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VÍTOR ABREU
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CEO Grupo Endutex
“OS TÊXTEIS P 12 A 14 "NO FUTURO TÉCNICOS SÓ ERRAMOS FAZEM PARTE SE FORMOS DO NOSSO TOLOS" ADN” P 16 A 18 CEO da Dielmar
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
PERGUNTA DO MÊS
COMO RESOLVER O PROBLEMA DO CUSTO DA ENERGIA? P4E5
EMERGENTE
COMO CRISTINA FEZ DE “KITAR” JEANS UM BELO NEGÓCIO P 25
DOIS CAFÉS E A CONTA
SOFIA FERREIRA E O GRANDE SALTO EM FRENTE P6
INTERIOR LIFESTYLE
UMA TOKYO STORY COM FINAL FELIZ
ANA PAULA RAFAEL
“A aposta nos têxteis técnicos resulta da análise que fizemos da otimização dos nossos melhores recursos e da leitura que fazemos da evolução dos mercados e do posicionamento de Portugal no espaço geográfico europeu”, explica Vítor Abreu
P8 E9 FOTO: RUI APOLINÁRIO
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Sandra Morais 43 anos Nasceu no meio dos collants, já que a Custoitex é uma empresa familiar fundada pelo pai. Formada em Marketing pelo IPAM e com um MBA executivo e gestão pela EGP. Integrou o departamento comercial da Custoitex e mais tarde, num momento conturbado, veio a assumir a gerência da empresa. A família é o seu pilar! Tem duas grandes paixões: o FC Porto e a gastronomia
EXPORTAR É QUE IMPORTA O Presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida, juntamente com um outro conjunto de empresários de várias áreas que a imprensa gosta de chamar “Patrões do Norte”, pôs o dedo na ferida na passada semana. É preciso que o Governo tenha em atenção as empresas exportadoras , porque é do seu trabalho que o país pode esperar as melhores notícias, em termos de recuperação da sua situação económico-financeira. Dito por outras palavras, ninguém finge que não entende que um Governo da maioria de Esquerda tenha na sua agenda uma crescente preocupação pelas questões sociais e até apareça a sonhar que Portugal pode tornar-se um país mais competitivo com os portugueses a trabalharem menos horas. Mas é evidente que já todos percebemos que neste momento, exportar é o que mais importa. É com o aumento das exportações, ainda melhor se combinado com a diminuição das importações, que se pode erguer o país para um outro patamar, em que essas preocupações sociais deixam de ser só legítimas, para poderem ser também viáveis. No caso da nossa ITV, que tem dado o formidável exemplo de manter o aumento das suas exportações mesmo em meses onde outros setores, também tradicionalmente exportadores , recuam, este desafio ao Governo para que aumente os incentivos às empresas exportadoras, faz especial sentido e é pleno de oportunidade.
Trabalhar a marca própria é melhor ou pior do que ficar com meias medidas? Não sou mulher de meias medidas. Apesar de todas as condicionantes próprias de quem tem um negócio, não tenho dúvidas: trabalhar uma marca como a Collove é, sem dúvida, muito melhor. Os desafios, o estímulo criativo e, por fim, a sensação de ver os nossos collants nas pernas de uma mulher desconhecida é muito gratificante e compensa eventuais dificuldades.
isso também torna a vida mais estimulante e desafiante!
As portuguesas estão aderir cada vez mais aos collants? Ou são os collants que aderem cada vez mais às pernas das portuguesas? As pernas e os collants têm uma relação de amor que já não é de hoje… As pernas das portuguesas (assim como das francesas, inglesas ou americanas) ficam mais sexy e elegantes com collants. E eles também não vivem sem elas!
Trabalhar com a irmã é um bocado como os collants que tem sempre duas pernas? Completamo-nos, o que traz imensas mais-valias para o negócio! Temos uma dinâmica muito própria que tem resultado muito bem!
Sair de um processo de recuperação económica é sempre um alívio ou um alívio para sempre? É um alívio. As palavras “sempre” ou “nunca” são muito definitivas… Todos os dias são um desafio e
A Custoitex tem vindo a experimentar muitos mercados em várias partes do mundo. Qual é hoje em dia, a aposta mais forte? Estamos muito focadas na América do Sul assim como nos países escandinavos, mas, naturalmente, sem perder o foco no mercado europeu.
Qual era a figura pública que mais gostava que desse a cara e as pernas pela Collove? Estamos muito satisfeitas com a Rute Braga, que é a imagem da Collove há já alguns anos. Se tivéssemos que escolher uma cara a nível internacional, sem dúvida que a Sara Sampaio preenche todos os requisitos!
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto
PROMOTOR
CO-FINANCIADO
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n PERGUNTA DO MÊS Por: Isabel Cristina Costa
COMO RESOLVER O PROBLEMA DO CUSTO DA ENERGIA? Em Portugal, a energia é cara para todos. Mas no caso da indústria, em particular da têxtil, o caso assume proporções dramáticas porque significa perda de competitividade pois os nossos concorrentes beneficiam de custos energéticos inferiores. Por que é que isto acontece? João Peres Guimarães fala numa espécie de sovietização da nossa economia. E o FMI já identificou a redução dos custos da energia como uma das reformas estruturais urgentes que o país deve promover
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ITV tem sistematicamente reclamado junto do poder político a falta de apoio e de soluções para o problema do custo da energia, que não afeta as empresas têxteis de igual forma. Os consumos energéticos são diferentes e os custos também dependem do número de turnos trabalhados. Regra geral, é nas fiações que o consumo de energia elétrica é mais intenso. Uma fiação moderna pode ser praticamente robotizada, ocupando os custos em energia elétrica o terceiro lugar depois da matéria-prima e CAPEX (gastos de capital). Já a indústria de vestuário é aquela que menos energia consome, mas é também aquela que mais caro paga o KWh de eletricidade. Isto porque geralmente trabalha apenas um turno, coincidente com as horas de ponta e frequentemente não tem consumos que justifiquem receber a energia em média tensão pelo que fica no nível de abastecimento mais penalizado pelos Custos de Interesse Económico Geral do Sistema (CIEGS) e de distribuição. Pelo meio da cadeia industrial têxtil fica o enobrecimento (tin-
turaria, acabamento, estamparia, indução), o subsetor que mais energia consome, sobretudo sob a forma de gás ou nafta. É onde se justifica a instalação de unidades de cogeração, uma vez que o consumo de vapor e água quente é, do ponto de vista energético, muito superior ao consumo de energia elétrica. “Digam o que disserem os responsáveis do setor da energia, em termos de competitividade em função dos custos energéticos, Portugal está mal, quer na eletricidade quer no gás”, afirma João Peres Guimarães, consultor da ATP para a área da Energia e Ambiente, membro do Conselho Consultivo da ATP e seu representante no Board da Euratex (European Apparel and Textile Confederation). “Em países desenvolvidos a matéria-prima é comprada em bolsa e portanto as nossas empresas estão, neste caso, em igualdade competitiva em comparação com países como a Alemanha ou a França. O custo de capital é um pouco mais caro em Portugal do que nestes dois países e o custo da energia elétrica é muito mais barato em França do que em Portugal ou Alemanha. Para quem não está familiarizado com o setor pode parecer estranho, mas
de facto, uma fiação tem melhores condições em França do que em Portugal. Não é por acaso que a maioria das fiações portuguesas fechou nos dois primeiros lustros (10 anos) deste século”, atira João Peres Guimarães. A pesar no custo da energia está a dívida tarifária do setor elétrico, que rondará os cinco mil milhões de euros. Quer isto dizer que mesmo liberalizado, o mercado energético português continua preso aos custos do passado. Além de que o argumento do mercado liberalizado cai por terra quando não está acessível a todos, mas antes predestinado aos grandes consumidores. “O custo da energia é um escândalo, é caríssimo, rouba muita competitividade às empresas. O Governo devia preocupar-se com esta questão antes de reivindicar salários maiores. Concorremos num mundo global, com países em que a energia é muito mais barata e nalguns casos até subsidiada. Se verificarmos a fatura energética, damos conta de que estamos a pagar os investimentos da EDP, o famoso défice tarifário. Não chega falar só de reindustrialização, é preciso criar meios para que esta seja possível”, dispara António Amorim, presidente do Citeve.
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“PODE PARECER ESTRANHO, MAS DE FACTO, UMA FIAÇÃO TEM MELHORES CONDIÇÕES EM FRANÇA DO QUE EM PORTUGAL” João Peres Guimarães Representante ATP na Euratex
Quem acredita que há margem para baixar os custos da energia em Portugal é o presidente da Riopele, José Alexandre Oliveira: “Há margem, agora essa é uma decisão política. No entanto, não acredito que baixem a médio prazo porque não há vontade política para o fazer. O certo é que enquanto nada muda, as empresas portuguesas vão continuar a ter a concorrência do Vietname e da Índia, por exemplo, e a perder competitividade”. Uma das vozes que se tem insurgido contra o preço da energia é a de João Costa, presidente da ATP. O problema é reconhecido por todos e a solução? “O país precisa de criar um mix: renováveis/tradicionais, que impeça a energia de continuar a ser um fator de perda de competitividade”, responde. Vítor Abreu, presidente do conselho de administração da Endutex Revestimentos, encara o problema como uma questão política, mais do que técnica. No seu caso, realizou investimentos na cogeração e fotovoltaicas. “Vendemos quase toda a energia à rede, exceto a energia térmica que usamos no nosso processo produtivo. Para nós, a cogeração é mais uma área de negócio”, re-
fere. No passado, algumas empresas do setor têxtil português recorreram à cogeração enquanto garante de auto-suficiência e também negócio, vendendo energia. António Amorim lembra que ao tratar-se de investimentos pesados, só estavam ao alcance das empresas de maior dimensão. “Temos de ter em consideração que o tecido empresarial têxtil é constituído maioritariamente por pequenas e médias empresas”, adverte. O presidente do Citeve garante que as empresas têm racionalizado a sua produção com sistemas mais eficientes e menos pesados em termos de consumo de energia. “Há uma preocupação constante no sentido de diminuir o consumo e a eficiência energética”, diz. Para concluir que “o setor tem uma grande resistência a todas as adversidades, está demonstrado, tem conseguido vencer as dificuldades e até crescido. Mas quando se reivindica mais feriados, mais férias, mais aumentos salariais, é preciso ter consciência de que se não houver uma diminuição de custos noutras componentes do custo de fabricação, é o caso da energia, as empresas perdem competitividade”.
“O CUSTO DA ENERGIA É UM ESCÂNDALO, É CARÍSSIMO, ROUBA MUITA COMPETITIVI-DADE ÀS EMPRESAS. O GOVERNO DEVIA PREOCUPARSE COM ESTA QUESTÃO ANTES DE REIVINDICAR SALÁRIOS MAIORES.” António Amorim Presidente do Citeve
“HÁ MARGEM PARA BAIXAR OS CUSTOS DA ENERGIA. NO ENTANTO, NÃO ACREDITO QUE ISSO ACONTEÇA, PORQUE HÁ FALTA DE VONTADE POLÍTICA PARA O FAZER” José Alexandre Oliveira Presidente da Riopele
João Peres Guimarães Consultor da ATP para a área da Energia e Ambiente
“NUM MERCADO A FUNCIONAR OS PREÇOS DEVIAM TER DIMINUÍDO” Por que são díspares as afirmações sobre o preço da energia?
Porque há dois pontos de vista diferentes. O produtor de energia pensa na média dos preços estabelecidos no mercado ibérico que, no caso dos produtores em regime livre, é aquele pelo qual vendem essa energia à rede, isto é, quanto faturam com ela. O comprador pensa no preço que paga pela energia que a rede lhe fornece. A diferença entre estas duas pode ser abismal. E é este abismo, em particular no caso da energia elétrica, que é preciso compreender. A liberalização do setor energético não trouxe uma descida do preço da energia. Porquê?
Na realidade a maior parte da energia fornecida à rede tem preço fixado administrativamente, não estando sujeita a mercado. São os chamados Produtores em Regime Especial (PRE) e incluem a energia eólica, as cogerações, as mini-hídricas e as fotovoltaicas. Para dar um exemplo, em abril o consumo de eletricidade em Portugal foi de 4000 GWh, tendo-se ainda exportado 753 GWh. Para estas quantidades, os produtores em regime especial contribuíram com 2043 GWh, entre os quais se destaca a energia eólica com 1141 GWh. A diferença entre o preço pago aos produtores em regime especial e o preço de mercado é levado à conta dos tais custos de interesse geral do sistema e é a parcela mais significativa destes. Note-se que o sobrecusto real devido às renováveis não se confina à produção. Como a maioria da energia é produzida longe dos consumidores, por exemplo os maiores parques eólicos estão no distrito de Bragança e o consumo está no litoral, é necessário transportar essa energia, o que tem exigido a construção de novas redes de transporte e o reforço das existentes. E também que a maioria dos investimentos feitos em hídrica se referem a novas barragens ou equipamentos de bombagem cujo interesse é fundamentalmente o de serem usados como acumuladores de energia. Estes custos, elevadíssimos, são dissimulados nos custos gerais e o público não se apercebe deles. Para além de todos estes investimentos é sempre necessário ter em reserva, mesmo que completamente paradas, centrais térmicas que se possam substituir às renováveis quando estas não podem trabalhar por falta de vento ou água. Significa que a ERSE falhou?
