era doméstica e o pai emigrante em França. Mal acabou a escolaridade obrigatória, aprendeu costura com uma vizinha. Com 13 anos debutou como costureira na Rineiva. Entre os 21 e os 23 anos trabalhou num negócio de carnes. Como preferia os trapos ao comércio das carnes, em 1984 arriscou toda a poupança (180 contos) em cinco máquinas de costura industriais e tornou-se empresária. Tem dois filhos (Lídia, 34 anos, e Samuel, 28) que trabalham com ela

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onceição Dias é uma self made woman, que começou a trabalhar como aprendiz de costureira (“Foi uma boa escola para mim”, garante) e agora, 42 anos volvidos, lidera o grupo DiasTêxtil/Sonix, com o centro de gravidade entre Barcelos e Viana do Castelo, que controla toda o ciclo de produção de malhas, dá trabalho a 1500 pessoas (direta e indiretamente) e fatura mais de 60 milhões de euros, dos quais 97% no mercado externo.

O que a levou a tornar-se empresária com 23 anos?

O gosto pela têxtil, que foi o meu primeiro trabalho, e a ambição de ser empresária. Quando soube que havia cinco máquinas à venda, fui logo vê-las e comprei-as na hora. Às vezes, pensar de mais só atrapalha :-).

Em 1984, quando arrancou como empresária, sonhava que podia chegar onde chegou?

Nem por sombras. Os primeiros tempos foram muito duros. Não havia trabalho e as raparigas passavam muitos dias a lerem revistas e no tricot, pois não tinham mais nada para fazer. Passei muitas noites sem dormir, a pensar como havia de arranjar dinheiro para pagar às funcionárias e aos fornecedores. Privei-me de muita coisa, mas nunca faltei aos meus compromissos.

Qual foi o momento mais gratificante da sua vida profissional?

Quando, em 1992, comprei por 15 mil contos a Rineiva, a fábrica onde tinha começado a trabalhar como costureira, com 13 anos. A minha ex-patroa veio ter comigo a oferecer-me a empresa e eu não pensei duas vezes...

As razões afetivas pesaram?

Foi um decisão racional. Comprei porque senti que era um bom negócio - e não me enganei. Entre as 40 pessoas que trabalhavam na Rineiva havia especialistas em ponto corrido. Nessa altura já fornecia a Next, que sempre foi um cliente muito exigente, e vi logo que com esta aquisição podia fazer artigos mais complicados e iria ter mais abertura no futuro.

Quando teve a certeza que tinha feito bem em arriscar toda a sua poupança numa pequena fábrica?

Ao fim de cinco anos, quando comecei a exportar e recebi uma grande encomenda do catálogo Trois Suisses.

PASSEI MUITAS NOITES SEM DORMIR, A PENSAR COMO HAVIA DE ARRANJAR DINHEIRO PARA PAGAR ÀS TRABALHADORAS E AOS FORNECEDORES

Ainda é capaz de ir trabalhar para uma máquina?

Claro. É como conduzir. Não se esquece. Sou capaz de trabalhar com qualquer máquina e fazer uma peça do princípio ao fim.

Isso é uma vantagem?

É bastante útil quando se trata de fixar objetivos de produção. Ajuda a compreender as dificuldades dos colaboradores e a explicar aos clientes porque é que fazemos a peça de uma determinada maneira e não de outra. É uma vantagem perceber se é possível fazer mais e melhor, se os trabalhadores ainda têm mais para dar, ou se já estamos a laborar no limite máximo. Para exigir, uma pessoa tem de saber como é que se faz. Todos os industriais deviam ter sido operários, para melhor sentirem as dificuldades e saberem definir o trajeto da sua empresa.

Enfrentar a concorrência asiática, após a abertura da OMC, foi o momento mais difícil da sua vida de empresária?

O pior período foi em 2005/06, quando as empresas começaram a fechar umas atrás das outras, por terem perdido os seus clientes, que fugiram para o Oriente em busca de preço. Foram tempos duros. Quando no final de julho fechávamos para férias, começávamos logo a ouvir dizer que já

No principio não foi simples.

Era ela mais quatro aprendizes (duas, a Celeste Maciel e a Paula Monteiro, ainda estão com ela) e cinco máquinas, num anexo improvisado. Era um sofrimento para arranjar encomendas. No Portugal em transição entre o 25 de abril e a entrada na CEE ainda se olhava de lado para uma mulher à frente de uma firma e ao volante de um velho Ford Fiesta comercial cinzento. Passou muitas noites a chorar, mas as contrariedades deram-lhe um suplemento de ânimo. No caminho para o sucesso comprou a Rineiva, a fábrica onde teve o seu primeiro emprego, a Mincalça, Modelmalhas e a Sonix - uma das muitas empresas que não lhe deram trabalho, nos primeiros e penosos cinco anos que demorou até conseguir levantar voo como empresária

não iríamos abrir em setembro.

Esses comentários magoavam-me muito, mas também me dava mais força para continuar.

Ficou preocupada?

Muito preocupada. Como percebi que a produzir tudo cá não tinha

preço em alguns modelos, fiz uma prospeção no Norte de África, andei entre Marrocos e a Tunísia, onde, em 2005, acabei por investir na Startex, em Monastir, numa antiga fábrica da Benetton.

Isso foi decisivo para conseguir atravessar a crise mantendo sempre a cabeça fora de água?

Foi a única maneira de não ser obrigada a reduzir pessoal em Portugal, manter o volume de trabalho e continuar competitiva. Os modelos são criados e desenvolvidos cá e vão já cortados para serem confecionados na Tunisia. Foi assim que conseguimos manter quase intacta a nossa carteira de clientes.

Só perdemos um cliente, que no entretanto já voltou.

melhor e ao pormenor a qualidade de uma peça em todas as fases do processo produtivo.

Apostar na produção de grandes quantidades e no crescimento rápido, por via de aquisições, foi a receita certa para aguentar nos anos de chumbo?

Com as margens a encolherem e o preço a ser fixado pelos clientes, a estratégia certa para termos rentabilidade é apostar no aumento da capacidade produtiva.

Num momento de crise, com empresas a fechar e as outras a fazer downsizing, não foi muito arriscado fazer aquisições?

É nos tempos de crise que se deve investir.

No seu essencial, o crescimento

O pior para o setor já passou?

do grupo DiasTêxtil tem sido feito através de aquisições. O que é que cada uma delas acrescentou?

Penso que sim. A China estar a aumentar os preços ajuda, assim como a distância, o volume das encomendas e as condições de pagamento. Quem encomenda aos chineses tem de investir logo, de pagar à frente. Em Portugal nós facilitamos o pagamento e estamos mais próximos, o que é uma vantagem pois os clientes compram cada vez mais em cima da hora e em menores quantidades, o que é uma desvantagem para os fabricantes asiáticos. Agora há mais modelos e menos quantidades de cada um. Mais trabalho nos desenvolvimentos para uma mesma quantidade de produção.

Com a Rineiva ganhamos dimensão em termos produtivos.

Ao mudarmos de instalação para a Mincalça (agora DiasTêxtil), em Barroselas, criamos melhores condições de trabalho, Mais tarde, com a compra de 80% da Modelmalhas, em 2004, expandimos a área de negócio de tricotagem de malhas.

E a Sonix?

Foi um caso curioso. Há dois anos que corria persistentemente no mercado o rumor de que íamos comprar a Sonix, que eu sabia ser falso pois nunca tínhamos pensado nisso. Qual não foi o meu espanto quando os antigos donos da Sonix me vieram oferecer a compra da empresa. Visitei-a duas vezes e acabamos por fazer negócio. Já tínhamos confeção, mas era uma compra estratégica porque nos acrescentava a tinturaria e acabamentos, o que dotava o grupo de uma estrutura praticamente vertical, abarcando tricotagem, confeção em malha, tinturaria e acabamentos. O objetivo era dominar todo o ciclo da produção.

Ser um grupo vertical é uma vantagem competitiva?

Sim, porque nos permite controlar

No essencial, o vosso negócio é produzir para as marcas dos clientes. Na maioria eles procuram-vos para trabalho a feitio ou buscam algo mais?

Temos um gabinete de design na DiasTêxtil que trabalha para o grupo todo. Pensamos e fazemos o desenvolvimento técnico dos produtos que sugerimos aos nossos clientes, a quem apresentamos todos os anos uma coleção própria, onde eles escolhem os modelos que sugerimos, na maior parte das vezes apenas com alterações de pormenor.

