FILIPE VILA NOVA Presidente da Salsa
FOTO: RUI APOLINÁRIO
"SOMOS OS MELHORES DO MUNDO A FAZER JEANS PARA MULHERES" P 16 A 18
EMERGENTE
DOIS CAFÉS E A CONTA
ISABEL ANTUNES: UMA DESIGNER MUITO À FRENTE
N Ú M E RO 1 1 J U L H O /AG OSTO 2 01 6
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ELEIÇÕES ATP
PAULO MELO NOVO PRESIDENTE DA DIREÇÃO P 10
CITEVE
A ANA E O JÚLIO ÀS COMPRAS NA LOJA DO FUTURO P 8E9
RITA BONAPARTE ESTÁ PRONTA PARA ENTRAR EM ÓRBITA
PERGUNTA DO MÊS
O QUE SE DEVE FAZER PARA EXPORTAR (AINDA) MAIS? P4E5
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
Julho/Agosto 2016
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Catarina Santos Cunha 46 anos Formação em Gestão de Marketing pelo IPAM, com especialização em Marketing de Serviços. Abraçou recentemente a coordenação do projeto internacional do Portugal Fashion, após ter iniciado funções na gestão das parcerias e patrocínios do projeto. Tem como grandes paixões a Moda e o FC Porto
VITÓRIAS NA SECRETARIA Em meados de Julho , mais precisamente nos dias 13 e 14, estive na London Textile Fair, onde a Selectiva Moda apoiou mais uma presença internacional que contou com a participação de mais de 20 empresas nacionais. Em conversa de balanço já no segundo dia, com um dos expositores (que não vou nomear por razoes óbvias), dizia-me ele que o ano dos negócios estava a correr bem e acrescentou: "Claro que não podemos sequer pensar nisso mas se houvesse mais alguma turbulência na Turquia, o ano passava a ser perfeito". Nem de propósito, passado menos de uma semana , aconteceu o que é público e eu lembrei-me logo desta conversa que aqui registei no essencial. É evidente que há condições e alterações de mercado e no mundo, que se podem revelar favoráveis ao aumento das nossas exportações. E para as quais nada concorremos e nada ou quase nada pudemos prever Mas seria uma injustiça flagrante e completamente ridícula, alguém pensar que o bom momento da ITV portuguesa e o aumento continuado e consistente das suas exportações, pudesse alguma vez ser explicado total ou parcialmente por acontecimentos como os recentes da Turquia. Nunca gostei de ganhar na "secretaria" e tenho a certeza que os meus amigos e parceiros da Textil e Vestuário nacional também não. Como é a moda portuguesa vista de Milão? Apesar dos nossos criadores só terem participado em duas edições da Semana de Moda de Milão, a notoriedade da moda portuguesa já ganhou uma relevância muito interessante naquele mercado. Termos sido apadrinhados por Mario Boselli ajudou bastante. Os jornalistas estrangeiros que tem acompanhado gostam mais do Porto ou dos nossos criadores? A vivência da cidade faz parte do pacote que o Portugal Fashion tem para oferecer a cada comitiva. Moda e Porto são as boas experiências que cada um deles leva consigo, e não estamos a esquecer a passagem por Lisboa! De todas as etapas internacionais atuais, qual é a mais importante e qual é a que mais gosta? São todas importantes, mas creio que para os criadores a mais importante continua a ser Paris. Eu confesso que gosto imenso de Londres. A London Fashion Week tem uma energia muito forte e não deixa ninguém indiferente. Os nossos criadores já perceberam que a moda tam-
bém tem de ser um negócio? Estou certa que sim! Já não é possível manter uma marca só por paixão, mesmo para apresentar uma coleção em cada edição são necessários recursos financeiros. Além disso, temos à disposição dos criadores e marcas o projeto Next Step, que é o “braço comercial” do Portugal Fashion e está focado no crescimento do negócio além-fronteiras e no fomento das exportações. A moda está em alta junto dos patrocinadores mais Fashion? As marcas estão de facto a perceber que cada vez mais a moda está na moda! Aos poucos o Portugal Fashion tem vindo a reunir mais público em torno do setor, provando que pode ser um território tão ou mais interessante que a música. Com um público cada vez mais eclético e cheio de energia! Já podemos dizer que o novíssimo Terminal de Cruzeiros de Leixões vai ser a grande novidade do próximo Portugal Fashion? Como gostamos de surpreender a cada edição, esta será sem dúvida uma grande novidade, mas fiquem atentos porque vamos ter mais!...
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto
PROMOTOR
CO-FINANCIADO
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n PERGUNTA DO MÊS Por: Isabel Cristina Costa
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“A PRESENÇA CONTINUADA NAS PRINCIPAIS FEIRAS INTERNACIONAIS É FUNDAMENTAL, TENDO SEMPRE PRESENTE QUE NÃO SE TRATA DE UMA PROVA DE VELOCIDADE, MAS DE FUNDO” Hélder Rosendo Diretor-geral da P&R Têxteis
O QUE SE DEVE FAZER PARA EXPORTAR (AINDA) MAIS? Sabemos o que queremos e para onde vamos. Estamos no bom caminho, que é do continuar a subir na cadeia de valor, seja na moda, seja nos têxteis técnicos. E como não basta saber fazer - e também é preciso fazer saber que sabemos fazer - não podemos abrandar o esforço de promoção e imagem da nossa indústria por esse mundo fora. Se não nos desviarmos desta rota, evitaremos obstáculos como o Brexit, e as exportações de têxteis e vestuário continuarão a subir, mesmo em contraciclo com o resto das exportações portuguesas
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os primeiros cinco meses do ano, as exportações da ITV fixaram-se em 2,1 mil milhões de euros, registando uma subida de 6% face a igual período de 2015, em contraciclo com o conjunto das exportações portuguesas. Só no mês de maio, as exportações de têxtil e vestuário cresceram 9%, o que ajudou a balança comercial do setor a reforçar o seu saldo positivo para 532 milhões de euros e uma taxa de cobertura de 134%. Tendo a ITV a ambição de atingir 5.000 milhões de euros de exportações, o que precisa fazer para chegar lá depressa? Paulo Vaz, diretor-geral da ATP, considera que em equipa ganhadora não se mexe: “Temos de prosseguir a estratégia e o esforço até agora realizados, que têm sido a chave da reabilitação e recuperação do setor. Ou seja, apostar no valor ao cliente e não na competição pelo preço, o que significa oferecer produtos e serviços diferenciados e de alta qualidade, com elevados níveis de eficiência, com inovação tecnológica nos materiais, processos e funcionalidades, e diversificar atividades para ascender na cadeia de valor, seja na moda seja nos têxteis de maior tecnicidade”. Artur Soutinho, CEO do grupo de têxteis-lar MoreTextile (que reúne António Almeida & Filhos, Coelima e JMA), concorda: “É preciso continuar a progredir na cadeia de valor e a produzir e exportar produtos com maior valor acrescentado. O caminho para aumentar as exportações em valor absoluto é apostar no serviço ao cliente, marcas próprias e produtos tecnologicamente mais evoluídos”. Como exportar rima com internacionalizar, Paulo Vaz afirma ser imperioso dar continuidade a ações fortes como a participação
em feiras e missões comerciais, tanto em mercados tradicionais, para fixar e conquistar segmentos de compra mais valorizados, como em mercados emergentes ou não tradicionais, para diversificar destinos e abrir caminho para novos negócios e parcerias. De acordo com o diretor-geral da ATP, as ações que a Associação Selectiva Moda está a realizar, tanto no domínio das feiras internacionais (85 ações em 35 países em 2016) como na promoção da imagem com o “Fashion From Portugal”, são fundamentais para manter uma dinâmica positiva, “especialmente em tempos de alta volatilidade e imprevisibilidade, onde as ameaças se sucedem, mas onde as oportunidades igual-
“APOSTAR NO VALOR AO CLIENTE E NÃO NA COMPETIÇÃO PELO PREÇO, O QUE SIGNIFICA OFERECER PRODUTOS E SERVIÇOS DIFERENCIADOS E DE ALTA QUALIDADE” Paulo Vaz Diretor-geral da ATP
mente aparecem”. Hélder Rosendo, diretor-geral da P&R Têxteis, é da opinião que o setor deve abordar mercados pouco explorados, alternativos ao europeu. “Devemos reforçar a aposta em alguns países da América Latina e no Extremo Oriente. Por outro lado, a partir de certa fasquia coloca-se também um problema de dimensão e escala da maioria das nossas empresas, para atacar mercados de grande dimensão, como por exemplo o mercado dos Estados Unidos. O TTIP irá seguramente ser um elemento facilitador, mas é preciso ter bem presente a dimensão do mercado em causa, para poder desenvolver uma estratégia de crescimento sustentada e que não comprometa a capacidade de resposta e a qualidade do serviço”. Outros dos ingredientes sugeridos por Hélder Rosendo é o de manter a dinâmica de promoção internacional e a presença continuada nas principais feiras internacionais, “tendo sempre presente que não se trata de uma prova de velocidade, mas de fundo”. Vítor Paiva, sócio-gerente da empresa poveira Damel, também coloca a tónica na promoção e imagem. “Portugal necessita de promover tudo que se faz de bom, de potenciar empresas com nichos de mercado técnicos e muito específicos e mostrar os bons exemplos de desenvolvimento e inovação que praticamos. As marcas estrangeiras têm de perceber que vale a pena recorrer à indústria portuguesa não em busca de preços e mão-de-obra barata, mas sim alta tecnologia ao nível de produção/desenvolvimento de novos produtos”. “Temos muitas empresas que merecem ser potenciadas porque estão ao nível das melhores do mundo. Só precisam é de um pequeno empurrão para passarem para um nível superior e desta forma captar muito mais marcas e trabalho para Portugal”, adian-
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“O CAMINHO É APOSTAR NO SERVIÇO AO CLIENTE, MARCAS PRÓPRIAS E PRODUTOS TECNOLOGICAMENTE MAIS EVOLUÍDOS” Artur Soutinho CEO grupo MoreTextile
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“MOSTRAR ÀS MARCAS ESTRANGEIRAS QUE A INDÚSTRIA PORTUGUESA OFERECE ALTA TECNOLOGIA AO NÍVEL DE PRODUÇÃO/ DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS” Vítor Paiva Sócio-gerente da Damel
ITV NÃO TIRA O PÉ DO ACELERADOR As exportações de têxteis e vestuário cresceram 6% nos cinco primeiros meses do ano, alcançando os 2,1 mil milhões de euros. A ITV não tira o pé do acelerador, com as suas vendas ao exterior a registarem em maio uma subida de 9% face ao mesmo período de 2015 - em claro contraste com a desaceleração do conjunto das exportações nacionais, que nesse mesmo mês caíram 0,7%
ta o sócio-gerente da Damel, que não se esquece do fator recursos humanos. “Temos que valorizar as pessoas que trabalham na produção e fazer com que se sintam importantes para que possamos chamar sangue novo à ITV e, lentamente, irmos fazer a renovação de pessoal pois se assim não for dentro de poucos anos poderemos ter dificuldades ao nível do recrutamento”, rema-
ta Vítor Paiva. UMA INCÓGNITA CHAMADA BREXIT O impacto do Brexit nas exportações da ITV ainda é uma incógnita. Paulo Vaz diz que ainda é cedo para fazer previsões: “A poeira tem de assentar. Em tese, a saída do Reino Unido da União Europeia deverá ter efeitos negativos, mais ou menos vincados: a queda da libra limi-
tará as importações do Reino Unido, incluindo as de Portugal e do nosso setor. O Reino Unido é o terceiro destino das nossas exportações e aproximava-se dos 500 milhões de euros este ano. É muito provável que tal não venha a suceder e se verifique mesmo um retrocesso nas vendas para aquele país”. Já para Hélder Rosendo, “o maior efeito do Brexit será efetivamente o fim do Reino Uni-
do tal como o conhecemos”. No entanto, acrescenta, “é demasiado cedo para prever seja o que for ao nível do futuro quadro de relações da UE com a Inglaterra e para antever a profundidade e o impacto das alterações que seguramente irão ocorrer”. Segundo Artur Soutinho, as repercussões importantes do “inesperado Brexit” só serão conhecidas nos próximos meses. Por isso, “caso o Reino Unido
consiga uma solução política estável, não populista, espero que no final do ano já tenham sido encontradas as soluções de relacionamento comercial com a UE que permitam voltar ao ‘business as usual’”. Na opinião do CEO do grupo Moretextile, “O Reino Unido é importante para a UE. Mas a UE é ainda mais importante para o Reino Unido do que o Reino Unido para a UE”.
