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JOÃO BRANDÃO CEO da ERT - Empresa de Revestimentos Têxteis
“PARA NÓS, A INOVAÇÃO É TÃO AUTOMÁTICA COMO RESPIRAR”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
P 20 A 22
EMERGENTE
ACABAMENTOS
DOIS CAFÉS E A CONTA
KATTY VESTE JERÓNIMO PARA IR AO CONGRESSO
ALEXANDRA: A MARIA RAPAZ DA LMA
MARIA JOÃO: A ARQUITETA DA ANDORINE
P 37
P6
P 33
PERGUNTA DO MÊS
O QUE ESTÁ A MUDAR NAS FEIRAS E SEMANAS DE MODA? P4E5
TÊXTEIS TÉCNICOS
REFLEXÃO
PENTEADORA VAI CAMUFLAR O EXÉRCITO FRANCÊS
18º FÓRUM TÊXTIL: OLHAR O PASSADO PREPARAR O FUTURO
P 28
P 24 E 25
FOTOSÍNTESE
PORTUGAL FASHION POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS P8E9
Novembro 2016
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Rita Ribeiro 38 anos Business Manager da TMG Tecidos. Licenciada em Gestão de empresas. “Fui para a TMG com a ideia de estagiar apenas seis meses, pois o meu pai trabalhou 40 anos na TMG e eu achava isso completamente redutor... No final do estágio, fui trabalhar com o CEO da TMG, António Gonçalves, meu mentor, e todos os dias até hoje (16 anos depois) aprendo e vivo novos desafios. Passou a voar, e estou para ficar…"
MODAS E DATAS Desde que me iniciei nas Portex, há 30 anos, que ando no mundo das feiras e por isso a turbulência atual é para mim uma espécie de dejà vu. Há anos assim, em que uma data de feiras desata a mudar a data das feiras. Sobretudo entre os grandes operadores de França, Itália e Alemanha, é costume assistir a estas guerras de datas, sendo que a História nos ensina que não é por causa destas mudanças que alguma feira morre - e também nos têm dito que sempre que existem sobreposições de datas, como vai acontecer na próxima estação, todos ficam a perder alguma coisa e ninguém ganha nada que se veja . Neste capítulo, também há modas no mundo da moda que nasceram para terem vida efémera e é isso que me parece que vai acontecer ao famoso "see now, buy now ". Quando se confunde uma apresentação de coleção aos profissionais e agentes do setor com a sua divulgação junto dos consumidores, ou quando algum artista plástico tenta enfiar no mesmo saco B2B e B2C estamos perante um devaneio virtual e não diante uma ameaça real. Mas no T, cá estamos para informar e discutir.
Trabalhar num Pagode Chinês é muito trabalho ou mais pagode? Muito trabalho, muitos prazos para cumprir, muitos objetivos para atingir que não nos deixam adormecer nem por um minuto...
Com o Natal a chegar que prenda adorava dar à TMG? Chegar ao resultado a que me propus no início do ano.
Ser parte de uma grande empresa como a TMG , é uma grande dor de cabeça ou apenas mais uma pequena ou média responsabilidade na sua vida? A TMG é parte integrante da minha vida. Embora haja um sentido de responsabilidade diário, não é só isso que me move - é muito mais a procura incessante da satisfação dos nossos clientes e a motivação dos nossos colaboradores...
Concorda com quem pensa que a presença das grandes empresas nas feiras internacionais alavanca a performance das PME nos mesmos certames? Fazendo um pouco de história, apenas as grandes empresas tinham acesso a estes certames e deram a conhecer o nosso país ao exterior. As PME aproveitaram - e bem - para se posicionarem. Temos PME a trabalhar com muita competitividade, seriedade e com muito bom produto. Acredito que há lugar para todos.
Quem tem a cabeça sempre no mundo inteiro a pensar no aumento das exportações, para que país ou países é que pensa mais neste momento? O meu pensamento está sempre, mais do que em qualquer país, no fazer bem e melhor. Portugal e a TMG em particular vivem uma oportunidade única de crescimento, que temos que aproveitar. Claro que há mercados onde somos mais fortes, nomeadamente Espanha, mas neste momento, e nunca perdendo de vista os nossos mercados core, os EUA e a Alemanha são os países onde estamos mais focados.
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E que a TMG lhe desse? O dobro das máquinas que tenho para poder dobrá-lo!!!
Se a sua empresa resolvesse deslocalizar as suas funções, que país do mundo escolheria para trabalhar? Acho que Portugal reúne as principais condições para uma empresa que ser competitiva: know-how, custos de exploração, polivalência, localização geográfica.Porquê deslocalizar? Na próxima Munich Fabric Start já a vamos visitar na "casa nova"? Claro que sim... Estou bastante curiosa para perceber o impacto desta nova localização. Melhor era impossível!!!!
- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto
PROMOTOR
CO-FINANCIADO
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n PERGUNTA DO MÊS Texto de Carolina Guimarães
O QUE ESTÁ A MUDAR NAS FEIRAS E SEMANAS DE MODA? See now, buy now é o mantra que está na moda num mundo da moda, onde reinam as “novas novidades e desvairadas mudanças de vidas e de costumes” de que já falava o cronista Rui de Pina no século XVI. A Milano Unica antecipou as datas e a Première Vision chegou a parar para pensar. A Bread&Butter deixou de ser uma feira tradicional para passar a ser um festival com direito a DJ, pista de dança e espreguiçadeiras. Mas já inovou outra vez e apostou na customização . A boa notícia é que os efeitos deste tremor de terra no ecossistema são benéficos para a nossa ITV
É o Rock in Rio Lisboa? O Primavera Sound no Porto? A Disneylândia Paris? Não, nada disso. É a apresentação da coleção da Tommy Hilfiger em Nova Iorque!
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mundo está em constante reboliço e os negócios da têxtil e da moda não escapam à mudança. As alterações vão acontecendo devagarinho e ganhando cada vez mais aderentes até se tornarem numa realidade. Mas o que de facto está a mudar? Havia até agora uma sequência de ouro conhecida por todos os expositores de tecidos em feiras europeias: a Munich Fabric Start é sempre aquela que abre a época, seguida da Milano Única e depois pela Première Vision (PV). Em Portugal, o Modtíssimo fecha este ciclo. Esta era uma rota conhecida pela maioria e que se fazia até aqui sem colisões, uma vez que cada certame acontecia em diferentes semanas do ano. O calendário de 2017, no entanto, trouxe uma surpresa: a Milano Unica adiantou as suas datas, quebrando a regra que há tantos anos se impunha. O resultado é que a Munich Fabric Start e a Milano Unica vão realizar-se em simultâneo (a primeira de 31 de Janeiro a 2 de Fevereiro e a
segunda de 1 a 3 do mesmo mês) e a PV apenas quatro dias após a feira italiana. Segundo Manuel Serrão, diretor da Associação Selectiva Moda, esta alteração é uma “guerra de antecipação, não só para saber quem faz a primeira feira mas também para evitar que seja mais fácil fazer compras no extremo Oriente”. Tal hipótese não é negada nem confirmada por Paula Feferbaum, representante da feira francesa em Portugal e Espanha, que não comentou a mudança de semana da PV. Já Tânia Mulert Barros, representante da Munich Fabric Start em Portugal, afirma que os alemães não estão contentes com a alteração das datas das feiras concorrentes e admite que “para as equipas de expositores portugueses vai ser difícil, uma vez que Munique e Milão coincidem nas datas”. Ainda assim, acrescenta, há poucos expositores a fazerem ambas as feiras, o que diminui os danos desta modificação inesperada. No que diz respeito às feiras sob a chancela da Messe Frankfurt, tudo se mantém igual. Cristina Terra da Motta, a sua repre-
“Agora o objetivo das marcas é chegar ao coração dos consumidores, fazendo-lhes sentir que as peças sejam feitas especialmente para eles” Rita Bonaparte Designer
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“Não estamos contentes com a mudança de datas. Sabemos que para as equipas de expositores portugueses vai ser difícil conciliar as datas das feiras” Tânia Mulert Barros representante da Munich Fabric Start
sentante em Portugal, diz ser “importante que as datas não sejam muito diferentes, para haver estabilidade”, uma vez que os calendários de muitos dos expositores estão dependentes das feiras em que participam. Mas os ventos de mudança no setor das feiras não se fazem sentir só ao nível dos calendários, mas também na forma como se organizam e das oportunidades que trazem aos visitantes. Estes salões são, hoje em dia, vistos como pontos de convívio entre fornecedores e clientes e transformaram-se em locais onde não só se faz negócio como também se aprende e se vive. Cada vez mais se aposta na exposição de materiais inovadores, em conferências e palestras, momentos de festa e convívio que desmistificam a ideia de uma feira conservadora, onde o negócio é a única palavra de ordem. Um dos exemplos vivos dessa mudança é a Bread&Butter, que renasceu este ano ainda mais inovadora. A antiga feira “B to B”, sediada em Berlim, reabriu em setembro e transformou-se num fim-de-semana de festa
aberta ao público, com entradas vendidas a 15 euros. Lá, era possível um cliente normal personalizar e comprar umas sapatilhas Adidas, renovar os seus velhos jeans Levis ou fazer um treino com material da Nike. A designer Rita Bonaparte conta a experiência na primeira pessoa, descrevendo a nova Bread&Butter “quase como um festival, com direito a música, DJ’s, pista de dança e até espreguiçadeiras para quem quisesse descansar”. Rita diz que a grande diferença desta feira para as outras está, acima de tudo, no destinatário final: “os agentes e os lojistas também lá estão, mas o principal destinatário passou a ser o cliente final”. Para as marcas há por isso uma fase no processo de distribuição que é ultrapassada, uma vez que o consumidor final é agora aquele que querem “enfeitiçar”, em vez dos retalhistas. Para isso, o truque é “chegar-lhes ao coração, fazendo com que as peças sejam feitas especialmente para eles ou fazendo os compradores entrarem no espírito da marca, sentindo-se parte dela”.
No entanto, os agentes intermediários continuam lá, agora na forma de bloggers. A designer afirma que estes opinion-makers “influenciam o cliente e são cada vez mais o fio condutor entre o consumidor e a marca, ajudando muitas vezes a visualizar como é que o produto fica vestido ou se conjuga com outras peças, por exemplo”. Agora integrada na semana da moda de Berlim, a Bread&Butter faz por isso parte da tendência “see now, buy now” que está a ganhar cada vez mais adeptos no mundo da moda. Lá, os clientes compram as coleções que estão neste momento nas lojas e podem até ver desfiles com as roupas que podem comprar logo a seguir. A Tommy Hilfiger também já embarcou nesta onda e organizou, no início de Setembro uma festa no sul de Manhattan, a Tommy Pear, que quebrou com as típicas festas de moda: aqui houve direito a uma roda gigante de 12 metros, carrosséis, música e muitos stands de fast food. Na passarela desfilaram os modelos com a coleção de Outo-
no que podia ser adquirida imediatamente após o desfile, tanto no local como no site da marca. Mais uma vez, o público-alvo foi o consumidor final, que representou cerca de metade dos 2 000 convidados da festa. A tendência também tem abalado as semanas da moda de todo o mundo. Na última edição da New York Fashion Week, Thakoon Panichgul, criador tailandês, fez desfilar a sua coleção, disponibilizando-a num curto espaço de tempo para o consumidor final. O mesmo fez Rebecca Minkoff - a marca americana registou um aumento de 168% das vendas no fim-de-semana do desfile, comparado com o mesmo período após a exibição da coleção no ano anterior. Também a Burberry, que mostrou pela primeira vez um conjunto de peças pronto a comprar na Semana da Moda de Londres, viu muitas das roupas esgotarem no dia seguinte, tanto nas lojas físicas como online. Diane von Fürstenberg e Tom Ford adotaram outra tática, organizando reuniões privadas com um número limitado de compradores, mostrando-lhes diretamente a coleção que irá para as lojas nos meses seguintes. Embora com estratégias diferentes, o objetivo parece ser o mesmo: evitar as fugas de informação imediatas na internet e as consequentes imitações em cadeias de lojas mais baratas. Para além disso, as marcas aproveitam a febre dos compradores logo após os desfiles, abraçando a necessidade imediata que estes têm de comprar as peças depois de as ver passar na passarela. Assim, não existe o gap entre a apresentação da coleção e a sua posterior venda, fazendo com que o processo seja muito mais imediato e não permita esquecimentos, desmotivações ou segundos pensamentos. O sucesso do “see now, buy now” restringe-se para já às marcas de luxo, onde as margens de produção não são assim tão grandes e muitas destas pe-
ças são pensadas e confecionadas especialmente para este efeito. Para Manuel Serrão, tal tendência não tem por isso pernas para andar em marcas de grande escala: “Cabe na cabeça de alguém apresentar uma coleção a 50 mil consumidores? Estão a confundir-se dois tipos de negócio, o Business to Business [negócio para negócio] e o Business to Costumer [negócio para consumidor]. A meu ver isto não vai provocar nenhuma revolução. Vão surgir alguns eventos diferentes, mas não vejo forma desta tendência se estender para todo o tipo de salões”. De salientar que esta tendência, ainda que possa impedir a cópia rápida por parte das marcas low cost, acarreta no entanto grandes desvantagens. Entre outras coisas, obriga à criação de grandes stocks, tornando-se um risco para os criadores, que não conseguem prever quais serão as peças com mais adesão e saída. Implica igualmente o delinear de uma nova estratégia por parte das marcas, tanto de vendas como de marketing, uma vez que os ritmos de produção e de venda são completamente diferentes dos habituais. Esta mudança altera por completo o tradicional processo de compra e venda ao nível do retalho e multimarca. Manuel Serrão explica que “normalmente há um delay entre a apresentação da coleção e o início das vendas”, o que permite que os produtos sejam escolhidos e confecionados, e que depois se giram os stocks da melhor forma, consoante a adesão da clientela. Com este modelo, tal não é possível, obrigando a uma aposta cega por parte dos retalhistas. Apesar da descrença nesta nova tendência, Manuel Serrão finaliza com uma nota animadora, admitindo que por uma questão de proximidade e fiabilidade, este novo modelo pode constituir uma boa hipótese para a nossa ITV, uma vez que “tudo o que seja encurtar prazos de stocks é bom para Portugal”.