Num mercado a funcionar normalmente, em face da escassez da procura dos últimos cinco anos, os preços deveriam ter diminuído. Mas, como toda a gente sabe, na realidade subiram e bastante. Isto não significa que a ERSE falhou, mas os moldes legislativos que condicionam o funcionamento da ERSE não são adequados. Na realidade o regulador acaba por “fazer” o preço de venda baseado nos custos dos produtores, transportadores e distribuidores. E obtém uma base para o preço final através da razão entre os custos e os consumos. Ora isto é o contrário de um mercado livre. É uma espécie de sovietização da economia no mercado energético em que os operadores nunca perdem e nunca correm riscos, com a agravante de os custos não pararem de subir e mesmo diminuindo os consumos o preço final sobe em espiral.
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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel
Casa Inês
Rua de Miraflor 20 Campanhã 4300-332 Porto
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Entradas: Bolinhos de bacalhau e croquetes Pratos: Filetes de polvo e de pescada, com o arroz de polvo Sobremesa: Rabanadas Bebidas: Quinta de Castelares branco, água e dois cafés
EM NOME DA MÃE, DA FILHA E DO NEGÓCIO Os apelidos mudam. Madalena, a mãe e matriarca, é Silva. Sofia é Ferreira e a sua filha Marta é Teixeira de Sousa. Os apelidos vão mudando mas se há coisa que se mantém inalterada nestas três gerações de mulheres de Felgueiras é a paixão assolapada pela indústria e a irrequietude empreendedora que lhes ferve nas veias. Está-lhes nos sangue. Nascida numa família com raízes industriais no calçado e mobiliário de escritório, Madalena, mãe de Sofia, foi professora primária mas não descansou enquanto não cumpriu o seu destino e fundou a Longratex, uma fábrica
de roupa para crianças. Segunda nesta linhagem têxtil, Sofia, mãe de Marta - e também de Ana (vive em Londres, onde gere a sua marca de evening wear Sophie Kah) e Inês (20 anos, estuda Gestão na Católica) -, já leva 30 anos de experiência acumulada nos trapos mas não descansou enquanto não chamou para o seu lado a filha do meio, para a ajudar preparar o grande salto em frente da Longratex. Marta, 26 anos, que mal acabou Economia na Católica partiu para Londres para ganhar dinheiro e mundo, estava
Sofia Ferreira
55 ANOS ADMINISTRADORA DA LONGRATEX Muita e boa gente escolhe Letras (ou Direito) para fugir à Matemática. Com Sofia, passou-se exactamente ao contrário. Foi para Matemática para fugir às Letras, de que não gostava. Acabado o Secundário, em Felgueiras, rumou para o Porto, onde se licenciou em Matemáticas Aplicadas, na Universidade Livre. Depois, deu aulas de Iniciação à Informática, durante dois anos, tempo suficiente para fazer a prova dos nove e confirmar que a vida de professora não era para ela. “Ganhava pouco e não me entusiasmava. Não dava”, explica. Do que ela gostava mesmo não era de ensinar mas sim de aprender a ser excelente no mundo dos negócios e exímia na arte de comprar e vender. Por isso, com um quarto século de vida, um canudo no bolso e as ideias arrumadas na cabeça, voltou à casa de partida, deitando âncora em Felgueiras e no mundo da roupa para crianças.
a trabalhar na Oracle (após um ano a aprender numa loja da Trotters, uma cadeia de roupa de criança), mas não hesitou quando, há coisa de dois anos, a mãe a desafiou a voltar a Felgueiras para juntas darem asas à Patachou. A Longratex nasceu, cresceu e fez o seu caminho produzindo roupa de criança (0-12 anos) em regime de private label para grandes marcas internacionais. Mas quando, há uns bons quatro anos, achou chegada a hora de começarem a apostar numa marca própria, lembrou-se do nome fofo e carinhoso do cão de umas deliciosas aventuras que lia quando era jovem liceal - e registou o nome Patachou. “Mudámos de estratégia porque no private label os preços são mais baixos e as margens mais estreitas. Há pessoas que têm medo da mudança. Eu tenho medo que as coisas não mudem”, graceja Sofia, que preferiu os filetes de pescada aos de polvo, na Casa da Inês, um dos restaurantes do Porto que mais frequenta. Há dois anos, com a transfusão de sangue novo que a chegada da Marta significou, a Patachou começou a levantar voo - já vale 40% dos cinco milhões que a Longratex fatura (99% na exportação) e está presente nas melhores e maiores cadeias internacionais de Department Stores (Selfridge, Neiman Marcus, Fenwick, Harrods, El Corte Inglès, Barneys, Harvey Nichols, etc). Uma pessoa menos exigente ficaria satisfeita com tão bons resultados em tão pouco tempo. Não é o caso de Sofia, que fixou a ambiciosa meta de até 2020 duplicar o volume de negócios da Longratex e de o peso da Patachou nesta faturação subir para 70%. Cumprir este objetivo implica muitas horas de voo, inúmeras noites dormidas em hotéis por esse mundo fora, mas isso são “peanuts” para a Sofia (“Mal me sento no avião, adormeço logo”), que faz questão de levar a Marta consigo para todo o lado (“Eu e a Martinha andamos sempre juntas”). “A têxtil é indústria difícil, pois estão sempre a aparecer novidades. É diferente todos os dias. O que acaba por ser bom, Não há monotonia :-)! Dizem que é cansativa. Mas eu ando sempre feliz e contente. Na verdade o que é preciso é ter muita paixão pelo trabalho. Para mim é quase um brincadeira, um jogo”, remata Sofia.
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1. EXPORTAR EXIGE INVESTIMENTO, SUOR E PERSISTÊNCIA. ESTAR NA INTERIOR LIFESTYLE IMPLICOU PARA OS 25 REPRESENTANTES DE 16 EMPRESAS, O SACRIFÍCIO DE DOIS FINS-DE-SEMANA E MAIS DE 30 HORAS DENTRO DO AVIÃO. FRANCISCO XAVIER (CARVALHO) FRANCISCO XAVIER APROVEITOU A VIAGEM PARA RES(CARVALHO) PONDER A 170 MAILS JOÃO FERREIRA (GIESTAL)
TIAGO LOPES (CARVALHO)
TOKYO STORY “Se um japonês gosta de um produto e tem confiança na empresa não é por meia dúzia de cêntimos que vai mudar de fornecedor” - quem dá esta chave para abrir o mercado japonês é Manuela Dias, da B. Sousa Dias, umas das 16 empresas portuguesas que esteve em Tóquio na 26ª edição da Interior Lifestyle. O Japão é um mercado muito difícil e exigente, que não se conquista com duas penadas. É preciso muito namoro e persistência para levar os clientes ao altar. Mas depois é um casamento para a vida - para o melhor e para o pior
2. O TOKYO BIG SIGHT VAI ENTRAR EM OBRAS DE ADAPTAÇÃO PARA SER USADO NOS JOGOS OLÍMPICOS 2020. O ESPAÇO VAI SER UM BEM ESCASSO NA PRÓXIMA INTERIOR LIFESTYLE
5. APESAR DO PROJETO BUREL TER APENAS MEIA DÚZIA DE ANOS DE VIDA, ISABEL COSTA JÁ ESTEVE UMA DÚZIA DE VEZES NO JAPÃO, ONDE FEZ 30% DAS SUAS VENDAS. “FOI AQUI QUE CRESCEMOS. É UM MERCADO MUITO DIFÍCIL E EXIGENTE, EXCELENTE PARA TESTAR OS PRODUTOS”
6. “OS JAPONESES ADORAM O TOQUE DAS NOSSAS COLCHAS, A SUAVIDADE DAS FRANJAS E OS MOTIVOS LIGADOS À SUA CULTURA”, CONTA JOÃO FERREIRA, DA GIESTAL, QUE FAZ UMA COLEÇÃO ESPECÍFICA PARA O JAPÃO
10. “VIEMOS UMA SEMANA ANTES PARA VISITAR OS CLIENTES. NUMA FEIRA, A PREPARAÇÃO É QUASE TUDO”, DISSE INGE VAN STAEYEN, COMERCIAL DA B.SOUSA DIAS, AO EMBAIXADOR FRANCISCO XAVIER ESTEVES, QUE VISITOU TODOS OS EXPOSITORES PORTUGUESES NO ÚLTIMO DIA DA FEIRA
A embaixada From Portugal levada pela Selectiva Moda: Bernardo Nunes e Isabel Matos (3DCork). Manuela Dias e Inge van Stayen (B.Sousa Dias). Carlos Saraiva (Bi-Silque), Isabel Costa (Burel Factory). Tiago Lopes e Francisco Xavier (Carvalho). Marta Araújo (Castelbel). Carlos Ruão (Costa Nova). Mário Lobo (Ditto), João Ferreira (Giestal). Isabel Antunes e Casimiro Lemos (Lasa Home). Flávio Cardoso (Maria Portugal Terracota) José Grilo e Rui Grilo (Mèze). Carlos Louro (MOS). Marta Soares e Cristina Correia (Smartlunch)
11. ANTÓNIO COELHO LIMA (THE EMBASSY COLLECTION) MOSTRA AO EMBAIXADOR O ÁLBUM ONDE SE CONTA O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA MARCA AMÁLIA (O NOME DA AVÓ DO EMPRESÁRIO)
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3. DO TOTAL DE 822 EXPOSITORES DA FEIRA (MAIS 23 QUE NA ÚLTIMA EDIÇÃO) A ESMAGADORA MAIORIA ERAM JAPONESES (627). DOS 195 ESTRANGEIROS, 16 ERAM PORTUGUESES
4. A VISTOSA PEÇA AMARELA EM BUREL QUE DECORAVA A PAREDE DO STAND DA BUREL JÁ NÃO VOLTOU A PORTUGAL. ERA UMA ENCOMENDA DE UM CLIENTE JAPONÊS 8. PELA 4ª VEZ NESTA FEIRA, RICARDO RELVAS (SOREMA) DÁ UM BOM CONSELHO: “DESISTIR À PRIMEIRA É O MESMO QUE QUEIMAR DINHEIRO. PARA VENDER AQUI É PRECISO PACIÊNCIA E MUITA QUALIDADE”
“MADE IN PORTUGAL É UM BOM ARGUMENTO NO JAPÃO”
9. OS FELPOS DA LASA HOME JÁ TÊM NOME FEITO NO JAPÃO. ESTE ANO, A EMPRESA RESOLVEU APOSTAR NA CAMA. “ESTEVE AQUI UMA EQUIPA DE SEIS PESSOAS DA ISETAN. GOSTARAM TODOS MUITO DA NOSSA CAMA”, CONFIDENCIOU-NOS O COMERCIAL CASIMIRO LEMOS
7. “NÃO PODEMOS PENSAR SÓ NA EUROPA. TEMOS DE DIVERSIFICAR AS NOSSAS VENDAS”, EXPLICA TIAGO LOPES, COMERCIAL DA CARVALHO 13. A BI-SILQUE ESTÁ HÁ 25 ANOS NO JAPÃO. “HÁ 20 ANOS ERA O NOSSO TERCEIRO MELHOR MERCADO”, CONTOU CARLOS SARAIVA AO EMBAIXADOR, QUE SE DESPEDIU DA EMBAIXADA PORTUGUESA COM PALAVRAS DE ÂNIMO: “FICO A TORCER PELO VOSSO SUCESSO”
12. “MARTA SOARES (SMARTLUNCH) EXPLICA AO EMBAIXADOR COMO FUNCIONAM AS LANCHEIRAS QUE DESPERTARAM O INTERESSE DE CADEIAS COMO A LOFT E ISETAN, E PASSARAM NUM PROGRAMA DO CANAL DE TELEVISÃO NHK
14. POR DETRÁS DE UMA GRANDE PRESENÇA NUMA FEIRA HÁ SEMPRE GRANDES MULHERES E UMA DELAS FOI SEM DÚVIDA TOMOKO MAEKAWA, A OMNIPRESENTE E SEMPRE DISPONÍVEL TÉCNICA DO AICEP TÓQUIO
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JOSÉ ALEXANDRE ESTRATEGO DA PV José Alexandre Oliveira passou a integrar o Comité de Estratégia da Première Vision. O CEO da Riopele substituiu naquele organismo o presidente do CITEVE, António Amorim.