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06 Julho/Agosto 2016
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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel
Algures sobre a Rússia
Voo LH 717 Tóquio-Frankfurt Boeing 747 B
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Entradas: Salame, pastrami de galinha, tomate cherry, rolinhos de sushi de cenoura e pepino Prato: Goulash picante com batatas e repolho vermelho Sobremesa: Salada de frutas Bebidas: Riesling e água
UMA DESIGNER MUITO À FRENTE Nunca teve dúvidas quanto ao seu futuro. E não se enganou. Tinha por assente, desde pequena, que quando fosse grande ia trabalhar nas empresas do pai. Não espanta, pois cresceu em Vizela em cima da fábrica os Antunes habitavam o 1o andar, a fábrica ocupava o rés-do-chão. “Sempre fomos uma família muito unida. Desde cedo todos nós queríamos e sabíamos que íamos trabalhar na Lasa”, afirma Isabel, que, precisamente por isso, escolheu estudar Design Têxtil e especializar-se em jacquard. Apostou em ser criativa, como o pai, que foi debuxador e tecelão na Varela &
Pinto, antes de se abalançar a fundar a Lasa (iniciais de Lenços Armando Silva Antunes), que, como o próprio nome indica, começou por fabricar lenços de bolso, e agora é um império dos têxteis-lar, um grupo vertical de cinco empresas (Lasa, Filasa, Filasa RE, Luzmont, Imobilaza e A&A Home Collection), com centro de gravidade em Guimarães que emprega 700 pessoas e que fechou 2015 com um volume de negócios de 76,3 milhões de euros. A ambição de Isabel é ser tão criativa como o pai que, aos 82 anos, passa o fim de semana a buscar inspiração em revistas
Isabel Antunes
42 ANOS ADMINISTRADORA DA LASA Em miúda pode ter sido um bocado travessa. Já não se lembra bem porquê, mas a verdade é que foi parar ao quarto escuro logo no primeiro dia de aulas na escola primária, feita no Colégio Egas Moniz, em Guimarães. Mas foi sempre muito desembaraçada. Mais nova dos quatro filhos de Armando Silva Antunes, o fundador da Lasa, Isabel completou o Secundário entre Riba de Ave (Didáxis) e Vizela, antes de rumar ao Porto, onde cursou Design Têxtil no Citex. Depois mudou-se para Londres, para adquirir fluência em inglês e se pós graduar na St. Martin School. Em 1999, com 25 anos, voltou a casa e casou (tem três filhos: Bernardo, 15 anos, Afonso, 14 e Constança, 11). Estava finalmente pronta para ajudar as empresas da família a prosperar, derrotando os ventos desfavoráveis que a ITV teve de enfrentar logo nos primeiros anos do novo milénio
e jornais (abastece-se no Corte Inglês de Gaia), e na 2ª feira apresenta-se na fábrica com um recorte de um vestido tirado da Hola ou da Vanity Fair, a perguntar: “E que tal se usássemos uma renda parecida com esta no bordado de uma toalha ou numa colcha?”. “O meu pai vê muito à frente”, afirma Isabel, que já leva umas 22 Heimtextil no papo (ainda era adolescente quando debutou na grande feira dos têxteis-lar) e se farta de viajar, “por obrigação, não por prazer”. Frankfurt, claro, mas também Paris (Maison & Objet), Singapura (Maison & Object Asia), Tóquio (Interior Lifestyle), etc, são destinos frequentes para a responsável pela áreas de criação e marketing da Lasa. É preciso ter mundo, pois exportação rima com inovação e diferenciação. “Os clientes estão cada vez mais exigentes. Para sermos competitivos temos de ser ágeis e rápidos a perceber o que vai estar a dar nas próximas estações”, conta Isabel, numa conversa que começou em Tóquio e acabou no voo de regresso - onde fez um almoço frugal, aproveitando apenas a água e o pão da refeição servida a bordo, que acompanhou com uma espécie de sementes verdes compradas no aeroporto de Haneda. “Como muito pouco nos aviões. Só vejo filmes e tento dormir”, explica. A 4ª participação da Lasa na Interior Lifestyle correu bem. “Temos um forte potencial de crescimento no mercado japonês. Podemos fazer aqui o mesmo volume de vendas que nos EUA. Nos felpos estamos satisfeitos. Este ano trouxemos cama pela primeira vez. O que é mais difícil, pois ainda há muita gente a dormir em futons. Nos grandes armazéns, o banho ocupa 70% do espaço casa - e a cama apenas 30%. Mas o feedback foi positivo. Fomos visitados por uma equipa de seis compradores do Isetan que adoraram a nossa cama”, afirma Isabel, que teve um último dia da feira atribulado - perdido ou roubado, desapareceu-lhe o telemóvel, o que é sempre uma enorme contrariedade nos dias de hoje. Quando vai a feiras, Isabel aproveita todos os tempos livres para andar pelas lojas, armazéns e ruas, a apanhar as tendências que andam no ar. “De todos os mercados em que estamos, o Japão é o mais diferente. É preciso estarmos sempre muito atentos, não ter ideias preconcebidas, ter atenção a tudo que vemos à nossa volta, manter os ouvidos e o espírito bem abertos”, resume Isabel Antunes. Ser um designer muito à frente a isso obriga.
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08 Julho/Agosto 2016
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2. NO CASO DELES NÃO ERA PRECISO. TODA A GENTE OS CONHECE. MAS SE FOSSEM CLIENTES ANÓNIMOS, A LEITURA À ENTRADA DO CARTÃO DE IDENTIFICAÇÃO QUE TINHAM NO BOLSO, PERMITIA A ANA FLORINDA SABER LOGO QUEM ERAM
FOTOSINTESE
1. QUEM DISSE QUE AS MULHERES SÃO MAIS VAIDOSAS QUE OS HOMENS? FOI O JÚLIO A FICAR SEDUZIDO POR UNS JEANS PROPOSTOS PELA MONTRA INTERATIVA QUE IDENTIFICA O SEXO E IDADE DOS PASSANTES E OS MOTIVA A ENTRAREM NA LOJA
A ANA E O JÚLIO ÀS COMPRAS NA LOJA DO FUTURO Ana Guedes, Diretora de Informação do Porto Canal, e Júlio Magalhães (Diretor-geral do mesmo canal e o Homem da página 3 do T) foram até às instalações do CITEVE, em Famalicão, para comprovarem com os seus próprios olhos as maravilhas da Loja do Futuro de que tanto tinham ouvido falar. Ficaram de boca aberta - e ansiosos que as tecnologias por eles experimentadas sejam rapidamente integradas na lojas do presente
A Loja do Futuro foi desenvolvida por um consórcio liderado pelo CITEVE que integrou o Centro de Computação Gráfica, Creativesystems, INES-Porto, Ubidesign e Tetribérica - e contou com o apoio da APR
5. MAL É LEVANTADA UMA PEÇA, SURGE LOGO NO ECRÃ TODA A INFORMAÇÃO SOBRE ELA
6. ANA FOI A PRIMEIRA A ENTRAR NA CABINA VIRTUAL E DIVERTIU-SE COM AS BOAS VINDAS DADAS POR DALILA, A ASSISTENTE VIRTUAL
10. A EXPERIÊNCIA SEGUINTE FOI O BODY SCANNER, UMA TECNOLOGIA DE DIGITALIZAÇÃO 3D QUE EM 10 SEGUNDOS OBTÉM 400 MEDIDAS DO CORPO HUMANO
11. ANA E JÚLIO FARTARAM-SE DE RIR ENQUANTO CONFERIAM OS RESULTADOS DA SUA PASSAGEM PELO SCANNER…
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3. ENGENHEIRA DE PRODUÇÃO TÊXTIL (UMINHO), ANA FLORINDA RAMOA, 48 ANOS (DOS QUAIS 23 NO CITEVE), DESENVOLVEU E GERE A LOJA DO FUTURO, QUE É A SUA MENINA DOS OLHOS
4. ANA E JÚLIO ESCOLHEM PEÇAS DE ROUPA NAS PRATELEIRAS INTELIGENTES, BASEADAS EM TECNOLOGIA RFID
8. INTERAGINDO POR GESTOS COM O ESPELHO MÁGICO, ANA FOI AO CATÁLOGO E PROVOU OS CALÇÕES VERMELHOS PARA USAR COM A T-SHIRT NOVA. NÃO FICOU MUITO CONVENCIDA…
7. NA LOJA DO FUTURO, O ESPELHO MÁGICO POUPA À CLIENTELA A MAÇADA DE ESTAR SEMPRE A DESPIR-SE E VESTIR-SE PARA EXPERIMENTAR UMA PEÇA DE ROUPA
12. … RESULTADOS QUE PARA SEREM EXATOS IMPLICAVAM QUE ELES SE TIVESSEM DESPIDO - O QUE IMPEDIA O T DE REGISTAR ESSES MOMENTOS :-)
13. NO FINAL DA VISITA, ANA FLORINDA MOSTROU AOS JORNALISTAS DO PORTO CANAL COMO O USO DA TECNOLOGIA RFID PERMITE UMA GESTÃO INTELIGENTE DOS STOCKS E FACILITA A RECOLHA DE INFORMAÇÃO PARA A CRIAÇÃO DE COLEÇÕES FUTURAS
9. JÚLIO ADOROU A T SHIRT “NOT A BUSYNESS MAN”. JURA QUE VAI USÁ-LA NAS FÉRIAS NO ALGARVE
14. E JÁ ESTÁ. ANA JORNALISTA RECEBE O SACO COM AS COMPRAS DAS MÃOS DA ANA ENGENHEIRA. OS DIRETORES DO PORTO CANAL FICARAM CLIENTES!
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ATP EM BUSCA DA EXCELÊNCIA Fazer tudo o que estiver ao seu alcance para elevar a competitividade do setor - com a geração de valor baseada na inovação, criatividade, internacionalização e serviço ao cliente -, é o compromisso dos órgãos sociais da ATP que vão gerir a associação durante o biénio 2016-18 e foram eleitos numa lista de consenso e continuidade. Paulo Melo, em representação da Somelos, é o novo presidente da direção da Associação
Têxtil e de Vestuário de Portugal, enquanto José Alexandre Oliveira (Riopele) presidirá à Mesa da Assembleia Geral e António Falcão (Têxtil António Falcão) ao Conselho Fiscal. “Uma indústria de excelência com presença e imagem global” é o título do programa dos novos órgãos sociais, que se comprometem a prosseguir o aumento da visibilidade de fileira têxtil, de vestuário e de moda, com o objetivo de intensificar a sua valorização e capa-
cidade de influência, e, ainda, a promover a imagem e reputação do setor no país e estrangeiro. Uma associação única e integradora de toda a fileira é uma meta que não saiu de cima da mesa: “A ATP manter-se-à sempre aberta a entendimentos que pressuponham a integração do movimento associativo e o reforço da representação setorial até à unificação total, dando mais força, mais voz, e mais intervenção pública e política à atividade do setor têxtil e de vestuário”.
ÓRGÃOS SOCIAIS PARA O TRIÉNIO 2016/2018 DIREÇÃO
MESA ASSEMBLEIA GERAL
PRESIDENTE Riopele José Alexandre Oliveira
PRESIDENTE Têxtil António Falcão António Falcão
VICE-PRESIDENTES Estamparia Têxtil Adalberto Mário Jorge Machado Fitexar João Costa
VICE-PRESIDENTE Idepa Eduardo Moura e Sá
VOGAIS A. Ferreira & Filhos Nöel Ferreira A. Sampaio & Filhos Ana Júlia Sampaio Furtado ETN Inês Branco Primma Paulo Santos
VOGAIS Alves Pereira Tapeçarias Pedro Alves Pereira Fernando Valente Fernanda Valente Inarbel José Armindo Ferraz LMA Alexandra Araújo Pinho Tinamar Manuel Pinheiro TMG Isabel Gonçalves Furtado Tovartex Christian Bothmann Flor da Moda Nuno Sousa SUPLENTES Ribera Andreas Falley Lipaco Jorge Pereira
SUPLENTES Orfama António Cunha Gierlings Velpor Constantino Silva
SUPLENTES Longratex Sofia Ferreira O Segredo do Mar José Cardoso
CONSELHO CONSULTIVO
Alain Picciotto Alberto de Castro Alberto Figueiredo Álvaro Almeida António Amorim Artur Soutinho Daniel Agis Daniel Bessa João Pedro Guimarães José Guimarães
José Vilas Boas Ferreira Luís Almeida Luís Mira Amaral Luís Valente de Oliveira Madath Aly Jamal Mário Miranda Paulo Nunes de Almeida Rui Herculano Rui Miguel Vitor Abreu
SEAB2 AO ATAQUE NO DUBAI O SeaB2, um blusão com sistema de insuflação integrado, da Damel que foi apresentado à NATO e às forças portuguesas (entre as quais a Polícia Marítima, está a ser lançado em várias frentes no Dubai: Marinha, vela, pesca, construção naval, montagens de sites eólicos em off shore, etc. “Naturalmente que para cada hemisfério e função os modelos são adaptados, tanto a nível de isolamento como das características de tecidos exteriores”, adianta Vítor Paiva, sócio-gerente da empresa
Braz Costa (diretor-geral do CITEVE) é uma das seis estrelas que compõem o júri internacional do 3º Fashion Film Festival, que integra ainda Patrícia Barnabé (chefe de Redação da Vogue Portugal), Luís Buchinho ( designer de moda), Kathryn Ferguson (realizadora irlandesa premiada, que fez fashion films para a Chloé e a Nike), José Pedro Sousa (realizador da produtora Ministério dos Filmes e membro do júri desde a 1ª edição do FFF), e José Murciano (criador e diretor do Madrid Fashion Film Festival).