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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel
Cantina da Fábrica Fibrolite Avenida de Poldrões 10 Vila das Aves
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Entradas: Sopa Pratos: Filetes de pescada frita, com salada e arroz Sobremesa: Queijo com marmelada Bebidas: Vinho verde, água e café
A MARIA RAPAZ Alexandra não degenerou. Sai aos seus. É industrial (“Prefiro industrial a empresária. Um industrial produz alguma coisa”) pois é o fruto da confluência de duas famílias de industriais - os Abreu de Vila das Aves, e os Araújo, de Pevidém. Até a rebeldia no percurso escolar tem antecedentes. A mãe, Lina, foi posta fora da FEP por ser capitalista e ir de Alfa Romeu para a faculdade. E o pai, Leandro, começou a trabalhar aos 16 anos, após ter sido expulso da escola, em Braga, por ter dado uma coça a um professor. “Adoro ser mandona. Eu é que sei!”,
graceja, antes de passar a explicar o seu conceito de liderança: “Ser líder não é estar sentada a gerir a minha secretária. Gosto de estar por dentro das coisas. Sei o nome de todos os nossos funcionários, o que fazem e quem são as suas famílias”. Almoçamos, tal como ela faz todos os dias da semana (só não partilhou a refeição com pais e avô, porque chegamos já depois das duas, pois atrasamo-nos na conversa na LMA), na sala reservada à família na cantina da Fibrolite, a fábrica de fibrocimento fundada pelo avô Joaquim Ferreira Abreu, um
Alexandra Araújo Pinho
35 ANOS ADMINISTRADORA DA LMA Como estavam à espera de um rapaz, o dia 16 de abril de 1981, em que Alexandra nasceu na Ordem da Trindade, não foi o mais feliz da vida dos pais - que resolveram não insistir e ela ficou filha única. No entretanto, Xana tem-nos compensado da expectativa frustrada. Teve a primeira mota com quatro anos, Aos 11 anos foi apanhada a estacionar o Mercedes S do avô no centro de Santo Tirso. Nas férias grandes ajudava a carregar a urdideira com bobinas de fios. “Sempre fui uma Maria Rapaz. Nunca fiz vestidos” - afirma e o cadastro escolar concorda. No secundário, feito no Instituto de Sezim (Guimarães) estava sempre de castigo. E no 3º ano de Gestão da Portucalense pegou-se com o professor de Micro-economia, que era comunista, saiu da aula e nunca lá pôs os pés. Alexandra é casada com um dos filhos de José Maria Pinho, de quem tem uma filha, Nina, nove anos, que quer ser designer têxtil
self made man, um serralheiro com a 4ª classe, que ergueu um grupo empresarial de materiais de construção a partir de um alvará comprado com dinheiro emprestado pelo Conde de Riba d’Ave, de quem foi motorista. “O meu avô ensinou-me a nunca dar nada por adquirido. Existe futuro mas só se trabalharmos muito e todos os dias”, lembra Alexandra, que também aprendeu com o avô Joaquim a cultivar boas relações com toda a gente: “Em casa do conde de Riba d’Ave quem comia as melhores coxinhas de frango era ele, o motorista, porque se dava bem com a cozinheira”. Ainda lhe passou pela cabeça estudar Arquitetura, mas não tardou a perceber que lhe competia tratar do legado da família - a LMA, criada em 1995 pelo pai e que leva na razão social as iniciais do seu nome (Leandro Manuel Araújo). “Sabia que ia acabar por vir para aqui. Era inevitável. Não podemos fugir ao nosso destino”. diz. Os Araújos, de Pevidém, estão nos trapos já há muitas gerações (“o meu trisavô já era têxtil”). O pai de Alexandra, que está na indústria desde os 16 anos (“Não há nada da têxtil que ele não saiba”), seguiu o seu próprio caminho em 1995, na sequência de desavenças familiares. “Teve visão. Não havia ninguém a fazer malhas para desporto. Arrancamos na cave da fábrica do meu avô na Vila das Aves. Em cima fabricava-se fibrocimento. Em baixo tricotavam-se malhas. Éramos meia dúzia. O meu pai era o comercial e diretor de produção. A minha mãe, a Dona Lina, fazia tudo, era a diretora financeira, escriturária e a secção de pessoal. E eu, que tinha 14 a 15 anos, tratava do arquivo”, recorda. Após três anos a trabalhar para o mercado interno, a LMA conquistou a Nike e passou a pôr as fichas todas na exportação. “A Nike exigia todas as certificações de qualidade. Ajudou-nos a crescer e ensinou-nos a trabalhar”. Em 2004, quando perdeu a Nike e Adidas, a LMA andou de lado. Mas logo voltou a por-se de pé. “Até aí trabalhámos para meia dúzia de clientes. Passamos a trabalhar para mil. A necessidade aguça o engenho”, explica Alexandra, a gestora da empresa portuguesa que ganha mais prémios na ISPO - “O segredo? A equipa. O departamento de i&d somos todos nós.”
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1. TUDO COMEÇOU EM LISBOA, COM O PAVILHÃO ÍCONE DA EXPO 98, RISCADO POR SIZA VIEIRA, A TRANSFORMAR-SE NO PAVILHÃO DO PORTUGAL FASHION
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2. A COLEÇÃO DE ALEXANDRA MOURA FOI FEITA A PENSAR EM MULHERES E HOMENS IRREVERENTES, URBANOS E CONFIANTES, QUE APRECIAM LOOKS ÚNICOS
PORTUGAL FASHION 39 ANDOU POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS Mais de 25 mil pessoas assistiram a 38 desfiles (dos quais cinco de marcas de pronto-a-vestir) em quatro edifícios emblemáticos de Lisboa e Porto. Já há muitos anos que o coração do Portugal Fashion bate na Alfândega, mas como a moda gosta de vadiar, na edição 39 andou por mares nunca dantes navegados, como o Pavilhão de Portugal, o Palácio dos Correios e o Terminal de Cruzeiros de Leixões. Foi mais uma edição de tirar o fôlego, em que a apresentação da coleção Sport Zone + Miguel Vieira Powered by Portugal Fashion foi a cereja no topo do bolo
5. NOT ONLY ORDINARY PEOPLE - O MOTE DA COLEÇÃO DE JÚLIO TORCATO, QUE SE REVELOU UM EXERCÍCIO ÍMPAR DE FUSÃO ENTRE AS ESTÉTICAS CLÁSSICA E MINIMALISTA (NA FOTO RUBEN RUA, QUE FEZ AS SUAS EXIBIÇÕES NO FASHION)
10. NA SUA ÚLTIMA PRESENÇA NO PORTUGAL FASHION NA QUALIDADE DE PRESIDENTE DA ANJE, JOÃO RAFAEL KOEHLER DEMONSTROU O MESMO ENTUSIASMO, DEVOÇÃO E EMPENHO QUE LHE VIMOS NA SUA PRIMEIRA VEZ
6. OS MATERIAIS USADOS POR LUÍS BUCHINHO SÃO EASY TO WEAR. O DESIGNER RECORREU A TECIDOS TÉCNICOS PLISSADOS E AMARROTADOS
11. JOSEFINA BORGES, NATÉRCIA MARGARIDO E JÚLIO TORCATO, O TRIO MARAVILHA DA LION OF PORCHES
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3. GRANDE AZÁFAMA, COMO É USUAL, NOS BASTIDORES DA ALFÂNDEGA, NOS MOMENTOS QUE ANTECEDEM OS DESFILES
4. A FRASE QUE O FILHO DE ANABELA BALDAQUE DISSE À AVÓ MAL CHEGOU DE TÓQUIO (“GOSTO DE TI ATÉ AO JAPÃO”) SERVE DE TÍTULO A UMA COLEÇÃO PARA MULHERES ARROJADAS 7. KATTY XIOMARA APROVEITOU UMA ABERTA ENTRE DUAS CARGAS DE ÁGUA PARA FAZER A ESTREIA DA MODA NA ARENA DO TERMINAL DE CRUZEIROS DE LEIXÕES
8. JANI GABRIEL, VANESSA OLIVEIRA E ANDREIA RODRIGUES - DO PEQUENO ECRÃ PARA A GRANDE PASSARELA, PELA MÃO DE ANA SOUSA
9. O CINZA CIMENTO E O BEGE AREIA MISTURARAM-SE ALEGREMENTE COM OS TRÊS AZUIS (NOITE, ABERTO E CÉU) NA COLEÇÃO DA DIELMAR
12. O AZUL FOI REI NA COLEÇÃO DA VICRI, QUE NOS FEZ EMBARCAR NUMA VIAGEM ATÉ CUBA
13. MISTURAS DE FIOS DE SEDA E VISCOSE DE ESPESSURAS DIFERENTES FORAM UMA DAS NOTAS DA COLEÇÃO PÉ DE CHUMBO
14. GABRIELA E PAULO MELO, ODETE E JOÃO COSTA: O ESTADO MAIOR DA ATP ATENTO AO DESFILES DAS MARCAS NO PORTUGAL FASHION 39
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DS COM MAIS 50 TON DE FELPOS POR MÊS A Domingos de Sousa & Filhos (DS) está a aumentar a produção de felpos de 150 para 200 toneladas/mês. Fundada em 1961, a empresa de Guimarães começou por fabricar colchas. A partir de 1974 evoluiu para a produção de atoalhados de felpo. Fechou 2015 com um volume de negócios de 17 milhões de euros (mais 8,5% que no ano anterior) .
ANGOLA QUER RELANÇAR PRODUÇÃO DE ALGODÂO O relançamento da produção de algodão, em particular na província de Malanje, é considerado estratégico pelo governo de Luanda. “O algodão é importante por ser um produto de exportação e uma matéria-prima para a indústria têxtil”, declarou o ministro angolano da Agricultura Marcos Alexandre Nhunga.
Um cliente italiano da Paula Borges classifica a empresa como um "atelier industrial", aludindo à qualidade do vestuário que faz
PAULA BORGES VEZES DOIS Raposo Antunes
A Paula Borges Confeções quer duplicar a sua produção com a nova unidade industrial que começou a funcionar em Maio deste ano em Baião e que representou um investimento de 145 mil euros. Dedicada à confeção de vestuário para mulher, designadamente vestidos de toilette e de noiva, Paula Borges tem marca própria há 44 anos, mas 90% do que produz atualmente na sua unidade de Gueifães, na Maia, é feita em regime de private label para grandes marcas como Prada, MaxMara, Victoria Beckham e Nina Ricci. O volume de negócios em 2015 foi de dois milhões de euros. “Foi o nosso melhor ano”, diz Paulo Faria, diretor comercial da empresa, casado com Lúcia Borges, filha de Paula Borges, e tal como esta última responsável pela parte criativa e produção da empresa. Em defesa da qualidade do vestuário de mulher que fazem, Paulo Faria cita um cliente italiano que
Prada, Max Mara, Victoria Beckham e Nina Ricci são algumas das grandes marcas clientes da empresa da Maia qualifica a empresa como “um atelier industrial”. E foi precisamente isso que levou as confeções Paula Borges a investir nesta nova unidade em Baião. A câmara local disponibilizou o espaço no parque industrial e uma parceria com a Modatex permitiu fazer a formação dos 30 trabalhadores desta nova unidade (na Maia, trabalham 45 pessoas). “Face à falta de mão-de-obra qualificada, tivemos que participar neste processo de formação”, explicou. Numa primeira fase surgiram centena e meia de candidatos, que passaram por vários processos de seleção, tanto pela Modatex como por Paula Borges, acabando por ficar os
atuais 30 trabalhadores que efetuaram uma formação específica para trabalhar neste novo “atelier industrial”. “Muitos deles tinham já experiência em antigas confeções instaladas em Baião que entretanto fecharam”, conta Paulo Faria, frisando que o investimento foram os 145 mil euros em teares e o aluguer que a empresa terá de pagar à câmara, num compromisso a três anos. A unidade de Baião irá produzir séries maiores de vestuário do que aquelas que são produzidas em Gueifães. “É uma linha vocacionada nesse sentido, enquanto na casa-mãe faremos quantidades menores, mas mais caras”, explica o diretor comercial da empresa, que está particularmente otimista com este investimento. “Com a crise asiática, mercado não vai faltar”. E as apostas da empresa são sobretudo na Inglaterra e em Itália. “É evidente que estaremos atentos à abertura de novos mercados e iremos continuar a apostar na participação em feiras internacionais”.
QUER SER ALFAIATE? VÁ PARA ALCAINS A Dielmar está a concluir um investimento num novo espaço, integralmente destinado à alfaiataria, nas suas instalações industriais em Alcains, Castelo Branco. No novo espaço, começará a ser lecionado, o mais tardar na próxima Primavera um curso profissio-
nal de Alfaitaria, com a duração de três anos, que resulta de uma parceria entre a Dielmar e o Modatex e contará com a participação de um alfaiate italiano. “O curso mudará para o Museu da Alfaiataria, que vai ser criado na sequência de um protocolo que assi-
namos com a Câmara Municipal”, informa Ana Paula Rafael, CEO da empresa de confeções que assumiu a assinatura “Marca dos Campeões” após a vitória de Portugal no Europeu de França (além da Seleção Nacional, a Dielmar também veste o Benfica).
"A etiqueta made in Portugal vale muito. Muito mais do que aquilo que podemos pensar. É sinónimo de qualidade, de know-how, de serviço. Batemo-nos com os melhores a nível mundial" Paulo Melo presidente da ATP, à Notícias Magazine
MODA SUSTENTÁVEL NO BAIRRO DA ROUPA SUJA
O bairro Roupa Suja, da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, foi o cenário de um desfile de moda sustentável e da entrega de certificados aos alunos dos cursos Ecomoda e Funk Verde, do projeto De Olho no Lixo. No desfile foram apresentadas 238 peças, entre roupas, bolsas e acessórios, produzidos a partir de restos de tecidos, retalhos, roupas usadas e até sacos de plástico de supermercados e nylons das torcidas das equipas de futebol, que assim escaparam ao destino de irem parar ao caixote do lixo.
3,6 milhões
de hectares de plantações de algodão fazem do Estado do Texas o maior produtor mundial de algodão
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X A MINHA EMPRESA
MERCEDES PREMEIA DAVID FERREIRA
Por: Jorge Fiel
Fábrica de Tecidos do Carvalho Estrada Nacional 105 nº 991 4815-135 Lordelo, Guimarães
Atividade Fabrico de atoalhados turcos para casa e hotel, toalhas de praia e robes Trabalhadores 200 Volume de negócios 22 milhões de euros (95% exportações) Principais mercados França (25%), Estados Unidos (20%), Itália (15%), Suíça (15%) e Suécia (10%)
O criador de origem portuguesa David Ferreira venceu a 1ª edição do concurso Les Etoiles-Mercedes Benz, com um vestido de couro envernizado e inteiramente bordado, que recolheu a unanimidade do júri Diplomado com um BA em Fashion Design pela Universidade de Westminster. David, 25 anos, viu a sua primeira coleção, apresentada o ano passado na New York Fashion Week, ser distinguida com o prémio Vfiles, enquanto a segunda coleção, mostrada em Londres, recebeu o prémio Merit.
TEMPO QUENTE TRAMA VENDA DE ROUPA NO UK O tempo anormalmente quente conjugado com coleções pouco inspiradas é a explicação dada pelos analistas para a queda de 5,4% registada em setembro nas vendas de roupa e calçado no retalho britânico.
"A economia de Portugal depende muito dos setores tradicionais" João Rafael Koehler presidente da ANJE
A reinvenção de uma empresa Nas feiras, Francisco Xavier Gomes, tem sempre uma garrafa de água à mão. Não é para beber. É para estar pronto a fazer logo ali um teste de qualidade dos seus produtos. Se lhe parece que o promitente cliente está cético, ele entorna um pouco de água na mesa, que prontamente enxuga com um felpo da Fábrica de Tecidos do Carvalho, ficando assim demonstrada a excelente capacidade de absorção dos seus atoalhados. Esclareça-se desde já que nesta história, que já vai em 91 anos, o único carvalho existente é muito provavelmente a árvore que deu o nome à Quinta do Carvalho, em Gandarela, onde nasceu a empresa, pela mão de António Ferreira Gomes, avô de Francisco Xavier, o atual CEO. Lençóis, em linho e algodão, foram o primeiro produto da empresa, que durante a II Guerra Mundial diversificou para riscados fortes, tecidos para fardas, lenços de mão, etc... (“Havia falta de tudo”), e fartou-se de ganhar dinheiro. No final dos anos 50, a 2a geração da família Gomes teve a visão estratégica de usar os capitais acumulados durante e guerra para mudar a Fábrica do Carvalho da quinta que lhe deu o nome para instalações mais amplas e modernas, bem servidas de transportes (na EN 105 e bem perto do caminho de ferro de Lordelo), de modo a facilitar o acesso da matéria-prima e o escoamento de mercadorias. Embalada pelas vendas para as ex-colónias, e combatendo a sazonalidade ao acrescentar mantas e cobertores à sua carteira de produtos, a empresa foi prosperando até ser sacudida pelas consequências do 25 de Abril.
“Perdemos um mercado, o das ex-colónias, mas ganhamos outro o mercado interno, que se tornou atraente com o estabelecimento do salário mínimo e a subida generalizada do poder de compra”, reflete Francisco Xavier, que fez parte da 2ª fornada do curso de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho e passou pela Belcor e pela Baiona antes de, em 1983, deitar âncora na empresa fundada pelo avô. Teve um choque. Encontrou uma empresa antiquada e apática, velha e sem mercados. “Faltavam-lhe duas coisas: exportação e organização”, diz Feito o diagnóstico, passou à ação. Primeiro, apertando o controlo de custos, para garantir um mínimo de autonomia financeira que permitisse à Carvalho manter a cabeça fora de água. Depois afinando o produto, descontinuando a produção de mantas e cobertores e apostando nos felpos. “Definimos o nosso caminho com a ajuda do mercado. Chega-se a uma altura em que se tem de mudar. Foi o mercado que nos abriu os olhos e ajudou a ver onde estava mais futuro, mais procura e mais cash flow”, sintetiza Francisco Xavier. Não foi a última crise que teve de vencer. Já neste século, o efeito conjugado da adesão ao euro e da entrada dos países asiáticos na OMC feriu gravemente a competitividade da nossa ITV. A Fábrica de Tecidos do Caravlho soube adaptar-se e sobreviver. Como? “Fazendo aquilo que as organizações têm de fazer em momentos de crise. Modernizando-se, reinventando-se, apostando no desenho, inovação e qualidade, tornando os seus processos produtivos mais flexíveis e versáteis. Não se pode estar sempre a fazer a mesma coisa. Quem não fizer isso está tramado”, avisa Francisco Xavier.