A Sonix chega como marca ou planeia criar ou adquirir mais

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A Sonix foi a primeira empresa portuguesa a receber a certificação STeP by Oeko-Tex, de nível 3 (o máximo) que garante que o seu processo produtivo é amigo do ambiente e sustentável. “É um bom cartão de visita. Os clientes ficam agradados ao saberem que nós temos essa certificação”, explica Conceição

relação qualidade/preço.

alguma?

A nossa marca tem alguma tradição no underwear clássico.

Mas não vamos ficar por aqui.

Vamos estendê-la a roupa exterior com design e marca própria, o que já começamos a testar na Holanda.

Que percentagem do volume de negócios gostaria que representassem as vendas com marca própria? E quanto gostaria que pesassem?

Para já ainda não tem expressão.

E é prematuro quantificar objetivos. Gostava que representasse o máximo possível.

As feiras são importantes para o aumento das exportações?

São. Até agora vamos às feiras como visitantes. Com a aposta numa coleção com marca própria, passaremos a ir como expositores.

COM AS MARGENS A ENCOLHEREM E O PREÇO A SER FIXADO PELOS CLIENTES, PARA TERMOS RENTABILIDADE HÁ QUE APOSTAR NO AUMENTO DA CAPACIDADE PRODUTIVA

Por que é que a Espanha, que absorve 1/3 das exportações da ITV, não é um dos maiores mercados do seu grupo?

Já trabalhamos com a Inditex, mas verificamos que isso nos obrigava a modificar os processos internos. Os nossos principais mercados são a Inglaterra, Estados Unidos, Itália, França, Alemanha, Holanda e Dinamarca.

Fabricar produtos cada vez mais técnicos e funcionais está no horizonte?

Não só está no horizonte como já é uma realidade. Foi por isso que há seis anos fundamos a Sucess Gadget, uma empresa da área de tecnologia que produz nanopartículas biofuncionais e nos permite integrar na nossa oferta malhas com propriedades antibacterianas e anti-mosquitos.

A concorrência asiática ainda é a sua principal preocupação?

Neste momento o que mais me preocupa é a Turquia, o país que nos faz concorrência mais feroz em preço e qualidade - e

que está a encurtar os prazos de entrega.

Como vão resolver esse problema?

Vamos dar a volta por cima, apresentando melhor serviço, produtos novos, diferentes e mais técnicos. Temos de aproveitar o enorme know how que a nossa indústria acumulou. E não podemos parar de inovar.

O que é que pedem agora os clientes é muito diferente do que pediam quando começou?

Não tem comparação possível.

Estão muito mais exigentes e impõem-nos prazos de entrega cada vez mais curtos.

Quais são os pontos fortes do seu grupo?

Uma qualidade acima da média e um serviço completo one stop. Mas também fiabilidade, flexibilidade, uma longa tradição na indústria e proximidade dos mercados. E uma excelente

Tem dificuldade em recrutar mão-de-obra especializada?

Muita dificuldade. A todos os níveis. Desde quadros técnicos e comerciais até embaladores, passando pelas costureiras. É muito difícil arranjar pessoas competentes. Sinto na juventude um preconceito relativamente a trabalhar na indústria. Os jovens preferem estar a atender numa loja ou na caixa de um supermercado do que trabalhar numa fábrica, onde podiam ganhar mais e ter melhores hipótese de progressão.

Como se ultrapassa isso?

Devia haver um maior investimento no ensino profissional.

Nós estamos disponíveis para formar as pessoas nas nossas fábricas, só que é raro aparecerem-nos aprendizes. Por este andar ainda vamos ter encomendas e não ter quem as produza.

Que custo de contexto prejudica mais a vossa competitividade?

O custo da energia. Nós fazemos tudo quanto está ao nosso alcance para o baixar. Investimos em co-geração e painéis fotovoltaicos, para baixar em 20% a fatura energética. Mesmo assim os custos da energia preocupam-nos imenso, pois os clientes não iriam compreender se lhes disséssemos que tínhamos de aumentar os preços. E os nossos concorrentes turcos não só têm energia mais barata como ainda recebem apoios do seu governo...

O grupo vai continuar a crescer apostando no aumento da capacidade produtiva e através de aquisições?

Quando comprei a primeira firma, julgava que ia ficar por ali. Se calhar está-me no sangue não parar de arriscar.

Gosto do que faço e do desafio de orientar para o sucesso uma equipa sólida, capaz e eficaz.

As perguntas de

Fernanda Valente Administradora da Fernando Valente & Co Era muito interessante que partilhasse o lado menos bom de uma vida profissional tão bem sucedida. Como encara as dificuldades e as ultrapassa?

Nos primeiros tempos passei muitas noites sem dormir e perdi a conta às lágrimas que chorei. Tinha pouco trabalho e faltava-me pessoal especializado. O que eu mais queria era não ser obrigada a fechar. Apostei na exportação e felizmente houve quem acreditasse em mim. Não foi fácil. E continua a não ser fácil. Não é com um estalar de dedos que se gere uma empresa. Temos de acreditar em nós próprios, na equipa, e no nosso trabalho.

A vida pessoal de um empresário é sempre agitada e com altos e baixos muito acentuados. Concorda que há um preço a pagar por se ter a vida tão exposta e ocupada?

Se voltasse ao princípio teria outra opção de vida?

Ser industrial afeta muito a nossa vida pessoal. Mas se formos organizados arranjamos tempo para tudo. Nunca abdiquei de passar os fins de semana com os meus filhos. E se voltasse ao princÍpio aventurava-me na mesma. Por certo não cometeria os mesmo erros, mas voltaria a arriscar ser empresária. E continuo a encorajar as pessoas a darem esse passo.

António Cunha Sales Manager da Orfama Qual a estratégia de vendas para o futuro como diferencial competitivo num mercado cada vez mais globalizado?

Ter uma boa organização interna e acertar nos clientes.

Além de que não podemos nunca parar de investir em tecnologia, design e inovação, para podermos continuar a apresentar aos nossos clientes produtos diferenciados e cada vez mais técnicos.

Vamos continuar a ir à luta todos os dias. Não vamos cruzar os braços e deixar que a concorrência nos ultrapasse.

Os clientes conseguem ver o diferencial do seu produto em relação aos concorrentes?

Claro que conseguem, senão não nos procuravam. Sabem que estão a trabalhar com um grupo de empresas sólidas, que lhes vão entregar a mercadoria em bom estado, nos prazos, e não falham em nada do que foi acordado. É essa a nossa imagem de marca.

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A NOSSA S FOTOSINTESE

A um mês do Euro 2016, o T apresenta o nosso melhor onze das passarelas e capas de revistas. Tal como no futebol, as cinco maiores agências são quem mais contribui para a equipa titular da nossa moda, a atividade mais a jusante da que fica a jusante da fileira de têxtil e vestuário. Um onze em esplêndida condição física, onde os olhos castanhos (“Teus olhos castanhos, de encantos tamanhos, são pecados meus”, cantava Francisco José) estão em larga maioria, dando ainda mais realce aos olhos verdes de Sara Sampaio, a nossa Cristiana Ronalda

ANA PAULA ELITE ALTURA: 176 BUSTO: 86 CINTURA: 62 CABELO CASTANHO OLHOS CASTANHOS

“O meu sonho é ser fotógrafa da National Geographic”

RÚBEN RUA ELITE 189 ALTURA: 97 BUSTO: 78 : RA CINTU CABELO CASTANHO OLHOS CASTANHOS

via“Austrália é a minha gem de sonho”

FRANCISCA MIGUEL

BEST MODELS AGEN CY ALTURA: 177 BUSTO: 79 CINTURA: 62 CABELO LOIRO OLHOS CASTANHOS

SARA SAMPAIO CENTRAL MODELS 172 ALTURA: 81

: BUSTO CINTURA: 60 CABELO CASTANHO OLHOS VERDES

“No futuro, gostava ” de ser atriz também

Modelo desde os 13 anos.

Está prestes a terminar o curso de Ciências de Comunicação

DANIELA

CENTRA L MODE LS ALTURA : BUSTO: 175

CINTUR A: 80 CABELO 60 LOIRO OLHOS VERDES

HANGAN

U

“Não gost o nha. Não de estar sozihá nada m que esta r rodead elhor o de pessoas boas, ale gres e co sentido m de humo r. Isso po si só torn r a a vida bonita, alegre e com sen tido”

FA AL PE CIN CA OL

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SELEÇÃO RIEL JANI GAB

FÁBIO TAVARES

ACE LTURA: 189 EITO: 90 NTURA: 70 ABELO CASTANHO LHOS CASTANHOS

“Nova York é a cidade das descobertas e da realização de sonhos”

GONÇALO TEIXEIRA

CENTRAL MODELS ALTURA: 182 BUSTO: 95 CINTURA: 85 CABELO CASTANHO OLHOS AZUIS

“O futebol é uma das minhas grandes paixões...