ESCOCESA DE 60 ANOS DÁ O CORPO PELA H&M
CONSELHO FISCAL
PRESIDENTE Somelos Mix – Fios Têxteis Paulo Melo
SECRETÁRIOS Fitor Fibras António Pereira Malhas Carjor Honorato de Sousa Paula Borges Confeções Paulo Faria
SEIS ESTRELAS NO JÚRI DO FFF
poveira. O blusão insufláveis da Damel foi também um sucesso em Atlanta, onde conseguiu angariar três representantes para os Estados Unidos, “sendo que contamos com mais nove para o resto do mundo”, acrescenta Vítor Paiva. Feito a pensar em atividades sobre água, o SeaB2, além do isolamento e impermeabilidade, tem incluído um arnês para efeitos de linha de vida e salvamento, assim como a inclusão de um colete de salvamento de 150 newtons.
Gillean Mc Leod, uma escocesa de 60 anos, é a cara e o corpo da nova campanha de fatos de banho da H&M. Gillean foi designer de moda até aos 53 anos, altura em que durante uma sessão fotográfica com uma jovem modelo que não estava a correr bem, alguém sugeriu: “E que tal experimentarmos a estilista?”.
“O TÊXTIL É UMA COMMODITY. FAZ-SE EM TODO O MUNDO. POR ISSO TEMOS DE NOS DIFERENCIAR” Artur Soutinho CEO da MoreTextile, à Marketeer
CRIALME AMPLIA FÁBRICA EM PAREDES A Crialme está a concluir um ambicioso plano de ampliação das suas instalações industriais em Sobroso, Paredes, que contempla dois novos blocos, um industrial e outro administrativo (onde se incluem a loja de fábrica e o show room ). Fundada em 1984, a Crialme é especialista em alfaiataria para homem, emprega 500 pessoas e exporta 40% da sua produção para os Estados Unidos.
9%
foi o crescimento verificado em 2015 nas exportações da ITV para o Reino Unido, que atingiram os 450 milhões de euros
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X A MINHA EMPRESA Por: Isabel Cristina Costa
Francisco Vaz da Costa Marques & Filhos Rua do Pombal 194 4801-909 Guimarães
Atividade Fabrico de artigos de têxteis-lar, bordados e acabamentos têxteis Trabalhadores 160 Marcas próprias BOVI (têxteis-lar) e Vaz da Costa (acabamentos têxteis) Principais mercados Europa central, Reino Unido, Rússia e Ásia Faturação 17 milhões de euros
CRISE NA NATALIDADE NÂO AFETA A TÊXTIL O saldo natural na ITV está em terreno positivo, Em 2014, o número de empresas em atividade no setor cresceu 1,9% ( mais 0,4 pp que no conjunto das empresas do país), em contraste com a redução de 6% verificada em 2010. Em 2014, foram criadas 1,35 novas empresas têxteis e de vestuário por cada uma que cessou atividade. Estes dados estatísticos constam da análise setorial, para o período 20102015, do Banco de Portugal.
77%
do volume de negócios da ITV é exportado, de acordo com as estatísticas do Banco de Portugal
PAULO VAZ (ATP) É O PRESIDENTE DO JÚRI Paulo Vaz é o presidente do júri do concurso fotográfico Close-Up Tendências na Cidade, integrado no calendário da Porto Fashion Week. O director geral da ATP será coadjuvado por Ana Guedes (diretora de Informação do Porto Canal), Ana Isabel (ex-modelo), Victor Hugo (fotógrafo de moda e vencedor da 2º edição do concurso) e José Armindo Ferraz (empresário dr. Kid).
BRAGANÇA QUER CENTRO DE I&D TÊXTIL
BOVI cresce na Ásia e alarga geografia A empresa vimaranense Vaz da Costa, fundada em 1960 por Francisco Vaz da Costa Marques, pai dos atuais administradores - os irmãos Amélia, Isabel e Francisco Marques -, tem em curso um investimento superior a um milhão de euros, que deverá estar concluído este verão. Trata-se da construção de um pavilhão de 2.300 metros quadrados que cumpre três objetivos: aumentar a área do laboratório de ensaios e desenvolvimentos têxteis; expandir a área de logística, agilizando a movimentação de matérias-primas e produtos acabados; e melhorar o controlo de qualidade nos produtos acabados. Estando a Vaz da Costa inserida na área urbana de Guimarães, “parte do investimento tem sido também aplicado na salvaguarda da nossa pegada ecológica, através de uma forte redução de consumos de recursos energéticos, contribuindo, desta forma, para a sustentabilidade da empresa e da cidade”, explica Gabriel Ribeiro, responsável de marketing e vendas. Com a exportação a pesar 55% no volume de vendas, a Vaz da Costa tem vindo a consolidar a sua posição no mercado nacional como líder na prestação de serviços de acabamentos têxteis. Além disso, também exporta esses serviços para a Alemanha, Bélgica, Espanha e França. Igualmente forte no serviço de bordados de grande escala, a empresa tem evoluído para outros segmentos, como é o caso do vestuário.
A BOVI, que é a marca de têxteis-lar da Vaz da Costa, está presente em mais de 30 países, nos cinco continentes. “Temos registado um interessante crescimento na Ásia, com a BOVI a marcar já presença em conceituados department stores da Coreia do Sul e de Taiwan. Consolidados estão mercados como a Rússia e o México, bem como os tradicionais mercados da Europa Central”, regozija-se Gabriel Ribeiro. É por causa do bom momento da BOVI, que estão a ser desenvolvidas novas bases de distribuição no Brasil, Nova Zelândia, Sudoeste Asiático, Médio Oriente e nos EUA, bem como em novos canais de negócio, como o setor hoteleiro. “Toda a nossa postura comercial tem privilegiado o estabelecimento de parcerias sólidas com empresas e distribuidores locais, mas para 2017, a BOVI pondera chegar diretamente ao consumidor, pelo menos em mercados onde a sua presença assim o exige”, continua. A faturar 17 milhões de euros em 2015 (mais 7% do que no ano anterior) e a empregar 160 pessoas, a Vaz da Costa começou, numa primeira fase, por dedicar-se ao fabrico de bordados e têxteis-lar. Mais tarde acrescentou os acabamentos têxteis. “A aposta na constante renovação do parque de máquinas e na qualificação dos colaboradores, sempre foram os pilares que ditaram o dinamismo da empresa”, argumenta o mesmo responsável.
Domingos Bragança reivindica para a Universidade do Minho um centro de investigação e desenvolvimento para a industria têxtil de nível mundial. O presidente da Câmara de Guimarães apresentou esta proposta na tertúlia “O Têxtil é uma Festa”. Noémia Carneiro, diretora do Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho, reconheceu a necessidade de melhorar as condições de trabalho e investigação do seu departamento.
SAMANTHA CAMERON DEDICA-SE AOS TRAPOS A mulher do ex-primeiro-ministro britânico, David Cameron, vai lançar a sua própria marca de roupa. Samantha, 45 anos, foi eleita, em 2015, a mulher mais bem vestida do mundo pela “Vanity Fair” e já foi consultora criativa da Smythson e embaixadora do Conselho Britânico de Moda (British Fashion Council).
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RADAR DA WGSN DETETA ANDORINE A Andorine entrou no radar da WGSN, uma das maiores autoridades mundiais em previsão de tendências, que incluiu no seu catálogo duas peças da coleção daquela marca portuguesa de roupa para criança. Criada no ano passado, a Andorine (andorinha em latim) é uma iniciativa de Luísa Amorim e Maria Lito.
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Julho/Agosto 2016
“SE HÁ SETOR EM PORTUGAL QUE ESTÁ HABITUADO A VIVER COM CRISES É O TÊXTIL, QUE, MAIS DO QUE SOBREVIVER, TEM SABIDO TRANSFORMAR AS CRISES EM OPORTUNIDADES” Paulo Cunha, presidente da Câmara de Famalicão
PORTAS E PAINEL DE LUXO NO 18O FÓRUM TÊXTIL Paulo Ribeiro (Crialme), Maria João Rosa (Sonae), Núria Gonzalez (H&M), Hélder Rosendo (P&R Têxteis) e Sérgio Marques (Parfois) integram o painel de luxo do 18º Fórum Têxtil, que reunirá na tarde de 19 de outubro, no auditório do CITEVE, em Famalicão. Os novos modelos de negócio da fileira têxtil estarão em cima da mesa, com moderação de Nicolau Santos e comentários de Daniel Bessa. Paulo Portas é um dos oradores convidados.
O TÊXTIL TAMBÉM É ARTE Colocar o têxtil no contexto da arte contemporânea é o mantra da Contextile, que está no ar de 30 de julho a 16 de setembro, um pouco por toda a parte em Guimarães - mas não só, pois, no último dia do verão e no primeiro do outono dará um salto até à Alfândega do Porto, para conferir uma demão suplementar de brilho ao Modtíssimo, com uma exposição intitulada “Textile in Art”. A 3ª edição da Contextile-Bienal de Arte Têxtil Contemporânea tem o centro de gravidade no Palácio Vila Flor, onde está ancorada a secção competitiva, com 54 obras de 51 artistas, selecionadas de um total de 540 trabalhos vindos de todo o mundo. A seleção, bem como a atribuição do Prémio de Aquisição e das menções honrosas, é da responsabilidade de um júri internacional, que integra a galega Lala de Dios, a artista húngara Livia Papai, Cláudia Melo (menção honrosa na edição inaugural de 2012), Paula Sá (diretora de galeria) e Paulo Leocádio (Diretor da ESAP Guimarães). Os trabalhos desenvolvidos por artistas internacionais, no âmbito de quatro residências artísticas, integram duas exposições satélites. Na Casa da Memória estarão as obras resultantes das residências na Sampedro, MoreTextiles e
Espaço Entre II, Cláudia Melo (Portugal). Prémio ATP 2012. Técnica mista, tecido cru, caixa de madeira, esmalte e acrílico. 150 x 100 cm
Oficina de Bordadeiras da romena Elena Brebenel, da letã Inguna Levsa e da neozelandesa Sandra Heffernan, que exploraram técnicas de jacquard, estampagem e bordado. Na Sociedade Martins Sarmento, a norte-americana Cindy Steller expõe, sob o tema “Saudade”,
trabalhos realizados durante a sua residência artística na Lameirinho, que cruzam fotografia, bordado e técnicas de estampagem, De entre as inúmeras exposições, que ocupam praticamente toda a oferta disponível de espaços em Guimarães, destaque para a mostra, no Palacete Santiago, de
25 obras excecionais e de grande formato de arte têxtil, o melhor do espólio da Bienal de Tapeçaria de Lausanne. A ideia de fazer uma grande exposição casando o têxtil e a arte contemporânea emergiu por ocasião da preparação de Guimarães Capital Europeia da Cultura.
“O nosso projeto foi recebido de braços abertos pela organização de Guimarães 2012, que compreendeu logo o valor de acrescentar arte e criatividade à principal indústria da região, prestigiando o território de cultura têxtil”, explica Joaquim Pinheiro, líder da cooperativa de produção cultural Ideias Emergentes, que concebeu e organiza a Contextile. A edição inaugural foi um enorme sucesso e um dos eventos mais visitados da Capital Europeia da Cultura, o que entusiasmou o pessoal da cooperativa Ideias Emergentes ao ponto de decidirem encurtar para bienal um projeto nascido com periodicidade trienal. Apesar de ter sido um êxito, do ponto de vista artístico, a edição 2014 da Bienal de Arte Têxtil Contemporânea foi, à míngua de apoios, um fracasso do ponto de vista financeiro. “Estatelamo-nos”, resume Joaquim Pinheiro, que nem por isso largou nem o projeto nem o seu berço (Guimarães), e está agora de volta com a 3ª edição, com uma programação mais ambiciosa, extensa e diversificada - e parcerias estratégicas com a ATP e a Selectiva Moda, sendo que cada uma destas associações adquire uma das obras a concurso.