ROUPA E CALÇADO SUBIRAM 22,1% Em setembro, os preços de vestuário e calçado subiram 22,1% relativamente ao mês de agosto. “Este aumento foi consequência do final do período de saldos nos produtos de vestuário e da introdução das novas coleções de outono/inverno”, comenta o INE. Em setembro a taxa de inflação em Portugal foi de 0,6%, quando comparada com setembro de 2015, ou de 0,7%, se medida relativamente a agosto deste ano.
AQUITEX E CATÓLICA CRIAM GLUTÕES VERDES Investigadores da Católica do Porto, em colaboração com a Aquitex, descobriram micro-organismos capazes de degradar, em menos de 24 horas, corantes usados na têxtil - ou seja uma solução inovadora para tratar efluentes industriais. Esta boa notícia foi publicada na página 14 da edição de outubro do T - só que fomos apanhados na ratoeira da escrita inteligente e o nome da Aquitex (empresa portuense que se dedica à comercialização de produtos auxiliares têxteis) não saiu corretamente escrito. As nossas desculpas - à Aquitex e aos leitores.
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LIXO DA HELIOTÊXTIL DÁ ORIGEM A CADEIRAS Os desperdícios da Heliotêxtil estão a ser usados na produção de mobiliário pela Catraia, uma start up residente na Oliva Creative Factory, no âmbito do projeto Mobiliário Entrelaçado que resulta de um desafio lançado pelo Turismo Industrial de S. João da Madeira. A Heliotêxtil fabrica etiquetas, passamanarias, fitas e transferes.
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A ALBANO MORGADO E A SUÍÇA DA TÊXTIL
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empresas têxteis estão em atividade na Galiza, empregando 13.460 trabalhadores
ÁFRICA TÊXTIL ARRANCA ESTE MÊS Isaac dos Anjos, governador de Benguela, anunciou que a África Têxtil começará a laborar este mês de Novembro, permitindo que os angolanos deixem de ter necessidade de ir ao estrangeiro para comprar tecidos. Fruto de um forte investimento estatal nos anos 80, a África Têxtil esteve paralisada na sequência da guerra civil angolana. Os trabalhos da sua recuperação, a cargo de uma empresa japonesa, ficaram concluídos em 2015. O governador de Benguela espera que o arranque da sua produção tenha um efeito desmultiplicador a jusante, gerando novos negócios na área da confeção, moda e comércio.
"A rastreabilidade é uma prioridade para a Inditex, com a qual identificamos todos os processos dos nossos fornecedores, supervisionando-os através de dez mil auditorias anuais, entre sociais e ambientais" Pablo Isla CEO da Inditex
PUMA CRESCE PINAULT SATISFEITO A Puma, a marca estrela de segmento sport-lifestyle do grupo Kering (dirigido pelo francês François-Henri Pinault), fechou o terceiro trimestre com um volume de negócios ligeiramente superior a mil milhões de euros, que representa um crescimento de 6,5%.
“O que é clássico toda a gente tem. Nós estamos sempre em busca de coisas diferentes para apresentar aos clientes”, refere Baltazar Lopes Qualidade e diferença são o alfa e o ómega da estratégia que tem permitido à Albano Morgado manter a cabeça fora de água, apesar de ter enfrentado águas revoltas durante o longo percurso que leva desde que, em 1927, o seu fundador, Albano Antunes Morgado, um vendedor de tecidos no Ribatejo e Alentejo, se decidiu estabelecer com uma pequena fábrica, instalada num barracão em Castanheira de Pêra. “O que é clássico toda a gente tem. Nós estamos sempre em busca de coisas diferentes para apresentar aos clientes”, explica Baltazar Lopes, o administrador com o pelouro comercial da Albano Morgado, enquanto mostra um exemplo do que acaba de dizer um bond, ou seja um tecido com uma membrana colada que lhe garante ser ao mesmo tempo respirável e impermeável. “Só usamos fibras de lã virgem e misturas com alpaca, caxemira e pelo de camelo”, acrescenta, exemplificando a aposta na qualidade desta empresa vertical (começa na rama de lã e vai até ao tecido), que emprega 85 pessoas. A Albano Morgado fechou 2015 com um volume de negócios de 4,7 milhões de euros
(dos quais 70% correspondem a exportação direta), que deverá crescer este ano. “Se o último trimestre correr da mesma forma que o resto do ano vamos crescer. Mas não estamos preocupados com isso. A nossa meta não é ser uma grande empresa, mas sim ser uma boa empresa”, afirma Baltazar. Ser uma média empresa - e por isso mais ágil - foi fundamental para resistir ao vendaval que derrubou a esmagadora maioria das grandes empresas de lanifícios. Mas não chegou. Também foi preciso ter a esperteza de aprender as lições. “Compreendemos que era preciso exportar. O mercado interno continua a ser importante para nós, mas já há muito tempo que sabemos que não podemos estar dependentes dele. Aprendemos também que era preciso entrar numa fase de modernização contínua de equipamentos, processo e produtos”, conta Baltazar Lopes. 2007 foi o ano da grande mudança, dos investimentos em modernização e ampliação das instalações (a área cober-
ta quase duplicou, para os oito mil metros quadrados) e da aposta nas exportações, um esforço que já começou a dar frutos. “Durante algum tempo fomos a China da Europa. Quanto é que custa? Quando entregam? eram as únicas perguntas que os clientes faziam. Isso mudou. Impusemo-nos no mercado internacional através da qualidade e design. Hoje a nossa capacidade - e não estou a falar só da Albano Morgado mas também da generalidade do setor - é reconhecida e os compradores admiram-nos. Deixamos de ser a China da Europa para passarmos a ser a Suíça da têxtil”, afirma o administrador da empresa de Castanheira de Pêra. A boa reputação da ITV portuguesa resulta de um esforço continuado de aperfeiçoamento, que não pode parar. A Albano Morgado dá o exemplo. “Estamos a apostar muito nos mercados dos Estados Unidos e do Japão, onde estamos a passar do estado do conhecimento para o do reconhecimento. A ganhar credibilidade. Trata-se de mercados exigentes, muito rigorosos, onde somos testados durante anos, e que por isso nos ajudam a sermos cada vez melhores e mais competitivos”, concluiu Baltazar.
CAVACO PAULO DISTINGUIDO PELA CHINA Um professor da Universidade do Minho, Artur Cavaco Paulo, foi distinguido com o prémio Jiangsu Friendship Award, pelo seu contributo excecional para o desenvolvimento desta província chinesa que tem 75 milhões de habitantes. Cavaco Paulo tem apoiado o desenvolvimento da investigação em biotecnologia têxtil naquela região chinesa, tendo participado na criação na Escola de Têxteis e Vestuário e do Laboratório Internacional de Investigação Conjunta em Têxteis e Bioprocessos em Fibras da Universidade de Jiangnan.
Supervisiona ainda alunos de pós-graduação e jovens cientistas de Jiangsu, além de receber todos os anos na sua equipa da UMinho três alunos da Jiangsu. “O prémio é mais um reconhecimento da excelência da ciência produzida no Minho e em Portugal", afirma Artur Cavaco Paulo, um alentejano doutorado em Química Têxtil, que tem cerca de 300 artigos científicos publicados e está no conselho editorial das revistas Coloration Technology e Biocatalysis and Biotransformations.
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CABINAS DE PROVAS PARA DEFICIENTES O governo carioca legislou e o retalho tem três meses para obedecer. Todas as lojas do Estado que vendam roupa ou calçado são obrigadas a instalar cabinas de provas para deficientes ou adaptar as já existentes por forma a torná-las acessíveis a pessoas com necessidades especiais e mobilidade reduzida. “Comprar roupas e sapatos é um hábito comum, mas para essas pessoas pode-se tornar extremamente difícil e constrangedor por falta de espaços adaptados nos provadores”, explica um porta-voz do governo do Rio.
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“Nestes novos tempos, mudou o paradigma e para se ser competitivo no têxtil é preciso ter qualidade, serviço, flexibilidade e, acima de tudo, apostar na requalificação permanente dos recursos humanos, que são o pilar da nossa atividade. Queremos que todos sejam felizes" José Vilas Boas Ferreira líder do grupo Valerius
DECENIO TAMBÉM É MARCA DE AZEITE Orgulhosa das suas origens e assumindo uma identidade que se baseia no estilo de vida e costumes da Europa (o que justifica a nova assinatura Mediterrano), a Decenio está a desenvolver novos produtos, entre os quais se conta já um azeite com a sua marca.
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Raposo Antunes
A revista francesa The Good Life classificou-a como a empresa “mais cara e silenciosa” de Portugal. Mais cara não sabemos, silenciosa é seguramente. E não estamos só a falar de ruído industrial, que esse não existe de todo. Quem passa na rua José Falcão, no coração do Porto, não pode imaginar que aquele edifício de três pisos revestido por pequenos azulejos verdes alberga os mais de 80 trabalhadores do Atelier des Créateurs. No exterior do prédio, uma antiga casa de um pastor protestante que ali se instalou no início do século XX, não há nenhum sinal que identifique o espaço com a produção de fatos feitos à medida para clientes das lojas de alta costura de Paris e Londres. Entrar no Atelier des Créateurs é uma espécie de regresso ao passado. Todo o trabalho é feito à mão neste “ovni” têxtil criado em 2009 (utilizando a expressão da referida revista francesa) por José Gonzalez, um espanhol de Leon naturalizado francês, e por Gilles Zeitoun, um tunisino que aos dois anos emigrou para França com a família e adotou a nacionalidade do país de acolhimento. O próprio edifício é também um regresso ao passado. A começar pela sua história: das mãos do pastor protestante passou para as de um português seu amigo. E foi já com familiares deste último que acolheria um hotel e viria a ser mais tarde a sede da Associação Cristã da Mocidade. E provavelmente hoje estaria em ruínas se Gonzalez e Zeitoun não tivessem lá passado em 2007 quando decidiram expandir o negócio de alta costura que tinham e têm em Paris. “Portugal era um país que tinha savoir-faire nos têxteis. O Porto era uma cidade agradável e os dois ficaram seduzidos pelo edifício”, conta Ricardo Conceição, um dos responsáveis do Atelier des Créateurs, que está nesta empresa desde a sua fundação. Foi ele, aliás, que acompanhou todo o processo de aquisição e reabilitação do edifício na baixa
FATOS
são feitos por dia no Atelier des Créateurs. Os clientes tiram as medidas em Londres e Paris, que depois são enviadas para o Porto. Mas há também uma espécie de alfaiate-caixeiro-viajante que vai às casas dos clientes fazer esse serviço
ATELIER DES CRÉATEURS
REGRESSO AO PASSADO do Porto. Foi precisamente em 2007 que criaram a empresa para adquirir e reabilitar o edifício. Comprar o imóvel não foi propriamente fácil. O número de herdeiros rondava as duas dezenas, mas havia muitas variáveis a ter em conta por causa da morte de alguns já de avançada idade – ou por não terem descendentes ou por surgi-
rem ainda mais herdeiros. Certo é que Gonzalez e Zeitoun adquiriram o edifício por um milhão de euros e gastaram dois milhões a recuperá-lo, num processo que durou dois anos, mas que acabou com a atribuição do Prémio Nacional de Reabilitação ao prédio hoje ocupado pelo Atelier des Créateurs. É preciso também regressar
ao passado para saber a origem da sociedade entre Gonzalez e Zeitoun. O primeiro fazia fatos de luxo. O segundo trabalhava na área das finanças e dos seguros. Nos anos 80 conheceram-se quando Zeitoun encomendou o seu fato de casamento a Gonzalez. Da amizade foi um passo para os negócios em comum tanto mais que o pai e o avô do financei-
ro eram alfaiates. “Gilles Zeitoun quis dignificar a arte da alfaiataria que em França quase já não existia, associando-se por isso a José Gonzalez”, lembra Ricardo Conceição. Hoje o Atelier des Créateurs faz 35 fatos por dia. Os compradores vão a lojas de Londres e Paris tirar as medidas que depois são enviadas para o Porto. Mas há também uma espécie de alfaiatecaixeiro-viajante que vai às casas dos clientes fazer esse serviço. “Tudo o que está a ver está vendido. Nós não queremos stocks”, diz Ricardo Conceição enquanto aponta para os trabalhadores da empresa que vão cortando ou cozendo os tecidos. O preço médio de um fato ronda os 1500 euros. Giles Zeitoun recusa falar em números. “Esta empresa não foi feita para fazer dinheiro. Foi feita para honrar a arte do meu pai”, confessa frequentemente o financeiro tunisiano, que entretanto já se radicou no Porto (vive na Foz Velha) e foi galardoado como cidadão honorário pelo presidente da autarquia Rui Moreira. Quanto a Gonzalez continua a viver em Paris e a deslocar-se frequentemente ao Porto para ir acompanhando o trabalho. A revista The Good Life assegura que o volume de negócios da empresa em 2015 rondou os dois milhões de euros, valor que Ricardo Conceição não confirma, seguindo assim as instruções de Giles Zeitoun. Confessa apenas que o objetivo do Atelier: daqui por dois anos é estar a fazer 40 fatos por dia. E dá também a garantia que não entrarão no negócio da venda online. “Queremos continuar a ser silenciosos”.
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TIMOR LESTE QUER APOSTAR NA TÊXTIL
Carla Pimenta, neta de José de Abreu Pimenta, fundador da Têxtil do Serzedelo, estudou na Suíça antes de se dedicar aos trapos
A BATALHA DA EXPORTAÇÃO DA TÊXTIL DE SERZEDELO A Texser-Têxtil do Serzedelo tem em curso um investimento de um milhão de euros em equipamentos, instalações e novos programas informáticos de desenho, para se tornar mais competitiva nos mercados internacionais. Atingir os cinco milhões de euros de volume de negócios é um dos objetivos desta empresa de tecelagem e tinturaria fundada em 1932 por José de Abreu Pimenta, avô de Carla Pimenta, a gestora da Texser, que emprega 70 trabalhadores e se dedica ao fabrico de tecidos camiseiros de alta gama em 100% algodão (flanela, popelina, dupla face, Oxford e sarja). O investimento em curso já contemplou a ampliação das instalações através da construção de um moderno armazém que permitirá melhorar o layout e fluxo produtivo da fábrica, que como o próprio nome indica está localizada em Serzedelo, Guimarães. O parque de 33 teares está a ser renovado com equipamentos novos, que garantem uma maior produtividade. E a tinturaria - que também
trabalha para fora, garantindo à Texser uma faturação suplementar de 700 mil euros/ano com esta prestação de serviço -, foi reequipada com moderna maquinaria. “Aproveitamos a capacidade instalada para vender para fora serviços de tinturaria”, explica Carla, a mais velha das três filhas de Abílio Pimenta, o filho do fundador da Texser - as irmãs mais novas, Maria João e Maria Paula ocupam-se da parte agrícola (fundamentalmente queijo e vinhos verdes, onde têm uma produção anual de 200 mil litros) dos negócios da família, que mergulha as suas raízes na Quinta do Cerdeiro e no entretanto adquiriu mais duas propriedades: a Quinta de Paços e a Quinta dos Ingleses. Há cerca de três anos que a Texser decidiu apostar estrategicamente no aumento das exportações diretas (que já valem mais de 30% da faturação), apresentando artigos tipo em várias feiras internacionais. Espanha, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Japão são os prin-
ISRAELITAS INVENTAM TECIDO ANTI-BACTERIANO Os israelitas da Nano Textile desenvolveram uma tecnologia que permite fabricar tecidos que impedem o crescimento de bactérias e reduz o perigo de contágio entre médicos e doentes. A tecnologia, que consiste em embeber nano partículas de óxido de zinco nas fibras, sejam elas naturais ou sintéticas, já está patenteada em Israel e Estados Unidos e aguarda a aprovação na Europa e Ásia. A Nano Textile garante a manutenção das propriedades anti-bacterianas durante 65 lavagens a 92º graus ou cem a 75º.
cipais mercados abertos pela Texser, que, de acordo com Carla, não aposta em volumes mas em qualidade. “Não queríamos continuar a dependentes apenas do mercado interno”, conta Carla Pimenta, que após ter feito o Secundário entre o Liceu de Guimarães e o Colégio de Riba d’Ave, foi estudar três anos para Lucerna, na Suíça, de onde veio fluente em inglês e francês - e noções de alemão. “Gostou do comercial e de ter contactos diretos com os clientes”, acrescenta. As flanelas lavadas, com look vintage , da última coleção da Texser, fizeram grande sucesso na London Textile Fair, na Munich Fabric Start e na Première Vision, onde a empresa esteve pela primeira vez em setembro último. A Texser foi fundada em 1932 com seis teares, junto ao rio Sumes, por Abílio Pimenta, que seis anos volvidos mudou a fábrica, para o local onde agora se encontra.