SONAE SR COMPRA METADE DA SALSA A Sonae Retalho Especializado (Sonae SR) acordou a compra de 50% da Salsa, empresa de jeanswear, que está em dois mil postos de venda em 32 países e fechou 2015 com uma faturação de 106 milhões de euros, dos quais 56% feitos fora de Portugal. “A Salsa é hoje uma das melhores marcas portuguesas de moda, pelo que estamos muito satisfeitos com a celebração desta parceria que reforça a nossa estratégia de criação de um portefólio distintivo de marcas de retalho e a presença internacional das nossas actividades”, explica Miguel Mota Freitas, CEO da Sonae SR.
“CERCA DE 90% DAS VENDAS DA TÊXTIL DECIDEM-SE NA MONTRA” Helena Prista especialista em vitrinismo
KALASHNIKOV DISPARA PARA O VESTUÁRIO
O italiano Andrea Raumer, promotor da plataforma online Sewwand, não aceita produtores asiáticos
SEWWAND A plataforma online de sourcing de malhas, tecidos e acessórios Sewwand, criada há três anos pelo italiano Andrea Raumer, passará a integrar o ModtÍssimo já a partir da 48ª edição, marcada para 21 e 22 de setembro na Alfândega do Porto. Além do diretório de empresas que integram a única feira portuguesa dedicada à indústria têxtil e de vestuário, a parceria também prevê um trend fórum digital e a presença física da Sewwand no salão português. “A Sewwand disponibiliza catálogos dos produtos das empresas online. A partir da nossa plataforma, as empresas comunicam com os clientes independentemente do lugar físico onde estejam. Se as empresas assim o entenderem, têm uma galeria de produtos atualizada à semana”, começa por
MODTISSIMO
explicar Andrea Raumer, que continua: “Os clientes podem solicitar amostras diretamente aos fabricantes, sem qualquer interferência nossa, uma vez que não somos comissionistas nem sequer agentes”. Mas os produtos das empresas só podem ser vistos pelos olhos dos potenciais clientes. É que, entre si, as empresas não podem ver os produtos da concorrência por causa do controlo ao nível do registo na plataforma. Enquanto trade show online para profissionais, a Sewwand conta atualmente com 3600 utilizadores (95% da Europa e 5% dos EUA). É lá que estão empresas dos quatro maiores países europeus fabricantes de têxteis: Portugal, Espanha, Itália e Turquia. “Não aceitamos produtores asiáticos porque não
podemos dar garantias, não sabemos se são certificados, se utilizam mão-de-obra infantil, se cumprem as regras ambientais”, atira Raumer, com um passado profissional ligado ao têxtil, trabalhando para empresas italianas, inglesas e portuguesas. TMG, Familitex, TRI Malhas, Crispim Abreu e Gierlings Velpor são algumas das empresas portuguesas presentes na Sewwand. Andrea Raumer explica que a sua plataforma preenche na perfeição a necessidade que as empresas têm de estar sempre visíveis (na web), pois duas feiras físicas por ano não chegam. E depois é muito diferente de se estar numa grande feira física, saturada e com muita, muita oferta”.
No âmbito do esforço de diversificação de atividades, o grupo Kalashnikov vai lançar uma linha de vestuário e acessórios. O maior produtor russo de armamento planeia construir até ao final do ano, na Rússia, uma rede de 60 lojas.
PAULA BORGES PARLE FRANÇAIS Cerca de um terço do volume de negócios da Paula Borges é feito no mercado francês, afirmou Paulo Faria ao Journal du Textile. “Somos reconhecidos em França pelos nossos bordados acabados à mão e pelo nosso savoir faire nas sedas, que representam 70% da nossa produção”, acrescentou o director comercial da empresa da Maia.
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de euros é a previsão de vendas consolidadas para este ano do grupo MoreTextile
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X A MINHA EMPRESA Por: Isabel Cristina Costa
ERT Têxtil
Avenida 1º de Maio, - Zona Industrial das Travessas 3701-911 S. João da Madeira
Produto Revestimentos têxteis sobretudo para a indústria automóvel Marcas Audi, Mercedes, Peugeot, Porsche, Maserati e Aston Martin... Mercados Portugal, Alemanha, Reino Unido, Espanha, Roménia, Eslováquia, Hungria, Polónia e Marrocos Faturação 36 milhões de euros (Portugal) e 76 milhões de euros (grupo) Trabalhadores Cerca de 310 em Portugal e 620 no grupo Fábricas São João da Madeira, Felgueiras, Roménia e República Checa
MODTISSIMO ENCANTA JOURNAL DU TEXTILE A edição 47 do Modtíssimo encantou os franceses do Journal du Textile, que dedicaram uma página ao acontecimento. “Modtíssimo a pris un nouvel envol à l’Aeroport du Porto”, intitula o jornal, que dá a voz a diversos expositores, sublinha o aumento de 10% dos visitantes profissionais, regista o bom momento da ITV portuguesa (não resistindo à metáfora dela estar a levantar voo) e elogia a originalidade de, pela primeira vez no mundo, um salão realizar-se num aeroporto em atividade (a Bread & Butter teve como palco o Berlim-Tempelhof mas apenas quando o aeroporto já estava desativado).
“NÃO PODEMOS TER CUSTOS DE ENERGIA E IMPOSTOS A SUBIREM AO MESMO TEMPO, ERODINDO AS MARGENS QUE DEVERIAM SERVIR PARA INVESTIR” Paulo Augusto Oliveira administrador da Paulo Oliveira
A caminho da 5ª fábrica agora no México Hoje, a principal meta da ERT Têxtil Portugal é acrescentar valor aos seus produtos. O objetivo é “criar relações mais fortes e duradouras com os nossos clientes”, sustenta João Brandão, administrador da empresa de São João da Madeira. Continuar a investir em Inovação e Desenvolvimento é outra prioridade. Tudo junto permitirá no curto prazo abrir aquela que será a 5ª unidade fabril da ERT. Será no México, a pensar no mercado norte-americano. Também o Norte de África, a nível produtivo, é outra das metas estabelecidas. João Brandão diz que “dessa forma ficaremos com unidades de produção em três continentes”. Com um crescimento na casa dos dois dígitos ao longo dos últimos anos, este ano as previsões são mais moderadas “pelo facto de termos transferido alguns negócios para as nossas unidades da Roménia e da República Checa”, adianta João Brandão. Fora de portas, além das unidades de produção na Roménia e na República Checa, a ERT possui escritórios comerciais na Alemanha, na Bélgica, em Espanha, na Turquia e na China. Quando fundou a ERT, em 1992, João Brandão estava longe de imaginar a mudança radical que viria a imprimir ao negócio. A empresa começou por se dedicar à co-
lagem de forros de calçado, afinal de contas tinha nascido em São João da Madeira, para se tornar um dos grandes fornecedores de revestimentos da indústria automóvel a nível mundial. Com um Centro de Inovação Criativa, desde 2013, na Oliva Creative Factory, em São João da Madeira e um Innovation Maganer (o engenheiro têxtil Fernando Merino), a ERT passou a realizar 85% do volume de negócios no setor automóvel. O orçamento anual para inovação é de cerca de 2% da faturação, quer isto dizer que no último ano foi de 700 mil euros. Em 2015, a ERT faturou em Portugal 36 milhões de euros. Já o grupo registou vendas de 76 milhões de euros, empregando no total 620 pessoas. A exportação direta representa 48% do negócio, com destaque para o mercado europeu. João Brandão explica que, indiretamente, 35% dos 40% faturados em Portugal são para exportação. Para continuar a fazer crescer o negócio, a ERT faz questão de estar presente nas principais feiras internacionais de têxteis técnicos. O destaque vai para a Alemanha, com a Techtextil, em Frankfurt, e Automotive Interiors Expo, em Stuttgart, de onde João Brandão e Fernando Merino regressaram há dias.
GOUCAM FABRICA MIL CALÇAS POR DIA A Goucam duplicou a produção de calças para mil peças/dia na sequência de um investimento de dois milhões de euros, em 2015. Com sede em Viseu, o grupo Goucam é um dos maiores fabricantes portugueses de vestuário (homem e senhora), emprega 380 pessoas e exporta 92% da sua produção.
ROSELYN SILVA NA CASA DA BAÍA
A coleção de pronto a vestir Primavera/Verão 2016 de Roselyn Silva foi apresentada na Casa da Baía, em Setúbal, no âmbito da 3º edição do Concept Fashion Design.
INT O P TING DA E E M LA MO DE SEBA SAN
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SAN SEBASTIAN SHOWROOM Julio 2016 - Spring / Summer 17
III Feria Textil Profesional del País Vasco www.SSSHOWROOM.com / info@SSSHOWROOM.com Organizado por Asociación de Moda Gipúzkoa y Basque Moda
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GREEN TEXTILES CLUB PARA UMA ITV MAIS VERDE Dez empresas aderiram já clube Green Textiles, um projeto promovido pela ATP, em parceria com o CITEVE e APCER, com o apoio do Compete e Portugal 2020. Potenciar as empresas do setor têxtil de de vestuário na área da sustentabilidade, ao mesmo tempo que aumenta e dissemina boas práticas na área ambiental, são os objectivos que presidiram à criação do Green Textiles Club, desenhado a pensar nas PME interessadas na certificação STeP by Oeko-Tex e/ou ISO 9001:2005.
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“AS PESSOAS VIVEM NUM MUNDO ONLINE E OFFLINE, E A EMPRESA QUE CONSEGUIR SER PIONEIRA NESSA FUSÃO ENTRE O RETALHO FÍSICO E DIGITAL SERÁ A VENCEDORA DESTA INDÚSTRIA. E É ESSA EMPRESA QUE ESTAMOS A TENTAR SER“ José Neves, CEO da Farfetch
TAYLOR SWIFT METÁLICA NA GALA DO MET DE NY Taylor Swift apresentou, com um vestido Louis Vuitton, a Gala de Beneficência do Metropolitan Museum de Nova Iorque, destinada a angariar fundos para o Instituto do Traje do Met, que tem patente uma exposição subordinada ao tema Manus vs Machina, que reflete sobre a relação entre o feito à mão e à máquina. A moda na era tecnológica era o mote para dress code da gala.
A TÊXTIL É UMA FESTA “Estaremos todos na festa do dia 7 de julho no Instituto de Design em Guimarães: quem estuda, quem ensina, quem produz, quem governa, quem gere, quem inova, quem compra, quem vende, quem tem esperança no futuro de um setor que faz parte da história duma região”. Quem fala assim é Noémia Carneiro, diretora do Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho, anunciando a iniciativa “O Têxtil é uma Festa”, que tem na comissão organizadora a Associação Comercial e Industrial de Guimarães, o Lions Club de Guimarães, a Universidade do Minho e a Câmara Municipal de Guimarães. Promover a excelência do setor têxtil num ambiente de alegria, divulgar a formação oferecida pela Universidade do Minho e dar voz às boas notícias do setor de futuro é o objetivo da festa, que começará na rua com o têxtil a bombar, isto é, com direito a desfile de bombos para anunciar a festa com a distribuição de flyers. A partir daqui, haverá workshops, uma montra com várias empresas e trabalhos de investigação, uma mesa redonda e um desfile de novidades, que pode ser uma camisola com acabamento antimicrobiano, por exemplo. João Monteiro, que preside à Escola de Engenharia da Universidade do Minho, na apresentação aos jornalistas falou da grande procura que existe hoje de engenheiros têxteis, sendo a UM a única universidade no país a oferecer a licenciatura (cinco anos com mestrado integrado). “Tivemos 200 ofertas de emprego para oito finalistas de Engenharia Têxtil. E quem nos procura não são apenas as empresas portuguesas, também sofremos uma grande concorrência de todo o mundo, como é o caso do grupo Inditex”, atirou. A boa notícia é que “este ano conseguimos inverter o declínio do número de alunos, mas ainda não temos oferta de licenciados para satisfazer o mercado”, concluiu.
200
ofertas de emprego para oito finalistas de Engenharia Têxtil
LARANJINHA ESPREITA MÉXICO
A Laranjinha está a ponderar a hipótese de criar uma rede de lojas no México, em regime de franchising. “É um mercado que já está muito consolidado e onde podemos dar um salto significativo”, afirmou, ao Dinheiro Vivo, Luís Figueiredo, administrador e principal acionista da marca de vestuário infantil, que fechou 2015 com um volume de negócios de seis milhões de euros. A Laranjinha, que abriu em Viseu, em Abril, a primeira loja em franchising, tem quatro lojas em Portugal e três corners no El Corte Inglês (Porto, Lisboa e Madrid) .