O TÊXTIL FOI MESMO UMA FESTA Na festa do setor têxtil português, realizada no dia 7 de julho, no Instituto de Design, em Guimarães, esteve presente quem estuda, quem ensina, quem produz, quem governa, quem gere, quem inova, quem compra e quem vende. A iniciativa resultou de uma parceria entre o Departamento de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho, a Câmara Municipal de Guimarães, a Associação Comercial e Industrial de Guimarães e o Lions Club de Guimarães. Do lado das empresas, nos espaços “Inovação nas Empresas” e no desfile “Vestindo o Futuro”, estiveram: Fapomed, Inovafil, Lameirinho, MoreTextile Group, Parallel Cotton Home Textiles, Somelos, Sonicarla, Têxteis Leiper, Pizarro, Newtextiles, PLF-Meias e Collants, Coltec, Etilabel, Lasa e Otojal. A festa contou também com projetos da Universidade do
Minho e de empresas, como o “Projeto Açores” de alunos e docentes do Curso de Design e Marketing de Moda da UM, que trabalharam com artesãs açorianas, surgindo propostas de moda para senhora e criança. Ou a “Camisola CEP – Uniforms”, uma camisola com propriedades de resistência ao corte e à punção desenvolvida pela AFF – A. Ferreira e Filhos em parceria com a Plataforma Internacional Fibrenamics da UM. “O Têxtil é uma Festa” terminou com um desfile de moda com muitas soluções têxteis para o futuro, sendo da responsabilidade das empresas aderentes e dos alunos da licenciatura em Design e Marketing de Moda. A própria passadeira do desfile também deu nas vistas por ser termocromática, isto é, a cor variava sob o estímulo térmico dos pés. Foi concebida por uma aluna de doutoramento.
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FAREI TUDO O QUE FOR NECESSÁRIO PARA AJUDAR A SONAE
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel
Filipe Vila Nova 53 anos, nasceu em Fradelos, a mais populosa freguesia de Famalicão. É o quinto dos seis filhos do casamento entre um trabalhador da Mabor e uma mãe que além de se ocupar da lide doméstica e da filharada, ainda arranjava tempo para dar uma mão na agricultura. Já tinha mais de 20 anos e negociava batatas quando comprou os seus primeiros jeans, de marca Lois. Tem três filhos, Filipa, 23 anos, enfermeira, Ricardo, 20 anos, estudante de Gestão na Católica, e Gabriel, dois anos. Vive em Guimarães
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emos muito a aprender e a beneficiar com a experiência da Sonae - afirma Filipe Vila Nova, 53 anos, explicando a razão por que escolheu o grupo fundado por Belmiro de Azevedo como parceiro para acelerar o crescimento internacional da rede de lojas da Salsa. Uma vez disse que a Salsa tinha tudo para dar errado: o seu presidente não tem um MBA; está num setor exposto à concorrência asiática; e quando quis dar o salto para o retalho os bancos negaram-lhe financiamento. Ter tido sucesso foi um milagre ao nível da nossa vitória no Euro 2016?
O que quis dizer é que estatísticamente, num país com a cultura empresarial de Portugal, o projeto de construir uma marca tinha, à partida, poucas hipóteses de ser bem sucedido. Em 22 anos, já conseguimos fazer um percurso interessante, mas ainda estamos longe do que queremos, em termos de dimensão à escala global. Ainda não me dou por satisfeito. O que o levou a tornar-se empresário?
O inconformismo. Acreditar que podia ir mais além. Nós somos bons na indústria, no B2B, mas temos poucas marcas, ao contrário dos espanhóis. A culpa é do nosso pequeno mercado interno?
Sermos periféricos e pequenos não ajuda. Mas a geografia não explica tudo. Historicamente, os espanhóis têm uma cultura de risco superior à nossa. E, 20 anos antes de nós, viram a importância das marcas e de uma relação direta com o consumidor final. Mas acredito que vamos recuperar esse atraso.
Arrisca-se pouco?
O padrão vigente da cultura empresarial em Portugal é o de não arriscar. As pessoas não correm riscos, pois ficam logo a pensar no que é que os outros vão dizer se o seu projeto falhar e tiverem uma situação de falência. No início dos anos 90, começou com uma confeção a feitio, mas rapidamente apostou numa marca própria. Porquê?
Foi intuitivo. Vi logo que o trabalho a feitio era um negócio de tostões, com margens muito curtas e uma lógica e futuro muito limitados. Como ambiciosos que somos, criamos logo a Kiss, a nossa primeira marca. Salsa veio depois, em 1994...
A marca Kiss apresentava algumas limitações. Precisávamos de uma nova marca. Inspirados no título de um filme americano - “Salsa Latina” - que estava em exibição nos cinemas com grande sucesso de bilheteira - , apostámos no nome Salsa, pois transmitia os valores que queríamos: alegria, movimento, dinamismo. Por que é que se focaram logo nos jeans?
A primeira encomenda que recebemos foi de denim, de jardineiras de criança para um fabricante português, que já não existe. Investirem logo numa lavandaria foi um passo importante?
Percebemos que para sermos bons em jeans, precisávamos de uma lavandaria. Esse era o elemento diferenciador. Mas na altura, na Europa, não havia equipamento nem processos específicos para o tratamento do denim. Para resolver o problema, encomendamos maquinaria, feita por medida para nós, por fabricantes que forneciam lavandarias industriais para hotéis e hospitais. Porque é que em 1998 decidiram ir para o retalho?
Na altura tínhamos 400 clientes multimarca a nível nacional. Ficámos intrigados porque compravam-nos sempre as mesmas
SER MADE IN PORTUGAL NÃO PREJUDICA O VALOR DA MARCA
Ainda era um miúdo, com o 9º ano acabado de fazer, quando começou a trabalhar, com uma tia avó, na compra e venda de batatas, atividade onde se demorou dez anos, que lhe deram a equivalência a uma licenciatura em Empreendedorismo - aprendeu a arte do negócio, das relações entre as pessoas e da logística de transações no tempo em que os telefones estavam presos por um fio às paredes. No início dos anos 90, pressentindo a decadência dos negócios agrícolas, mudou a agulha para a têxtil. Com as poupanças e o saber acumulados nas batatas, investiu no pouco rentável atelier de costura da irmã Beatriz, que transformou numa confeção a feitio. E convidou o irmão António a interromper a carreira militar, interessando-o por uma sociedade numa lavandaria. A saga dos irmãos Vila Nova estava prestes a começar…
tinha ideias muito fixas, por uma pessoa mais aberta e flexível. Deu resultado. Construímos um modelo bem sucedido e uma rede com mais de 50 lojas no nosso país, que durante dez anos registou níveis de crescimento notáveis. Na expansão internacional, privilegiam o recurso ao franchising ou as lojas próprias?
As margens do negócio são estreitas. Como não podemos repartir demasiado as margens, preferimos apostar em lojas próprias. A exceção é o Médio Oriente, onde temos um parceiro, até por se tratar de mercados em que para se ser bem aceite e ter sucesso é indispensável um conhecimento aprofundado da cultura e hábitos locais. Ser made in Portugal ainda é cadastro ou já é curriculum?
Depende dos países, mas, no geral, ser fabricado em Portugal não prejudica o valor da marca. O mundo é cada vez mais plano e não se prende a esse tipo de tabus. O próprio made in China já foi mais penalizado... Quais os vossos mercados mais interessantes?
As duas lojas Salsa que mais vendem no mundo são no Dubai. Em Portugal são as do Colombo, Norteshopping e Vasco da Gama. Do ponto de vista de mercados, Espanha e França são, no curto prazo, a nossa geografia natural da expansão. Como se têm comportado as vendas online?
quantidades. Até percebemos que tinham um orçamento fixo para cada marca. Por melhor que fosse a nossa coleção não vendíamos mais. Foi para ultrapassar isso que decidimos abrir lojas Salsa no Nortehshopping, Braga Parque e Vasco da Gama. As coisas começaram logo a correr bem?
Pelo contrário. Éramos inexperientes no retalho e começamos a acumular prejuízos. Chegamos a ter em cima da mesa a hipótese de fechar as lojas. Optámos por mudar o responsável por essa área, que
Surpreendentemente bem. Com taxas médias de crescimento na ordem dos 35%, superiores às das lojas físicas. Estamos em market places, como a Amazon, Otto e La Redoute. E temos investido muito na nossa loja online, que já dá em tempo real e na moeda local do comprador o preço do produto, incluindo os custos de envio. Comprar online é uma marca cultural distintiva das novas gerações.
tégia é estar em todos os canais. No digital mas também no retalho, em department stores, outlets, multimarca, lojas próprias... privilegiando sempre os que acharmos mais adequados a cada país ou geografia. Consegue descrever a alma da Salsa em 140 carateres, num tweet?
A Salsa é uma marca de jeanswear para pessoas ativas, descontraídas e informais. Qual é a marca que mais admira?
A Levi’s, como tradição nos jeans. E a Zara como o melhor exemplo de fast fashion a preços acessíveis. Qual foi a decisão mais arriscada da sua vida?
Abrir 20 lojas num ano, na viragem do século. Percebi que precisava de dimensão e massa crítica. Mas não consegui o apoio da banca nacional. Levei nega de toda a gente. Diziam que nunca ninguém tinha feito uma coisa assim com êxito. Como resolveu o assunto?
Não desisti. Um banco galego financiou-me. Conhecia, na sua região, vários casos bem sucedidos de expansão de cadeias de lojas idênticas à que lhes apresentei. Mais tarde, como, apesar de sermos otimistas, tivemos mais sucesso do que o esperado, pagamos antecipadamente o empréstimo - e eles não ficaram muito satisfeitos, preferiam continuar a receber os juros... Deslocalizar a produção para Norte de África e Oriente foi fundamental para se manter competitivo?
O preço não é o critério fundamental na escolha de fornecedores. O que realmente importa é a qualidade, serviço e rigor na entrega. Está absolutamente fora de questão perder o fitting perfeito que é o primeiro valor dos nossos jeans. Por isso, privilegiamos os fornecedores geograficamente próximos. Colocamos em fabricantes portugueses mais de 60% da nossa produção.
O online vai ser o futuro?
O futuro passará cada vez mais pelo digital. Mas não só. Somos uma empresa multicanal. A nossa estra-
Como é o vosso ciclo produtivo?
Desenvolvemos os protótipos e fazemos as lavagens e acabamentos,
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Volume de negócios (2015) 106 milhões de euros Lojas monomarca 82 Department Stores 102 (El Corte Inglês, Galerias Lafayette e House of Fraser) Clientes multimarca 2 000 Mercados 35 países na Europa, África e Médio Oriente Trabalhadores 1 099
Foi aqui que, no início dos anos 90, em Ribeirão, começou a laborar a primeira confeção a feitio dos irmãos Vila Nova
Ou seja, as fases que diferenciam o nosso produto e acrescentam valor. O fabrico é feito fora, mas debaixo da nossa supervisão e controlo apertado. Como é possível sobreviver num mercado global, com a concorrência de marcas como a Levi’s ou a Diesel, e das cadeias low cost?
Não é pelo preço. Somos os melhores do mundo a produzir os jeans que mais bem se ajustam ao corpo da mulher. A separação de águas em 2008 com o irmão António e irmã Beatriz foi um momento doloroso?
Não. Foi uma grande decisão. Foi boa porque acrescentou valor e tinha de acontecer. Com base nesse negócio, a Tiffosi foi recuperada e o grupo Trofa Saúde teve liquidez para se expandir. Ao mesmo tempo, a Salsa manteve-se próspera e fiel ao seu projeto. Foi bom para todos e para o país. Por que é que tinham de se separar?
Não havia sintonia. Tínhamos visões muito diferentes sobre o futuro da Salsa.
com as marcas de vestuário (Mo, Zippy, Berg...) da Sonae?
VENDAS NO ONLINE ESTÃO A CRESCER 35%, MAIS QUE NAS LOJAS FÍSICAS
SEPARAR-ME DOS MEUS IRMÃOS FOI BOM PARA O PAÍS
ternacionalizarmos ao ritmo que ambicionamos. Precisávamos de um parceiro. Temos muito mais potencial de sucesso se formos acompanhados pela Sonae do que se fossemos sós.
Não está nada previsto. Mas pode haver sinergias. Estamos totalmente disponíveis para trocar know how, sem qualquer preconceito. Farei tudo o que for necessário para ajudar a Sonae. A Salsa está sempre a desenvolver produto. Hope para as grávidas. Push Up para pôr o rabo saliente. Push in para disfarçar a barriga. Diva para tornar a pele mais suave. Nos jeans a inovação é a frente de batalha?
Agradar aos clientes e corresponder às suas expectativas é a base do nosso sucesso. Continuar neste caminho implica um conhecimento cada vez mais profundo do cliente, trazê-lo para o centro das nossas decisões. Não podemos disparar em todas as direções. Temos de dar tiros certeiros. Receber algo a troco de nada é uma coisa que não existe. Como vê a evolução do setor numa perspetiva de concorrência global para as muitas empresas que baseiam a produção no private label?