Sou louco pelo Benfica desde pequenino”

S ARTIN M O I eira HÉL a carr NCY S AGE 6 ODEL 8 1 M T S BE

: 8 A 9 R ALTU 77 O: T S U B RA: O CINTU CASTANH LO CABE AZUIS S O OLH

ELITE 178

ALTURA: 84 BUSTO: 62 : CINTURA O LOIR CABELO S ASTANHO OLHOS C

ra de começa re b “Gostava so ro v um li escrever que conia Íl m fa a minha o em de geraçã tinuasse geração.

d ém A par elo é tamb tas d is t o r m o p de es e de d agent

MARIA CLARA

FRANCISCA PEREZ BEST MODELS AGENCY ALTURA: 180 BUSTO: 80 CINTURA: 70 CABELO CASTANHO OLHOS CASTANHOS

Modelo a tempo inteiro.

Embaixadora da Intimissimi desde 2015

L'AGENCE 178 ALTURA: 75 BUSTO: CINTURA: 60 CABELO CASTANHO OLHOS VERDES

"Sou apaixonada pela moda, dança e movimento. Sou muito criativa e dedicada a tudo o que faço. Gostava de fazer uma campanha internacional"

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ESPUMANTE DA NIGHT OUT RECEBE MEDALHA DE OURO O espumante M&M Branco Bruto, da Cave Central da Bairrada, bebida oficial da 1ª Porto Fashion Week Night Out, foi premiado com a medalha de ouro no Challenge International du Vin, a maior e mais antiga competição internacional de vinhos.

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“OS BONS SHOPPINGS ESTÃO UM BOCADINHO REPLETOS E OS MAUS NÃO NOS INTERESSAM“ António Archer, grupo Crivedi, que está a relançar a Throttleman

CARREFOUR COMPRA 36 HIPERS À EROSKI O Carrefour reforçou a sua rede em Espanha ao adquirir ao grupo Eroski, por 205 milhões de euros, 36 hipermercados, oito galerias comerciais e 22 estações de serviço. Com este negócio, o gigante francês da distribuição passa a estar em 27 novas cidades do país vizinho e eleva para 200 o número de hipermercados em Espanha.

OS 10 SEGREDOS DA PRIMARK “O blazer que tenho vestido custou 26 euros, está muito bem acabado e já o usei muitas vezes. Penso que o nosso sucesso se deve ao facto de darmos ao cliente um bom produto por um bom preço”, exemplificou Breege O’Donohue, administradora da Primark, numa entrevista ao Público .

“Somos um negócio de grandes volumes e este é um dos motivos pelos quais podemos ter estes preços. No ano passado, vendemos 405 milhões de pares de meias e mais de 260 milhões de T-shirts. A cada semana chegam às lojas 150 a 250 novas unidades. Isso é muito importante para nós porque temos um número elevado de clientes que regressa à loja com muita frequência. Compram um ou dois artigos e regressam”, acrescenta Breege, que elencou os dez grandes segredos do sucesso da Primark:

1. Compramos grandes volumes 2. Agendamos a produção com

o maior tempo possível de antecedência, às vezes um ano

3. Abdicamos da margem para

oferecer preço. A nossa margem é mais pequena que a da concorrência

4. Não gastamos dinheiro em patrocínios

5. Todos os dias temos nas lojas produtos novos

6.

Só fazemos publicidade quando abrimos lojas

7. Cultivamos relações de longe-

vidade com os nossos 700 fornecedores

8.

Temos um sistema eficiente de apoio às lojas

9.

Compramos o tecido o mais próximo possível da fábrica

10.

Temos uma boa cadeia de abastecimento

CARJOR DESCOBRIU O POTE DE OURO NO FINAL DO ARCO-ÍRIS Se o Dubai, Omã e os Emirados Árabes Unidos ficam no final do arco-íris é muito provável que afinal a lenda esteja certa e a Malhas Carjor tenha achado nas Arábias o mítico pote de ouro. Mas o melhor é contar a história desde o princípio, em 1969, quando a empresa nasceu .

Nos primeiros anos, os armazenistas nacionais absorviam toda a produção de malhas para bebé produzidas pela Carjor na sua fábrica em Areias, Santo Tirso, junto ao Colégio das Caldinhas.

Mas em 1975, sem esperar pela nossa adesão à CEE (qua ainda iria demorar onze longos e tormentosos anos a chegar), a Carjor já estava a vender para Inglaterra. E habituou-se tanto a exportar que hoje em dia faz fora de portas 100% da sua faturação, que ronda os três milhões de euros.

“Fornecemos as grandes marcas internacionais de vestuário infantil”, garante Honorato de Sousa, engenheiro de produção pela UMinho, administrador da Carjor e filho de Jorge e Alice Sousa - pais dele e da empresa.

Estados Unidos, França, Itália e Espanha são os seus principais e tradicionais mercados de exportação, mas a Carjor achou que estava na altura de alargar essa geografia e, no final de uma prospeção metódica nos países árabes, descobriu que podia estar ali o pote de ouro.

“Logo à partida percebemos que não fazia qualquer sentido ir para o

Dubai com artigos idênticos ao que eles encontram nas lojas da Zara. A abordagem tinha de ser com produtos diferentes, exclusivos, que mais ninguém oferecesse”, explica Honorato Sousa.

Se bem o pensou melhor o fez e assim nasceu um departamento novo na empresa que está dedicado exclusivamente a amostras/coleções e pedidos especiais de peças de bebé contendo metais preciosos.

Casacos, camisolas, mantas e fatinhos de bebé para momentos ou para clientes especiais com detalhes em ouro (aplicações , botões, bordados) ou confecionados em malhas com fio de ouro e com marca própria são exemplos dos produtos diferenciados com que a Carjor está a conquistar os pais do Dubai, Emirados Árabes Unidos, Omã, Japão e alguns clientes asiáticos.

“Não nos limitamos a aplicar metais preciosos no vestuário infantil de luxo produzido para o segmento alto dos países árabes. Também usamos fios de altíssima qualidade, 100% caxemira no inverno e 100% algodão PIMA no Verão”, conta o administrador, que já no tempo em que andava no Colégio das Caldinhas fazia uma perninha na empresa, quando recebiam clientes e era necessário traduzir as conversas.

Uma peça em malha com detalhes de ouro tem um preço a partir de 800 euros e o bebé só o veste durante umas poucas semanas, o que pode parecer estranho aos nossos

olhos, mas não nos podemos esquecer que se trata de outra cultura, outro poder de compra - e que quando a malhinha deixar de servir ao bébé, a verdade é que quem o comprou fica com o valor dele em ouro para sempre.

“Não há mais ninguém a fazer isto senão nós. Estamos sozinhos neste nicho de mercado, que espero rapidamente valha 15 a 20% do nosso volume de vendas. Com os aumentos sucessivos dos custos de produção torna-se cada vez mais difícil conseguir manter uma empresa têxtil em Portugal sem ser a produzir produtos inovadores e com muito valor acrescentado. Por coincidência, festejaremos as bodas de ouro da empresa com esta nova linha de produtos”, afirma Honorato.

Estar sempre a subir na cadeia de valor é o alfa e o ómega da estratégia da Carjor, que todos os anos investe 10% do valor das vendas, não só em novos equipamentos, mas também em investigação, organização e planificação, com o objetivo de estar permanentemente a apresentar novidades, cortar gorduras e obter ganhos de eficiência, produzindo mais com menos recursos.

A Carjor foi a primeira empresa portuguesa a usar a tecnologia de peça completa Knit Wear na produção em série de roupa para crianças e tem o seu nome no Guiness Book of Records com a produção da maior camisola do mundo aquando da celebração dos seus 30 anos.

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O DICIONÁRIO DO MILLENNIUM É para avançar, é para exportar. O lema do Millennium BCP faz dele um dos parceiros privilegiados de um setor com uma tão forte dinâmica exportadora como o da têxtil e vestuário - e explica o porquê do protocolo de colaboração assinado pela ATP e o maior banco privado português. Para perceber como é que o Millennium pode ajudar as empresas da ITV a prosperarem, o T colocou uma data de questões a Conceição Lucas, e, com base nas respostas dadas por esta administradora e membro da Comissão Executiva do BCP, elaborou o seguinte dicionário.

tos através de financiamentos até 10 anos e spreads máximos que podem chegar a 2,7% para as PME Líder.

Apoios.

Millennium Fundo de Capitalização.