“A Primark não faz estudos de marketing sobre a tipologia da sua clientela. Acolhemos toda a gente, mesmo que o nosso segmento alvo seja a mulher jovem, dos 20 aos 30 anos. Toda a comunicação da loja dirige-se a elas". Christine Loizy diretora-geral da Primark França
Uma delegação de Timor Leste, Dili, esteve no Modtíssimo, no quadro da estratégia de diversificação da economia timorense, adotada pelo Governo de Dili, que quer reduzir a sua dependência do petróleo e gás natural. “Começámos a exportar o sal marinho timorense para Singapura, vamos arrancar com a exportação de óleo virgem de coco e estamos a apostar no desenvolvimento do setor têxtil”, afirma Constâncio Pinto, ministro do Comércio, Indústria e Ambiente. Falta de tecnologia, de know-how e outros fatores, admitiu, continuam a condicionar uma maior produção do país, que quer diversificar a sua economia, reduzindo assim a dependência do petróleo e gás natural. “Temos de formar mais e melhor os nossos jovens e reforçar a tecnologia”, disse o ministro. Um dos exemplos de possível mercado de exportação é o “tais”, o tecido tradicional de Timor-Leste, que faz parte do vestuário e é elaborado artesanalmente por mulheres, em teares de madeira, a partir de fio de algodão, antes de ser tingido com corantes naturais e sintéticos. “O tais continua a ser feito de forma manual, muito tradicional. Vamos manter isto mas para podermos responder à eventual procura adicional do mercado teremos de introduzir novas tecnologias”, disse o ministro. Pela primeira vez uma delegação timorense participou no Modtíssimo, onde apresentou a aposta renovada no tais através da marca Tima (Timor, Indústria, Moda e Ambiente). Constâncio Pinto destacou o interesse que o stand timorense suscitou, com algumas primeiras encomendas, “um encorajamento para poder desenvolver mais e melhor esta produção” participando assim no desenvolvimento do mercado nacional. “Queremos responder o melhor possível aos pedidos, venham eles de Portugal ou de outras partes do mundo. O tais faz parte da nossa identidade. Promover a sua produção ajuda a dar a conhecer melhor Timor-Leste, a sua cultura e identidade”, concluiu.
VICTORIA’S SECRET PÔE UM ESPARTILHO Apesar de ter tido um 2015 em cheio (mais 6% na faturação e 9% nos lucros), a Victoria’s Secret decidiu simplificar o modelo de negócio, fundindo a divisão de lojas com a de vendas diretas, dispensando 200 pessoas e acabando com a publicação do catálogo. Espera poupar 90 milhões de euros/ano com estas medidas.
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AUTOMÓVEL DO FUTURO VAI TER MAIS TÊXTIL
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel e Raposo Antunes
João Brandão 50 anos, CEO do grupo ERT, nasceu em S. João da Madeira, onde cresceu (foi colega de carteira de Miguel Vieira). Ainda adolescente, fez o seu primeiro negócio: o pai (Lídio) deu-lhe uma moto Suzuki e pagava-lhe a gasolina. Em troca ele visitava-lhe os clientes. É casado (e sócio da mulher numa fábrica de calçado em S. João da Madeira) e tem dois filhos: um rapaz de 12 anos (Miguel) e uma rapariga de sete (Maria)
É
preciso planear, mas também é preciso ter flexibilidade para ir ajustando o plano às oportunidades”, afirma João Brandão, 50 anos, CEO da ERT, explicando porque é que vai fazer primeiro uma fábrica em Marrocos e só depois no México. Acredita na sinceridade dos políticos quando falam de reindustrialização?
que usa metodologia alemã - foi fundada pela Volkswagen Autoeuropa, Siemens, Bosch e Câmara de Comércio e Indústria Luso- Alemã. Os cursos de chefias intermédias e operadores terão a duração de um ano e serão dados em ambiente de fábrica. Serão cursos práticos?
A primeira fase é de formação pessoal - atitude, comportamento, responsabilidade social e línguas - e em sala. A segunda fase será mais prática e dada numa pequena unidade construída para o efeito, onde aprenderão as técnicas dos dez distintos processos industriais que usamos, desenvolverão produtos e produzirão pequenas séries. Quer transformar latinos em alemães?
Não se reindustrializa por decreto. Não é assim que as coisas funcionam. Um dos nossos problemas é a ausência de uma estratégia nacional de médio e longo prazo. Os governos não têm uma perceção da economia real. As políticas têm sido feitas a reboque dos fundos comunitários.
O foco está na atitude. Queremos ir buscar o melhor das duas culturas. Os alemães são muito rigorosos. É bom e fácil trabalhar com eles. Mas quando falha alguma coisa, a nossa capacidade de improviso ajuda muito.
Com prejuízo para a indústria?
No início sim. Temos uma pressão grande. Só no último mês contratamos mais 50 colaboradores. Mas depois vamos reciclar todas as pessoas que temos cá dentro. A ideia é que, num prazo de três/quatro anos, todos tenham a mesma cultura e formação.
Tem-se perdido muito do saber adquirido ao longo de décadas nos setores tradicionais. O que é lamentável. Temos grandes dificuldades em formar pessoas e requalificar os recursos humanos.
Os cursos são só para os novos trabalhadores?
O sistema de ensino não serve?
É demasiado teórico. Os recém licenciados não conseguem gerir os problemas se não encontrarem a solução na Internet. Nos quadros superiores resolvemos o assunto contratando pessoas com uma média dez de anos de experiência. O maior drama é nas chefias intermédias, onde temos grandes carências que atrapalham um crescimento que tem andado na casa dos dois dígitos/ano desde que a ERT nasceu em 1992. Como vão ultrapassar isso?
Vamos criar a Academia ERT. Onde iremos formar os nossos próprios colaboradores com a ajuda da ATEC, uma academia portuguesa
“Innovation effect”, a assinatura da ERT, é a frase que sintetiza a vossa cultura?
Não. Adotamos essa frase há quatro anos quando criamos o Departamento de Inovação. Agora temos de a substituir, porque a inovação passou a ser para nós uma coisa tão automática como respirar. O que o levou a fazer uma fábrica, aos 24 anos?
Queria criar algo que não fosse só comprar e vender. Queria acrescentar valor. Surgiu uma oportunidade - uns equipamentos com 40 anos que permitiam fabricar os revestimentos têxteis para a indústria de calçado que o meu pai
Vamos ser produtores de veículos e soluções de mobilidade urbana
o nosso caminho não se podia esgotar no calçado, um mercado estreito que limitava o nosso crescimento, não só em capacidade mas também em valor acrescentado. Começamos a olhar para o lado, vimos a Faurecia, compramos equipamentos novos e resolvemos ir bater à porta da indústria automóvel. A Faurecia foi o vosso primeiro cliente automóvel?
Para fazer o que queria, não precisava de estudar mais. Foi por sentir que andava a perder tempo na faculdade que João Brandão abandonou os estudos de Economia, iniciados em Coimbra, continuados no Porto, e nunca acabados. Apaixonado pelos desportos automóveis, recebeu o seu primeiro carro (um VW Golf) de prenda, no dia em que completou 18 anos. Chegou a ser piloto oficial da equipa de Todo o Terreno da Suzuki. Em 1992, fundou a ERT- Empresa de Revestimentos Têxteis, que arrancou num edifício alugado em Santa Maria da Feira, fabricando os componentes para calçado que o pai comercializava. Oito anos volvidos, na viragem do milénio, juntou as duas paixões (a indústria e os automóveis), quando começou a fornecer a indústria automóvel. O sucesso tem um preço. Está sempre a conjugar o verbo ir. Não há semana em que não saia do país. Faz 120 viagens/ano.
subcontratava, e eu pensei: “Por que é que não sou eu a fazê-los?”. Tomei esse risco, investindo nele todo o dinheiro que tinha, até ao último tostão. As coisas correram logo bem...
Fizemos por isso. Apresentávamos os produtos de uma forma inovadora e mais cuidada que os nossos concorrentes, bem embalados, protegidos e etiquetados, o que foi um fator de diferenciação a nosso favor. Não descansou...
Passados seis anos, percebi que
O primeiro que abordamos. Ainda hoje é o nosso maior cliente. Mas a primeira encomenda, no ano 2000, foi da Coindu - de um tecido para o assento da Chrysler Voyager. A ida para Leste foi o passo seguinte...
Quando, em maio de 2004, houve o alargamento a Leste, para nós foi logo óbvio que para continuarmos a crescer tínhamos de ir para o outro lado da Europa. Acompanhando o cliente Coindu, começamos pela Roménia, onde construímos de raiz uma fábrica que em 2007 já estava a produzir. Mais tarde vimos que precisávamos de estar mais perto da Alemanha. E em 2012 decidimos ir para a Polónia, primeiro com uma plataforma logística, depois com uma fábrica. Mas mudaram de ideias...
Em setembro de 2013, surgiu o desafio mais excitante da minha vida de empreendedor: o processo de insolvência de uma empresa alemã que tinha na República Checa uma fábrica com processos industriais complementares aos nossos e uma carteira de clientes que nos fazia falta. Em outubro, avaliamos a empresa, contratamos um escritório de advogados na Alemanha e começamos as negociações com o administrador da insolvência. Estavam sozinhos?
Tínhamos três concorrentes alemães, um dos quais era dez vezes maior do que nós. Foi um mês incrível, em que trabalhamos 20 horas por dia, sete dias por semana. Acordei várias vezes às quatro da manhã para responder a mails e participar em conferências telefó-
nicas. Os advogados alemães foram incansáveis. Acabamos por ganhar. A 3 de dezembro estávamos a fazer a escritura. Deram mais dinheiro?
Não foi dinheiro, foi o projeto. Fomos os únicos a ir falar com os clientes, explicando-lhes quem éramos e o que queríamos. Negociámos com eles a recuperação da empresa. Foi um esforço gigantesco mas valeu a pena. Mantivemos a gestão alemã. Em 2014, duplicamos a faturação de 2013. Prevemos que no próximo ano vamos faturar na República Checa oito vezes mais do que quando compramos a empresa. Foi por isso que desistiram da Polónia...
A fábrica da República Checa fica a 300 km do local que tínhamos escolhido na Polónia. É preciso planear, mas também é preciso ter flexibilidade para ir ajustando o plano às oportunidades e aos desafios dos nossos clientes. É corrente os clientes aparecerem-vos com desafios?
O ano passado, um cliente desafiou-nos a fazer um apoio de braço para um painel de porta da Skoda, fazendo injeção de espuma em cima de um suporte de plástico. Não havia em Portugal quem pudesse fazer isso. Nós conseguimos. O modelo já começou a ser comercializado em setembro e estamos já a usar a mesma técnica para a BMW na África do Sul. É frequente os clientes aparecerem aqui com coisas fora da caixa. Saber solucioná-las é um dos nossos fatores de diferenciação. É o innovation effect ;-)...
Somos das poucas empresas na Europa que dominam todas as técnicas de laminação (Chama, Hot Melt, Filme, Web, Spray) ou seja de união entre materiais em diferentes substratos, sejam eles têxteis ou não. Mas não nos limitamos a reagir aos desafios dos clientes. Há quatro anos que temos um Departamento de Inovação, instalado na Oliva Creative Factory, que está sempre a procura de
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AS FÁBRICAS DEVEM VOLTAR PARA O CENTRO DAS CIDADES Na nossa visão de cidade, faz todo o sentido as fábricas voltarem para o coração dos núcleos urbanos. Se as indústrias são limpas, ecológicas e amigas do ambiente, não têm de estar exiladas em guetos nas periferias. A mudança da ERT para a Oliva vai levar 300 pessoas para o centro da cidade, que não precisarão de fazer todos os dias uma série de quilómetros em veículos de combustão para irem trabalhar. Podem passar a ir a pé ou beneficiar dos novos sistemas de mobilidade urbana que desejamos sejam instalados por nós. Os centros das cidades têm espaços vazios que podem ser requalificados com o regresso das fábricas que trazem gente e por isso atraem pequenos negócios como cafés, restaurantes e todo o tipo de serviços complementares.
novos processos, aplicações ou ideias. Em que pé está?
Fechou o primeiro ciclo da sua atividade. Rompeu a inércia, obteve a certificação NP4457 IDI Investigação, Desenvolvimento e Inovação, definiu o âmbito da sua atuação e trabalhou de perto com as Universidades e os centros tecnológicos e de investigação. Foi buscar o conhecimento onde ele estava. Agora está a desenvolvê-lo, a integrá-lo tecnologicamente, a cruzá-lo com o nosso trabalho para os clientes. Mas, atenção, que a inovação não se aplica só ao produto. Também se aplica na comunicação, gestão, relacionamento interno e externo ou seja em todas a áreas do negócio. O que é que isso quer dizer?
Estamos a renovar a comunicação com os clientes. Já fizemos vários workshops com engenheiros da BMW, Volvo, PSA. Vamos ter com eles, apresentamos-lhe o que estamos a fazer, as ideias novas, e ouvimos o que eles precisam. Na indústria automóvel tem de se pensar muito à frente. Nós estamos a trabalhar para modelos de 2020 que vão ficar no mercado até 2027. Com a Peugeot já tivemos reuniões onde foi discutido como será o automóvel em 2035. O automóvel do futuro vai ter mais têxtil?
Vai ter muito mais substratos ou complexos têxteis. Como vão ser autónomos e partilhados, a sua arquitetura interior deixará de estar direcionada em função do condutor mas de um passageiro que enquanto viaja vai usar o laptop e outros gadgets para trabalhar ou divertir-se. O que implica maior superfície de contacto interativo, onde se podem instalar sensores com novas aplicações - o que constitui uma boa oportunidade para um material nobre como o têxtil. Porque compraram a antiga fábrica da Oliva?
O crescimento contínuo obriga-nos à procura constante de novas instalações. Tivemos a oportuni-
Os recém licenciados não conseguem gerir um problema se não encontrarem a solução na Internet
um triciclo elétrico que faz parte de uma solução de mobilidade urbana, baseada no bike and car sharing cuja implantação estamos a negociar com vários municípios.
A Oliva foi a solução para concentrar tudo num só espaço?
Não queríamos sair de S. João da Madeira e num concelho pequeno como o nosso, com apenas oito km2, não havia outro espaço possível senão os 36 mil metros quadrados da Oliva, para onde transferiremos, em julho de 2018, a produção da ERT para a indústria automóvel. Nessa altura libertam as atuais instalações?
Não. Vamos aproveitá-las para novas áreas de negócio, como o projeto Veeco, o primeiro carro elétrico português, que ainda este ano começa a ser produzido, numa versão muito atraente: velocidade de 170 km/hora, autonomia acima de 200 km e um custo de utilização de um euro por cada 100km. Temos a responsabilidade dos interiores no consórcio que o produz, onde estamos com a Fibrauto, NCP e VE. O Veeco é o novo grande projeto?
A grande aposta é na mobilidade. Vamos ser produtores de veículos e soluções de mobilidade urbana. Já temos em fase de produção o UOU,
milhões
de euros é o volume de negócios do grupo ERT, que tem quatro fábricas (Roménia, República Checa, S. João da Madeira e Felgueiras), emprega cerca de 700 trabalhadores e agrega 21 empresas. 85% da faturação é feita na indústria automóvel. Produz componentes que são diariamente incorporados em cerca de 20 mil automóveis de 15 marcas, entre as quais se contam a Mercedes, BMW, Porsche, Maserati e a Aston Martin.