São processos que demoram o seu tempo. Mas nós temos contas transparentes, auditadas e certificadas. E havia uma vontade comum de fechar o negócio. O mais duro foi chegar ao valor. O que é natural. Quem compra quer sempre dar menos. Quem vende quer sempre receber mais.
Cada um tem a sua vocação. Tudo pode funcionar. Mas parece-me que as empresas que vivem essencialmente do private label têm resultados e horizontes limitados. Eu aconselho-os a apostarem numa marca e a romperem com a lógica de prestação de serviços. Investir numa marca exige muita paciência e ter muita fé.
Uma parceria a 50/50 é difícil de gerir...
O que é que de mais importantes os seus pais lhe ensinaram?
A que se deveu a parceria com a Sonae?
Acredito que não vai haver problemas. Sabemos para onde queremos ir, conhecemos o imenso potencial da parceria e o nosso relacionamento ao nível da decisão tem fluído célere. Quanto mais depressa sedimentarmos o conhecimento mútuo e aumentarmos os níveis de confiança mais rapidamente poremos no terreno um plano agressivo de expansão internacional da Salsa.
Não tínhamos dimensão nem músculo financeiro para nos in-
Qual vai ser a vossa colaboração
Três princípios: ser humilde, trabalhador e sério. Ser humilde não é ser vassalo, mas escutar e ser capaz de aprender com toda a gente. Ser trabalhador é levar as coisas a sério. E ser sério não é ser burro - se puder vender uma coisa por dez não a vou vender por oito. A minha mãe costumava dizer que mais valem sete fomes na barriga do que ter vergonha na cara. Tenho muito orgulho em dizer que nunca na vida dececionei os meus pais.
Por que é que, logo a seguir, profissionalizou a gestão da Salsa, contratando um CEO?
As empresas não são dos empresários. Nós só estamos nas empresas enquanto as soubermos servir, as fizermos crescer e garantirmos a sua sustentabilidade. Quando os empresários usam as empresas em função dos seus benefícios particulares, e não dos interesses dos clientes e trabalhadores, não tarda muito a ficarem sem elas... Mal fiquei só na Salsa, mudei os processos de governação, implantei sistemas de informação e métodos de gestão modernos e profissionais. Não vai haver aqui qualquer drama de sucessão familiar...
Foram fáceis as negociações?
As perguntas de
Manuel Carvalho Jornalista do Público A entrada da Sonae no capital da Salsa serve para quê?
Precisávamos de um parceiro para acelerar o crescimento internacional da nossa rede de lojas. Não foi uma opção de curto prazo, pois tínhamos propostas de fundos de private equity que eram financeiramente mais tentadoras. Escolhemos a Sonae, por uma série de razões: proximidade, afinidade de culturas, potencialidade e fundamentalmente porque considero que no seu caminho futuro a Salsa tem muito a aprender e a beneficiar com a experiência da Sonae. A Salsa tem mais de dois mil postos de venda em 34 países. Para lá chegar, qual foi a prioridade estratégica? O crescimento orgânico para puxar pelo produto ou a aposta no produto para arrastar esse crescimento?
A prioridade foi manter, todos os dias desde o primeiro, uma vontade muito forte de vencer e nunca, nunca nos desviarmos desse caminho. Também não desistir, nunca, três vezes nunca! Em Portugal é muito comum morrer na praia. O resto é literatura.
Margarida Cardoso Jornalista do Expresso Como vê o impacto do Brexit no desempenho da ITV, uma vez que o Reino Unido vale mais de 8% das exportações do setor?
Para a Salsa, o mercado do Reino Unido não é muito importante. Mas sou contra tudo quanto desagregue valor. Não me parece que o Brexit seja bom para ninguém. Nem para os ingleses, que serão os mais prejudicados. Não acredito em isolamentos, mas em parcerias, na união de esforços e na abertura dos mercados. Mas o que é que se há-de fazer com os ingleses?!? Têm a mania que são diferentes. Até conduzem pela esquerda... Porque decidiram vestir a Missão Portuguesa aos Jogos Olímpicos Rio 2016. Que retorno é que esperam deste patrocínio?
Foi um desafio arrojado vestir de jeans, dos pés à cabeça, incluindo gravata, camisas, sapatos, etc..., os nossos olímpicos e paraolímpicos. Penso que será inédito na história dos Jogos uma delegação desfilar assim. Deu-nos uma trabalheira dos diabos. É importante pelo reconhecimento da marca e por razões sentimentais - é o Brasil. o Oceano Atlântico, coisas que nos lembram o tempo áureo dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa.
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Silhuetas soltas e leves deixam um rasto vaporoso de romantismo
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Transparências e sobreposições realçam o lado mais atrevido da coleção
Silhuetas justas, coordenadas com peças descomprometidas
UM LADO MAIS SEXY E ATREVIDO Isabel Cristina Costa
A coleção Outono-Inverno 2016/17 da estilista Ana Sousa adota a nomenclatura “Timeless”, sendo marcada pelo feminismo e por um glamour escondido em influências do passado. Peças inspiradas no movimento de “Art Nouveau” mostraram-se na última edição do Portugal Fashion através de silhuetas soltas e leves, românticas e estampados florais em tons de inverno. Transparências, sobreposições, renda e napa realçam o lado mais sexy e atrevido da coleção. A estilista detém uma rede de 65 lojas próprias espalhadas por vários países (Portugal, Espanha, Rússia, Luxemburgo e Suíça). Através do canal multimarca (são mais de 300 pontos de venda) a marca é comercializada nos Estados Unidos, França, Angola, Portugal, República da Irlanda, Inglaterra, Alemanha, Noruega, Holanda, Costa Rica, Moçambique, México, Japão e Emirados Árabes Unidos, entre outros. O objetivo é continuar a crescer, reforçando a notoriedade da marca no mercado europeu de moda feminina. O investimento em I&D tem sido outra das apostas, com o lançamento regular de produtos inovadores (como por exemplo os jeans spa), assim como o canal multimarca, o canal web e a expansão da rede de franchisados. A marca Ana Sousa pesa 65% na produção da Flor da Moda, a empresa que a estilista criou com o marido, em Barcelos, estando o resto afeto a marcas de top mundial em regime de private label .
Ana Sousa, 59 anos, natural de Barcelos, aprendeu a costurar muito nova com uma tia. Aos 16 anos de idade, por alturas do 25 de Abril, criou o seu primeiro ateliê em casa da avó paterna, onde executava toiletes exclusivas por encomenda. Aos 20 anos, participa na criação da Flor da Moda, com o marido João Sousa. Em 1992, o seu nome transforma-se em marca, comercializada em lojas multimarca por todo o país. Seis anos depois, inicia uma rede de lojas próprias. O império Ana Sousa emprega 800 pessoas e fatura 27 milhões de euros. “Jamais pensei alcançar esta dimensão. Sonhava apenas ter uma casa, um carro e viajar”, confessa.
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FEIRAS
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AGENDA DAS FEIRAS
CHILDREN’S CLUB
A. Sampaio & Filhos, Coltec, Custoitex - Collove,
31 julho a 02 agosto – Nova Iorque
Damel, Foot by Foot, JOAPS, Lemar, LMA, Lurdes
Chua, Dr. Kid, Girandola, Risca de Giz, Vandoma
Sampaio, P&R Têxteis, Penteadora, Riopele, Sedacor, Sidónios, Sonicarla, Têxteis Penedo, Tintex,
OUTDOOR
Vilartex
03 a 06 agosto – Salt Lake City Artefita, Faria da Costa, Nordstorm
NY NOW 22 a 24 agosto – Nova Iorque
MAGIC
AMR, Carapau Portuguese Products, Cerafina,
15 a 17 agosto – Las Vegas
MOS Portugal, Ditto, MÈZE Mediterraneum,
Boom Bap Wear, Faroma/Maloka, Gab's Design,
Costa Brava, Burel Factory, Smartlunch, Man-
Katty Xiomara, Prata & Borges/Daily Rain, Rhr/
tecas
Inimigo Clothing, Triwool FORMEX FEBRATEX
24 a 27 agosto – Estocolmo
09 a 12 agosto – Blumenau
Dolcecasa, Castelbel, MÈZE mediterraneum
CONGRESSO ESMIÚÇA MODA E TECNOLOGIA “Moda e Tecnologia: na produção, operação e comunicação” é o tema do 4º Congresso Internacional de Negócios de Moda que se realizará entre 17 e 19 de outubro na Porto Business School. Esta é uma iniciativa que conta com o apoio da ATP, Porto Fashion Week e Porto Fashion Makers. Inscrições e informações em www.cinm.org.br.
“TENHO A PALAVRA SHAMELESS (SEM VERGONHA) TATUADA NO PEITO. QUERO SER TÃO HONESTO QUANTO PUDER. DURMO MELHOR À NOITE” Marc Jacobs, Designer
SALAZAR NOS LENÇOS COM ALUNOS MODATEX Ana Salazar lançou uma coleção de 16 lenços de seda baptizada Legacy e desenvolvida em parceria com quatro finalistas do curso de Design de Moda da Modatex: Sara Grou, Sara Cruz, Carlos Campos e João Barriga.
45,7%
do investimento total português em investigação e desenvolvimento é assegurado pelas empresas. Em 20 anos, o peso da despesa do setor empresarial em i&d subiu de pouco mais de 1/4 (21,2%) para quase metade.
UMA FESTA PORTUGUESA EM PARIS
A Playtime Paris comemorou o seu 10º aniversário e Portugal não faltou à festa, marcando presença com a Knot, Piupiuchick, Rocket Pear, Sissonne e Wolf&Rita. “Esta é uma feira de renome internacional, determinante para encontrar clientes e parceiros tanto na Europa como no resto do mundo”, sintetiza Inês Ramos, manager da Sissone. As marcas portuguesas de moda infantil foram à procura de ganhos de visibilidade e de um aumento da carteira de clientes. Durante os três dias de feira, a Playtime Paris recebeu perto de 7.500 visitantes profissionais.
SVP INDIFERENTE AO BREXIT Indiferente ao Brexit, a Fashion SVP realizou-se a 28 a 29 de junho, no Centro de Exposições Olympia (Londres), com a presença de uma dezena de empresas portuguesas apoiadas pela Selectiva Moda: Barata Garcia, CLS - Confecções Luso-Sueco, Custoitex, Faria da Costa, Gulbena Têxteis, Lightwear, Lopes & Carvalho, Marfel, Orfama e Vandoma. “A nossa participação foi decidida tendo em conta a escolha que fizemos de desenvolver ainda mais o mercado inglês, onde temos bastante experiência e os nossos produtos, sobretudo os casacos, são muito bem acolhidos pelos compradores. A nossa estratégia comercial passa por crescer na exportação e a Inglaterra insere-se nesse plano”, explicou Camilo Rueff, responsável da CLS Confecções Luso-Sueco.
Pelo lado da Custoitex, Mónica Morais, development/export manager da empresa de Custóias (Matosinhos), referiu que o mercado inglês “tem muita empatia pelo produto português”. Direto, António Cunha, sales area manager da Orfama, referiu que “o objetivo da participação na Fashion SVP é a angariação de novos clientes, uma vez que se trata de um mercado estratégico e com um grande potencial de crescimento”. “Consolidar a presença num mercado que é´muito importante para nós foi o objetivo desta nossa segunda participação na SVP”, explica Ana Sousa, manager da Vandoma. A 6ª edição da Fashion SVP contou com mais de uma centena de expositores de toda a Europa e região do Mediterrâneo, produtores que fornecem a ASOS,
Inditex, Otto Group, Ted Baker, Karen Millen, Coast e French Connection, por exemplo. Este ano, o certame foi maior e melhor, incluindo um vasto programa de seminários e workshops, assim como uma área nova - Innovation Focus -, onde foram apresentadas as últimas novidades sobre impressão 3D. Ao todo, o Olympia de Londres recebeu durante dois dias mais de uma centena de fabricantes de vestuário de homem, senhora e criança, oriundos de mais de 15 países, entre eles, Reino Unido, França, Itália, Lituânia, Rússia, Macedónia, Espanha, Egito, Grécia, Chipre, Bulgária, Roménia, Tunísia, Peru, Polónia e Turquia. A Fashion SVP surgiu em 2011 e está especialmente direcionada a quem pretende adquirir serviços diretamente às fábricas.
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NEXT SEASON
Babash Design, Kalisson/Bagoraz, Luís Buchinho,
MILANO ÚNICA
PREMIÈRE VISION
29 A 31 agosto – Poznan
Maloka, Pé de Chumbo, Valerius Têxteis
06 a 08 setembro – Milão
13 a 15 setembro – Paris
Albano Morgado, Lemar, Sanmartin, Riopele, J.