Para apoiar empresas de bens transacionáveis e com estratégias de internacionalização (como é o exemplo da têxtil e vestuário), temos soluções direcionadas à sua atividade corrente (Apoio Pagamentos e Recebimentos) novos projetos de investimento (Apoio Investimento) e internacionalização(ApoioInternacionalização).

O nosso fundo de capital de risco, superior a 60 milhões de euros, é aplicável preferencialmente a exportadoras, característica em que as empresas do setor têxtil se têm distinguido.

Millennium BCP.

Posicionamo-nos como banco de referência no apoio às empresas com projetos de investimento sustentáveis e estratégias de internacionalização, com especial enfoque no financiamento ao ciclo de exploração e à concretização de novos investimentos produtivos. Apesar da crise continuamos a ser o maior banco privado das empresas em Portugal.

Millennium Investiment Banking.

A banca de investimento do Millennium BCP poderá ajudar a concretizar potenciais operações de fusões e aquisições entre empresas do setor ou com atividade complementar. As operações de consolidação são uma clara oportunidade para potenciar o crescimento, aumentar o valor dos acionistas e melhorar a situação financeira das empresas, promovendo o desenvolvimento sustentável.

Apoio Internacionalização.

Temos: Linha Moçambique; Trade Finance (forte oferta, qualidade e rapidez de serviço); Desk dedicados (unidades dedicadas às empresas portuguesas nos países onde operamos); e Angola (onde, após a fusão com Atlântico, disporemos de um banco universal com dimensão e capacidades reforçadas).

Percepção do risco da empresa.

Apoio Investimento.

Oferecemos quatro ferramentas: Portugal 2020, Linha Millennium BEI, Linha PME Crescimento e Linha Millennium FEI Inovação.

Conceição Lucas, 60 anos. Administradora e membro da Comissão Executiva do Millennium BCP, é licenciada em Gestão (Católica, 1978) e tem uma Pós-Graduação em Altos Estudos Europeus (Collège d'Europe, 1979) e um Master pela London School of Economics

Apoio Pagamentos e Recebimentos.

na condições verdadeiramente diferenciadoras às empresas associadas da ATP.

Realçamos quatro soluções: Factoring e o Confirming on time (para gestão dos recebimentos dos clientes e pagamentos a fornecedores); IVA on time (permite antecipar o reembolso do IVA aumentando a liquidez imediata); Contas correntes (para agilizar a gestão da tesouraria da empresa); e Pagamento de salários e protocolos vantajosos para os colaboradores das empresas.

ATP.

A têxtil soube ultrapassar as crises interna e internacional, afirmando-se no exterior pela qualidade e inovação dos seus produtos. No âmbito do reforço da nossa posição junto das exportadoras, assinamos um protocolo que proporcio-

Empresas com problemas.

As empresas com problemas de capitalização, vendas muito concentradas no mercado doméstico e endividamento significativo, têm dificuldades de acesso ao financiamento. Mas estamos disponíveis para analisar soluções de recapitalização, através do recurso ao Millennium Fundo de Capitalização e ao Millennium Investment Bank.

Linha Millennium FEI.

Linha de 200 milhões de euros destinada a apoiar as empresas inovadoras com até 499 trabalhadores e beneficiando da cobertura do Fundo Europeu de Investimento em 50% do financiamento, com prazos até 10 anos.

Portugal 2020.

Linha Moçambique.

Uma linha de crédito de 100 milhões de dólares para as empresas que pretendem investir em Moçambique e que contarão com o apoio do Millennium BIM, o maior banco do país.

Linha Millennium BEI.

Linha de 500 milhões de euros destinada a apoiar preferencialmente as PME, com spreads muito favoráveis considerando a notação de risco do BEI (AAA).

MINI-SAIAS PERTURBAM AMBIENTE NA ESCOLA? O diretor de um escola secundária de Auckland (Nova Zelândia) deu instruções às alunas para desceram até aos joelhos o comprimento das saias do uniformes, para não distraírem os colegas e professores. “É para travar os rapazes de terem más ideias e para criar um bom ambiente de trabalho entre os funcionários masculinos”, explicou.

Baseia-se em quatro elementos fundamentais: a) Qual é a estratégia? Está a internacionalizar-se? Para que mercados?

Como se diferencia face à concorrência? b) Quais as perspetivas de evolução do setor e da empresa? c) Análise da organização da empresa e suas características (estrutura acionista, produtos e serviços comercializados, posicionamento face à concorrência, etc); d) Indicadores económico-financeiros da empresa e a estabilidade e qualidade da informação prestada.

Linha PME Crescimento.

Com um plafond de 1.650 milhões de euros, permite apoiar as empresas em fundo de maneio ou novos investimen-

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toneladas de roupa vão todos os anos parar ao lixo em Portugal, de acordo com a Quercus, que calcula que o vestuário pesa 5% no total dos resíduos sólidos recolhidos no nosso país

Apoio à concretização dos projetos de investimento no âmbito do Portugal 2020, desde a apresentação das candidaturas até à execução dos projetos aprovados, com financiamentos de médio e longo prazo para os capitais alheios, financiamentos de curto prazo para apoio intercalar até ao recebimento dos incentivos, ou através da prestação de garantias bancárias para o seu recebimento antecipado.

AMERICAN FLAG LANÇA T-SHIRTS EM BICO COM BOLSO T-shirts em bico com bolso e acabamentos especiais são a grande novidade da nova coleção de moda e de lifestyle da American Flag, empresa do Pombal que investiu um milhão de euros nas suas novas instalações, com 3 000 m2, na Zona Industrial do Louriçal.

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Maio 2016

Gonçalves e TMG Automotive INTERIOR LIFESTYLE TOKYO 01 a 03 junho 3DCORK, B. Sousa Dias, Bi Silque, Burel Factory, Carvalho, Castelbel, Costa Nova, Ditto, Giestal Home Textiles, Lasa Home, MOS Portugal, Maria Portugal, Terracota, Mèze Mediterraneum e Smartlunch

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thing), Valindo (Girandola), António Manuel de Sousa (Vandoma), Inarbel (Dr. Kid), Chua Baby and Kids Lda. (Chua) e Têxteis Cães de Pedra (Lion of Porches)

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António Manuel de Sousa, Custoitex, Faria da Costa, Gulbena, Marfel e Orfama

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FASHION SVP LONDON 28 a 29 junho - Londres

AGENDA DAS FEIRAS

SOFIANOS VAI INOVAR NA MUNICH FABRIC Panos Sofianos é o novo Exhibition Manager da Bluezone & New Business da Munich Fabric Start. Entre outras coisas, será o responsável pela nova área Key House, que se estreará já na próxima edição deste certame (30 de agosto a 1 de setembro). Nascido em Salónica, Panos fez a sua carreira no denim, tendo trabalhado com marcas como a Diesel e a Replay.

CLAUS LARS JÁ NÂO É O BOSS DA HUGO BOSS

OS CINCO NA JITAC

Burel Factory, Lemar, Têxtil Serzedelo, Tintex e Troficolor foram as cinco empresas portuguesas que estiveram em Tóquio na JITAC European Textile Fair. Consolidar a presença no exigente mercado nipónico continua a ser o grande objetivo e o que o made in Portugal mostrou durante os três dias do evento, no Tokyo International Forum, foram produtos diferenciados e com valor acrescentado bem ao gosto dos consumidores japoneses.

O abrandamento da atividade na Ásia e América está na origem da surpreendente saída de Claus-Dietrich Lahrs do comando da Hugo Boss. Ex- Cartier e LVMH, desde que chegou à empresa, em agosto de 2008, Lahrs quase duplicou o volume de negócios, elevando-o até aos 2,8 mil milhões, em 2015.

À CONQUISTA DAS AMÉRICAS

MINISTRA CONTRA DOLCE & GABANNA

A edição deste ano da Maison & Objet Américas, que se realiza entre os dias 10 e 13 de maio, no Miami Beach Convention Center, duplica comparativamente à edição do ano passado, que contou com 300 marcas e mais de 10 mil visitantes de 82 países. Depois de Paris e Singapura, a emblemática M&O, nascida há duas décadas em Paris, está pelo segundo ano à conquista das Américas, dois continentes com 954 milhões de habitantes.

De Portugal, a decoração para a casa e o design de interiores estarão representados por três empresas: AMR Portugal Home, Lona e Linho do Castelo, que partem para Miami com o apoio da Associação Selectiva Moda, no âmbito do projeto “From Portugal”.