As perguntas de
No automóvel, onde fazem 85% da faturação, o que prejudica a vossa competitividade?
A geografia. Estarmos num canto da Europa não nos favorece nada. As matérias-primas vêm do centro da Europa e depois de as transformarmos voltam para o sítio de onde vieram. O custo logístico e de transporte têm impacto fortíssimo na nossa competitividade. Como se resolve isso?
dade de conseguir crescer à volta da unidade mãe, aqui na Zona Industrial das Travessas. Mas termos a produção aqui em Portugal dispersa por cinco espaços diferentes acaba por causar muita ineficiência e desperdício de recursos.
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Não se resolve. Pode atenuar-se com a estratégia certa e muito rigor, mas não se resolve. A formação é um problema que está ao nosso alcance resolver. A geografia não é um problema - é um facto. Como planeiam continuar a crescer no automóvel?
Alargando a nossa geografia, abrindo uma fábrica no México, para estarmos mais perto da indústria americana. Mas ainda antes vamos investir numa unidade industrial em Marrocos, para fornecer a Renault e a nova fábrica da Peugeot. A produção marroquina ronda os 300 mil veículos, é o dobro da nossa. O vosso sucesso na ERT prova quão errado estavam os que pensavam que a têxtil para acabar?
A única coisa que acaba é a vida. Para ser bem-sucedidas, as indústrias tradicionais apenas têm de saber antecipar e adaptar-se às mudanças. Nós apostamos no automóvel e fomos bem-sucedidos. Os têxteis técnicos são um bom caminho - mas não são o único caminho. O private label também é um caminho?...
É uma das soluções. Mas quando se torna demasiado cómoda, entra-se numa zona de conforto perigosa e pode rapidamente derivar para uma situação de dependência e crise.
Braz Costa Diretor-Geral do CITEVE Tendo o têxtil tradicional como ponto de partida, que desafios lhe trouxe o mundo automóvel?
A base tecnológica é a mesma. A grande diferença é a cultura. No automóvel tudo tem de estar certificado, contratualizado e funcionar com rigor e ao minuto. Se nos comprometemos a entregar às nove e a encomenda apenas chega às dez, arriscamos a uma multa de seis mil euros por minuto, porque a linha de montagem esteve parada por nossa causa. A pressão é enorme. Um ponto positivo é não termos de apresentar duas coleções por ano. Se ganhamos o contrato temos garantida a estabilidade deste fornecimento durante seis anos. Mas se perdermos também só daqui a seis anos é que temos outra oportunidade. Que perceção tem da evolução da indústria portuguesa no contexto automóvel?
O grande fator limitativo é a a localização. Temos um grande potencial de inovação, criação de novos produtos e processos. Somos muito bons ao nível da Engenharia. Mas para crescermos cada vez mais temos de fazer fábricas no Leste, Norte de África e México.
Vítor Abreu CEO da Endutex Quais as principais diferenças (e problemas) entre uma empresa com produção 100% nacional e uma multinacional como a ERT?
A principal diferença é, sem dúvida, a proximidade ao cliente. Atualmente, no setor automóvel concorremos a projetos de âmbito europeu, e por vezes até mundial, o que não conseguiríamos se não tivéssemos a presença que temos fora de Portugal. O fator geográfico é crítico na competitividade dos produtos produzidos suplantando até muitas vezes o custo laboral. Como vê a ERT daqui a dez anos? A principal base de produção ainda será em Portugal ou a tendência será para ter aqui R&D e a produção deslocalizada?
O plano estratégico que temos é claro nesse ponto. O objetivo é termos unidades em quatro continentes (Europa, África, América e Ásia) sendo que Portugal será a base de toda a operação. Se as OEM mantiverem ou até construírem novas linhas de montagem no perímetro Portugal, Espanha, França seguramente a atividade industrial da ERT no nosso país irá continuar a crescer.
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Paulo Melo aproveitou a presença do ministro da Economia no 18o Fórum Têxtil - que reuniu cerca de 300 pessoas no auditório do CITEVE, em Famalicão - para desafiar o Governo a cair na realidade e mudar o rumo de uma política que aposta no consumo interno como locomotiva para o crescimento da economia. “Senhor Ministro, esta é uma indústria exportadora, cujo contributo para as contas externas do país é indiscutível, razão pela qual nos permitimos espantar com a política económica seguida pelo Executivo, privilegiando o consumo interno, que também quer dizer as importações, penalizando, em consequência, o crescimento económico. É tempo de cair na realidade e mudar o rumo, até porque o Governo tem tido como marca o pragmatismo e não a ideologia”, afirmou o presidente da ATP. Manuel Caldeira Cabral evitou responder diretamente ao desafio feito por Paulo Melo, optando por se desdobrar em elogios à ITV: “A ITV portuguesa é um setor tradicional que abraça bem a tecnologia. Pode não conseguir competir em preço com alguns concorrentes, mas bate-os claramente em qualidade e capacidade de resposta”. O ministro reafirmou o compromisso do Governo em cumprir as metas a que o país se comprometeu com Bruxelas. “O Orçamento para 2017 é um exercício complexo, que reflete o empenho do Governo no processo de consolidação das finanças públicas e da redução do endividamento – mas não esquece as empresas. Não há espaço para reduzir os impostos de forma generalizada a todas as
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Texto de Jorge Fiel
O FUTURO JÁ NÃO É O QUE ERA empresas. Mas estão previstos apoios às empresas que precisam de se recapitalizar, investem em eficiência energética e apostam na inovação”, prometeu Caldeira Cabral, que encerrou a intervenção dirigindo-se aos empresários com um animador “Contem com o Ministério da Economia”. Os novos modelos de negócio para a fileira têxtil e moda,
foram debatidos por um painel moderado pelo jornalista Nicolau Santos, em que os protagonistas Ricardo Conceição (Atelier des Créateurs), Patrícia Paulos (Sonae), Núria Ramirez (H&M), Hélder Rosendo (P&R Têxteis) e Marco Almeida (Parfois) falaram da experiência das respetivas empresas em áreas como a Sustentabilidade, Digital, Customização,
Diferenciação Tecnológica e Logística Avançada, que abarcam precisamente esses novos modelos de negócio. Comentando o debate, Daniel Bessa apelou aos empresários do setor têxtil para encontrarem novas soluções organizativas. “É preciso gente com outra idade, outra formação, outra mentalidade e outros modos de vida”.
Depois de ter ouvido as histórias de cinco empresas que representam precisamente esses novos modelos de negócio, Bessa concluiu que “o têxtil já não é o que era”. “Da produção vertical integrada, que ia desde a cultura do algodão até à confeção, passou-se a isto”. E isto eram os casos do comércio electrónico, da customização e da economia circular. Fazendo o balanço da evolução da ITV nos últimos 20 anos (ou seja desde a realização do 1oº Fórum Têxtil, em 1996), Paulo Vaz, diretor geral da ATP, apresentou uma mão cheia de boas notícias, sendo que uma delas foi a evolução favorável do saldo da balança comercial, que no final do ano passado foi de 981 milhões de erros e este ano ultrapassará de forma clara a fasquia dos mil milhões, situando-se nos 1,1 mil milhões de euros. Paulo Portas, o keynote speaker do Fórum, criticou severamente a atitude da União Europeia face à globalização (“Dá a ideia que a Europa ainda não se apercebeu que o mundo é redondo”) e salientou a importância crucial das exportações para a recuperação económica do nosso país: “Durante os anos do ajustamento a única boa notícia vinha das exportações, que passaram de 29% a 42% do PIB. Com a sua atitude de ir lá para fora, procurar mercados não tradicionais, as empresas salvaram o país. E, agora que os anos de chumbo terminaram, as exportações continuam a ser um sinal positivo, o único fator de esperança no crescimento da nossa economia. E o setor têxtil deu cartas neste crescimento das exportações“.
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LIDL REFORÇA OFERTA DE VESTUÁRIO O Lidl decidiu reforçar a oferta de vestuário nas suas lojas. Há 21 anos em Portugal, a rede alemã de discount tem 244 supermercados no nosso país, onde vende cinco marcas de roupa – Esmara, roupa de senhora (inclui lingerie); Crivit (desporto para mulher e homem), Crivit Pro (equipamentos desportivos de alta qualidade), Pepperts (criança 6-12 anos), Lupilu (bebé) e Livergy (homem). "Tem havido um forte investimento na área do vestuário. Temos apostado no número de coleções e dos tamanhos das roupas respeitando as idiossincrasias de cada país e também em coleções mais atuais e de qualidade cada vez mais elevada, de acordo com os mais recentes desenvolvimentos feitos na área”, afirma uma fonte do Lidl Portugal.
CALÇAS DESCAÍDAS DÃO DIREITO A CADEIA
ZARA HOME PROMETE NÃO PARAR DE RENOVAR
Dois adolescentes norte-americanos estiveram presos 48 horas e foram condenados a uma multa de 250 dólares por usarem calças descaídas na escola secundária Bolivar, no Tenessee. Os jovens foram julgados por atentado ao pudor e denunciados por terem desrespeitado as regras de vestuário da escola.
A Zara Home está apostada em intensificar a renovação da oferta, apresentando cinco a seis novas coleções por estação na sua rede de 503 lojas (53 das quais em regime de franchising), que este ano será reforçada com 65 novos estabelecimentos.
“Queremos criar uma relação entre doutorados e empresas. O têxtil precisa de competências e qualificações académicas muito maiores do que antigamente" Braz Costa diretor-geral do CITEVE, ao Correio do Minho
BRASIL: ITV TORCE O NARIZ À ARGENTINA E MERCOSUL Nos últimos dez anos, a quota do produtos brasileiros confecionados importados pela Argentina caiu de 40% para 15%, enquanto que a da China cresceu de 5% para 35%. Estas estatísticas, bem como o ação anti-dumping de que a indústria têxtil brasileira está a ser alvo na Argentina, ajudam a perceber o desencanto com o Mercosul manifestado pela ABIT (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confeção). Num debate sobre o futuro do Mercosul, Renato Smime Jardim, responsável pelas Políticas Industriais e Económicas da ABIT, questionou seriamente a manutenção desta aliança como uma união aduaneira. “As grandes alianças em formação no mundo não são meras uniões aduaneiras, que não levam a um processo de integração tão amplo quanto uma área de comércio livre”, argumentou Renato.
UWE CONTROLA MUNDO A PARTIR DE FAMALICÃO Uwe Mrotzeck, 56 anos, é o novo diretor comercial da Olbo & Mehler. Doutorado em Química pela Ruhr University Bochum, Uwe terá o seu centro de gravidade em Famalicão, de onde liderará a estratégia comercial global do grupo alemão.
Empresa de Fafe vende roupa de ioga à suíça Lola & Fred, à inglesa Ana Hart e à francesa Yuj
BERGAND BY GULBENA A TODO O VAPOR A Bergand by Gulbena vai fornecer vestuário streetwear à marca inglesa de gama alta This is Not Clothing, que tem como designer Jam Sutton. Até agora, a empresa de Fafe produzia vestuário de ioga para a Lola & Fred e de trabalho para os alemães da Dastex, que vestem os trabalhadores da BMW, Volkswagen e das lentes Zeiss. Criada em 2010, a Bergand by Gulbena, que ano passado teve um volume de negócios de 318 mil euros, prevê aumentar substancialmente a sua faturação. Além da roupa de ioga para a suíça Lola & Fred, a inglesa Ana Hart e a francesa da Yuj, vai fornecer vestuário de trabalho, para outras empresas além da Dastex. Mas o grande passo em frente será dado com o salto para o Reino Unido. Para a marca This is Not Clothing vai produzir calças, casacos, camisolas e t-shirts . Já a marca Mother of Pearls, também de gama alta, pediu à Bergand by Gulbena uma linha clássica de vestuário, mais alternativa. Ao mesmo tempo, têm entre mãos trabalhos para a marca belga Chayanne que pretende roupa de golfe para senhora e de ténis para homem e mulher. “Os modelos para a roupa de ténis vão ser entregues já este mês”,
diz Raquel Pereira, responsável comercial da Gulbena. Inserida num grupo vertical, a Bergand by Gulbena tem como casa-mãe a TTT Tinturaria e Acabamentos Têxteis, SA (criada há 30 anos pelo arquiteto Soares Teixeira ao qual sucedeu o seu filho Rui Teixeira, um engenheiro de 44 anos) que tem cerca de 100 trabalhadores e fechou 2015 com um volume de negócios de 3,5 milhões de euros. Em 2003 foi lançada a empresa Gulbena, que faz malhas acabadas e faturou 1,6 milhões de
Empresa de Fafe não tem mãos a medir: é streetwear para a inglesa This is Not Clothing, equipamentos de ioga para a suíça Lola & Fred, vestuário de trabalho para a BMW e roupa de golfe e ténis para a belga Chayanne. E está a deitar um olho aos States…
euros no ano passado. Mas a Bergand by Gulbena é a menina dos olhos de Rui Teixeira. “É a empresa que está em expansão de uma forma mais acelerada”, diz Raquel Pereira, dando o exemplo das sucessivas solicitações que têm recebido nas feiras em que tem participado e que continuará a frequentar para prosseguir a atual fase de expansão. A empresa trabalha só em regime de private label . “Temos uma modelista que transfere os desejos dos designers e a partir daí elaboramos as amostras para os clientes”, conta Raquel Pereira. A próxima aposta da Bergand by Gulbena é o gigantesco mercado dos EUA. “Não vamos apostar em grandes marcas, mas sim nas pequenas. E existem muitas na Costa Leste dos EUA. Algumas delas não têm mais de 10 lojas. Mas são marcas topo de gama, sendo assim um mercado interessante para nós porque os norte-americanos continuam a valorizar bastante o produto europeu, nomeadamente o made in Portugal”, explica Raquel Pereira. E o primeiro sinal que essa aposta nos EUA poderá resultar é o facto de a empresa estar já a desenvolver modelos de t-shirts para a Noah, uma das tais marcas de gama alta.
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PENTEADORA QUER CAMUFLAR O EXÉRCITO FRANCÊS Raposo Antunes
A Penteadora concorreu ao fornecimento de tecido para 250 mil novos camuflados do Exército francês. A poucos dias de serem conhecidos os resultados desse concurso, a empresa de Unhais da Serra (Covilhã), que integra o grupo Paulo Oliveira, diz ter todas as condições técnicas e de produção para fornecer um tecido técnico à base de aramida, num contrato que se deverá prolongar por quatro a cinco anos. A concretizar-se na sua totalidade, o negócio ascenderá a mais de 100 milhões de euros, já que estão em causa 250 mil camuflados. A aramida é uma fibra sintética produzida a partir de produtos fósseis (derivados do petróleo) que tem como principal qualidade ser à prova de fogo. A transformação em fibra é feita pela Kermel, uma empresa francesa que é a única europeia a fazer fio de aramida. A Penteadora compra a fibra aos franceses e associa uma outra fibra designada viscose FR Lenzing que além das suas propriedades ignífugas confere conforto, produzindo então o tecido para os camuflados, constituídos por blusão e calça. Estes vão ter duas versões: uma em tons verdes, castanhos e pretos para ser em usados em eventuais teatros de guerra europeus (cerca de dois terços). Os tons destinam-se a iludir o inimigo em zonas com montanhas e florestas, onde estas cores
O Exército francês vai trocar o algodão pela aramida
imperam. A outra versão (representando cerca de um terço) será feita em tons bege e castanho claro e a sua utilização é para um palco completamente diferente – o deserto. A utilização de aramida, cuja propriedade essencial é ter uma elevada resistência ao fogo, nos camuflados
militares (o mesmo material já era utilizado nos equipamentos de bombeiros) segue as conclusões de um estudo das forças armadas norte-americanas que teve como universo as suas próprias vítimas nos diferentes cenários de guerra. Os EUA chegaram à conclusão que salvariam vidas e poupariam dinheiro se trocassem o
algodão que usavam nos seus camuflados pela aramida. O Exército francês dá assim um passo importante na proteção dos seus militares. O próprio Ministério do Interior gaulês admite vir a equipar os gendarmes e polícias com fardamento à base de aramida. Essa possibilidade foi levantada quando recentemente dois polícias ficaram gravemente queimados depois de um grupo os ter atacado e incendiado a viatura em que efetuavam uma missão de vigilância. Em França os bombeiros já utilizam este material, há dois anos comercializado pela Penteadora sob a sigla Pentashield® , um negócio que resultou numa faturação para a Penteadora de quatro milhões de euros. Por cá, a Penteadora já forneceu o tecido feito com aramida para diferentes corporações de bombeiros portugueses e para o grupo anti-fogo da GNR. Fundada em 1930 em Unhais da Serra, esta empresa foi comprada em 1999 pelo grupo Paulo Oliveira. Desde 2014, a Penteadora começou a produzir têxteis técnicos, segmento que no ano passado representou quatro milhões de euros, ou seja cerca de 20% do seu volume de negócios. Além da casa-mãe e da Penteadora, o grupo Paulo Oliveira controla ainda a Tessimax, que produz tecidos à base de lã. As três estão sediadas na Covilhã.