Fabrics: A. Sampaio, A. Têxteil Serzedelo, Acatel, Adal-
Areal Artigos Têxteis
berto Estampados, Albano Morgado, Fitecom, Gierlings
Cristina Barros, Kalisson/Bagoraz, P.A. e C. O. Design
MAISON & OBJET 02 a 06 setembro – Paris
Velpor, JOAPS, Lemar, Living Colours, LMA, Lurdes
MUNICH FABRIC START
AMR, Devilla, Carapau Portuguese Products,
MOMAD
Sampaio, NGS Malhas, Paulo de Oliveira, Penteadora,
30 agosto a 01 setembro – Munique
Carvalho, Castelbel, Ditto, Grilo - Meze, Labora-
09 a 11 setembro – Madrid
Polopique li/Teviz, Riopele, Sidonios Malhas, Somelos
A. Sampaio & Filhos Têxteis, Adalberto Estampa-
tório d'estorias, Marias Paper Dolls, Mantecas
Blackspider, Cubos d'algodão, Missimini, António Ma-
Tecidos, Tessimax, Tintex, TMG Textiles, Troficolor
dos, Albano Morgado, Gierlings Velpor, Heliotextil,
by Burel Factory, Têxteis Iris, Têxteis Lar S.
nuel de Sousa, Givec, M. Rôlo, Vasco Nunes Almeida &
Accessories: Ideia
Lemar, Living Colours, - Têxteis, M.M.R.A., Paulo de
José
Filhos, Layer Wear, Valérius, Tendências e Pormenores
Yarns: Miguel Antunes Fernandes/Filasa
tin, Sidónios Malhas, Somelos Tecidos, Tessimax
INTERGIFT
TOP DRAWER
Industries
Lanifício, Tevix by Polopique, Texser, TMG Textiles
07 a 11 setembro – Madrid
10 a 13 setembro – Londres
Manufacturing: A.J. Gonçalves, António Manuel de
Castelbel, Dilina Têxteis, Dolcecasa, Filipe Carriço
Armazém dos Linhos, Burel Factory, Carapau Portu-
Sousa, Collove - Custoitex, Marfel Empresa de Confe-
WHO'S NEXT
Unipessoal, Heliotêxtil, Rio Sul, Sun City Ibérica,
guese Products, Castelbel, Laboratório d'estorias,
ções, Raith Têxteis, Gouveia & Campos, IRSIL - Silva
02 a 04 setembro – Paris
Têxteis Iris . Irina & Sousa
MÈZE Mediterraneum
Irmaos, Triwool
Oliveira, Penteadora, Quickcode, Riopele, Sanmar-
Knitwear: A. Ferreira & Filhos, Orfama/Montagut
LONDON TEXTILE FAIR COM LOTAÇÃO ESGOTADA A London Textile Fair continua a atrair muitos expositores e visitantes para o Business Design Centre. A edição de 13 e 14 julho contou com a participação de 15 empresas portuguesas, que viajaram até Londres com o apoio da Associação Selectiva Moda, no âmbito do projeto de internacionalização From Portugal. Os tecidos, malhas e acessórios para confeção com o selo português pertenciam às empresas: 6 Dias, Albano Morgado, Burel Factory, Eurobotónia, Fitecom, Idepa, Imprimis by Gulbena, J&F - João & Feliciano, Lemar, M.M.R.A, NGS Malhas, Teias de Lona, Texser, Troficolor e Vilarinho. Todas com a ambição de consolidar e/ou conquistar clientes num mercado fértil em marcas de referência, como é o caso da Burberry, Hackett, Fred Perry, Barbour e Marshall Artist, entre outras. “Grandes marcas inglesas estão a produzir as suas coleções em Portugal, o que nos ajuda a ser mais competitivos. Foi a segunda vez que participámos nesta feira e certamente não será a última. Estamos conscientes
TECIDO SEM PILHAS CARREGA TELEMÓVEIS Um tecido capaz de armazenar energia para alimentar dispositivos eletrónicos foi desenvolvido por um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. “É o próprio têxtil que funciona como bateria, não necessitando por isso das pilhas externas e não flexíveis usadas atualmente no vestuário para conseguir o mesmo fim”, explica Clara Pereira, uma das responsáveis pelo projeto. O tecido, batizado WEStoreOnTEX, ganhou o 3º prémio no concurso de ideias e negócios da UP.
DE PORTUGAL PARA O CANADÁ E SINGAPURA
Lurdes Sampaio with love From Portugal na London Textile Fair
que a persistência e inovação são a chave do sucesso”, adiantou Elisabete Pereira pelo lado da empresa J&F – João & Feliciano. Presença habitual na The London Textile Fair, a Troficolor conseguiu antever “uma boa temporada”.
Segundo Pedro Garcia, esta feira tem a vantagem de concentrar visitantes de ótima qualidade, o que nos permite consolidar a posição no mercado internacional e, neste sentido, aumentar o volume de negócios”.
Canadá e Singapura são as novidades no novo calendário do projeto From Portugal, que contempla para 2017 a presença em 72 feiras de 18 países e três continentes. Continuar a dar gás às exportações é o objetivo. O projeto, coordenado pela Selectiva Moda tem um orçamento de 12,5 milhões.
EURATEX DEFINE TRÊS PRIORIDADES A meio do mandato na presidência da Euratex, Serge Piolat anunciou as três grandes prioridades da confederação, bem como o nome dos chefes de cada projeto: Comércio (Isabelle Weller), Inovação (Lutz Walter) e Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social e Ambiental (Mauro Scala).
MODA E BACALHAU EM SAN SEBASTIAN
CAMISOLAS RASGADAS FORAM FEITAS NA TURQUIA
Os bascos ficaram de boca aberta. Portugal não brinca mesmo em serviço. No dia a seguir à nossa surpreendente vitória na final do Euro 2016, San Sebastian acordou com uma campanha de promoção da moda portuguesa em mais de 40 mupis espalhados por pontos estratégicos da cidade. Calhou bem, mas foi coincidência. Já mesmo antes de Fernando Santos nos ter garantido que só voltava de Paris a 11 de julho, já a ATP tinha decidido que essa segunda-feira era o Dia D para
“Pertencem a um lote defeituoso, produzido na Turquia”, justificou-se a Puma, explicando por que é que cinco camisolas da seleção suíça se rasgaram durante o encontro com a França, da 3ª jornada do Euro 2016.
o pontapé de saída, em San Sebastian, da campanha de imagem Fashion from Portugal. Os mupis foram o aquecimento para um jogo em duas partes, que casou gastronomia e moda - e foi disputado em dois diferentes relvados no final dessa semana (17 e 18). Pela nossa moda, no Hotel Londres y Inglaterra, alinharam seis criadores e empresas (Micaela Oliveira, Júlio Torcato, Katty Xiomara, Elsa Barreto, Paula Borges e San Martin) que assinalaram
a estreia das nossas cores no San Sebastian Show Room. “El bacalao que nos une” foi o lema do desafio disputado no restaurante Bokado, do chef Mikel Santa Maria, que num trabalho a quatro mãos, em parceria com a chef Lígia Santos, apresentou quatro interpretações do fiel amigo perante um nutrido grupo de individualidades dos dois países, onde avultavam o alcaide de San Sebastian, a Conselheira de Economia do Governo Basco e o delegado do AICEP em Madrid.
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STELLA MCCARTNEY VIRA-SE PARA OS HOMENS
DE PORTA ABERTA Por: Isabel Cristina Costa
Me Allegro
Rua de Cedofeita 117 Porto
Lojas Próprias Baixa (Cedofeita) e Boavista (Aviz) Marcas Armani Collezioni, Basler, Brioni, Cavalli Class, Ermenegildo Zegna, Escada, Hugo Boss, Michael Kors, Paule Ka e Ralph Lauren, entre outras Clientes Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e Europa Trabalhadores 22
“Quero dar aos homens o que dou às mulheres: um guarda roupa com roupas modernas e funcionais”, explicou Stella McCartney na Pitti Uomo, quando anunciou a apresentação a 10 de Novembro, em Londres, da sua primeira coleção para Homem, cujas peças estarão à venda logo no princípio de dezembro.
PORTO BUSINESS SCHOOL ENSINA NEGÓCIO DA MODA A Porto Business School vai lecionar um programa de Gestão em Negócios de Moda, no próximo outono (13, 20 e 27 de outubro, 2, 9 e 16 de novembro). Alargar as competência dos participantes nas áreas de liderança, controlo de gestão, operações e marketing é o objetivo deste curso, destinado a empresários e quadros do cluster moda (indústria, retalho, desenvolvimento de coleções, trading e logística). Inscrições Susana Silva tel. 226 153 278 - pgnm@pbs.up.pt.
“OS TÊXTEIS PROVARAM SER UM SETOR VIBRANTE E PUJANTE, CAPAZ DE CONCORRER NO CONTEXTO INTERNACIONAL”. António Cunha reitor da Universidade do Minho
Quando o Mini se tornou Max Foi em 1966 que tudo começou, com a Casa dos Retalhos, um espaço com 40 metros quadrados na rua de Cedofeita, na Baixa do Porto, onde dois funcionários atendiam a um balcão de venda de tecidos. Na década de 70, o espaço é aumentado e passa a loja de pronto-a-vestir com a designação Galerias Minimax. Foi com este nome que cresceu e ganhou notoriedade até à década de 90, altura em que funde quatro edifícios num só, mantendo a fachada exterior e modernizando o interior. Assim nasceu a Me Allegro. A comemorar 50 anos de vida, a Me Allegro, localizada numa zona emblemática da Baixa portuense (Cedofeita/Miguel Bombarda), conta atualmente com 23 montras, cinco pisos e 3500 metros quadrados. Entre as marcas de luxo que representa, referências mundiais do vestuário de qualidade, contam-se: Armani Collezioni, Basler, Borsalino, Brioni, Ermenegildo Zegna, Escada, Fred Perry, Hugo Boss, Paule Ka e Ralph Lauren, Vilebrequin, entre outras. Em 2005 abriu uma segunda loja no Porto, concretamente na zona da Boavista (Aviz), para poder continuar a contar com clientes que acompanham esta department store desde o início e que vivem na zona mais ocidental da cidade. “São já várias as gerações de clientes. Temos clientes que vieram pela primeira vez com os pais e hoje trazem os filhos, e alguns até os netos”, adianta Maria João
Martins, do Departamento de Comunicação. Mas não é só de roupa que vive a Me Allegro. Também comercializa a marca portuguesa de têxteis-lar Piubelle ou a marca própria de fatos de banho Temple of Fashion, que produz em Portugal. E tem um espaço dedicado às crianças, assim como uma zona reservada para os clientes beberem um café ou lerem um jornal ou revista. Outra das apostas é a personalização do atendimento com o “Premium Customer Service” (encomenda de fatos, camisas, gravatas e peças sportswear por medida e de acordo com os gostos pessoais). Para este mês de julho, está marcada a inauguração do espaço “Paula Franzini Home Fashion”, em colaboração com a decoradora que lhe dá o nome, onde se aliam a decoração, a arte e as antiguidades. A nova oferta inclui serviços de decoração, projetos de arquitetura e remodelações. E explica, em parte, como é que a Me Allegro se manteve como uma referência no concorrido mercado da moda. “O segredo da longevidade deste espaço está na constante adaptação às tendências e à evolução dos hábitos de consumo dos seus clientes”, afiança Maria João Martins. A Me Allegro é detida pela empresa Completeweek, Lda. Os fundadores, Arlinda e Manuel Maia, reformaram-se e apesar de não fazerem parte desta empresa continuam próximos do negócio como conselheiros da atual direção.
TIFFOSI NOS ACESSÓRIOS COM MARCA VILANOVA Vilanova é a nova marca para acessórios da Tiffosi (grupo VNC), que planeia abrir 50 lojas com esta insígnia na Península Ibérica, até ao final de 2017, das quais metade ainda este ano. ”É uma marca urbana e dinâmica, para um segmento jovem e inspirada na cidade de Barcelona”, explica António Vila Nova Carneiro, que há oito anos adquiriu a Tiffosi, que espera este ano crescer 20%
MULHERES COM MUITO PEITO PREOCUPAM ISABEL FIGUEIRA Isabel Figueira e uma amiga anunciaram a intenção de lançarem uma linha de vestuário desenhada a pensar nas mulheres com “peito grande” e/ou “mais gordinhas”. “As pessoas às vezes não pensam nessas mulheres. Vamos fazer modelos exclusivos. Tenho a certeza que vai ser um estrondo”, garante a atriz.