A Lona é um expositor de primeira viagem e espera encontrar no certame

A ministra francesa da Família e Direitos da Mulher juntou-se a Pierre Bergé, cofundador da Yves Saint Laurent, no protesto contra as casas de moda, como a Dolce & Gabanna, que estão a criar vestuário islâmico. Laurence Rossignol acusou-as de participarem na escravidão das mulheres - e comparou as mulheres que usam véu aos negros que apoiavam a escravatura.

agentes e distribuidores para os seus produtos. Segundo Filipe Rodrigues “os Estados Unidos podem representar um mercado potencial para a Lona, em virtude das suas costas e clima, com muita representatividade”. A marca levará “material com foco na praia/piscina, nomeadamente cadeiras em madeira e lona, sacos de praia, puffs, almofadas e algum material têxtil para cozinha” com vista a conquistar os compradores americanos.

Por sua vez, a Linho do Castelo espera “chamar a atenção dos decoradores e

outros arquitetos de interior” com a sua “coleção de têxteis-lar bordada à mão, usando uma técnica dos séculos XVII e XVIII, que serviu para bordar os enxovais das famílias reais europeias até Isabel II de Inglaterra”. Esta coleção de bordado real português é totalmente personalizável, permitindo responder à clientela mais exigente. Véronique Kibel Marino, managing director da empresa, diz que o objetivo é conquistar os mercados norte e sul americanos.

A participação das três empresas portuguesas na Maison & Object Américas é uma iniciativa promovida pela Associação Selectiva Moda, co-financiada pelos Fundos Europeus Estruturais e de Investimentos (FEEI), enquadrado no POCI (Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização), no Portugal 2020 e COMPETE 2020.

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Fato em xadrez numa silhueta que segue as linhas do corpo

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O must have da próxima estação fria é o fato com linhas slim

O casaco single breasted de dois botões reina nesta coleção

INSPIRADA EM ROBERT REDFORD Isabel Cristina Costa

O actor norte-americano Robert Redford era o ícone de beleza masculina dos anos 70 e 80. E a marca portuguesa Dielmar inspirou-se nele e no seu desempenho em “Three Days of the Condor” (1975), realizado por Sydney Pollack, para o próximo outono-inverno de 2016/2017. A ideia é vestir um homem clássico e intemporal, com uma imagem jovem, urbana e ao mesmo tempo sofisticada.

O novo diretor criativo da marca de Alcains é o jovem Rúben Damásio, que teve o papel principal quando a Dielmar subiu à passarela no último Portugal Fashion. A coleção que apresentou foi desenvolvida em torno dos casacos single breasted de dois botões, em espinha ou tweed, que são um must have da próxima estação fria, coordenados com calças de flanela lisas ou em xadrez. Para combinar com gravatas em lã optou por camisas de vyiella 100% algodão ou indigo delavé, em versão button down.

Numa oferta alargada de fatos half canvas em pura lã super 130's e super 150's com linhas slim fit renovadas, os tons escolhidos foram cinzentos névoa urbanos, beges camelo, castanhos outonais e azuis porcelana, animados por apontamentos de azul gelo, branco de inverno e tons mais quentes de aubergine (beringela) e frutos silvestres, que ganham intensidade e protagonismo.

A silhueta segue as linhas do corpo em peças intemporais com ombros naturais, dando importância aos casacos desestruturados, sem forro, sem ombreiras e sem construção interior mas com acabamentos de luxo. Os acessórios eleitos por Rúben Damásio foram lenços de peito em fantasias coloridas, botas de camurça com oito ilhós, luvas com aspeto protetor, óculos de sol de estilo aviador e bonés em tecido.

Ruben Damásio, 24 anos, formado pelo Modatex, é o novo rosto do departamento de Estilismo da Dielmar. Está na equipa há cerca de três anos, contando já no currículo com diversos prémios nacionais e internacionais, entre eles, a Medalha de Excelência no World Skills em Leipzig, na Alemanha, e o primeiro lugar no Campeonato Nacional de Profissões, Skills Portugal.

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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel

Teresa Marques Pereira Brands Development Manager Valerius Group Família Casada com um engenheiro têxtil, tem um filho, o João Maria, seis anos, e o projeto, já com nome (Valentina), de fazer uma menina Formação Licenciada em Gestão de Marketing, pelo IPAM Casa Apartamento na Arca d’ Água Carro Ford C-Max Portátil Toshiba e iPad Telemóvel Samsung Galaxy e iPhone 5 S Hóbis Cozinhar e receber os amigos em casa Férias Este ano vão ser na Riviera mexicana. Tem dois destinos de sonho: Trinidad y Tobago e a grande barreira de coral, na Austrália Regra de ouro Viver um dia de cada vez

Ela tem dois amores

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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A sogra garante que de uma lata de atum ela é capaz de fazer um prato digno de ser servido num restaurante com estrelas Michelin. A cozinha é para Teresa, 35 anos, uma paixão antiga. Tinha cinco anos e, sob o olhar atento da avó materna, já batia à mãos as claras em castelo e benzia o bolo antes de o meter no forno, para que ele crescesse e ficasse fofinho. Mais tarde, já com dez anos, sob a supervisão da mãe, fez a sua primeira refeição: um frango assado no tacho com arroz branco. A gastronomia é um dos seus amores.

Neta e filha de empresários têxteis, cresceu no meio de cortinas e cortinados. Passava os sábados na fábrica de Perfel, em Sto. Tirso, onde se entretinha a fazer rolinhos com os desperdícios. Mal acabou o Secundário, no Carolina Michaelis, fez a primeira Heimtextil, com 18 anos, e começou a trabalhar na Marques Pereira & Filhos, a empresa do pai, com um salário de 70 contos. De manhã, ia para as aulas, no IPAM, em Matosinhos, à tarde, seguia para Santo Tirso, ao volante de um Honda Civic vermelho, que não tardou a ser substituído por um Jepp Discovery novo, a recompensa por ter fechado uma grande nota de encomenda na sua segunda Heimtextil.

Até aos 25 anos trabalhou com cortinas e cortinados, mas a sua paixão era a roupa, não os têxteis-lar. Não o desenho da roupa (senão teria ido para Design de Moda), nem o seu desenvolvimento ou produção (senão teria sido Engenheira Têxtil), mas antes conseguir que alguém a compre - e por isso estudou Gestão de Marketing. Trabalhar a psicologia e mentalidade do consumidor é o seu outro grande amor.

“Nunca me arrependi da opção. O curso foi muito bom. Saímos de lá com uma licença de aprendizagem e as ferramentas para ser alguém”, conta Teresa, uma rapariga prendada que toca piano e fala francês (e também espanhol, italiano e inglês) e deu nas vistas mal chegou ao IPAM. Ao ver que só havia Tuna masculina, logo afixou na parede do bar um papel abrindo as inscrições para formar uma Tuna feminina. Não tardou a ser tesoureira, primeiro, e presidente, depois, da Associação de Estudantes.

Habilitada com a licença de aprendizagem, emancipou-se da família e dos têxteis-lar, iniciando há dez anos, na Seletiva Moda, um percurso com escalas na A. Ferreira (onde deu vida à marca de roupa para bebé Wedoble), Onara e Cheyenne que a levou até ao grupo Valerius, onde está nas suas sete quintas, desenhando estratégias para fazer crescer e aperfeiçoar a personalidade de marcas como a Sucre et Sel e a Concreto.

“A Sucre et Sel é uma marca de pronto moda para mulheres, só para o mercado nacional. Não é low cost, mas smart price, com preços por peça que vão dos 14,90 aos 75,90 euros. Temos 100 pontos de venda, corners com 90 peças por expositor, em locais diversos como supermercados, lojas multimarca e cabeleireiros. A Concreto é diferente, é a Benetton portuguesa. São malhas tricotadas com cor, arrojo, inovação e rebeldia no seu ADN, feitas para serem usadas por mulheres cosmopolitas”, explica.

A Concreto é a aposta da Valerius para a exportação, e por isso prepara-se para viajar até Paris (Who’s Next), Las Vegas (Magic) e Florença (Pitti). Teresa não vai descansar enquanto não conseguir para esta marca o reconhecimento internacional e a liderança no mercado nacional de tricotados. Depois, talvez possa pensar em dedicar-se ao outro dos seus dois amores e abrir um restaurante, em que ela seja a chef e o marido (um ex-manequim que trabalhou no Pacha) ponha música.