ITV ESTRATÉGICA PARA A MIND TECHNOLOGY A ITV já deverá representar 25% do volume total de negócios do mercado nacional para a área industrial da Mind Technology, empresa fundada em 1997 por professores universitários, investigadores e especialistas em negócios. “O sucesso que temos obtido com as instalações já concretizadas, conjugado com o foco e investimento que queremos reforçar na indústria, fazem-nos prever um crescimento sustentado das vendas nos próximos anos, tornando o setor têxtil cada vez mais estratégico no nosso posicionamento produtos/mercados”, acrescenta Vítor Duarte, diretor de unidade da Mind.
A abordagem ao negócio da Mind foca-se na oferta das melhores soluções para os seus mercados alvo, antecipando as necessidades dos clientes, implantando estratégias e tecnologias inovadoras e distribuindo vantagens competitivas. E desenvolve e comercializa produtos e serviços inovadores nas áreas das Aplicações Industriais (CAD/ CAM), da Gestão da Informação e IT Consulting. No âmbito da estratégia delineada, a Mind apresentou publicamente e pela primeira vez a sua oferta para o setor têxtil durante a Texprocess 2015, complementada posteriormente com a presença na
Maquitex. “Em termos de oferta, o foco esteve nas nossas famílias de produtos designados por PatternMatching e PrintedCut, que, entre outras funcionalidades, fazem a captura e reconhecimento por câmara digital de padrões de diferentes materiais utilizados na indústria, quer sejam xadrez, riscas ou estampados/sublimados, após entrada dos materiais na máquina de corte automático”, explicou este diretor de unidade da Mind. A partir de 2008, a Mind constituiu uma rede internacional de parceiros comerciais especializados que tem vindo a ser alargada em função dos
mercados e dos setores industriais alvo. A atual rede comercial internacional da Mind atua em países como a Bulgária, Croácia, Espanha, Polónia, Suécia, China, Coreia do Sul, Japão, Brasil e EUA. A nível de clientes, a Mind tem atualmente mais de 200 clientes a nível mundial, com cerca de 58 clientes de relevo no mercado asiático. O volume de negócios da Mind em 2015, um ano de forte crescimento, aproximou-se dos cinco milhões de euros. “Em 2016, prevemos ultrapassar este valor, mantendo a trajetória de crescimento sustentado", conclui Vítor Duarte.
BANANA REPUBLIC OPTA PELO BREXIT
A Gap vai fechar todas as oito lojas da Banana Republic que tem no Reino Unido. Esta decisão enquadra-se na estratégia anunciada em Maio de encerrar lojas não rentáveis, o que contemplava fechar 75 lojas Old Navy e Banana Republic no estrangeiro (um pacote em que se inclui a operação de 53 lojas Old Navy no Japão). A Banana Republic manterá uma loja em França e outra em Itália. No 2º trimestre, as vendas europeias da marca cifrara-se em 17 milhões de euros, menos três milhões do que no mesmo período do ano anterior.
"Mantemos o objetivo de apresentar duas inovações por ano" Filipe Vila Nova presidente executivo da Salsa, ao Expresso
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IMPÉRIO ARMANI VAI SER FUNDAÇÂO Giorgio Armani, 82 anos, decidiu preservar a autonomia e independência da sua marca, criando uma fundação que governará os ativos do grupo, desenvolvendo ainda projetos sociais e culturais. Com o seu império avaliado em quatro mil milhões de euros, a Armani é, a seguir à Prada, a segunda mais importante marca de luxo italiano, com um volume de negócios de cerca de 2,7 mil milhões de euros.
VIDA CORRE MAL À DESIGUAL Os resultados da Desigual estão a ficar cada vez mais iguais, para desespero da gestão e dos acionistas. Em 2015, pela primeira vez em 20 anos, a Desigual conheceu um recuo na sua atividade, com o volume de negócios da marca espanhola a recuar 3%, para 933 milhões de euros, fruto das dificuldades experimentadas no 2º semestre nos seus dois maiores mercados: Espanha e França. No 1º semestre deste ano, o volume de negócios caiu 7,5% e o EBITDA despenhou-se em 22,6%.
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DAMOS FORÇA À SUA MARCA. Queremos ajudar a promover o seu negócio e criar valor num contexto nacional e internacional. Concretizamos a sua ideia, com criatividade, com dedicação e com uma experiência multidisciplinar de mais de 20 anos no setor, através de soluções de comunicação, de exposição e eventos em várias partes do globo. Consulte-nos. Porque acompanhamos as tendências com a sua marca.
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MEDICA 14 a 17 de novembro - Dusseldorf
FASHION SVP LONDON 15 a 16 de novembro - Londres
Barcelcom, Citeve, Collove - Custoitex, Fitor, Magicpharma
Faria da Costa, Bergand by Gulbena, Orfama, Confenix, Marfel, Nordstark, Orchid Woman, Vandoma, Triwool, Light Wear
JITAC 14 a 16 de novembro - Tokio A. Textil Serzedelo, Lemar, Trend Burel, Tintex
TISSU PREMIER 23 e 24 de novembro - Lille Sanmartin, 6 Dias, Quick Code, Teias de Lona, One Way Tex
AGENDA DAS FEIRAS
ELITE MODEL LOOK VAI SER NO CAMPO PEQUENO A final mundial do Elite Model Look será realizada, pela primeira vez, no nosso país, entre os dias 16 e 23 de novembro. O evento reunirá em Lisboa não só os 70 finalistas como também figuras públicas do mundo da moda e do espetáculo. O desfile final, de dia 23, será no Campo Pequeno, contará com três mil convidados e será transmitido pela TVI.
MESSE FRANKFURT METE UMA LANÇA EM ÁFRICA Depois da Europa, Ásia e América, chegou a vez da Messe Frankfurt pôr um pé em África já a partir do próximo ano, integrando três das suas marcas - Texworld, Apparel Sourcing e Texprocess - na próxima edição da Africa Sourcing & Fashion Week, que se realiza em Adis Abeba, na Etiópia.
"Se há uma grande tendência no mundo da moda é a tendência para o conforto"
A LITUÂNIA É BOA PARA OS NEGÓCIOS
Agatha Ruiz de la Prada, ao DN
NÃO BASTA APANHÁ-LOS... É PRECISO USÁ-LOS Não é só para os rapazes. O boné também está na moda para as raparigas e mulheres. Quem esteve na Semana de Moda de Paris não tem a mínima dúvida em garantir que se trata de uma tendência para esta estação.
BURBERRY CONCENTRA-SE NAS MALAS E CARTEIRAS A Burberry vai reduzir entre 15 a 20% a oferta de produtos e concentrar os esforços no segmento de malas e carteiras. A marca de luxo britânica, que perdeu 1/3 de valor de mercado nos últimos 12 meses, espera poupar 100 milhões de libras, até 2019, com este acerto estratégico.
Fitexar, Fitor, Lipaco e Luís Andrade foram as quatro empresas portuguesas que de 28 de setembro a 1 de outubro participaram Baltic Fashion & Textile Vilnius, na Lituânia. Para a Fitor, que levou até à Baltic os seus fios, nomeadamente os reciclados, estampados e com aplicação médica, o balanço final foi muito positivo. Também a Lipaco, que levou nas malas as suas linhas de costura para indústria de colchões e edredões e poliamidas para a indústria de meias voltou a Portugal com as expectativas correspondidas. Para nenhuma das duas empresas esta foi uma estreia, pelo que o grande objetivo passava por revisitar clientes e consolidar a posição no leste da Europa.
GIERLINGS VELPOR: A ÚNICA PORTUGUESA NA INTERTEXTILE APPAREL DE XANGAI O imponente e novo National Exhibition and Convention Center recebeu a 22ª edição da Intertextile Shanghai Apparel Fabrics, que decorreu entre os dias 11 e 13 de outubro. O certame, que continua a impor-se como um dos mais importantes na Ásia, recebeu mais 10% de compradores do que na edição anterior, oriundos de 90 países. Dos mais de 4500 expositores espalhados por 260 mil metros quadrados, destacam-se aqueles do SalonEurope, onde uma grande área do pavilhão era ocupada pelos produtores europeus de países como a França, Alemanha, Itália (Pavilhão Milano Única), Espanha, Suíça, entre outros. Portugal fez-se representar pela Gierlings Velpor, através do stand do seu agente, onde se podia ver uma grande variedade de
peças já confecionadas, mostrando assim a aplicação dos seus veludos em peças de vestuário. Esta foi a única representante de Portugal nesta edição da feira chinesa, que desde Outubro do ano passado que não recebe a comitiva “From Portugal”. A questão da sustentabilidade é de grande importância para a Intertextile Shanghai Apparel Fabrics, que se esforça para manter este conceito na vanguarda do pensamento dos empresários. Também por isso a área All About Sustainability voltou à feira e cresceu em espaço, estando dividida numa “zona educacional”, numa “ecoBoutique” e num espaço de fórum. O certame acompanha a par e passo as medidas políticas anunciadas recentemente na China, que incluem o esforço para
promover a produção industrial limpa, o desenvolvimento de baixo carbono e a conservação de energia para garantir o crescimento sustentável ao longo dos próximos cinco anos. Destacou-se ainda o Pavilhão OEKO-TEX, com uma mostra de uma série de certificados para tecidos e acessórios. Neste certame, organizado sob a chancela da Messe Frankfurt, podem encontrar-se produtores de tecidos, fibras e fios, acessórios para moda e lingerie. Nestes três dias foi visitado por cerca de 73 mil compradores, na sua maioria produtores de vestuário, agentes, retalho e armazenistas, sendo que os números têm vindo a aumentar de ano para ano. A edição de primavera já está marcada para Março de 2017, entre os dias 15 e 17.
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SOLINHAS INVESTE UM MILHÃO A MUDAR DE CASA Aumentar a capacidade produtiva para poder exportar é o primeiro objetivo do investimento de um milhão de euros nas novas instalações feito pela Solinhas, uma empresa de Pevidém que produz linhas e está a comemorar o seu 30 o aniversário. Criada em Outubro de 1986 por Serafim Fernandes e Manuel Oliveira, a Solinhas, que sempre esteve sediada em Pevidém (já vai nas terceiras instalações nesta freguesia), fabrica linhas para a indústria de confeções, bordados e têxteis-lar. No entretanto, há quatro anos, a quota de Manuel Oliveira foi adquirida pelas duas filhas de Serafim, Alexandra, médica dentista, e Lurdes, 37 anos, uma engenheira do Ambiente que acaba de trocar um emprego na Câmara de Famalicão por um lugar na administração da empresa da família.
Serafim Fernandes, fundador da Solinhas
“A necessidade de crescimento obrigou-nos a investir num maior espaço para prestar um melhor serviço aos nossos clientes. O nosso objetivo é cimentar a nossa posição na área das exportações,
porque achamos que temos países onde podemos crescer”, conta Lurdes Fernandes a propósito do investimento nas novas instalações, onde a empresa e os seus 20 trabalhadores laboram desde julho.
A Solinhas tem 120 fusos de bobinagem (arrancou com 16) e conta na sua carteira de clientes com algumas das melhores empresas de confeções e têxteis-lar portuguesas, muitas delas desde a primeira hora. No ano 2000 fez a sua primeira exportação e agora o mercado externo já vale metade das vendas, que foram de 3,1 milhões de euros no final do ano passado. A Tunísia, onde desde há dez anos tem um armazém, é dos principais mercados, seguido da Alemanha, Espanha, Marrocos, França e Finlândia. “Fomos para a Tunísia acompanhando muitos clientes, principalmente da confeção, que estavam a criar lá unidades. Achamos que era oportuno estar ao pé deles”, explica Lurdes, acrescentando que a busca de novos mercados e de produtos inovadores, como a mais recente linha anti-fogo) é uma preocupação constante da sua empresa.
TRIUMPH VENDE MAS TAMBÉM COMPRA A Triumph International vendeu a sua fábrica de Sacavém, a última na Europa onde tinha produção própria, mas garantiu aos novos donos que lhes vai continuar a comprar lingerie. O gigante germano-suíço da lingerie atravessa um período de profunda reestruturação, que além da venda da fábrica em Portugal (com a garantia da manutenção do essencial dos
521 postos de trabalho), contempla o encerramento do centro
logístico de Aalen, na Alemanha, e a deslocalização da subcontratação da Europa de Leste para Marrocos e a Índia. A Triumph International responsabiliza o abrandamento no consumo de lingerie e o aumento da concorrência por um emagrecimento, que nos últimos oito anos reduziu o seu efetivo de 44 500 pessoas para 33 mil.
MASSIMO DUTTI COM LOJA DO FUTURO Montras interativas, em que através de uma aplicação se pode comprar qualquer produto em exposição mesmo quando a loja está fechada é apenas uma das maravilhas tecnológicas da flagship store que a Massimo Dutti acaba de inaugurar num edifício histórico, no nº 96 do Paseo de Gracia, em Barcelona. A loja tem uma área útil de dois mil m2, provadores interativos (que permitem experimentar diversos tamanhos sem sair do cubículo) e dispensam o cliente da formalidade de no final passarem pela caixa podem liquidar a conta pelo telemóvel.
“O mercado americano é gigante e podemos crescer ainda; o europeu tem clientes com forte valor acrescentado; o asiático está a crescer e vamos investir lá" Artur Soutinho CEO da MoreTextile, à Marketeer
ITV BRASILEIRA É A 5A MAIOR DO MUNDO O Brasil é o quinto maior produtor têxtil mundial e a sua indústria é a segunda maior geradora de empregos no seu país, logo a seguir ao setor de Alimentação e Bebidas, de acordo com dados divulgados pela ABIT- Associação Brasileira das Indústrias Têxtil e da Confeção.
BENETTON EMANCIPA MULHERES PAQUISTANESAS
LABRADOR ABRE 4ª LOJA EM CASCAIS O Cascais Shopping recebe este mês a quarta loja da Labrador, marca portuguesa de vestuário e acessórios masculinos, resgatada da falência por José Luís Pinto Basto, CEO do The Edge Group, que comprou por 80 mil euros, em hasta pública, a insígnia e os stocks. “A abertura de uma quarta loja celebra os 25 anos da Labrador e confirma o reconhecimento da qualidade do nosso produto num mercado exigente e altamente competitivo. A nova loja Labrador no Cascais Shopping, local onde ainda não tínhamos marcado presença, deve-se a uma maior procura e aproximação do nosso cliente habitual ao mesmo tempo que nos introduz a novos consumidores que se identificam com o nosso compromisso de exclusividade e
de excelência”, diz o CEO do The Edge Group. Pinto Basto investiu até agora 1,2 milhões de euros no relançamento da marca, que tem lojas no Península (Porto), Amoreiras e Vasco da Gama (Lisboa), e faz toda a sua produção em Portugal. O plano de expansão nacional da rede de lojas fica fechado no próximo ano, com mais uma loja no Porto e outra no centro do país. As vendas da Labrador estão a crescer a um ritmo de 30% ao ano. Em 2014 , faturou 1,1 milhões, em 2015 1,5 milhões e a perspetiva é fechar este ano com dois milhões. Para o próximo ano com a rede completa, Pinto Basto espera chegar aos três milhões de euros e então pensar em atravessar a fronteira.