NARCISO FERREIRA UM GRANDE INDUSTRIAL Pioneiro na criação de fábricas têxteis no Vale do Ave, Narciso Ferreira foi um dos maiores industriais do país cuja ação benemérita ajudou a desenvolver uma região. Fundou a primeira fábrica no concelho de Vila Nova de Famalicão, a têxtil Sampaio Ferreira & Cª Lda., em 1896, edificou ainda o hospital local, ergueu escolas primárias e projetou uma creche. Mais tarde, o filho Raul deu continuidade a esta ação benemérita dotando Riba de Ave de novos equipamentos, como o mercado, o teatro, a estalagem, o quartel de bombeiros e a estação de correios. Com o tema “Indústria e Comunidade: Riba de Ave”, a Câmara de Famalicão quis dar a conhecer o legado de Narciso Ferreira. Tratou-se da primeira “Visita ao Território”, no caso a Riba de Ave, no âmbito do programa paralelo da exposição “Des(a)fiar o Tempo da Indústria”, que está patente na Casa do Território até se-
tembro (entrada gratuita). A atividade contou com mais de 50 participantes, entre os quais, antigos operários da empresa Sampaio Ferreira, que trouxeram memórias e experiências ligadas à empresa. Houve também uma visita guiada pelos equipamentos promovidos por Narciso Ferreira e seus descendentes, que esteve a cargo
de Nestor Borges, coordenador do projeto “Ave Cultural” e autor do livro “Narciso Ferreira – Um contemporâneo do seu Tempo”. Narciso Ferreira era no início do século passado o maior industrial do Norte. Foi um industrial de sucesso. A indústria têxtil mecânica em Riba de Ave iniciou-se com ele, que pôs de parte os teares manuais. Nascido em 1862, na freguesia de Pedome (Vila Nova de Famalicão), começou a dar os primeiros passos na indústria têxtil aos 19 anos. Chegou a Riba de Ave em 1887, altura em que comprou um terreno na margem do rio Ave. Em 1894 formou a sociedade Sampaio Ferreira & Cia Lda., que ficaria concluída em 1896 com duzentos teares, cerca de 600 trabalhadores e mini-hídricas para obter eletricidade para a fábrica de fiação e tecidos. Recebeu a grã-cruz das Ordens de Mérito Industrial e Benemerência. Morreu a 23 de Março de 1933, com 84 anos.
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35 HORAS NO PRIVADO? SERIA UMA RAZIA COMPLETA!
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel
Vítor Abreu 57 anos, nasceu em Luanda, onde o avô materno tinha uns armazéns. Em 1963, com cinco anos, veio para Guimarães. Mal acabou Engenharia Mecânica, casou com Maria Lídia (filha de José António Magalhães, de quem está separado) e foi trabalhar na Endutex, cuja presidência assumiu em 1990, após a morte do sogro. Tem dois filhos: Maria, 34 anos, psicóloga (casada com André Ferreira, que se ocupa da Hoteleira e Imobiliária do grupo), e Vítor, 30 anos, licenciado pelo IPAM
A
política está a sobrepor-se à economia, o que não agrada nada a Vítor Abreu. “O Governo está a dar-nos veneno às colherzinhas”, queixa-se o CEO do grupo Endutex, que espera fechar o exercício de 2016 com um crescimento do volume de negócios na ordem dos dois dígitos. A Endutex abanou mais com a crise das dívidas soberanas ou a entrada dos asiáticos na OMC?
Não somos uma ilha. Vivemos com os clientes e dos clientes. Por isso sofremos muito quando a Espanha - que é o nosso principal mercado - se retraiu. Quanto melhor estiver a Europa, melhor estamos nós. Nunca temeu pela sustentabilidade da empresa?
Fomos obrigados a fazer um grande esforço de otimização dos recursos, a ser mais eficientes e aumentar a produtividade. Mas a sobrevivência nunca esteve em cima da mesa. Apesar das dificuldades, tivemos sempre resultados positivos. E 2016 está a ser um ano bom, que esperamos fechar com um crescimento na ordem dos dois dígitos. Desde que há 26 anos assumiu a liderança da empresa, qual foi o momento mais crítico?
Talvez em 2009, quando tivemos uma quebra de 15% na faturação. Mas mesmo assim nesse ano continuamos a ter resultados positivos. A aposta em produtos técnicos torna-vos mais impermeáveis às crises?
Os têxteis técnicos fazem
parte do nosso ADN. A Endutex nasceu a partir da autonomização, em 1970, de uma unidade do grupo Magalhães - Baiona, Têxtil de Vizela, etc - que fazia um acabamento de impermeabilização de tecidos, o que na altura se podia considerar um acabamento técnico. A nossa aposta nos têxteis técnicos resulta da análise que fizemos da otimização dos nossos melhores recursos e da leitura que fazemos da evolução dos mercados e do posicionamento de Portugal no espaço geográfico europeu. E a sua estratégia foi aprofundar essa aposta?
Sim, mas dando também ênfase à diversificação da nossa gama de produtos e aplicações finais. O objetivo é sempre otimizar a rentabilizar o nosso know how, apoiado numa equipa de pessoas altamente qualificadas e competentes. A nossa estratégia foi sempre a de crescer a fazer melhor e diferente dos nossos concorrentes. A diversificação não tem inconvenientes?
Tem a desvantagem de implicar uma certa dispersão do foco comercial e dos recursos, em particular na área de i&d. Temos concorrentes exclusivamente focados num ou outro setor, como o automóvel ou a arquitetura têxtil. Mas essa nunca foi a nossa vocação. Sabemos que há um preço a pagar pela diversificação, mas temo-nos dado muito bem com isso. Costumo dizer que somos atletas do decatlo. Qual desses setores é o mais importante?
O da impressão digital, principalmente depois de um investimento superior a dez milhões de euros que nos permite fazer telas e revestimentos até cinco metros de largura. Foi um desafio muito exigente em termos técnicos e produtivos, mas que compensou por nos acrescentar mais um fator de diferenciação. Somos os únicos em Portugal e um dos quatro únicos da Europa
SUCESSO É 90% DE TRANSPIRAÇÃO E 10% DE INSPIRAÇÃO
Cresceu no meio dos trapos, pois, no regresso de Angola, o pai, Ramiro, estabeleceu-se com uma fábrica de felpos (Têxtil Rasil), na Nespereira. O que ajuda a perceber porque cumpriu apenas a metade do sonho da adolescência de ser engenheiro mecânico numa equipa de desportos motorizados. A ideia era ir para o Técnico, mas devido à agitação que se seguiu ao 25 de abril, a família achou mais prudente mandálo para Londres, onde se licenciou e iniciou um MBA, completado em San Diego (EUA). Continua apaixonado por motas e automóveis, mas nunca se arrependeu de ter deitado âncora na têxtil (“É um setor muito bonito”) e não se imagina a arrumar as botas - “Gosto muito de trabalhar”
A grande diversificação de produtos implica um grande esforço de i&d?
Enorme. Temos um laboratório com seis investigadores. A i&d é uma componente fortíssima e crítica da nossa atividade. Quando se tem um portefólio tão alargado é fundamental a procura permanente de produtos diferentes e inovadores que melhorem e potenciem a nossa oferta. Desenvolvem mais produtos a pedido dos clientes ou por vossa iniciativa?
Das duas maneiras. Mas preferimos trabalhar com fatos feitos à medida dos clientes, pois assim sabemos à partida que está garantida a necessidade e consumo. Mas também desenvolvemos produtos por nossa iniciativa. Quais são os mais recentes produtos inovadores saídos do vosso departamento de i&d?
Na impressão digital, uma nova gama de produtos Não PVC, respondendo assim à crescente tendência “green” dos consumidores. Apresentamos uma nova série de produtos para caixas publicitárias de luz em aeroportos. Temos também um novo piso até 500 cm para impressão digital, uma nova linha de materiais elásticos para tendas, etc... Qual é a vantagem de terem uma rede comercial própria com filiais em Madrid, Barcelona, Cracóvia, Budapeste, Dusseldorf e Porto Alegre?
a ter esta capacidade. Porque é que investiram em tinturaria e acabamentos?
A Endutex Revestimentos sempre foi uma grande utilizadora de malhas muito específicas. Em meados da década de 80, estávamos com dificuldades no abastecimento, em qualidade e rapidez, e achamos que havia uma boa oportunidade de investimento. Foi por isso que construímos de raiz a Endutex AM (Acabamentos e Malhas).
Depois da diversificação de produtos e da i&d, a internacionalização é a terceira perna do nosso tripé estratégico. Estarmos mais próximos dos clientes elimina o ruído na linha, inevitável quando há muitos intermediários pelo meio. Permite-nos compreender melhor o que eles querem e reagir mais depressa. Isso é essencial num mundo em que a oferta é cada vez maior, as margens são mais apertadas e há uma crescente pressão sobre os preços. Valorizamos
cada vez mais o contacto direto com o cliente. Se a discussão se limita ao fator preço, há sempre alguém disponível para vender mais barato... Está satisfeito com a geografia das vossas exportações?
Exportamos 80% das nossas vendas, o que demonstra bem a importância dos mercados externos na nossa estratégia. Sinto que temos de reforçar a presença nos EUA, para conseguirmos um cabaz cambial mais equilibrado e reduzir a exposição ao risco zero. Essa é uma das nossas prioridades comerciais. Abrimos um escritório em Los Angeles, mas tudo está a ser reequacionado, incluindo a localização. Já temos negócios com os Estados Unidos na área da impressão digital, toldos e telas para ecrãs de cinema, mas queremos estar lá de uma maneira mais alargada e efetiva. O que foram à procura quando em 1998 investiram numa fábrica no Brasil?
Quando em 1995 iniciámos esse projeto, o aliciante era a dimensão do mercado brasileiro. E quando apostamos na fábrica, em Rio Grande do Sul, para fornecer de couro artificial a indústria local de calçado, foi um investimento a sério, de dez milhões de euros. Compramos o melhor equipamento existente, treinamos gente aqui e transferimos para a Endutex Brasil os conceitos de gestão das nossas empresas. Foi um desafio extenuante mas conseguido. Está preocupado com a crise económica e instabilidade política que sacodem o Brasil?
Quando o real se desvaloriza mais de 30%, não posso deixar de me preocupar, até porque metade das matérias-primas com que trabalhamos são importadas. A gestão numa conjuntura destas é mais complicada, mas a Endutex Brasil continua a ser rentável e uma boa empresa. Em Portugal, o que é que o
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MILHÕES DE EUROS é o volume de negócios consolidado do grupo Endutex, que emprega 630 trabalhadores, em Portugal e no Brasil, e, além das empresas industriais (Revestimentos, Acabamentos de Malhas e Brasil), gere dois parques industriais (Baiona e Vimaranes), tem negócios no imobiliário e na geração de energia - e está agora a desenvolver a cadeia hoteleira Moov (Endutex Hóteis)
preocupa mais?
O Governo está a dar sinais muito pouco animadores para a indústria. A política está a sobrepor-se à economia. Compreendo perfeitamente a frustração das pessoas que têm salários baixos. E acho legítimo que queiram ganhar mais. Mas se um trabalhador vier ter comigo a pedir um aumento, ele não vai ficar satisfeito se eu lhe responder que em vez de mais dinheiro lhe dou a tarde de sexta-feira. A mensagem que o Governo está a passar é: descansem, não trabalhem tanto... A reversão dos feriados foi um erro?
Um erro crasso. Parece que já nos esquecemos que estamos num país com as finanças públicas desequilibradas e que vive em grandes dificuldades. Enquanto cada europeu está a dormir, há três pessoas do outro lado do mundo com os olhos bem abertos a trabalharem o dobro ou o triplo mais do que nós para nos roubarem os clientes. Não está contente com o Governo?
Está a passar a mensagem errada, não só para dentro do país mas também para o exterior. Sempre fui educado no valor trabalho. Como costumava dizer o meu pai, é sempre a última grama que faz arrear o burro - e a nossa têxtil não merece mais peso. A reindustrialização é apenas um discurso ou sente que há um apoio efetivo?
Felizmente que, os dirigentes europeus já abandonaram a desastrosa ideia de uma Europa de serviços, sem essa coisa “suja” que é a indústria. Finalmente perceberam que a indústria é necessária e sente-se que há um maior carinho por ela. Mas ainda sofremos muito com o excesso de legislação e regulamentação. Em Bruxelas, legisla-se a torto e a direito,
VALORIZAMOS CADA VEZ MAIS O CONTACTO DIRETO COM OS CLIENTES
A NOSSA ESTRATÉGIA É CRESCER A FAZER MELHOR E DIFERENTE
sem se fazer a mínima ideia do impacto económico das leis e das suas consequências na competitividade das empresas. Faltam engenheiros têxteis?