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NORTE E GALIZA: UMA LUA DE MEL EXEMPLAR

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O cluster transfronteiriço têxtil Norte de Portugal-Galiza é um exemplo de complementaridade difícil de replicar não só em Portugal como também noutras regiões do mundo - conclui um estudo elaborado pela ATP que foi apresentado na cerimónia de geminação entre Famalicão e Arteixo (ver foto). “A Galiza especializou-se na venda ao consumidor final (B2C), rebocada pelo fenómeno Inditex, e o Norte de Portugal especializou-se na venda ao segmento empresarial (B2B), em dar respostas rápidas e eficientes aos seus clientes”, descreve o estudo

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PEÚGAS INTELIGENTES SÃO A MONA LISA DA FIORIMA As intelligent socks são a Mona Lisa da oferta de peúgas fabricadas pela Fiorima, em Braga, a obra prima desta empresa que exporta 99,5% da sua produção. Internacionalmente patenteadas, as peúgas inteligentes incorporam sensores que recolhem e comunicam, em tempo real, informações tão diversas como o peso, temperatura do corpo e a frequência cardíaca, a localização geográfica com o tracking do percurso, bem como todas as funções de fitness, como a velocidade média e instantânea, a distância que já percorreu, as calorias que queimou, etc.

São tanto os dados pessoais recolhidos pelas peúgas com informação digital da Fiorima, que se elas já existissem no tempo do Leonardo da Vinci e tivessem sido usadas pela Gioconda, hoje em dia não haveria qualquer mistério a rodear a identidade da modelo do quadro mais famosos do mundo.

Estar sempre um passo à frente dos concorrentes, integrando tecnologias diferentes num produto tradicional, é o segredo do sucesso desta empresa que desde 1985 se dedica ao fabrico de acessórios de moda com peúgas muito técnicas, e fechou 2014 com um volume de negócios de 7,5 milhões de euros. Todos os anos apresenta 600 pares diferentes de produtos, em quatro coleções, a um clube restrito de clientes, onde avultam as grandes marcas internacionais de artigos de moda e técnico-desportivos.

“Não temos marcas próprias porque não queremos concorrer com os nossos clientes”, esclarece Paulo Rodrigues, 51 anos, Diretor Industrial da Fiorima, um engenheiro têxtil que em 1990, mal acabou o curso na Universidade do Minho, “no tempo em que havia mais propostas de emprego do que candidatos”, foi trabalhar para a Orfama, onde se demorou 18 anos e foi Diretor Geral. Só depois, aceitou o desafio do pai,

para se mudar para empresa da família com o objetivo de, com o irmão José Manuel, a levar o mais longe possível, mas de forma sustentável.

No âmbito da estratégia de estar sempre one step ahead da concorrência, na Salt Lake City Outdoor Retail, a Fiorima deixou os compradores americanos entusiasmados com umas peúgas com tecnologia LED integrada, que dão uma enorme visibilidade - e daí segurança - a quem as usa para fazer running convivendo com o trânsito automóvel.

Em Munique, na ISPO surpreendeu os visitantes e despertou a cobiça das marcas

com as gaiter socks, umas peúgas polaina que evitam a entrada de lama, água, terra, areia, folhas, etc para o interior das sapatilhas, e especialmente concebidas para atletas de trail e running.

“A uma feira com estas temos de trazer produtos diferenciados, que ainda ninguém fez”, explica Paulo Rodrigues, um apóstolo da formação contínua e da inovação que, diz, “só existe quando se amplia a fronteira do conhecimento”. E neste caso o que ele diz, rima com o que faz - e fá-lo parecer um homem da Renascença, como Leonardo .

Não satisfeito com a formação de base em Engenharia Têxtil, Paulo fez uma pós graduação em Gestão de Unidade de Saúde, um doutoramento em Engenharia para a Saúde e ainda arranja tempo para frequentar o 3o ano do curso de Biomédicas da UMinho. O particular interesse que lhe merece a área da Saúde explica a oferta alargada de peúgas medicalizadas da Fiorima, que garantem, durante 50 lavagens, propriedades tão diversas como eliminar bactérias, repelir mosquitos, prevenir o pé de atleta e frieiras, e melhorar a circulação no pé dos diabéticos.

“Temos todas as certificações - de ambiente, segurança, qualidade. eficiência energética, etc - e somos uma das empresas mais modernas do mundo não só porque estamos sempre a investir em equipamentos mais atualizados, mas também porque usamos as mais avançadas tecnologias no domínio de toda a logística da cadeia de valor”, conclui Paulo Rodrigues, orgulhoso do nível de robotização da fábrica de Frossos, Braga, retratado num filme que passava em loop num ecrã no stand da Fiorima em ISPO de Munique.

SE ESTIVER BARULHO CASACO FICA VERMELHO André Paiva e Meire Santos, dois alunos do Mestrado em Design da Universidade do Minho, criaram peças de vestuário que reagem à luz e interagem com o som. Ao incorporarem um módulo de deteção de ruído e fitas LED no casaco Noise conseguiram que ele mude de cor - é branco se o ambiente estiver silencioso, ilumina-se de azul ou verde com um ruído moderado, e fica vermelho e a piscar intermitentemente se estiver uma barulheira dos diabos.

INÊS COSTA GANHA CONCURSO DA PIZARRO Inês Costa, 18 anos, aluna da Escola de Moda do Porto (EMP), foi a vencedora da 1ª edição do Concurso Paulo Ribeiro By Pizarro, o que lhe dá o direito a estagiar nesta empresa de Guimarães, a trabalhar duas semanas com Donwan Harrel, na sede da PRPS Jeans com o designer e fundador desta marca, e a apresentar a sua coleção em Barcelona na Première Vision Denim 2016 .

”TEMOS MUITAS FÁBRICAS NA EUROPA. EM PORTUGAL PRODUZIMOS TOALHAS, MEIAS E T-SHIRTS DE CRIANÇAS” Breege O’Donoghue administradora da Primark

GAP MAIS FEMININA E MAIS COLORIDA

ACHEGA VAI CHEGAR AO PORTO

As malhas Achega, fabricadas em Minde (Alcanena) e com sete lojas em Lisboa, exportam via turistas para Finlândia, Alemanha, França, Austrália e Nepal. Chegar ao Porto é um dos desejos de Antonieta Achega, neta do fundador e designer da marca. “No Porto há frio para as nossas malhas e muito turismo”, atira. Antonieta, que já trabalhou em Milão, gosta muito do que faz: “Escolho as cores e os materiais, mas o que se vê nas lojas é o resultado de um trabalho de equipa. Somos uma empresa familiar e contamos com o apoio de todos: costureiras, cerzideiras, modelistas”, sublinha. A fábrica de malhas Achega nasceu em 1957, com José Coelho Achega. Até que nos anos 80 o avô de Antonieta teve a ideia de abrir uma loja com onde só vendia marca própria, que estava sempre cheia.

Coleções mais femininas, mais coloridas e com mais qualidade são a receita de Art Peck, CEO do grupo GAP, para recuperar da performance negativa registada no ano passado e voltar a ser o símbolo por excelência da descontração e otimismo norte-americanos. Vítima do efeito conjugado do dólar forte, fast fashion, uma meteorologia moderada e erros próprios, o grupo que tem as marcas GAP, Banana Republic e Old Navy fechou a 31 de janeiro o exercício 15/16 com um forte recuo nos lucros (-27%) e no volume de negócios (-3,8%).

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OPINIÃO 1990

Paulo Vaz Diretor Geral da ATP e Editor do T

PF, NÃO SE ESQUEÇAM DA GESTÃO

PORTO RECEBE CONGRESSO EUROCOLOR A 21 e 22 de Junho, reunia-se pela primeira vez no nosso país o Congresso Eurocolor, que tinha como objetivo a escolha da cor da moda em collants e meias para a estação seguinte. O Porto recebia assim os maiores produtores europeus deste subsetor. Na fotografia da mesa reconhecemse mesa António Falcão (Têxtil António Falcão), podendo Paulo Vaz à época secretário-geral da APIM), Fernando Barroso (presidente da APIM e da Mailleurope), Leal Ribeiro (Custoitex), e Fernando José Barroso da Dueme. A cor proposta por Portugal foi a vencedora com a maioria dos votos, entre os quais os da Itália (o país com maior número de empresas presentes), da Áustria e da Alemanha.

O reforço das competências de gestão nas empresas que compõem o tecido empresarial da fileira é um dos sete grandes eixos do Plano Estratégico para a Indústria Têxtil e Vestuário. Se é verdade que muito mudou para melhor nas últimas duas décadas na “governance” corporativa, mercê da superior qualificação dos empresários que hoje detêm as organizações e das suas equipas diretivas, importa ainda assim identificar as fragilidades na gestão e em todas as vertentes que esta importa.

Em primeiro lugar, no que se refere à estratégia da empresa. Poucas organizações têm ainda clara a sua orientação estratégica, o projeto e a forma sistemática e quantificável de alcançarem os objetivos. Muitas empresas limitam-se a gerir o dia-a-dia, navegando à bolina, reativamente, justificando o “modus operandi” com a sempiterna instabilidade e a incerteza dos tempos. E não se trata apenas de apanágio de PME, pois há muitas empresas grandes que têm o mesmo problema. E, mais tarde ou mais cedo, aplica-se o velho ditado: para quem não sabe para onde vai, todos os caminhos são bons ... mas acabam invariavelmente num beco sem saída ou num precipício.