A Benetton anunciou que vai ajudar as mulheres do Bangladesh e Paquistão a emanciparem-se. No Bangladesh, o alvo são cinco a seis mil mulheres que trabalham na têxtil. Vai dar-lhes formação profissional e ensiná-las a recorrer a produtos financeiros (empréstimos, seguros e contas poupança). No Paquistão, quer ajudar 1 500 mulheres - prioritariamente desempregadas, domésticas, camponesas e de minorias étnicas ou religiosas - a obter documentos de identificação, necessários para votar, abrir uma conta bancária e a acederem a cursos de formação.
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CACHAREL EM PARIS COM ASSINATURA NOUVEL
DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães
Violet&Ginger
Largo São Domingos 99 Porto
Produtos Roupa de mulher, sapatos, cerâmicas e joalharia Marcas Vintage Bazaar, Indian Coat, Vila, Anna Westerlund, Omnia Proprietárias Rita Ribeiro e Vera Leite Estilo Boho chique e hippie chique
A loja no boulevard Saint Germain, com que a Cacharel regressou a Paris, foi decorada por Jean Nouvel, arquiteto galardoado com o prémio Pritzker e autor de obras marcantes como a Torre Agbar (Barcelona), bem como o Instituto do Mundo Árabe, a Fundação Cartier e o Museu do Quai Branly, em Paris. A Cacharel, que tinha fechado em 2008 a sua flagship store em Paris em 2008, planeia abrir mais sete lojas em França, designadamente em Marselha, Estrasburgo e Nimes (a cidade de onde é originária).
“Os compradores europeus estão a voltar. Há já algumas estações que estamos a intensificar os negócios com a Escandinávia. A Dinamarca passou a ser o nosso 2º maior mercado de exportação, a seguir à Espanha"
A Rita e a Vera no boho chique Rita Ribeiro e Vera Leite já há muito que eram amigas antes de serem sócias. A paixão pela moda e o desejo mútuo de abrirem uma loja fez com que em Novembro de 2014 abrissem a menina dos olhos delas, a Violet&Ginger, naquele que já estava a começar a ser o epicentro da movida da cidade do Porto. O sítio era um fator importante para as duas sócias que agarraram a oportunidade de se instalarem no Largo de São Domingos para terem o estabelecimento dos seus sonhos. O objetivo sempre passou por criar uma loja de rua e evitar os shoppings, pelo que a zona ribeirinha da cidade, na altura com pouca oferta de roupa, se afigurou uma boa solução que não deixaram escapar. Situada na antiga drogaria Moura, as prateleiras onde agora pousam as camisolas, as cerâmicas e a joalharia ainda são as mesmas onde outrora se expuseram os artigos de limpeza, de bricolage ou higiene, uma vez que as sócias fizeram questão de manter ao máximo a estrutura da antiga loja de rua. O espaço, pensado para ter tudo o que uma mulher precisa no seu dia-a-dia, tem muita variedade de escolha mas poucas unidades de cada peça, de forma a que quem se veste na Violet&Ginger tenha algo quase único e exclusivo. Dedicada para
um público de classe média-alta, pode considerar-se que a maioria dos artigos seguem a tendência hippie chique e boho chique. Mas, acima de tudo, todas as peças à venda nesta boutique têm o toque do bom gosto das suas proprietárias, que pretendem marcar pela diferença e pela exclusividade das marcas que vendem, preferencialmente portuguesas, apesar da dificuldade de encontrar roupa nacional dentro deste estilo. A etiqueta “made in Portugal” sai por isso de vento em popa da Violet&Ginger e viaja muito, quer para dentro quer para fora do país. Primeiro, porque muitas das vendas são feitas através das redes sociais, onde a loja tem uma presença constante e muito ativa e angaria clientes pelo país fora; segundo, porque cerca de 40% da faturação é feita com turistas, que abundam naquela zona da cidade. Ter uma vista de excelência para a Ribeira e estar mesmo à porta da rua das Flores é por isso muito vantajoso. Segundo Vera, uma das proprietárias, aquele “é um sítio que tem tudo de especial. Tem um ambiente ótimo e permite-nos conhecer e falar com pessoas de todo o mundo”. O desafio agora é encontrar um local igualmente especial, na capital, onde planeiam abrir um segundo espaço muito em breve.
José Carlos Castanheira, CEO da Goucam, ao Journal du Textile
BVH MARAIS OUVERT TOUS LES DIMANCHES A França já não é o que era. O armazém BVH do Marais, em Paris, começou a abrir aos domingos, na sequência de um acordo assinado pela administração com os sindicatos.
FORBES ELOGIA ANGOLANO RUI SILVA A revista norte-americana Forbes publicou um retrato da vida e obra de Rui Silva, um empreendedor de 38 anos, apresentado como o retalhista líder de pronto-a-vestir em Angola, com sete lojas em Luanda da marca RBS. “Conheça o retalhista de moda angolano que está pronto para conquistar a Europa” é o título do perfil de Silva, que ganhou experiência a vender roupa da Zara e há cinco anos lançou a primeira loja RBS.
45,7% do investimento total português em investigação e desenvolvimento é assegurado pelas empresas. Em 20 anos, o peso da despesa do setor empresarial em i&d subiu de pouco mais de 1/4 /21,2%) para quase metade.
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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel
Maria João Lito Empresária da Andorine Família Casada com João, administrador de uma corretora de seguros, têm três filhas, Catarina, sete anos, e as gémeas Maria e Francisca, de ano e meio Licenciada em Arquitetura (Lusíada, 2003), tem uma pós-graduação em Arte Moderna e Contemporânea (Católica, 2008) Avenida da Boavista Volvo XC 90 cinzento MacBook iPhone Viajar (“Desde os oito que me habituei a viajar no Verão com a minha mãe para destinos como os EUA, Rússia, China e Índia”) Este ano levou as filhas a Nova Iorque e à Disneylândia de Orlando “Dream big, work hard and make it happen “
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Uma arquiteta desenrascada Quando Beyonce postou no Facebook uma foto da sua filha Blue Ivy vestida com uma sweater da Andorine (andorinha em latim), Maria João Lito, 36 anos, ficou muito satisfeita. Era mais um sinal inequívoco de que a marca de roupa para criança que criou com Luísa Amorim está a voar na direção certa. “Is there a child that doesn’t dream of having wings and fly?” é o mantra da Andorine, que apresentou em Janeiro, em Nova Iorque, a sua primeira coleção de roupa confortável e de alta qualidade, 100% produzida em Portugal, para miúdos cosmopolitas, com idades entre os dois e os 14 anos, e que podem voar nas asas desta andorinha imaginária. Cada coleção é inspirada numa história, escrita por Adélia Carvalho e publicada no respetivo catálogo. Na primeira (From Porto to Tokyo) a andorinha voa até ao outro lado do mundo, enquanto na segunda (Blue sky in LA) procura o céu azul e o quente pôr-do-sol californiano. “O ciclo é longo. Vai mais de um ano entre o início de uma coleção e ela chegar às lojas. Mas já tínhamos recebido sinais positivos, como o catálogo de tendências WGSN nos ter selecionado como marca a seguir”, explica Maria João, filha de um casal de médicos de Vila Real, onde cresceu e fez o ensino obrigatório entre o colégio de freiras S. José e a ES Camilo Castelo Branco. Dividida entre dois amores - as áreas científica (“Gostei sempre muito de Matemática e Ciências”) e artística -, hesitou entre Medicina e Arquitetura. Com 18 anos, mudou-se de Vila Real para um apartamento no Pinheiro Manso, para estudar Arquitetura na Lusíada do Porto. Gostou do curso. No final, ainda estagiou ano e meio, em Vila Real, nos Arquitetos Pioledo, mas como o mercado de trabalho estava agreste para os jovens arquitetos, optou por virar-se. Tirou um curso de Avaliação Imobiliária, na Lusíada, e começou a trabalhar na CBRE, fazendo avaliações de terrenos e edifícios para bancos e fundos de investimento. O nascimento há sete anos de Catarina, a primeira das suas três filhas, foi o pretexto para uma primeira incursão no mundo têxtil e dos negócios. “Havia muito pouca coisa para crianças, não só oferta de roupa mas também de brinquedos giros e diferentes dos do Toy R Us”, explica Maria João, que com a amiga (e também arquiteta) Rita se abalançou a abrir na rua Nossa Senhora da Luz, uma loja de roupa para criança (0-6), chamada Winkie - o padrinho foi o marido dela, surfista, que se inspirou na homónima praia australiana famosa pelas suas boas ondas. A onda da Winkie é razoável. “Desenhar as roupas, permite-me dar livre curso ao meu eu artístico e criativo que não se exprimia nas avaliações imobiliárias”, conta Maria João, que na Winkie além de prazer ganhou experiência empresarial, enfarinhou-se no negócio têxtil, aprendeu a lidar com fornecedores e ganhou fluência na gramática das vendas. Chegados a esta altura, é legítimo perguntar como é que uma arquiteta de Vila Real, com uma loja de roupa e brinquedos para criança na Foz Velha e que ganhava a vida a fazer avaliações imobiliárias, se associou com a filha mais nova do homem mais rico de Portugal e empresária de vinhos do Douro? A resposta é simples. Luísa Amorim e Maria João Lito são vizinhas num condomínio junto ao Castelo do Queijo - e tornaram-se amigas. “Ainda antes de engravidar das gémeas, que a Luísa e eu decidimos avançar com o sonho, de que conversávamos há algum tempo, de pôr de pé um projeto de criança, uma coisa à séria, com pés e cabeça, uma marca de roupa de luxo confortável com um nome fácil de pronunciar e que representasse os valores da nossa cultura”, explica Maria João, uma arquiteta desenrascada.
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X O MEU PRODUTO Runwear Oldtrading
Material Poliamida, uma fibra sintética reciclada à qual são incorporados iões de prata Funcionalidade Tem zonas de compressão localizadas Parceiros Citeve e Oldtrading
BACK TO SCHOOL COM A GRACE BABY & CHILD
Iões de prata evitam cheiro a suor Associar a moda ao exercício físico e à defesa do ambiente, através do desenvolvimento e produção do artigo desportivo Runwear, é um dos principais desígnios da Oldtrading. E tem tido sucesso. Não só por ter sido um dos três finalistas selecionados na categoria de Produtos, no concurso ao Prémio Inova Têxtil 2016, promovido pelo CITEVE, e como também pelas encomendas que lhe têm sido colocadas por este segmento de mercado, exigente e em grande expansão. Resumidamente, as virtudes deste Runwear são: leve e fresco, arejado e de secagem rápida, evidencia design/moda e ainda, tem zonas de compressão localizada o que provocam o aumento do fluxo sanguíneo e por consequência ajudam a reduzir a sensação de cansaço. Quer mais? Então aí vai: a incorporação de iões de prata impede o desenvolvimento de bactérias, que provocariam os odores no corpo e cheiro a transpiração. E agora a cereja em cima do bolo: está isento de aditivos químicos, sendo por isso amigo do ambiente. Constituída em setembro de 2008, a Oldtrading tem sede em Cabeçudos, Famalicão, e iniciou a atividade apenas como uma empresa comercial. Em 2011 reestruturou-se, e, incorporou o processo industrial. O seu portefólio de artigos é composto essencialmente por quatro áreas de negócio – desporto, modelação, pré-mamã e casual – todas elas assentes em tecnologia seamless. A Oldtrading trabalha em private label no mercado internacional. Em março iniciou uma relação com os franceses da BV Sport, líderes mundiais na distribuição de artigos de elevada compressão para alta competição. Neste caso, a empresa de Cabeçudos conseguiu dar resposta às exigentes pretensões do cliente, conjugando as funcionalidades (melhorar a performance ao nível muscular) com o design/moda. Outros clientes, como a inglesa Motorman, valorizam nos produtos da Oldtrading o conforto na prática desportiva, a sua respirabilidade, permeabilidade e não produzirem cheiro. A empresa recebeu uma encomenda de outra marca inglesa, a LK Benett, para a produção de peças em contacto com a pele, visando a prática de fitness - neste caso, as estruturas de compressão são ligeiras e a funcionalidade mais relevante é a rápida secagem. A Oldtrading emprega 46 pessoas e fechou 2015 com um volume de negócios de 2,5 milhões de euros, exportando 90% da produção. O ano passado produziu um milhão de peças de vestuário íntimo e 80 mil de vestuário desportivo. À saída da fábrica, 30 euros é o preço médio de um conjunto desportivo composto por duas peças, que depois é comercializado por 120 euros no mercado internacional.
Back To School, a coleção da Grace Baby & Child para este regresso às aulas, inspira-se nos tempos em que Ana Peixoto d’Almeida passou no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Braga - confessa a responsável por esta marca portuguesa de roupa para criança e bebé. Em tons de mostarda, uma das cores tendência da estação, a coleção incluiu jardineiras de ganga, casacos e camisolas em tricô, a lembrar os clássicos mas de linhas contemporâneas, com detalhes divertidos, como pompons e bolsos de chapa. A coleção, disponível em tamanhos que vão dos seis meses aos seis anos, está à venda em lojas em Lisboa, Porto, Viseu, Vila Nova de Famalicão, Madeira, e no site da marca.
“Grande parte dos homens de hoje gostam de ter várias marcas no seu guarda roupa, com diferentes texturas, cores e cortes, o que contrasta com a tendência feminina de repetir uma marca com a qual já se sinta confortável" Hugo Palos Pires, criador da marca de underwear gay Much
ADESIVO E FIO DENTÁRIO SEDUZIRAM SHARK TANK DO CITEVE Dois projetos na área da saúde que foram desenvolvidos por Sónia Ferreira da Caring 4 U Ostomi e por Eduardo Pinheiro da Oralcure foram os mais disputados no Shark Tank promovido pelo Citeve. O primeiro é um adesivo sem cola e sem produtos químicos. O segundo é um fio dentário que não só muda de cor conforme entra em contacto com cáries e tártaro como tem uma espécie de escovilhão de cinco em cinco centímetros para remover restos de alimentos alojados entre os dentes.
IMPOTENTE OTTO PÕE TROIS SUISSES À VENDA O grupo alemão Otto pôs à venda a marca Trois Suisses, após ter reconhecido o fracasso do seu esforço de relançar uma das mais célebres empresas de venda por catálogo, onde investiu 650 milhões de euros desde 2009. Impotente para fazer face à concorrência da Amazon, Zalando e das cadeias de fast fashion, a Trois Suisses fechou 2015 com um prejuízo de 60 milhões de euros para um volume de negócios de 120 milhões.
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OPINIÃO 2012
Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
DO PREÇO AO VALOR
ATP ORGANIZA IAF WORLD CONVENTION A 28ª edição do Congresso Mundial do Vestuário (IAF-International Apparel Federation World Convention) trouxe ao Porto 300 congressistas de 37 países - um verdadeiro Who’s who do negócio da moda -, entre os dias 24 e 28 de setembro de 2012. Organizado pela ATP, o maior congresso internacional da indústria têxtil fechou com chave de ouro: o jantar de gala foi no Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, que nesse ano foi a Capital Europeia da Cultura.
O perfil da Indústria Têxtil e Vestuário (ITV) mudou, e muito, desde o início da década passada. Talvez mais do que nos últimos 30 ou 40 anos. Se quiséssemos resumir numa só frase essa mudança diríamos que a ITV portuguesa passou de uma indústria que competia pelo preço para uma que compete pelo valor. Quem andar atrás do preço e da massificação produtiva melhor que arranje um bilhete de avião para o Extremo Oriente, pois em Portugal esse paradigma já não existe e não voltará a existir. A revolução discreta, silenciosa, mas efetiva, que transformou a Têxtil e Vestuário portuguesa foi moldada em muita angústia e sofrimento, enfrentando dificuldades e choques competitivos de toda a espécie: a liberalização do comércio mundial, a entrada da China na OMC, a abertura da União Europeia a Leste, a crise económica e financeira global, assim como a crise creditícia portuguesa e o resgate da “troika” de credores, mas também com determinação e engenho, através da reestruturação empresarial, da incorporação de tecnologia e moda, da sofisticação da gestão, do serviço e da logística em geral, e, obviamente, aproveitando a conjuntura de desilusão de muitos clientes com o Oriente da produção, com o “reshoring” do aprovisionamento e os novos modelos de negócio da moda, intensificando a presença internacional e, paulatinamente, recuperando quota e margens. Não há nenhuma empresa que possa dizer que está igual ao que era em 2001, pois, se insistisse nessa inércia, nem sequer cá estaria para relatar a experiência. Todas as empresas estão diferentes, para melhor, e o sector, no seu todo, naturalmente também. Para provar essa diferença basta ver quais são as três principais empresas do “ranking” de faturação, que são associadas da ATP: uma da economia digital, não industrial mas de serviços, e duas industriais de têxteis técnicos que servem a indústria automóvel. Todas com elevadíssimo grau de excelência, com departamentos de I&D internos e envolvidas em múltiplos projetos com universidades e centros tecnológicos, posicionando-se como referência internacional na sua área de trabalho. É admirável! E este admirável mundo novo da nossa ITV só está agora a começar. É objetivo estratégico da ATP que o setor possa contar em 2025 com cerca de 40% de empresas que se dedicam ao têxtil e vestuário de alta tecnicidade, em contraponto e complementaridade com o têxtil e vestuário mais tradicional, atingindo assim a média dos países que estão na linha da frente deste domínio, diversificando a oferta e valorizando superiormente produtos e serviços. Modéstia à parte, uma vez que todas as previsões que realizamos primam pelo acerto ou quando muito são conservadoras na ambição, como se tem vindo a provar, então só temos a esperar ainda melhores notícias neste domínio nos anos que estão para vir.