Li que havia mais de 200 pedidos de engenheiros têxteis e a Universidade do Minho só tinha formado oito. Quando o discurso dominante era o de que a ITV estava moribunda e ia acabar, é natural que a procura desses cursos tenha caído muito. Mas estou seguro que essa a situação vai corrigir-se. O mau tempo já passou?
A ITV fez um grande e bem sucedido esforço para se reinventar e ser competitiva. Mas temo muito que seja afetada por devaneios políticos. Será uma razia completa se lhes passar pela cabeça estender as 35 horas ao setor privado. E a Europa atravessa um período complicado. Ninguém sabe o que acontece se a Grã Bretanha sair.
Na economia, tudo gira à volta de confiança. Sem confiança não há investimento nem consumo. As pessoas poupam, “saving for a rainy day”.
As perguntas de
A diversificação para a hotelaria foi o aproveitamento de uma oportunidade ou uma decisão estratégica?
Antes de iniciarmos a cadeia Moov, com a compra e transformação do antigo cinema Águia de Ouro, já tínhamos um histórico na hotelaria. Tínhamos estado com os grupos Amorim e Accor no lançamento e expansão dos Ibis em Portugal. E também fomos acionistas da Figueira Praia. Qual é o conceito Moov?
São hotéis budget, com um custo de 40 a 50 euros por quarto, mas modernos e com bastantes comodidades: boa insonorização e localização, tv cabo, ar condicionado, wifi gratuito 24 horas por dia, etc. Temos dois na área do Porto - Águia de Ouro e Norteshopping - e um Évora. Entre este ano e o próximo, vamos abrir três na área de Lisboa (Fontes Pereira de Melo, Expo e Oeiras) e dois no Brasil, em Curitiba e Porto Alegre. O plano é chegar às oito unidades em Portugal. Qual é o segredo do sucesso?
É trabalho, pessoas, dedicação, competência e know-how. O sucesso é 90% de transpiração e 10% de inspiração. Tudo o resto é conversa. Como e que vê o grupo daqui a dez anos?
É impossível planear a tanta distância. Mas acredito que o peso relativo da hotelaria e imobiliário vão ser maiores. Na parte industrial não me vejo muito maior em tamanho, mas em valor acrescentado. Ou seja a jogar num outro campeonato. Um elefante precisa de muita erva para se alimentar - e hoje em dia na Europa não há grandes prados. Prefiro a imagem da gazela, a comer aqui e ali.
Mário Jorge Machado CEO da Estamparia Adalberto
João Costa Presidente da ATP
Considera adequado o aumento do salário mínimo ser feito fora da Concertação Social e desalinhado dos ganhos de produtividade?
Acha que a solução de Governo, apoiada em partidos contrários à iniciativa privada e economia de mercado, é capaz de criar o clima de confiança capaz de impulsionar a dinâmica dos negócios e o crescimento da economia?
Não, não considero adequado. Penso que este Conselho de Concertação Social foi criada exatamente para ser o local onde todos os intervenientes têm assento e onde se deverão conseguir os acordos necessários para a melhoria das condições de trabalho, melhoria da competitividade das empresas e num ambiente de paz social. Fazer isto por imposição e à revelia deste Conselho, foi uma má medida e um sinal de como o Governo olha para cada uma das partes. Se fosse empossado ministro da Economia quais as três medidas que consideraria essenciais para tornar a indústria exportadora mais competitiva?
Fazer uma análise completa e isenta dos custos energéticos; criar uma comissão para elaborar um estudo completo e isento das leis laborais, da real situação do país neste domínio e propostas de melhoria; e, por fim, dar força e real importância à Concertação Social.
Estou francamente preocupado com o actual ambiente político e a maneira como o Governo olha para as empresas. As decisões parecem ser tomadas sem qualquer análise prévia ou preocupação sobre as suas consequências para as empresas. A actual solução política não tem o meu apoio!! Que medidas tomadas pelo Governo favorecem a melhoria da competitividade? E quais são suscetíveis de prejudicar esse objetivo?
Os novos quadros de apoio (Portugal 2020 etc) podem efetivamente melhorar a competitividade da nossa indústria, mas desde que os investimentos tenham um objetivo nitidamente industrial/económico - e não de ter esse apoio e depois lá se verá. Mas isto é só um receio e não uma afirmação. Quanto às medidas suscetíveis de prejudicar a competitividade, considero um enorme erro a reversão dos feriados, a reversão das 35 horas para a Função Pública e a convicção de que para este Governo os empresários são o elo mais fraco.
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OLBO & MEHLER ESPREITA STATES A Olbo & Mehler pretende duplicar as vendas nos Estados Unidos, onde fatura atualmente seis milhões de euros. Alberto Tavares, CEO da Olbo, anunciou a abertura de um escritório nos States, acrescentando que a aposta na venda de têxteis técnicos para a indústria automóvel norte-americana poderá, numa segunda fase, contemplar um investimento industrial. A fábrica de Famalicão do grupo Olbo & Mehler tem um volume de negócios na ordem dos 42 milhões de euros.
B. SOUSA DIAS DE OLHO NO MÉDIO ORIENTE O Médio Oriente é a próxima etapa da expansão internacional da B. Sousa Dias, que, depois de já ter metido um pé no Extremo Oriente, prossegue o esforço para diversificação da sua geografia. A têxtil-lar de Guardizela, Guimarães, exporta mais de 95% dos 5,5 milhões de euros do seu volume de negócios. “Temos estar sempre de olho atento ao que se passa no mundo”, explica Manuela Dias, diretora comercial da B.Sousa Dias, que identifica os Emirados Árabes Unidos como a porta certa de acesso aos mercados do Médio Oriente. “O Irão tem potencial mas ainda é um bocado cedo para apostar lá”, acrescenta. Entre o final de maio e início de junho, Manuela esteve duas semanas no Japão, a visitar clientes e a fazer a quarta participação na Interior Lifestyle Tokyo. “É preciso persistência para conquistar este mercado japonês. Demora a conquistar a confiança dos clientes. Os namoros são prolongados, mas uma vez celebrado o casamento,
os japoneses são os parceiros mais fieis que há no mundo”, conta a diretora comercial. “Ao contrário dos clientes americanos, que são muito instáveis, os japoneses se gostam do produto e da empresa não trocam de fornecedor por meia dúzia de cêntimos. Dão valor ao aperto de mão e têm uma forte atração pelo produto português, que consideram ao nível do francês e do italiano”, acrescenta. O Japão, onde tem um distribuidor, já é o quarto maior mercado da B. Sousa Dias, absorvendo 5% das suas vendas, à frente de Itália (4%), e atrás de França (15%), Espanha (10%) e Estados Unidos (8%). Manuela Dias esteve em abril a visitar clientes na China, no segundo ano de abordagem a um mercado que classifica como “grande demais para não se estar lá”, mas não esconde algumas re-
servas relativamente ao seu desempenho no curto prazo: “Tenho a sensação de que já se esgotou o primeiro boom do consumo no mercado interno chinês”. Com uma testa de ponte já firme no Japão e um pé na China, a B. Sousa Dias planeia reforçar a sua presença na Ásia, em mercados como o sul-coreano, indiano ou do Turquemenistão - e também deita um olho à Oceania. “Nós vamos a todo o lado onde nos pareça que há potencial”, afirma a diretora comercial de uma empresa empenhada em distribuir o melhor possível a sua presença pelo mundo, de modo a evitar os contratempos sofridos no passado por ter exposições exageradas a mercados como o alemão ou francês. Para este ano, a B.Sousa Dias prevê um crescimento de 10% na sua faturação, sendo que 20% das vendas são da marca própria (DeVilla) criada há 14 anos.
FARFETCH LEVANTA MAIS 95 MILHÔES
NIKE É A MARCA MAIS VALIOSA DO MUNDO
Na sua sexta ronda de financiamento, a Farfetch levantou 95 milhões de euros para investir no aumento da presença no mercado asiático. A plataforma portuguesa de comércio eletrónico de moda de luxo já faz na China 12% das suas vendas. Liderada por José Neves, a Farfetch já recolheu 250 milhões de euros de financiamentos, está avaliada em 1,3 mil milhões de euros e planeia cotar em bolsa as suas ações.
A Nike é a marca de vestuário mais valiosa do mundo, de acordo com a Forbes, que a avalia em 24,3 mil milhões de euros. O pódio do ranking da revista norte-americana é totalmente preenchido por tecnológicas: Apple (1º), Google (2º) e Microsoft (3ª), sendo que a primeira empresa de um setor tradicional é a Coca-Cola (4º). A Nike aparece em 18º lugar, entre a Intel (17ª) e a Luis Vuitton (19º).
“PARA SAIR DA CRISE, COMBATER AS DIFICULDADES E A MOROSIDADE, USAR CORES É TÃO EFICAZ COMO TOMAR UMA VITAMINA“ Annie Mollard-Defour, autora do “Dictionnaire des mots e l’expression des couleurs”
O UPGRADE TECNOLÓGICO DA CAMISARIA MACHADO Modernização é a palavra de ordem da Camisaria Machado, que a partir de Joane, Famalicão, e com a ajuda da Internet vai produzir camisas por medida para o mundo. A melhoria do website vai permitir que o cliente possa fazer as encomendas online, inserindo as suas medidas, escolhendo o tecido, punhos, colarinho e bolso - e detalhando se quer ou não monograma. Alcino Machado, 62 anos, é a alma da camisaria que leva o seu apelido e que conta com o primeiro ministro António Costa e o empresário de futebol Jorge Mendes na sua carteira de clientes.
LA CHAQUETA AMARILLA DA ZARA TORNOU-SE VIRAL Uma chaqueta amarilla lançada pela Zara tornou-se completamente viral no país vizinho, ao ponto de já ter uma página no Facebook (Victimas de la chanqueta amarilla da Zara) e duas hashtags no Instagram (#chaquetaamarillazara e #yellowjacketofficial). O casaco amarelo, em pele artificial, foi lançado a 39,95 euros e esgotou rapidamente.
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AGENDA DAS FEIRAS PLAYTIME 2 a 4 de julho - Paris Sissonne, Wolf and Rita, Piupiuchik, Knot, Rocket Pear MODE CITY 9 a 11 de julho - Lyon João Manuel da Costa Flores/Iora Lingerie, Fitor, Look Biquini THE LONDON TEXTILE FAIR 13 a 14 de julho - Londres
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LOTAÇÂO ESGOTADA PARA A HEIMTEXTIL 2017 A quase oito de meses de distância, a Heimtextil 2017 (10 a 13 de janeiro) está praticamente cheia, e promete ter não só mais expositores como também uma maior área de exposição. Uma nova localização, no hall 6.0, e mais espaço para Estampagem Digital é uma das novidades da próxima edição da maior feira do mundo de têxteis-lar.
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DESFILES MISTOS ESTÃO NA MODA
MIL MILHÕES de jeans são vendidos por ano em todo o mundo
A Gucci iniciou a moda de passar no mesmo desfile as coleções de homem e senhora - e a Burberry já anunciou que a vai imitar já na próxima London Fashion Week.
BRILHO PORTUGUÊS EM ESTUGARDA Foi a quarta vez que a ERT se fez representar na Automotive Interiors Expo. A feira de Estugarda dedicada aos componentes e sistemas de interiores automóveis tem vindo a crescer, tal como a participação de empresas portuguesas. “Os têxteis técnicos são o principal produto transformado na ERT e o nosso principal mercado é o automóvel. A Automotive Interiors é uma aposta mais recente (desde 2013) e justifica-se no sentido de mostrar, acima de tudo, a nossa capacidade de inovação”, responde o diretor de inovação da ERT, Fernando Merino. Para esta edição, que terminou a 2 de junho, a novidade
apresentada pela ERT foi a peça em PU (poliuretano) com tecnologia RIM. Além disso, também apresentou os revestimentos da porta do Peugeot 305 GT com costuras funcionais e decorativas, assim como os revestimentos dos pilares da Porsche e da Audi, que a ERT produz na unidade de São João da Madeira. Mas as soluções da empresa portuguesa não ficam por aqui, também levou a barra de tejadilho revestida com alcantara para o Aston Martin 305 e o bolso em pele para a Porsche, fabricados na unidade que a ERT abriu em
Písek, na República Checa. Além da ERT, da comitiva portuguesa fizeram também parte a Endutex, Idepa, MSG, JR Moldes e TMG Automotive, integrando o espaço made in Portugal, junto ao CITEVE, ao CeNTI e à Associação Selectiva Moda. E Portugal tem-se destacado edição após edição com os interiores de automóveis constituídos por materiais têxteis e compósitos de base têxtil, tendo muito para mostrar quer ao nível de funcionalidades avançadas quer de interatividade (materiais emissores de luz e camaleónicos, auto climatizados, sensorizados e interativos, ativos em relação à qualidade do ar interior).