Em segundo lugar, há que ter em conta que a esmagadora maioria das empresas da ITV são de natureza familiar, onde muitas vezes a propriedade e a gestão estão nas mãos de uma família (quando não na de várias...), com várias gerações envolvidas e uma multiplicidade de problemas que desfocam o escopo da organização, que é gerar riqueza com a máxima eficiência e reparti-la com a consequente equidade por todos os “stakeholders” - incluindo o restante pessoal ao serviço.

Quando estas questões não são tratadas devidamente e de forma profissional, é frequente que os problemas familiares se misturem com os da empresa, a racionalidade fique secundarizada, os conflitos estalem e se tornem irresolúveis, condenando as empresas à morte - por muito sólidas que elas sejam, por muito bons produtos que fabriquem ou serviços que prestem, por muito bons clientes e parceiros de negócio que possuam.

Confundir a legitimidade da propriedade com competências de gestão, que não resultam da hereditariedade dos genes, é o erro mais comum, que apenas inicia uma sucessão interminável de equívocos e termina sempre mal, com culpa de todos os envolvidos. Prestar atenção a este aspeto, numa empresa familiar, sabendo-o tratar antecipadamente e com a importância que merece, é uma decisão estruturante para a sobrevivência.

Finalmente, as empresas da ITV continuam a ter uma gestão demasiado orientada para a eficiência produtiva, onde se atingiram níveis de desempenho notáveis. Contudo, é preciso ter em conta que o valor não se gera apenas aí, mas na ponta da respetiva cadeia, onde se exige cada vez mais terciarização, mesmo que a indústria continue a ser o foco e se continue a privilegiar as relações entre empresas e a trabalhar para terceiros.

Sem mais inovação e criatividade nos produtos, coleções e modelos de negócio, não há diferenciação para se concorrer com vantagem, nem uma maior rapidez e reatividade na resposta, de modo que o “lead time” curto, cada vez mais curto, se apresente como vantagem competitiva e imbatível perante a concorrência global. Ora isso só se consegue recorrendo às tecnologias de informação mais evoluídas e usando uma logística avançada e sofisticada. O divórcio com a economia digital, que será o futuro de qualquer negócio, poderá ser o fim para qualquer empresa, por mais bem sucedida que hoje se apresente.

O maior erro de gestão é estar a dar respostas do passado aos problemas do presente e aos que o futuro irá trazer. Quem perceber isto permanecerá. Os outros farão parte da História e serão apenas os danos naturais e necessários da evolução do setor.

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José Morgado Diretor Dept. Engenharia e Tecnologia do CITEVE

A TÊXTIL 4.0 ESTÁ AÍ A CHEGAR Já ouviu falar em Indústria 4.0, IoT – Internet of Things, M2M – Machine to Machine ou em Big Data? Sabe do que se trata? O melhor é fazer uma pesquisa rápida porque corre o risco de ficar fora de temas que vão marcar a agenda dos próximos tempos.

Estes conceitos começaram a ser estudados pelos investigadores há já uma década e desde 2011 que vimos os políticos e os opinion makers a utilizá-los massivamente. Seguindo a lógica, o próximo passo será a sua implementação industrial e, neste contexto, estará a indústria têxtil preparada?

A história diz-nos que a indústria têxtil, apesar de ser frequentemente apelidada de tradicional, é sem dúvida uma indústria inovadora e uma das que mais facilmente absorve os novos conceitos de produção.

Foi assim na primeira Revolução Industrial, iniciada na Europa no século 18 com a invenção da máquina a vapor, e que proporcionou a industrialização da têxtil.

Foi assim também na segunda revolução industrial, no início do século 20, em que os novos conceitos de linha de montagem, lançados por Henry Ford para a indústria automóvel, rapidamente foram adotados com sucesso na indústria têxtil proporcionando o aumento exponencial da produtividade e da produção em massa.

Foi assim ainda na denominada terceira revolução industrial, nos anos 70, quando se assistiu à automação das nossas fábricas através da instalação de computadores, controladores eletrónicos, sensores e outros dispositivos em ambiente industrial (no denominado chão-de-fábrica) e que permitiram a sofisticação dos sistemas de planeamento, controlo e gestão da produção, com repercussões muito positivas ao nível da qualidade dos produtos, repetibilidade dos processos, aumento da produção, diminuição dos custos e dos prazos de entrega.

Como será na quarta revolução industrial?

Desde 2011 que se assiste à denominada quarta revolução industrial, a que vulgarmente se atribui a designação de indústria 4.0. A democratização e a consolidação da internet como o principal veículo de comunicação interpessoal possibilita que a sua utilização massificada na indústria e no meio produtivo seja uma realidade possível. É neste contexto que obrigatoriamente vai ouvir falar da Internet das Coisas e do uso do Protocolo IPV6, do Wireless, da Cloud, do Big Data, de RFID, da simulação e virtualização de processos e produtos, etc.

Os principais princípios da Indústria 4.0 e que proporcionarão o aparecimento das denominadas “fábricas inteligentes” são: • capacidade de intercâmbio operacional (Internet das Coisas); • implementação de modelos virtuais e de simulação dos processos fabris; • decisão em tempo real de forma inteligente e autónoma (por exemplo. correção automática da cor durante o processo de tingimento); • implementação de novos modelos de produção que permitam a máxima flexibilidade das fábricas e a sua fácil adaptação ao processamento de diferentes produtos.

De facto, muitos serão os desafios, mas estou confiante que a têxtil, como sempre, estará preparada e na linha da frente da adoção dos princípios da Indústria 4.0.

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João Costa Presidente da ATP

O IMPERATIVO DA COMPETITIVIDADE A questão central da economia portuguesa é a competitividade. Como consequência dos seus fracos níveis de competitividade, a nossa economia tem evidenciado fortes desequilíbrios estruturais, designadamente um elevado défice nas transações com o exterior, de que resultou um volumoso endividamento externo, crescimento anémico, elevados níveis de desemprego, baixos níveis de rendimento, elevado défice das contas públicas e uma gigantesca dívida pública.

A volumosa dívida externa bruta – pública e privada –, superior a 450 mil milhões de euros, retira todos os anos cerca de 20 mil milhões de euros da economia, em rendimentos (juros, dividendos e outros) pagos ao exterior.

Se os 20 mil milhões de euros anuais ficassem no país, seriam naturalmente convertidos em consumo, investimento e poupança, o que permitiria dar um grande contributo para o crescimento da economia e, por efeito dele, para a redução do desemprego, do défice das contas públicas, do stock de dívida pública e dos custos de financiamento.

Perante esta realidade, que tudo condiciona e obstaculiza, a principal preocupação dos Governos, e de todos os agentes políticos, económicos e sociais, deveria ser a de eleger a competitividade como um dos seus principais e inadiáveis desafios. Mas, uma competitividade real, efetiva, estrutural, sustentável, impulsionada por um sistema educativo e formativo capaz de qualificar os cidadãos para as exigências da economia globalizada; por um Estado, uma administração pública e um sistema de justiça eficientes; pela obtenção de custos energéticos e de todos os custos de contexto em níveis adequados de eficiência, e pela existência de estruturas de logística e de transporte que possibilitem rapidez e custos compatíveis.

Para se alcançarem bons níveis de competitividade, assentes na produtividade e na criação de valor – e não em baixos níveis de rendimento -, torna-se indispensável desenvolver, consistentemente, uma cultura de qualificação e exigência, que promova e valorize o mérito, que estimule e valorize a iniciativa e o empreendedorismo, que incentive a inovação e a criatividade. Torna-se necessário colocar o país num patamar de desenvolvimento comparável ao dos mais evoluídos do mundo, e em que os custos de funcionamento do Estado – moderno e eficiente -, nas suas diversas vertentes e dimensões, sejam compatíveis com um nível de tributação que permita um saudável funcionamento da economia e da vida dos cidadãos.

Sendo esta uma realidade que os principais decisores responsáveis conhecem, e que foi objeto de imposição, pelas instituições internacionais, de medidas no sentido da melhoria da competitividade no período de ajustamento económico e financeiro – como condição para apoiarem o financiamento do país -, seria de esperar que o atual Governo aproveitasse o que, apesar de forte contestação, foi conseguido, e prosseguisse uma trajetória de necessárias reformas para fazer de Portugal um país empreendedor, criativo, inovador, dinâmico, com adequados níveis de crescimento e gerador de prosperidade.