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Daniel Agis Consultor na área do Marketing de Moda
Nicolau Santos Diretor Adjunto do Expresso
GERAR EMOÇÕES PENSAR NAS PESSOAS
AGORA FALANDO A SÉRIO
Nem sempre quem tem no seu trabalho diferentes vertentes, quer sejam académicas e de consultoria estratégica, ou práticas (estruturação de marcas), tem a oportunidade de levar a própria experiência para o que realmente interessa, que é a experiência empírica que faz as empresas crescerem. Deu-se esta possibilidade num projecto preparado para a Impetus, uma das nossas realidades industriais mais ambiciosas em relação à marca própria. A premissa é que o mérito principal é sempre das empresas, pois são elas as que afrontam a saída da zona de conforto, que se traduz na valorização do produto material, explicar o que faz e o que produz. Este projecto traçou um rumo totalmente diferente: um storytelling veiculado através da rede, um formato comum para as marcas de grande dimensão, mas difícil de interiorizar para realidades que tem como origem a indústria. Na Impetus foram as novas gerações da empresa que o impulsionaram. Em especial Fernando Figueiredo que está à frente da Comunicação. A ideia que procuro sempre transmitir é que as marcas de pequena e média dimensão só podem desbravar caminhos através da abordagem de territórios não convencionais, criando conteúdos de comunicação que, sem ignorar a sua realidade, surpreendam e cheguem ao coração das pessoas e dos meios de comunicação. Tínhamos um excelente "testimonial", Iker Casillas, mas outras marcas portuguesas de retail tiveram outros de similar notoriedade. Tratava-se de construir algo diferente e com um impacto mediático mais duradouro. Não se procurou inventar uma nova linguagem para chegar às pessoas, mas sim desenvolver temas que lhes são próximos (emoções, valores) veiculando-os de um modo contemporâneo: através das redes sociais. O meio é uma curta-metragem: “Héroes terrenales". O seu título é em espanhol, pois foi pensado tendo a Espanha como ponto de referência ainda que universal. Queríamos também um projecto ambicioso mas sustentável. O objectivo era gerar empatia e reforçar os laços afectivos com a marca. Foi bem veiculado através das redes sociais: em quatro dias, só o teaser teve 300 mil visualizações em Facebook e milhares de visualizações em Youtube, Instagram e Twitter, para além de comentários afectuosos do público. A curta-metragem multiplicará estes dados. A apresentação foi realizada em Madrid, desenvolvendo uma parceria com o El Corte Inglés, e foi muito bem recebida pelos meios espanhóis. A ponta de orgulho pessoal é ter conduzido toda a ação com uma equipa 100% portuguesa. Horas depois da apresentação, no telejornal do prime-time da TVE, vimos um pequeno actor português que apaixonou os media espanhóis. E vimos o pivô do Telejornal explicar a história da curta-metragem acompanhado de imagens nas quais é colocada em evidência a marca, que é, afinal, o objectivo principal de toda esta ação. Muitos outros meios deram destaque ao evento de forma mais ou menos directa e a “Héroes terrenales”. Mas não quero fazer aqui uma apologia do sucesso, pois sou adverso às declarações triunfalistas de quem por uma acção bem sucedida deixa transparecer que o mundo foi conquistado. Interessa-me a comprovação de que, partindo duma realidade muito diferente à das grandes marcas e cadeias, com coragem, criatividade e a compreensão, é possível abrir novos caminhos. É imperiosa a necessidade de criar conteúdos, gerar emoções, pensar nas pessoas e não só no nosso cliente (o retailer), ou seja, ir além da exaltação e explicação do próprio produto. A marca portuguesa será criativa e internacional, ou não será. E, para conseguir fazê-lo com os recursos disponíveis, são essenciais a coragem e a imaginação, assim como uma leitura mais sociológica do mercado.
Agora falando a sério, estamos a caminhar sobre gelo fino. E quando se caminha sobre gelo fino, a única coisa que se pode fazer é colocar um pé com muito cuidado, a seguir outro, e acreditar que uma força divina velará por nós. É que ninguém tenha dúvidas: a saída limpa do programa de resgate, o regresso ao financiamento dos mercados internacionais, a emissão de dívida nacional a taxas muito baixas ou mesmo negativas, tudo isto só foi possível porque no Verão de 2012 Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, disse as palavras mágicas: “Farei tudo o que for necessário [para defender o euro] e creio que será suficiente”. E depois, em Janeiro de 2015, contra a opinião do poderoso Bundesbank, o banco central alemão, lançou o programa de “quantitative easing”, ou seja, a compra de títulos de dívida pública dos países da zona euro, no fundo uma outra maneira de injectar liquidez na economia. Sem tudo isto, as taxas de juro portuguesas estariam hoje em níveis bem mais elevados e em vez de suportarmos encargos de mais de 8 mil milhões de euros com o serviço da dívida estaríamos a pagar provavelmente o dobro. E as empresas e as famílias também. Agora falando a sério, o problema não é deste ou do anterior Governo. O problema é da economia portuguesa, que teve o último pico de crescimento em 1996 – e desde então tem registado taxas agónicas de crescimento ou estado em recessão (entre 2011 e 2014, por exemplo). O problema é que a cada década que passa, desde os anos 80, Portugal cresce menos que na década anterior. O problema é que a Formação Bruta de Capital Fixo está a cair desde 2006. O problema é que a eficiência marginal do capital (o produto que se obtém por cada unidade de capital investido) está em quebra consistente e acentuada desde 2005. O problema é que a poupança nacional entrou em queda livre desde 2004. O problema é que as contrapartidas do stock de capital vem cada vez menos da poupança nacional (82,,5% entre 1977/98, 55% em 2012). O problema é que a população total está a diminuir e a população activa também. Não adianta, contudo, entrar em depressão. O exemplo da indústria do têxtil e vestuário demonstra exemplarmente que é possível dar a volta por cima, depois da descida aos infernos em 2009. Demonstra que não há sectores tradicionais e sectores do futuro, mas sim boas e más empresas. Demonstra que as boas empresas dos sectores tradicionais conseguem subir na cadeia de valor, a única maneira de sobreviver – e que as tecnologias de informação, o design, o marketing, a marca, o controlo dos canais de distribuição, o trabalho conjunto com parceiros nacionais e internacionais de diversas áreas são fundamentais para alcançar esse objectivo. Agora falando a sério, não direi que o país está pior mas as empresas estão melhores. Direi que é com excelentes empresas, tradicionais e não tradicionais, que se melhora a imagem do país e que se inverte um ciclo aparentemente inexorável de decadência do rectângulo onde vivemos. E direi que o problema não é dos políticos, ou dos governos, ou dos empresários, ou dos trabalhadores. O problema é de todos, porque o país é nosso. E desde 1143 que andamos a resolver os problemas de sobrevivência que se lhe têm vindo a colocar. 2017 não será excepção. Nem os anos que se lhe seguirem. Agora, falando a sério: havemos de sair desta curva apertada da História. Com o engenho, o esforço e a arte de todos.
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Katty prossegue a sua cruzada para melhorar o aspeto da classe política portuguesa. Sabedora da simbologia que o XX Congresso encerra para os comunistas (foi no XX Congresso do PCUS que os crimes de Estaline foram denunciados) preparou um fantástico guarda-roupa para Jerónimo de Sousa usar como ferramenta de comunicação com os militantes mais jovens
Choque visual para o camarada Jerónimo A vítima deste mês é o líder do Partido Comunista, Jerónimo de Sousa. O panorama político está ciente de que o XX Congresso do PCP poderá ser importantíssimo. Alguns jornais o anunciam como, um dos mais importantes gatilhos da discussão política em Portugal. Por este motivo a reunião magna de Dezembro está a ser preparada com o maior cuidado e dedicação. De olhos atentos, os nossos insiders descobriram que um dos pormenores de maior foco será a imagem do seu líder. De facto o seu guarda-roupa será utilizado como ferramenta de comunicação, essencialmente perante os partidários mais jovens. O público jovem necessita de algum choque visual, por isso serão aplicados alguns símbolos tradicionalmente ligados a propaganda comunista. Os nossos olheiros prevêem que o camarada Jerónimo vista a pele da revolta, insurgindo-se perante a formalidade latente do tradicional político. Contudo temos de manter algum bom senso e equilibrar esta intrepidez com o caráter discreto deste veterano dirigente. Apostamos por isso em cores escuras com o vermelho como cor para pequenos contrastes, em pormenores de extrema importância. O primeiro look, poderá ser qualquer coisa como uma sweat oversize de cor preta com uma estrela vermelha de cinco pontas bem no centro da peça, este look mais desportivo ganhará compostura com um casaco cinzento de espírito militar de mangas arregaçadas e gola mandarim. As calças poderão ser justas e o calçado umas Doc Martens pretas. O segundo look poderá ser mais formal, um fato justo em lã fria de cor preta com finas riscas vermelhas. O casaco também ele de espírito militar, é mais comprido, justo e estruturado do que o anterior. A camisa branca com uma gravata de seda vermelha num padrão formado por pequenas estrelas douradas. A luta continua!
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Pirâmide do Egipto Rua da Estação 1 4815-277 Moreira de Cónegos Guimarães
O EGIPTO AQUI TÃO PERTO Agora já posso dizer que conheço as Pirâmides sem nunca ter ido ao Egipto. Aliás, sem mentir, posso até ir mais longe (mas continuando sem arredar pé de Portugal), afirmando que já estive na Pirâmide do Egipto. Para os poucos membros da comunidade têxtil que ainda estão descrentes a esta altura da crónica, esclareço que é assim que se chama um restaurante localizado entre Serzedelo e Moreira de Cónegos, que deve este nome ao Moisés, o seu proprietário carismático, com este nome sui generis, que nos leva para essas paragens exóticas.
Já em cima da mesa, não há lugar para exotismos! As carnes e os peixes, os frangos e os bacalhaus são os de sempre, bons de provar e de comer, na grelha ou noutros preparados, que a paleta de sabores é vasta na Pirâmide do Egipto. Já lá tinha estado há alguns anos, mas foi agora em duas visitas recentes com o meu amigo Vítor Abreu, da Endutex, e depois com a família da Têxtil de Serzedelo, que pude deliciar- me com várias iguarias, que começaram no capítulo das entradas com uns magníficos ovos
rotos, pimentos de Padrón (dos que picam a sério) e um denominado crocante de frango, que são uns panadinhos do dito ,acompanhados de um molho tipo tártaro que é o segredo do sucesso. Nos pratos de resistência, primeiro optei e bem por um cabritinho assado e umas bochechas de vitela excelentes e na segunda aceitei o desafio de comer um peixe grelhado longe de Matosinhos e fui "derrotado" aos pontos. Robalo e rodovalho estavam ao nível dos melhores que quotidianamente como à beira-mar.
Para regar o último repasto bebi um vinho verde caseiro bem batido, ainda assim na opinião (suspeita...) dos meus convivas, um degrau abaixo do seu Verde da Quinta dos Ingleses... Mas o melhor de tudo, para além da simpatia do Moisés, é a oportunidade que tenho de lá rever as minhas amigas e amigos da ITV, da Perfel até à Fábrica de Tecidos do Carvalho, passando pela B. Sousa Dias, entre muitos outros, que sempre encontro aos molhos e me tornam a refeição ainda mais prazenteira.
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SOUVENIRS
MALMEQUER Por: Carolina Guimarães
Paulo Gomes, 53 anos, diretor criativo da Manifesto Moda e responsável pela área de moda da revista Up, da TAP. Licenciado em Psicologia (U Lisboa), é mestre em Fotografia de Moda. Passou pela direção artística da ModaLisboa, foi editor de Moda da revista L, autor e mentor de programas de televisão como o 86-60-86, e o Project Runway. Nasceu em Palmela, viveu sempre em Lisboa e viaja que se farta. É um homem do mundo: “free as a bird”
Gosta
Não gosta
Viajar livros séries contemporâneas geopolítica
Hipocrisia mentiras dissimulação pequenos
discutir ideias imagem fotografia sorrisos
poderes ditadores ignorância resistência à
Nordeste Brasileiro movimento peixes açafrão da
mudança aproveitamento de fragilidades
Índia água vinho tinto fumar dançar criatividade
egoísmo preguiça inveja traição iscas vinho
sinceridade desafios criativos documentários
verde dióspiros hospitais catástrofes
Islândia biografias resorts exóticos praias t-shirts
sofrimento (pessoal e dos outros) dor
cinza antracite novas tecnologias têxteis pessoas
relógio de pulso sapatos apertados
inteligentes físico cuidado família amigos não ter
fato de 3 peças armas doenças guerras
medo Masai Mara (Kenya) azul noite luz natural
impassividade cobras correr engolir em
instagram óculos-de-sol água do mar novos
seco cobranças políticos corruptos ficar
projetos chinelos plantas solidariedade Tóquio
parado muito tempo crianças a gritar
ajudar reconhecimento humildade parcerias
estupidez prisões erros de ortografia
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O VESTIDO VERMELHO DE MARIA CERQUEIRA GOMES Talvez imbuída pelo espírito natalício que se começa a instalar de dia para dia e já de olho no mês de Dezembro, Maria Cerqueira Gomes conta que uma das peças mais marcantes da sua vida foi herdada da sua avó e usada num Natal. Como não podia deixar de ser, o antigo vestido de Maria Ana é vermelho, tal como a época assim exige. Plissado e abaixo do joelho, de acordo com a moda de hoje em dia, Maria diz que bastaram uns retoques para que a peça ficasse como nova e pronta a usar. Porque herdado é sempre melhor que comprado e esta é uma peça especial, Maria confessa que o vestido está guardado, à espera de uma outra boa ocasião para voltar a saltar fora do armário. Diz, para além disso, que é uma “peça para passar de geração em geração” – quiçá para daqui a alguns anos ser usado pela sua filha Francisca. Maria Cerqueira Gomes é uma das caras do Porto Canal e está na estação portuense desde que esta arrancou. Desde o início do ano que a apresentadora de 33 anos entra na caixinha mágica todos os dias, em direto, com o seu programa “Olá Maria” e todas as quartas com o “4ª de Letra”. Portuense de gema, lançou-se no mundo da apresentação com “Porto de Abrigo” em 2006, tendo passado por vários outros formatos como “Grandes Manhãs”, “Porto Alive” e “Grandes Conversas”.
Telling Textile Stories PALCO Frankfurt no Meno, Parque de Exposições. Mais de 2.850 expositores de todo o mundo com novidades em têxteis para a casa. ACÇÃO Uma ocasião única para descobrir têxteis para o lar e para hotelaria, para senti-los, para colocar encomendas e para observar de perto as tendências do sector. O SEU PAPEL Escrever a sua própria história de sucesso na Heimtextil: Troque informações sobre temas actuais com outros especialistas. Vá à descoberta das tendências no Parque Temático EXPLORATIONS e descubra texturas e amostras fascinantes. Deixe-se inspirar pelos nossos expositores e pelas Tendências 2017/2018. Mais informações e bilhetes em heimtextil.messefrankfurt.com info@portugal.messefrankfurt.com, Tel. 21 793 91 40
de 10 a 13. 1. 2017 de Terça a Sexta-Feira