6 Dias, A Têxtil de Serzedelo/Texser, Albano Morgado, Eurobotónia, Fábrica de Tecidos Vilarinho/Vilarinho, Fitecom, Gulbena Têxteis – Imprimis by Gulbena, Idepa, J&F João & Feliciano SA, Lemar, MMRA – Maria Madalena Rocha Azevedo & Filhos, NGS Malhas, Teias de Lona, Trend Burel Lda/Burel Factory, Troficolor, Gierlings Velpor, Polopique II/Teviz by Polopique, Riopele, TMG Textiles, TMG Knittings PREMIÈRE VISION NY 19 a 20 de julho - Nova Iorque Albano Morgado, Fitecom, Idepa, Lemar, NGS, Orfama, Polopique II/Teviz by Polopique, Sidonios Malhas PURE LONDON 24 a 26 de julho - Londres Aldoar, Blackspider, Cubos de Algodão COLOMBIA MODA 26 a 28 de julho - Medellin Adagfashion, Castros & Marques, Cotton Brothers, Custoitex, Dielmar, Givec, Inarbel, Layer Wear, Lightwear, Lumatex, Orfama, Quick Code, Ribera CHILDREN’S CLUB 31 de julho a 02 de agosto - Nova Iorque Chua, Dr. Kid, Vandoma, Risca de Giz
M&O AMERICAS DIRECIONADA AOS PRESCRITORES
Foram três as empresas portuguesas apoiadas pela Associação Selectiva Moda na Maison&Objet Americas. AMR Portugal Home (na foto), Lona e Linho do Castelo estiveram em Miami no âmbito do projeto “From Portugal”. Ao todo, o Miami Beach Convention Center acolheu 300 expositores. Nesta última edição, Ana Maria Ribeiro, fundadora e CEO da AMR notou uma menor afluência à feira e um público diferente. A feira parece cada vez “mais direcionada a prescritores de produto, arquitetos e designers, não propriamente compradores”. Também a Lona e a Linho do Castelo procuram chamar a atenção dos decoradores e arquitetos de interior, a pensar no vasto mercado dos Estados Unidos e na América do Sul.
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Predomínio dos jacquards com figuras de animais em tons preto e branco
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Silhuetas em forma de tubo, justas, muito compridas a contrastar com top curto
As matérias-primas eleitas são a lã e o algodão trabalhadas com relevos e texturas 3D
SILHUETAS EM FORMA DE TUBO Isabel Cristina Costa
Tons de preto, branco e cinza, com apontamentos de bordeaux e prata, em lã, algodão, rendas e suas transparências. Assim é a Silver Forest que Hélder Baptista criou para o outono-inverno 2016/17 da Concreto. A coleção subiu ao palco do último Portugal Fashion, predominando os jacquards com figuras de animais. As silhuetas são em forma de tubo, justas, muito compridas com uma ou outra peça ampla e grossa a contrastar, mas curta. Todas trabalhadas com relevos, texturas 3D, em que representa a irregularidade das florestas. A Concreto, propriedade do grupo Valerius, destina-se a um público-alvo dos 25 aos 45 anos, homens e mulheres dinâmicos e cosmopolitas. Posiciona-se no segmento de mercado médio-alto, apostando na produção nacional. Atualmente, presente em cerca de 400 lojas multimarca em Portugal e no estrangeiro, a marca tem em marcha, desde o início deste ano, um novo projeto de internacionalização. Austrália, Bélgica e Alemanha são clientes da marca portuguesa, que ainda hoje se distingue na área das malhas exteriores. Importante nesta trajetória de sucesso foi também a presença da marca no Portugal Fashion. A Concreto está presente desde o início da festa da moda portuguesa feita a partir do Porto. Quando o Portugal Fashion nasceu, em 1995, com a ambição de fomentar uma cultura de moda em Portugal, não só chamou a top das top-models (Cláudia Schiffer) como também o setor têxtil português - e entre as chamadas marcas da indústria estava a Concreto. E continua a estar.
Hélder Baptista, 38 anos, natural de Coimbra, entrou para a Concreto no ano 2000, enquanto marca própria da fábrica de malhas Malhacila (posteriormente Shanara), de Mangualde. O estilista formou-se na Escola de Moda do Porto e chegou a trabalhar na Danisar com as marcas Ashby e Pem, para homem e senhora, respetivamente. Para o consagrado estilista português, “a qualidade aliada ao arrojado design são as bandeiras da Concreto”.
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X DE PORTA ABERTA Por: Isabel Cristina Costa
Luís Buchinho
Rua José Falcão 122 Porto
Abertura 2007 Vendas Loja própria no Porto e canal multimarca de Norte a Sul do país Clientes Portugal, Espanha, Alemanha, Estados Unidos, Japão e Europa de Leste Trabalhadores 4 Presença Portugal Fashion nacional e internacional, Modalisboa e algumas feiras internacionais de moda
SOUTINHO (MORETEXTILE) CONFESSA-SE À MARKETEER "O negócio têxtil tem de ser visto como uma cadeia de valor e não há capacidade instalada para responder a tudo. Até porque este mercado é cíclico, tem meses e anos de alta e meses e anos de baixa. Devemos ter capacidade instalada para a procura normal. Nos picos, é importante ter fornecedores”, afirma Artur Soutinho numa reportagem de cinco páginas sobre o grupo MoreTextile publicada na edição de abril da revista Marketeer. Soutinho acrescenta que o grupo só confeciona internamente 20% do que vende em roupa de cama e 50% em felpos
MODA VOTA NÃO AO BREXIT Burberry, Marks & Spencer e a criadora Amanda Wakeley são três dos 200 subscritores que se juntaram à campanha do Não ao Brexit, enviando um manifesto ao Times de Londres. “A saída da Grã Bretanha da UE acrescentaria barreiras e complexidades nefastas para o emprego, os clientes e o comércio”, diz o manifesto assinado por personalidades e empresas do sentir da moda e distribuição. O referendo está marcado para o próximo dia 23.
Luís Buchinho formou-se e cresceu profissionalmente no Porto. Depois do Citex (atual Modatex) chegou rapidamente à passarela. E a partir de Portugal levou as suas criações ao mundo, sobretudo por força do Portugal Fashion Internacional. Com 25 anos de carreira, Luís Buchinho é um dos nomes mais internacionais da moda portuguesa. A loja que possui na Baixa portuense tem, literalmente, como pano de fundo o seu atelier. “Adoro trabalhar e viver no coração da cidade, acho um verdadeiro luxo”, afirma. É no número 122 da Rua José Falcão, no coração da Invicta, que o estilista natural de Setúbal atende questões ligadas a pedidos diretos de clientes, eventuais alterações em peças e pedidos personalizados. “Como a minha equipa é pequena (quatro elementos), é complicado ter uma loja mais distante e poder responder de modo igualmente eficiente à dinâmica de um ponto de venda”, explica. As clientes que lhe batem à porta continuam a ser maioritariamente nacionais, mas as seguidoras da marca também chegam do estrangeiro: Estados Unidos, Alemanha e Espanha. Além do ponto de venda próprio, Luís Buchinho vende as suas criações de Norte a Sul do país através de lojas mul-
timarca. E exporta para Europa (Leste) e Japão. Quanto ao negócio, constata que 2016 está a revelar-se um ano difícil por causa da instabilidade sentida nos últimos tempos. “Notámos, por exemplo, uma quebra significativa nas feiras em Paris no início deste ano devido aos atentados, o que acabou por se criar um clima muito instável para visitantes internacionais”, adianta. Luís Buchinho abriu a primeira, e até à data única, loja própria no Porto em 2007. Quando o criador apareceu, a moda de autor era um mercado praticamente inexistente em Portugal. Agora, com 25 anos de carreira feitos, pode orgulhar-se do facto de ter singrado e conseguir viver da moda. O futuro? “Não tenho a mínima ideia, só faço projetos semestrais”, responde. “A moda portuguesa tem evoluído muito nos últimos anos, com designers a entrar no mercado internacional. E os novos estão a ganhar uma dinâmica interessante, ainda bem que existem oportunidades como o Espaço Bloom do Portugal Fashion”, sublinha. Na apreciação que faz, a imagem do país não é esquecida: “Entre as centenas de semanas da moda, destacando-se Paris, Milão, Londres e Nova Iorque, Portugal está no top 10”.
Claudia D’Arpizio consultora da Bain & Co.
DECÉNIO CHEIRA A FIGO E ESTÁ MAIS LUMINOSA
FOTO: MOURA SIMÃO
A loja que também é casa e atelier
"O PESO DO CASUAL NO VESTUÁRIO MASCULINO DE LUXO AUMENTOU MUITO NOS ÚLTIMOS ANOS. JÁ REPRESENTA 70% ”
Ricardo Fernandes (CEO da Herbrand), António Simões (diretor criativo) e Carlos Coelho (da Ivity, responsável pelo rebranding da marca) foram as estrelas da reabertura da loja da Decénio no centro comercial Colombo, já vestida com um novo look. O aroma a figo vai ser um dos traços distintivos das lojas desta marca, que assume uma identidade mediterrânica - e por isso mais luminosa, contemporânea e convidativa.
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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel
Cristina Carvalho Empresária e criadora da Missimini Família Casada Formação 12º ano Casa Apartamento na Póvoa Carro Mercedes Portátil Não tem Telemóvel Não tem, mas já teve (“Agora tenho mais qualidade de vida. Telefonavam-me a toda a hora, desde as oito da manhã até às onze da noite. E à hora do almoço. Não tinha descanso”) Hóbis Correr 12 km, entre a Póvoa e Vila do Conde Férias Em junho no Dubai, aproveitando uma visita a um cliente. E no fim do ano vão fazer praia, em Cuba ou na Tailândia Regra de ouro Não viver só para o trabalho
A empresária acidental
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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Na verdade, nunca lhe tinha passado pela cabeça ser empresária. Imaginou ser professora primária, quando era miúda e aprendia a ler e a contar em Nine, onde vivia na rodeada de bicharada (porcos, galinhas, coelhos e cavalos), na quinta do pai, um empresário agrícola que vendeu a propriedade depois de enviuvar, para se dedicar ao imobiliário. Mas foi só um sonho de infância. Mais tarde, já em Braga, no Colégio D. Diogo, onde fez o 12o ano, pensou fazer Psicologia, mas como a média era demasiado curta para entrar, aproveitou para tirar a carta de condução e inscrever-se no IEFP, que não tardou a oferecer-lhe um emprego - e o plano de se tornar psicóloga acabou por ficar no tinteiro. Tinha 19 anos quando começou a tratar da faturação e informática da empresa que tinha a representação da Kookai para a Península Ibérica e pertencia a uma das filhas de Carolina e Afonso Pinto de Magalhães, que durante os 15 anos seguintes seria a primeira e única patroa de Cristina. “O ambiente era bom e o salário não era mau”, lembra Cristina Carvalho, 44 anos, que no entretanto se mudara para o Porto e passara a ocupar-se da gestão dos stocks das lojas próprias e das encomendas, bem como da distribuição pelos franchisados. O morno ramerrão da vida de Cristina foi abalado pelo fecho da operação Kookai. Durante três anos, esteve noutros negócios da herdeira Pinto de Magalhães (suplementos de nutrição e imobiliária), até que deu por ela à beira de fazer 36 anos, desempregada e sem saber o que fazer à vida. Foi o marido, empresário industrial no ramo do algodão hidrófilo, que a ajudou a sair da encruzilhada. Ao ver que a mulher se entusiasmava a kitar as suas gangas, aplicando-lhes brilhantes, rendas, bem como laços e fitas que comprava nas retrosarias, Marcos desafiou-a a transformar o hobbie em negócio. Filha de transformação de uma crise (o desemprego) numa oportunidade, nascia a Missimini, uma marca que fica a dever algo ao acaso - e um negócio com o seu quê de improvável. Cristina já tinha 30 anos quando comprou as suas primeiras jeans na loja da Salsa do Norteshopping . “Foram os primeiros que vi com um corte feminino. Todos os que tinha experimentado antes vestiam-me mal”. E o nome caiu do céu aos trambolhões. “Quando fomos a Braga fazer o registo, levávamos uma lista de nomes, mas nenhum deles nos enchia as medidas. Missimini constava da lista de nomes disponíveis na hora e soou-nos logo bem”. A experiência de gestão ganha na Kookai era importante, mas Cristina nunca tinha sido empresária. Havia ainda uma aprendizagem a fazer. Instalada a Missimini num armazém, em Vila da Aves, teceu uma rede de fornecedores de ganga, confecionadores e lavandarias, todos na zona de Ribeirão/Trofa. Começou sozinha, não só a fazer as aplicações (o primeiro modelo, com bolsos debruados a cristais Swarovski, decora uma parede do escritório) mas também a tratar das etiquetas, embalagens, sobrando apenas as vendas para o marido, um comercial nato. O arranque nunca é fácil. Nas quatro primeiras estações acumulou prejuízos. Afinadas sobras e circuito de distribuição, as contas começaram a ser escritas a tinta azul - e ela já tem três colaboradoras. Tempo para iniciar este verão a batalha da exportação, com uma viagem ao Dubai e presenças na Magic (Las Vegas) e Momad (Madrid). “Não gosto de me meter em altas cavalarias. Prefiro caminhar devagar com passos seguros. A vida é para ser vivida - e não desperdiçada”, conclui a empresária acidental.