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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel
Rita Bonaparte Designer Família Tem um filho (Sebastião, 10 anos) e um gato chamado Lucas Formação Curso de Design de Moda do IADE Casa Apartamento em Lavra, a cinco minutos a pé da praia Carro Carrinha Peugeot 307 Portátil iPad (trabalha muito no fixo) Telemóvel Samsung Galaxy Hóbis Fazer crossfit, correr, ouvir música, ver o pôr-do-sol, dar passeios de bicicleta com o filho Férias Praia na Senhora da Rocha (Algarve) e viagem de inspiração por França, Bélgica e Holanda Regra de ouro “Põe tudo o que és no mínimo que fazes” (pedida emprestada a Ricardo Reis)
FOTO: RUI APOLINÁRIO
À procura de entrar em órbita Rita Liliana Teotónio, 39 anos, nasceu em Lisboa, filha de um médico e uma professora de Inglês, mas cresceu nas Caldas da Rainha, onde fez o secundário na ES Raul Proença (por incrível que pareça a ES Bordallo Pinheiro não tinha a opção Artes). Em miúda, já com a ideia fixa de ser estilista, entretinha-se a renovar o guarda roupa das suas bonecas Tuchas e Barbies, reciclando roupas velhas. Quando chegou a hora, escolheu voltar à capital, para fazer o curso de Design de Moda do IADE, opção encorajada pelos pais. Foi no IADE que Rita Liliana Teotónio se transformou em Rita Bonaparte, nome mas também marca registada. Como havia três Ritas na turma, desataram a tratá-la por Liliana, nome com que ela não se identificava de todo. Ficou a matutar no assunto até achar uma solução dois em um: resgatar o nome próprio de que gostava e fazer a sua própria marca, acrescentando ao Rita o apelido Bonaparte da avó materna. Lançada a primeira pedra da marca, Rita tratou de começar a construir as fundações sólidas para uma carreira de designer. Ainda estudante, ganhou o concurso para as fardas de uma escola de hotelaria, o primeiro de muitos prémios que foi colecionando. Seguiu-se-lhe o Agulha de Ouro que distinguiu a sua primeira coleção - intitulada “Amor e Ódio” e transbordante de romantismo, com que assinalou o final do seu curso, também marcado por um estágio de três meses no atelier de Fátima Lopes. Depois voou até Paris para completar a primeira fase da sua formação. Perdeu a noção do tempo no Louvre. Estudou tecidos na Première Vision. E, durante intensos 15 dias vividos na American Academy, bebeu as experiências e recebeu os conselhos de criadores da Yves Saint-Laurent, Givenchy e Chanel. Regressada a Portugal, arranjou o primeiro emprego a trabalhar para Ana Salazar. “Fui lá mostrar o portefólio, gostaram e fiquei”, conta. Foram dois anos bons, mas duros. De dia a trabalhar para a estilista, de noite a trabalhar na sua própria coleção. O esforço acabou por ser recompensado. Venceu, em dois anos consecutivos (2001 e 2002) o Concurso dos Jovens Criadores. E em 2002, três anos após acabar o curso, a sua coleção “Boneca Mulher ou Mulher Boneca” já estava a desfilar na passarela do Portugal Fashion. Sentindo a carreira na rampa do lançamento, Rita transferiu para o Porto o seu centro de gravidade, ficando assim mais perto da Fábrica de Calçado Sozé/ Codizo,em Felgueiras, para quem desenhava os sapatos da marca Dkode, e enquanto prosseguia a carreira a solo, mostrando a coleção no Portugal Fashion, respondia a outras solicitações como a da Staples, que a convidou a desenhar coleções escolares de cadernos, mochilas, pastas de elástico, etc. No entretanto, por culpa da crise iniciada em 2008, o voo ascendente de Rita Bonaparte foi afetado por uma série de poços de ar. O acumular de clientes com contas por pagar, obrigaram-na a definir um plano de emergência, reduzindo aos mínimos a atividade da marca própria (faz uma mini-coleção de 25 peças, mais comercial) para trabalhar como freelancer para a indústria do calçado (desenha para três marcas: Cloud Footwear, Our Soul e Segmento). Mas agora que a turbulência já pertence ao passado, põe os olhos no futuro. “Adoro desenhar. Estou a trabalhar no que gosto. E gosto do que estou a fazer. Mas também gostava de fazer mais vestuário, de dar um novo fôlego à minha marca e, quem sabe?, estendê-la também ao calçado. Mas para isso preciso de estabelecer uma parceria com uma empresa”, conclui Rita Bonaparte, um designer de moda que está à procura do empurrão que lhe permita entrar em órbita.
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X O MEU PRODUTO Por: Isabel Cristina Costa
Fato de compressão para alta competição Sonicarla
Empresa Sonicarla Europa Aplicação vestuário de desporto Funcionalidades Respirável, antibacteriano, termo-regulação, super elástico, alta tenacidade Materiais Poliamida técnica, polipropileno e elastano
Cubanos do triatlo não querem outra coisa A empresa de Mogege, Vila Nova de Famalicão, apresentou pela primeira vez o fato de compressão desenvolvido especialmente para a prática de desportos exigentes na ISPO 2016, em Munique, na Alemanha. A Sonicarla Europa desenvolveu-o totalmente dentro de portas e agora está a definir com algumas marcas de desporto de renome mundial o método de fabrico, pois há clientes que querem o fato completo e outras partes do mesmo. Pedro Silva, CEO da Sonicarla Europa, gosta de utilizar o exemplo do automóvel, ao qual esteve 12 anos ligado, para explicar o negócio têxtil. “Nas feiras de automóveis existem os concept cars e as marcas vão e adotam partes desses carros. Outro exemplo, o carro pilotado pelo Tiago Monteiro na WTC pode ser visto nas ruas, o modelo é igual, mas o motor e a suspensão, por exemplo, não são os mesmos”. Ora, o modelo de negócio da Sonicarla Europa assenta precisamente nos concept products. As marcas compram as propostas na íntegra ou algumas partes. E depois há os produtos personalizados, feitos à medida dos atletas - como o fato do ultra maratonista Carlos Sá -, e os tamanhos standard vendidos ao público. A última novidade apresentada pela empresa de Mogege é um produto de compressão destinado ao desporto de alta competição. A combinação entre a pressão e a tecnologia inovadora de impacto incorporada estimula a consciência corporal, tornando todo o processo de movimento mais preciso e eficiente. Pedro Silva explica que “o efeito de estabilização sobre os músculos, e igualmente sobre os vasos sanguíneos, permite reduzir tanto as vibrações musculares como a carga sobre o sistema cardiovascular”. Ou seja, melhora o fluxo de oxigénio e nutrientes, promovendo a redução da fadiga e a performance geral do atleta. A Sonicarla Europa, que emprega 142 pessoas, registou no último exercício um volume de negócios de seis milhões de euros. O vestuário de desporto de alta competição é quase todo para exportação (mais de 90%), estando os grandes clientes nos Estados Unidos e na Europa (incluindo países escandinavos). Pedro Silva diz que o negócio tem crescido e conquistado novos clientes, como é o caso do convite da equipa nacional de Cuba para o desenvolvimento de equipamento de triatlo (natação, ciclismo e corrida). O T ERROU. Por lapso da nossa responsabilidade, na última edição do T o produto da Sonicarla saiu com a Ficha Técnica do Permac, da Damel. Com o pedido de desculpas às empresas envolvidas, republicamos o texto da Sonicarla com a Ficha Técnica certa.
RAI PROIBE MINI-SAIAS DECOTES E VESTIDOS JUSTOS Os decotes ousados estão expressamente proibidos às apresentadoras da RAI, de acordo com o novo e severo código de vestuário da responsabilidade de Daria Bignardia, diretora da televisão pública italiana. Vestidos justos e mini-saias também estão vedados às estrelas televisivas femininas. Aos apresentadores homens está apenas proibido o uso de casacos aos quadrados.
QUEDA DE 8% NAS VENDAS DA CHINA PARA A EUROPA As exportações chinesas de vestuário para a Europa recuaram 8% nos dois primeiros meses do ano. Apesar desta quebra, a China continua ser o principal fornecedor de vestuário do continente, seguido pelo Bangladesh e Turquia. No final de 2015, as exportações chinesas de roupa para a Europa cresceram 6% em valor, atingindo os 29,9 mil milhões de euros, mas caíram 12,5% em volume. Esta discrepância deve-se mais à apreciação do dólar face ao euro do que a uma eventual subida na cadeira de valor do produto chinês.
1,1
mil milhões de euros
foi quanto Amancio Ortega recebeu de dividendos, relativos à posição de 59,294% que detém no capital do grupo Inditex. O ano passado, ficou-se pelos 961 milhões de euros…
MARIA E GRAÇA ENLATAM NA ECONOMIA CIRCULAR Desperdícios coloridos da indústria têxtil são a matéria-prima usada por duas poveiras na confeção artesanal de carteiras e sacos, que batizaram Enlata Bags. Rede, Âncora e Isco são alguns dos nomes das carteiras feitas à mão por Maria Vasconcelos (administrativa desempregada) e Graça Ramalho (empregada numa sapataria), ambas com 52 anos, duas protagonistas da economia circular.
IMPETUS HESITA ENTRE CABO VERDE E MARROCOS Cabo Verde, Marrocos e Portugal são os destinos possíveis do investimento no aumento da capacidade produtiva da Impetus, que criará 90 postos de trabalho. O grupo português tem uma fábrica em S. Vicente (Cabo Verde), a Verdereste.
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OPINIÃO 2002
Paulo Vaz Diretor Geral da ATP e Editor do T
O PRIMEIRO DE MUITOS ANOS
MARCELO “KEY SPEAKER” NO 5º FÓRUM DA INDÚSTRIA TÊXTIL Marcelo Rebelo de Sousa foi o “key speaker” do 5º Fórum da Indústria Têxtil, que decorreu a 27 de novembro de 2002 na Fundação Cupertino de Miranda, Porto. “Um plano estratégico para o Setor Têxtil e de Vestuário” era o tema da grande conferência da ITV, que a partir do ano seguinte passaria a ser organizada pela ATP. Na foto, além do atual Presidente da República, Carlos Bravo, presidente da APIM (que no entretanto se fundiu com a TPT, dando origem à ATP), Daniel Bessa e Paulo Vaz.
O “T” completa nesta edição um ano. Uma efeméride ainda escassa em tempo transcorrido, mas, nem por isso, menos simbólica. O “T”, enquanto jornal da ATP-Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, mas que, como em tudo que a Associação realiza, procura ser muito mais universal do que seu âmbito associativo, nunca se reduzindo ou entrincheirando nos seus vínculos corporativos ou excluindo quem está na fileira, é inequivocamente uma aposta ganha. O “T” trouxe uma lufada de ar fresco à informação que se produz e circula no setor. Sem perder nunca a profundidade, oportunidade e seriedade dos temas que trata, fá-lo de forma contemporânea, com a suficiente atratividade para superar os públicos profissionais a que se dirige prioritariamente e conquistar novos leitores, alargando horizontes. O projeto “T” teve sempre em mente, como um dos seus objetivos primordiais, o propósito de captar novos profissionais e novos empreendedores para o setor, apresentando-o como ele realmente é: moderno, dinâmico, desafiante, pleno de oportunidades e futuro. Só um setor que tem futuro atrai para esse futuro os protagonistas que o vão fazer. Era fundamental não só criar essa nova realidade, mas promovendo-a com clareza e vigor. O “T” trouxe igualmente a novidade da narrativa que o setor não tinha até então: contar estórias, estórias na primeira pessoa de cada empresa, dos seus empresários, gestores, líderes em todas as áreas, que nos fascinam pelo seu rasgo, oportunidade, arrojo, persistência e tenacidade. Hoje, mais que nunca, a Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa tem orgulho do que é, do que se tornou, do que realiza, dos seus protagonistas: empreendedores, criadores, investigadores, técnicos e trabalhadores, que são, finalmente, um exemplo para o país, que entrou no radar da Comunicação Social e a olha sem preconceitos e com genuíno interesse e admiração, e que consta nos discursos da classe política, apresentando-a como modelo para as atividades económicas do país, unindo tradição com modernidade, “know-how” com inovação, criatividade e agressividade comercial, já que o mundo é o seu mercado natural. Mais que nunca. Ao final de um ano de extraordinárias experiências e de um conhecimento mais aprofundado da realidade setorial, o “T” orgulha-se de ser o espelho e o arauto de uma indústria que está mais confiante em si e no futuro, pois esse é o lugar onde quer marcar presença nos anos que hão-de vir. Este é o primeiro ano do “T”, que comemoramos. Sabemos que será o primeiro de muitos.
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Maria José Carvalho Diretora do Departamento de Produção Sustentável do CITEVE
Mário Vidal Genésio Engenheiro
VAMOS CIRCULAR A ECONOMIA!