Em vez disso, o Governo, cedendo a exigências de retrocesso, começou por reverter reformas que, apesar de insuficientes, tinham contribuído para a melhoria da competitividade e, sobretudo, para iniciar o processo de remoção de um imobilismo retrógrado que, por falta de coragem política para o afrontar, se havia petrificado e convertido em direito adquirido e inalienável.

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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Preparando agora o próximo verão 2017 - inspiração, cores, tecidos, padrões e desenhos passam pelas mãos da nossa designer, que faz uma pequena pausa para nos recriar a imagem do político do momento, Mário Centeno

Centeno dedica o corpo ao corridinho algarvio Entre as comissões de inquérito, orçamentos de estado e idas a Bruxelas, o nosso ministro das Finanças não tem tempo para preparos. Diz-se que as pessoas dos números não ligam muito a imagem, mas agora que o Mário Centeno tem de desfilar constantemente nos corredores políticos é necessário estar atento a esta coisa da moda e apresentar-se como deve ser em público.

Aqueles que se preocupam com estes pormenores efémeros, têm insistido com o Centeno para estabelecer uma ordem de ideias e programar as “fatiotas” para cada ocasião. Mas para este Mário que luta para equilibrar a economia do país, não é fácil dedicar tempo a coisas tão supérfluas. É melhor delegar.

Por isso, mesmo estando os custos contidos por aquelas instâncias governamentais, decidiram contratar alguém com o dom criativo de se destacar entre a multidão. E quem melhor do que alguém popular nas redes sociais? O nosso informador fechou-se em copas em relação ao nome, género e proveniência. Contudo deixou escapar que uma das exigências do nosso catedrático é homenagear de alguma forma a sua região e não usar gravata.

Devaneio eu com a ideia de ver Centeno na sua dança de estratégias, dedicando o seu corpo ao corridinho algarvio. Surge na minha cabeça um ministro embrulhado numa lustrosa faixa cor de vinho, sobre uma camisa branca com gola “mandarin”, calças em comprimento de corsário, e mocassins com berloques.

A outra imagem que me vem à mente é um visual mais divertido, porque a esperança é um dos trunfos que o senhor dos números tem de usar nas suas contas. Assim destaca-se dos senhores cinzentos por motivos mais felizes. Vejo-o dentro de uma leve camisa azul lavanda com padrão floral, desabotoada e argutamente rematada por um lenço em tons de rosa velho, calças em tom marfim e mocassins Mulan em camurça.

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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

O Engaço Avenida Recezinhos 4, 668 Castelões 4560-056 Penafiel

A GRAÇA DO ENGAÇO Na última vez que lá fui com o meu amigo José Armindo Ferraz, da Inarbel, soubemos que o M&M, o espumante das Caves Central da Bairrada que foi parceiro da primeira Porto Fashion Week's Night Out, tinha acabado de conquistar uma medalha de ouro em Bordéus. Convocado de imediato o distribuidor do M&M, o Alfredo, da M.Cunha, o Engaço ganhou uma graça especial com esta comemoração a que também se juntou em boa hora o Hélder, o nosso anfitrião. Mas é preciso reconhecer que as estrelas da noite voltaram a ser as senhorinhas, as poderosas cebolinhas que aparecem no final da crónica, porque os últimos são os primeiros.

O restaurante O Engaço, entre o Marco de Canavezes e Penafiel muito perto de Vila Boa de Quires, nunca se sabe de antemão o que se pode comer, mas sabe-se que será bom de certeza.

Quem diria que neste magnífico restaurante tudo começou com uma paixão comum pelo todo-o-terreno?

Hélder da Rocha e Renato Barroso eram dois amantes e praticantes do todo-o-terreno que um dia, por brincadeira, decidiram transformar o espaço onde guardavam os destroços dos jipes mais os pneus e as jantes assinaladas, num espaço de restauração.

Hoje a dupla desfez-se. O Hélder, vendedor de distribuição moderna foi o que ficou com o Engaço na mão. O professor Renato Barroso foi à sua vida e como engenheiro agrónomo que é, não lhe devem faltar oportunidades por aí fora, no nosso Portugal desertificado.

Neste restaurante paredes meias com os célebres bolinhos de amor

de Penafiel, tudo é surpreendente, a condizer com a estória do seu nascimento que também já vimos que não foi de um parto muito natural.

O Hélder gosta de ser ele a escolher o que os clientes vão comer. Mas não por uma arrogância tola e impertinente, como já tenho visto noutros lugares (onde, aliás, desde essa primeira vez, nunca mais me viram os dentes...) mas sim porque é no caminho matinal entre a lota de Angeiras e o Engaço que o Hélder inventa o que vai servir em função do que a terra e o mar lhe deram nesse dia.

Das vezes que já lá fui retenho as senhorinhas, umas senhoras cebolas, espremidas de quase toda a sua acidez, polvilhadas de flor de sal e mergulhadas em bom vinho tinto. Reza a lenda do Engaço que o nome vem da tradição de serem as virgens da terra quem melhor as espremia usando os membros inferiores, mas isso não tive forma de confirmar no terreno.

O que já lá comi mais do que uma vez foi uma alheira à moda do Engaço que vem desfeita, misturada com grelos e ovo numa receita que, respeitando o trio tradicional aparece com um sabor renovado. Eis um caso em que o conjunto vale mais e é mais saboroso que a soma das partes.

Ninguém deve ir ao Engaço ao engano. Se lhe está a apetecer um prato que não tenha nada a ver com a cozinha tradicional portuguesa, escolha outro restaurante. Embora lá possa ter a certeza que vai ser surpreendido pelo visual, pelas misturas ou pela confeção dos produtos que tão bem conhece nas suas roupagens habituais.

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SOUVENIRS

MALMEQUER Ana Penha e Costa, 28 anos, criou a marca + 351 há dois anos. Agora abriu na rua Poiais de S.Bento 18 (Lisboa) a sua primeira loja/atelier.

Antes trabalhou na Billabong (em França) e na Osklen (Rio de Janeiro).

Faz surf desde os 15 anos, tendo já ganho diversas provas. As roupas +351 também estão à venda na Tictail Store, em Orchard Street 90, em Nova Iorque

Gosta

Não gosta

Água em garrafa de vidro ar puro

Perder falhar esperar sushi soja

natureza sal mergulhar na água do

perfume cieiro vodka aranhas cruzeiros

mar viajar ler fazer surf família amigos

leggings saltos altos agulha multidões

música dançar rir edredons de penas

trânsito muito calor fumo lã gatos

desafios adrenalina guiar chocolate chili

talões leite condensado ginásios

com carne cerveja gelada ir à neve roupa

dentista polvo cinzeiros deitar tarde

confortável correr ao ar livre andar

do fundo do mar pulgas crowd

de bicicleta cheiro a lareira jogar ténis gengibre

O COLETE À EMPREGADO DE ESCRITÓRIO DE RUI ZINK Escreve livros, dá aulas, imagina coisas. Assim é Rui Zink numa abreviada auto definição. O escritor, com mais de 20 livros, entre os quais o premiado “Dádiva Divina” (2005) ou o muito bem acolhido pela crítica “Apocalipse Nau” (1996), e professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa tem, obviamente, uma peça de roupa preferida. “Tenho um colete à antiga, de empregado de escritório do tempo do Fernando Pessoa, que me acompanha durante quase metade do ano. É perfeito para mim: fácil de pôr e tirar, ao contrário de um pullover, mais adequado a quem tem a sorte de manter uma temperatura constante.

Eu, não sei se é do corpo ou do temperamento, aqueço e arrefeço com muita rapidez.

Rio e fico com calor, sou assaltado por um pensamento melancólico e baixo logo um par de graus. Os meus amigos dizem que sou um romântico, os inimigos que tenho o sangue frio como as cobras.

Talvez seja um pouco dos dois.

No fundo, tanto quanto sei, a serpente do Paraíso pode ser vista como a primeira alma romântica do mundo. Ou, pensando melhor, a primeira alcoviteira...”.

Rui Barreira Zink nasceu em Lisboa a 16 de junho de 1961. Escrever é o seu modo de vida, desde ficção, ensaio, banda desenhada a literatura para crianças. Também o podemos ler em jornais e revistas, além de que foi um dos protagonista do programa televisivo “A noite da Má Língua”, da SIC. Entre as dezenas de livros publicados estão “O Amante é Sempre o Último a Saber (2011), “Luto pela Felicidade dos Portugueses” (2012) e “A Instalação do Medo” (2012), “A Metamorfose e outras Fermosas Morfoses” (2014) e “Osso”(2015).

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