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X O MEU PRODUTO PERMAC
Personal Microclimate Active Control (Damel/CITEVE)
Aplicação Sistema de vestuário de proteção inteligente para fins militares e defesa, constituído por dólman e calça em camuflado floresta, que integra elementos que permitem autorregulação térmica, mesmo em condições ambientais extremamente adversas. Parceiro Citeve e Damel-Confeção de Vestuário Cliente Exército português
FOTO: JOSÉ ALFREDO
Por: Isabel Cristina Costa
MODA E MÚSICA NO PALÁCIO DO GELO A apresentação das propostas irreverentes dos jovens criadores do concurso PFN (Portugal Fashion News) foi um dos pontos altos da festa do 8º aniversário do Palácio do Gelo, que juntou mais de cinco mil pessoas no centro comercial do grupo Visabeira, em Viseu. Catarina Furtado apresentou a festa, que teve um outro momento moda: o desfile das coleções primavera/verão das lojas do shopping , assegurada por manequins da Best Models. O momento musical esteve a cargo dos Amor Electro, com a atuação eletrizante de Mariza Liz a fazer subir ao rubro a temperatura no interior do centro comercial, ao ponto de se temer que o gelo da pista começasse a derreter ;-).
38%
foi a quebra registada na venda de gravatas ao longo dos últimos cinco anos, de acordo com o Kantar Worldpanel
A LAVANDARIA LBJ WASH NASCEU DO DESEMPREGO
Cubanos do triatlo não querem outra coisa A empresa de Mogege, Vila Nova de Famalicão, apresentou pela primeira vez o fato de compressão desenvolvido especialmente para a prática de desportos exigentes na ISPO 2016, em Munique, na Alemanha. A Sonicarla Europa desenvolveu-o totalmente dentro de portas e agora está a definir com algumas marcas de desporto de renome mundial o método de fabrico, pois há clientes que querem o fato completo e outras partes do mesmo. Pedro Silva, CEO da Sonicarla Europa, gosta de utilizar o exemplo do automóvel, ao qual esteve 12 anos ligado, para explicar o negócio têxtil. “Nas feiras de automóveis existem os concept cars e as marcas vão e adotam partes desses carros. Outro exemplo, o carro pilotado pelo Tiago Monteiro na WTC pode ser visto nas
ruas, o modelo é igual, mas o motor e a suspensão, por exemplo, não são ser os mesmos”. Ora, o modelo de negócio da Sonicarla Europa assenta precisamente nos concept products. As marcas compram as propostas na íntegra ou algumas partes. E depois há os produtos personalizados, feitos à medida dos atletas - como o fato do ultra maratonista Carlos Sá -, e os tamanhos standard vendidos ao público. A última novidade apresentada pela empresa de Mogege é um produto de compressão destinado ao desporto de alta competição. A combinação entre a pressão e a tecnologia inovadora de impacto incorporada estimula a consciência corporal, tornando todo o processo de movimento mais preciso e eficiente. Pedro Silva explica que “o efeito de estabilização sobre os
músculos, e igualmente sobre os vasos sanguíneos, permite reduzir tanto as vibrações musculares como a carga sobre o sistema cardiovascular”. Ou seja, melhora o fluxo de oxigénio e nutrientes, promovendo a redução da fadiga e a performance geral do atleta. A Sonicarla Europa, que emprega 142 pessoas, registou no último exercício um volume de negócios de seis milhões de euros. O vestuário de desporto de alta competição é quase todo para exportação (mais de 90%), estando os grandes clientes nos Estados Unidos e na Europa (incluindo países escandinavos). Pedro Silva diz que o negócio tem crescido e conquistado novos clientes, como é o caso do convite da equipa nacional de Cuba para o desenvolvimento de equipamento de triatlo (natação, ciclismo e corrida).
Escala do Roteiro Made In Famalicão, a LBJ Wash é uma lavandaria industrial de ganga que resulta do espírito empreendedor de quatro amigos (Bruno, Carlos, Álvaro e Luís) que não se conformaram quando ficaram no desemprego, após o fecho em 2013 da empresa onde trabalhavam (Liderbrancura). Arregaçaram as mangas, juntaram 100 mil euros e abriram a lavandaria em Fradelos, que faturou 200 mil euros, em 2015. Paulo Cunha, o presidente da Câmara, não poupou nas palavras de elogio e incentivo.
MERINO SEMPRE NA ONDA DE ABRAÇO COM MACNAMARA Fernando Merino, diretor de inovação da ERT, trocou impressões com o surfista norte-americano Garrett MacNamara durante um jantar promovido no CCB, em Lisboa, pela Câmara de Comércio Luso-Alemã. Merino aproveitou a oportunidade para recolher a opinião de outros profissionais do surf (Tiago "Saca" Pires e Nicolau Von Rupp), sobre os projetos de tecnologias na área das ondas que está a desenvolver no âmbito da sua colaboração com o instituto alemão Fraunhofer, instalado na UPTEC
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OPINIÃO 1995
Paulo Vaz Diretor Geral da ATP e Editor do T
O CÉU NUNCA ESTÁ GARANTIDO
PORTUGAL FASHION PÕE PORTO NAS BOCAS DO MUNDO Neste ano em que Carla Bruni e Elle Macpherson brilharam na primeira constelação de top models que muito contribuiu para pôr o Portugal Fashion no topo dos eventos de moda mais mediáticos da Península ibérica e a moda portuguesa nas bocas do mundo (muitas abertas de espanto), ainda ninguém sonhava que a italiana seria primeira dama de França e que a norte-americana iria conservar as principais linhas e curvas do corpo, 20 anos depois de lhe terem garantido a alcunha de "The Body". Se acrescentarmos que a seu lado ainda desfilaram Claudia Schiffer e Ingrid Christiansen, até parece que não estamos a falar de Portugal. Mas foi tudo cá. No Porto.
De vítima a exemplo ou modelo, sem cair na tentação de ser vedeta. É este o trajeto da ITV portuguesa nos últimos anos. Um caminho penoso, que vai dos primeiros choques competitivos, originados pela liberalização do comércio têxtil global e pela entrada da China na OMC, logo no início da década anterior, e que obrigou a uma profunda reestruturação do tecido produtivo e empresarial do setor, até à recuperação contínua e sustentada, iniciada em 2009 e que, em 2016, pode voltar a traduzir-se em recordes na exportação. Não deixa de ser pessoalmente gratificante que, nos diversos destinos que percorro no mundo, sendo convidado para palestrante em conferências, congressos e simpósios, a nossa ITV seja, hoje, considerada o melhor exemplo de uma atividade tradicional que se soube transformar, mesmo reinventar, para se adaptar a uma nova realidade global, mais concorrencial, mais dura e mais implacável. Somos chamados para testemunhar este ressurgimento, pois, ao contrário de muitos outros por esse mundo, que tentaram e continuam a tentar, com muito voluntarismo e boas intenções, mas sem êxito, a fileira têxtil e vestuário portuguesa conseguiu vencer o desafio. Algo que nos deve orgulhar e não ter vergonha ou rebuço de partilhar esse orgulho, pois há contribuição de todos para tal. A explicação do sucesso tende a ser sempre imodesta, pois passar do “wishful thinking” à prática é algo só reservado a muito poucos, apenas os melhores. A indústria têxtil e vestuário portuguesa está, hoje, sem dúvida, entre os melhores. Oferecendo um “mix” perfeito entre criatividade, inovação tecnológica, proximidade geográfica e cultural, serviço intensivo e grande reatividade e flexibilidade, tendo uma forte presença e cultura internacional, as empresas do setor realizam apenas os que os demais correntes apenas aspiram. Importa, contudo, não embandeirar em arco e não nos convencermos que temos as vantagens comparativas garantidas para a eternidade. O mundo muda rápido e as suas circunstâncias mais ainda, o que exige permanente atenção, antecipação, criatividade e abertura à mudança, tendo em consideração que muitas das ameaças detetadas se agravaram e outras, até agora insuspeitas, ameaçam tornar-se particularmente problemáticas, como é o caso da conjuntura económica e a situação política portuguesas, com todos os nocivos efeitos que determinadas medidas de reversibilidade da competitividade estão já a originar. Basta pensar, a título de exemplo, que a restauração de quatro feriados e 25 dias úteis de férias poderão determinar imediatamente uma perda de mais de 200 milhões de euros de exportações, o que tem naturalmente implicações no investimento e no emprego, aliás como o país já está experimentar em termos gerais. Temos razões para festejar, pois saímos do inferno, mas temos ainda mais razões para sermos prudentes e prevenidos, pois o céu, nesta indústria, nunca está garantido e é uma via com dois sentidos.
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Braz Costa Diretor-geral do CITEVE
Paulo Nunes de Almeida Presidente da AEP
MUDAM-SE OS TEMPOS MUDAM-SE AS VONTADES
É TEMPO DE AGIR E CAPITALIZAR AS EMPRESAS
A mudança dos tempos tem um impacto conhecido nas vontades. Não me lembro, nestas minhas duas décadas de ligação profissional à Indústria Têxtil e de Vestuário, de ver tantos governos/autoridades regionais da Europa a juntarem-se em torno do desenvolvimento de políticas para a dinamização da ITV nas respetivas regiões. E bem, diria eu: - Para que coletivamente selecionem as melhores formas de criar um ambiente de negócios facilitador do desenvolvimento das empresas; - Para que façam chegar a sua voz à Comissão Europeia, tantas vezes protagonista de ações que não acolhem o setor em pé de igualdade com outros; - Para promover a adoção de políticas que acolham as várias realidades têxteis europeias (mão-de-obra intensiva versus capital intensivo, moda versus têxteis técnicos, indústria versus comércio, etc..) de forma adequadamente diferenciada, mas sempre balanceada. Portugal está envolvido nas duas iniciativas desta natureza de que tenho conhecimento, envolvendo autoridades como o Compete2020 e a CCDR-N, pelo que tenho a expectativa de muito bons resultados. Como Portugal está algures entre as várias realidades europeias: - Portugal está muito longe da realidade da Roménia, marcada por uma indústria incompleta e fortemente dependente do mais básico trabalho a feitio, no entanto sofre forte concorrência daquele país; mas ao mesmo tempo... - Portugal não está no mesmo patamar da Alemanha ou da Bélgica no domínio dos têxteis de aplicação técnica, mas concorre diretamente com esses países nos segmentos mais exigentes sob o ponto de vista da complexidade; Se há país que tenha tudo a ganhar com uma Europa que favoreça igualmente todas as vertentes do negócio têxtil, é Portugal. Vamos ver.