O TÊXTIL HUMANO
Desengane-se quem pense que isto significa “contornar” a economia. O que se pretende mesmo é passar de uma economia linear para uma economia circular. Mas, se é mais fácil andar em linha reta do que em curvas, porque não manter a economia no caminho mais fácil? Parece-me que é principalmente porque o caminho em linha reta começa a ter muitos “buracos”, e de difícil reparação. Senão vejamos: o modelo linear da economia que inclui, de modo simplista, as fases extrair, fabricar, consumir e deitar fora, desenvolveu-se com base nos pressupostos de que os recursos estão disponíveis, quer em quantidade (abundantes), quer em acessibilidade (fáceis de obter), e que até rejeitá-los é fácil e barato. O problema é que a realidade desses pressupostos está a mudar devido, entre outros, ao aumento de pressão sobre os recursos disponíveis, às alterações ambientais, em especial as climáticas, ao curto tempo de vida dos aterros e à quantidade de espaço ocupado, e ainda, no caso do setor têxtil e do vestuário da Europa, à dependência de fontes de aprovisionamento fora da Europa, aumentando os níveis de incerteza e insegurança em relação a um aprovisionamento constante e fiável. Como resposta a esta mudança, surge o modelo de economia circular, que inclui as fases de obtenção da matéria-prima, conceção, produção/retransformação, distribuição, consumo/ uso/ reutilização/ reparação, recolha e reciclagem, num ciclo fechado, sendo que, a cada fase, devem estar associadas oportunidades de redução do uso de recursos e das suas perdas, utilização de recursos (incluindo energéticos) renováveis e recicláveis, bem como a redução da quantidade e nocividade das emissões para o ambiente (águas residuais, emissões atmosféricas, resíduos, etc.). Assim, na economia circular, a eficiência dos processos é baseada na lógica de ciclo de vida dos produtos e aplicada ao longo de toda a cadeia de valor, podendo incluir medidas para: • reduzir a quantidade de materiais e energia necessária para fazer o mesmo produto; • substituir os materiais classificados como perigosos por não perigosos ou, no mínimo, com menor nível de perigosidade; • reutilizar e reciclar os recursos usados nos processos (água, matéria-prima, energia, produtos químicos, etc.); • recorrer a energias renováveis; • utilizar meios de transporte menos poluentes; • aumentar a durabilidade dos produtos; • desenvolver produtos que possam ser reparados, reutilizados, retransformados ou reciclados; • minimizar a necessidade de recursos materiais e energéticos, na fase de utilização dos produtos (uso e manutenção); e • melhorar os sistemas de triagem de resíduos gerados. Muitas das medidas já foram implementadas e deram provas de bons resultados. O desafio da economia circular é que essas medidas sejam aplicadas de forma sistemática e que exista um incremento das simbioses industriais. É, por isso, essencial uma mudança de mentalidades e comportamentos, por parte dos empresários, do sistema financeiro e dos consumidores.
Depois da 1ª Revolução Industrial (século XVIII), propagada a partir da máquina a vapor e as suas aplicações na indústria têxtil, sucedeu-lhe a 2ª (finais do século XIX), que trouxe a produção em massa, e a 3ª (nos anos 70 do século XX), com a aplicação da eletrónica na produção e nos produtos. Estamos agora a entrar na 4ª Revolução Industrial: a Indústria 4.0. Tal como a agricultura, a passar por profundas transformações, está na sua revolução: Agricultura 4.0. A Indústria da Moda portuguesa, nomeadamente a área do Têxtil e do Vestuário, tem um impacto fortíssimo nas exportações e no emprego. Em 2016, o crescimento das exportações da indústria da Moda continua com muito bom comportamento, com taxas anuais de 6%, contrastando com outros setores nacionais. E isto não acontece por acaso, mas sim porque as empresas se souberam reajustar e muitas vezes reinventar, mesmo depois de passarem por crises recentes sucessivas, desde a liberalização nos tratados comerciais, até à crise mundial de 2008, ao resgate de Portugal de 2011 com tão penalizador impacto sobre o investimento e o consumo, ou o acesso ao financiamento. Várias vias de aumento da competitividade têm sido seguidas pelas empresas, mas os casos de maior sucesso, que são os responsáveis pelas boas estatísticas, radicam na criatividade e na inovação que é aplicada nas empresas e nos seus produtos. Portugal é cada vez mais visto como um país de design e de tecnologia aplicada à área da Moda, fatores estes que se juntaram às nossas vantagens competitivas tradicionais, de qualidade de produtos e de rigor dos contratos. Em termos de mercado, estamos perante boas perspetivas para a Moda nacional, tendo em conta os fatores positivos atrás referidos e o facto de muitos compradores que não foram bem sucedidos nos negócios com outros países, estarem a reaparecer. É uma oportunidade única, que urge agarrar com toda a determinação, para provar aos nossos clientes que trabalhar com a Industria da Moda Portuguesa é uma aposta ganha. Ainda antes de se falar na Indústria 4.0, já empresas nacionais apresentavam produtos que nela se enquadravam, como a camisola que monitorizava indicadores de saúde ou que dispensava medicamentos, com ligação a sistemas informáticos que acompanhavam e controlavam os processos. Efetivamente, é ao nível da tecnologia, na utilização de novos materiais e nas novas aplicações que se estabelece o perfil mais inovador da indústria da Moda. Os têxteis estão presentes em praticamente todas as atividades humanas, substituindo, com vantagem, outros materiais, pela sua leveza, pelo seu custo ou ainda pela sua trabalhabilidade, quer na aviação, no automóvel, na saúde, no calçado, entre outros. Não nos podemos esquecer do fator Moda, que equivale a inovação, já que tem de se renovar todos os anos e estações, não podendo a tecnologia ser dissociada da criatividade e da usabilidade dos produtos. A Indústria da Moda tem, assim, de estar na vanguarda desta nova revolução industrial, como esteve na primeira, e as empresas do setor têm que continuar a apostar naquilo que as diferencia, iniciando uma verdadeira Moda 4.0!
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
A vítima da Katty nesta edição de verão do T é um dos nomes mais populares das redes sociais: Mariana Mortágua. Para além de estar no centro da “Geringonça” foi considerada a jovem estrela portuguesa da política pela Bloomberg - e acaba de dar entrada no clube dos 30.
Mariana Mortágua em versão pin up Os esforços da nossa estrela da política, em manter as suas férias num discreto percurso, restrito ao seu círculo de amigos, dificultou a nossa investigação. Contudo os amigos também necessitam desabafar e foi por vias de um desabafo que encontramos estas informações preciosas. A Mariana despede-se dos 20 dando entrada pela porta grande na casa dos 30, e todo o itinerário foi muito bem pensado com algumas improvisações agradáveis, graças à prestação da nossa seleção. O começo desta aventura é plácido e sereno, passando uns dias de sol na Costa Vicentina. A Mariana surpreende aparecendo perante os amigos como que tirada de um calendário dos anos 50. Transformada numa verdadeira pin-up , com um biquini cai-cai de cinta subida em padrão de leopardo e óculos-de-sol de grande formato. Acompanhando este espírito rockabilly descobrimos que a Mortágua literalmente não larga as suas Chuck Taylor. Ao descalçar as sapatilhas All Star na praia surpreende com uma transgressora tatuagem deste conhecido modelo da Converse. Muito bem desenhadas em ambos os pés, com todos os pormenores, atacadores, pespontos e tudo o que tem direito. Em grande destaque a sua Montblanc de pena, dissimulada em tom de alfinete de peito. A boa prestação da nossa Seleção tem ajudado a preencher os planos de Mortágua. Como boa apreciadora de futebol seguiu a nossa seleção até Paris. Sabemos que é conhecida por não ter papas na língua, ou por “tê-los no sítio”, e decide deixar sem fala os seus seguidores nas redes sociais, figurando com um vestido tubular em rede transparente, embandeirando as cores do uniforme com que a seleção abriu caminho na competição europeia. Por baixo mais um biquini pin-up com padrão de polka dots e claro umas All Star, mas desta feita num verde purificante. O sucesso da nossa seleção adocicou ainda mais os festejos já previstos de Mortágua, que repetiu estes looks nas noites de Ibiza ao som da música pontuada por Paris Hilton.
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Brasão Rua da Liberdade 4082 Refontoura 4610-670 Felgueiras
O VELHINHO MODERNO Tal como com as pessoas, e cada vez mais, um restaurante antigo não tem de ser velho. Nas pessoas, já é um dado mais ou menos adquirido que os 80 de hoje são os 60 de há 20 anos atrás. Mas, lá está, não são as datas que vêm no Cartão de Cidadão que dizem se o seu, ou a sua titular, está velho ou não. Há que reconhecer que o aspeto visual já começa a dar-nos uma ideia do estado do resto, mas é fundamentalmente o espírito da pessoa que nos conta, se a sua idade é maior ou menor do que aquela que vem no documento de identidade. Com este restaurante Brasão, nas imediações de Felgueiras, passa-se exatamente o mesmo. É antigo sim senhor. Mas é moderno no serviço, no mise en place e nos pratos que tem à nossa disposição. Na primeira vez que lá fui, com a família Ferreira, da Patachou, vi o amigo Carvalho de muletas e ainda acentuei mais a impressão de velhice. Mas mal a comida começou a aterrar na mesa, percebi logo que estava num destes casos, que adoro, de velhinhos modernos. Quando lá voltei, entretanto, com a família Ferraz, da dr. Kid (Vila Boa de Quires), era eu que estava de muletas, mas tal como a canadiana do mestre Carvalho não estragou a canja de garoupa nem a costela mendinha assada durante oito horas na minha estreia, também as minhas maleitas não interferiram na poderosa cataplana de lavagante com que me deliciei da última vez que lá estive. Das entradas retenho os pastelinhos de queijo, a lula grelhada, o salmão selvagem e uns cogumelos Portobello recheados - que não pude comer mas mereceram aprovação generalizada. Para finalizar, ainda foi preciso arranjar espaço para um queque feito no momento, com uma leveza que nos desarmou e um sabor que a todos deixou saudades. Mesmo a mim, que nem gosto nada de queques...
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SOUVENIRS
MALMEQUER Jorge Honorato de Sousa, 47 anos, casado, tem dois filhos teenagers , a Inês e o Bernardo. É licenciado em Engenharia Industrial, ramo têxtil, pela U.Minho, tendo estagiado na Vionnaz (Suíça). Há 20 anos que é administrador e responsável pelas vendas da Carjor. Natural de Santo Tirso, onde vive e trabalha, também é fundador e administrador da Torre dos Pequeninos (colégio privado) e da Torre Senior (residências assistidas). É poliglota (fala seis línguas), um sonhador assumido, empreendedor e relações públicas por natureza
Gosta
Não gosta
Boa companhia Scorpions rir cromos pudim
Conversa fiada mão de vaca comunismo
Abade Priscos arrriscar correr à chuva favas
bebidas brancas espirrar danças de
raclette som dos pássaros eficiência cheiro do
salão fumo milho cozido roupa larga
mar champanhe selos café escrever Florença
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OS FIOS DE FRANCISCO MENEZES O que é que o humorista Francisco Menezes traz ao pescoço? Um, dois, três fios. Isso mesmo, leu bem. “Um de prata que comprei a um grande amigo, outro contra o mau olhado e aquele que me fez a minha querida sobrinha Patita, no qual vou pondo as conchinhas de Santiago de Compostela sempre que acabo um dos caminhos de Santiago”, revela o humorista. Francisco Menezes não se sentiria despido sem os três fios, mas confessa que são “a única coisa que realmente me faz diferença”. Por isso os elegeu prontamente como os acessórios dos quais não abdica e que estão sempre na (sua) moda. Francisco Ferreira da Silva Azevedo Menezes nasceu no Porto a 8 de Outubro de 1973. Começou na Rádio Nova como repórter de trânsito, a fazer "brincadeiras" no ar após a entrada de Álvaro Costa na estação. É também no Porto que se estreia em televisão, foi na NTV, em 2001, onde esteve à frente dos programas “Ncromos" e “O Desterrado”. Segue-se a TVI, onde durante dois meses colabora no programa “Vida é Bela” de Carlos Ribeiro. Já na RTP, apresenta o programa Portugal FM. Depois na SIC participou em programas como “Levanta-te e Ri” e “Contacto”. A sua estreia como apresentador dá-se em “Sonho de Mulher”, ao lado de Sílvia Alberto, no programa da SIC destinado a escolher a Miss Portugal de 2004. Também colabora como guionista, em conjunto com Eduardo Madeira e Nilton, no programa ”K7 pirata” da estação onde também faz algumas personagens e canta. Foi um dos apresentadores do programa “Companhia das Manhãs” que preenchia o horário diurno da SIC. No cinema fez parte do elenco do “Balas e Bolinhos” 3, sendo a sua primeira experiência no ramo do cinema, onde fazia de irmão da personagem Tone.
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