Como tenho vindo a sublinhar, o crescimento sustentado da economia portuguesa exige o relançamento muito significativo do investimento, fundamentalmente investimento empresarial privado e orientado para a produção de bens e serviços transacionáveis, com vista a promover as exportações e a substituição, competitiva, de importações. Neste momento, diria que esta exigência é ainda mais premente, face ao abrandamento sucessivo do crescimento económico em Portugal, que se situou em apenas 0,8% no 1o trimestre deste ano, em termos homólogos, contra 1,3% no 4o trimestre de 2015, registando, a seguir à Grécia, a pior performance em termos de crescimento real do PIB da zona euro. Sabemos, porém, que para ter sucesso a atividade empresarial necessita de condições de enquadramento e de funcionamento adequadas às suas reais necessidades, com particular destaque para as que condicionam a dinâmica de criação de riqueza e emprego. As condições de financiamento ao setor produtivo inserem-se neste âmbito, por influenciarem o investimento, a acumulação de capital e o progresso tecnológico a médio e longo prazo. Sabemos, também, que as empresas portuguesas, evidenciam estruturas financeiras desequilibradas, com níveis de capitalização muito baixos e inferiores às empresas dos nossos parceiros europeus, sendo que esta insuficiência de capitais próprios representa, atualmente, um enorme obstáculo no acesso ao financiamento bancário. A este propósito, destaco aqui uma recente análise do Banco de Portugal acerca da evolução do endividamento das empresas em Portugal e na área euro, onde evidencia a importância de se verificar um reforço de capitais próprios por parte das empresas portuguesas. Pode ler-se: “Em dezembro de 2015, o nível de endividamento das empresas não financeiras portuguesas permanecia elevado e claramente acima da média da área do euro, representando cerca de 49% do ativo. Com a crise financeira internacional e as novas regras de supervisão observa-se uma tendência para a compressão do crédito concedido e dos balanços dos bancos. Neste contexto, a capacidade de as empresas continuarem a financiar a sua atividade e os seus investimentos deverá passar por uma estrutura de financiamento mais equilibrada entre dívida e capital, face ao período anterior à crise”. Vemos, assim, que a “subcapitalização” das empresas é reconhecida como um dos constrangimentos mais críticos à essencial e urgente recuperação do investimento. Por isso, não posso deixar de louvar o amplo debate que estamos a assistir em torno deste tema, com a criação da Estrutura de Missão para a Capitalização das Empresas. No âmbito das minhas funções, enquanto presidente da AEP, tive a oportunidade de expressar por diversas ocasiões a pertinência de se promover a diversificação das fontes de financiamento das empresas, de apoiar o financiamento empresarial através de instrumentos orientados para o reforço do capital ou “quase capital” e de reforçar os mecanismos que assegurem um tratamento fiscal não discriminatório para a utilização de capitais próprios. Sei que tudo isto está entre os objetivos traçados pelo governo, resta agora que os instrumentos para suprir estes obstáculos possam chegar com a maior brevidade possível ao nosso tecido empresarial. É tempo de agir. Seguramente, a rápida implementação de tais instrumentos, em conjunto com outras medidas dirigidas, direta ou indiretamente, ao tecido empresarial, de que é exemplo o Programa Simplex, onde a AEP tem também estado a colaborar, irá potenciar a tão desejada trajetória ascendente do investimento, a aceleração do PIB e a criação de emprego.
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Por muito ocupada que esteja, Katty arranja sempre um tempinho para, gratuita e desinteressadamente, ajudar os nossos políticos (estejam eles no ativo ou na reserva da nação) a fazerem boa figura. Este mês, o beneficiado é Paulo Portas
Dois looks novos para o novo Portas
O nosso antigo vice-primeiro ministro é agora vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. Nestas suas novas funções de “globetrotter”, o veremos com certeza de porta em porta, acumulando milhas e continuando o seu trabalho árduo na promoção das empresas, pelo mundo fora. Mas não é tudo. Preparem-se telespectadores! Já está garantido. O Portas nos presenteará com a sua figura uma vez por semana no pequeno ecrã. Isto o coloca num patamar de protagonismo mediático ainda mais exigente, requerendo um cuidado exímio com a sua imagem. Sabemos que a equipa de consultores do Portas reorganiza as suas prioridades, concentrando-se no essencial: elegância, jovialidade, força, criatividade e humor. Nos camarins da TVI, entre as lâmpadas redondas e o barulho ensurdecedor dos secadores de cabelo, ouvem-se comentários… aparentemente os assessores de imagem do novo comentador, desaprovaram rotundamente o guarda-roupa escolhido pela equipa da estação televisiva. - A reação foi extrema, um deles deixou fugir um sonoro; NEM PENSAR! Acompanhado de uma espécie de gemido de indignação. Enquanto que o outro proferia exatamente estas palavras: muito sério, despido de fogosidade e sem conteúdo estético! - comentou a Francisca. - E agora? Temos de fazer o trabalho todo de novo… Eles não gostaram de nada? Não temos nenhum ponto de partida? – perguntava a Idalina. - Eles vieram preparados com as suas próprias propostas. Devias ter visto!… Bem, o homem vai brilhar! – concluiu a Francisca. Tendo como base as novas funções do nosso Portas e estes interessantes “cochichos”, resolvemos arriscar em dois looks: um mais compacto e fácil de transportar nas suas viagens pelo mundo fora e outro bem arrojado para a sua representação televisiva. Para o “globetrotter” sugerimos um fato inspirado nos origamis, com vincos pronunciados, por forma a dobrar facilmente e compactar numa pequena mala de mão. A opção é simples, mas inovadora e produzida por uma empresa portuguesa, por isso será um excelente meio de divulgação. Optamos por um fato em diferentes tons de areia. Apostamos nestes tons porque nos remete de imediato a ideia do papel, o que nos ajuda a transmitir o conceito base – os origamis. Mas também porque estamos a chegar ao verão e a inspiração caribenha está em alta. Por esta mesma razão o blazer é inspirado na “guayabera” cubana. A camisa é branca e as calças tem um riscado azul. Abolimos a gravata e fechamos o look com um chapéu panamá, também com vincos que lhe permitem encolher para uma forma plana. Pensamos que Portas na TV surgirá mais do que com uma imagem exuberante de si próprio, com o seu alter-ego. Por isso arriscamos e invocamos um alter-ego explosivo, que se rege pela estética “kitsch” que tem invadido os fashion report. Colocamos a nossa nova estrela televisiva, com um fato justo e vibrante. Blazer em lamê verde com calças de xadrez, numa dupla cumplicidade entre o rosa e a verde floresta. Mais uma vez sem gravata e em vez da camisa, um polo em malha lurex. Sapatilhas tipo Oxford em tom coral com sola verde fluor. Lenço de bolso em seda e… a cereja no topo do bolo… um alfinete de filigrana em forma de libélula, na lapela direita.
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Cozinha da Terra Largo da Herdade e Casa de Louredo Louredo 4580-582 Paredes
DOS TÊXTEIS PARA OS TACHOS Agora que estamos prestes a ver consagrada mundialmente a dieta mediterrânica, que também é nossa, como Património Cultural da Humanidade, não escandaliza que se saiba que em quase todas as nossas terras existe uma cozinha da terra. O que, julgo eu, só existe nessa bela localidade de Louredo, no concelho de Paredes, do distrito do Porto, é um restaurante como o Cozinha da Terra, da Teresa Ruão. Devo confessar, por causa do cheiro das tintas, que conheço e sou amigo da Teresa há um bom par de décadas. Mas até por isso, como ela bem sabe, essa ligação efetiva e afetiva, só serve para apurar o meu sentido crítico. Este Cozinha da Terra podia ter-se chamado “Cozinha da Minha Casa”, minha, dela, Teresa, porque está instalado numa antiga casa de lavradores abastados do século XVII, que é a casa onde a Teresa quase sempre viveu e ainda vive. Embora o “bichinho” já viesse da infância, foi quando a vida dos têxteis lhe foi ficando fora de moda, que ela meteu mãos ao trabalho e transformou a casa do Louredo num dos maiores templos atuais da cozinha tradicional portuguesa. Imperdível! Não se lhe conhece nenhum curso especial em escola de alta hotelaria, mas todos os que lá vamos somos as maiores testemunhas da altíssima qualidade da sua comida. Para quem acha que também “comemos” com os olhos, o grande “aperitivo” é de facto esta Casa de Louredo, castiça como sempre, mas dotada agora do conforto que não era usual nesses tempos de antanho. A entrada pela cozinha deixa-nos logo a salivar, tantos são os aromas que nos inebriam e nos anunciam uma jornada gloriosa na sala do lado.
Para quem ainda não lá foi a dificuldade é escolher entre as propostas, todas elas muito bem explicadinhas na ementa (e havendo tempo, ainda esmiuçadas pela Teresa de viva voz) porque todas elas como verão, possuem um “food appeal” impressionante. Atrevo-me a sugerir logo a abrir uns pastéis com massa tenra muito fina e crocante, recheados com carne de vitela picada que vão a refogar e a alourar num bom azeite . Sem “deixar cair a bola no chão” , proponho que avancem para uma bola de carnes mesmo invulgar, enrolada numa base de massa simples, bem fina e estaladiça, recheada com fumeiros e queijo. Com o estômago já mais calmo,é a vez de mandar vir essa boa lasca de bacalhau de posta alta, escaldado e servido dentro do pão em cama de legumes, cozinhado no forno antes de ir à mesa. Como dizem que o peixe não puxa carroça e o bacalhau não sendo peixe, é um parente dele, convém atacar de seguida o arroz de pato d'aldeia, que é feito na hora, no forno de lenha. Nesta altura do campeonato, sugere-se uma boa troca de impressões com a Teresa, a não ser que tenhamos levado alguém que mereça ouvir-nos depois do êxtase que atravessamos. Concedida e desfrutada a pausa, estaremos em condições de deitar a mão à massa, a massa de bolo conventual com nozes moídas ou “dar uma estalada” no cavaco, que é o cavaco fatiado, doce regional de Paredes. A boa novidade é que agora também já lá pode ficar a dormir, tanto no registo de sesta , como no da pensão completa. Com a vantagem neste último caso de que no dia seguinte pode pedir bis , sem ter que pegar no carro.
Junho 2016
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SOUVENIRS
MALMEQUER António Cunha, 46 anos, Sales Manager da Orfama, cresceu no meio das flores que os pais cultivavam em Barcelos, sempre fascinado pelas cores, o marketing e a moda. Cantou as janeiras para financiar as visitas de estudo que lhe permitiram percorrer a Europa toda enquanto cursava Engenharia Têxtil da Lusíada. Está sempre a conjugar o verbo ir. O Bangladesh, onde a Orfama tem uma fábrica, é um dos seus destinos mais frequentes
Gosta
Não gosta
Viajar Rio de Janeiro Nova Iorque
Mentira pessoas com má energia
Medellin (a cidade da eterna primavera…)
pessimismo preconceito vulgaridade
honestidade gadgets moda fins-de-
desconfiança ingratidão incompetência
semana com sol reunir para lembrar e
excessos obsessão lampreia sushi açorda
confraternizar praia barulho e cheiro
de camarão misturar bebidas andar de
de mar verão desafios cocktails na praia
moto viajar de avião com mau tempo
Vinho do Porto paisagens do Douro ananás
carros pequenos mosquitos baratas fast
com limão spas cerejas pessoas com
food cheiro a caril sujidade caIor de Dhaka
sentido de humor Ghandi Papa Francisco
frio de Nova Iorque fazer campismo usar
originalidade confidencialidade perfumes
gravata caminhar na neve filas à semana
concertos de verão música pop rock
na VCI lobbies esperar em aeroportos
fazer rádio Bruce Springsteen U2 Pogues
chegar atrasado aos encontros
carros desportivos Porsche 911 thrillers FC Porto visitar museus (em Portugal e no estrangeiro) andar de bicicleta junto à praia
A GABARDINA ARMANI DE JOSÉ DE PINA A peça de roupa de culto de José de Pina é uma gabardina Armani. "Mas tenho de confessar que nunca gostei de gabardinas. Talvez por isso, se tenha tornado a minha peça de roupa favorita. Quando, de repente, gostamos de uma coisa que não era suposto gostarmos, gostamos ainda mais dela. A sacana cai-me mesmo bem", diz. Para o escritor, humorista, apresentador, argumentista, realizador e ferrenho adepto do Sporting, o Inverno e a chuva deixaram de ser problema. "É uma oportunidade de vestir a bela gabardina castanha escura com efeito de sarja em espinha. Mesmo quando há poucas nuvens no céu, aproveito também para a usar. Com nuvens nunca se sabe o que aí vem... Até num dia de final de Primavera com o céu limpo e calor, uso-a com uma t-shirt, jeans e ténis. Nunca se sabe, ao fim da tarde refresca sempre... Só no Verão ela é guardada religiosamente na garagem. Sim, uma peça Armani, Made in Italy, tem de estar numa garagem como um bólide italiano de coleção. Ela continua com um bolso roto (malditas chaves) desde há uns anos. Ninguém toca no meu carro, perdão, gabardine". José Augusto de Pina nasceu em 1962 na capital. É formado em Cinema pela ETIC e tem o Curso Superior de Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema do Politécnico de Lisboa. Foi um dos sócios e fundadores da Produções Fictícias. Humorista desde 1992, começou a escrever para Herman José, sendo co-autor de programas como Boião de Cultura, Parabéns e Herman Zap, Herman Enciclopédia e Hora H. Co-autor e criador de Contra-Informação, guionista da série Major Alvega (RTP1), escreveu para o Inimigo Público, a Visão, A Bola, Record e jornal i.
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edifício da alfândega do porto p o r t u g a l
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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LANIFÍCIOS
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